a evolucao animica - parte 1

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  • 8/14/2019 A Evolucao Animica - Parte 1

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    A EVOLUO ANMICA

    (Parte 1)

    De Gabriel Delanne

    1. Introduo - O estudo do Espiritismo pode dividir-se em duas partes distintas: 1 a. Anlise dos fatos concernentes aoestabelecimento de comunicaes entre os vivos e os chamados mortos; 2 a. Exame das teorias elaboradas por esses ditos

    mortos. A caracterstica deste nosso fim de sculo o Autor refere-se ao sculo XIX uma evoluo radical de idias.Homens de alta envergadura cientfica, embora partindo do materialismo, lograram convencer-se de que o niilismointelectual a mais balofa das utopias. (Pg. 11)

    2. Podemos afirmar hoje que a sobrevivncia e a imortalidade do ser pensante so verdades demonstradas com evidnciainconfundvel. O Espiritismo chegou justo na sua hora. Debalde tentaram, no comeo, combater pelo sarcasmo a novadoutrina, porque a alma afirmou-se viva depois da morte, merc de manifestaes tangveis que a ningum lcitocontestar, sob pena de insistir na pecha, alis justa, de ignorante ou preconceituoso. (Pg. 12)

    3. Como os ridculos lanados sobre ele foram incuos, os negativistas mudaram de ttica, pretendendo triunfar da novacincia por meio da conjurao do silncio. A despeito das numerosas investigaes realizadas por fsicos e qumicosemritos, a cincia oficial fechou ouvidos e olhos aos fatos que desmentiram suas asseres, e fez constar que o

    Espiritismo estava morto. (Pg. 12)4. Essa , contudo, uma iluso que importa desfazer, pois que o Espiritismo afirma-se mais do que nunca florescente.Iniciado com as mesas girantes, o fenmeno atingiu propores extraordinrias, respondendo a todas as crticas por meiode fatos peremptrios e demonstrativos da falsidade de quantas hipteses imaginaram-se para explic-lo. (Pg. 12)

    5. teoria dos movimentos espontneos e inconscientes, preconizada por Babinet, Chevreul, Faraday, os Espritosopuseram o movimento de objetos inanimados a se deslocarem sem contacto visvel, como atesta o relatrio da SociedadeDialtica de Londres. Para destruir o argumento predileto dos incrdulos a alucinao , as entidades do espaoconsentiram em fotografar-se. E foi possvel tambm obter-se moldes dos membros de um corpo fludico temporariamenteformado, e logo desaparecido, provas que subsistem, como documentao autntica da realidade das aparies. (Pg. 13)

    6. Entrementes, os Espritos davam a medida do seu poder sobre a matria, produzindo a escrita revelia de todos osmeios conhecidos e transportando atravs de paredes, em ambientes fechados, objetos materiais. E davam, enfim, provasde sua inteligncia e personalidade, tendentes a demonstrar que tiveram existncia real na Terra. (Pg. 13)

    7. Muito se disse e se escreveu contra o Espiritismo, mas todos que ho tentado destru-lo s conseguiram revigor-lo eengrandec-lo no batismo da crtica. O fato esprita conquistou adeptos em todas as classes sociais. Na Frana, Alemanha,Inglaterra, Rssia, Itlia, Amrica do Norte, sbios ilustres deram a essas pesquisas um carter to rigorosamente positivoque j se no pode hoje recusar a autoridade de suas afirmaes, mil vezes repetidas. (Pg. 13)

    8. Na hora atual, nenhuma escola filosfica pode fornecer explicao adequada aos fatos, fora do Espiritismo. Tesofos,ocultistas, magos e evocadores diversos em vo tentaram explicar os fenmenos, atribuindo-os a entidades imaginrias,ditas Elementais ou Elementares, cascas astrais ou inconsciente inferior. Tudo hipteses irresistveis a um exame srio,

    porque no abrangem todas as experincias e s complicam a questo, sem necessidade. A sobrevivncia do ser pensanteimps-se, desprendida de todas as escrias; o grande problema do destino humano est resolvido; rasgou-se o vu damorte. No vamos, pois, reexaminar aqui todas as provas que possumos da sobrevivncia. Nosso objetivo , nesta obra,estudar o Esprito encarnado, tendo em vista os ensinos espritas e as ltimas descobertas da cincia. (Pg. 14)

    9. O ensino dos Espritos foi, como sabemos, coordenado com superioridade de vistas e lgica irrefragvel por AllanKardec. Da, o tomarmo-lo por guia neste sucinto resumo. A alma, ou Esprito, o princpio inteligente do Universo.Indestrutvel, no lhe conhecemos a essncia ntima, mas somos obrigados a reconhecer-lhe a existncia distinta. O

    princpio inteligente, do qual emanam todas as almas, inseparvel do fluido universal, ou por outra da matria sobsua forma original, primordial. Todos os Espritos so, pois, qualquer que seja seu grau evolutivo, revestidos de uminvlucro invisvel, intangvel e impondervel: o perisprito. (Pg. 15)

    10. O perisprito to eterizado que a alma no poderia atuar sobre a matria sem o concurso de uma fora, a que seconveio em chamar fluido vital. A finalidade da alma o desenvolvimento de todas as faculdades a ela inerentes. Paraconsegui-lo, ela obrigada a encarnar grande nmero de vezes na Terra. mediante uma evoluo ininterrupta, a partirdas formas de vida mais rudimentares, at `a condio humana, que o princpio pensante conquista lentamente a suaindividualidade. As reencarnaes constituem, dessarte, uma necessidade inelutvel do progresso espiritual. (Pg. 16)

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    11. Criados iguais, todos temos as mesmas dificuldades a vencer, as mesmas lutas a sustentar, o mesmo ideal a atingir: afelicidade perfeita. Somos o rbitro soberano de nossos destinos; cada encarnao condiciona a que lhe sucede e, maugrado a lentido da marcha ascendente, eis-nos a gravitar incessantemente para as alturas radiosas. (Pg. 17)

    12. Esta obra tem um duplo objetivo. Em primeiro lugar, visa demonstrar que a doutrina est concorde com as modernasteorias cientficas; e, em segundo lugar, objetiva tornar conhecido o papel fsico de um rgo essencial vida do corpo eda alma. No existe incompatibilidade entre as novas descobertas e a realidade dos Espritos, ou seja, a existncia decriaturas revestidas de um invlucro material pode conceber-se naturalmente. Esperamos que deste trabalho ressalte aconvico de que o Espiritismo uma verdade que nos faculta a chave daquilo que a cincia humana impotente, por sis, para descobrir. (PP. 19 a 21)

    13. A vida Existe uma diferena essencial entre as manifestaes da alma quando encarnada e as que ela prodigaliza nasua existncia incorprea, embora as faculdades do Esprito sejam sempre as mesmas. que, na Terra, o exerccio dessasfaculdades se subordina a condies orgnicas ligadas ao meio exterior e dele dependentes, ao passo que, no plano etreo,nenhum entrave lhe restringe o jogo das faculdades psquicas. (Pgs. 23 e 24)

    14. A vida ser, para ns, a caracterstica dos seres organizados que nascem, vivem e morrem. Atribuimo-la a umamodificao especial da energia: a fora vital, cuja presena haveremos de reconhecer, com os fisiologistas, sempre queverificarmos num ser o movimento reativo de excitao externa, isto , o fato de que esse ser irritvel. Segundo a nossaforma de ver, a vida s existe em funo da matria organizada, e impossvel fora descobri-la alhures. (Pg. 24)

