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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO Nº 050200577-7 ECT/DR/RJ CAPAX DEI EDIT. LTDA. MSIA – Movimento de Solidariedade Ibero-americana Março de 2007 | Edição Especial de Solidariedade Ibero-americana

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IMPRESSO ESPECIALCONTRATO

Nº 050200577-7ECT/DR/RJ

CAPAX DEI EDIT. LTDA.

MSIA – Movimento de Solidariedade Ibero-americanaMarço de 2007 | Edição Especial de Solidariedade Ibero-americana

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Editorial

O futuro da Civilização está em jogo. A Hu-manidade enfrenta a terrível ameaça do aque-cimento global, que a obrigará a uma drásticamudança de hábitos e padrões de desenvolvi-mento. Não, caro leitor, não nos referimos àsvariações climáticas que têm caracterizado ahistória geológica do planeta há centenas demilhões de anos, mas à gigantesca articulaçãointernacional criada para atribuir às atividadeshumanas o ligeiro (e natural) aquecimento at-mosférico registrado nos últimos 150 anos e,principalmente, às conseqüências dessa tra-móia global – estas sim, potencialmente catas-tróficas. Nesta edição especial de SolidariedadeIbero-americana, pretendemos demonstrar quea suposta ameaça da subida dos termômetrosnada tem a ver com o desenvolvimento huma-no, mas com uma combinação de interessespolíticos e econômicos internacionalistas,cientistas cooptados, ONGs engajadas, umamídia inclinada ao sensacionalismo e, nãomenos, as deficiências educacionais (princi-palmente nos países subdesenvolvidos) res-ponsáveis pelo escasso conhecimento básicode ciências da população.

Sejamos diretos. O que temos diante denós não é um fato cientificamente estabelecido,como trombeteia o “Resumo para formulado-res de políticas” do quarto relatório do PainelIntergovernamental sobre Mudanças Climá-ticas (IPCC) das Nações Unidas. Trata-se deuma das maiores operações de manipulação deopinião pública da história, a serviço de umamaldisfarçada agenda de “governo mundial”,a qual, se bem-sucedida, implicará em um vir-tual congelamento do desenvolvimento socio-econômico em todo o planeta. Isto, porque,

salvo por algum grande avanço tecnológicoantecipado, como o domínio da fusão nuclear,não se vislumbram pelo menos para antes demeados do século substitutos viáveis em grandeescala para o carvão, petróleo e gás natural,que respondem por quase 80% da produçãomundial de energia, cujos usos se pretendemrestringir em nome da “salvação” do planeta(enquanto se fazem grandes negócios com oschamados créditos de carbono).

Ou seja, as velhas inclinações das oligarqui-as internacionais – o malthusianismo, o colonia-lismo e a especulação financeira, todos embru-lhados sob o rótulo do ambientalismo.

Como temos reiterado, o ambientalismo éuma ideologia obscurantista, anticivilizatória e,ironicamente, antinatural, pois nega a vocaçãoinata do Homo sapiens para o progresso e ahierarquia ontológica que o coloca na vanguar-da do processo de evolução universal – a evo-lução tornada consciente, na inspiradora formu-lação do cientista francês Jean-Michel Dutuit.

A fraude do aquecimento global antropo-gênico, o maior esforço já feito pelos mentoresdo ambientalismo, não tem paralelo na histó-ria da ciência, nem mesmo no tenebroso CasoLysenko, que atrasou em meio século o avançodas ciências biológicas na Rússia Soviética,inclusive com a eliminação física de grandescientistas russos. Hoje, porém, os efeitos po-tenciais de tal tentativa de substituir à força abusca da verdade pela ideologia e por uma po-lítica de fatos consumados poderão, não ape-nas atrasar alguns países, mas interromper oprogresso de toda a Humanidade. Portanto,urge que essa agenda anti-humana seja devi-damente desmascarada e neutralizada.

A fraude do aquecimento global

Publicado peloMSIA – Movimento deSolidariedade Ibero-americana

Edição em portuguêsDiretora: Silvia PalaciosConselho editorial: Angel Palacios Zea, Geraldo Luís Lino,Lorenzo Carrasco, Marivilia Carrasco e Nilder CostaTraduções: Yára Müller

Rio de Janeiro:Rua México, 31 s.202 CEP 20031-144 Rio de Janeiro-RJTelefax: + (21) 2532-4086E-mail: [email protected] | Sítio: www.msia.org.br

Projeto Gráfico: Maurício Santos

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Embora esteja em andamento há décadas, apresente histeria climática vem em uma es-calada acelerada a partir de meados de 2006,quando foi lançado em circuito mundial odocumentário sensacionalista Uma verdadeinconveniente, protagonizado pelo ex-vice-presidente estadunidense Al Gore (convenien-temente agraciado com um Oscar da Academiade Hollywood). Em rápida sucessão, segui-ram-se outros eventos destinados a reforçarna opinião pública de todo o mundo a impres-são de que estaríamos diante de uma verdadei-ra emergência global, e não da tramóia quepode ser desvendada seguindo-se as pistas decertos personagens-chave, entre outros, opróprio Gore e o magnata canadense MauriceStrong, seu velho mentor de campanhas am-bientalistas. Um dos principais articuladoresdo ambientalismo internacional, Strong é tam-bém a personificação da campanha “aqueci-mentista”, que agora chega ao auge.

Em setembro, com grande publicidade, aReal Sociedade britânica (a mais antiga asso-ciação científica do mundo) enviou à compa-nhia petrolífera Exxon/Mobil uma inacredi-tável carta, instando-a a interromper os finan-ciamentos a pesquisas científicas contrárias aosuposto consenso em torno do aquecimentoglobal antropogênico. Evidentemente, a cartaignorava os bilhões de dólares concedidospor governos e fundações do Establishmentoligárquico às pesquisas contrárias, orientadaspara demonstrar a suposta responsabilidadehumana nas mudanças climáticas, ou às cen-tenas de organizações não-governamentais(ONGs) engajadas na campanha alarmista.

Em meados de outubro, o Fundo Mundialpara a Natureza (WWF) apresentou o LivingPlanet Report (Relatório sobre o planeta

vivo), documento no qual a ONG favorita dafamília real britânica volta a bater na surradatecla dos “limites ao crescimento”, afirmandoque, aos níveis atuais de consumo de recursosnaturais, por volta de 2050, seriam necessá-rias três Terras para satisfazer às necessi-dades da Humanidade. A mensagem nem tãosubliminar por trás de tal conclusão é a deque inexistiriam meios de estender a todos oshabitantes do planeta os níveis de vida desfru-tados pelos habitantes dos países industriali-zados mais avançados.

No final do mês, novamente com o apoioda Real Sociedade e um esquema de pro-paganda mundial, foi divulgado o estudo“A economia das mudanças climáticas”, en-comendado pelo Governo Tony Blair ao ex-economista do Banco Mundial sir NicholasStern. A conclusão principal era a de que ocusto econômico das emissões de gases deefeito estufa poderá chegar a 20% do PIBmundial, até meados do século. Entre as reco-mendações para solucionar o suposto proble-ma, o relatório destaca o estabelecimento delimites nacionais para as emissões de gasesde carbono (Stern fala em 30% até 2050) e aconsolidação dos já existentes mercados decréditos de carbono.

A proposta é consolidar o chamado dis-positivo cap-and-trade (limitar-e-comerciar),com o qual as cotas de emissões são conver-tidas em títulos negociáveis. Stern estima omontante dos títulos hoje existentes em 28bilhões de dólares, o qual poderá chegar a40 bilhões de dólares até 2010. Porém, opotencial desse mercado de “derivativos defumaça” será muito maior se os limites deemissões forem tornados obrigatórios paratodos os países.

Fabricando uma“emergência global”G.L. Lino, L. Carrasco, S. Palacios e N. Costa

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Oportunamente, Blair recrutou Al Gorepara assessorá-lo no esforço de difundir ocenário de pesadelo imaginado por sirNicholas, enquanto o seu ministro do MeioAmbiente, David Milliband, anunciava a in-tenção de distribuir cópias de Uma verdadeinconveniente em toda a rede escolar secun-dária do Reino Unido (a despeito de os argu-mentos fraudulentos apresentados no filmeterem sido amplamente contestados por nu-merosos cientistas).

Com a mídia mais preocupada com assombrias extrapolações do relatório, passouquase despercebido o fato de que, desde 2004,Gore é um dos sócios fundadores do fundode investimentos Generation InvestmentManagement, sediado em Londres e criadopara promover investimentos de longo prazo“sustentáveis”, segundo os cânones ambien-talistas. Em uma entrevista ao jornal TheObserver de 14 de novembro de 2004, Goredeu uma pista do tipo de negócios preten-didos: “A mudança climática é um proble-ma que não será resolvido pelos políticos...Os políticos têm um papel importante a cum-prir, mas a realidade vai provocar os seusefeitos no mercado, independentemente daopinião pública e da ação dos governos.”

Para Gore, a “intensidade de carbono”das atividades econômicas deverá ser um fatorcada vez mais relevante para a sua lucrativi-dade, citando como exemplo a indústria auto-mobilística. Evidentemente, os créditos decarbono se encaixam perfeitamente noportfólio contemplado por ele e seus sócios.(Alguém mencionou conflito de interesses?)

Talvez, também não seja coincidênciaque Maurice Strong esteja associado ao mega-especulador George Soros em uma empreita-da para introduzir no mercado dos EUA osminicarros chineses Chery – muito menos“intensivos em carbono” do que qualquer au-tomóvel estadunidense ou europeu.

Embora o Governo Bush não tenha ratifi-cado o Protocolo de Kyoto, em janeiro, umacoalizão de grandes empresas e ONGs ambien-talistas dos EUA (entre elas, o Natural Resour-ces Defense Council e o World Resources Ins-titute) fundou a Parceria de Ação Climática

(USCAP), para promover “uma abordagemde mercado para a proteção climática, obri-gatória e para toda a economia”, inclusivejunto ao Congresso e à Casa Branca.

