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1 A FAZENDA GOIANA: MATRIZ ESPACIAL DO TERRITÓRIO E DO MUNDO SERTANEJO DE GOIÁS Júlio César Pereira Borges Universidade Estadual de Goiás - Unidade de Iporá [email protected] Resumo O estudo em questão é uma proposta de tese, que está em andamento no Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás. A ideia de pesquisar a Fazenda Goiana traz em seu bojo uma rica discussão, já que a mesma constituía um universo amplo, com possibilidades várias, hoje redescobertas e revalorizadas pela riqueza cultural e histórica, ao colocar em destaque a essência da “alma de Goiás”. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é revelar a estrutura produtiva, o trabalho, a sociabilidade e subjetividade, da Fazenda Goiana, que se apresenta como a essência da cultura caipira e do mundo sertanejo. Parti-se da ideia que a fazenda goiana é a organização espacial à qual comporta o econômico, o político, o social e cultural do mundo sertanejo ao se constituir na ordem da escala da troca simples. Por isso, ela é enraizadora dos códigos socioculturais da tradição goiana, que, de maneira diferenciada no tempo e no espaço, acentua-se como base espacial sobre a qual incide a modernização cruzando os tempos, alterando as relações de produção, reconstituindo os poderes e interligando os lugares. Palavras Chaves: Fazenda Goiana. Troca Simples. Tradição Goiana. Mundo Sertanejo. Goiás Contemporâneo. Introdução Ao propor um estudo sobre Goiás, pela perspectiva da Geografia, deve-se levar em conta que esta ciência vem a um bom tempo despindo este território de seus segredos. A grande complexidade e diversidade dos temas acompanham a capacidade e a possibilidade de análise dessa ciência; o que revela uma intrínseca intimidade entre Goiás e Geografia, mais precisamente entre Goiás e Geografia goiana. No entanto, alguns estudiosos do assunto, afirmam que os estudos feitos sobre Goiás, pela via da Geografia, não realizaram uma análise mais elaborada da matriz sócia espacial de um Goiás em profundidade, ao buscar outras discussões acerca de múltiplas possibilidades. É nesse lume que se propõe este estudo. A Fazenda Goiana: matriz espacial do território e do mundo sertanejo de Goiás. É possível compreender, então, por Fazenda Goiana, a organização espacial, que particulariza 1 a estrutura socioeconômica de Goiás entre o final do século XVIII e início do XX, num ordenamento estrutural, marcado pela auto-sustentabilidade e diversidade produtiva, pelo patriarcalismo, pelo tempo lento, pela troca simples, pelo coronelismo,

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A FAZENDA GOIANA: MATRIZ ESPACIAL DO TERRITÓRIO E DO MUNDO SERTANEJO DE GOIÁS

Júlio César Pereira Borges Universidade Estadual de Goiás - Unidade de Iporá

[email protected]

Resumo O estudo em questão é uma proposta de tese, que está em andamento no Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás. A ideia de pesquisar a Fazenda Goiana traz em seu bojo uma rica discussão, já que a mesma constituía um universo amplo, com possibilidades várias, hoje redescobertas e revalorizadas pela riqueza cultural e histórica, ao colocar em destaque a essência da “alma de Goiás”. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é revelar a estrutura produtiva, o trabalho, a sociabilidade e subjetividade, da Fazenda Goiana, que se apresenta como a essência da cultura caipira e do mundo sertanejo. Parti-se da ideia que a fazenda goiana é a organização espacial à qual comporta o econômico, o político, o social e cultural do mundo sertanejo ao se constituir na ordem da escala da troca simples. Por isso, ela é enraizadora dos códigos socioculturais da tradição goiana, que, de maneira diferenciada no tempo e no espaço, acentua-se como base espacial sobre a qual incide a modernização cruzando os tempos, alterando as relações de produção, reconstituindo os poderes e interligando os lugares. Palavras Chaves: Fazenda Goiana. Troca Simples. Tradição Goiana. Mundo Sertanejo. Goiás Contemporâneo. Introdução Ao propor um estudo sobre Goiás, pela perspectiva da Geografia, deve-se levar em

conta que esta ciência vem a um bom tempo despindo este território de seus segredos. A

grande complexidade e diversidade dos temas acompanham a capacidade e a

possibilidade de análise dessa ciência; o que revela uma intrínseca intimidade entre

Goiás e Geografia, mais precisamente entre Goiás e Geografia goiana.

