a fotografia na pesquisa científica: aspectos legais, normativos e artísticos

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Eduardo Graziosi Silva [email protected]

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Eduardo Graziosi Silva

[email protected]

Aspectos legais

• Constituição Federal

• Lei 9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais)

Aspectos normativos

• ABNT NBR 6023

• ABNT NBR 10520

Aspectos artísticos

• Breve panorama histórico da fotografia

• Técnicas fotográficas usadas nas ciências

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção dequalquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aosestrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito àvida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e aimagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelodano material ou moral decorrente de sua violação;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:a) a proteção às participações individuais em obras coletivas eà reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nasatividades desportivas; ”

“Art. 7º São obras intelectuais protegidas

as criações do espírito, expressas por

qualquer meio ou fixadas em qualquer

suporte, tangível ou intangível, conhecido

ou que se invente no futuro, tais como:

VII - as obras fotográficas e as produzidas

por qualquer processo análogo ao da

fotografia;”

“Art. 24. São direitos morais do autor:

VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da

obra, quando se encontre legitimamente em

poder de outrem, para o fim de, por meio de

processo fotográfico ou assemelhado, ou

audiovisual, preservar sua memória, de forma

que cause o menor inconveniente possível a seu

detentor, que, em todo caso, será indenizado de

qualquer dano ou prejuízo que lhe seja

causado.”

“Art. 44. O prazo de proteção aos direitos

patrimoniais sobre obras audiovisuais e

fotográficas será de setenta anos, a

contar de 1° de janeiro do ano

subseqüente ao de sua divulgação.”

“Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos

autorais:

I - a reprodução:

c) de retratos, ou de outra forma de

representação da imagem, feitos sob

encomenda, quando realizada pelo

proprietário do objeto encomendado, não

havendo a oposição da pessoa neles

representada ou de seus herdeiros;”

“Art. 48. As obras situadaspermanentemente em logradourospúblicos podem ser representadaslivremente, por meio de pinturas,desenhos, fotografias e procedimentosaudiovisuais.”

“Art. 79. O autor de obra fotográfica tem direito areproduzi-la e colocá-la à venda, observadas asrestrições à exposição, reprodução e venda deretratos, e sem prejuízo dos direitos de autorsobre a obra fotografada, se de artes plásticasprotegidas.

§ 1º A fotografia, quando utilizada por terceiros,indicará de forma legível o nome do seu autor.

§ 2º É vedada a reprodução de obra fotográficaque não esteja em absoluta consonância com ooriginal, salvo prévia autorização do autor.”

“Art. 90. Tem o artista intérprete ou

executante o direito exclusivo de, a título

oneroso ou gratuito, autorizar ou proibir:

[...]

§ 2º A proteção aos artistas intérpretes ou

executantes estende-se à reprodução da

voz e imagem, quando associadas às suas

atuações.”

Consulta sobre o uso de imagem para a

realização de filmes e fotografias em áreas

internas e externas de edifícios da

Universidade de São Paulo. Quais seriam

os procedimentos legais? O que deve ser

analisado?

Em quais situações a administração

poderia permitir que particulares

retratassem por processos audiovisuais as

dependências das repartições públicas, o

interior de seus edifícios ou de edifícios

que não se localizam em logradouros

públicos?

Segundo Código de Ética da USP, osartigos 29 a 31 que tratam do uso daimagem da instituição, existem trêshipóteses:

• para fins culturais e didáticos

• para fins puramente comerciais

• finalidade cultural, porém comcaráter comercial subjacente

Consulta sobre os direitos autorais do

acervo de projetos originais de arquitetura

quanto ao termo de responsabilidade de

uso de imagens e solicitação de análise da

minuta utilizada para autorização.

“[...] a Unidade deverá obter dos titulares

dos direitos morais (autores ou herdeiros)

a devida autorização para ceder imagens e

fotos para terceiros (a totalidade dos

arquivos). Caso não consiga as

autorizações, só poderá ceder parte dos

arquivos.”

“6. Não entram na regra acima os acervos

que já se encontram em domínio público.”

Termo de Responsabilidade de Uso dasImagens do Serviço de Biblioteca eInformação da FAU-USP:

• responsabilidade administrativa, civile penal em caso de cópia indevida

• se o uso for comercial, a empresa seráa responsável pelo pagamento deeventuais direitos autorais

• citação e crédito à FAU-USP

Direitos autorais para uso de fotos e

imagens. A docente solicita autorização

para divulgar fotos em obra literária a ser

publicada e a orientação acerca das

normas aplicáveis na Universidade, sujeita

à manifestação da Comissão de

Orçamento e Patrimônio.

A USP tem normas próprias sobre

questões de direitos autorais, em seus

diferentes matizes (filmes, CD Rom,

livros, fotos, desenhos, ilustrações, etc.),

a exemplo do adotado para inventos?

Em caso negativo, como proceder em

relação ao termo de consentimento

solicitado pela Editora?

“[...] não temos no âmbito universitário

normas específicas a respeito de direitos

autorais, fazendo com que, por analogia, se

aplique a Resolução nº 3.428, de 12.05.88

(que dispõe sobre patentes de invenção

resultante de pesquisas realizadas na

Universidade de São Paulo e sobre a

participação do inventor em direitos e

obrigações nessas patentes) [...]”