A mensagem parece ser: Aí vem o apo-calipse, mas vamos faturar com ele!

Ao mesmo tempo, a Comissão Européiapropôs uma redução de 20% nas emissões decarbono sobre os níveis de 1990, até 2020(acima dos 12% previstos no Protocolo deKyoto, que vários países da União Européiajá estão com dificuldades para cumprir, comsérias implicações para vários setores indus-triais do continente).

Ainda em janeiro, os editores do Bulletinof the Atomic Scientists, revista que desde hámuito vem funcionando como veículo depropaganda dos promotores das teses de “go-verno mundial”, afirmaram que o aqueci-mento global representaria para o mundouma ameaça tão ou mais grave que a possi-bilidade de um conflito nuclear (simbolica-mente representada no “Relógio do Apoca-lipse” estampado na capa da revista, cujaproximidade da meia-noite indica o risco de umconflito nuclear em algum lugar do planeta).

Da mesma forma, ao lado da crise real deliderança dos EUA pós-Iraque, a supostacrise climática foi um dos principais desta-ques da reunião anual do Fórum EconômicoMundial, em Davos, ocorrida simultanea-mente com o conclave do Painel Intergoverna-mental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),em Paris. O parágrafo inicial do boletim deimprensa final do evento ressalta a impor-tância atribuída ao tema: “A Reunião Anualdo Fórum Econômico Mundial, em Davos,fechou no domingo (29/01) com as mudan-ças climáticas firmemente (colocadas) nopalco central do debate. Em 17 sessões rela-cionadas ao aquecimento global, o Fórumreuniu os principais acadêmicos, líderesempresariais, representantes de ONGs,chefes de agências da ONU e políticos domundo, além de muitos outros, para avan-çar as discussões e explorar oportunidadespráticas para o progresso por meio de par-cerias. O encontro ilustrou claramente ocompromisso cada vez mais profundo do

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empresariado em engajar outros grupos parao encaminhamento desse tema.”

Como seria previsível, os esquemas cap-and-trade foram as vedetes das discussões,sendo defendidos, entre outros, pelo inevi-tável sir Nicholas Stern e o físico brasileiroJosé Goldemberg, um veterano ativista doambientalismo internacional.

Também presente, o ministro Millibandafirmou que “mercados de carbono amplos,longos e profundos são absolutamente essen-ciais. Não existe preço para a poluição que pro-duzimos nos últimos 150 anos... E, olhandopara a frente, nós precisamos projetar o merca-do além de 2012, para manter a confiança em-presarial engajada com um nível de certeza”.Vale recordar que Milliband é o mesmo quepropôs recentemente a “privatização daAmazônia”, para preservar a floresta comoum depósito de carbono mundial.

A escalada chegou ao auge em 2 de feve-reiro, com a divulgação do “Resumo paraformuladores de políticas” (Summary forPolicymakers) do IPCC, o qual afirma que “amaior parte do aumento observado nas tem-peraturas médias globais desde meados doséculo XX é muito provavelmente devida aoaumento observado nas concentrações antro-pogênicas de gases de efeito estufa” (grifosno original). O documento define “muitoprovavelmente” como um grau de certeza su-perior a 90% – compreensivelmente, recebidode forma generalizada como uma chancelada comunidade científica ao fenômeno.

O impacto provocado pelo relatório podeser avaliado pela chamada de primeira pági-na da Folha de S. Paulo de 3 de fevereiro:“Cientistas prevêem futuro sombrio para aTerra. A temperatura da Terra subirá até ofim do século, diz o mais importante relatóriosobre o aquecimento global, produzido por600 cientistas de 40 países. A geleira sobre aGroenlândia pode sumir em milênios, os fu-racões ficarão mais fortes e o nível do marsubirá pelos próximos mil anos – de 18 cm a59 cm até 2100. O relatório responsabiliza aação humana pelo aquecimento global.”

Ato contínuo, os porta-vozes do aparatoambientalista internacional se apressaram em

endossar as conclusões do documento. O ubí-quo ministro Milliband foi rápido no gatilho:“Ele é outro prego no caixão dos negadoresdas mudanças climáticas e representa oquadro mais representativo até agora, mos-trando que o debate sobre a ciência dasmudanças climáticas está bem e verdadei-ramente encerrado.”

“O relatório do IPCC incorpora um extra-ordinário consenso científico de que as mu-danças climáticas já estão sobre nós e que asatividades humanas são as responsáveis”,disparou o diretor-geral do WWF Interna-cional, James Leape.

O diretor-executivo do Programa das Na-ções Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),Achim Steiner, completou dizendo que orelatório “nos dá um alerta vigoroso de queo impacto potencial será mais dramático,rápido e mais drástico em termos de conse-qüências do que se pensava antes. Os impac-tos irão mudar de maneira fundamental osmodos de vida de algumas pessoas”.

Dias depois, em uma reunião em Washing-ton, a Organização de Legisladores Globaispara um Meio Ambiente Equilibrado (GlobeInternational) divulgou um manifesto, apoi-ando as conclusões alarmistas do IPCC e,claro, o mecanismo cap-and-trade. Original-mente fundado em 1989, por parlamentaresdos EUA e do Reino Unido, o grupo reúneatualmente representantes dos países do G-8e de cinco países-líderes do bloco subde-senvolvido – China, Índia, África do Sul,México e Brasil (os signatários brasileiros domanifesto foram os senadores Renato Casa-grande e Serys Shlessarenko e os deputadosAntônio Palocci Filho e Augusto Carvalho).Entre os seus patrocinadores, destacam-se aUnião Européia e empresas como a BP,Anglo American, Bayer, American ElectricPower, Ernst & Young e outras.

Se tais planos forem bem-sucedidos, aocontrário do que afirma o ecotecnocrataSteiner, não serão os modos de vida de algu-mas pessoas que mudarão, mas os de todo oplaneta – e para muito pior, exceto para ospróceres do big business adredemente posi-cionados para aproveitar os novos tempos.

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Felizmente para a Humanidade, a trombe-teada crise climática provocada pelo homemsimplesmente não existe. Na verdade, trata-se da culminância de um vasto processo de“engenharia social” (ou, em português claro,manipulação) de caráter neocolonial e delongo prazo, deflagrado há quatro décadaspor grupos oligárquicos hegemônicos doHemisfério Norte, com o objetivo geral dereorientar o desenvolvimento socioeconô-mico mundial de acordo com os seus propó-sitos exclusivistas – enquanto, claro, fazemgrandes negócios.

Recorde-se que, em meados da década de1960, a Humanidade como um todo experi-mentava o mais alto ritmo de progresso desua história, com destaque para os países dochamado Terceiro Mundo, muitos dos quaisimplementavam ou contemplavam ambicio-sos programas de industrialização. Contraesse impulso positivo e otimista, que contra-riava a sua visão negativa sobre o mundo eas perspectivas humanas, o Establishmentoligárquico anglo-americano desfechou umaofensiva em várias frentes, visando, basica-mente: 1) transferir o controle dos processosde desenvolvimento, dos Estados nacionaispara entidades supranacionais e não-gover-namentais, consolidando estruturas de “go-verno mundial” (ou “governança global”,como preferem alguns); 2) erradicar o “vírusdo progresso” entre os estratos educados dassociedades de todo o mundo, com a difusão

do irracionalismo e da descrença nas conquis-tas científico-tecnológicas como motores dodesenvolvimento; 3) reduzir o crescimento dapopulação mundial; e 4) controlar uma grandeproporção dos recursos naturais do planeta.

O movimento ambientalista internacional,cuja criação por tais grupos hegemônicosremonta àquele período, tem sido um dosprincipais instrumentos dessa demonizaçãodo progresso científico, tecnológico e indus-trial e seus desdobramentos. Por trás da fa-chada da proteção de uma natureza desuma-nizada e transformada em entidade de direitopróprio, encontra-se a idéia-força – moral-mente inaceitável e cientificamente insusten-tável – de que o planeta não suportaria aextensão dos benefícios da modernizaçãoindustrial a todos os povos e países.

Além disso, o alarmismo “aquecimen-tista” está sendo exacerbado em um momentode definições cruciais para o Establishmentoligárquico, no qual a sua agenda hegemô-nica se encontra em xeque por conta da erosãoacelerada da ordem mundial pós-Guerra Fria,devido a: 1) os limites da supremacia militare financeira dos EUA; 2) a crescente instabi-lidade do sistema financeiro “globalizado”,que necessita de novas fontes de liquidez einstrumentos especulativos; e 3) a ressurgên-cia de vários Estados nacionais importantes,como a Federação Russa de Vladimir Putin, nocontrole dos recursos naturais de seus terri-tórios, especialmente os energéticos (90% das

Uma manipulaçãoplanetária

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reservas mundiais de petróleo e gás naturaljá se encontram sob controle estatal, contraapenas 10% das multinacionais do setor).

Com a implosão do bloco socialista, em1989-91, e a desmoralização da agenda polí-tica do “choque de civilizações” como umsubstituto plausível para o conflito ideológicoda Guerra Fria, a decretação de uma supostaemergência climática planetária oferece a taiscírculos uma grande oportunidade para a ma-nutenção e aprofundamento da agenda de“governança global”.

As propostas em discussão contemplam oestabelecimento de draconianos limites paraas emissões de carbono a partir de 2012,quando expira o vigente Protocolo de Kyoto,os quais seriam extensivos aos países subde-senvolvidos, atualmente isentos deles. Comoquase 80% do consumo mundial de energiadependem dos combustíveis fósseis, é fácilperceber que os esforços de desenvolvimentoda grande maioria dos países ficariam umbi-licalmente ligados aos florescentes – e alta-mente especulativos – mercados de créditosde carbono. Ou seja, em lugar do antigo “pa-drão-ouro”, teríamos agora um “padrão-car-bono” a limitar o progresso dos povos.

