a fissura e as internações compulsórias

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A fissura e as internações compulsórias É conhecido o problema do crack nas grandes cidades, onde o cenário é mais escandaloso. Mas é preciso muita presunção e inocência para pensar que se trata de algo restrito ou limitado aos grande centros ou sequer a certas regiões ou cidades. Longe de querer fazer patrulha moral ou especulação epidemiológica, meu intuito aqui é a refletir sobre a tomada de partido no que vem se apresentando como uma resposta rápida ao problema, especialmente no Rio de Janeiro, onde a política de internações compulsórias se tornou uma realidade solapante para as populações marginais do centro da cidade. Com grande experiência em saúde mental e coletiva Antonio Lancetti fala de uma “fissura ao contrário”, que corresponde ao afã de rapidamente (e isto é imprescindível) abafar o problema da drogadição. Esta fissura ao contrário é o nome dado à contra-reação imediata das internações compulsórias. No documentário Quebrando Tabus, Fernando Grostein Andrade põe por terra a falsa eficácia da guerra anti- drogas. Entre outros, participam do documentário Clinton, Bush Jr., Drauzio Varella, Paulo Coelho e Fernando Henrique Cardoso, que faz uma corajosa e bem-aventurada auto-crítica de seu governo, objetando ainda que “vvier em um mundo sem drogas é utópico, isso nunca existiu, mas nos podemos reduzir os danos”. A afirmaçao de FHC é muito pontual, pois as drogas são uma resposta que as sociedades dão às questões vivenciadas pelas pessoas de uma época; apenas mais um jeito de lidar com o que lhes é posto na existência. Por exemplo, na cidade do Rio de Janeiro em fins do século XIX, pouquíssimas pessoas iam aos raros médicos disponíveis na cidade, se limitando a alguns poucos exemplares da mais puríssima gran-finesse carioca, sendo que mesmo estes nao dispensavam o que era o recurso mais comum de cura, as barraquinhas e os ambulantes vendedores de ervas e poçoes medicinais. Isto mesmo, buscava-se alívio e cura nas carrocinhas e aglomerados que continham todo tipo de combinaçao para os

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Page 1: A Fissura e as Internações Compulsórias

A fissura e as internações compulsórias

É conhecido o problema do crack nas grandes cidades, onde o cenário é mais escandaloso. Mas é preciso muita presunção e inocência para pensar que se trata de algo restrito ou limitado aos grande centros ou sequer a certas regiões ou cidades.

Longe de querer fazer patrulha moral ou especulação epidemiológica, meu intuito aqui é a refletir sobre a tomada de partido no que vem se apresentando como uma resposta rápida ao problema, especialmente no Rio de Janeiro, onde a política de internações compulsórias se tornou uma realidade solapante para as populações marginais do centro da cidade.

Com grande experiência em saúde mental e coletiva Antonio Lancetti fala de uma “fissura ao contrário”, que corresponde ao afã de rapidamente (e isto é imprescindível) abafar o problema da drogadição. Esta fissura ao contrário é o nome dado à contra-reação imediata das internações compulsórias.

No documentário Quebrando Tabus, Fernando Grostein Andrade põe por terra a falsa eficácia da guerra anti-drogas. Entre outros, participam do documentário Clinton, Bush Jr., Drauzio Varella, Paulo Coelho e Fernando Henrique Cardoso, que faz uma corajosa e bem-aventurada auto-crítica de seu governo, objetando ainda que “vvier em um mundo sem drogas é utópico, isso nunca existiu, mas nos podemos reduzir os danos”.

A afirmaçao de FHC é muito pontual, pois as drogas são uma resposta que as sociedades dão às questões vivenciadas pelas pessoas de uma época; apenas mais um jeito de lidar com o que lhes é posto na existência. Por exemplo, na cidade do Rio de Janeiro em fins do século XIX, pouquíssimas pessoas iam aos raros médicos disponíveis na cidade, se limitando a alguns poucos exemplares da mais puríssima gran-finesse carioca, sendo que mesmo estes nao dispensavam o que era o recurso mais comum de cura, as barraquinhas e os ambulantes vendedores de ervas e poçoes medicinais.

Isto mesmo, buscava-se alívio e cura nas carrocinhas e aglomerados que continham todo tipo de combinaçao para os mais diversos males e que todos iam atrás – dos moradores dos entao recém-ocupados morros aos filhos da burguesia criados pelas maos cuidadosas das nao menos recentes senhoras domésticas, com os punhos e costas ainda marcados pelos grilhoes e castigos impostos sob ordem de um terrível anacronismo tupiniquim – fomos das últimas naçoes à abolir a escravidao.

