a evolução dos vegetais terrestres

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As plantas terrestres, que tiveram como predecessores as algas verdes, ocorrem de variadas maneiras, demonstrando uma evolução funcional e reprodutiva. Há dois pontos fundamentais para a compreensão dos diferentes grupos de plantas terrestres: o desenvolvimento de estruturas contra o ressecamento e a redução da fase gametofitica das plantas (a fase em que se produz gametas) para a fase esporofítica (a fase em que produz esporos). Dentre as algas há os dois tipos de ciclos reprodutivos, com fases de vida alternando-se, ora a fase que se encontra na natureza é a esporofitica, ora é a gametofitica, mas o que se mostra mais comum é a fase gametofítica ser a perene e a esporofitica ser a transitória, com ambos os indivíduos vivendo separadamente, inclusive criando dificuldades para se compreender corretamente o ciclo de vida. A diferença entre Esporo e Gameta reside no fato do esporo poder germinar diretamente (como num caso de reprodução assexuada), enquanto o gameta necessita de outro gameta para completar seu ciclo de vida (nota: o esporo pode sofrer meiose e gerar gametas, dependendo do ciclo de vida do vegetal, caso das angiospermas).Os principais grupos de plantas que ocorrem no meio terrestre são os musgos ( Briophyta), as samambaias (Pteridophyta), os pinheiros (nome genérico da classe Gimnospermae) e as plantas com frutos (classe Angiospermae). As grandes diferenças entre estes quatro grupos de plantas residem nos seguintes elementos que serão detalhados a seguir: Briófita - estas plantas seriam as primeiras que teriam surgido no ambiente terrestre e até hoje são pouco especializadas contra a dessecação, necessitando viver em ambientes com bastante umidade (próximos a cursos d'água ou em lugares sombreados). Elas também não apresentam estruturas que as protejam contra o excesso de sol como cutícula sobre as células epidérmicas e estômatos funcionais. Há orifícios sem um forte controle de abertura e fechamento, que permitem as trocas gasosas. Não existem vasos condutores de seiva (xilema e floema) e, por isso, estes vegetais não conseguem alcançar grandes alturas. As briófitas apresentam apenas um caule funcionalmente bastante ativo e estruturas semelhantes a raízes (rizóides) e folhas (filídeos). Além disto as briófitas apresentam alternância de gerações com predomínio da fase gametofitica sobre a esporofitica, sendo a esporofitica dependente da gametofítica. Pteridófita - as pteridófitas (samambaias, cavalinhas, licopódios) tiveram um grande avanço em relação aos musgos, porque já apresentam vasos condutores de seiva, que lhes permitem alcançar maiores dimensões e também ocupar novos nichos antes não explorados, distantes das fontes de água. Apresentam estômatos bem desenvolvidos e estruturas de sustentação do vegetal como fibras e lignina. A lignina (substância fenólica) representou uma novidade evolutiva para os vegetais terrestres, presente tanto em pteridófitas como gimnospermas e angiospermas, pois sua capacidade de sustentação é bem maior que da celulose. Nas Pteridófitas o ciclo de vida altera-se para que a fase esporofítica tome-se predominante em relação à fase gametofitica, o que se manterá nos grupos subseqüentes (gimnospermas e angiospermas). As pteridófitas já apresentam raízes, caules e folhas funcionais (folhas de dois tipos: macrófilas e macrófilas), mas ainda não possuem flores, frutos e sementes.

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As plantas terrestres, que tiveram como predecessores as algas verdes, ocorremde variadas maneiras, demonstrando uma evolução funcional e reprodutiva. Há doispontos fundamentais para a compreensão dos diferentes grupos de plantas terrestres: odesenvolvimento de estruturas contra o ressecamento e a redução da fase gametofiticadas plantas (a fase em que se produz gametas) para a fase esporofítica (a fase em queproduz esporos).