A União Européia tem um grande interessena oficialização dos limites de emissões, pois,juntamente com o Japão e o Canadá (cuja per-manência é incerta), é o único grande centroeconômico obrigado ao Protocolo de Kyoto –não ratificado pelos EUA –, o que está provo-cando um pesado óbice às suas indústrias, umtanto debilitadas pela “globalização” finan-ceira e a competição desigual com a mão-de-obra ultrabarata das indústrias asiáticas.

Ademais, a despeito de todo o alarido so-bre energias alternativas, não há substitutosem grande escala para os combustíveis fós-seis, nas próximas décadas. Sem falar no fato

de que, no caso da geração de eletricidade,as fontes hidrelétricas e nucleares (que, jun-tamente com as termelétricas alimentadas acombustíveis fósseis, respondem por 99% dageração mundial) também se encontram sobo fogo cerrado do aparato ambientalista.

A grande ameaça que paira sobre o pla-neta não é climática ou qualquer outra catás-trofe imaginada pelos delírios ambientalistas,mas o aprofundamento das injustiças e desi-gualdades mundiais, que tem se aceleradocom a “globalização” financeira das últimasdécadas. A reversão desse processo e a reto-mada do desenvolvimento e do otimismocultural em escala global irão requerer, entreoutros itens, uma considerável ampliação daoferta e dos usos da energia em todo o plane-ta (para 90% dos 700 milhões de africanos,energia ainda é sinônimo de lenha, o combus-tível mais primitivo utilizado pelo homem).Portanto, qualquer proposta de redução douso de combustíveis fósseis, enquanto tecno-logias mais eficientes não estiverem plena-mente disponíveis, assume o caráter de umcrime de lesa-humanidade. As sugestõesmais extremadas, de reduções de até 60% dasemissões até meados do século, feitas porambientalistas – e até mesmo alguns cientistas– mais delirantes, podem ser francamente ro-tuladas como pró-genocidas.

Por último, para implementar semelhanteesquema, haveria a necessidade de estabele-cimento de uma autoridade supranacionalpara fiscalizar o cumprimento das metas deemissões e, eventualmente, punir os infratores.Quem estaria a cargo de uma tal entidade?Como seriam nomeados e a quem responde-riam os seus dirigentes? Poderia ela determi-nar sanções econômicas e até militares contraos países recalcitrantes? Como veremos adian-te, tal agência já está sendo pensada.

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Para justificar os cenários catastrofistas ne-cessários para “vilanizar” as atividades in-dustriais e os modelos de desenvolvimentobaseados na industrialização, os mentores doambientalismo precisaram forjar um arremedode consenso científico sobre a suposta emer-gência climática. Curiosamente, as primeiraspropostas para a limitação das emissões dedióxido de carbono já surgiram na Conferên-cia de Estocolmo, em 1972, em um momentoem que as temperaturas globais vinham cain-do desde 1940. Na época, parte do discursoalarmista se referia ao resfriamento global eà ameaça de uma nova era glacial.

Nas décadas seguintes, a reversão da cur-va de temperaturas, que voltaram a subir apartir de 1975, facilitou a transformação daclimatologia em um instrumento político.Começou, então, a litania para responsabili-zar o dióxido de carbono antropogênico peloaumento das temperaturas, mesmo diante dasmaciças evidências de que o aquecimentoregistrado no século XX era um fenômenotão natural como o Período Quente Medieval,entre os séculos IX e XII, quando as tempe-raturas no Hemisfério Norte eram 1-2oC su-periores às atuais – mais de seis séculos antesda Revolução Industrial.

Desde então, o alegado consenso vemsendo construído a partir de uma criteriosaseleção dos cientistas participantes de encon-tros internacionais dedicados ao assunto e odirecionamento preferencial de verbas paraas pesquisas favoráveis aos cenários catastro-fistas. Em um depoimento publicado na edi-ção de dezembro de 2000 do Weather ActionBulletin, o meteorologista britânico PiersCorbyn foi enfático: “O problema que estamosenfrentando é que o Establishment meteoro-lógico e o lobby dos grupos de pesquisa doaquecimento global, que recebem grandesfinanciamentos, estão aparentemente tão

corrompidos pela generosidade recebida,que os cientistas que atuam neles venderama sua integridade.”

Em paralelo, os cientistas que questiona-vam a ilação simplista “carbono-aquecimento”passaram a ser pejorativamente rotuladoscomo “céticos”, agentes a soldo das empre-sas de petróleo e carvão e outros epítetos dogênero. Escusado dizer que raramente a mídia(em geral propensa ao sensacionalismo) temse dado ao trabalho de consultá-los. No Brasil,a longa série de reportagens alarmistas que aRede Globo de Televisão dedicou ao assuntoem seus programas jornalísticos de horárionobre, desde o lançamento do “RelatórioStern”, não ouviu um único cientista contrá-rio ao cenário catastrofista (que, apesar detudo, constituem a grande maioria).

Nos últimos meses, os “céticos” passarama ser alvos de uma autêntica caça às bruxas.Nos EUA, a apresentadora do Weather Chan-nel, Heidi Cullen, sugeriu que os meteorolo-gistas que não aceitassem o que chamou de“visão científica aceita” sobre o aquecimen-to global tivessem canceladas as suas licen-ças profissionais. Pouco depois, o climatolo-gista-chefe do estado de Oregon, GeorgeTaylor, passou a ser ameaçado de demissãopor ter questionado publicamente o cenáriocatastrofista. Na Inglaterra, o celebradocolunista do The Guardian, George Monbiot,propôs que tais cientistas fossem submetidosa julgamentos como os do Tribunal deNuremberg, que condenou criminosos deguerra nazistas após a II Guerra Mundial.

Quanto ao decantado Painel Intergover-namental sobre Mudanças Climáticas(IPCC), os seus relatórios e, em especial, os“Resumos”, têm funcionado como os “diári-os oficiais” da campanha. Para tanto, o órgãonão tem se furtado a recorrer a fraudes escan-dalosas, como ocorreu com o notório “gráfico

Consenso forjadoe ciência engajada

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do taco de hóquei” do relatório de 2001, oqual, simplesmente, suprimiu o PeríodoQuente Medieval, para implicar que o aque-cimento ocorrido no século XX seria de res-ponsabilidade humana (p. 10).

Da mesma forma, o IPCC tem ignoradosistematicamente as evidências que não seencaixam no cenário antropogênico, comoas cada vez mais numerosas pesquisas quedemonstram a influência determinante dasradiações cósmicas e solares sobre o climaterrestre (p. 23).

Por outro lado, a grande maioria dosprognósticos alarmistas se baseia em mode-los climáticos computadorizados, que estãomuito longe de simular com precisão aceitá-vel os processos do mundo real, pela simplesrazão de que o clima da Terra é resultante deuma ultracomplexa interação de fatores cós-micos e terrestres, muitos dos quais aindapouco conhecidos da ciência. Portanto, pormais avançados que sejam os supercomputa-dores nos quais são rodados, tais modelosnão passam de ferramentas úteis para estudosacadêmicos e não poderiam, em hipótesealguma, ser utilizados para fundamentarpolíticas de tão grande alcance para o futuroda Humanidade.

A própria metodologia que privilegia ouso de modelos matemáticos, em detrimentodas observações no mundo real, decorre dahegemonia adquirida pelo enfoque mecani-cista-reducionista nas ciências, o qual preten-de compreender os fenômenos a partir do co-nhecimento agregado das suas partes consti-tuintes. Herança do Iluminismo, essa óticapode ser bem-sucedida com fenômenos menoscomplexos e o desenvolvimento de projetostecnológicos, mas não favorece o entendi-mento da dinâmica planetária e do contextocósmico no qual ela se insere (e, menos ainda,do papel universal da espécie humana). Alémdisso, é um obstáculo aos avanços dos novoscampos do conhecimento científico que, nasdécadas vindouras, serão necessários paraassegurar um progresso eqüitativo e sustenta-do para toda a Humanidade. Por conseguinte,é imperativo que a verdadeira ciência sejareconduzida ao lugar que lhe cabe nas discus-sões sobre o clima terrestre e as suas intera-ções com as atividades humanas.

Um alerta do CanadáUma contundente manifestação de cientistasde escol contra o “consenso” fabricado foiuma carta aberta encaminhada em abril de2006 ao primeiro-ministro do Canadá,Stephen Harper, propondo uma rediscussãoda posição do país no Protocolo de Kyoto.Encabeçada pelo Dr. Ian D. Clark, professorde Hidrogeologia e Paleoclimatologia daUniversidade de Ottawa, a carta foi assinadapor outros 59 dos mais proeminentes cien-tistas envolvidos em estudos climáticos, doCanadá, EUA, Reino Unido, Austrália,Nova Zelândia, Dinamarca, Suécia ePolônia. Os dois parágrafos seguintes sãoauto-explicativos:

“Embora os pronunciamentos confiantesde grupos ambientais cientificamente des-qualificados possam proporcionar manchetessensacionalistas, eles não são bases parauma formulação de políticas amadurecida.O estudo das mudanças climáticas globais é,como o senhor tem dito, uma ‘ciência emer-gente’, talvez a mais complexa jamais ence-tada. Pode levar anos antes que entendamosadequadamente o sistema climático da Terra.Não obstante, avanços significativos foramfeitos desde a criação do protocolo, muitosdos quais nos estão afastando de uma preo-cupação com o aumento dos gases de efeitoestufa. Se, em meados da década de 1990,nós soubéssemos o que sabemos hoje so-bre o clima, quase certamente Kyoto nãoexistiria, porque teríamos concluído quenão era necessário.

