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CLÁUDIA ARAÚJO BASTOS A FAMÍLIA ORCHIDACEAE NO MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU, BAHIA, BRASIL FEIRA DE SANTANA, BAHIA 2009

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CLUDIA ARAJO BASTOS

A FAMLIA ORCHIDACEAE NO MUNICPIO DE

MORRO DO CHAPU, BAHIA, BRASIL

FEIRA DE SANTANA, BAHIA

2009

ii

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CINCIAS BIOLGICAS

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM BOTNICA

A FAMLIA ORCHIDACEAE NO MUNICPIO

DE MORRO DO CHAPU, BAHIA, BRASIL

CLUDIA ARAJO BASTOS

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

Graduao em Botnica da Universidade

Estadual de Feira de Santana como parte dos

requisitos para a obteno do ttulo de Mestre

em Cincias Botnica.

ORIENTADOR: PROF. DR. CSSIO VAN DEN BERG (UEFS)

FEIRA DE SANTANA-BA

2009

ii

iii

A meus pais, meu alicerce e a

Laura, minha grande motivao.

ii

i

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeo imensamente a Cssio van den Berg, meu orientador, por angariar

recursos para viagens de campo, pelo apoio e compreenso e, acima de tudo, por confiar no

meu trabalho, acreditando desde o incio, e apesar de todas as intempries, na

concretizao desse projeto, um verdadeiro desafio diante do elevado nmero de espcies

de Orchidaceae estimado num municpio de grande extenso como Morro do Chapu.

A meu pai, Jos Bastos, pelo apoio em todos os momentos e por me acompanhar na

maioria das excurses a campo, com disposio e entusiasmo, sempre solcito as

necessidades do meu trabalho, colocando seu carro nos mais sinuosos terrenos, numa

constante jornada em busca das Orhidaceae de Morro do Chapu.

A minha me, Ivaneide, pelo apoio a mim empregado ao longo desses 2 anos, em

especial, dedicando grande parte do seu tempo em zelo e mimos a minha filha, cuidando

dela com dedicao, carinho e amor, o que me deu tranqilidade e segurana ao deixa-la

para realizar o trabalho de campo, visitas aos herbrios no sul e sudeste, bem como para as

tarefas dirias na UEFS.

A Irmo Delmar, grande conhecedor da regio de Morro do Chapu, que me

acompanhou na maioria das coletas, direcionando estrategicamente pontos provveis de

ocorrncia das orqudeas no municpio, otimizando o tempo das viagens a campo.

A FAPESB e a CAPES pelas bolsas de mestrado disponibilizadas, o que permitiu o

desenvolvimento desse projeto em regime de dedicao exclusiva.

A Toscano de Brito que atendeu prontamente a minha solicitao em usar algumas

das ilustraes do seu livro Orqudeas da Chapada Diamantina.

Ao PPGBot por disponibilizar recursos para a visita aos herbrios do sul e sudeste,

bem como para a confeco de parte das ilustraes.

A APNE pelo auxlio a visita ao CEPEC.

Aos herbrios ALCB, CEPEC, ESA, HB, HRB, HUEFS, MBM, RB, SP e SPF pelo

envio dos materiais para anlise.

Ao HUEFS com seus colaboradores que muito contriburam para realizao desse

trabalho.

Ao Dr. Joo Batista por esclarecer algumas dvidas.

iv

Smia, pela ajuda com o abstact, Ana Luisa, pela ajuda na formatao das

pranchas, Jamile Lima, minha fiel companheira, Carla, sempre caprichosa com os

desenhos, Alexa, por dividir a rotina do TAXON comigo, Andra Karla, minha grande

v

conselheira, Paulo Ricardo por todo apoio, com seu entusiamo e otimismo, Ceclia pelas

orientaes e Adriana Olinda que me recebeu em sua casa em So Paulo na ocasio da

visita aos herbrios SP e SPF e que, apesar da distncia, torce pelo meu sucesso.

A Reinaldo, no laboratrio de Taxonomia Vegetal pela colaborao e compreenso

nos mais inusitados momentos.

Ao Professor Flvio Frana e a professora Efignia de Melo pela colaborao,

dando ateno a famlia Orchidaceae em suas muitas excurses a campo no municpio de

Morro do Chapu.

Acima de tudo, quero agradecer a Deus que permeou toda a minha trajetria,

favorecendo, de algum modo, as minhas aptides e ajudando-me a superar os obstculos

encontrados, no s no trabalho, mas em todos os momentos.

Mais do que agradecer, preciso falar da minha satisfao em ter realizado esse

projeto, que surgiu como um grande desafio, desacreditado por muitos no incio, em meio

a processo de transformaes pessoais e que se desenvolveu, literalmente, com a gestao

da minha pequena Laura, a grande motivao da minha vida, trazendo-me conhecimento,

experincias, amizades e a certeza de que compromisso, planejamento e disciplina so os

ingredientes necessrios para se realizar todo e qualquer trabalho com tranqilidade e

competncia em tempo hbil.

v

vi

SUMRIO

NDICE DE FIGURAS

AGRADECIMENTOS

INTRODUO ...............................................................................................................

MATERIAL E MTODOS .............................................................................................

RESULTADOS E DISCUSSO ....................................................................................

Similaridade florstica ..........................................................................................

Aspectos morfolgicos .........................................................................................

Chave de identificao para as espcies de Orchidaceae do municpio de Morr

Chapu, Bahia, Brasil. .....................................................................................................

01. ACIANTHERA Scheidw. ................................................................................

01. 1. Acianthera ochreata (Lindl.) Pridgeon & M.W.ChasTe subsp. Ochreata .

02. ANATHALLIS Barb.Rodr. ..............................................................................

02.1. Anathallis paranaensis (Schltr.) Pridgeon & M.W.Chase .........................

02.2. Anathallis rubens (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase....................................

03. BIFRENARIA Lindl. .......................................................................................

03.1. Bifrenaria tyrianthina Rchb.f(Loudon) ......................................................

04. BRASSAVOLA R.Br........................................................................................

04.1. Brassavola tuberculata Hook......................................................................

05. BULBOPHYLLUM Thouars ...........................................................................

05.1. Bulbophyllum exaltatum Lindl. ...................................................................

05.2. Bulbophyllum manarae Foldats...................................................................

05.3. Bulbophyllum plumosum Cogn....................................................................

06. CAMPYLOCENTRUM Benth.........................................................................

06.1. Campylocentrum aciculatum Cogn. ............................................................

06.2. Campylocentrum micranthum (Lindl.) Maury ............................................

07. CAPANEMIA Barb.Rodr. ...............................................................................

07.1. Capanemia therasiae Barb.Rodr. ................................................................

08. CATASETUM Rich. ex Kunth ........................................................................

08.1. Catasetum hookeri Lindl. ............................................................................

09. CATTLEYA Lindl............................................................................................

09.1. Cattleya amethystoglossa Linden & Rchb.f. ex Warner .............................

09.2. Cattleya elongata Barb.Rodr.......................................................................

..... 1

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... 12

o do

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... 29

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... 31

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... 32

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... 33

... 35

vi

http://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=1127657-2&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DAcianthera%2B%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_mohttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=617570-1&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DBifrenaria%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedSinhttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=618067-1&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DBrassavola%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedhttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=618889-1&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DBulbophyllum%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifihttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=37968-2&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DBulbophyllum%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiehttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=44225-2&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DCampylocentrum%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifhttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=621832-1&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DCatasetum%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedShttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=621995-1&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DCattleya%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedSihttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=622072-1&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DCattleya%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedSi

vii

09.3. Cattleya tenuis Campacci & P.L.Vedovello................................................... 36

10. CYRTOPODIUM R.Br. ..................................................................................... 37

10.1. Cyrtopodium eugenii Rchb.f. & Warm. ......................................................... 37

10.2. Cyrtopodium polyphyllum (Vell.) Pabst ex F.Barros ..................................... 38

10.3. Cyrtopodium saintlegerianum Rchb. f. .......................................................... 39

11. ENCYCLIA Hook............................................................................................... 41

11.1. Encyclia alboxanthina Fowlie ........................................................................ 41

11.2. Encyclia kundergraberi V.P.Castro & Campacci .......................................... 42

11.3. Encyclia oncidioides (Lindl.) Schltr............................................................... 43

11.4. Encyclia patens Hook..................................................................................... 44

12. EPIDENDRUM L. ............................................................................................. 45

12.1. Epidendrum cinnabarinum Salzm. ex Lindl. ................................................. 45

12.2. Epidendrum cristatum Ruiz & Pav................................................................. 46

12.3. Epidendrum orchidiflorum Salzm. ex Lindl................................................... 48

12.4. Epidendrum secundum Jacq. .......................................................................... 49

12.5. Epidendrum warasii Pabst.............................................................................. 50

13. EPISTEPHIUM Kunth ...................................................................................... 51

13.1. Epistephium lucidum Cogn............................................................................. 51

14. GALEANDRA Lindl........................................................................................... 52

14.1. Galeandra beyrichii Rchb.f............................................................................ 52

15. HABENARIA Willd. .......................................................................................... 53

15.1. Habenaria fluminensis Hoehne ...................................................................... 54

15.2. Habenaria josephensis Barb.Rodr.................................................................. 54

15.3. Habenaria parviflora Lindl. ........................................................................... 55

15.4. Habenaria aff. repens Nutt............................................................................. 56

16. ISABELIA Barb.Rodr. ...................................................................................... 57

16.1. Isabelia violacea (Lindl.) Van den Berg & M.W.Chase ................................ 57

17. ISOCHILUS R.Br. ............................................................................................. 58

17.1. Isochilus linearis (Jacq.) R.Br. ....................................................................... 58

18. NOTYLIA Lindl. ................................................................................................ 59

18.1. Notylia pubescens Lindl. ................................................................................ 59

19. OCTOMERIA R.Br............................................................................................ 60

19.1. Octomeria hatschbachii Schltr. ...................................................................... 60

20. OECEOCLADES Lindl. .................................................................................... 61

ii

v

http://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=276526-2&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DEncyclia%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedSihttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=90835-2&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DEncyclia%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedShttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=631026-1&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DEncyclia%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedSihttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=307544-2&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DEpidendrum%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedhttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=645682-1&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DNotylia%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedSince%

viii

20.1. Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl............................................................. 61