Logo, o ponto-chave para nossa reflexão, se tomamos como tema a cidadania e nao a patrulha moral, não deve se restringir ao uso ou não-uso de drogas, muito menos à efetividade da punição àqueles que desobedecem uma ética de abstenção - ninguém gosta que coloquem o dedo na sua cerveja, no seu cafezinho ou na sua pedrinha -, mas a reflexão que temos que ter coragem de fazer é: quais são as questões que nos colocam de frente ao uso (consumo) suicidário de drogas.

No artigo Dependência não se resolve por decreto, o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira 25/06/2011 ressalta que as recaídas após internações compulsórias chegam a 95%. Ou seja, está fadada à desgraça uma estratégia de tão baixa eficácia terapêutica. Além do que, lamentavelmente, não são poucas as denúncias de maus-tratos, aplicação de eletro-choques punitivamente ou de porrado-terapia em instituições de recolhimento compulsório.

A outra resposta de cunho imediatista apressado é uma opção defasada, tao antiga quanto nosso sistema penal. O sonho reformatório de baixar a idade penal é apenas mais um latrocínio que contra o bom-senso de todo cidadão, o Código de Menores não é solução, antes, uma medida descompromissada de desespero. Nela, não

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apenas admitimos nossa falha enquanto sociedade na educação e cuidado com nossos jovens, como atiramos ainda mais vidas ao limbo, produzindo uma segmentação de alto-custo de reversão. Isto mesmo, com a diminuição da maioridade penal, nós estamos criando um problema quiçá mais alarmante do que os que pretenderíamos supostamente solucionar.

Há casos e casos, em alguns, muito poucos para se formos sensatos, cabe a medida da internaçao involuntária. Contudo, não precisamos mudar leis para tais internações, elas já existem e estão no âmbito de um processo de intervenção conjugado pelo sistema de saúde mental, com interdição expedida pelo Ministério Público.

No caso de jovens – boa parte da populaçao sequestrada das cracolandias está na faixa de 13 a 20 anos de idade –, a situaçao alcança outro patamar. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi feito no âmbito e em prol das correntes críticas ao sistema correcional violento e ineficaz que subjazia como legado da ditadura civil-militar que assolou nosso país. Como pano de fundo e inspiração repousa a ideia de desinstitucionalização. É quase um ponto comum que instituições arraigadas e de base autoritária são verdadeiros antros de formação e agregação criminosa, de abusos, maus-tratos e, consequentemente, rebeliões e nunca de recuperaçao.

Internações compulsórias não precisam de novas leis ou lugares autoritários e violentos, todo o aparato institucional está pronto, o que se precisa é de efetivação dos sistemas de saúde, com hospitais-dia e serviços de acolhimento destinados e/ou adaptados a este itpo de demanda.É evidente, e creio que ninguém duvida, que drogas não são um problema unicamente de saúde, ele se torna um problema eminentemente de saúde, porque é onde a bomba estoura.Dartiu da Silveira coloca pontualmente, “o contrário de drogas não é abstinência, mas a liberdade”.

http://super.abril.com.br/ciencia/verdade-maconha-443276.shtml

I missed you, David LurieEstranho sentir saudades de um personagem. Sente-se saudades de um livro, de um autor, ou das palavras que este escreve, ou ainda da sensaçao que estas causam em nós.Mas sentir saudades de um personagem é memso algo muito estranho, ainda mais quando o personagem nao é necessariamente o que chamariamos de carismatico, admiravel ou bem-sucedido, nem sequer misterioso é professor Lurie. Pelo contrário, se podemos atribuir-lhe algum qualificativo é exatamente o oposto de enigmatico.; David Lurie, um scholar que brinda ao leitor pouco mais que os prazeres da existencia e vive seguindo e segundo seu proprio temperamento nas primeiras paginas de Disgrace, é colocado como alguem dificil de se estranhar. Seus desejos e suas açoes se mostram presumiveis até demais para um primeiro contato – o que sem dúvidas facilita a imediata identificaçao com um personagem principal tao pouco encantador numa primeira vista.Nada contra os cacoetes de grande escritor de mister J E Coetzee. Talvez nada seja mais verdadeiro que criar ilusoes, esta é o sentido maximo da realidade tornado potencia em ato – poder criar mundos.Parece ser muito mais facil lidar com os niilismos de lurie, que no entanto vao se diversificando e complexificando a cadeia dos significantes na africa do sul.

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Ao cabo e ao fim, Lucy se ve numa posicao de mais negra que nos negros, so ela é conjurada âquele ponto.David encarna a despersonalizaçao ao levar os caes para o ultimo meandro do corpo carnal.Só no final david reconhece que o que sente pelos caes é amor. Ai ele tem um outra visao cosmica do mundo, onde nao importa se demorar.Bom romance ingles de capitulos curtos e aNao se sabe se esta se cohnhcerndo pela primeira e ultima vez ou sew ele nestibvera sempre a.,i, como os amigos de seus paisfs