No entanto, alguns estudiosos do assunto, afirmam que os estudos feitos sobre Goiás,

pela via da Geografia, não realizaram uma análise mais elaborada da matriz sócia

espacial de um Goiás em profundidade, ao buscar outras discussões acerca de múltiplas

possibilidades. É nesse lume que se propõe este estudo. A Fazenda Goiana: matriz

espacial do território e do mundo sertanejo de Goiás.

É possível compreender, então, por Fazenda Goiana, a organização espacial, que

particulariza1 a estrutura socioeconômica de Goiás entre o final do século XVIII e início

do XX, num ordenamento estrutural, marcado pela auto-sustentabilidade e diversidade

produtiva, pelo patriarcalismo, pelo tempo lento, pela troca simples, pelo coronelismo,

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pelo cristianismo, pelo latifúndio, pela subordinação dos núcleos urbanos ao rural,

dentre outros.

Sobre a periodização citada, se deve as conjunturas política e socioeconômica que

interligavam Goiás e o Brasil da época. No final do século XVIII ocorre à crise da

mineração e a fazenda, passa a ter papel principal na economia de Goiás; o que se arrasta

até o inicio do século XX, quando inicia o projeto modernizador do território brasileiro.

Insere-se nesse âmbito, o foco da análise proposta. A evolução e organização espacial

da Fazenda Goiana, durante este período. Elencando os vários elementos e atores

inseridos nessa processualidade, e, como os mesmos, estão presentes no território e na

existência do sertanejo goiano.

Entender a Fazenda Goiana como matriz do território e do mundo sertanejo, exige a

análise de uma gama de questões. É preciso compreender as ações políticas e

econômicas, ou seja, os elementos externos que influenciaram a dinâmica territorial do

Goiás da época, assim como, os elementos internos que a particularizava.

É necessário também, entender como a Fazenda Goiana produz o sertanejo, no que se

refere à sua condição de existência, evidenciando seu comportamento, suas subjetividades

enfim, sua cultura. A partir de então, entender o sertanejo goiano nas suas ligações e

contradições com o lugar e com o mundo contemporâneo, assim como, a Fazenda Goiana

se apresenta no sertanejo e como o mesmo a representa na realidade atual.

Diante do contexto, afirma-se que o sertanejo goiano é resultado da interação dos

elementos políticos, econômicos, sociais, e, portanto culturais, materializados na

Fazenda Goiana, tais elementos em uma proposição dialética, ao mesmo tempo em que

se confundem se completam. Assim, resta desenvolver uma instrumentalização teórica e

metodológica que responda as seguintes questões: Quais são as bases históricas que liga

a Fazenda Goiana com o Brasil da época? Quais os signos e os símbolos que evidencia

o sertanejo na Fazenda Goiana e a mesma no sertanejo? Quais os conflitos materiais e

imateriais que se apresenta na existência sertaneja no Goiás contemporâneo? Por fim,

como entender o território e o mundo sertanejo goiano, a partir da Fazenda Goiana,

como um sistema integrado de economia, política e cultura?

Proposições metodológicas Para a realização do trabalho, propõe-se a fazer uma abordagem integrada, ao levar em

consideração que o espaço geográfico, como território, sintetiza elementos estruturais,

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qualitativos, políticos e simbólicos que representam a existência do sertanejo goiano.

Em outras palavras, na ação do sujeito humano no espaço e território a junto,

indissociavelmente, elementos de classe, identitários e simbólicos. Por tal razão,

buscou-se integrar uma leitura da Fazenda Goiana elencando a estrutura produtiva, a

dimensão cultural e vise versa.

Nesse sentido, pensa-se que a análise, da Fazenda Goiana, enquanto estrutura, revelará

elementos formadores da organização territorial de Goiás e do mundo sertanejo. Por

outro lado, a análise da territorialização do mundo sertanejo no Goiás contemporâneo

trará elementos explicativos da Fazenda Goiana. Esta perspectiva dialética cobra uma

elaboração concisa do procedimento metodológico.

Inicialmente, será feito um levantamento e revisão bibliográfica que possibilite o

embasamento teórico, para a análise, dos fatores externos e internos que compõe a

Fazenda Goiana, ao evidenciar sua individualidade e sua ligação com o mundo. Busca-

se com a mesma, compreender os elementos históricos da formação estrutural da

fazenda goiana, assim como a influência dos mesmos na organização territorial de

Goiás e na existência sertaneja.