    15. Podemos dizer, pois, sem paradoxo, que a alma no vivente porque seja mais e melhor: que ela tem existnciaintegral, visto que, no sendo organizada, no se submete morte. (Pg. 24)

    16. De acordo com os trabalhos mais recentes sobre o assunto, a vida de todos os seres resulta das relaes existentesentre a sua constituio fsica e o mundo exterior. O organismo preestabelecido, pois que provm dos ancestrais, porfiliao. A ao das leis fsico-qumicas, ao contrrio, varia segundo as circunstncias. A essa oposio de foras ClaudeBernard denomina conflito vital. (Pgs. 24 e 25)

    17. No , diz Claude Bernard, por uma luta contra as condies csmicas que o organismo se mantm e se desenvolve,mas ao contrrio por uma adaptao, um acordo. Esse conflito vital d origem a duas espcies de fenmenos: 1a. -Fenmenos de destruio orgnica, isto , de desorganizao ou desassimilao; 2a. - Fenmenos de criao orgnica,

    indiferentemente chamados organizao, sntese orgnica ou assimilao. (Pg. 25)

    18. A destruio orgnica determinada pela funo do ser vivente. Quando, no homem ou no animal, sobrevm ummovimento, parte da substncia ativa do msculo se destri ou se queima. Pode-se dizer, ento, que jamais a mesmamatria serve duas vezes vida. Essas combustes engendram o calor animal, produzem o cido carbnico que se exala

    pelos pulmes, alm de outros produtos eliminados por diferentes glndulas. O corpo gasta-se e sofre perda de peso. Essadestruio sempre devida a uma combusto ou a uma fermentao. (Pgs. 25 e 26)

    19. Os fenmenos de criao orgnica so atos plsticos, que se completam nos rgos em repouso e os regeneram. Areparao de nossos rgos e tecidos opera-se ntima, silenciosamente, fora de nossas vistas, enquanto os fenmenos dedestruio ou de morte vital saltam-nos aos olhos. Em todo o curso da existncia, essas destruies e criaes sosimultneas, conexas, inseparveis. (Pgs. 26 e 27)

    20. As propriedades gerais dos seres vivos, que os distinguem da matria bruta dos corpos inorgnicos, so quatro:organizao, gerao, nutrio e evoluo. Dessas quatro propriedades fundamentais a Cincia no explica claramenteseno uma: a nutrio, se bem que, ainda aqui, o fenmeno pelo qual as clulas selecionam no sangue os materiais quelhes so teis no est bem estudado. A organizao e a evoluo no podem, contudo, ser compreendidas s pelo jogo dasleis fsico-qumicas. Quanto reproduo, sua causa continua sendo um mistrio. (Pg. 27)

    21. Todos os seres vivos tm necessidade, para manter-se, das mesmas condies exteriores: umidade, calor, ar e umadeterminada composio qumica do ambiente. A gua, indispensvel na constituio do meio em que evolui o ser vivente,entra na composio dos tecidos. No homem, o coeficiente de gua contida no corpo de 90%. O ar, ou melhor, ooxignio que lhe compe a parte respirvel, necessrio maioria dos seres vivos, mesmo aos inferiores. O calor oterceiro elemento que entretm os corpos vivos. No pode a temperatura interna do organismo descer abaixo de 20 graus

    nem elevar-se acima de 45, para os humanos, e de 50, para as aves. (Pgs. 28 e 39)

    22. A Cincia denomina organismovivo tanto clula que compe os tecidos vegetais e animais, como a esses mesmosvegetais e animais. A clula, com efeito, um ser vivo: organiza-se, reproduz-se, alimenta-se e evolui, tal como o animalsuperior. Os corpos vivos no passam de associaes de clulas, idnticas em natureza e composio, que gozam, porm,

    II

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    de propriedades diferentes, conforme o lugar ocupado no organismo. (Pg. 29)

    23. O meio lquido que banha as clulas deve conter certas substncias indispensveis sua nutrio, a saber: 1 o. -Substncias nitrogenadas, nas quais entram nitrognio, carbono, oxignio e hidrognio as protenas. 2o. - Substnciasternrias, ou seja, compostas de carbono, oxignio e hidrognio os carboidratos e os lipdios. 3o. - Substnciasminerais, como os fosfatos, a cal, o sal etc. Essas trs espcies de substncias, quaisquer que sejam as formas de que serevistam, so indispensveis ao entretenimento da vida. Com elas o organismo fabrica tudo o que lhe aproveita vida docorpo. (N.R.: No se usa hoje o vocbulo azoto, substitudo por um outro bem conhecido - o nitrognio.)(Pg. 30)

    24. Deve-se assinalar que as aes fsicas ou qumicas em jogo so as mesmas que operam na natureza inorgnica. O quevaria so os processos postos em ao. Em todos os graus da escala dos seres vivos, as operaes de digesto e respiraoso as mesmas; o que difere so os aparelhos convocados a produzir tais resultados. Idntico tambm o modo dereproduo dos seres vivos, e essa notvel similitude de funcionamento orgnico prende-se circunstncia de deveremtodas as suas propriedades a um elemento comum o protoplasma, o contedo celular vivo, que constitui a parte essencialdas clulas e o agente de todas as reconstituies orgnicas, de todos os fenmenos ntimos de nutrio. (Pgs. 31 e 32)

    25. Todos esses fatos demonstram o grande plano unitrio da Natureza, cuja divisa unidade na diversidade, de sorte quedo emprego dos mesmos processos fundamentais resulta uma variao infinita, que estabelece a fecundidade inesgotveldas suas concepes, de par com a unidade da vida. (Pgs. 32 e 33)

    26. Tem a vida um modo especial de proceder, para manter o seu funcionamento; existe no ser organizado algo inexistentenos corpos inorgnicos, algo operante e que no s fabrica como repara os rgos. A esse algo chamamos fora vital. Essafora, que rege todos os fenmenos vitais, d irritabilidade s partes contrteis de animais e plantas, ou seja, a propriedadede serem afetadas pelos irritantes exteriores. (Pgs. 33 e 34)

    27. Tudo o que tem vida nasce, cresce e morre. Eis um fato geral que quase no padece exceo: dizemos quase porqueorganismos inferiores, como as moneras, que so uma simples clula, jamais se destroem, a no ser acidentalmente. (N.R.:Monera, ou monere: designao dada pelo naturalista alemo Ernest H. Haechel a organismos que ele idealizou e por ele

    considerados como o tipo mais primitivo de ser vivo.) Mas, por que se morre? Dizer que porque os rgos se gastam indicar apenas uma fase da evoluo. Desde, porm, que admitamos na clula fecundada uma certa quantidade de foravital, tudo se torna compreensvel. Acreditamos, pois, que haja uma certa quantidade de fora vital distribuda por todacriatura que surge na Terra; e, como a gerao espontnea no existe em nossa poca, por filiao que se transmite essafora, alis s manifesta nos seres animados. (Pgs. 35 a 37)

    28. No s na matria e no seu condicionamento que residem as propriedades da vida orgnica. H nela uma fora vitalrenovadora, pois o que caracteriza a vida a nutrio reparadora do dispndio. Quando a substncia do msculo operantese destri, a fora vital intervm para reconstituir o tecido, refazendo as clulas que o formam. Nisso est, precisamente, oque diferencia da matria bruta o ser animado. Na planta mais nfima existe alguma coisa mais que no mineral, e essacoisa no repara o corpo sempre nas mesmas condies. A refeco varia com a idade: integral na juventude, incompletana velhice, tende a diminuir, at que se extingue. (Pgs. 37 e 38)