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Page 1: A Evolução Dos Vegetais Terrestres

As plantas terrestres, que tiveram como predecessores as algas verdes, ocorremde variadas maneiras, demonstrando uma evolução funcional e reprodutiva. Há doispontos fundamentais para a compreensão dos diferentes grupos de plantas terrestres: odesenvolvimento de estruturas contra o ressecamento e a redução da fase gametofiticadas plantas (a fase em que se produz gametas) para a fase esporofítica (a fase em queproduz esporos). Dentre as algas há os dois tipos de ciclos reprodutivos, com fases devida alternando-se, ora a fase que se encontra na natureza é a esporofitica, ora é agametofitica, mas o que se mostra mais comum é a fase gametofítica ser a perene e aesporofitica ser a transitória, com ambos os indivíduos vivendo separadamente,inclusive criando dificuldades para se compreender corretamente o ciclo de vida.

A diferença entre Esporo e Gameta reside no fato do esporo poder germinardiretamente (como num caso de reprodução assexuada), enquanto o gameta necessita deoutro gameta para completar seu ciclo de vida (nota: o esporo pode sofrer meiose egerar gametas, dependendo do ciclo de vida do vegetal, caso das angiospermas).Osprincipais grupos de plantas que ocorrem no meio terrestre são os musgos ( Briophyta),as samambaias (Pteridophyta), os pinheiros (nome genérico da classe Gimnospermae) eas plantas com frutos (classe Angiospermae). As grandes diferenças entre estes quatrogrupos de plantas residem nos seguintes elementos que serão detalhados a seguir:

Briófita - estas plantas seriam as primeiras que teriam surgido no ambiente terrestre eaté hoje são pouco especializadas contra a dessecação, necessitando viver em ambientescom bastante umidade (próximos a cursos d'água ou em lugares sombreados). Elastambém não apresentam estruturas que as protejam contra o excesso de sol comocutícula sobre as células epidérmicas e estômatos funcionais. Há orifícios sem um fortecontrole de abertura e fechamento, que permitem as trocas gasosas. Não existem vasoscondutores de seiva (xilema e floema) e, por isso, estes vegetais não conseguemalcançar grandes alturas. As briófitas apresentam apenas um caule funcionalmentebastante ativo e estruturas semelhantes a raízes (rizóides) e folhas (filídeos). Além distoas briófitas apresentam alternância de gerações com predomínio da fase gametofiticasobre a esporofitica, sendo a esporofitica dependente da gametofítica.

Pteridófita - as pteridófitas (samambaias, cavalinhas, licopódios) tiveram um grandeavanço em relação aos musgos, porque já apresentam vasos condutores de seiva, quelhes permitem alcançar maiores dimensões e também ocupar novos nichos antes nãoexplorados, distantes das fontes de água. Apresentam estômatos bem desenvolvidos eestruturas de sustentação do vegetal como fibras e lignina. A lignina (substânciafenólica) representou uma novidade evolutiva para os vegetais terrestres, presente tantoem pteridófitas como gimnospermas e angiospermas, pois sua capacidade desustentação é bem maior que da celulose. Nas Pteridófitas o ciclo de vida altera-se paraque a fase esporofítica tome-se predominante em relação à fase gametofitica, o que semanterá nos grupos subseqüentes (gimnospermas e angiospermas). As pteridófitas jáapresentam raízes, caules e folhas funcionais (folhas de dois tipos: macrófilas emacrófilas), mas ainda não possuem flores, frutos e sementes.