Artigo 3º - Qualquer que seja o vínculo

do docente com a Universidade e seu

regime de trabalho, será assegurada a

divisão em partes iguais, entre a

Universidade e o inventor, dos proventos

de qualquer natureza que advenham da

utilização ou da cessão da patente.

Eu, ___________________________________________________, abaixoassinado (a), autorizo o ___________________________________________,sediada na cidade de ___________, Av._______________________, inscrita noCPF sob o nº________________________, a utilizar minhas imagens em seutrabalho acadêmico (TCC, Dissertação, Doutorado, e outros).

Autorizo que minhas imagens sejam utilizadas conforme a vontade dos autores deste trabalho - desde que não denigram a minha - por tempo indeterminado.

Declaro estar ciente do conteúdo da imagem, e de que não possuo qualquer direito autoral sobre o mesmo.

Atesto serem verdadeiras todas as informações fornecidas nesta Autorização.

________________, ____ de ________________ de 2013.

____________________________________

RG: CPF:

REFERÊNCIAS

Documento iconográfico

É todo material utilizado para ilustrar o seutrabalho, pintura, gravura, ilustração, fotografia,desenho técnico, diapositivo, diafilme, materialesteográfico, transparência, cartaz entre outros,que devem ser citados e referenciadosdevidamente.

Autor

Título (quando não existir, deve-se

atribuir uma denominação ou a indicação

Sem (sic) título, entre colchetes)

Data

Especificação do suporte

KOBAYASHI, K. Doença dos xavantes. 1980. 1

fotografia, color., 16 cm X 58 cm.

RIBEIRO, C.A. [Sem (sic) título]. 2003. 1

fotografia p&b, 15 cm X 25 cm.

FRAINPONT, E. Amilcar II. O Estado de S. Paulo, São

Paulo, 30 nov. 1998. Caderno 2, Visuais. p. D2. 1 fotografia,

p&b. Foto apresentada no Projeto ABRA/Coca-cola.

Em alguns casos, quando necessário, acrescentam-

se elementos complementares à referência para

melhor identificar o documento.

Exemplo

MATTOS, M.M. Vitória das matas. 2012. 1

fotografia, color., 16 cm X 38 cm. Coleção particular.

As referências devem obedecer aos padrões,

acrescidas das informações relativas à

descrição física do meio eletrônico

(disquetes, CD-ROM,online etc.).

Exemplo

ESTAÇÃO da Cia. Paulista com locomotiva elétrica e linhas de

bitola larga. 1 fotografia, p&b. In: LOPES, Eduardo Luiz Veiga.

Memória fotográfica de Araraquara. Araraquara: Prefeitura

do Município de Araraquara, 1999. 1 CD-ROM.

Quando se tratar de obras consultadas online, asreferências devem obedecer aos padrões,acrescidas das informações relativas ao endereçoeletrônico.

Exemplo

STOCKDALE, R. When’s recess? [2002?]. 1 fotografia, color. Disponível em: <http://www.webshots.com/g/d2002/1-nw/20255.html>. Acesso em: 13 Jan. 2001.

CITAÇÃO

É a menção de informações extraídas de

outras fontes, utilizadas com o objetivo de

comentar ou ilustrar o texto. Seguem a

mesma entrada das referências e podem

aparecer no texto ou em notas de rodapé.

Foto 10 – Propaganda de

catálogo, venda de elementos

construtivos como a

“balaustrada”

Fonte: Amaral (1994, não

paginado)

No texto:

AMARAL, A. Arquitetura neocolonial:

América Latina, Caribe, Estados Unidos.

São Paulo: Memorial Fondo de Cultura

Econômica, 1994.

Nas referências:

Exemplo

No texto: Nas referências:

Exemplo

Foto 11 – Trio embalo

maluco

Fonte: Pape (1983)

PAPE, L. Lygia Pape. Fotografia de Ana

Vitória Mussi, Beto Felício, Lygia Pape e

Maurício Cirne. Apresentação de Mario

Pedrosa e poemas de Luiz Otávio

Pimentel. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1983.

(Coleção Arte Brasileira

Contemporânea).

Século XIXPictorialismo (1880-1920):

Fotografia como obra de arte, como uma pintura ou um desenho;

“[...] surgiu como um movimento elitista entre fotógrafos quequeriam marcar distâncias com uma prática fotográfica convencionaltanto entre profissionais como entre os novos e numerososaficionados que tinham sido lançados para tirar fotografias com asnovas câmeras.” (GARCÍA FELGUERA, 2011, p. 239-240, traduçãonossa)

Fotografia (parcialidade e produção rápida) x pintura (totalidadee produção “lenta”) (ROUILLÉ, 2009)

Primeiras ciências a utilizarem aparelhos fotográficos:Astronomia e Medicina (ROUILLÉ, 2009)

Fonte: García Felguera

(2011)

Início do século XX

Dadaísmo: fotomontagem (montagem de negativos)

fotocolagem (“[…] composição de imagens

fotográficas recortadas e coladas conjuntamente, sejam essas

obras alheias ou realizadas previamente pelo próprio autor.”)