“Nós entendemos a dificuldade que qual-quer governo tem ao formular políticas razoá-veis com base na ciência, quando as vozes maisestridentes parecem estar levanto ao rumooposto. Entretanto, a convocação de consul-tas abertas e não-tendenciosas permitirá aoscanadenses ouvir especialistas dos dois ladosda comunidade de ciências climáticas. Quandoo público vier a entender que não existe qual-quer ‘consenso’ entre os cientistas climáticos,no tocante à importância relativa das váriascausas das mudanças climáticas globais, ogoverno estará em uma posição muito melhorpara elaborar planos que reflitam a realidadee possam, portanto, beneficiar tanto o meioambiente como a economia.”

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Caro leitor, observe os dois gráficos da pági-na seguinte. O primeiro (Fig. 1), apresentadono primeiro relatório do Painel Intergoverna-mental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),em 1990, retrata as variações relativas de tem-peratura ocorridas ao longo do último milênio.Mesmo sem maior precisão, ele mostra o Pe-ríodo Quente Medieval, entre os séculos IXe XII, com temperaturas mais altas que asatuais, e a Pequena Idade do Gelo, entre osséculos XVII e XIX, mais fria e da qual oaquecimento registrado no século XX parecenão ser mais que uma recuperação. Ambosos períodos são bastante conhecidos pelospaleoclimatologistas, que estudam a históriaclimática do planeta. Como as medições di-retas com termômetros tiveram início apenasno final do século XVIII, as épocas anterio-res são estudadas com métodos indiretos –isótopos de oxigênio (O18/O16), pólen, anéisde crescimento de árvores, formações geoló-gicas características etc. –, os quais propor-cionam um quadro suficientemente precisosobre o clima vigente em um dado período.

O segundo gráfico (Fig. 2), referente aum estudo de anéis de árvores e outras fontes,feito em 1999 pela equipe do paleoclimato-logista Michael E. Mann, então na Universi-dade de Massachussetts, foi apresentado norelatório de 2001 do IPCC. Ele mostra umligeiro resfriamento de 0,2oC para o Hemis-fério Norte, no período 1000-1900, seguidode uma brusca elevação de 0,6oC, no período1900-2000. Por sua forma, ficou conhecidocomo o “taco de hóquei” e foi extensamentealardeado pelo IPCC e a comunidade “aque-cimentista” como uma evidência cabal da

ação humana no clima. O problema é que,como foi prontamente demonstrado, ele erasimplesmente falso.

De início, chamou a atenção o fato de queo gráfico do grupo de Mann eliminava suma-riamente o Período Quente Medieval e a Pe-quena Idade do Gelo. Pouco depois, doisestatísticos canadenses da Universidade deGuelph (Ontario), Stephen McIntyre e RossMcKitrick, analisaram os dados e a metodo-logia usados pela equipe de Mann e concluí-ram que os algoritmos empregados sempreproduziam um gráfico em forma de taco dehóquei, independentemente dos dados apli-cados a eles. Posteriormente, por solicitaçãodo deputado Joe Barton, então presidente doComitê de Energia e Comércio da Câmarados Deputados dos EUA, o Dr. Edward J.Wegman, da Universidade George Mason econsiderado um dos maiores especialistas emmodelos estatísticos computadorizados dopaís, também revisou o trabalho de Mann echegou à mesma conclusão.

Ademais, Wegman fez uma crítica devas-tadora à comunidade dos “aquecimentistas”,que, segundo ele, formam um grupo tão fe-chado em si próprio que impossibilita qual-quer revisão independente de trabalhos comoo de Mann. Em suas palavras, “existe umgrupo estreitamente interligado de indivíduosque acredita apaixonadamente em suas teses.Entretanto, a nossa percepção é a de que estegrupo tem um mecanismo de retroalimentaçãoque se auto-reforça e, ademais, o trabalhotem sido tão politizado que eles dificilmentepodem reavaliar as suas posições públicassem perder a credibilidade”.

O “taco de hóquei”:retrato de uma fraude

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F I G U R A 1

Curva de temperaturas do IPCC em 1990

F I G U R A 2

Reconstrução das temperaturas no Hemisfério Norte (o “taco de hóquei”)

Fonte: Mann, Bradley e Hughes, 1999, Geophysical Research Letters, Vol. 26.

Diante da fraude comprovada, o IPCCnão fez qualquer retratação e, embora tenhaexcluído o trabalho de Mann do “Resumo”de 2007, manteve as suas conclusões no do-cumento, a saber: “Informações paleoclimá-

ticas apóiam a interpretação de que o aqueci-mento do último meio século é incomum,pelo menos nos 1300 anos anteriores.”

Em respeito à inteligência do leitor, dis-pensam-se maiores comentários.

Fonte: IPCC, 1990

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As três décadas que se seguiram à II GuerraMundial representaram o período de maisrápida expansão do processo de desenvolvi-mento socioeconômico para toda a Humani-dade. Tal impulso foi proporcionado pelareconstrução econômica do pós-guerra, espe-cialmente na Europa e no Japão, o processode descolonização na Ásia e na África e oarcabouço financeiro e monetário relativa-mente estável proporcionado pelo Sistema deBretton Woods. Ao mesmo tempo, uma sériede conquistas científico-tecnológicas contri-buía para disseminar um intenso otimismocultural: a “Revolução Verde” dos cultivosde alto rendimento, os avanços da medicinae da saúde pública, das telecomunicações, asperspectivas de uso pacífico da energia nu-clear, a corrida espacial e outras.

Naquele momento, a palavra de ordem eraindustrialização, principalmente entre os paísessubdesenvolvidos. Em 1957, o comércio mun-dial de produtos industrializados superoupela primeira vez o de produtos primários ealimentos. Entre 1953 e 1963, a participaçãodos países subdesenvolvidos na produção in-dustrial mundial subiu de 6,5% para 9%, umaalta de quase 50%, com tendência ascendente.

Foi nesse contexto que certos setores doEstablishment anglo-americano colocaramem marcha o movimento ambientalista inter-nacional, cuja criação já vinha sendo prepa-rada desde o pós-guerra imediato. Em seulivro Battling Wall Street: The KennedyPresidency (Combatendo Wall Street: a Pre-sidência Kennedy), o sociólogo estaduni-dense Donald Gibson descreve: “No final dadécada de 1950 e início da de 1960, uma an-tiga inclinação existente entre alguns mem-bros da classe superior estava prestes a setornar um assunto nacional. Esta inclinação

ia redefinir as conquistas da ciência e datecnologia como ações malignas que amea-çavam a natureza ou como fúteis tentativasde reduzir o sofrimento humano que, diziam,era o resultado da superpopulação. Essa ten-dência, em parte articulada como uma visãode mundo nos escritos de Thomas Malthus,toma o que podem ser preocupações razoá-veis sobre temas como a qualidade do ar e daágua e as reveste de uma ideologia profun-damente hostil ao progresso econômico e àmaioria dos seres humanos.”

Desde as fases iniciais do movimento, opotencial do dióxido de carbono (CO2) como“vilão ambiental” não passou despercebidopelos seus mentores, com destaque para omagnata canadense Maurice Strong, cuja tra-jetória multifacetada é a demonstração vivado controle do ambientalismo pelo Establi-shment oligárquico. Já em 1972, como secre-tário-geral da Conferência das Nações Unidassobre o Meio Ambiente Humano, em Esto-colmo, ele apresentou uma agenda que anteci-pava com grande “clarividência” o que estavapor vir. O relato é da sua compatriota, a com-petente jornalista investigativa Elaine Dewar,no livro Cloak of Green: The Links BetweenKey Environmental Groups, Government andBig Business (Capa de verde: os laços entregrupos ambientais importantes, governos eos grandes negócios): “Quando a Conferên-cia de Estocolmo foi instalada, em 1972,Strong advertiu urgentemente sobre o adventodo aquecimento global, a devastação das flo-restas, a perda de biodiversidade, os oceanospoluídos e a bomba-relógio populacional.Ele sugeriu um imposto sobre a movimenta-ção de cada barril de petróleo e o uso dessesfundos para criar uma grande burocracia daONU, para chamar a atenção sobre a poluição

História (quase) secretado aquecimento global

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onde quer que ela se encontrasse. Na medidaem que eu lia esse velho discurso, eu com-preendia que ele quase poderia ser repetidona Cúpula do Rio... Um documento do Green-peace, que circulou antes do Rio, alegava quea Conferência de Estocolmo fora um fra-casso, por causa do que não fora discutido.Certamente, para alguns, as discussões limi-tadas foram um fracasso. Para outros interes-ses, elas constituíram um sucesso.”

Um dos desdobramentos da Conferênciade Estocolmo foi a criação do Programa dasNações Unidas para o Meio Ambiente(PNUMA), para o qual Strong foi nomeadoo primeiro diretor-executivo. A partir do car-go, que ocupou até 1975, ele desempenhouum ativo papel na popularização das supos-tas ameaças para a atmosfera, representadaspelo uso de combustíveis fósseis e produtosquímicos agressivos para a camada de ozô-nio – esta última, uma teoria alarmista quetambém dava os seus primeiros passos e se-ria crucial para a agenda ambientalista, comoveremos adiante.

Além da Conferência de Estocolmo, oano de 1972 presenciou duas outras impor-tantes iniciativas da campanha catastrofista.O primeiro foi o lançamento do famigeradorelatório do Clube de Roma, Limites ao cres-cimento, o qual introduziu as projeções com-putadorizadas na metodologia alarmista, prog-nosticando o esgotamento de vários recursosnaturais nas décadas seguintes. O segundofoi a criação, em Laxemberg, Áustria, do Ins-tituto Internacional de Análise de SistemasAplicada (IIASA), um empreendimento con-junto do Establishment ocidental e certos se-tores da Nomenklatura soviética, que perce-beram na causa ambientalista o potencialpara o estabelecimento de um “condomíniode poder” Leste-Oeste (a posterior adesão deMikhail Gorbachov às causas “verdes” temaí as suas raízes). Até hoje, o IIASA tem de-sempenhado um importante papel na promo-ção do aquecimento global antropogênico.