    29. A fora vital que no deixa de ser uma modificao da energia universal no basta, porm, por si s, para explicara forma caracterstica dos indivduos e tampouco justificaria a hierarquia sistematizada de todos os rgos e sua sinergiaem funo de um esforo comum, visto serem eles ao mesmo tempo autnomos e solidrios. Neste ponto que se impe ainterveno do perisprito, isto , de um rgo que possua as leis organognicas, mantenedoras de fixidez do organismo,

    malgrado as constantes mutaes moleculares. (Pg. 38)

    30. Sabemos, por experimentaes espirticas, que os Espritos conservam a forma humana, no s por se apresentaremtipicamente assim, como tambm porque o perisprito encerra todo um organismo fludico-modelo, pelo qual a matria seh de organizar, no condicionamento do corpo fsico. Na formao da criatura vivente, a vida no fornece comocontingente seno a matria irritvel do protoplasma, matria amorfa, na qual impossvel distinguir o mnimo rudimentode organizao, o mais insignificante indcio do que venha a ser o indivduo. A clula primitiva absolutamente idnticaem todos os vertebrados. foroso admitir, portanto, a interveno de um novo fator que determine as condiesconstrutivas do edifcio vital. (Pg. 39)

    31. O perisprito contm o desenho prvio, a lei que servir de regra inflexvel ao novo organismo e que lhe assinar olugar na escala morfolgica, segundo o grau de sua evoluo. no embrio que se executa essa ao diretiva. (Pg. 39)

    32. No desenvolvimento do embrio, ensina Claude Bernard, vemos um simples esboo, precedente a toda e qualquerorganizao. Nenhum tecido ali se distingue. Toda a massa constitui-se de clulas plasmticas e embrionrias, mas nesse

    bosquejo est traado o desenho ideal de um organismo ainda invisvel. A idia diretriz dessa atuao vital dizessencialmente com o domnio da vida e no pertence qumica nem fsica. (Pg. 40)

    III

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    33. Tomemos, por exemplo, sementes de espcies variadas. Analisando-as quimicamente, no encontramos nelas a menordiferena em sua composio. Plantemo-las no mesmo terreno, e veremos cada qual submetida a uma idia diretivaespecial, diferente das demais. Durante a vida da planta, essa idia diretriz conservar a forma caracterstica da planta,renovar-lhe- os tecidos segundo o plano preconcebido e conforme o tipo que lhe foi assinado. Sendo a matria primriaidntica para todas as plantas, como idntica a fora vital para todos os indivduos, importa exista uma outra fora queorigine e mantenha a forma. Ao perisprito atribumos esse papel, tanto no reino vegetal, como no animal. (Pgs. 40 e 41)

    34. A irritabilidade, sinal distintivo de vida, pertence ao protoplasma celular. Na srie de seres que se ho escalonado damonera ao homem, a clula primitiva diversificou-se e especificou-se, de maneira que cada tecido evidenciou uma das

    propriedades desse protoplasma. Os atos e as funes vitais no pertencem, contudo, seno a rgos e aparelhos, ou seja,a conjuntos de partes anatmicas. A funo uma srie de atos ou fenmenos agrupados, harmonizados, colimando umresultado. A digesto, por exemplo, requer interveno de uma srie de rgos: boca, esfago, estmago, intestino etc.,

    postos em atividade para transformar os alimentos. O resultado entrevisto pelo Esprito constitui o lao e a unidade: elequem promove a funo e se vale para isso do duplo fludico, onde reside esse estatuto vital, indispensvel complexidadedas aes vitais. (Pgs. 41 a 43)

    35. Todas as molculas orgnicas, semelhantes entre si, realizam desse modo tarefas diferentes, segundo a colocao quetiverem no organismo. que a funo pertence a um conjunto e no s unidades que o compem. Esse conjunto resulta deuma lei que se liga sua prpria estrutura. (Pg. 44)

    36. Uma circunstncia capital, que no podemos esquecer, que todas as partes do corpo se transmudam sem cessar e,conquanto a renovao celular seja constante, as funes jamais se interrompem e a vida continua a engendrar osfenmenos de sua evoluo, graas existncia do perisprito. (Pgs. 44 e 45)

    37. O perisprito no concepo filosfica imaginada para dar conta dos fatos: um rgo indispensvel vida fsica,reconhecvel pela experimentao. Foi no estudo da materializao dos Espritos que o seu papel se revelou, pondo emdestaque suas propriedades funcionais. A vida psquica de todo ser pensante apresenta uma continuidade assecuratria desua identidade. Em que parte do ser reside essa identidade? Evidentemente, no Esprito, pois ele que sente e que quer. O

    perisprito representa nisso um grande papel, porque a renovao incessante das molculas e a conservao daslembranas indicam que as sensaes e os pensamentos no so registrados apenas no corpo fsico, mas tambm no que imutvel no invlucro fludico da alma. (Pgs. 46 a 48)

    38. Os fenmenos gerais da vida orgnica tm como regulador o sistema nervoso crebro-espinhal. Onde situar a sede daatividade psquica? A experincia fornece a respeito indicaes precisas. Tomemos qualquer vertebrado inferior, uma r

    por exemplo. Vemo-la saltar, coaxar, tentar fugir. Podemos, de chofre, suprimir essas manifestaes, bastando destruir, aestilete, o sistema nervoso central. Muda-se logo a cena. O animal que saltava e debatia-se tornou-se massa inerte, semmovimentos nem reflexos. Entretanto, o corao continua a bater e os nervos e msculos so excitveis pela eletricidade:os aparelhos e os tecidos esto vivos, salvo o aparelho central destrudo. Suprimiu-se o aparelho adequado smanifestaes intelectuais, o princpio inteligente no mais pode utiliz-lo, os fenmenos psquicos desapareceram. (Pgs.49 e 50)

    39. A influncia nervosa , pois, uma ao especial, um agente fisiolgico distinto de qualquer outro e que, por isso, difereda fora vital. Crookes e Albert de Rochas demonstraram experimentalmente a existncia dessa fora nervosa, que podeexteriorizar-se. (Pg. 51)

    40. Resumo a alma que condiciona, isto , modela o corpo, sob um plano preconcebido, tanto quanto o dirige pormeio do perisprito. A forma humana, ressalvadas as alteraes prprias da idade, conserva o seu tipo, apesar do afluxoincessante de matria que passa pelo corpo. O ser humano compe-se, pois, de trs elementos distintos: a alma com o seu

    perisprito, a fora vital e a matria. A fora vital representa a um duplo papel: d ao protoplasma suas propriedadesgerais, e ao perisprito o grau de materialidade necessria para que ele possa manifestar as leis que oculta. A vida resulta,

    portanto, evidente da unio da fora vital com o perisprito, dando aquela a vida propriamente dita, e este as leisorgnicas, concorrendo a alma com a vida psquica. (Pg. 52)

    41. Dos trs fatores citados, apenas um sempre e por toda parte idntico a vida. O Esprito, transitando pela matriavivente, desde as primitivas eras do mundo, conseguiu paulatinamente a transformao progressiva e aperfeioada.Cremos seja ele o agente da evoluo das formas orgnicas, e da a razo do perisprito, conservando-lhe as leis. (Pg. 53)