Busca-se, também, um referencial bibliográfico que nos possibilite a compreensão do

processo de modernização territorial de Goiás, pós 1960, assim como, o mesmo

transformou a Fazenda Goiana em Empresa-Fazenda, e consequentemente modificou a

organização territorial de Goiás e afetou o mundo sertanejo goiano.

Outro referencial teórico imprescindível é o que possibilitará compreender a

territorialização do sertanejo na contemporaneidade, ou seja, uma leitura da sua

tradição, dos símbolos e signos que o remete a Fazenda Goiana e como a mesma é

representada na sua existência atual.

Nesse contexto, pensa-se que um instrumento metodológico imprescindível é o uso da

fonte oral, que nas ciências sociais constitui-se ferramenta bastante útil para aqueles que

se propõem a estudar o território no sujeito e sujeito no território. Por intermédio do

emprego dessas fontes busca-se dar voz e entender as relações de alteridade e as

representações elaboradas por estes indivíduos acerca de sua existência.

Sabe-se que a memória constitui-se em principal elemento para o trabalho com as fontes

orais. Pollak (1992, p.200) “afirma que é especificamente a seletividade uma das

características constitutivas da memória, ou seja, nem todos os acontecimentos

vivenciados pelo sujeito são retidos”.

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É comum que ao selecionar os fatos que ficarão registrados na sua memória o indivíduo

seja influenciado por sua noção afetiva de pertencimento a um dado grupo social e é

justamente essa consciência de pertencer que fará com que dada memória permaneça.

Donde se conclui que o relato oral elaborado é resultante de um construto do indivíduo

acerca de seu passado tendo por referencial os elementos registrados em sua memória.

De acordo com Garrido (1993, p 39): Um dos aspectos mais interessantes do uso de fontes orais é que não apenas se chega a um conhecimento dos fatos, mas também à forma como o grupo os vivenciou e percebeu. É de importância capital resgatar a subjetividade, mas é um grave erro passar a confundi-la com fatos objetivos. Esta aproximação critica ao testemunho oral consegue-se mediante dois procedimentos de caráter interativo: um, com a documentação escrita existente, e outro, com o resto do corpus de documentos orais. Daí a importância de se estabelecer urna relação dialética entre os diversos tipos de fontes.

Sob a perspectiva da pesquisa, vislumbra-se a possibilidade de se estabelecer o nexus

para o resgate da subjetividade a que se refere o autor supramencionado, uma vez que

esta complementa o documental a partir dos estudos elaborados pela mesma no campo

da cultura.

Ao se levar em consideração que o indivíduo traz em si emoções e subjetividades,

entende-se que o uso das fontes orais se constitui em ferramenta pertinente e propícia

para a abrangência da Fazenda Goiana na vida sertaneja e vise versa.

Em se tratando do trabalho com fontes orais, tem-se a consciência de que este requer

uma preparação prévia, a elaboração de um plano de ação, um projeto que viabilize sua

realização e posterior reflexão acerca dos dados coletados (MEIH, 2005). Deve-se

considerar que o pesquisador está lidando com recordações construídas a partir da

vivência do sujeito, portanto deve este despir-se de (pré) conceitos para se evitar fazer

juízo de valores, e respeitar a visão elaborada pelo “outro” posto que, o respeito pelas

diferenças culturais é justamente um dos postulados da Geografia.

Nesse contexto será feita entrevistas com 20 atores que de alguma forma estiveram

ligados à Fazenda Goiana, nas quais, serão abordados vários temas, trabalho, organização

produtiva, relacionamento familiar, crendices, vida urbana, dentre outros na tentativa de

evidenciar nos relatos as várias representações que os mesmos carregam do passado.

Outro pressuposto metodológico que se mostrou de grande valia em pesquisas

anteriores, consiste na conversa com pesquisadores sobre o assunto. Nessa condição,

busca-se, abastecer de suas experiências e de sua apreensão do tema.

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Uma vertente metodológica, que será utilizada é a corrente que aproxima geografia e

literatura, que nos últimos anos vem ganhando espaço nos estudos da ciência

geográfica. Essa consiste na análise de uma determinada realidade territorial via

narrativa literária, pois se entende que o modo de ver uma realidade espacial pelo

ângulo da narrativa literária, permite uma leitura da relação do sujeito, individual e

coletivo, no seu espaço de existência, reproduzindo-o e sendo reproduzido, que o leva a

produzir símbolos que contestam, protestam, reagem, declinam ou afirmam ideologias e

realidades que lhe são impostas. (CHAVEIRO E LIMA)

Nesse sentido a leitura da Fazenda Goiana via mundo sertanejo, territorializado no

Goiás contemporâneo, captado pela literatura goiana se consiste num instrumental

valoroso para pesquisa. As obras de Bariane Ortencio, Bernardo Elis e Carmo Bernades,

fornecerm a base para essa analise, através das representações dadas pelas suas

narrativas literárias.