21. ONCIDIUM Sw. ................................................................................................ 62

21.1. Oncidium barbatum Lindl. ............................................................................. 62

21.2. Oncidium blanchetii Rchb.f............................................................................ 63

21.3. Oncidium gravesianum Rolfe......................................................................... 64

21.4. Oncidium hookeri Rolfe ................................................................................. 66

21.5. Oncidium varicosum Lindl. & Paxton............................................................ 67

22. PELEXIA Poit. ex Lindl. ................................................................................... 68

22.1. Pelexia orthosepala (Rchb.f. & Warm.) Schltr. ............................................. 68

23. POLYSTACHYA Hook....................................................................................... 69

23.1. Polystachya concreta (Jacq.) Garay & H.R.Sweet......................................... 69

24. PRESCOTTIA Lindl. ......................................................................................... 70

24.1. Prescottia leptostachya Lindl......................................................................... 70

24.2. Prescottia montana Barb. Rodr. ..................................................................... 71

24.3. Prescottia oligantha (Sw.) Lindl. ................................................................... 72

25. PROSTHECHEA Knowles & Westc. ................................................................ 73

25.1. Prosthechea moojenii (Pabst) W.E.Higgins ................................................... 73

26. RODRIGUEZIA Ruiz & Pav. ............................................................................ 74

26.1. Rodriguezia obtusifolia Rchb.f....................................................................... 74

27. SOBRALIA Ruiz & Pav. .................................................................................... 75

27.1. Sobralia sessilis Lindl. ................................................................................... 75

28. TRICHOCENTRUM .......................................................................................... 76

28.1. Trichocentrum cebolleta (Jacq.) M.W. Chase & N.H. Williams ................... 76

29. VANILLA Plum. ex Mill. ................................................................................... 77

29.1. Vanilla palmarum (Salzm. ex Lindl.) Lindl. .................................................. 77

CONCLUSES .................................................................................................................. 99

RESUMO ......................................................................................................................... 101

ABSTRACT ...................................................................................................................... 101

APNDICE 1: ndice dos espcimes examinados: coletor, seguido pelo nmero de coleta e

pela numerao do txon. .................................................................................................. 102

REFERNCIAS ............................................................................................................... 105

iii

v

http://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=174089-2&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DOncidium%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedSihttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=1061190-2&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DPelexia%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifiedSihttp://www.ipni.org/ipni/idPlantNameSearch.do?id=1001277-1&back_page=%2Fipni%2FeditAdvPlantNameSearch.do%3Ffind_infragenus%3D%26find_isAPNIRecord%3Dtrue%26find_geoUnit%3D%26find_includePublicationAuthors%3Dtrue%26find_addedSince%3D%26find_family%3DOrchidaceae%26find_genus%3DProsthechea%2B%26find_sortByFamily%3Dtrue%26find_isGCIRecord%3Dtrue%26find_infrafamily%3D%26find_rankToReturn%3Dall%26find_publicationTitle%3D%26find_authorAbbrev%3D%26find_infraspecies%3D%26find_includeBasionymAuthors%3Dtrue%26find_modifi

ix

NDICE DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de distribuio das Orchidaceae em Morro do Chapu enfatizando as

coletas realizadas por Bastos, C. A. e coletores diversos, bem como reas visitadas sem

registro de Orchidaceae. ........................................................................................................ 7

Figura 2: Grfico com nmero de espcies por gnero de Orchidaceae no municpio de

Morro do Chapu................................................................................................................. 10

Figura 3: Grfico com porcentagem de espcies de Orchidaceae por tipo vegetacional no

municpio de Morro do Chapu........................................................................................... 11

Figura 4: Diagrama ilustrando a distribuio das espcies de Orchidaceae por tipo

vegetacional em Morro do Chapu. Os nmeros correspondem as espcies listadas no

Quadro 1. ............................................................................................................................. 11

Figura 5: Grfico com a porcentagem de espcies de Orchidaceae por hbito no municpio

de Morro do Chapu. .......................................................................................................... 11

Figura 6: Prancha com ilustrao de: Acianthera ochreata, Anathallis paranaensis e

Anathallis rubens................................................................................................................. 79

Figura 7: Prancha com ilustrao de: Bifrenaria tyrianthina e Brassavola tuberculata..... 80

Figura 8: Prancha com ilustrao de: Bulbophyllum exaltatum, Bulbophyllum manarae e

Bulbophyllum plumosum. ................................................................................................... 81

Figura 9: Prancha com ilustrao de: Campylocentrum aciculatum e Campylocentrum

micranthum. ........................................................................................................................ 82

Figura 10: Prancha com ilustrao de: Capanemia therasiae e Catasetum hookeri. ......... 83

Figura 11: Cattleya amethystoglossa, Cattleya elongata e Cattleya tenuis. ...................... 84

Figura 12: Prancha com ilustrao de: Cyrtopodium eugenii, Cyrtopodium polyphyllum e

Cyrtopodium saintlegerianum. ........................................................................................... 85

Figura 13: Prancha com ilustrao de: Encyclia alboxanthina, Encyclia kundergraberii,

Encyclia oncidioides e Encyclia patens. ............................................................................ 86

Figura 14: Prancha com ilustrao de: Epidendrum cinnabarinum, Epidendrum cristatum,

Epidendrum orchidiflorum, Epidendrum secundum e Epidendrum warasii. ..................... 87

Figura 15: Prancha com ilustrao de: Epistephium lucidum e Galeandra beyrichii. ........ 88

Figura 16: Prancha com ilustrao de: Habenaria fluminensis, Habenaria josephensis,

Habenaria parviflora e Habenaria repens. ........................................................................ 89

ix

Figura 17: Prancha com ilustrao de: Isabelia violecea e Isochilus linearis. ................... 90

x

Figura 18: Prancha com ilustrao de: Notylia pubescens, Octomeria hatschbachii e

Oeceoclades maculata. ....................................................................................................... 91

Figura 19: Prancha com ilustrao de: Oncidium barbatum, Oncidium blanchetii,

Oncidium gravesianum, Oncidium hookeri e Oncidium varicosum. .................................. 92

Figura 20: Prancha com ilustrao de: Pelexia orthosepala e Polystachya concreta. ....... 93

Figura 21: Prancha com ilustrao de: Prescottia leptostachya, Prescottia montana e

Prescottia oligantha ............................................................................................................ 94

Figura 22: Prancha com ilustrao de: Prosthechea moojenii e Rodriguezia obtusifolia .. 95

Figura 23: Prancha com ilustrao de: Sobralia sessilis, Trichocentrum cebolleta e Vanilla

palmarum............................................................................................................................. 96

Figura 24: Prancha com fotos de Acianthera ochreata, Brassavola tuberculata,

Bulbophyllum exaltatum, Capanemia therasiae, Cattleya amethystoglossa, Cattleya

elongata, Cyrtopodium eugenii, Cyrtopodium polyphyllum, Cyrtopodium saintlegerianum,

Encyclia alboxanthina, Encyclia oncidioides e Epidendrum orchidiflorum. ...................... 97

Figura 25: Prancha com fotos de Epidendrum secundum, Epidendrum warasii,

Epistephium lucidum, Galeandra beyrichii, Notylia pubescens, Oncidium barbatum,

Oncidium hookeri, Oncidium varicosum, Prescottia montana, Prosthechea moojenii e

Sobralia sessilis. .................................................................................................................. 98

x

1

INTRODUO

Monocotilednea pertencente ordem Asparagales, a famlia Orchidaceae constitui

um dos maiores grupos de angiospermas com cerca de 22.000 espcies agrupadas em

aproximadamente 980 gneros (Dressler 1993), distribudos por quase todas as regies do

globo com predominncia das reas tropicais e subtropicais (Dressler 1990; Dressler

1993). No Brasil ocorrem 2650 espcies agrupadas em 205 gneros, com 1800 espcies

endmicas (Pabst & Dungs 1975, 1977; Giulietti et al. 2005), sendo uma regio

privilegiada em termos de diversidade de Orchidaceae com constantes registros de novas

ocorrncias de espcies do grupo (Barros 1994; Silva & Silva 1997; Silva et al 1998).

Pabst & Dungs (1975, 1977) citaram 150 espcies para a Bahia, na lista mais completa das

orqudeas brasileiras. No entanto, estudos mais recentes apenas na Chapada Diamantina

tm apontado mais de 160 espcies, um nmero superior ao registrado anteriormente para

todo o estado (Toscano de Brito & Cribb 2005; van den Berg & Azevedo 2005), das quais

10 espcies e 2 gneros so reconhecidamente endmicos da Chapada (van den Berg &

Azevedo 2005).

A Chapada Diamantina juntamente com a Cadeia do Espinhao constituem a Serra

do Espinhao, principal cadeia montanhosa no leste do Brasil que extende-se da Bahia a

Minas Gerais (Harley 1995). O macio da Chapada Diamantina localiza-se na extremidade

norte da Serra do Espinhao e est inteiramente na Bahia, medindo 330 Km de norte a sul.