Um marco decisivo da campanha contrao dióxido de carbono foi a conferência “A at-mosfera: ameaçada e ameaçadora”, realizada

em outubro de 1975, em Washington (EUA),promovida pelo Centro Internacional Fogartypara Estudos Avançados de Ciências da Saúde,órgão do governo estadunidense. Curiosa-mente, uma das organizadoras do evento foia antropóloga Margaret Mead, uma veteranaintegrante de programas de “engenharia social”do aparato de inteligência do Establishment.As suas palavras não poderiam ser mais clarassobre os rumos da campanha ambientalista:“Estamos enfrentando um período em que asociedade deve tomar decisões em escalaplanetária... A menos que os povos do mundopossam começar a entender as conseqüênciasimensas e de longo prazo do que parecem serpequenas escolhas imediatas – furar umpoço, abrir uma estrada, construir um grandeavião, fazer um teste nuclear, instalar um re-ator regenerador, liberar produtos químicosque se diluem na atmosfera ou descarregarresíduos concentrados no mar –, todo o pla-neta pode ficar em perigo.”

Em outro trecho, os anais da conferênciaregistram: “A Dra. Mead enfatizou que aconferência foi baseada no pressuposto deque decisões políticas de tremendo alcanceserão tomadas – com os cientistas provendoelementos de julgamento ou não. Não hámeio de os cientistas evitarem afetar o proces-so de tomada de decisões em assuntos rela-cionados às suas disciplinas, mesmo se perma-necerem publicamente em silêncio. Uma deci-são dos formuladores de políticas no sentidode não agir na ausência de informação ou co-nhecimento científico é uma decisão políticapor si mesma e, para os cientistas, não há apossibilidade de inação, exceto a de deixa-rem de ser cientistas.”

Juntamente com o outro organizador doevento, o climatologista William Kellogg,Mead propôs a adoção de uma “Lei da At-mosfera” de âmbito mundial, a qual estabe-lecesse limites para a quantidade de emissõesde dióxido de carbono que cada nação pode-ria produzir. Não por acaso, entre os partici-pantes da conferência, encontravam-se outrosdois climatologistas que, posteriormente, sedestacariam na promoção do aquecimento

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global antropogênico, Stephen Schneider eGeorge Woodwell.

A conferência também serviu como pla-taforma de lançamento para a chamada Hi-pótese Gaia, um esdrúxulo coquetel de pseu-dociência e misticismo que considera a Terraum ser vivo de direito próprio, idealizado pelobiólogo inglês James Lovelock, que se torna-ria um dos principais propagandistas do aque-cimento global. Em seu último livro, A vin-gança de Gaia, lançado em 2006, Lovelockprognostica uma catástrofe planetária antesdo final do século, causada por aumentos detemperatura de 5-8oC, os quais provocariama expansão das áreas desérticas e a morte debilhões de pessoas. Segundo ele, apenas naregião ártica sobreviveriam alguns poucos ca-sais em condições de acasalamento. (Emboraafirmando discordar de alguns dos seus funda-mentos, Stephen Schneider se tornou um dosprincipais propagandistas da Hipótese Gaia.)

O engajamento seletivo da comunidadecientífica na campanha do dióxido decarbono se deu crescentemente, ao longo dadécada de 1980, a partir de uma série deconferências internacionais promovidas pelaburocracia ambiental das Nações Unidas(PNUMA e Organização MeteorológicaMundial), em cooperação com o IIASA:Villach, Áustria (1985); Villach e Bellaggio,Itália (1987); e Toronto, Canadá (1988).

Em Toronto, pela primeira vez, a propos-ta de redução das emissões de CO2 recebeuuma meta numérica: um corte de 20% sobreas emissões daquele ano, até 2005. Dali saiutambém a decisão de estabelecer um corpotecnocrático especificamente para conduzir acampanha no meio científico, que viria a sero IPCC, oficialmente criado no ano seguinte.

“Desenvolvimento sustentado”:Malthus de roupa novaUm importante reforço para a campanha foia ampla divulgação, em 1987, do relatórioNosso Futuro Comum, da Comissão Mundialsobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, maisconhecida pelo nome de sua principal coor-denadora, a ex-primeira-ministra norueguesa

Gro-Harlem Brundtland. O principal objetivodo documento era a introdução do conceitode “desenvolvimento sustentado”, que se tor-naria a pedra de toque da ideologia ambien-talista. Em sua essência, o conceito não pas-sa de uma nova roupagem para as idéias decrescimento limitado popularizadas peloClube de Roma, com uma manifesta inclina-ção malthusiana. Veja-se, por exemplo, a se-guinte passagem: “A cada ano, aumenta onúmero de seres humanos, mas permanecefinita a quantidade de recursos naturais desti-nados ao sustento dessa população, à melhoriada qualidade de vida e à eliminação da po-breza generalizada.”

Outro trecho explicita os pendores emprol da “governança global”: “O conceito desoberania nacional foi basicamente alteradopela interdependência nos campos econômico,ambiental e de segurança. Os bens comuns atodos não podem ser geridos a partir de umcentro nacional; o Estado-nação não bastaquando se trata de lidar com ameaças a ecos-sistemas que pertencem a mais de um país.Só é possível lidar com ameaças à segurançaambiental através de administração conjuntae de processos e mecanismos multilaterais.”

Quanto aos problemas atmosféricos, o re-latório afirma que “muito provavelmente, asameaças do aquecimento global e da acidifi-cação do meio ambiente descartam até mesmouma duplicação do uso de energia baseadonas atuais combinações de fontes primárias.Portanto, qualquer nova era de crescimentoeconômico deverá ser menos intensiva emenergia do que o crescimento no passado”.

Para lidar com tais ameaças, a ComissãoBrundtland recomendou a criação de umaagência ambiental global com poderes supra-nacionais, além de alertar para as possibili-dades de futuros conflitos causados por dis-putas por recursos naturais ou contenciososambientais. Soa familiar?

Interregno: o “buraco” nacamada de ozônioEm paralelo com a campanha “aquecimen-tista”, as hostes ambientalistas se empenhavam

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para transformar outro fenômeno natural emuma emergência global, atribuindo as varia-ções das concentrações de ozônio na estra-tosfera à ação de produtos químicos como osclorofluorcarbonos (CFCs), halons, brometode metila e outros, utilizados em dúzias deaplicações (elementos refrigerantes, prope-lentes de aerossóis, pesticidas etc.). Em umroteiro que se pretende replicar no caso dasvariações de temperatura, discussões que nãodeveriam extravasar do meio científico aca-baram, por força do bem articulado lobbyambientalista, ganhando foros de problemaplanetário e se transformando em objeto deuma legislação de âmbito internacional e res-tritiva da fabricação e uso daqueles produtos.

A progressão foi extremamente rápida.As primeiras teorias sobre os supostos im-pactos humanos na camada de ozônio surgi-ram juntamente com o início da escalada am-bientalista, na primeira metade da década de1970. Os suspeitos iniciais foram as emissõesde óxido de nitrogênio das turbinas de jatossupersônicos de passageiros de vôo estra-tosférico, como o Concorde franco-britânicoe o SST estadunidense (que nunca chegou aser construído). Mas, logo, as acusações setransferiram para os CFCs e outros decompostos de cloro. Segundo a teoria, taisprodutos, ao serem descartados, subiriam atéa estratosfera (mesmo sendo três a quatrovezes mais densos que o ar e, em geral, des-cartados em ambientes fechados e não-turbu-lentos) e, ali, sob a ação das intensas radia-ções ultravioleta, teriam as suas moléculasdissociadas, libertando os mortais átomos decloro, que, por sua vez, se combinariam comas moléculas de ozônio (O3) e as dissocia-riam. Em conseqüência da destruição do ozô-nio, haveria um aumento da intensidade daradiação ultravioleta na superfície terrestre,aumentando a incidência de cânceres de pelee outras enfermidades, tanto no homem comoem outros seres vivos.

Com a antecipação peculiar, antes de en-cerrar a sua gestão no PNUMA, em 1975,Maurice Strong já havia determinado a cria-ção de um grupo de estudos no órgão para

lidar com a nova ameaça. Em 1985, a notíciade que um “buraco” na camada de ozôniohavia sido detectado na Antártica causou furormundial e acelerou os trabalhos para o esta-belecimento de um acordo internacional paraenfrentar o problema (poucos se deram aotrabalho de consultar os registros das pesqui-sas feitas na região durante o Ano GeofísicoInternacional, em 1957-58, quando o fenô-meno já havia sido registrado). No mesmoano, realizou-se a Convenção de Viena paraa Proteção da Camada de Ozônio. Dois anosdepois, foi estabelecido o Protocolo de Mon-treal sobre Substâncias que Desgastam a Ca-mada de Ozônio, que entrou em vigor em1989, tendo experimentado quatro revisõesdesde então. Universalmente saudado comoo mais bem-sucedido tratado ambiental já es-tabelecido, o Protocolo de Montreal determi-na datas-limite para o encerramento dos usosdos compostos de cloro aos quais foi atribuídaa pecha de “assassinos do ozônio”.

O alcance do acordo pode ser avaliadopelas cândidas declarações do principal nego-ciador estadunidense do Protocolo de Mon-treal, o diplomata Richard Benedick, em seulivro Ozone Diplomacy: New Directions inSafeguarding the Planet (Diplomacia doozônio: novas direções na salvaguarda doplaneta), publicado em 1991: “O Protocolode Montreal... determinou significativas re-duções no uso de vários produtos químicosextremamente úteis... Pela sua ação, os paísessignatários assinaram a sentença de mortepara uma importante parte da indústria quími-ca internacional, com implicações de bilhõesde dólares em investimentos e centenas demilhares de empregos em setores correlatos.O protocolo, simplesmente, não prescreveulimites para esses produtos com base na ‘me-lhor tecnologia disponível’, que teria sido amaneira tradicional de reconciliar objetivosambientais com os interesses econômicos.Em vez disto, os negociadores estabeleceramdatas-limite para a substituição de produtosque haviam se tornado sinônimos de padrõesde vida modernos, ainda que as tecnologiasrequisitadas ainda não existissem.”