Page 2: A Evolução Dos Vegetais Terrestres

Gimnospermas - envolvendo grande número de espécies fósseis e os atuais pinheiros,este grupo de plantas notabilizou-se pela grande porte de seus indivíduos e pelosurgimento das sementes, apesar de ainda não haver flores e frutos. O nomeGimnosperma significa "sementes nuas", porque a semente não possui a cobertura dofruto. O fruto adquire duas funções principais: proteger a semente da predação deherbívoros e permitir sua dispersão para pontos distantes da planta-mãe. No caso dasgimnospennas isto não ocorre, apenas a proteção é dada pela casca da semente e suadispersão é pelo vento ( há o caso da gralha-azul que dispersa as sementes do pinheiro-do-paraná, Araucaria angustifolia, que as enterra para depois se alimentar, contudo paramuitas sementes esquece o local e então a semente germina, sendo este caso umaexceção à regra). Há pouco tempo atrás os estróbilos ou pinhas de gimnospermas eramconsiderados flores, mas esta idéia atualmente está descartada, porque estróbilos sãoconjuntos de folhas (esporófilos), que portam esporângios (umas que produzemesporos), mas sem estruturas estéreis como as sépalas e pétalas. O surgimento dasemente (estrutura que comporta o embrião e tecidos de nutrição e de proteção)representou um grande avanço evolutivo, porque permitiu que a planta-mãe exercessemaior poder de proteção junto à prole, além de permitir maior dispersão por efeito deagentes dispersores como água e vento. A semente é o resultado da fecundação dogameta feminino das plantas (oosfera) pelo grão- de- pólen e da divisão celular pormitose do megásporo (esporo da série feminina) em endosperma e oosfera (veremosmais adiante a explicação destes termos na reprodução vegetal).

Page 3: A Evolução Dos Vegetais Terrestres

- - -grande adaptação ao ambiente terrestre. Mas o que fez as angiospermas chegarem a esteapogeu foi a co-evolução com os diferentes grupos animais tanto para a polinizaçãocomo para dispersão das sementes (vide Síndromes da Polinização e dispersão deDiásporos) e a presença de sementes. Fato é que as sementes já haviam surgido com asgimnospermas, mas a semente das angiospermas apresenta dupla fecundação, o que nãoocorre nos pinheiros. A dupla fecundação ocorre quando o grão- de- pólen presente nasanteras da flor de uma angiosperma deposita-se sobre o estigma de um ovário de outraflor da mesma espécie. Isto se chama polinização. Se não houver incompatibilidadeentre o estigma e o grão-de-pólen, este iniciará seu percurso até chegar ao óvulopresente no ovário da flor receptora. No óvulo da flor receptora haverá a oosfera,gameta feminino, e dois núcleos polares, células haplóides resultantes da mitos e de ummegásporo. O grão-de-pólen, que já sofreu meiose, resultará por mitose em duas célulashaplóides ou células geradoras. Uma destas células-geradoras irá fecundar a oosfera, doque resultará o embrião. A outra célula-geradora do grão- de- pólen fecundará os doisnúcleos polares presentes no óvulo da outra flor, originando um tecido triplóide denutrição, o chamado Endosperma. O endosperma é vital para a sobrevivência doembrião antes de sua germinação, porque será fonte alimentar para ele. A duplafecundação é exclusiva das Angiospermas. Utilizamos do endosperma na nossaalimentação, porque as sementes que consumimos (arroz, feijão, trigo, soja) possuemendosperma, fonte rica de carbohidratos, proteínas e lipídeos.

Dentre as angiospermas há dois grandes grupos: as dicotiledôneas e asmonocotiledôneas. Estes nomes derivam das folhas presentes no embrião, antes mesmoda germinação e que recebem o nome de folhas cotiledonares ou cotilédones. Asdicotiledôneas possuem dois cotilédones no embrião, enquanto as monocotiledôneasapresentam apenas uma folha. Exemplos de dicotiledôneas: feijão, mandioca, soja,ervilha, tomate, quiabo, alface, pimentão e berinjela. Exemplos de monocotiledôneas:arroz, trigo, cevada, milho, aveia, centeio, gengibre e banana

http://biologiacesaresezar.editorasarai va.com. br/navitacontent /userF iles/F ile/BiologiaCesar Sezar/BI02 398.jpg, acessado em 02/10/2008

Page 4: A Evolução Dos Vegetais Terrestres

Antera(em corte)

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nl.Editora\,..-\: Saraiva

Oosfera(n)

Núcleospolares

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