    42. Comparando-se a ao do perisprito sobre a matria do eletrom sobre a limalha de ferro, podemos fazer uma idiado seu modo operatrio. O corpo fsico seria o espectro magntico do perisprito. Da mesma forma que a ao magnticase mantm enquanto a corrente eltrica circula no eletrom, o corpo mantm-se vivo enquanto a fora vital continua asustent-lo. Se no eletrom uma fora impondervel (a eletricidade) determina por induo o nascimento de outra fora

    IV

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    impondervel (o magnetismo), com ao diretiva sobre a matria bruta, no ser vivente a fora vital age sobre o perispritoe este pode desenvolver suas propriedades, que so, como vimos, a formao e a reparao do corpo fsico. (Pgs. 54 e55)

    43. Alma e perisprito formam um todo indivisvel. O perisprito a idia diretora da estrutura orgnica. ele quearmazena, registra, conserva todas as percepes, volies e idias da alma. , enfim, o guardio fiel, o acervoimperecvel do nosso passado. Em sua substncia incorruptvel fixaram-se as leis do nosso desenvolvimento e por issoque nele que reside a memria. (Pg. 55)

    44. A alma jamais abandona seu invlucro fludico. Desde perodos multimilenares em que a alma iniciou as peregrinaesterrestres, sob as formas mais nfimas da criao, at elevar-se gradativamente s mais perfeitas, o perisprito no cessoude assimilar as leis que regem a matria. Existe, pois, unidade do princpio pensante no homem e no animal, mas no htransies bruscas entre um e outro. O homem no constitui um reino parte no seio da natureza e somente por meio deuma evoluo contnua, por esforos consecutivos, chega a atingir o ponto culminante na criao. (Pg. 56)

    45. A alma animal O problema da origem do homem na Terra difcil de abordar porque, situados num estgio decivilizao avanada, temos a impresso de que um abismo nos separa dos outros seres. O esplendor de nossos progressosmateriais no deve, porm, obscurecer nossa origem modesta. Ao lado da civilizao vegetam seres degradados que mal

    poderemos chamar homens. Entre os selvagens costuma dar-se preeminncia aos Diggers, ndios repelentes que habitamcavernas da Serra Nevada e so julgados pelos naturalistas mais fidedignos como inferiores ao orangotango. OsTarungares (Papuas da Costa Oriental) so de um selvagismo inaudito. Antropfagos inveterados, chegam por vezes a

    exumar cadveres a fim de os devorar. O Autor cita, ento, um nmero grande de tribos que impressionam por suaselvajaria e atraso: os Dokos da Abissnia; os Weddas do Ceilo; os Boschimans; os selvagens da baa de Motka; osKytches e os Latoukas da frica; os Aetas das Filipinas. (Pgs. 57 a 60)

    46. Darwin, na viagem do Beagle, chegou a espantar-se quando avistou os Fueguinos. Ao contemplar tais seres diz ele, difcil acreditar sejam nossos semelhantes e conterrneos... noite, cinco ou seis criaturas dessa espcie, nuas e malprotegidas das intempries de um clima horrvel, deitam-se no solo mido, encolhidas sobre si mesmas e confundidascomo verdadeiros brutos. (Pg. 60)

    47. Vemos com esses exemplos como insignificante a diferena entre o homem e o macaco. A histria natural e afilosofia revelam que, seja do ponto de vista fsico, seja do intelectual, no h diferena essencial. As diferenas existentesentre o mais inteligente dos animais o macaco e o mais embrutecido dos homens no passam de graduaes

    ascendentes de um mesmo princpio, que vai progredindo proporo que anima organismos mais desenvolvidos. (Pg.60)

    48. Vimos que os elementos componentes dos tecidos de todos os seres vivos so substancialmente idnticos nacomposio. A carne de um animal no se distingue da nossa. O esqueleto dos vertebrados no varia sensivelmente. Asimilitude dos organismos do homem e do animal tal que, por mais estranho que isso parea, poder-se-ia conceber umhomem viver com um corao de cavalo ou de cachorro. (N.R.: Embora tenha escrito esta obra em poca anterior aostransplantes de corao, Delanne est certo: o corao dos babunos j foi aproveitado em seres humanos.) (Pg. 61)

    49. Diariamente as descobertas dos naturalistas estabelecem sobre bases slidas esta verdade que Aristteles exprimiu: Anatureza no d saltos. Perptuas transies ocorrem entre os seres vivos. Do homem ao macaco, deste ao co, da ave aorptil, deste ao peixe, do peixe ao molusco etc., nenhuma passagem brusca. O que se d sempre uma degradao

    insensvel. Todos os seres se tocam, formam uma cadeia de vida que s nos parece interrompida porque desconhecemos asformas extintas ou desaparecidas. Certamente, qualquer pessoa saber distinguir um gato de uma roseira, mas,aprofundando sua anlise, ver que existem plantas, como as algas, que se reproduzem por meio de corpsculosagilssimos e animais que, no decurso de sua existncia, permanecem imveis, aparentemente insensveis. (Pg. 62)

    50. Ao homem impossvel viver de maneira diferente dos outros animais. O sangue lhe circula do mesmo jeito, o ar respirado nas mesmas propores. Os alimentos so da mesma natureza, transformados nas mesmas vsceras, mediante asmesmas operaes qumicas. O nascimento no lhe fenmeno particular. Nos primeiros perodos de vida, impossveldistinguir o embrio humano do canino. A monera que haja de produzir o rei da criao , originalmente, composta deum simples protoplasma, como a de qualquer vegetal. Em resumo: o homem em nada se distingue do animal e v atentativa de estabelecer uma linha divisria que lhe permita atribuir-se um lugar privilegiado na criao. (Pgs. 62 e 63)

    51. observando as manifestaes dos indivduos que podemos conhecer os fenmenos psquicos ocorrentes no seuntimo. Se ele executar atos inteligentes, concluiremos que possui uma inteligncia. Se tais atos forem da mesma ndoledos que observamos nos homens, deduziremos que essa inteligncia similar da alma humana, uma vez que, na criao,somente a alma dotada de inteligncia. (Pg. 63)

    V

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    52. Ora, como os animais possuem inteligncia, instinto e sensibilidade, e considerando o axioma que diz que todo efeitointeligente tem uma causa inteligente, podemos concluir que a alma animal da mesma natureza que a humana, apenasdiferenciada no desenvolvimento gradativo. O Autor relata, ento, diversos casos que evidenciam algumas faculdades dosanimais, tais como: ateno, julgamento, raciocnio, associao de idias, memria e imaginao. (Pgs. 63 a 65)

