a expansão da pecuária e a guerra dos bárbaros

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 HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE EM HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE EM  RESUMO RESUMO Contextualização histórica: A expansão da pecuária e guerra dos bárbaros Organizador: Francimar de Araújo Galvão (Bacharel em História) A R A R ECONSTRUÇÃO ECONSTRUÇÃO  D A D A C APITANIA APITANIA O legado do domínio holandês no Rio Grande do Norte foi altamente negativo. Enquanto, em Pernambuc o, sede do govern o hol and ês, eles dei xar am uma marca positiva graças à iniciativa do Conde Mauricio de Nassau, no te rr it ór io poti guar, eles se destac ar am como promotores de massacres e destruição. Com a expulsão dos flamengos em 1654, os colonos por tugu eses ti veram qu e en fr entar o desafio de reconstruir as capitanias do Nordeste. No Rio Grande do Norte, coube a Antonio Vaz Gondim a tarefa de iniciar a obra restau rad ora . Poi s, foi o pri mei ro cap itão-mor nomeado para gover nar este quin hão após o domínio holandês. Durante suas administrações fez trabalhos de re paração na fortaleza dos Re is Magos, concedeu sesma ria s, nomeou aux ili are s, ati van do por tod os os meios a recolonização do território que a guerra havia devastado. A E A E XPANSÃO XPANSÃO P ECUÁRIA ECUÁRIA DO D O N ORDESTE ORDESTE Ao lo ng o do século XVI, os coloniz ad ores portugueses consolidaram a indústria açucareira, da qual o Nordeste foi a região que mais se adaptou àquele tipo de ati vid ade eco nômica . Ve rda de é que , ao ter min ar aquele século, “a produção de úcar muito provavelmente superava os dois milhões de arrobas”. Os engenhos de cana-de-açúcar, assim como a população que vivia à sua volta, eram grandes consumidores de carne bovina. Por conse gui nte, a cri açã o de gad o era uma atividade indi spensáve l e comp leme ntar à cult ura açuc arei ra. No entanto, não podi a subt rair terras aos canaviais. Por isso, a medida que os rebanhos de gado cres ciam, aumentavam os conf litos entr e faze ndeir os e senhores de engenho. A solução encontrada pelo governo metropolitano foi afastar os rebanhos de gado para as vastidões do sertão habi tado pela popu lação indí gena. Uma carta régia de 1701 estabeleceu o limite mínimo de dez léguas da costa, a partir da qual era permitida a criação de gado. Foi em conseqüência desta política de penetração dos sertões que se realizou, nos séculos XVII e XVIII, o ciclo do gado. Foi em função dessa atividade caracteristicamente extens iva que sur gir am gra ndes latifúndios nos sertões nordestinos. Des de os pr ime iros momen tos da col oni zaç ão ocor reram resist ênci as por parte dos nativos contra a entrada dos colonizadores em seu habitat natural. Ao ver seus rios, suas mat as, seu s val es e mananc iai s serem ocu pados pelo homem bran co, os ind ígena s reagi ram heroicamente. O S C ARIRIS ARIRIS O interior das terras nordestinas era ocupado por muitas tri bos tapuias designadas sob a denominação ge ri ca de cari ri s que cobr iam enorme área ho je comp reen dida em terr itório s da Bahia , Pernambuco, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. “...eram de baixa estatura, cor acobre ada, na ri z grosso, rosto redondo e cabeça chata, tipo ainda hoje da maioria dos sertanejos dos estados nordestinos”. O S S J  J ANDUIS ANDUIS Es se s, fo ram ta lvez , os in ge na s que ma is resistiram aos port ug ue se s durante a gu erra do s bárbaros. Uma das descrições mais remotas sobre esta tribo afirma que “estes bárbaros homens (...) alegram-se muito quando vêem a lua nova porque são muito amigos de novidades. Con tam o tempo pel as lua s e tem seus agouros bas ead os no can tar das ave s, gru nhi do dos bichos. Desde menino, os machos se martirizam, furando os beiços da parte debaixo e metem neste furo, um pedaço de pau ou de pedra da grossura de um dedo”. A G A G UERRA UERRA  DOS D O S B ÁRBAROS ÁRBAROS A rebelião dos tap uia s, comumente conhec ida como a Guerra dos Bárbaros, foi uma longa e resistente lu ta dese nvolvida en tr e os ín dios ta puias e os colonizadores da região, que trouxe como resultado, para o col oni zador, a aprop ria ção das ter ras do nordeste brasileiro. O movimento que persistiu durante mais de vinte anos (de 1687 a 1697, o auge, e mais brando até 1700) ati ngi a as áreas das cap itanias nordestinas. O maior centro de resistência da rebelião se localizava nos ser tõe s da Paraí ba, Cear á e Rio Gran de do Norte . A reb eli ão que teve ini cio na cap itania do Rio Gr and e durant e a admini str ação de Pas coa l Gonça lves, foi o ac onte ci ment o de maior import ânci a ocor ri do na capitania nos últimos do século XVII. A A A A Ç Ã O Ç Ã O  DE DE B ERNARDO ERNARDO V V IEIRA IEIRA  D E D E M E L O ELO Foi nessa conjuntura de crise que entrou em cena a fi gura de Be rnardo Vieira de Melo. Na opinião de Câmara Cas cud o, Ber nar do Vie ira “fo i o ver dad eir o pac ificador da gue rra dos índ ios , a con fe deraçã o dos cariris que ensopara de sangue e cobrira de ruínas toda a cap itania . Era be nqu ist o e os ind íge nas tin ham ne le inteira confiança, vendo-o como defensor de seus direitos

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5/12/2018 A expans o da pecu ria e a guerra dos b rbaros - slidepdf.com