No entanto, não ignorando outras obras literárias, destaca-se como expoente para a

pesquisa Sertão sem Fim, de Bariani Ortencio, a qual em sua terceira edição é recente,

2011, publicado pela editora da UFG.

Como é exposto no prefácio nessa obra, “sertão é mais que uma palavra em literatura: é

imagem, prenhe de significações”. Essa obra é uma referência ao modo de vida

sertaneja, que por meio de 12 contos, Paciência de goiano, a mulher do Elpidio, os

Pereira, negociando o porco, o patuá, cabeça de quimbanda, o noivado do coronel, o

menino, cão...o espanhol, benzedor de cobras, no garimpo, primeira segunda feira de

agosto e a busca, expõe o dia a dia do sertanejo goiano, ao evidenciar fatos, como as

emboscadas, a força da palavra nas negociações, as aventuras da captura dos bandidos

os conflitos no garimpo, as crendices dentre outros.

Outra obra destacada é O Tronco, de Bernardo Elis Fleury de Campos Curado,

publicada em 1956, que se refere à luta política em São José do Duro, hoje Dianópolis,

no estado de Tocantins, entre as lideranças de Abílio Wolney e Antonio Ramos Caiado.

O combate ficou conhecido como o “Barulho no Duro” em que uma família inteira foi

fuzilada, presa a um tronco de amarrar os escravos.

A obra retrata os moldes da disputa política, no de Estado de Goiás, entre as oligarquias

conservadoras, os ruralistas e as modernizadoras, que tinha um projeto de modernização

para o Brasil, o qual exigia transformações políticas em Goiás, que por sua vez

incomodava a oligarquia tradicional que via seu poder ameaçado. Esta obra serve a

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pesquisa proposta, na compreensão da ligação de Goiás com o Brasil da época, ao

fornecer elementos para interpretar a relação de poder em um território que se

encontrava no momento preparatório para a modernização.

Por fim, destaca-se a obra intitulada Reçaga de Carmo Bernardes, lançada em 1972,

consiste numa coletânea de contos, a qual de forma bem humorada, o que lhe era

peculiar, retrata a vida do sertanejo perdido no mundo urbano. Essa obra por sua vez,

permite fazer uma leitura do desenraizamento, que o sertanejo sofreu com o processo de

modernização do território goiano, ao mesmo tempo, possibilita absorver as

representações que o mesmo carrega da fazenda goiana para a nova vida urbana.

Considera-se, também, que as fontes quantitativas seram de grande relevância para o

trabalho, sendo que as mesmas possibilitam através de leitura integrada com o teórico

um clareamento de determinados fatos levantados pela pesquisa.

Não menos importantes são as ferramentas cartográficas, que propiciam uma leitura de

localização e representação do espaço organizado e da mesma forma que os elementos

quantitativos, nos auxiliam no clareamento do objeto de pesquisa.

Análise do objeto Em uma leitura prévia, encontramos vários pesquisadores, das ciências sociais, que por

intermédio de variadas temáticas, abordam o assunto, tais como: Almeida (2008), Arrais

(2004), Barreira (1997), Borges (1990 e 2000), Chaveiro (2011), Chaul (2010), Deus

(2002), Estevam (2004 e 2008), Gomes (2008), Mendonça (2005), Ramos (1998),

Ortencio (2010), Teixeira Neto (2008), dentre outros.

No entanto, dois pontos nos ocorrem: O primeiro é que, há uma prioridade pelos

elementos políticos e econômicos na leitura territorial de Goiás. O segundo é que, a

leitura sobre o cultural, quase sempre, está deslocada das condições políticas e

econômicas.

Diante dessa dicotomia, nos ocorreu que a Geografia de Goiás, ainda não fez um estudo

sobre o assunto, ou seja, fazer uma leitura integrada, sobre os elementos internos e

externos que influenciaram a organização espacial da Fazenda Goiana, elencando as

condições políticas, econômicas e sociais, portanto culturais, que a faz matriz espacial

do território e do sertanejo goiano.