    53. Eis de forma resumida alguns desses casos: I Uma raposa que conduzia um ganso apresado, no conseguindo saltarum muro de 1m20, enfiou o bico do ganso numa frincha do muro, para depois peg-lo e seguir seu caminho. II Um ursodo Jardim Zoolgico de Viena, querendo colher um pedao de po que flutuava fora da jaula, teve a idia de revolver agua com a pata e formar assim uma corrente artificial. III Florens revela como dois ursos do Jardim das Plantas

    perceberam que os bolos que lhes haviam dado estavam envenenados. IV Um elefante, vendo que no podia captar umamoeda posta junto de uma muralha, ps-se a soprar e assim fez a moeda rolar at o ponto em que se encontrava. V Certa vespa transportava a carcaa de uma mosca quando notou que as asas presas carcaa dificultavam-lhe o vo. Elaento cortou as asas da mosca e librou-se mais facilmente com o despojo. VI Um canguru lanou-se ao mar paraescapar perseguio de um co. Feito isto, aguardou o inimigo que nadava ao seu encontro, agarrou-o e t-lo-ia afogado,se o dono no acudisse a socorr-lo. VII Torrebianca diz que os criados de sua casa assavam na lareira algumascastanhas, quando um macaco passou a cobi-las e, impaciente, no vendo como pesc-las sem queimar-se, atirou-se aum gato sonolento e, agarrando-lhe uma das patas, dela se serviu, guisa de basto, para tirar as castanhas do borralho.Aos miados desesperados do bichano, todos acorreram, enquanto algoz e vtima debandaram, uma com o seu furto e outrocom a pata queimada. (Pgs. 64 e 65)

    54. A curiosidade, diz Delanne, muito desenvolvida nos animais, mesmo nas espcies menos inteligentes, como ospeixes, os lagartos e as calhandras (espcie de cotovia). Ela cresce nos patos selvagens, nos cabritos monteses, nas vacas ese mostra irresistvel nos macacos, indiciando uma caracterstica da curiosidade humana, o desejo de compreender, de

    penetrar o sentido das coisas. O macaco possui a faculdade de exame atento, chegando mesmo a esquecer o alimento etudo que o rodeia quando busca examinar um objeto. (Pg. 66)

    55. O amor-prprio observado no co, no elefante e no cavalo de corrida, que suscetvel de emulao e experimenta oorgulho da vitria. sintomtico o caso deForsterque, depois de um longo perodo de invencibilidade, ao ver-se uma vezna iminncia de ser batido porElphant,j perto do poste de chegada, precipitou-se num salto desesperado e agarrou comos dentes o rival, no intuito de evitar uma derrota jamais conhecida. M. Romanes relata, a propsito, um fato interessante.Divertia-se seu co a caar moscas que pousavam na vidraa. Como muitas se escapassem, Romanes entrou a chacotear,esboando um sorriso irnico a cada insucesso. Foi quanto bastou para deixar envergonhado o co, que fingiu, de repente,ter apanhado uma mosca, esmagando-a de encontro ao solo. Romanes percebeu e, verberando-lhe a impostura, viu que o

    co saiu a ocultar-se sob os mveis, duplamente envergonhado. (Pgs. 66 e 67)

    56. Casos de imitao inteligente como o ato de abrir fechaduras, de tocar uma campainha, de abrir portas sotambm mencionados pelo Autor, envolvendo chimpanzs, cabras, gatos, ces e macacos. A faculdade de abstrair, ou seja,de tomar conhecimento dos objetos e determinar-lhes as qualidades sensveis, como a cor, a dureza, a espcie, tem sidoverificada tambm por diversos cientistas, como o naturalista Fisher que, por meio de engenhosas experincias, observouque os macacos mais inteligentes possuem a noo do nmero e sabem avaliar o peso dos objetos. No novidade, dizDelanne, que a pega (ave da famlia dos corvdeos) pode contar at cinco, pois quando os caadores so em nmero menorela no voa, at que eles se afastem. (Pgs. 67 e 68)

    57. Se a linguagem articulada apangio do homem, sabe-se que os animais da mesma espcie podem comunicar-se entresi. Darwin nota que nos ces domsticos temos o ladrido da impacincia, o da clera, o grunhido ou uivo desesperado do

    prisioneiro, o da alegria quando vai a passeio, e finalmente o da splica. incontestvel que animais como os elefantes, asformigas, os castores, os cavalos, se compreendem. Algumas vezes se vem as andorinhas deliberar antes de tomar umroteiro. As faculdades intelectuais tambm aumentam com exerccios reiterados, sobretudo nas espcies que mantmcontacto com o homem. (Pgs. 68 e 69)

    58. Se fizermos um confronto da suspenso do desenvolvimento da inteligncia humana e o que ocorre com os animais,ver-se- que a diferena no substancial. Quando a funo do esprito tolhida pela conformao defeituosa doorganismo, a alma s pode manifestar-se pelas formas rudimentares da inteligncia. A idiotia uma prova disso. Osidiotas completos so reduzidos ao automatismo: inertes, despidos de sensibilidade, falta-lhes at o instinto animal. Osidiotas de segundo grau tm instintos, mas a faculdade de comparar, julgar, raciocinar neles mais ou menos nula. Osimbecis so os que possuem instintos e determinaes raciocinadas, mas no podem elevar-se a noes quaisquer deordem geral ou superior, ficando mais ou menos nivelados aos animais. (Pgs. 69 e 70)

    59. Se tivermos bem de vista os fatos retrocitados, a respeito dos selvagens, compreenderemos melhor a marchaascendente do princpio pensante, a partir das mais rudimentares formas da animalidade, at atingir o mximo do seudesenvolvimento no homem. Os povos primitivos so vestgios que demonstram as fases do processo transformista, mastais seres que nos parecem to degradados so, ainda assim, superiores ao nosso ancestral da poca quaternria, o que nos

    VI

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    permite compreender que no existe diferena essencial entre a alma animal e a nossa. Os diversos graus observados nasmanifestaes inteligentes, medida que remontamos srie dos seres animados, so correlativos ao desenvolvimentoorgnico das formas. (Pgs. 70 e 71)

    60. Buffon adverte-nos que as aves representam tudo quanto se passa num lar honesto. Observam a castidade conjugal,cuidam dos filhos e o casal mostra-se valoroso at ao sacrifcio em se tratando de defender a prole. No h quem ignore ozelo da galinha na defesa dos pintainhos. O tigre, o lobo, o gato selvagem, embora ferozes, tm por suas crias o mais ternoafeto. Darwin, Brahm e Leuret citam a respeito exemplos curiosos. E Leuret afirma que um macaco, cuja fmea morrera,cuidava solcito do filhote esqulido e enfermo. noite, ele o tomava ao colo para adormec-lo e, durante o dia, no o

    perdia de vista um instante. (Pg. 71)

    61. Os casos seguintes atestam que o amor do prximo sentimento comum aos animais: I Uma bugia (cinocfalo,gnero de macacos de cabea semelhante do co), notvel por sua bondade, chegava a furtar e adotar cachorros e gatos

    pequenos, que lhe faziam companhia. Certa vez, um gatinho adotado arranhou-a. Ela, admirada com o fato, examinou-lheas patas e, de imediato, com os dentes, aparou-lhe as garras. II O sr. Ball relatou na RevueScientifique o caso de umco de fila salvo em um lago congelado por um terra-nova que, notando o seu desespero, decidiu ajud-lo. III SegundoDarwin, havia em Utah um velho pelicano completamente cego e alis muito gordo, que devia o seu bem-estar aotratamento e assistncia dos companheiros. IV O sr. Blyth afianou ao notvel naturalista ter visto corvos indgenasalimentando dois ou trs companheiros cegos. V O sr. Burton refere o caso curioso de um papagaio que tomara a seucargo uma ave de outra espcie, raqutica e estropiada, e a defendia de outros papagaios soltos no jardim. VI Revela osr. Gratiolet o caso de um cavalo do antigo regimento de Beauvilliers, o qual, devido idade, no mais podia mastigar ofeno e a aveia. Dois outros animais passaram, ento, a cuidar dele, retirando o feno da manjedoura e pondo-o sua frente,depois de mastigado, procedimento que repetiam com a aveia, depois de bem triturada. (Pgs. 71 a 73)