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HISTÓR IA DO R IO GRANDE DO NORTE EMHISTÓR IA DO R IO GRANDE DO NORTE EM RESUMORESUMO

Contextualização histórica: A expansão da pecuária e guerra dos bárbarosOrganizador: Francimar de Araújo Galvão (Bacharel em História)

A RA R E C O N S T R U Ç Ã OE C O N S T R U Ç Ã O   D AD A CC A P I T A N I AA P I T A N I A

O legado do domínio holandês no Rio Grande doNorte foi altamente negativo. Enquanto, em Pernambuco,

sede do governo holandês, eles deixaram uma marca

positiva graças à iniciativa do Conde Mauricio de Nassau,no território potiguar, eles se destacaram como

promotores de massacres e destruição.Com a expulsão dos flamengos em 1654, os colonos

portugueses tiveram que enfrentar o desafio dereconstruir as capitanias do Nordeste. No Rio Grande do

Norte, coube a Antonio Vaz Gondim a tarefa de iniciar a

obra restauradora. Pois, foi o primeiro capitão-mornomeado para governar este quinhão após o domínioholandês. Durante suas administrações fez trabalhos de

reparação na fortaleza dos Reis Magos, concedeusesmarias, nomeou auxiliares, ativando por todos os

meios a recolonização do território que a guerra haviadevastado.

A EA E X P A N S Ã OX P A N S Ã O PP E C U Á R I AE C U Á R I A

D OD O NN O R D E S T EO R D E S T E

Ao longo do século XVI, os colonizadoresportugueses consolidaram a indústria açucareira, da qualo Nordeste foi a região que mais se adaptou àquele tipo

de atividade econômica. Verdade é que, ao terminaraquele século, “a produção de açúcar muito

provavelmente superava os dois milhões de arrobas”. Osengenhos de cana-de-açúcar, assim como a população que

vivia à sua volta, eram grandes consumidores de carnebovina. Por conseguinte, a criação de gado era uma

atividade indispensável e complementar à culturaaçucareira. No entanto, não podia subtrair terras aos

canaviais. Por isso, a medida que os rebanhos de gadocresciam, aumentavam os conflitos entre fazendeiros e

senhores de engenho. A solução encontrada pelo governometropolitano foi afastar os rebanhos de gado para as

vastidões do sertão habitado pela população indígena.Uma carta régia de 1701 estabeleceu o limite mínimo de

dez léguas da costa, a partir da qual era permitida acriação de gado. Foi em conseqüência desta política de

penetração dos sertões que se realizou, nos séculos XVII e

XVIII, o ciclo do gado. Foi em função dessa atividadecaracteristicamente extensiva que surgiram grandes

latifúndios nos sertões nordestinos.

Desde os primeiros momentos da colonizaçãoocorreram resistências por parte dos nativos contra a

entrada dos colonizadores em seu habitat natural. Ao verseus rios, suas matas, seus vales e mananciais serem

ocupados pelo homem branco, os indígenas reagiramheroicamente.

OO SS CC A R I R I SA R I R I S

O interior das terras nordestinas era ocupado por

muitas tribos tapuias designadas sob a denominaçãogenérica de cariris que cobriam enorme área hoje

compreendida em territórios da Bahia, Pernambuco,Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. “...eram de

baixa estatura, cor acobreada, nariz grosso, rostoredondo e cabeça chata, tipo ainda hoje da maioria dos

sertanejos dos estados nordestinos”.

OO SS J J A N D U I SA N D U I S

Esses, foram talvez, os indígenas que maisresistiram aos portugueses durante a guerra dos

bárbaros. Uma das descrições mais remotas sobre esta

tribo afirma que “estes bárbaros homens (...) alegram-semuito quando vêem a lua nova porque são muito amigos

de novidades. Contam o tempo pelas luas e tem seusagouros baseados no cantar das aves, grunhido dos

bichos. Desde menino, os machos se martirizam, furandoos beiços da parte debaixo e metem neste furo, um pedaço

de pau ou de pedra da grossura de um dedo”.

A GA G U E R R AU E R R A   D O SD O S BB Á R B A R O SÁ R B A R O S

A rebelião dos tapuias, comumente conhecida

como a Guerra dos Bárbaros, foi uma longa e resistenteluta desenvolvida entre os índios tapuias e os

colonizadores da região, que trouxe como resultado, parao colonizador, a apropriação das terras do nordeste

brasileiro. O movimento que persistiu durante mais devinte anos (de 1687 a 1697, o auge, e mais brando até

1700) atingia as áreas das capitanias nordestinas. O

maior centro de resistência da rebelião se localizava nossertões da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. A

rebelião que teve inicio na capitania do Rio Grandedurante a administração de Pascoal Gonçalves, foi o

acontecimento de maior importância ocorrido na

capitania nos últimos do século XVII.

A AA A Ç Ã OÇ Ã O   D ED E BB E R N A R D OE R N A R D O

VV I E I R AI E I R A   D ED E MM E L OE L O

Foi nessa conjuntura de crise que entrou em cena a

figura de Bernardo Vieira de Melo. Na opinião deCâmara Cascudo, Bernardo Vieira “foi o verdadeiropacificador da guerra dos índios, a confederação dos

cariris que ensopara de sangue e cobrira de ruínas toda acapitania. Era benquisto e os indígenas tinham nele

inteira confiança, vendo-o como defensor de seus direitos

5/12/2018 A expans o da pecu ria e a guerra dos b rbaros - slidepdf.com

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violados pelos soldados e sesmeiros ambiciosos etruculentos”. Visando à pacificação da capitania,

Bernardo Vieira tomou muitas medidas importantes.Uma delas se concretizou em abril de 1696 quando foi

fundado o arraial de Nossa Senhora dos Prazeres, hojecidade de Açu.

Fim

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