Essa condição revela uma complexidade que superpõe às teses de Estevam (2008) que

afirma que a pecuária é a essência da civilização caipira e do mundo sertanejo, e

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Teixeira Neto (2008, p. 03), que afirma que, “por aqui a roça e o boi são mais que

símbolos emblemáticos, porque, mais que em outras regiões do Brasil, foi no campo

que as coisas funcionaram”.

Concorda-se que a agricultura e a pecuária, sem dúvida era a atividade que ligava Goiás

ao sudeste do país, interligava os lugares do sertão brasileiro, por intermédio das

andanças das tropas e boiadas e tem um grande peso na identidade goiana. No entanto,

havia toda uma estruturação interna e fixa, a qual estas atividades eram inseridas.

Estamos afirmando que a roça e a pecuária é parte da estrutura Fazenda Goiana e não o

contrario.

No nosso entendimento, a Fazenda Goiana é lugar do boiadeiro, do boi, da tropa, da

produção de alimentos, assim como, do paiol, do chiqueiro, do galinheiro, do curral, da

lavoura diversificada, do tear, do engenho, do monjolo, das crenças, valores, lendas,

modo de falar, dentre outros. Símbolos e signos de uma identidade sertaneja. A Fazenda

Goiana vem cristalizada em tradições e usanças que constituem um universo único, de

profundos significados.

Como foi possível perceber, a Fazenda Goiana consiste em um estuário de elementos,

políticos, econômicos e culturais que, a nosso ver, se constitui na matriz espacial do

território e do sertanejo goiano. Compreendê-la, na proposta dialética, é compreender o

território e o mundo sertanejo goiano, assim como, compreender o território e o mundo

sertanejo é compreendê-la.

Afirmamos que pensa-la não é simplesmente buscar nas redes da história, contos

saudosos sobre um tempo que passou, assim como, não é valorizar o tempo lento em

detrimento da velocidade urbana, nem mesmo é, cultuar representações empalhadas e

envernizadas que empregam uma estética do que foi no que nada de fato representa a

essência.

A Fazenda Goiana elencada consiste no lugar da seriema, do inhambu, do catingueiro,

da jaracuçu, da pomba do bando, do sucuri. É, também, lugar da enxada, do monjolo, do

carro de boi; do paiol, do pomar, do cutelo, da varanda, das estradinhas, das aguadas, da

venda da roça, do pote cheio, da tuia, do compadre, da comadre, da moita, da cachaça,

dos trieiros, dos queijos e lingüiças pendurados sobre a trempe, das folias de reis com as

suas pousadas e o frango com macarrão, amarelinho de açafrão, do pilãozinho de socar

o tempero, das caçarolas de ferro, da caçada, da pesca, do fogão de lenha sempre aceso

na tepidez das casas aconchegantes.

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É o lugar também, do coronel, do Pai João, da Sianinha, do amansador de burro, do

covarde, do mentiroso, do violeiro, do castrador de cavalo, da mula marchadora, da

agricultura diversificada, do capador de porco, do meeiro, do camarada, da pecuária e

tantos outros elementos que em funcionando, consistiram numa estrutura produtiva, que

durante dois séculos, comandou a organização espacial de Goiás, tempo suficiente para

se enraizar e a nosso ver, se tornar base, matriz espacial de um território e de um povo.

Como afirmado anteriormente essa estrutura não somente é resultado dos seus elementos

internos, por isso, compreender a evolução e organização espacial de Goiás pela via da

Fazenda Goiana passa por uma leitura conjuntural do Brasil que se alterna de acordo a

territorialização do capital, que por sua vez ocorreu de forma desigual no tempo e no

espaço, pois o mesmo priorizava e prioriza as regiões de maior lucratividade.

Nesse sentido, ao longo do tempo, promoveu-se uma andança do capital pelo território

brasileiro, sempre aliado ao Estado, que por meio das políticas governamentais,

direcionava o capital. Tal ação ao priorizar as regiões de interesse econômico externo, é

responsável pela desigualdade territorial, constatada na existência de espaços luminosos

e espaços opacos, o primeiro caracterizado pelo acúmulo das técnicas informacionais e

o segundo pela sua ausência. (SANTOS E SILVEIRA, 2011, 264).

Partindo do pressuposto, que a intensidade das técnicas informacionais, determina o

nível de relações, circulação, consumo, fluidez, pode ser empregada à tese dos espaços

da rapidez e da lentidão, dos autores supracitados, interligando espaços luminosos-

rapidez e opacos-lentidão, tendo em vista que ambos se realizam.