Ela est dividida em duas cadeias no extremo sul, as Serras do Rio de Contas e das Almas

a oeste, e a Serra do Sincor a leste. Inclui algumas reas isoladas ao norte, tais como

Morro do Chapu (Serra do Tombador) e a Serra de Jacobina (Harley 1995; Toscano de

Brito & Cribb 2005), relacionadas a essa formao em termos de geologia e florstica

(Harley 1995). A Chapada Diamantina uma regio de grande diversidade florstica e

elevado grau de endemismo (Harley 1995, 2005), cujo tipo vegetacional predominante o

campo rupestre, bastante especializado que conta com nmero significativo de espcies de

orqudeas (Conceio & Giulietti 2002; Conceio & Pirani 2005; van den Berg &

Azevedo 2005; Conceio & Pirani 2007). Embora Toscano de Brito & Cribb (2005)

tenham publicado recentemente o livro Orqudeas da Chapada Diamantina, o municpio

de Morro do Chapu no foi amostrado em funo de algumas limitaes encontradas

pelos autores, inscitando a realizao de um levantamento florstico nessa rea.

O municpio de Morro do Chapu (BA) se localiza a aproximadamente 398 Km de

Salvador, e possui uma rea de 5.920 Km2 e altitudes que variam entre 480 e 1.293 m

1

2

(Rocha & Costa 1995). limitado pelos municpios de Piritiba, Tapiramut, Utinga,

Bonito, Cafarnaum, Amrica Dourada, Joo Dourado, So Gabriel, Juara, Santo S,

Ourolndia, Vrzea Nova e Miguel Calmon (Junqueira 2004). Faz parte da regio semi-

rida do estado da Bahia e sua posio geogrfica, entre 10 46 e 12 0 de latitude Sul e

entre 41 30 e 40 42 de longitude Oeste, confere-lhe caractersticas climticas do tipo

tropical, fortemente alteradas pela altitude. Isso proporciona um clima privilegiado e

singularidade a esse municpio dentro do chamado "Polgono das Secas". (Barbosa 1995;

Lobo 2006).

Quanto ao clima, quatro tipos climticos so identificados no municpio de Morro

do Chapu, a partir da correlao estabelecida entre a altitude, temperatura e pluviosidade,

fortemente influenciados pelo relevo de formas tabulares (Barbosa 1995). Esses tipos

climticos correspondem, na realidade, s regies geogrficas distintas que so a

encontradas. Na rea central do municpio, com altitude superior a 1.000 m, predomina

clima tropical de altitude, com vero brando, com temperatura mdia do ms mais frio

(julho) inferior a 18C e temperatura mdia do ms mais quente (janeiro) inferior a 22C.

Nas reas com altitude entre 800 e 1.000 m, o clima tambm do tipo tropical de altitude,

com vero quente, predominante no municpio. Nessas reas, a temperatura mdia do ms

mais frio inferior a 18oC, mas a temperatura mdia do ms mais quente j superior a

22oC. Com altitude inferior a 800 m, os ndices pluviomtricos foram determinantes para

os dois ltimos tipos climticos que seguem: o tipo tropical submido, com ndices

pluviomtricos anuais entre 800 e 1.200 mm, com ocorrncia sazonal de mxima

pluviosidade de novembro a maro (vero). encontrado a leste do municpio, onde, em

decorrncia da orientao do relevo, mais do que da altitude, ocorrem as chamadas "chuvas

orogrficas", conferindo a essas reas as mais altas potencialidades para o uso agrcola.

Nessa regio climtica, em funo da pluviosidade, pode ser encontrada a cobertura

vegetal do tipo florestal, predominando a floresta estacional decidual ou semidecidual. O

clima semi-rido, quente, conta com pluviosidade inferior a 800 mm e cobertura vegetal de

caatinga. encontrado no vale do rio Salitre, ao norte, a oeste, nos limites com Joo

Dourado, So Gabriel e Amrica Dourada, no vale do rio Jacar; e ao sul, na direo da

localidade de Duas Barras do Morro (Barbosa 1995).

Diferentes subformaes vegetais podem revestir um mesmo tipo de solo em Morro

do Chapu, o que parece ser explicado pela variao espacial, temporal e de intensidade do

regime pluviomtrico, embora a compartimentao do relevo promova a existncia de

mesoclimas, por vezes bastante diferenciados das reas vizinhas. Outro fator relevante so

2

3

as baixas temperaturas registradas noite, propiciando a precipitao na forma de orvalho,

fator esse aproveitado pelas plantas na poca da estiagem (Silva 1995). So observadas

cinco regies fitoecolgicas principais no municpio: cerrado, caatinga, floresta estacional

sempre-verde, floresta estacional decidual e vegetao rupestre (Silva 1995), alm de

tabuleiro, vegetao das Dunas de Morro do Chapu e reas de transies, com

predominncia das reas de caatinga (proximidades da Cachoeira do Ventura, Parque

Municipal de Lajes, Tareco, Lajedo Bordado, Domingos Lopes, arredores da Gruta dos

Brejes e Fedegoso) e campo rupestre ocorrendo no municpio acima de 900 m (Serra da

Boa Esperana e Morro). Ainda conta com as chamadas reas de tabuleiro caracterizada

por reas planas, arenosas e vegetao arbustiva (Junqueira 2004). Nas reas mais altas dos

chapades centrais a cobertura vegetal complexa, encontrando-se campos cerrados,

caatinga e, nos solos litlicos, rochosos, os "refgios ecolgicos" oferecem um cenrio de

rara beleza na poca da florao (junho a setembro) (Barbosa 1995). A vegetao em

parte complexa e a flora rica em espcies ornamentais, dentre as quais se destacam as

orqudeas, ocorrendo tambm plantas alimentceas, medicinais e de interesse madeireiro

(Silva 1995).

Orchidaceae representa um dos grupos mais recentes ainda em estado de evoluo

(Barros 1990) e possui caractersticas florais bastante conservadas, as quais facilitam sua

identificao (van den Berg & Azevedo 2005), assim, os membros da famlia so ervas

perenes epfitas, terrestres, rupcolas, hemiepfitas ou saprfitas; razes com micorrizas,

tuberosas ou no, em geral com velame. Caule simpodial ou monopodial, muitas vezes

rizomatoso, mais raramente cormos, interns freqentemente formando pseudobulbos.

Folhas alternas, raramente opostas, dsticas ou espiraladas, simples, inteiras, com nervao

usualmente paralelinrvia. Inflorescncias racemosas ou paniculadas, algumas vezes

reduzidas a uma nica flor, terminais ou laterais. Flores usualmente monoclinas,

zigomorfas, ressupinadas ou no, perianto tepalide, em geral vistoso; spalas 3, livres ou

conatas; ptalas 3, livres, a mediana diferenciada em labelo, as laterais semelhantes s

spalas; estames 1 ou 2 (raramente 3), adnatos ao estilete e ao estigma formando a coluna;

plen em geral agrupado em polnias; gineceu sincrpico, tricarpelar; estigma com um dos

lobos no receptivo na face dorsal formando o rostelo, este podendo ou no formar estipe

e/ou viscdio; ovrio nfero, unilocular com placentao parietal, ocasionalmente trilocular

com placentao lateral; vulos numerosos. Nctar em geral ausente, quando presente

produzido em clcar ou em nectrios septais. Fruto cpsula, abrindo por (1-) 3 ou 6 fendas

3

4

longitudinais; sementes minsculas, com tegumento membranceo, embrio muito

reduzido; endosperma ausente (Dressler 1993).

Quanto a classificao, Dressler (1993), alm dos caracteres vegetativos e florais,

usou informaes de anatomia, citologia e micromorfologia para agrupar orqudeas

semelhantes e mostrar como esses grupos relacionavam-se entre si, sendo reconhecidas 70

subtribos, 22 tribos e 5 subfamlias dentre as quais esto Apostasioideae, Cypripedioideae,

Epidendroideae, Spiranthoideae e Orchidioideae. Classificaes mais recentes buscam

esclarecer os relacionamentos infrafamiliares a partir da anlise de DNA (Pridgeon et al.

1999; Chase 2005), e, diferente das subfamlias propostas por Dressler (1993),

Apostasioideae, Vanilloideae, Cyripedoideae, Orchidoideae e Epidendroideae, so as

subfamlias reconhecidas hoje (Chase 2005).

O presente trabalho teve como objetivo realizar levantamento florstico das espcies

de Orchidaceae ocorrentes no municpio de Morro do Chapu, produzindo descries,

ilustraes, chave de identificao e comentrios sobre morfologia, hbito, aspectos

fenolgicos e distribuio geogrfica que ajudem a conhecer e identificar as espcies do

municpio, contribuindo, assim, para o conhecimento da flora da Bahia como um todo.

4

5

MATERIAL E MTODOS

O trabalho de campo foi realizado entre maio de 2007 e novembro de 2008,

somando 11 excurses, quando se procurou percorrer ao mximo o municpio em sua

extenso, sendo que em cada viagem era feita uma programao de coleta para que pontos

diferentes da rea de estudo fossem visitados, procurando-se, desse modo, coletar amostras

de Orchidaceae nos mais variados ambientes de norte a sul de Morro do Chapu. Nas reas

amostradas, a coleta foi realizada de modo aleatrio e todos os pontos foram marcados

com auxlio de GPS culminando na confeco do mapa da Figura 1 a partir do progarama

de computador GPS trackmaker.

Foram feitas fotografias da rea de coleta e dos materiais coletados, os quais foram

herborizados segundo as tcnicas de Mori et al. (1989), conservando-se as flores em lcool

a 70% com glicerina (5%) e gua destilada (25%). Os espcimes coletados estreis foram

cultivados na casa de vegetao da UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), e

as exsicatas foram depositadas no Herbrio da Universidade Estadual de Feira de Santana

(HUEFS).

As informaes encontradas neste trabalho foram baseadas em reviso bibliogrfica

e anlise morfolgica dos espcimes coletados e encontrados nos herbrios ALCB,

CEPEC, ESA, HB, HRB, HUEFS, MBM, RB, SP e SPF (acrnimos segundo Holmgren et

al. 1990), sendo consultadas as listas on line do KEW e NYBG. Informaes referentes

distribuio geogrfica e fenologia foram extradas das etiquetas das exsicatas examinadas

e complementadas com o trabalho de campo. Caractersticas como cor, textura e outros

dados relevantes presentes nas etiquetas tambm foram utilizados.