    62. O sentimento do belo, que muitos imaginam seja apangio da espcie humana, cultivado igualmente pelos animais.Existem aves femininas que so atradas pela beleza da plumagem dos machos, tanto quanto por seu canto melodioso.Romanes viu certa vez um galgo (co muito utilizado na caa s lebres) acompanhar certa cano com latidos brandos. Oco do professor Delboeuf acompanhava regularmente com a voz um contralto na ria de A Favorita. O asseio modalidade da esttica e podemos assinal-lo nas aves que limpam o ninho, nos gatos que fazem a sua toalete commincias e, principalmente, nos macacos. Refere Cuvier o curioso espetculo das macacas que conduzem as crias ao

    banho, as enxugam e secam, dispensando-lhes tempo e cuidados que muitas crianas invejariam. (Pg. 73)

    63. As aves jardineiras da Nova Guin, pssaros da famlia das paradseas, no se contentam com um simples ninho, pois

    constroem, fora da moradia ordinria, verdadeiras casas de recreio, que se tornam atestados de bom gosto. H cabanasque atingem dimenses considerveis. H uma espcie que constri sua casinha colorida de frutos e conchinhas e outras,como aAmblyornis inornata, que cercam suas casas de um jardinzinho artificial, feito com musgo disposto em tabuleirose decorado com flores constantemente renovadas, bem como frutos de matizes fortes, seixos e conchas brilhantes. (Pgs.73 e 74)

    64. Os sentimentos morais, como o remorso, o senso moral, a idia do justo e do injusto, encontram-se, pois, em grmenem todos os animais, demonstrando assim que no existe entre a alma do homem e a do animal mais que uma diferena degraus, tanto do ponto de vista moral, como do intelectual. O agente imortal que anima os seres sempre uno e nico.Manifestando-se de incio sob as mais rudimentares formas, vai aperfeioando-se pouco a pouco, ao mesmo passo que seeleva na escala dos seres. Nessa longa evoluo, desenvolve as faculdades latentes e as manifesta de modo mais ou menosidntico ao nosso, medida que se aproxima da Humanidade. (Pg. 74)

    65. Assevera o grande naturalista Agassiz: A gradao das faculdades morais, nos tipos superiores e no homem, toimperceptvel que, para negar aos animais uma certa dose de responsabilidade e conscincia, preciso exagerar, emdemasia, a diferena entre uns e outro. Com efeito, se o princpio inteligente que anima os seres inferiores fossecondenado a permanecer eternamente nessa condio, Deus no seria justo, porque estaria favorecendo o homem emdetrimento das outras criaturas. (Pg. 75)

    66. Os inmeros avatares, em milhares de organismos diferentes, devem dotar a alma de todas as foras que lhe hajam deservir mais tarde. Tm eles por objeto desenvolver o envoltrio fludico, dar-lhe a plasticidade necessria e fixar nele asleis cada vez mais complexas que regem as formas vivas. No foi o acaso que gerou as inumerveis espcies animais evegetais. A inteligncia, que tanto lutou para desprender-se de suas formas inferiores, guarda em si, ainda entorpecida pelaviagem atravs das formas subalternas, as impresses do instinto e v diminuir-se pouco a pouco o egosmo, pois que no

    reino animal a maternidade j havia implantado na alma o sentimento do amor. (Pgs. 75 a 77)

    67. O homem no , pois, um anjo decado, a lamentar a perda de um paraso imaginrio, nem carrega pecado originalalgum que o estigmatize desde o bero. Tampouco de outrem depende sua sorte. No preciso apelar ao milagre paraexplicar a criao. Basta observar as foras universais em sua constante atividade. As formas, to diversificadas dos seres

    VII

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    vivos, animais ou vegetais, so todas elas devidas a duas causas permanentes, que jamais deixaram de atuar e continuam amanifestar o seu poder: a influncia do meio e a lei de seleo, o que vale dizer: a luta pela vida. (Pg. 78)

    68. O solo, a atmosfera, a gua so povoados de seres vivos em nmero infinito. Por toda parte os seres vivos se tocam, secomprimem, se abraam, se alimentam uns dos outros. A fecundidade de algumas espcies impressiona a todos ns. O

    bacalhau, por exemplo, chega a produzir at 4.872.000 ovos. Uma pequena truta pe cerca de 6.000 ovos. No mundomicroscpico os nmeros so ainda mais impressionantes. Segundo Davaine, um simples pique inoculante de uma nica

    bactria pode, em 72 horas, determinar o nascimento de 71 milhes de indivduos. Cohn estimou que em cinco dias ooceano se repletaria com a prole de uma nica bactria, se as condies mesolgicas a isso se prestassem. (Pg. 80)

    69. As plantas oferecem-nos os mesmos exemplos de proliferao formidvel, embora grande parte de seus frutos perea. a lei inelutvel, porque em nosso orbe a evoluo se processa por meio de lutas renascentes. Seja ela surda e quaseimperceptvel, como no reino vegetal, ou seja ostensiva, como entre os grandes carnvoros, no deixa de operar incessante,em todos os graus da escala. Uma necessidade inelutvel combate a fecundidade pela destruio, e tudo isso redunda nasobrevivncia do mais apto a suportar a luta pela vida. (Pgs. 80 e 81)

    70. Desde o aparecimento do protoplasma no seio dos mares primitivos, desde que as primeiras mnadas manifestaramfenmenos vitais, essa luta jamais teve um hiato e prossegue, imperturbvel, no facetamento dos organismos com uma

    perseverana implacvel. dessa concorrncia encarniada que resultou a vitria dos mais aptos, dos mais robustos. Eforam esses esforos perptuos do ser, reagindo s influncias destrutivas no af de adaptar-se ao meio para lutar com osseus inimigos, que engendraram o progresso evolutivo das formas e das inteligncias. (Pg. 81)

    71. Podemos, ento, concluir com Darwin, dizendo: Assim que a guerra natural, a fome e a morte originam diretamenteo efeito mais admirvel que possamos conceber: - a formao lenta dos seres superiores. (Pg. 81)

    72. A teoria transformista leva-nos a compreender que os animais contemporneos no so mais que os ltimos produtosde uma elaborao de formas transitrias, desaparecidas na voragem dos tempos. por isso que todo animal que nasce,reproduz no incio de sua vida fetal todos os tipos anteriores pelos quais passou a raa, antes dele. (Pg. 82)

    73. A descendncia animal do homem impe-se, pois, com evidncia luminosa, a todo pensador imparcial. Somos,evidentemente, o ltimo ramo aflorado da grande rvore da vida. Do ponto de vista anmico, as manifestaes do Espritoem todos os seres so graduadas de modo a identificar uma progresso ascendente, que se acentua proporo que nosaproximamos da Humanidade. (Pg. 83)

    74. O perisprito e suas propriedades funcionais As leis que regem a evoluo atestam que nada aparece sbita eperfeitamente acabado. O sistema solar, o nosso planeta, os vegetais, os animais, a linguagem, as artes, as cincias so oresultado de longa e gradual ascenso, a partir das mais rudimentares formas. Lei geral e absoluta, dela no poderiaaberrar a alma humana e constituir uma exceo. (Pg. 85)