O Goiás da Fazenda Goiana está integrado ao segundo caso, tendo em vista a sua

condição não atrativa ao capital, que, no período, final do século XVIII e início do

século XX, se encontrava no Sudeste brasileiro de costas para o sertão e de frente para

Europa, situação apontada por diversos estudiosos, notadamente por Vidal (1997).

Os espaços luminosos-rapidez tendem a incrementar as técnicas informacionais

intensificando sua fluidez, ao contrario dos espaços opacos-lentidão, salvo o caso de

que este por algum motivo passe a interessar ao capital, que por sua vez alia-se ao poder

político e ilumina-o rapidamente.

Esse é o caso de Goiás, pós 1960, que passa por uma modernização territorial, via

industrialização da agricultura,2 inserindo-o na dinâmica capitalista de produção. Goiás

passa da fase da troca simples para a fase da acumulação capitalista.

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No entanto é bom frisar, que alguns intelectuais, como Mendonça (2007), Chaveiro

(2005), Calaça (2004), entre outros, afirmam que o processo de modernização territorial de

Goiás, que se consolidou de 1950 a 1960 e se estende até agora, teve um período

preparatório chamado de antecipação da modernização conservadora.

De acordo com Borges (2007), esse período é gestado no imaginário territorial do Estado no

final do século XIX e ganha força nos anos trinta até os cinqüenta do século XX, momento

em que o Estado Nacional alinhado ao Estado Local desenvolve políticas para preparar o

território ao visar construir a modernização do mesmo. Observa-se que esse imaginário tem

uma condução externa: o Brasil rural é sinalização do atraso. O novo, o moderno, o luxuoso

estavam centrados nas cidades, principalmente após a construção de metrópoles como Belo

Horizonte (final do século XIX), Goiânia (década de 1930), Maringá (década de 1940) e

Brasília (década de 1960).

Urbanizar é elevar-se ao patamar da racionalidade desenvolvida e de progresso dos países

ricos. Modernizar é o instrumento de fazer do território o palco do progresso. A política

pública é o veículo concreto, financeiro, ideológico que põe máquinas, fios e políticas para

desenvolver a aproximação entre os lugares e o mundo capitalista.

Na verdade, modernizar é se opor a rentabilidade da acumulação simples, que é lenta,

compartilhada, ligada apenas à produção da existência, que não interessa ao capitalismo

de mercado, é inserir a rentabilidade liberal que é inteligente, planejada, calculada e

individualista.

Essa proposta consiste na passagem da Fazenda Goiana para a empresa-fazenda, termo

utilizado por Estevam (2004), ao analisar as transformações da estrutura produtiva a

qual pelo incremento de técnicas avançadas, ocorre à industrialização da agricultura,

simbolizada pelas empresas-fazendas, que por sua vez faz parte de uma nova dinâmica

territorial, dotada de novos elementos políticos, econômicos e sociais. É a substituição

do tempo lento, da acumulação primitiva pela veloz acumulação capitalista.

Nesse lume, a investigação da organização espacial de Goiás exige uma compreensão

do modo pelo qual ocorre o processo de modernização desse território, assim como,

requer compreender as escalas em que se apresenta a modernização, os pactos, as redes

e as implicações culturais.

Coloca-se então, a ligação entre Goiás e o mundo; através da qual se dá os pactos de

forças, a implementação da infra-estrutura e a imponência do capitalismo mundial na

apropriação do território goiano, e como o mesmo implica na existência do sertanejo.

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Nesse sentido, a categoria território nos parece plausível na orientação do estudo

proposto, o que pode ser justificado no posicionamento de Almeida (2008, p. 58): o território responde em primeira instância, a necessidades econômicas, sociais e políticas de cada sociedade e, por isso, sua produção está sustentada pelas relações sociais que atravessam. Isso não exclui nem lhe atribui apenas à dimensão instrumental. O território é, também, objeto de operações simbólicas e é nele que os sujeitos projetam suas concepções de mundo. O território é, antes de tudo, uma convivilidade, uma espécie de relação social, política e simbólica que liga o homem à sua terra e, simultaneamente, estabelece sua identidade cultural.

