a fortaleza de santa cruz de anhatomirim

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A Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim Curso de Capacitação de Condutores Culturais e Ambientais para a APA de Anhatomirim Florianópolis/SC 04 de dezembro de 2018 SALVADOR GOMES e ROBERTO TONERA Coordenadoria das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina - SeCArte/UFSC

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A Fortaleza de Santa Cruz de AnhatomirimCurso de Capacitação de Condutores Culturais e Ambientais para a

APA de Anhatomirim Florianópolis/SC – 04 de dezembro de 2018

SALVADOR GOMES e ROBERTO TONERA Coordenadoria das Fortalezas

da Ilha de Santa Catarina - SeCArte/UFSC

• Data de início da construção: 1739• Conclusão da obra: entre 1747 (Quartel da Tropa) e 1760 (1º levantamento)• 57 Canhões (38 de ferro e 19 de bronze) - Levantamento de 1786/1789• Controle/Registro do porto do Desterro: ao longo do século XVIII e XIX• Posto de Observação e Quarentena (epidemias): segunda metade do século XIX• Construção do primeiro Farolete: 1861. O segundo foi erguido em 1873• Início da construção do edifício principal do Novo Paiol da Pólvora: 1863• Uso como hospital de convalescença (Guerra do Paraguai): 1865 - 1870• Execuções na Revolução Federalista e Revolta da Armada: 1894• Demolição da Capela, construção da Nova Casa do Comandante e do muro corte-fogo do Novo Paiol da Pólvora: aproximadamente 1895 • A propriedade da ilha e fortaleza passa para a Marinha do Brasil (1907)

• Construção da Estação Radiotelegráfica: 1914• Construção da Usina de Eletricidade: 1917 (Primeira Guerra Mundial)• Data do tombamento como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional pelo IPHAN: 1938• Única fortaleza ativa na Segunda Guerra Mundial: 1939 a 1945• Período de abandono: cerca de 1955 até 1979• Primeiros trabalhos de recuperação (IPHAN): década de 1970• Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) assume a gestão: 1979• Primeira etapa da restauração: fim da década de 1970 até 1984• Abertura da fortaleza à visitação pública: 1984• Segunda etapa da restauração: 1989 – 1990• Apa de Anhatomirim (ICMBio): instituída em1992• A partir de 2015 a Fortaleza de Anhatomirim (juntamente com a Fortaleza de Ratones) passa a integrar a lista tentativa de um conjunto de 19 fortificações brasileiras candidatas a Patrimônio Mundial pela UNESCO

Data de início da construção: 1739

Proprietário: Marinha do Brasil (1907)

Data do tombamento (proteção federal pelo IPHAN): 1938

Ocupação efetiva pela Marinha: até cerca de 1955

Mantenedor: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – desde 1979

Abertura à visitação pública: 1984

Apa de Anhatomirim - ICMBio (Governador Celso Ramos): 1992

A Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim possui edifícios construídos nos séculos 18, 19 e 20:

Construções do século XVIII: Armazém da Praia, Portada, Casa do Comandante, Paiol da Pólvora, Quartel da Tropa, Cozinha da Tropa, Fonte D’Água.

Construções do século XIX: Novo Paiol da Pólvora, Nova Casa do Comandante, Farolete.

Construções do século XX: Estação Radiotelegráfica e Usina de Eletricidade.

Fortaleza de Santa Cruz de AnhatomirimBem vindo à Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, a principal construção do sistema defensivo projetado a partir de 1739 pelo engenheiro militar português José da Silva Paes. Junto com as fortalezas de Ponta Grossa, Ratones e Araçatuba, ela defendia a Ilha de Santa Catarina contra as nações inimigas, em especial, a Espanha. Tombada como Patrimônio Histórico Nacional em 1938, permaneceu vários anos em ruínas até ser restaurada entre as décadas de 1970 e 1990. De propriedade da Marinha do Brasil, passou à gestão da Universidade Federal de Santa Catarina em 1979, sendo aberta à visitação pública em 1984.