    75. O Sr. Dassier, que no admitia qualquer espcie de alma no homem e nos animais, no tardou a mudar de opinio, emface das inmeras manifestaes pstumas de animais, que se apresentavam sob as mesmas formas que tiveram na Terra.A chamada luz dica de Reichembach, o duplo fludico da vidente de Prvorst, o fantasma pstumo do Sr. Dassier, nadamais so que o perisprito. Tanto nos animais, como no homem, o princpio pensante sempre individualizado no fluidouniversal. (Pg. 87)

    76. Se o princpio inteligente do animal sobrevive, possvel se torna aplicar-lhe as mesmas regras aplicveis almahumana, que necessita da reencarnao para evolver. O princpio inteligente viria, assim, sucessivamente utilizarorganismos cada vez mais aperfeioados, medida que se tornasse mais apto a dirigi-los. Nossos cavalos domsticos observa Viana de Lima so capazes de reconhecer o almscar (odor muito ativo) dos inimigos de seus ancestrais,

    presente numa simples cama de palha. Como explicar o pavor que esses animais sentem numa situao assim? Seadmitirmos a existncia de um princpio inteligente no animal e que esse princpio se revista de um perisprito no qual searmazenem os instintos, as sensaes e a memria, tudo se torna compreensvel. (Pgs. 88 a 90)

    77. O Espiritismo, sem nada inventar, mostra-nos simplesmente que o perisprito real; que ele reproduz, fluidicamente, aforma corporal dos animais, e que se mantm estvel, a despeito do fluxo perptuo das molculas vivas, sendo assim oinstrumento no qual se incorporam os instintos e as modificaes da hereditariedade. Imutvel em si mesmo, o perisprito, por assim dizer, o estatuto das leis que regem a evoluo do ser. (Pg. 90)

    78. Para se compreender bem o papel do sistema nervoso no organismo e o do perisprito, preciso ter em mente quetodos os tecidos dos animais so formados de clulas que no diferem das vegetais seno pela variedade de formas queafetam as clulas animais e por sua membrana envoltria, geralmente mais delgada. As clulas compem-se sempre detrs partes: um ncleo interior, slido, um lquido que banha esse ncleo, e uma membrana que envolve o todo. A parte

    VIII

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    essencialmente viva o lquido, a que chamaram protoplasma, que constitui realmente o fundamento da vida orgnica.Enquanto ele se mantiver vivente nos milhes de clulas que integram um corpo, esse corpo viver. A ser exata a teoria daevoluo, a vida na Terra deveria ter comeado pela formao do protoplasma, o que um fato j verificado. (Pgs. 91 a93)

    79. As moneras so, segundo Haeckel, os seres mais simples que se possam imaginar. So massas pequenssimas deprotoplasma, destitudas de qualquer estrutura, e cujos apndices proteiformes preenchem, por sua vez, todas as funesvitais e animais: movimento de sensibilidade, assimilao e eliminao, nutrio e crescimento, reproduo. Consideradasdo ponto de vista morfolgico, seu corpo to simples quanto o de qualquer cristal. Nem todas, porm, apresentam omesmo grau de simplicidade, havendo as que possuem, no mago da massa, um ncleo bem caracterizado: so as clulasnuas, chamadas amebas, que se encontram na gua comum e no sangue dos animais. (Pg. 93)

    80. A reproduo celular opera-se de maneira muito simples. Atingindo um certo volume, verifica-se uma ou mais de umadiviso em sua massa, que assim se biparte ou multiparte. Todos os organismos da nossa poca comeam por uma nicaclula: o ovo vegetal ou animal. (Pg. 93)

    81. A fora vital , pois, como vimos, um princpio e um efeito. Princpio, por tornar-se preciso um ser j vivente paracomunicar a vida. Efeito, porque, uma vez completada a fecundao de um grmen, as leis fsico-qumicas servem aoentretenimento da vida. A fora vital tem uma existncia certa, pois cada ser reproduz um ser semelhante e no podemosdar vida a um composto inorgnico. Supondo que chegssemos a fabricar um msculo sensvel, de feio a produzir osmesmos fenmenos que um msculo natural, ele no poderia regenerar-se, como se d com o organismo vivo. Logo,

    embora opere e se entretenha por meio de leis naturais, o princpio vital distingue-se dessas leis. Ele uma fora, umatransformao especial da energia, um produto necessrio da evoluo incessante. (Pg. 95)

    82. Degrau primrio no da organizao, mas do entretenimento e da reparao da matria viva, possvel encontrarlaivos desse princpio at na matria bruta, haja vista o cristal, que pode cicatrizar suas fraturas, como mostrou Pasteur.Quebrado em qualquer parte, se o colocarmos na soluo de sua origem, no s cresce em todas as suas faces, comodesenvolve na parte avariada um trabalho ativssimo que repara o estrago e restabelece a simetria. (Pg. 95)

    83. O princpio vital , pois, uma fora essencialmente reparadora e ele que, nos vegetais e nos animais, refaz as clulasagregadas entre si, em funo de um plano determinado. Ele de alguma sorte o desenvolvimento, o grau superior, atransformao exaltada do que denominamos afinidade nos corpos brutos. O fluido vital age sobre as molculasorgnicas, como o fluido magntico sobre as poeiras metlicas. Se negarmos a existncia de uma fora vital, ainda que

    impondervel, no possvel compreender por que um corpo vivo mantm uma forma fixa, invarivel segundo a espcie,apesar da incessante renovao das molculas desse corpo. (Pg. 96)

    84. Enquanto a vida se apresenta difusa, como no caso dos animais inferiores, e enquanto todas as clulas podem viverindividualmente, sem auxlio de outras, o princpio inteligente mal se revela ntido, visto que nos seres rudimentaresapenas se constata a irritabilidade, isto , a reao a uma influncia exterior e nenhuma sensibilidade distinta. Mas, logoque surge o sistema nervoso, desde o instante em que as funes animais nele se concentram, a comunidade vivatransforma-se em indivduo, pois a partir da o princpio inteligente assume a direo do corpo e manifesta a sua presenacom os primeiros clarores do instinto. (Pg. 96)

    85. Alguns zofitos, tais como as medusas e os ourios marinhos, possuem alguns lineamentos de sistema nervoso, peloque tambm se lhes distinguem rudimentos instintivos. Esses seres bizarros foram, por longo tempo, desdenhados pelos

    naturalistas, que no viam neles mais que uma gelia viva. A cincia moderna penetrou, porm, os mistrios do seuorganismo e determinou que, mesmo entre os seres mais simples, incluindo aqueles nos quais no se lobriga sistemanervoso distinto, o estmago sempre encontrado. As actnias flor das pedras, anmona-do-mar que se assemelham aflores vivas e cujas ptalas brilhantes so dotadas de grande motilidade (faculdade de mover-se, fora motriz), so, naverdade, estmagos organizados, verdadeiras bolsas a transmitirem sucos nutritivos ao resto do corpo. (Pgs. 96 a 98)