De acordo com Moraes (2004), estudos contemporâneos introduzem no conceito de

território uma teorização complexa, ao superar o caráter da simples relação de poder,

existente entre Estado e território. Este aparece como morada do homem, que vai além

do sentido da casa, ou seja, território é onde o homem se espacializa, luta pela sua

existência, nesse escopo, o homem rural, o sertanejo, o roceiro, o alcunhado “cafuçu

brejeiro” tão ridicularizado tantas vezes, mas tão rico em significado pela coragem em

enfrentar as dificuldades de seu tempo e de seu meio.

Diante desse fato, a ciência geográfica ganha destaque frente às ciências sociais pela sua

capacidade, dada pela vasta experiência na análise territorial. De acordo com Santos

(1998, p.13): A geografia alcança nesta virada de século a sua era de ouro, porque a geograficidade se impõe como condição histórica, na medida em que nada considerado essencial hoje se faz no mundo que não seja a partir do conhecimento do território. O território é o lugar onde desemboca todas as ações, todas as paixões, todos os poderes, todas as forças, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem plenamente se realiza a partir das manifestações de sua existência. A geografia passa a ser aquela disciplina tornada mais capaz de mostrar os dramas do mundo, da nação, do lugar.

Nesse contexto, o conceito de território é imbuído de outro significado, dotado de

grande complexidade, pois passa a ser percebido não só pelas suas características físicas

e locacionais, mas aparece “revigorado com os estudos de subjetividade e das

individualidades presentes nos fenômenos humanos”. (MORAIS, 2004, p.17). Ou “É o

uso do território e não este em si que faz dele um objeto de análise social”. (SANTOS,

1998, p, 17).

Nesse sentido, propõe-se fazer uma reflexão que ultrapassa o totalitarismo político e

econômico, ao empregar uma leitura cultural que permita compreender a ação política, a

transformação econômica e suas implicações culturais, no ordenamento territorial de

Goiás e por conseqüência na estrutura da Fazenda Goiana e na existência do sertanejo.

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Nessa perspectiva, considera-se que a Fazenda Goiana é o lugar das relações de

produção, de classes e, portanto de poder, o berço do coronelismo, que por sua vez era

sustentado pelo cristianismo de roça, caracterizado pelas crendices e pela pedagogia do

medo e da obediência, cultuado pela igreja católica.

A pedagogia do medo, o escopo machista de poder, guiava o modo de vida da tradição.

Ao mesmo tempo, representava uma ligação entre cristianismo católico, o poder e a

cultura buscando estabilizar o regime da troca simples. Portanto, a tradição goiana,

fundada na estabilidade dos lugares, respondia também pelo lugar da sociedade

sertaneja goiana na economia da nação. “O tempo da cultura estava ligado ao tempo do

lugar e ao tempo do modo de produção perante a divisão social do trabalho”.

(CHAVEIRO 2011, p.21)

Ainda de acordo com o autor, de certa forma e guardada a proporcionalidade, os

resquícios desta lógica reluzem nos dias atuais, haja vista, que a modernização

liberalista, é hegemônica e não homogênia. A Fazenda Goiana está presente na política,

na culinária, na palavra, nas crenças do sujeito goiano contemporâneo.

A mesma carrega uma relação muito forte com a terra, o que aparece na obra Bernardes

(2008), ao se referir da fala terrosa do sertanejo goiano, o que Chaveiro (2011) utiliza

para compreender a raiz cultural goiana ao se referir à cultura terrosa. Nesse lume, a

terra é o bem maior, pois é fonte de alimento, de vida, de trabalho. É a relação terra -

trabalho que ordena o tempo na Fazenda Goiana, tempo lento, e que aproxima o sujeito

da natureza com afetividade, como bem retrata Almeida (2008).

Em outras palavras, a relação com a terra, com a natureza, mediada pelo trabalho, traz

uma idéia de harmonia, não de exploração, que é característica da troca simples. O

trabalho aparece como dignificação do homem, que levanta antes do amanhecer e

repousa na boca da noite, não aparece no imaginário sertanejo como subordinação

(CHAVEIRO 2011). O trabalho do sertanejo, pela sua intensidade e aspereza foi um

castigo ao físico, uma exploração financeira, que, devido a sua inocência, o entendia

como um carinho na terra e uma massagem no ego.

Uma questão que deve ser considera sobre o trabalho, na Fazenda Goiana é, que o

mesmo, na sua organização e realização, há uma divisão de gênero, a filha reproduz a

mãe e o filho reproduz o pai, em um processo de aprendizagem cotidiana, observando e

repetindo. A escola era não só desconsiderada, como descriminada. Uma ameaça ao

poder, travestida de ameaça moral.