A identificao das espcies foi feita com base em bibliografias especializadas

como Cogniaux (1893-1896, 1898-1902, 1904-1906), Hoehne (1942), Pabst & Dungs

(1975, 1977), Sprunger et al. (1996) e Toscano de Brito & Cribb (2005), bem como atravs

de consultas a especialistas. Os nomes dos autores dos txons foram levantados a partir de

consultas ao International Plant Names Index (2008), publicado na internet em

http://www.ipni.org. e esto abreviados de acordo com Brummitt & Powell (1992).

Peridicos encontram-se abreviados de acordo com o Botanicum Periodicum Huntianum

(Bridson & Smith 1991), sendo que para os peridicos no encontrados nessa obra foram

utilizadas as abreviaes apresentadas no International Plant Names Index (2008). As

terminologias botnicas empregadas foram baseadas em Stearn (2004) e apenas os

5

6

sinnimos mais recentes e usuais das espcies foram listados, sobretudo os que diferem da

obra mais utilizada para orqudeas brasileiras (Pabst & Dungs 1975, 1977)

As descries morfolgicas foram feitas atravs da anlise das estruturas

vegetativas e florais dos espcimes vistos, utilizando-se microscpio estereoscpico para

observao das flores conservadas em lcool ou retiradas das exsicatas, cujas medidas

foram efetuadas com auxlio de rgua milimetrada. Para espcies com apenas um material

de Morro do Chapu foram examinados, ao menos, mais dois materiais adicionais,

preferencialmente de reas da Chapada Diamantina, encontrados disponveis no acervo do

HUEFS. Uma lista com todo material examinado encontra-se em ordem alfabtica por

coletor, nmero de coleta e numerao de cada txon (Apndice 1).

Foi elaborada chave indentada para a identificao das espcies presentes no

municpio de Morro do Chapu, salientando-se caracteres evidentes e decisivos na

delimitao dos txons, sendo que a classificao seguida foi a de Chase 2005 e de outros

estudos mais recentes baseados em anlise de DNA (Pridgeon et al. 1999, 2001; Cameron

et al. 1999), levando-se em conta as informaes de Dressler (1993). As ilustraes foram

produzidas em cmara clara com material conservado em lcool ou retirados das exsicatas

e reidratados, sendo devolvido s mesmas aps a anlise. Para algumas espcies foram

utilizadas a ilustrao, completa ou em parte, do livro Orqudeas da Chapada Diamantina

com a prvia autorizao do autor. Assim, como algumas pranchas foram montadas a partir

de ilustraes de desenhistas diferentes a ssinatura dos mesmos foram suprimidas. As

espcies tiveram seus principais caracteres ilustrados, sendo que, em gneros com mais de

uma espcie, apenas um hbito foi ilustrado, exceto diante de diferenas significativas. H

diagramas florais para todas as espcies. Procurou-se ilustrar gneros com uma espcie aos

trios, respeitando-se apenas a ordem alfabtica.

6

7

Figura 1: Mapa de distribuio das Orchidaceae em Morro do Chapu enfatizando as coletas realizadas por Bastos, C. A. e coletores diversos, bem como reas visitadas sem registro de Orchidaceae. (Fonte: CPRM 1995)

7

8

RESULTADOS E DISCUSSO

Foram listadas 53 espcies de Orchidaceae para o municpio de Morro do Chapu

(Quadro 1), as quais esto distribudas em 29 gneros (Figura 2), sendo que os gneros de

maior representatividade foram Oncidium Sw. e Epidendrum L. com 5 espcies cada,

seguido por Encyclia Hook., Habenaria Willd. e Prescottia Lindl. com 3 espcies,

Bulbophyllum Thouars, Cattleya Lindl. e Cyrtopodium R.Br. com 3 espcies,

Campylocentrum Benth e Anathallis Barb.Rodr. com 2 espcies e os demais 19 gneros

com apenas um representante.

So novos achados para a Chapada Diamantina Capanemia therasiae Barb.Rodr.,

Galeandra beyrichii Rchb.f., Habenaria parviflora Lindl. e Prescottia oligantha (Sw.)

Lindl., as quais no so citadas em trabalhos realizados em outras reas da Chapada, sendo

que Capanemia therasiae Barb.Rodr. constitui em uma nova ocorrncia para o estado da

Bahia.

Da lista de Orchidaceae de Morro do Chapu aqui apresentada (Quadro 1), a

atividade de campo realizada contribuiu com 11 espcies que ainda no haviam sido

registradas para o municpio (Brassavola tuberculata Hook., Campylocentrum aciculatum

(Rchb.f. & Warm.) Cogn., Campylocentrum micranthum (Lindl.) Rolfe, Cyrtopodium

eugenii Rchb.f. & Warm., Cyrtopodium saitlegerianum Rchb.f., Epidendrum cristatum

Ruiz & Pav., Epidendrum warasii Pabst, Galeandra beyrichii Rchb.f., Isabelia violacea

(Lindl.) Van den Berg & M.W.Chase, Notylia pubescens Lindl. e Oncidium varicosum

Lindl.

Embora Toscano de Brito & Cribb (2005) tenham publicado recentemente o livro

Orqudeas da Chapada Diamantina, o municpio de Morro do Chapu foi pouco

amostrado em funo de algumas limitaes encontradas pelos autores e a realizao desse

levantamento contribuiu com novos registros e achados para a Chapada Diamantina. Das

54 espcies listadas nesse trabalho, apenas 14 (Acianthera ochreata (Lindl.) Pridgeon &

M.W.Chase, Bifrenaria tyrianthina Rchb.f., Bulbophyllum exaltatum Lindl., Bulbophyllum

manarae Foldats, Catasetum hookeri Lindl., Cattleya elongata Barb.Rodr., Cyrtopodium

polyphyllum (Vell.) Pabst ex F.Barros, Encyclia alboxanthina Fowlie, Encyclia

kundergraberii V.P.Castro & Campacci, Epidendrum warasii Pabst, Epistephium

sclerophyllum Lindl., Oncidium gravesianum Rolfe, Prosthechea moojenii (Pabst)

W.E.Higgins e Sobralia sessilis Lindl.) foram tambm citadas para Morro do Chapu por

Toscano de Brito & Cribb (2005).

8

9

Quadro 1: Lista das espcies de Orchidaceae encontradas no municpio de Morro do Chapu.

ESPCIES 1 Acianthera ochreata (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase 2 Anathallis paranaensis (Schltr.) Pridgeon & M.W.Chase 3 Anathallis rubens (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase 4 Bifrenaria tyrianthina Rchb.f. 5 Brassavola tuberculata Hook. 6 Bulbophyllum exaltatum Lindl. 7 Bulbophyllum manarae Foldats 8 Bulbophyllum plumosum Cogn. 9 Campylocentrum aciculatum (Rchb.f. & Warm.) Cogn. 10 Campylocentrum micranthum (Lindl.) Maury 11 Capanemia therasiae Barb.Rodr. 12 Catasetum hookeri Lindl. 13 Cattleya amethystoglossa Linden & Rchb.f. ex Warner 14 Cattleya elongata Barb.Rodr. 15 Cattleya tenuis Campacci & P.L.Vedovello 16 Cyrtopodium eugenii Rchb.f. & Warm. 17 Cyrtopodium polyphyllum (Vell.) Pabst ex F.Barros 18 Cyrtopodium saintlegerianum Rchb.f.19 Encyclia alboxanthina Fowlie 20 Encyclia kundergraberii V.P.Castro & Campacci 21 Encyclia oncidioides (Lindl.) Schltr. 22 Encyclia patens Hook. 23 Epidendrum cinnabarinum Salzm. ex Lindl. 24 Epidendrum cristatum Ruiz & Pav. 25 Epidendrum orchidiflorum Salzm. ex Lindl. 26 Epidendrum secundum Jacq. 27 Epidendrum warasii Pabst 28 Epistephium lucidum Cogn.29 Galeandra beyrichii Rchb.f. 30 Habenaria fluminensis Hoehne 31 Habenaria josephensis Barb.Rodr. 32 Habenaria parviflora Lindl. 33 Habenaria repens Nutt. 34 Isabelia violacea (Lindl.) Van den Berg & M.W.Chase 35 Isochilus linearis (Jacq.) R.Br. 36 Notylia pubescens Lindl. 37 Octomeria hatschbachii Schltr. 38 Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. 39 Oncidium barbatum Lindl. & Paxton 40 Oncidium blanchetii Rchb.f. 41 Oncidium gravesianum Rolfe 42 Oncidium hookeri Rolfe 43 Oncidium varicosum Lindl. 44 Pelexia orthosepala (Rchb.f. & Warm.) Schltr.

9

10

45 Polystachya concreta (Jacq.) Garay & H.R.Sweet 46 Prescottia leptostachya Lindl. 47 Prescottia montana Barb.Rodr. 48 Prescottia oligantha Lindl. 49 Prosthechea moojenii (Pabst) W.E.Higgins 50 Rodriguezia obtusifolia Rchb.f. 51 Sobralia sessilis Lindl. 52 Trichocentrum cebolleta (Jacq.) M.W. Chase & N.H. Williams 53 Vanilla palmarum Lindl.

0

1

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4

5

6

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Figura 2: Grfico com nmero de espcies por gnero de Orchidaceae no municpio de Morro do Chapu.