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Ademais, ele admite: “Na época das nego-ciações e da assinatura, não existia nenhumaevidência de problemas mensuráveis. Assim,ao contrário de acordos ambientais do passado,o tratado não foi uma resposta a aconteci-mentos ou eventos prejudiciais, mas uma açãopreventiva em escala global.”

É significativo que, antes de ser destacadopara as negociações do Protocolo de Montreal,Benedick chefiava o Gabinete de Populaçãodo Departamento de Estado, onde defendia aaplicação de draconianas políticas de controledemográfico nos países subdesenvolvidos.

Os principais fabricantes de CFCs e simi-lares, na América do Norte, Europa e Japão(cujas patentes estavam no fim), não foramafetados pelas restrições aos seus produtos,pois, prontamente, apresentaram uma novafamília de substitutos, os hidrofluorcarbonos(HFCs). O problema, pelo menos para osusuários, é que tais produtos não só custavam20-30 vezes mais que os CFCs, como tambémobrigariam a uma total substituição dos equi-pamentos existentes, pois eram incompatíveiscom os compressores dos refrigeradores em uso.Além disso, ironicamente, os HFCs foramlogo apontados como poderosos gases deefeito estufa, 10 mil vezes mais eficientes queo CO2, o que ensejou um adendo ao Protocolode Montreal, determinando que deixem de serusados até 2030 (e, possivelmente, substituídospor novos produtos ainda mais caros).

Por outro lado, o banimento dos CFCsnos países industrializados motivou o surgi-mento de um ativo comércio ilegal oriundodos fabricantes sediados nos países em de-senvolvimento, que receberam um prazomaior para a adaptação das suas indústrias(além de recursos de um fundo de compen-sação estabelecido pelo protocolo). Nos EUA,a estrutura policial criada para reprimir essecontrabando se tornou inferior apenas à esta-belecida para o combate ao narcotráfico, oque denota as conseqüências do irraciona-lismo ambientalista, conseguindo a façanhade transformar uma das substâncias maisúteis e versáteis já inventadas em objeto derepressão policial.

E quanto ao “buraco” na camada de ozô-nio? Na verdade, assim como ocorre com amaioria dos fenômenos atmosféricos, as con-centrações de ozônio na estratosfera são ex-tremamente variáveis e dependentes de fato-res totalmente alheios às ações humanas – nocaso, intensidade das radiações solares e cós-micas, latitude, estação do ano, erupções vul-cânicas etc. O mal denominado “buraco” nãopassa de uma rarefação das concentrações dogás abaixo de um certo nível, fenômeno quejá era registrado na região subártica da Norue-ga desde a década de 1920, antes mesmo deos CFCs, halons e congêneres serem inven-tados. Na Antártica, quando tais variaçõesextremas foram constatadas, durante o AnoGeofísico Internacional, os CFCs apenas co-meçavam a entrar em uso comercial (oshalons, usados em extintores de incêndio, sóforam inventados na década seguinte).

Não obstante, como já advertia MargaretMead, em 1975, e corroborado por RichardBenedick, “decisões políticas de tremendoalcance serão tomadas” – independentementedos seus fundamentos científicos.

Como uma espécie de coroamento dacampanha do ozônio, o Prêmio Nobel deQuímica de 1995 foi conferido ao estadu-nidense F. Sherwood Rowland, seu pupilomexicano-estadunidense Mario Molina e oholandês Paul Crutzen, autores da teoriaque serviu de pretexto para a investida con-tra os compostos de cloro. Mais tarde, o ver-sátil Molina viria a ser um dos redatores do“Resumo” de 2007 do IPCC. Seu mentorRowland, por sua vez, juntamente com ou-tros 40 cientistas (?) e ativistas ambientaisde 20 países, foi signatário de um dos maisdelirantes manifestos ambientalistas já pro-duzidos, a Declaração de Morelia (1991),que afirma em um de seus trechos: “Se ametade final do século XX ficou marcadapor movimentos de libertação humana, a dé-cada final do segundo milênio será caracte-rizada por movimentos de libertação entreespécies, de modo que algum dia possamosatingir uma igualdade genuína entre todasas coisas vivas.”

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O caminho para Kyoto e alémA facilidade com que o Protocolo de Mon-treal foi aprovado emprestou um grande impul-so à campanha “aquecimentista”, que entrouna década de 1990 a pleno vapor, semprecom o nosso velho conhecido MauriceStrong à frente. Outra vez, a grande oportu-nidade foi proporcionada pelo aparato ambien-talista da ONU, onde, dividindo o tempo comos seus múltiplos afazeres privados, Strongocupava o posto de subsecretário geral, noqual já havia sido um dos mentores dos tra-balhos da Comissão Brundtland. O palco foia Conferência das Nações Unidas para oMeio Ambiente e o Desenvolvimento, maisconhecida como Cúpula da Terra ou, simples-mente, Rio-92, realizada no Rio de Janeiro,em junho de 1992. Além da Convenção sobreDiversidade Biológica e da Agenda 21, umenorme conjunto de diretrizes destinado a in-troduzir o fator ambiental em praticamentetodos os ramos de atividades humanas, aconferência resultou na aprovação da Con-venção Quadro de Mudanças Climáticas, que,supervisionada diretamente por Strong, seriao embrião do futuro Protocolo de Kyoto.

Uma vez mais, ouçamos Elaine Dewar:“Propagandeada como A Maior Cúpula doMundo, a conferência do Rio era publica-mente descrita como uma negociação globalpara reconciliar a necessidade de proteçãoambiental com a necessidade de crescimentoeconômico. Os bem informados entendiamque havia outros objetivos, bem mais pro-fundos. Estes envolviam a transferência depoderes regulamentadores nacionais paravastas autoridades regionais; a abertura detodas as economias nacionais fechadas a inte-resses multinacionais; o reforço de estruturasde tomada de decisões muito acima e muitoabaixo do alcance de democracias nacionaisrecém-estabelecidas; e, acima de tudo, a inte-gração dos impérios soviético e chinês nosistema de mercado global. Eu não havia ou-vido ninguém usar qualquer nome para estaagenda bastante grande, de modo que, maistarde, eu mesmo a batizei – a Agenda de Go-vernança Global.”

Em outra passagem, a jornalista, que de-dicou a Strong dois capítulos inteiros de seulivro, afirma: “Ao final de 1991, eu havia metornado altamente cética sobre os motivosdos participantes do circuito (ambientalista).Eu havia chegado à conclusão de que a po-luição transfronteiriça estava sendo usadacomo um instrumento de mercado para ven-der aos que ainda tinham dúvidas a necessi-dade de adoção de níveis de governança re-gionais e globais. O ‘pense globalmente, ajalocalmente’ era apenas outro slogan propa-gandístico. O público estava sendo persua-dido a aceitar a proteção ambiental baseadanum modelo de mercado: regulamentaçõesseriam substituídas por leis que permitiriama comercialização de débitos e créditos depoluição. Se os associados de Strong fossembem sucedidos, em breve, os créditos e débi-tos de poluição seriam comercializados glo-balmente como pernis de porco e derivativosfinanceiros. Por volta do ano 2000, haveriapoucas entidades nacionais independentescapazes de defender as comunidades locaisdos leviatãs internacionais. As comunidadeslocais competiriam entre si pelos favoresdos grandes interesses. Aqueles de nós quevivêssemos nas periferias brutais dessasnovas potências mundiais se veriam agra-decidos por comercializar com qualquerum, a qualquer preço.”

Em uma entrevista feita em 1991, um anoantes da conferência do Rio, o próprio Strongdisse a Dewar: “Eu tenho dito durante anosque o mundo precisa de um sistema mundialde governança. Cada tema deveria ser traba-lhado no nível em que possa ser trabalhadocom efetividade... O (problema do) ozôniovem de refrigerantes. Você tem que ter umacordo global para lidar com isso, mas asações têm que ser tomadas nacionalmente...Eventualmente, a ONU vai precisar de umacesso direto a um nível global de sistemas,não o mais poderoso, mas crescente... Nósrecomendamos que haja uma espécie de im-posto para lidar com as mudanças climáticas.A ONU pode não aplicá-lo. A maneiramais plausível é um governo concordar em

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consultas para impor o imposto nacional-mente, em uma fórmula acertada em relaçãoao PIB, e colocar uma parte dele em um fundoadministrado pela ONU.”

No mesmo ano, Strong foi um dos ideali-zadores da Iniciativa de Estocolmo sobre Se-gurança e Governança Global, que, em abril,reuniu na capital sueca 30 personalidadespolíticas internacionais para elaborar esseemblemático manifesto, que ressalta a rele-vância dos temas ambientais para a agendado “governo mundial”. Entre as suas propos-tas, destacam-se:

“– a elaboração de um arranjo de aplica-ção de lei global... enfocando o papel de san-ções e medidas militares;

“– que sejam impostas taxas sobre aemissão de poluentes que afetem o meio am-biente global, em particular as emissões dedióxido de carbono da queima de combustí-veis fósseis;

“– um diálogo internacional sobre ener-gia, que promova um uso mais eficiente dosrecursos energéticos mundiais, em particular,o uso de recursos energéticos alternativos erenováveis, como a energia solar;

“– que as Nações Unidas sejam encoraja-das a colocar os assuntos ambientais ao nívelmais alto, em todos os foros apropriados;

“– que as nações decidam fazer da Confe-rência das Nações Unidas sobre Meio Ambi-ente e Desenvolvimento (no Brasil) um marcopara o desenvolvimento sustentado;

“– que líderes nacionais e culturais mobi-lizem o compromisso político e os meios téc-nicos para efetivar um avanço na limitaçãodo crescimento populacional.”