    86. sob a influncia permanente, ativa, incessante dos meios que atuam sobre o animal, e pela impulso resultante denecessidades sempre renascentes, que as espcies se transformam, concentrando em rgos particulares as diferentesfaculdades originariamente confundidas entre si. Eis, segundo Leuret, a progresso dessas faculdades: I Vm em

    primeiro lugar os animais que parecem estabelecer uma transio com a classe inferior, apresentando instintos s adstritos procura de alimento. (Aneldeos: sanguessugas.) II Sensaes mais extensas e numerosas, construo de um domiclio,extremo ardor gentico, voracidade, crueldade cega. (Crustceos: caranguejos.) III Sensaes ainda mais extensas,

    construo domiciliar, voracidade, ardil, astcia. (Aracndeos: aranhas.) IV Sensaes amplssimas, domiclio, vida derelao, proviso de guerra e defesa coletiva, sociabilidade. (Insetos: abelhas e formigas.) (Pgs. 98 a 100)

    87. Uma ntima conexo existe entre os seres vivos, de sorte que os animais sucedem s plantas, havendo organismos queparecem participar das duas naturezas. A fora vital que impregna o grmen e lhe dirige a evoluo no basta, porm,

    IX

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    para explicar os instintos assinalados no animal nem as manifestaes inteligentes. Atribumos esses fatos aodesenvolvimento do princpio anmico. O princpio inteligente reveste-se sempre de um envoltrio fludico. Os episdiosrelatados por Dassier e sancionados pela lgica no nos permitem duvidar da realidade desse duplo perispiritual. (Pgs.100 e 101)

    88. Nos primrdios da vida, o fluido perispiritual est misturado aos fluidos mais grosseiros do mundo impondervel.Podemos compar-lo a um vapor fuliginoso a empanar as radiaes da alma. Como ele se encontra intimamente unido ao

    princpio espiritual, este no pode manifestar livremente as faculdades que possui em grmen, impedido pela espessamaterialidade do crcere fludico. (Pg. 101)

    89. Os fluidos so, como sabemos, constitudos por estados de matria eterizada. A rapidez do seu movimento molecular proporcional ao grau de rarefao das molculas. Quanto mais densos, opacos, viscosos, maior resistncia oporo a toda equalquer modificao. necessrio, pois, que a alma chegue a mudar a direo dos movimentos do seu invlucro e aregularizar-lhe a atividade, para que possa manifestar-se exteriormente. Supondo que em cada experincia o vapor no seaclara seno em quantidades diminutssimas, ter-se- uma idia aproximada do que ocorre com a alma e com o seuinvlucro, enquanto percorre a srie animal. (Pgs. 101 e 102)90. Dito isso, Delanne desenvolve um longo estudo baseado na obra Psychologie gnrale, de Charles Richet, de 1887,

    procurando explicar como se formaram os rgos dos sentidos e o papel do perisprito nesse processo. Eis de formaresumida algumas das proposies formuladas pelo Autor: I A vida de relao dos seres animados compreende doistermos: ao do mundo exterior sobre o animal, traduzindo sensibilidade, e ao do animal sobre o mundo exterior,traduzindo movimento. II A faculdade de corresponder por movimentos a uma fora externa peculiar a todos os seres

    viventes e se chama irritabilidade. III Em toda a natureza, a fora jamais se destri. Ela no se perde, no se cria e,talvez, se transforme, mas persistir sempre e se encontrar, absolutamente integral, na matria inerte que lhe sofreu aao. IV Um fato que demonstra saciedade esse princpio de conservao da fora a impresso que certassubstncias, como a obria, deixam num metal polido, como uma lmina de navalha. V Desse modo, ainda que umafora no determine movimentos aparentes num corpo, no deixa de lhe modificar a constituio molecular,transformando-se e imprimindo no corpo um novo estado diferente. VI O perisprito se liga, no ato do nascimento, atodas as molculas do corpo. VII por meio do fluido vital, impregnado no grmen, que a encarnao pode realizar-se,

    pois o Esprito s pode atuar sobre a matria por intermdio da fora vital. VIII Participando da vida geral nosorganismos complexos, cada clula goza de tal ou qual autonomia, de modo que todo movimento nela produzido altera-lheo equilbrio vital e essa modificao dinmica determina no duplo fludico um movimento. IX Toda ao interna ouexterna produz, portanto, um movimento no invlucro perispiritual, fato esse que, aliado teoria exposta por Delboeuf emlments de psycho-physique, nos permite compreender de que maneira puderam formar-se os rgos dos sentidos. X

    Os exemplos citados pelo Autor prendem-se ao rgo do tato, mas poderiam ser igualmente utilizados para explicar-se oadvento da audio e da viso. (Pgs. 103 a 112)

    91. Encerrando o captulo III desta obra, Delanne examina o tema sistema nervoso e ao reflexa e trata, por fim, doinstinto. Eis, de forma resumida, algumas das proposies a formuladas: I O sistema nervoso no seno a condioorgnica das aes psquicas da alma; depois de sua destruio, com a morte corprea, a alma continua a vivernormalmente. II Durante a encarnao ele a reproduo material do perisprito e toda alterao grave de suasubstncia engendra consecutivas desordens nas manifestaes do princpio pensante. III A medula espinhal considerada pelos fisiologistas sob um duplo aspecto, a saber: como fio condutor, transmite ao encfalo as sensaes ereconduz dele as excitaes motrizes; como centro nervoso, a sede das aes reflexas. IV As propriedades notveis dosistema nervoso no podem subsistir na matria mutvel, fluente, incessantemente renovada. preciso para isso quetenham o seu fundamento na estabilidade natural do invlucro fludico. V Podemos comparar o corpo a uma nao, e o

    mecanismo fisiolgico s leis que regem o povo. As personalidades mudam; umas morrem, outras nascem, mas as leissubsistem sempre, no obstante passveis de aperfeioamento. VI O instinto a mais baixa forma mediante a qualmanifesta-se a alma. VII Na lebre que dispara ao menor rudo, o movimento de fuga involuntrio, inconsciente, em

    parte reflexo, em parte instintivo, mas sobretudo um movimento adaptado vida do animal, tendo por finalidade a suasalvao. VIII As aes e reaes so sempre as mesmas, mais ou menos, para uma espcie. Incessantemente repetidas,essas operaes incrustam-se de alguma sorte no perisprito e passam a fazer parte daquele ser. IX A aptido paramanifestar exteriormente essas operaes transmitida por hereditariedade - diz a cincia; - perispiritualmente, dizDelanne. Tal , segundo ele, a gnese dos instintos naturais primitivos. X A inteligncia um tanto desprendida do meio

    perispiritual grosseiro intervm, contudo, para que o Esprito alicie, em proveito dos instintos naturais, melhorapropriao das condies ambientes. XI Era indispensvel que o princpio espiritual passasse por essas tramassucessivas, a fim de fixar no invlucro as leis que regem a vida e, depois, entregar-se aos trabalhos de aperfeioamentointelectual e moral que o devem elevar condio superior. XII A luta pela vida, por mais impiedosa que seja, o meio

    nico, natural e lgico para obrigar a alma infantil a manifestar as suas faculdades latentes, assim como o sofrimento indispensvel ao progresso espiritual. XIII Samos todos do limbo da bestialidade. Longe de sermos criaturas anglicasque decaram; longe de havermos habitado um paraso imaginrio, foi com imensa dificuldade que conquistamos oexerccio de nossas faculdades. XIV S o esforo individual pode conduzir ao progresso geral, e a mesma potncia quenos trouxe ao estado animal abrir-nos- as infinitas perspectivas da vida espiritual, a desdobrar-se na ilimitada extenso

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    do Cosmo. (Pgs. 112 a 122)

    Londrina, 22-4-2001Astolfo O. de Oliveira FilhoA Evoluo Anmica-Parte 1

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