Como pode ser observado nas Figuras 3 e 4, a maioria das espcies ocorrem

exclusivamente em reas de mata (47%), sendo campo rupestre o segundo tipo

vegetacional mais rico em Orchidaceae no municpio, com 27% das espcies ocorrendo

exclusivamente nesse ambiente, chegando a formar um verdadeiro jardim de orqudeas na

poca da florao. A riqueza neste ambiente resulta da capacidade dessas plantas em captar

e explorar umidade proveniente do orvalho e neblina pela presena de razes com velame e

pseudobulbos (Harley, 1995), adaptando-se bem em um ambiente hostil como o dos

campos rupestres. Um nmero menor de representantes da famlia foi encontrado em

caatinga (22%), embora esse ambiente seja predominante em Morro do Chapu em termos

de extenso. Cerca de 4% das espcies ocorrem em mais de um ambiente, provavelmente

pela existncia de regies de transio (Figura 4) entre os tipos vegetacionais presentes em

Morro do Chapu que chegam a formar diferentes tipos fitofisionmicos (Silva, 1995).

10

Quanto ao hbito das espcies (Figura 5), 44% so exclusivamente epfitas, 31% so

exclusivamente terrestres e 21% exclusivamente rupcola, com 4% apresentando mais de

um hbito. O elevado nmero de orqudeas epfitas um reflexo da alta diversidade de

Orchidaceae nas matas do municpio, que diante das exigncias de luz procuram alcanar o

11

alto das rvores e em busca da umidade tm no ar e na neblina as principais fontes de

alimento.

47%

27%

22%

2%

2%

exclusivamente de mata

exclusivamente de campo rupestre

exclusivamente de caatinga

de caatinga ou campo rupestre

de caatinga ou cerrado

Figura 3: Grfico com porcentagem de espcies de Orchidaceae por tipo vegetacional no municpio de Morro do Chapu.

Figura 4: Diagrama ilustrando a distribuio das espcies de Orchidaceae por tipo vegetacional em Morro do Chapu. Os nmeros correspondem as espcies listadas no Quadro 1.

44%

31%

21%4%

exclusivamente epfitaexclusivamente terrestreexclusivamente rupcolaterrestre ou rupcola

Figura 5: Grfico com a porcentagem de espcies de Orchidaceae por hbito no municpio de Morro do Chapu.

1

2

3 4 5 6 7 8

9 10

11

12 13

34

15 16

23

17

18 21 39

41 44 54

26 20

14 19 22

25 27

33 40

45

50 51 52

53

24 28

29 31 32

35 36

37 38

42 43

46 47 48 30 49

Caatinga Mata Campo rupestre

1

Cerrado

1

12

Similaridade florstica

Comparando a lista de Orchidaceae de Morro do Chapu (Quadro 1) com outros

levantamentos realizados na Chapada Diamantina constatamos a existncia de 23 espcies

exclusivas do municpio, sendo que das reas comparadas, Catols e o Parque municipal de

Mucug apresentaram maior nmero de espcies em comum com Morro do Chapu, com

19 e 17 espcies, respectivamente. Com Chapadinha (Lenis) so 12 espcies em comum,

com Pico das Alamas 9 e com Pai Incio apenas 7 espcies. Esse elevado nmero de

espcies exclusivas de Morro do Chapu reflete uma grande diversidade florstica na rea.

O maior nmero de espcies em comum com Catols pode estar associado ao grande

nmero de espcies levantadas nas reas. Com o Parque Municipal de Mucug,

fisionomias similares como cursos dgua, campo rupetre e matas de groto, poderiam

justificar a ocorrncia de 17 espcies em comum com Morro do Chapu, levando-se em

considerao que a maioria das Orchidaceae do municpio em estudo ocorre em mata com

um nmero significativo de espcies tambm em campo rupestre.

Aspectos morfolgicos

Os representantes da famlia Orchidaceae em Morro do Chapu variam muito

quanto ao tamanho, com plantas que tm desde poucos centmetros, tais como Anathallis

paranaensis (Figura 6 a1-a10) e Capanemia therasiae (Figura 10 a1-a9, Figura 24 d) a

espcies que alcanam alguns metros de comprimento como Epidendrum cristatum (Figura

14 b1-b4) e Epidendrum warasii (Figura 14 e1-a5, Figura 25 b). So observados dois

padres de crescimento na listagem apresentada, simpodial e monopodial, onde no

crescimento simpodial um novo pseudobulbo ou caule nasce da base do mesmo e cada

broto tem crescimento limitado como na maioria das espcies; j no crescimento

monopodial o caule tem crescimento indeterminado como em Campylocentrum aciculatum

(Figura 9 a1-a9), Campylocentrum micranthum (Figura 9 b1-b11) e Vanilla palmarum

(Figura 23 c1-c5).

12

As razes variaram muito em termos de espessura e disposio, com espcies

apresentando verdadeiros tuberides ou rgo de armazenamento como nas Prescottia

(Figura 21) e disposta espaadamente como em Campylocentrum (Figura 9) ou

aglomeradas como na maioria das espcies restantes.

13

Quanto ao caule, foram observadas orqudeas com caule delgado como em

Epidendrum (Figura 14), Epistephium (Figura 15 a1-a8), Habenaria (Figura 16), Sobralia

(Figura 23 a1-a11) ou espessado formando pseudobulbos como em Oncidium (Figura 19),

Bifrenaria (Figura 7 a1-a7), Bulbophyllum (Figura 8), Catasetum (Figura 10 b1-b11),

Cyrtopodium (Figura 12), Cattleya (Figura 11), Prosthechea (Figura 22 a1-a8) e Encyclia

(Figura 13).

A grande maioria das orqudeas tem folhas paralelinrveas, no entanto nervao

reticulada ocorre no gnero Epistephium, aqui representado pelo Epistephium lucidum

(Figura 15 a1-a8).

A inflorescncia pode sair da base do pseudobulbo como em Galeandra (Figura 15

b1-b8), Capanemia (Figura 10 a1-a9), Notylia (Fgura 18 a1-a11), Oeceoclades (Figura 18

c1-c10), Oncidium (Figura 19), Bifrenaria (Figura 7 a1-a7), Bulbophyllum (Figura 8),

Catasetum (Figura 10 b1-b11), Cyrtopodium (Figura 12) e Rodriguezia (Figura 22 b1-b7)

ou ser terminal a este como em Cattleya (Figura 11), Isabelia (Figura 17 a1-a6),

Prosthechea (Figura 22 a1-a8), Polystachya (Figura 20 b1-b7) e Encyclia (Figura 13).

Espcies como as de Epidendrum (Figura 14) formam keiki, terminologia empregada aos

brotos que surgem no lugar das flores em uma inflorescncia (Toscano de Brito & Cribb

2005).

Ocorrem espcies com inflorescncias solitrias at espcies com mais de 30 flores,

trmeras, com spalas laterais parcialmente ou totalmente unidas, ptalas mais ou menos

diferenciadas das spalas e labelo inteiro ou trilobado com ou sem calos e fmbrias e

colorao diferentes a depender de cada grupo, sendo possvel verificar a presena de

calcar caracterstico em Bifrenaria (Figura 7 a1-a7), Campylocentum (Figura 9),

Galeandra (Figura 15 b1-b8), Habenaria (Figura 16) e Oeceoclades (Figura 18 c1-c10).

Os frutos da maioria das espcies da listagem aqui apresentada so desconhecidos,

sendo de baixo valor diagnstico. Tratam-se de cpsulas que podem conservar a flor

quando maduras como em Catasetum (Figura 10 b1-b11) ou perdem-na como na maioria

das espcies. Dos frutos mais diferenciados esto o da Vanilla palmarum (Figura 23 c1-c5,

Figura 27 f) que caracterizam-se por serem longos, aromticos, cujo corte transversal

mostra-se triangular, ao contrrio das demais espcies, cujos frutos observados foram

ovados e com corte transversal arredondado a ovado. Assim como nos frutos, as sementes

so pouco utilizadas na identificao das espcies, e caracteriza-se por serem minsculas e

muito numerosas como nos representante da famlia como um todo.

13

14

Chave de identificao para as espcies de Orchidaceae do municpio de Morro do

Chapu, Bahia, Brasil.

1. Caule cilndrico, linear ou inconspcuo

2. Ervas com crescimento monopodial, razes isoladas, emergindo ao longo do caule

3. Spalas laterais 54,0 9,0 mm, spala mediana 48,0 8,0 mm, ptalas 50,0 18,0

mm...............................................................................................Vanilla palmarum (29.1)

3`. Spalas laterais 1,6-3,4 0,5-1,0 mm, spala mediana 1,5-3,4 0,5-1,1 mm, ptalas

1,1-3,0 0,4-1,0 mm.

4. Folhas 1,42,3 0,1 cm, subuladas, membranceas, pice agudo................................

..................................................................................Campylocentrum aciculatum (06.1)

4`. Folhas 3,58,2 1,11,3 cm, oblongas a ovadas, suculentas, pice emarginado ........