Aí estão, sem disfarce, as intenções dessacasta de “globalistas” que pretende suplantaros Estados nacionais soberanos e impor aomundo uma ordem malthusiana de pesadelo.Além de Strong, assinaram o documento:o então primeiro-ministro sueco IngvarCarlsson; a novamente primeira-ministra no-rueguesa Gro-Harlem Brundtland; o ex-chanceler alemão Willy Brandt; o ex-pri-meiro-ministro britânico Edward Heath; oex-chanceler soviético Eduard Shevardnadze;

o então senador Fernando Henrique Cardo-so; e outros.

Para promover as diretrizes da Iniciativade Estocolmo, foi criada a Comissão de Go-vernança Global, em cujo conselho diretorStrong permaneceu até 1996.

Assim, não constituiu qualquer surpresaque Strong tenha sido o principal arquitetodo Protocolo de Kyoto, no qual as suas anti-gas propostas para as restrições ao uso decombustíveis fósseis via mercados foramformalmente introduzidas na agenda dasrelações internacionais. O tratado foi nego-ciado em dezembro de 1997 e entrou em vi-gor em fevereiro de 2005, após a ratificaçãoda Federação Russa, com a qual foi preen-chida a cláusula que determinava a necessi-dade de os signatários responderem por pelomenos 55% das emissões anuais de gases deefeito estufa na atmosfera (além do dióxidode carbono, metano, óxido nitroso, hexafluo-reto de enxofre, hidrofluorcarbonos e perfluo-carbonos). Como meta geral para os paísesindustrializados, foi prevista uma reduçãogeral de 5,2% das emissões até 2010, sobreos níveis de 1990.

Entretanto, as grandes dificuldades quealgumas das principais economias industria-lizadas estão encontrando para cumprir asmetas estabelecidas, além da exclusão dosEUA (que sozinhos respondem por mais deum quinto das emissões globais) e da Aus-trália, que não ratificaram o acordo, estãopreocupando os “aquecimentistas”, que játrabalham para o cenário pós-Kyoto, emfunção de que as metas do tratado deverãoser revistas em 2012. Para uma sondagemdas suas intenções, nada melhor do que re-correr ao próprio “Mister Carbono”, MauriceStrong. Em um artigo publicado no jornalThe Globe and Mail de Toronto (“Umasuper-agência?”), em 7 de março de 2007,além de reclamar da crescente resistência àsmetas de Kyoto no Canadá, ele fala franca-mente sobre o seu papel na campanhaanticarbono e faz uma audaciosa propostapara o futuro. Vale a pena transcrevê-lo emcerta extensão:

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“A pequenez com a qual a presente con-trovérsia sobre a resposta do Canadá às mu-danças climáticas está sendo tratada não énada para se orgulhar.

“Como alguém cujo papel na colocaçãodo tema das mudanças climáticas na agendapública está sendo alvo de críticas, me apressoem confessá-lo. Como o primeiro diretor doPrograma das Nações Unidas para o MeioAmbiente, eu convoquei uma reunião de espe-cialistas em mudanças climáticas há mais de30 anos atrás. Em 1992, eu encabecei a Cú-pula da Terra, que produziu a Convenção so-bre Mudanças Climáticas, e estive envolvidoem Kyoto, quando foi acertado o contenciosoprotocolo das metas. (...)

“Kyoto foi uma primeira etapa essencial,mas bastante modesta, para se lidar com essacrise, mas ela foi severamente enfraquecidapela retirada dos EUA, a principal fonte deemissões de gases de efeito estufa, e pela re-tirada de outros, inclusive, lamentavelmente,o Canadá. (...)

“Seria ilusório pensar que o Canadápode ir adiante sozinho. De fato, o tipo deações radicais agora requeridas só poderáser efetivo se elas forem tomadas por meiode uma cooperação internacional numa es-cala sem precedentes na nossa experiência.Não devemos nos deixar iludir pelos nega-dores que defendem que a ação deve esperarpela certeza científica, que será uma cargamuito grande para a economia, o que sig-nifica os seus próprios interesses especiais(sic). (...)

“Não existe uma resposta rápida ou fácil.Entretanto, os meios para efetuar as mudan-ças fundamentais necessárias para colocar asemissões de gases de efeito estufa em níveisseguros envolvem tecnologias que já estãodisponíveis ou ao alcance. Mais e mais cor-porações têm demonstrado que, longe deser uma ameaça para a economia, essas me-didas proporcionam uma nova geração deoportunidades econômicas... O que se neces-sitam são mudanças na nossa cultura, nasnossas atitudes e no sistema de incentivos e

penalidades às quais os indivíduos e corpo-rações respondem. (...)

“Já está claro que o Canadá, como váriosoutros países, não cumprirá as suas metas deKyoto. Isto não pode ser usado como pretextopara abandonar Kyoto. Com todas as suasimperfeições, é muito melhor usá-lo como basepara negociar um novo acordo quando asmetas existentes expirarem, em 2012. É claroque a China, Índia e outros países em rápidodesenvolvimento, que agora respondem pelamaioria dos aumentos das emissões de gasesde efeito estufa, precisarão participar. (...)

“Eu proponho que seja estabelecido umnovo tipo de comissão – uma ComissãoClimática Mundial. Ela seria de naturezapermanente, ao contrário das comissõesanteriores que tratavam de assuntos maislimitados e eram desfeitas depois de apre-sentar os seus relatórios.

“A comissão seria delegada pelas NaçõesUnidas e seria autônoma em suas operações.Ela se basearia e reforçaria os esforços e de-legações de outras organizações, especial-mente, o Painel Intergovernamental sobreMudanças Climáticas, como fonte primáriade assessoria científica, o PNUMA, a Orga-nização Meteorológica Mundial e o secreta-riado da ONU que atende à Convenção so-bre Mudanças Climáticas. Ela procuraria eresponderia à assessoria de outras organiza-ções e atores, proporcionando os canais pormeio dos quais estes poderiam contribuirpara o tipo de ações concertadas e enfocadasque são essenciais e para as quais nenhumórgão individual é hoje responsável. Elamonitoraria todas as atividades envolvendoas mudanças climáticas e se reportaria aosgovernos e à ONU, avaliando os progressose os desempenhos de todos os atores, pro-vendo recomendações específicas que, espe-ra-se, tenham uma influência significativana opinião pública e nas ações de governos,indústria e outros.”

Se o leitor ficou com uma impressão dedejà vu, não está equivocado. Portanto,preparemo-nos para os próximos capítulos.

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Uma grande parcela da presente histeria sobremudanças climáticas se deve ao generalizadodesconhecimento de ciências por uma gran-de maioria da população mundial. Nos EUA,um estudo recém-divulgado pela Universi-dade Estadual de Michigan demonstrou quemais de dois terços dos estadunidenses po-dem ser considerados cientificamente analfa-betos (20% deles acredita que o Sol gira emtorno da Terra). Tais níveis de ignorância,que incluem os fenômenos da natureza, têmfacilitado sobremaneira a disseminação doirracionalismo ambientalista entre os estratosescolarizados das sociedades, os quais, emúltima análise, atuam como caixas de resso-nância das idéias prevalecentes. Por isso, os“aquecimentistas” têm conseguido reduzir asdiscussões sobre a extremamente complexateia de fenômenos que envolve as mudançasclimáticas ao fator quase irrelevante dasemissões antropogênicas de carbono (querespondem, por exemplo, por menos de 5%do CO2 atmosférico).

Para facilitar um entendimento corretodos fatos, recorremos ao geólogo australianoRay Evans, membro do Grupo Lavoisier, umdos vários grupos de cientistas e leigos quetêm se dedicado a recolocar as discussõessobre as mudanças climáticas em termos

verdadeiramente científicos. Os tópicos des-critos a seguir foram extraídos do seu didáticotexto “Nove fatos sobre as mudanças climá-ticas”, cujo texto integral em inglês pode serencontrado no sítio do Grupo Lavoisier (www.lavoisier.com.au). A Fig. 3 integra o trabalhode Evans; a Fig. 4 foi incluída pelos autores.1. As mudanças climáticas são uma constante

na história geológica da Terra. As amostrasdo gelo perfurado na Antártica (sítioVostok) mostram cinco breves períodosinterglaciais ocorridos desde 415 mil anosatrás e o presente. As amostras do geloda Groenlândia revelam um PeríodoQuente Minoano (1450-1300 a.C.), umPeríodo Quente Romano (250-0 a.C.), oPeríodo Quente Medieval (800-1100), aPequena Idade do Gelo (1650-1850) e oPeríodo Quente do Século XX (1900-2010) (Fig. 3).

2. O dióxido de carbono (CO2) é necessáriopara toda a vida na Terra e o aumento dassuas concentrações na atmosfera é bené-fico para o crescimento vegetal, particu-larmente em condições áridas. Como acapacidade de o CO2 absorver e re-irra-diar as radiações infravermelhas na atmos-fera (ajudando a compor o efeito estufa)está praticamente saturada, o aumento das

O que é precisosaber sobremudanças climáticas

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concentrações do gás na atmosfera alémdos níveis atuais não terá qualquer efeitodiscernível nas temperaturas globais.

3. O século XX foi quase tão quente comoos séculos do Período Quente Medieval,uma era de grandes conquistas da civili-zação européia. O recente período quente1976-2000 parece ter chegado ao fim;astrofísicos que estudam o comporta-mento das manchas solares prognosticamque os próximos 25-50 anos poderão serum período frio semelhante ao Mínimode Dalton, ocorrido entre as décadas de1790 e 1820.