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Diante das condições supracitadas, considera-se pela sua ligação com a estrutura

política e econômica do Brasil, que a gênese da Fazenda Goiana esta relacionada à

criação da propriedade da terra no Brasil, por isso, traz em si germes da sesmaria

consolidada pela lei de terras, que cria o senhorio e mantém o poder mandonista

atávico. Essa condição, esta presente no Goiás contemporâneo não somente como

memória, mas principalmente nas relações de poder.

Considerações finais A importância do estudo proposto é justificada pela sua relevância social, à medida que

busca um aprofundamento na leitura da Fazenda Goiana, já que, considera-se que os

estudos, até então feitos sobre a mesma a coloca apenas como uma estrutura produtiva.

O que se propõe é um enfoque nas condições sociais e culturais que implica na

existência do mundo sertanejo.

Além de entender a Fazenda Goiana como enraizadora da existência sertaneja, a análise

da modernização territorial de Goiás pós 1960, se torna num fato relevante para a

análise social, tendo em vista, que esta promove um desenraizamento dessa existência.

Em outras palavras, o impacto social causado pela modernização do campo em Goiás,

promove uma desterritorialização física e subjetiva do sertanejo, quando este perde

parte de sua identidade ao incorporar outros elementos que não os seus.

Este fato é explicado pela perda da terra, lugar da sua existência, e como consequência à

perda de sua identidade, já que o mesmo é sujeito a um novo modo de vida, “o

moderno”, que suprimiu o tradicional, “o atrasado”, considerado um entrave ao

crescimento econômico do país, o que transformou o sertanejo num estranho no seu

próprio território. Principalmente no começo do século XX, quando o ideário de

modernidade e de avanço estava a lutar contra o atraso de um Brasil provinciano, em

Goiás, acelerado com mais intensidade a partir da mudança da capital da Cidade de

Goiás para Goiânia.

No que diz respeito à relevância cientifica, a pesquisa, pode ser justificada pela pretensa

contribuição com a compreensão das questões política, econômica e cultural da

formação territorial de Goiás, principalmente no que se refere às bases e a atual

realidade da vida sertaneja. Por outro lado, entende-se ser a leitura da Fazenda Goiana

como matriz espacial do território e do sertanejo, uma lacuna explicativa por parte da

Geografia de Goiás.

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Esse fato é justificado, pela pretensão em apreender o território via compreensão da

cultura de um individuo ou grupo social, o sertanejo goiano, que revela a organização

espacial na qual, o mesmo é inserido. A Fazenda Goiana, pois a mesma é resultado das

relações de produção, ao criar formas, símbolos e significados que representam o

território de sua existência. “Tal imaterialidade do elemento cultural não prescinde da

materialidade do mundo, todavia, permite dar mais atenção ao campo das

representações socioculturais”. (GOMES, 2005, p. 32).

No que diz respeito à contribuição política, parti-se da ideia de Santos (1996), quando

afirma que a Geografia Brasileira alcança seu auge pela sua rica pluralidade teórico

metodológica e especialmente pelo desvendamento do Brasil nos seus vários lugares, ao

clarear o país e a condição do sujeito em transformação, contribuindo com a ação

política.

Nesse sentido, pensa-se ser o estudo proposto uma condição de contribuição política,

tendo em vista, a possibilidade de clareamento da existência sertaneja e da organização

territorial de Goiás via estudo da Fazenda Goiana, ao partir ainda de suas

particularidades nos saberes, falares, cantigas, cantares, essências, religiosidades,

folclore, tradições, costumes e toda uma gama que acentua a forma goiana de existir em

sua raiz principal.

Notas ______________ 1 Se refere à noção de espacilidade como elemento particularizador dos fenômenos históricos (MORAES 2005, p.45) 2 Termo utilizado por Estevam (2004) Referências ALMEIDA, Maria Geralda. Diversidades paisagísticas e identidades territoriais e Culturais – Brasil Sertanejo. In: ALMEIDA, Maria Geralda (orgs). Geografia e Cultura os lugares da vida e a vida dos lugares. Goiânia, Ed vieira. 2008. ARRAIS, Tadeu Alencar. Geografia Contemporânea de Goiás. Goiânia: ed. Vieira, 2004. BARREIRA, C.C.M.A. Região da estrada do boi: usos e abusos da natureza. Goiânia: UFG, 1997. BERNARDES, Carmo. Reçaga. Goiânia: Editora Cultura Goiana, 1972.

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