................................................................................Campylocentrum micranthum (06.2)

2`. Ervas com crescimento simpodial, razes aglomeradas, emergindo abaixo do caule

5. Folhas isoladas ou alternas espiraladas

6. Razes delgadas, pednculo inconspcuo a 6,7 cm de compr.

7. Pedicelo incluindo o ovrio 53,0-105,0 mm de compr. ............................................

....................................................................................... Brassavola tuberculata (04.1)

7`. Pedicelo inconspcuo a 27,0 mm de compr. incluindo o ovrio

8. Folha elptica, pice obtuso

9. Spalas e ptalas purpura, ptalas com pice agudo fimbriado, labelo fimbriado

................................................................................... Anathallis paranaensis (02.1)

9`. Spalas e ptalas alaranjadas, ptalas com pice obtuso inteiro, labelo sem

fmbrias................................................................................Anathallis rubens (02.2)

8`. Folha linear, oblonga ou lanceolada, pice agudo ou retuso

10. Ptalas inteiras; calcar ausente

11. Ervas 29,0-33,0 cm de compr.; caule 11-14-foliado; folhas 2,83,2 0,30,4

cm, membranceas; spalas e ptalas membranceas ........... Isochilus linearis (17.1)

11`. Ervas 6,9-25,0 cm de compr.; caule 1-foliado; folha 5,318,9 0,50,6 cm,

suculenta; spalas e ptalas suculentas

12. Erva rupcola; spalas alaranjadas; spalas laterais unidas na base; polnias 2.

.....................................................................................Acianthera ochreata (01.1)

12`. Erva epfita; spalas amareladas com listras vermelhas; spalas laterais

separadas; polnias 8 .............................................. Octomeria hatschbachii (19.1)

14

15

10`. Ptalas bipartidas; calcar 6,0-13,0 0,5-1,4 mm

13. Ptalas 11,0 3,0 mm; lobos laterais do labelo 90 com lobo mediano...........

............................................................................. Habenaria fluminensis (15.1)

13`. Ptalas 3,5-4,4 1,5-2,1 mm; lobos laterais do labelo 45 ou menos de 45

com lobo mediano

14. Lobos laterais do labelo 1,1 0,4 mm ............ Habenaria josephensis (15.2)

14`. Lobos laterais do labelo 2,0-5,2 0,3-0,6 mm

15. Ptalas bipartidas, lobo anterior 3,5-4,5 mm de compr., lobo posterior 1,2-

2,1 mm de compr. .................................................... Habenaria parviflora (15.3)

15`. Ptalas bipartidas, lobo anterior 5,4 mm de compr., lobo posterior 1,7

mm de compr. ......................................................... Habenaria aff. repens (15.4)

6`. Razes suculentas, pednculo mais de 17,0 cm de compr.

16. Spalas laterais pilosas, labelo trilobado com calosidade membranosa.............

........................................................................................Pelexia orthosepala (22.1)

16`. Spalas laterais glabras, labelo inteiro sem calosidade

17. Inflorescncia 15-30 flores, labelo 4,0-4,5 2,0-2,5 mm, coluna com

projeo membranosa.................................................. Prescottia montana (24.2)

17`. Inflorescncia com mais de 30 flores, labelo 1,32,7 0,81,7 mm, coluna

sem projeo

18. Raque 17,9-28,9 cm de compr., spalas ovadas .............................................

............................................................................. Prescottia leptostachya (24.1)

18`. Raque 6,5 cm de compr., spalas oblongas.......Prescottia oligantha (24.3)

5`. Folhas alternas dsticas

19. Folhas suculentas, inflorescncia com keikis, pednculo 9,2-164,1 cm de compr.

20. Labelo inteiro ......................................................Epidendrum orchidiflorum (12.3)

20`. Labelo trilobado

21. Flores vinceas no verso e esverdeadas na frente....... Epidendrum warasii (12.5)

21`. Flores com verso de cor semelhante frente

22. Erva 220,0-305,0 cm de compr., labelo sem calosidade ......................................

.....................................................................................Epidendrum cristatum (12.2)

22`. Erva 20,0-178,0 cm de compr., labelo com calos denticulares

23. Flores alaranjadas a avermelhadas, labelo fimbriado .......................................

............................................................................Epidendrum cinnabarinum (12.1)

5

23`. Flores lilases, labelo sem fmbrias.................... Epidendrum secundum (12.4)

1

16

19`. Folhas membranceas a cartceas, inflorescncia sem keikis, pednculo ausente

ou inconspcuo

24. Folhas reticuladas, inflorescncia com 15-22 flores; labelo suculento, piloso

...........................................................................................Epistephium lucidum (13.1)

24`. Folhas paralelinerveas, inflorescncia com 1 flor; labelo membranceo, glabro ...

...................................................................................................Sobralia sessilis (27.1)

1`. Pseudobulbos cnicos, ovados, cilndricos, fusiformes, elpticos

25. Inflorescncia saindo da base do pseudobulbo.

26. Pseudobulbo 1-foliado ou afilo durante a florao

27. Labelo inteiro

28. Ervas 31,0-83,4 cm de compr.; folhas ausentes durante a florao; labelo bran

com listras vinceas............................................................... Galeandra beyrichii (14

28`. Ervas 4,6-15,5 cm de compr.; folhas presentes durante a florao; labelo bran

a esverdeado ou creme

29. Inflorescncia com 3 flores; spalas laterais separadas; labelo com 2 cal

carnosos arredondados .......................................................Capanemia therasiae (07

29`. Inflorescncia com mais de 30 flores; spalas laterais unidas; labelo se

calosidade................................................................................Notylia pubescens (18

27`. Labelo trilobado

30. Folha verde com mculas mais claras; spalas laterais separadas na base ...........

..........................................................................................Oeceoclades maculata (20

30`. Folha verde sem mculas; spalas laterais unidas na base

31. Pseudobulbos ovados

32. Folha oblonga; labelo com lobos laterais auriculados, lobo mediano pandura

.........................................................................................Oncidium barbatum (21

32`. Folha subulada; labelo com lobos laterais obovados, lobo mediano reniform

................................................................................. Trichocentrum cebolleta (28

31`. Pseudobulbos ovide-tetrgonos ou cnico-tetrgonos

33. Folha ovada, coricea; labelo piloso ..................... Bifrenaria tyrianthina (03

33`. Folha oblonga, suculenta; labelo glabro

34. Labelo com fmbrias; ptalas com margem fimbriada...................................

...............................................................................Bulbophyllum plumosum (05

34`. Labelo sem fmbrias; ptalas com margem serreada

co

.1)

co

os

.1)

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.1)

do

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16

17

35. Erva rupcola ou terrestre, 24,0-98,1 cm de compr.; spalas laterais glabras;

labelo com calosidade carnosa linear, lobos laterais ovados, lobo mediano

arredondado a ovado; coluna com projeo linear...................................................

.............................................................................Bulbophyllum exaltatum (05.1)

35`. Erva epfita, 17,0-20,0 cm de compr.; spalas laterais pilosas; labelo sem

calosidade, lobos laterais auriculados, lobo mediano cnico; coluna com

projeo fusiforme .................................................. Bulbophyllum manarae (05.2)

26`. Pseudobulbos 2-10-foliados durante a florao

36. Pseudobulbos cnicos ou fusiformes, com ou sem brcteas paleceas

37. Folhas ovadas; labelo sem calosidade; 2 antenas.............Catasetum hookeri (08

37`. Folhas lanceoladas; labelo com calosidade verrucosa; antenas ausentes

38. Pseudobulbo ca. de 20,8 cm de compr.; inflorescncia com 13-15 flores........

.........................................................................................Cyrtopodium eugenii (10

38`. Pseudobulbo 45,8-72,0 cm de compr.; inflorescncia com mais de 30 flores

39. Erva epfita; spalas amareladas pintalgadas de vinceo; labelo amarelo co

detalhes vermelhos, lobo mediano reniforme....Cyrtopodium saintlegerianum (10

39`. Erva terestre; spalas esverdeadas; labelo amarelo, lobo mediano retangular

...............................................................................Cyrtopodium polyphyllum (10

36`. Pseudobulbos ovados, com brctea folicea.

40. Labelo inteiro, sem calosidade................................. Rodriguezia obtusifolia (26

40`. Labelo trilobado, com calosidade

41. Ervas 13,0-18,6 cm de compr. ........................................Oncidium hookeri (21

41`. Ervas 65,2-130,1 cm de compr.

42. Spalas amarronzadas; ptalas amarronzadas; labelo amarelo com marge

amarronzada, lobo mediano losangular ....................... Oncidium gravesianum (21

42`. Spalas amarelas pintalgadas de castanho; ptalas amarelas pintalgadas

castanho; labelo amarelo, lobo mediano reniforme

43. Folhas 28,2-33,2 0,8-1,6 cm; flores com verso pintalgado de castanh

lobo mediano do labelo 10,0-11,0 12,0-16,0 mm ....... Oncidium blanchetii (21

43`. Folhas 13,5-19,7 1,2-2,5 cm; flores com verso de cor semelhante fren

lobo mediano do labelo 12,0-19,0 20,0-31,0 mm ...... Oncidium varicosum (21

25`. Inflorescncia terminal ao pseudobulbo.

44. Pseudobulbos cilndricos; folhas elpticas, pice obtuso

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7

1

18

45. Spalas e ptalas rosa suavemente pintalgadas de rosa mais escuro; lobos laterais

do labelo auriculados .......................................................Cattleya amethystoglossa (09.3)

45`. Spalas e ptalas esverdeadas a acastanhadas ou avermelhadas; lobos laterais do

labelo ovados

46. Pednculo 13,319,5 cm de compr., brcteas do pednculo lanceoladas ..............

......................................................................................................Cattleya tenuis (09.1)

46`. Pednculo 37,2-40,5 cm de compr., brcteas do pednculo ovadas .......................

................................................................................................. Cattleya elongata (09.2)

44`. Pseudobulbos elpticos, ovados ou cnicos; folhas oblongas, pice obtuso a agudo

47. Labelo inteiro

48. Erva epfita ca. de 6,0 cm de compr.; flores ressupinadas; spalas e ptalas

violetas, spalas laterais e mediana oblongas....................... Isabelia violacea (16.1)

48`. Erva rupcola 16,0-26,7 cm de compr.; flores no ressupinadas; spalas e

ptalas verdes, spalas laterais e mediana lanceoladas .............................................

......................................................................................Prosthechea moojenii (25.1)

47`. Labelo trilobado

49. Labelo com calosidade verrucosa, lobos laterais abertos; coluna sem projeo..

...................................................................................... Polystachya concreta (23.1)

49`. Labelo sem calosidade, lobos laterais dobrados sobre a coluna; coluna com

projees em forma de gancho

50. Erva 38,5-47,7 cm de compr.

51. Folhas com face adaxial verde e abaxial vincea; flores esverdeadas;

inflorescncia com 3-7 flores, pednculo ca. de 25,930,4 cm de compr.; labelo

branco com mancha rosada.....................................Encyclia kundergraberi (11.2)

51`. Folhas com face adaxial e abaxial verde; flores amareladas manchadas de

marrom; inflorescncia com 9 flores, pednculo 15,518,0 cm de compr.; labelo

amarelado............................................................................ Encyclia patens (11.4)

50`. Erva 73,6-130,0 cm de compr.