4. As evidências que vinculam as emis-sões de CO2 antropogênicas ao presenteaquecimento se limitam a uma correla-ção entre as concentrações de CO2 e as

temperaturas que só se verifica no perío-do 1976-2000. As tentativas de se elabo-rar uma teoria holística, pela qual o CO2

atmosférico controle o balanço de radia-ção da Terra e, portanto, determine astemperaturas médias globais, não forambem-sucedidas (Fig. 4).

5. Os “antropogenistas” afirmam que a es-magadora maioria de cientistas estão deacordo com a teoria de controle do climapelo CO2 antropogênico; que os fatos ci-entíficos estão consolidados e o debateestá encerrado; e que os cientistas céticosestão a soldo das indústrias de combus-tíveis fósseis e, portanto, os seus argu-mentos são fatalmente comprometidos.Tais afirmativas são expressões de dese-jo, e não da realidade.

F I G U R A 3

Ciclos climáticos nos últimos 415.000 anos, registrados no perfilde gelo do sítio Vostok

Fonte: Salamatin, A.N. et al., Journal of Geophysical Research, 1998, Vol. 103.

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6. Os “antropogenistas”, como o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, culpam asemissões antropogênicas de CO2 pelastemperaturas altas, secas, derretimentodas capas de gelo polar, aumento do níveldo mar, recuo de geleiras e declínio dapopulação de ursos polares. Eles tambémresponsabilizam o CO2 antropogênico pornevascas, neve fora de estação, tempera-turas enregelantes em geral e furacões, ci-clones e outros eventos meteorológicosextremos. Não há qualquer evidência quesustente tais afirmativas.

7. O aumento das concentrações de CO2

atmosférico terá um impacto desprezível nobalanço de radiações da Terra e, ao mes-mo tempo, proporcionará o crescimentoda vida vegetal em toda parte. Não hánecessidade de emprego de métodos de

seqüestro de CO2 ou de subsidiar a ener-gia nuclear ou outros métodos de produ-ção de energia não baseados em carbono.

8. As doenças “tropicais”, como a malária ea dengue, não são relacionadas às tempe-raturas, mas à pobreza, falta de sanea-mento básico e ausência de práticas decontrole de insetos transmissores.

9. Se fosse implementada, a descarbonizaçãoda economia mundial provocaria vastosproblemas econômicos. Qualquer governodemocrático que procurasse seriamentese comprometer com as metas de descar-bonização colocaria a sua continuidadeem risco. O fechamento de centrais gera-doras a carvão e a sua substituição porfontes de energia renováveis, como gera-dores eólicos e painéis solares, provocarádesemprego e privações econômicas.

Esta didática compilação, composta por Eduardo Ferreyra, da Fundação Argentina de Ecologia Científica (FAEC), a partir de artigosde C. R. Sootese e R. A. Bemer, mostra as variações naturais das temperaturas e concentrações de dióxido de carbono (CO2), aolongo dos últimos 550 milhões de anos. Observe-se que as duas curvas são relativamente independentes, o que descaracteriza asteorias alarmistas sobre o CO2 antropogênico.

F I G U R A 4

Fonte: FAEC (www.mitosyfraudes.org).

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Enquanto os “Resumos” do IPCC são emprega-dos para promover um apocalipse climático, a sercontido com restrições ao desenvolvimento e aconfiança nos mercados, cientistas comprome-tidos com a busca da verdade se empenham paraconhecer os fatores reais que influenciam o cli-ma, com uma perspectiva mais ampla do que olimitado e reducionista enfoque “carbonífero”.

Desde a década passada, tem evoluído rapi-damente o entendimento do papel exercido pelainteração entre os raios cósmicos e o campomagnético do Sol, no que já pode ser conside-rado uma nova disciplina científica, a cosmo-climatologia. O impulso fundamental veio daspesquisas de Eigil Friis-Christensen e KnudLassen, do Instituto Meteorológico Dinamarquês,que, em 1991, conseguiram uma correlaçãoquase perfeita entre a evolução das temperaturasno Hemisfério Norte desde 1860 e a extensãodos ciclos de manchas solares. Pesquisas poste-riores revelaram que o mecanismo de interferên-cia é a penetração dos raios cósmicos na atmos-fera terrestre, que ionizam as moléculas de ar eajudam a formar os núcleos de condensaçãoformadores das nuvens. Como se sabe, a cober-tura de nuvens (geralmente, mal representadanos modelos climáticos) exerce um fator fun-damental no balanço energético da atmosferae, portanto, sobre as temperaturas.

A intensidade dos fluxos de raios cósmicosé afetada pelo campo magnético do Sol (quantomais forte, menos raios chegam à atmosfera) epela migração do Sistema Solar através de áreasda Via Láctea com diferentes concentrações depoeira cósmica e atividades estelares.

A prova experimental foi proporcionadapelo Dr. Henrik Svensmark, do Centro EspacialNacional dinamarquês. Ele e sua equipe simu-laram a atmosfera terrestre em uma câmaraplástica e o Sol com raios ultravioleta, obser-vando enquanto a interação com os raios cós-micos produzia de imediato núcleos estáveis deágua e ácido sulfúrico, os elementos constituin-tes dos núcleos de condensação das nuvens (por

ironia, o primeiro artigo de Svensmark comuni-cando o feito foi publicado em outubro de 2006,nos Proceedings da mesma Real Sociedade queestá apoiando a escalada “aquecimentista”).

Para divulgar os avanços da cosmoclimato-logia, Svensmark se associou ao célebredivulgador científico sir Nigel Calder, para es-crever o livro The Chilling Stars: A NewTheory of Climate Change (As estrelas queesfriam: uma nova teoria das mudanças climá-ticas), que acaba de ser publicado pela editoralondrina Icon Books (esperemos que em brevesaia uma edição brasileira).

Como os estudos apontam que a atividadesolar deverá atingir um mínimo no próximo ci-clo, em meados da década de 2020, Svensmarke outros cientistas prevêem um resfriamento at-mosférico nas próximas décadas. O Dr.Habibullo Abudssamatov, diretor do Labora-tório de Pesquisas Espaciais do Observatório dePulkovo (Rússia), afirma que as temperaturascomeçarão a cair já em 2012-15 e atingirão ummínimo em meados do século, em uma quedacomparável à Pequena Idade do Gelo, quandoas temperaturas caíram 1-2oC.

Finalizamos com as palavras dos geólogosLeonid Khilyuk e George Chilingar, da Uni-versidade do Sul da Califórnia, em um con-tundente artigo publicado em 2006 na revistaEnvironmental Geology: “Quaisquer tentativasde mitigar mudanças climáticas indesejáveisusando regulamentações restritivas estão con-denadas ao fracasso, porque as forças naturaisglobais são pelo menos 4-5 ordens de magni-tude maiores que os controles humanos dis-poníveis... Assim, as tentativas de alterar asmudanças climáticas globais que estão ocor-rendo – e as drásticas medidas prescritas peloProtocolo de Kyoto – têm que ser abandonadas,por insignificantes e danosas. Em vez disto, aobrigação moral e profissional de todos os cien-tistas e políticos responsáveis é minimizar amiséria humana potencial resultante das mu-danças globais a caminho.”

Redimindo a ciência

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N Ã O D E I X E D E L E RMáfia Verde 2 – ambientalismo, novo colonialismo

Continuação do best-seller que vendeu mais de 17.000 exemplaresNome End. Cidade UF CEP Tel.: E-mail Opção de pagamento:[ ] Cheque nominal de R$ 43,00 à Capax Dei Editora Ltda.[ ] Assinatura anual do jornal Solidariedade Ibero-americana – R$ 100,00[ ] Depósito bancário no Banco do Brasil, ag. 0392-1, c.c. 20.735-7

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O chamado Caso Lysenko, que obstaculizouo progresso da biologia e da agricultura naantiga URSS por quase meio século, é umdos mais dramáticos exemplos do que a combina-ção de uma ideologia estreita com o autorita-rismo, o oportunismo e as ambições de indiví-duos limitados pode acarretar para a ciência,em particular, e a sociedade, em geral.

Trofim Denissovitch Lysenko (1898-1976) era um agrônomo ucraniano cientifica-mente medíocre, mas um grande oportunistapolítico, que soube aproveitar a consolidaçãode Stálin no poder soviético, no final da dé-cada de 1920, para assumir em pouco tempoum literal poder de vida ou morte sobre a po-lítica científica do regime, principalmenteentre as ciências biológicas. Entre os seus al-vos prioritários, estavam os pesquisadores dagenética, considerada pelos ideólogos mar-xistas do regime uma teoria “capitalista, bur-guesa e idealista”, que não se encaixava noideário do materialismo dialético. Com o be-neplácito da cúpula do regime, os pesquisa-dores da genética eram acusados de reacio-nários e contrarrevolucionários e os que se

atreviam a se opor a Lysenko e seus acólitospassaram a ser perseguidos, demitidos, pro-cessados e, com freqüência, encarcerados ouexecutados. Sua vítima mais famosa foi ogeneticista vegetal Nikolai Vavilov, um cien-tista de renome internacional, que morreu desubnutrição na prisão, em 1943.

Surpreendentemente, a influência nefastade Lysenko prosseguiu após a morte de Stálin,em 1953, e apenas começou a ser erradicadacom a queda de Nikita Kruvschov, em 1964.O “lysenkoísmo” teve resultados catastrófi-cos, pois a ciência e a agricultura soviéticasficaram afastadas da revolução agrícola mun-dial ocorrida a partir da década de 1950, achamada “Revolução Verde”, em grande me-dida baseada na introdução de cultivares ge-neticamente selecionados. Ainda hoje, a ci-ência na Rússia e nos antigos integrantes dobloco soviético se ressente dos efeitos dessaonda de obscurantismo e intolerância.

Os paralelos entre o “lysenkoísmo” e ahisteria “aquecimentista” não devem ser per-didos de vista, pois a História não costumaperdoar a desatenção com as suas lições.

O Caso Lysenko: quando aideologia destrói a ciência