Armazém da Praia

Localizado junto ao porto da fortaleza, o Armazém da Praia era utilizado para guarda de material utilizado pelas pequenas embarcações de transporte que prestavam serviço à fortaleza. A denominação Armazém da Praia aparece em um levantamento de 1801, porém, ao longo de sua história foi utilizado também com outras funções, como quartel dos índios (1760), guarda da alfândega (1878), depósito de pólvora e moradia de oficiais (século XX). Sua restauração ocorreu em 1990 e desde então vem sendo utilizado como lanchonete de apoio à visitação da fortaleza.

Portada

A Portada é a entrada oficial da Fortaleza de Anhatomirim. Seu desenho, com linhas de influência oriental, é único na arquitetura das fortificações brasileiras. Além do pórtico, o conjunto da Portada é formado por muralhas laterais curvas e por uma escadaria de pedra lióz, calcário branco da região de Lisboa, também conhecido como “mármore português”, que vinha para o Brasil como contrapeso no porão dos navios. O acesso ao interior das muralhas é feito através de um túnel com teto abobadado, ao final do qual duas rampas laterais dão acesso à parte superior da Portada e à guarita central de vigia.

Paiol da Pólvora

No piso inferior do Paiol da Pólvora, protegido por um teto de abóbada de tijolos “à prova de bombas”, guardavam-se os barris de pólvora. Sua localização elevada no terreno tornava esse edifício inatingível pelos canhões dos navios da época que disparavam ao nível do mar. A evolução dos armamentos levou à construção no século XIX de um Novo Paiol para substituí-lo. As pequenas aberturas nas paredes, chamadas de seteiras, permitiam a ventilação indireta do ambiente e impediam a entrada de qualquer material inflamável. As grades na janela são do período em que a construção funcionou como prisão.

Casa do Comandante

Na parte superior desta construção morava o comandante da fortaleza, enquanto o andar térreo era ocupado como residência de alguns oficiais, calabouço e pelo Corpo da Guarda da fortificação. Em 1739, foi sede do governo da recém criada Capitania Subalterna da Ilha de Santa Catarina e residência do primeiro governador e comandante da fortaleza, o Brigadeiro José da Silva Paes, idealizador do sistema defensivo da Ilha de Santa Catarina. A partir do final do século XIX, com a construção da Nova Casa do Comandante, passou a funcionar como um quartel para os soldados.

Quartel da Tropa

O Quartel da Tropa, com seus imponentes arcos de tijolos, é o edifício de maior qualidade arquitetônica das fortalezas, representando o auge das construções projetadas por Silva Paes. O andar superior era todo compartimentado, formando uma seqüência de quartos onde dormiam os soldados da fortaleza. Em ambas as extremidades deste pavimento, funcionavam os refeitórios dos oficiais, ambiente que dispunha de cozinha com fogão, sala e despensa próprios. No andar inferior ficavam os calabouços e os alpendres, área coberta utilizada para recolher e abrigar das intempéries os canhões e as suas carretas.

Cozinha da Tropa

Assim como os alojamentos e as latrinas, as cozinhas das fortificações também eram diferenciadas em função da hierarquia militar, existindo uma cozinha exclusiva para o comandante da fortaleza, cozinhas próprias para os oficiais e a cozinha dedicada aos soldados da tropa. Este edifício da Cozinha da Tropa era a maior e principal das cozinhas da Fortaleza de Anhatomirim e ficava localizada próxima ao Quartel da Tropa e a Casa da Farinha, como era tradicional nas fortificações.

Casa da Farinha

A Casa da Farinha era utilizada como depósito de mantimentos e foi assim denominada por ser a farinha de mandioca o principal alimento das tropas no século XVIII, chamada de "munição de boca". Como era tradicional nas fortificações, ficava localizada próxima ao Quartel da Tropa e à principal cozinha da fortaleza, recebendo em Anhatomirim um edifício exclusivo para essa função. A base da construção, elevada e isolada da umidade do terreno, a posição desalinhada para receber mais horas de sol e ainda o grande número de aberturas de ventilação, favoreciam a conservação dos alimentos ali estocados.