52.; Spalas e ptalas verdes; labelo branco suavemente tracejado de vinceo ....

................................................................................Encyclia alboxanthina (11.1)

52`. Spalas e ptalas amareladas manchadas de vinceo; labelo branco

fortemente tracejado de vinceo ................................. Encyclia oncidioides (11.3)

8

1

19

01. ACIANTHERA Scheidw.

A subtribo Pleurothallidinae sofreu uma reorganizao dos gneros a ela atribudos

baseada em dados moleculares (Pridgeon et al. 2001). As espcies brasileiras do gnero

Pleurothallis R. Br. foram transferidas para os gneros Acianthera, Anathallis Barb. Rodr.,

Pabstiella Brieger & Senghas (como Antheron), Phloeophila Hoehne & Schltr.,

Pleurothallopsis Porto & Brade e Stelis Sw. (Pridgeon & Chase 2001). Barros (2002;

2005) props ainda outras mudanas para os gneros Acianthera, Anathallis, Pabstiella e

Specklinia Lindl., considerando algumas falhas nomenclaturais no trabalho de Pridgeon &

Chase (2001).

01. 1. Acianthera ochreata (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase subsp. ochreata, Lindleyana

16 (4): 245. 2001.

Pleurothallis ochreata Lindl., Edwards's Bot. Reg. 21: sub t. 1797. 1835.

Figura 6 a1-a10

19

Erva rupcola, 6,925,0 cm de compr, crescimento simpodial. Razes delgadas,

cilndricas, aglomeradas, emergindo abaixo do caule. Caule ca. de 5,0 cm de compr., 0,2

cm de dim., areo, cilndrico, 1-foliado, com brcteas paleceas. Folha paralelinervea,

5,318,9 0,50,6 cm, isolada, oblonga, face adaxial e abaxial verde sem mculas,

suculentas, pice agudo, base angustada, presente durante a florao. Inflorescncia

terminal ao caule, pendente, sem keikis, 1013 flores; pednculo 3,07,4 cm de compr.,

alaranjado; brcteas do pednculo 23, 3,07,0 mm de compr., oblonga, membrancea,

pice agudo, base truncada; raque 2,34,8 cm compr.; brctea floral 2,05,0 mm compr.,

rmbica, membrancea, pice agudo, base truncada. Flores no ressupinadas, face dorsal

de cor semelhante face ventral; pedicelo inconspcuo. Spalas alaranjadas, suculentas,

margem inteira, pice agudo; laterais 6,0 1,52,0 mm, lanceoladas, unidas na base

truncada, glabras; mediana 5,06,0 1,31,5 mm, lanceolada, base truncada. Ptalas 2,5

3,0 1,01,1 mm, inteiras, alaranjadas, oblongas, suculentas, margem inteira, pice agudo

inteiro, base truncada. Labelo trilobado, alaranjado, suculento, glabro, sem calosidade, sem

fmbrias; lobos laterais 1,32,0 0,30,5 mm, auriculados, dobrados, 90 com lobo

mediano; lobo mediano 1,02,0 1,01,3 mm, arredondado; calcar ausente. Coluna 2,4

3,0 0,91,0 mm, sem projees, ereta, superfcie ventral depressa; antena ausente. Antera

20

0,50,6 0,40,6 mm, com apndice apical; polnias 2, iguais, laminares. Fruto 1,6 0,5

cm, sem incluir rudimentos florais.

Material examinado: BA-052, 3.IV.1976, fl., G. Davidse et al. 11928 (HB); Buraco do

Possidnio, 5.III.2008, fl., C. A. Bastos 139 (HUEFS); Cachoeira do Ferro Doido,

20.III.2004, fl., D. T. Cruz 13 (HUEFS); 6.V.2007, fl., C. A. Bastos 7 (HUEFS); Estrada

para Bonito, 4.III.2008, fl., C. A. Bastos 125 (HUEFS); Estrada para Utinga, 3.III.1977, fl.,

R. M. Harley 19332 (CEPEC, HB, KEW, MBM, NYBG, SPF); 30.V.1980, fl. e fr., R. M.

Harley 22783 (CEPEC, SPF); Fazenda P de Serra, 7.IX.2006, fr., J. L. Ferreira et al 47

(HUEFS); Gruta da Boa Esperana, 14.XI.2008, fr., C. A. Bastos & J. B. Pinto 277

(HUEFS); Morro, 7.II.1973, fl., A. P. Duarte 14102 (HB); 15.I.1977, fl., G. Hatschbach

39646 (MBM); 26.VI.1996, fl., R. M. Harley 3180 (CEPEC, HUEFS); 9.VIII.2003, fl., P.

L. Ribeiro 23 (HUEFS); 16.II.2004, fl., G. Pereira-Silva 8461 (HUEFS); 19.III.2004, fl.,

D. T. Cruz 7, 8 (HUEFS); 28.I.2005, fl., J. Paula-Souza et al. 4774 (MBM); 5.V.2007, fl.,

C. A. Bastos 1, 2 (HUEFS); Serra da Boa Esperana, 31.III.1991, fl., A. M. Miranda et al.

237 (ESA); Sem local, 7.II.1973, fl., A. P. Duarte 14102 (HB); 19.XI.1986, fl., L. P. de

Queiroz 1288 (HUEFS); 14.III.1995, fl., L. P. de Queiroz 4279 (HUEFS).

Esta espcie foi originalmente descrita no gnero Pleurothallis em 1835. Alm da

Bahia, conhecida dos estados de Pernambuco (Pabst & Bungs 1975; Borba et al. 2000;

Borba et al. 2002), Minas Gerais (Borba et al. 2000) e Paraba (Borba et al. 2002). Ocorre

na Bahia na Serra das Almas, Serra do Curral Feio, Serra do Rio de Contas, Serra do

Sincor e Morro do Chapu (Harley & Mayo 1980), alm de ter sido registrada nos

afloramentos rochosos de campos rupestres dos municpios de Jacobina (Toscano de Brito

& Cribb 2005), Mucug (Harley & Simmons 1986; Azevedo & van den Berg 2007),

Palmeiras (Toscano de Brito 1998; Conceio & Giulietti 2002; Conceio & Pirani 2005;

Conceio et al. 2007), Lenis (Toscano de Brito 1998) e Rio de Contas (Toscano de

Brito 1995; Toscano de Brito & Cribb 2005).

No municpio de Morro do Chapu amplamente encontrada nos campos rupestres

em grandes populaes a pleno sol. Encontrada com flor em praticamente todos os meses

do ano.

20

Recentemente, foi descrita uma subespcie, a A. ochreata subsp. cylindrifolia

Borba & Semir, levando-se em considerao suas folhas cilndricas sulcadas e sua

ocorrncia apenas na cadeia do Espinhao em Minas Gerais, alm de diferenas qumicas

que a separa de A. ochreata subsp. ochreata (Borba et al. 2002), a qual considerada aqui.

21

02. ANATHALLIS Barb.Rodr.

02.1. Anathallis paranaensis (Schltr.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 17 (2): 100.

2002.

Pleurothallis paranaensis Schltr., Notizbl. Bot. Gart. Berlin-Dahlem 7 (66): 274-275.

1918.

Figura 6 b1-b7

Erva epfita, ca. de 4,0 cm de compr., crescimento simpodial. Razes delgadas,

cilndricas, aglomeradas, emergindo abaixo do caule. Caule ca. de 0,6 cm de compr., ca. de

0,1 cm de dim., areo, cilndrico, 1foliado, sem brcteas paleceas. Folha paralelinrvea,

2,0 0,6 cm, isolada, elptica, face abaxial verde e adaxial vincea sem mculas,

suculentas, pice obtuso, base angustada, presente durante a florao. Inflorescncia

terminal ao caule, ca. de 0,85 cm de compr., ereta, sem keikis, 2 flores; pednculo

inconspcuo, cor no visualizada; brctea do pednculo 1, inconspcua, ovada a lanceolada,

membrancea, pice agudo, base truncada; raque 0,45 cm de compr.; brctea floral no

visualizada. Flores ressupinadas, face dorsal mais escura que face ventral; pedicelo

inconspcuo. Spalas purpura, membranceas, margem inteira, pice agudo; laterais 3,0

0,6 mm, lanceoladas, unidas na base truncada, glabras; mediana 3,2 0,9 mm, lanceolada,

base truncada. Ptalas 2,0 0,05 mm, inteiras, purpura, linear, membrancea, margem

inteira, pice agudo fimbriado, base truncada. Labelo inteiro, 2,6 1,5 mm, prpuro,

membranceo, glabro, sem calosidade, fimbriado; lobos laterais indiferenciado; lobo

mediano indiferenciado; calcar ausente. Coluna 3,2 1,9 mm, sem projeo, ereta,

superfcie ventral depressa; antena ausente. Antera no visualizada. Fruto no visualizado.

Material examinado: Morro, 9.VIII.2003, fl., P. L. Ribeiro et al. 29 (HUEFS).

Esta espcie foi descrita em 1918, a partir de coleta do Paran (Toscano de Brito &

Cribb 2005). conhecida dos estados do Rio de Janeiro, Paran, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul (Pabst & Dungs 1975) e na Bahia h registros em Mucug e Rio de Contas

(Toscano de Brito & Cribb 2005). No municpio de Morro do Chapu, foi encontrada

como epfita em rvores apenas em mata de groto em rea de altitude superior a 900 m.

Encontrada com flor no ms de outubro.