(SOUGEZ; PÉREZ GALLARDO, 2011, p. 310-311, tradução nossa)

A partir de meados do século XX

Arte americana (Expressionismo Abstrato, Pop Art, Hiper-

realismo)

Novo Realismo

Nova Figuração

Arte cotidiana ou do irrisório

O trabalho de Margareth Mead e GregoryBateson (1942) deu início a Antropologia Visual.

“Surgiu, então, uma nova utilização da imagemfotográfica, para além da mera ilustração doambiente e dos sujeitos envolvidos na pesquisade campo, levando em consideração a potênciafotográfica para a reflexão e também comoinstrumento fundamental nas investigações, poisconsidera o olhar fotográfico um ato criativo euma possibilidade de surpresa.” (MAURENTE;TITTONI, 2007, p. 33-34)

TÉCNICAS FOTOGRÁFICAS

Antropologia

“O uso das imagens pode informar dadosetnográficos com a mesma propriedade quetextos escritos para alguns pesquisadores dasCiências Sociais, como também podedesvendar o processo de comunicação deidéias, que é o que forma a base do encontroetnográfico. A fotografia é um processo deabstração legítimo da observação, poistransforma dados comuns emcircunstâncias para a elaboração daanálise na pesquisa.” (ALMEIDA, 2007, p. 83,grifo nosso)

Neste contexto, a fotografia permite obtermais informações sobre um paciente,contribuindo para o estabelecimento de umdiagnóstico preciso, bem como permiteavaliar seu progresso.

Porém, só é possível acessar os dados dasfotografias disponíveis, que geralmente sãotiradas por terceiros. Além disso, aperspectiva de tempo nem sempre éobservada. Juntos, esses fatores dificultam aorganização dos dados.

Método autofotográfico: fotografias tiradas pelos

participantes que retratam um lugar específico ou o

próprio autor.

Vantagens:

Superação de problemas de comunicação verbal.

Desvantagens:

“[...] disponibilidade de pessoas, cenas ou objetos

apropriados para representar os diferentes

conceitos e o número reduzido de participantes.”

(NEIVA-SILVA; KOLLER, 2002, p. 246)

Século XIX

Reprodução de edifícios, com foco na paisagem

e local onde estavam inseridos.

Século XX

“[...] uma mudança de sensibilidade e

intenções, novas pesquisas e explorações

visuais, farão das formas arquitetônicas

pretextos para aproximações que não visem,

necessariamente, ao edifício em si.”

(CARVALHO;WOLFF, 2008, p. 144)

“Junto com a arquitetura, a presença de

pessoas, objetos, carros, animais, anúncios

e, principalmente, o recorte da cena

enfocada na fotografia, escondem e trazem

consigo, simultaneamente, a postura do

fotógrafo diante do quadro, sua ideação do

que comunicar, do que fazer ver.”

(CARVALHO;WOLFF, 2008, p. 151)

Fonte: Rouillé (2011, p. 150) Fonte: Rouillé (2011, p. 156)

Fonte: Rouillé (2011, p. 162) Fonte: Rouillé (2011, p. 170)

ALMEIDA, Simone Barreto de. O uso da fotografia na pesquisa. Diálogos possíveis, jul./dez. 2007, p. 83-95. Disponível em: <http://cidadaoemacao.fsba.edu.br/dialogospossiveis/artigos/11/07.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2013.CARVALHO, Maria Cristina Wolff de; WOLFF, Silvia Ferreira Santos. Arquitetura e fotografia no século XIX. In: FABRIS, Annateresa (Org.). Fotografia: usos e funções no século XIX. São Paulo: Edusp, 2008. p. 131-172.GARCÍA FELGUERA, M ª de Los Santos. Arte y fotografía (I). El siglo XIX. In: SOUGEZ, Marie-Loup. (Coord.). Historia general de la fotografía. Madrid: Cátedra, 2011. p. 215-264.MAURENTE, Vanessa; TITTONI, Jaqueline. Imagens como estratégia metodológica em pesquisa: a fotocomposição e outros caminhos possíveis. Psicologia & Sociedade, v. 19, n. 3, p. 33-38, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/psoc/v19n3/a06v19n3.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2013.NEIVA-SILVA, Lucas; KOLLER, Sílvia Helena. O uso da fotografia na pesquisa em Psicologia. Estudos de Psicologia, v. 7, n. 2, 2002, p. 237-250. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/epsic/v7n2/a05v07n2.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2013.ROUILLÉ, André. Funções do documento. In: ________. A fotografia: entre documento e arte contemporânea. Tradução Constancia Egrejas. São Paulo: Senac, 2009. p. 97-134.SOUGEZ, Marie-Loup; PÉREZ GALLARDO, Helena. Arte y fotografía (II). In: SOUGEZ, Marie-Loup. (Coord.). Historia general de la fotografía. Madrid: Cátedra, 2011. p. 299-366.

Obrigado!

Eduardo Graziosi Silva

[email protected]

Eduardo Graziosi Silva

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