Fonte de Água

Dispor de uma fonte de água potável próxima e segura era essencial no cotidiano de uma fortificação, em especial em situações de isolamento ou combate. Por isso, todas as fortalezas possuíam uma espécie de cisterna própria, abastecida por uma nascente natural, que era ampliada e protegida por uma construção de pedra com teto abobadado. O ponto em que o olho d'água brotava espontaneamente no terreno é que determinava a localização da fonte, podendo situar-se inclusive fora das muralhas da fortificação, como ocorre em Anhatomirim e também nas fortalezas de Ratones, Ponta Grossa e Araçatuba.

Nova Casa do Comandante

Erguida por volta de 1895, a Nova Casa do Comandante está edificada no local onde existiu até aquela época a Capela de Santa Cruz, construção original da fortaleza que já se encontrava arruinada há alguns anos e foi demolida após o advento da República. Esta nova casa, de estilo eclético, abrigava inicialmente duas residências geminadas, separadas por uma parede central comum, onde moravam o comandante e os oficiais mais graduados da fortificação. A cor ocre da construção era comum nos edifícios oficiais do final do século XIX e se contrapõe ao branco característico da arquitetura do século XVIII.

Novo Paiol da Pólvora

Com a função de substituir o antigo paiol do século XVIII, considerado demasiadamente exposto e vulnerável, o Novo Paiol da Pólvora foi erguido em local mais protegido, não visível do mar aberto. O edifício principal, onde era acondicionada a pólvora, teve sua construção iniciada em 1863, sendo posteriormente cercado por um muro externo de proteção, dito “corta-fogo”, formando assim um corredor a céu aberto entre as duas construções. Ornamentando a entrada existente no muro, destaca-se uma portada de pedra lióz, reaproveitada de uma das portas da antiga Capela, demolida no final do século XIX.

Estação Radiotelegráfica

A Estação Radiotelegráfica funcionava como um posto de radiocomunicação, o telégrafo sem fio, abrigando também a moradia do telegrafista. De estilo eclético, com platibanda, colunas clássicas e alpendres protegendo as portas de entrada, foi construída pela Marinha do Brasil, entre 1914 e 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. Representou um momento de modernização das instalações militares da Fortaleza de Anhatomirim, buscando adaptá-la às novas necessidades do século XX. Está situada na antiga Bateria Alta de canhões, local onde no século XVIII existiu um outro quartel para soldados.

Usina de Eletricidade

A Usina de Eletricidade era uma espécie de casa de força que fornecia energia elétrica para iluminação, instalações e equipamentos da Estação Radiotelegráfica e dos demais edifícios da fortaleza. A eletricidade era produzida por um gerador de energia acionado por dois motores movidos a óleo diesel. O edifício foi construído pela Marinha do Brasil em 1917, visando modernizar as instalações militares da Fortaleza de Anhatomirim à época da Primeira Guerra Mundial. Nas fachadas frontal e lateral aparecem gravadas em relevo tanto a função original do edifício quanto a data de sua construção.

Lembre também de informar ao visitante:• As fortalezas nem sempre estiveram preservadas e quase desapareceram abandonadas e arruinadas• A preservação das fortalezas é responsabilidade de toda a sociedade brasileira• Indique ao visitante para também conhecer as outras duas fortalezas do triângulo defensivo, administradas pela UFSC: Ratones e Ponta Grossa• O Dia de Gratuidade ocorre todo primeiro domingo de março a novembro• Número total de visitantes em 2017 foi de 182.830 pessoas• As fortalezas de Anhatomirim e Ratones são Patrimônio Histórico Nacional e candidatas a Patrimônio Mundial pela UNESCO

www.fortalezas.ufsc.br (website da Coordenadoria das Fortalezas)

Passeios virtuais disponíveis na página www.fortalezas.ufsc.br

Folheteria da UFSC e placas de comunicação visual junto aos edifícios

Aplicativo para celular da Smart Tour

Website do curso 2016 (www.cursoapadeanhatomirim2016.ufsc.br)

www.fortalezas.org (Banco de Dados Internacional Sobre Fortificações)

Livro “As defesas da Ilha de Santa Catarina e do Rio Grande de São Pedro em 1786”

Coordenadoria das Fortalezasda Ilha de Santa Catarina SeCArte/UFSC

www.fortalezas.ufsc.brTelefone: (48) 3721-8302

[email protected]