21

similar a Anathallis microphyta (Barb. Rodr.) C.O.Azevedo & Van den Berg

(Toscano de Brito & Cribb 2005; Azevedo & van den Berg 2007), a qual foi,

recentemente, incorporada ao gnero Anathallis (Azevedo & van den Berg 2005) e difere

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desta, segundo Azevedo & van den Berg (2007), por apresentar bainhas caulinares glabras

com stio inteiro e flores fasciculadas e ssseis sobre os caules secundrios.

02.2. Anathallis rubens (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16 (4): 250. 2001.

Pleurothallis rubens Lindl., Edwards's Bot. Reg. 21(32): 1797. 1836.

Figura 6 c1-c7

Erva rupcola, 20,233,9 cm de compr., crescimento simpodial. Razes delgadas,

cilndricas, aglomeradas, emergindo abaixo do caule. Caule 1,43,8 cm de compr., 0,2 cm

de dim., areo, cilndrico, 1foliado, com brctea palecea. Folha paralelinrvea, 5,27,8

1,51,8 cm, isolada, elptica, face adaxial e abaxial verde sem mculas, suculentas, pice

obtuso, base angustada, presente durante a florao. Inflorescncia terminal ao caule,

pendente, sem keikis, com mais de 30 flores; pednculo 5,86,7 cm de compr., cor no

visualizada; brcteas do pednculo 47, 4,05,0 mm de compr., oblongas, membranceas,

pice pungente, base truncada; raque 11,812,4 cm de compr.; brctea floral 3,0 mm de

compr., rmbica, membrancea, pice pungente, base truncada. Flores ressupinadas, face

dorsal de cor semelhante face ventral; pedicelo incluindo o ovrio 2,0 mm de compr.

Spalas alaranjadas, membranceas, margem inteira, pice agudo; laterais 6,2 1,5 mm,

lanceoladas, unidas na base truncada, glabras; mediana 6,0 1,5 mm, lanceolada, base

truncada. Ptalas 3,2 1,0 mm, inteiras, alaranjadas, oblongas, membranceas, margem

inteira, pice obtuso inteiro, base truncada. Labelo trilobado, alaranjado, membranceo,

glabro, sem calosidade, sem fmbrias; lobos laterais 2,0 0,5 mm, rmbico, erguido, mais

de 90 com lobo mediano; lobo mediano 1,8 1,4 mm, pandurado; calcar ausente. Coluna

2,4 0,6 mm, com projeo membranosa, encurvada, superfcie ventral depressa; antena

ausente. Antera no visualizada. Fruto 1,9 0,4 cm incluindo rudimentos florais.

Material examinado: Estrada para Utinga, 30.V.1980, fr., R. M. Harley 22800 (CEPEC);

Morro, 7.IV.2008, veg., C. A. Bastos & C. van den Berg 165 (HUEFS); 26.IV.1999, fl., A.

M. Amorim et al. 2999 (CEPEC).

22

Esta espcie foi descrita em 1836 a partir de material tipo de So Joo del Rey,

Minas Gerais (Toscano de Brito & Cibb 2005). No Brasil ocorre nos estados da Bahia,

Pernambuco, Rio de Janeiro, So Paulo, Paran, Rio Grande do Sul e Minas Gerais (Pabst

& Dungs 1975). Na Chapada Diamantina ocorre em Abara (Toscano de Brito & Queiroz

2003), Palmeiras (Toscano de Brito 1998) e Rio de Contas (Toscano de Brito 1995). Em

23

Morro do Chapu foi encontrada em reas de campo rupestre, vegetando em afloramentos

rochosos, e com flores entre abril e maio. So plantas com flores que assumem colorao

avermelhada medida que secam.

03. BIFRENARIA Lindl.

03.1. Bifrenaria tyrianthina (Loudon) Rchb.f., Xenia Orchid. 1 (61): 223. 1858.

Bifrenaria magnicalcarata (Hoehne) Pabst, Bradea 2 (14): 86. 1976.

Figura 7 a1-a7

Erva rupcola, 3141,5 cm de compr., crescimento simpodial. Razes delgadas,

cilndricas, aglomeradas, emergindo abaixo do pseudobulbo. Pseudobulbos 78 cm de

compr., 1,32,0 cm de dim., areos, cnicos-tetrgonos, 1foliados, com brcteas

paleceas. Folha paralelinrvea, 17,523,0 5,76,3 cm, isolada, ovada, face adaxial e

abaxial verde sem mculas, coricea, pice agudo, base angustada, presentes durante a

florao. Inflorescncia saindo da base do pseudobulbo, pendente, sem keikis, ca. de 2

flores; pednculo 8,310,0 cm de compr., cor no visualizada; brcteas do pednculo 34,

ca. de 30,0 mm de compr., oblongas, paleceas, pice agudo, base truncada; raque 7,69,9

cm de compr.; brctea floral 17,020,0 mm de compr., lanceolada, palecea, pice agudo,

base truncada. Flores ressupinadas, face dorsal de cor semelhante face ventral; pedicelo

incluindo o ovrio 40,060,0 mm de compr. Spalas purpura, cartceas, margem inteira,

pice obtuso acuminado; laterais 38,0 21,0 mm, oblongas, unidas na base truncada,

glabras; mediana 39,0 26,0 mm, oblonga, base truncada. Ptalas 31,0 19,0 mm,

inteiras, purpura, ovadas, cartceas, margem suavemente crenada, pice obtuso, base

truncada. Labelo trilobado prpuro, coriceo, piloso, com calosidade linear, sem fmbrias;

lobos laterais 23,0 8,0 mm, auriculados, suavemente dobrado para dentro, 90 com lobo

mediano; lobo mediano 1,5 1,9 mm, lunado; calcar 37,0 5,0 mm, cilndrico. Coluna

16,0 6,0 mm, sem projees, suavemente encurvada, superfcie ventral depressa; antena

ausente. Antera no visualizada. Frutos no visualizados.

Material examinado: Morro, 11.XI.2001, fl., E. L. Borba 2068 (HUEFS); Sem local,

30.XI.1980, fl., A. Furlan 293 (KEW, SPF).

3

Foi descrita em 1850 no gnero Lycaste Lindl., sendo transferida para o gnero

Bifrenaria em 1854. Nativa dos campos rupestres brasileiros, ocorre na Bahia, Minas

Gerais, So Paulo (Koehler & Amaral 2004), Esprito Santo e Rio de Janeiro (Pabst &

2

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Dungs 1977). Habita os campos rupestres das pores mineira e baiana da Cadeia do

Espinhao (Castro Neto & Campacci 2006), sendo encontrada na Chapada Diamantina nos

municpios de Abara, Ibicoara, Morro do Chapu, Palmeiras (Toscano de Brito & Cribb

2005) e Rio de Contas (Toscano de Brito 1995; Toscano de Brito & Cribb 2005).

Foi encontrada em Morro do Chapu em afloramentos rochosos de campo rupestre.

Floresce no ms de setembro.

Pabst (1976) elevou uma das variedades de B. tyrianthina para o nvel de espcie

(B. magnicalcarata (Hoehne) Pabst). Em reviso completa do gnero Koehler & Amaral

(2004) indicaram que esta variante nada mais que uma das muitas formas de B.

tyrianthina, delimitao seguida por Castro Neto & Campacci (2006) e Toscano de Brito &

Cribb (2005). Bifrenaria tyrianthina comumente confundida com B. harrisoniae (Hook.)

Rchb.f., mas pode ser distinguida dela por apresentar viscidium inteiro e coluna paralela ao

labelo, alm de B. harrisoniae ter uma distribuio mais ampla que B. tyrianthina (Koehler

& Amaral 2004).

04. BRASSAVOLA R.Br.

04.1. Brassavola tuberculata Hook., Bot. Mag. 56: t. 2878. 1829.

Figura 7 b1-b8

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Erva rupcola, 17,532,3 cm de compr., crecimento simpodial. Razes delgadas,

cilndricas, aglomeradas, emergindo abaixo do caule. Caule 2,310,5 cm de compr., 0,3 cm

de dim., areo, cilndrico, 1foliado, com brcteas paleceas. Folha paralelinrvea, 15,0

22,0 0,5 cm, isolada, cilndrica, face adaxial e abaxial verde sem mculas, suculentas,

pice agudo, base truncada, presente durante a florao. Inflorescncia saindo da base do

caule, pendente, sem keikis, 23 flores; pednculo 1,62,2 cm de compr., cor no

visualizada; brcteas do pednculo 1, 4,06,0 mm de compr., rmbica, membrancea,

pice agudo, base truncada; raque 8,08,6 cm de compr.; brctea floral 1,04,0 mm de

compr., lanceolada, membrancea, pice agudo, base truncada. Flores ressupinadas, face

dorsal de cor semelhante face ventral; pedicelo incluindo o ovrio 53,0105,0 mm de

compr. Spalas amareladas, suculentas, margem inteira, pice agudo; laterais 31,0 6,0

mm, lanceoladas, separadas, base truncada, glabras; mediana 36,0 6,0 mm, lanceolada,

base truncada. Ptalas 34,0 5,0 mm, inteiras amareladas, lanceoladas, suculentas,

margem inteira, pice agudo, base truncada. Labelo inteiro, 30,0 27,0 mm, branco com

fundo amarelo, membranceo, glabro, sem calosidade, sem fmbrias; lobos laterais

2

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indiferenciados; lobo mediano indiferenciado; calcar ausente. Coluna 12,0 3,0 mm, com

projees auriculares, prostrada, superfcie ventral depressa; antena ausente. Antera no

visualizada. Fruto no visualizado.

Material examinado: Cachoeira Pedro Bravo, 5.III.2008, fl., C. A. Bastos 154 (HUEFS).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Mucug, Parque Municipal de Mucug,

26.XI.2002, fl., C. Azevedo & R. Oliveira 165 (HUEFS).

Essa espcie foi descrita em 1829, com base em material coletado na regio de

Botafogo, Rio de Janeiro (Toscano de Brito & Cribb 2005). No Brasil h registros para

Minas Gera