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Inês Oliveira Coimbra, Dezembro de 2012 A Europa e os migrantes no século XXI

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Inês Oliveira

Coimbra, Dezembro de 2012

A Europa e os migrantes

no século XXI

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Inês Oliveira

Coimbra, Dezembro de 2012

A Europa e os migrantes no século XXI

Trabalho de avaliação contínua realizado no âmbito da disciplina de Fontes

de Informação Sociológica do 1ºano da licenciatura em Sociologia.

Professor: Dr. Paulo Peixoto

Aluna: Inês Filipa dos Santos Oliveira

Nº 2012170834

Ano lectivo: 2012/2013

Imagem da capa retirada de:

http://www.google.pt/imgres?q=migra%C3%A7%C3%B5es&start=365&h

l=pt-

PT&tbo=d&biw=1440&bih=708&tbm=isch&tbnid=DRtsLRyo_yGDvM:

&imgrefurl=http://www.reconquista.pt/pagina/edicao/216/13/noticia/23293

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downloads/8151.big.jpg&w=500&h=324&ei=i2HXUJqfN8rLhAf9noDQB

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y=88, em 23 de Dezembro de 2012.

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Índice

1. Introdução ........................................................................................................... 1

2. Estado das Artes ................................................................................................. 2

2.1. A gestão de um processo social e económico global ................................... 4

2.2. História migratória – caracterização ............................................................ 4

2.3. As fases das migrações internacionais ......................................................... 5

2.4. Factores causadores, desencadeadores e facilitadores das migrações ......... 6

2.5. Como gerir melhor as migrações internacionais: princípios e perspectivas

para maximizar os benefícios das migrações ...................................................... 6

2.6. Categorias de migrantes ............................................................................... 7

2.7. Dinâmica social e familiar dos projectos migratórios .................................. 7

2.8. As migrações e o envelhecimento generalizado ........................................ 11

3. Descrição detalhada da pesquisa ...................................................................... 12

4. Ficha de Leitura ................................................................................................ 13

5. Avaliação da Página de Internet ....................................................................... 19

6. Conclusão ......................................................................................................... 21

7. Referências Bibliográficas ................................................................................ 22

Anexo I

Texto de suporte da ficha de leitura

Anexo II

Página de Internet avaliada

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1. Introdução

A partir da lista de temas que nos foi sugerida para elaborar o trabalho

para a disciplina de Fontes de Informação Sociológica em regime de avaliação

contínua, optei por abordar o tema: “A Europa e os migrantes no século XXI”

para a realização do meu trabalho.

A escolha deste tema prende-se com o facto de ser um tema que para mim

tem interesse, queria ficar com mais conhecimento sobre ele e também porque é

um tema bastante actual. Os fenómenos migratórios, quer por problemas

económicos, quer pela globalização, estão cada vez mais presentes nas

sociedades actuais. Considero que é um tema relevante, do ponto de vista

sociológico, uma vez que as migrações provocam alterações nas sociedades,

tendo em conta a conjuntura actual em que cada vez mais pessoas abandonam os

seus países de origem procurando trabalho e melhores condições de vida noutros

países. Esta é uma questão central nos debates e negociações aos níveis nacional,

regional e “global”.

Este trabalho final engloba todos os trabalhos realizados anteriormente,

nomeadamente: a ficha de leitura, o estado das artes e também a avaliação de

uma página da internet. E pretende mostrar a realidade das migrações

contemporâneas no continente europeu, salientar as dinâmicas sociais e

familiares e referir qual o papel da família em projectos migratórios.

No estado das artes, do presente trabalho, abordei vários tópicos como: a

“Gestão de um processo social e económico global”, a caracterização da

“História migratória”, quais “as fases das migrações internacionais”, quais os

“factores causadores, desencadeadores e facilitadores das migrações”, “como

gerir melhor as migrações internacionais”, quais são as “categorias de

migrantes”, a “dinâmica social e familiar dos projectos migratórios” e a

problemática das “migrações e o envelhecimento generalizado”.

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2. Estado das Artes

O Estado das Artes é uma parte importante do trabalho científico, uma vez

que faz referência ao que já se tem descoberto sobre o assunto pesquisado.

Pretende reunir determinados conceitos e paradigmas acerca desse mesmo

assunto. Trata-se de uma actividade crítica e reflexiva, uma vez que se tem de

relacionar e seleccionar os dados e o resultado da pesquisa elaborada com o tema

que se está a desenvolver. Dessa reflexão resulta um novo texto com argumentos

e conclusões sobre a temática trabalhada.

O “Estado das artes procura reunir, analisar e discutir as informações

publicadas sobre o tema até ao momento que o trabalho é elaborado. O seu

propósito é fundamentar teoricamente o objecto de investigação com bases

sólidas, e não arbitrariamente. É o "pano de fundo" do problema de pesquisa.

Compreende uma minuciosa busca na literatura, seleccionando-se e

sintetizando-se ideias, estudos e pesquisas que se relacionem com problema

investigado.” (Peixoto, 2002).

No Estado das Artes do presente trabalho, a explicação científica fez-se

através de oito (8) tópicos. Tratarei, pois, da Gestão de um processo social e

económico global; da caracterização da História migratória; quais as fases das

migrações internacionais; quais os factores causadores, desencadeadores e

facilitadores das migrações; como gerir melhor as migrações internacionais;

quais são as categorias de migrantes; a dinâmica social e familiar dos

projectos migratórios e a problemática das migrações e o envelhecimento

generalizado.

O século XXI, como já referiu António Guterres (Alto Comissário das

Nações Unidas para os Refugiados) é o “século do povo em movimento”. Acerca

deste fenómeno fala-se em três forças motrizes: Globalização, urbanização e

migrações.

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A globalização caracteriza-se por:

- A mudança dos conceitos de espaço e de tempo;

- O aumento do volume das interacções culturais;

- A comunhão dos problemas que se deparam aos habitantes do mundo;

- As interligações e interdependências crescentes;

- As redes cada vez mais complexas de intervenientes e organizações

transnacionais;

- A sincronização de todas as dimensões envolvidas na globalização.

A globalização é um fenómeno crescente e praticamente universal hoje

em dia. Assim como as migrações que afectam a vida de um maior número de

pessoas actualmente, estas assumem uma questão importante nas esferas política

e económica de um crescente número de estados. As Nações Unidas (ONU),

estimam que o número de migrantes ultrapassa os 200 milhões de pessoas à

escala global, e que quase nenhum país do mundo se encontra à margem das

migrações internacionais ou é isento dos seus efeitos.

Ao longo dos anos, o quotidiano da maioria das pessoas, especialmente o

dos migrantes, tem vindo a ser afectado por factores económicos, políticos e

culturais de carácter global. Este processo de globalização está associado à

urbanização e o aumento da influência das cidades globais, que são pólos de

concentração da população e do poder económico, político e cultural. Estas

cidades formam uma rede hierarquizada que liga os países, as regiões, as

empresas, as organizações, as comunidades e os indivíduos do mundo inteiro e é

para estes pólos que, de uma forma crescente, os migrantes tendem a dirigir-se.

No caso de Portugal, este “é considerado o 4º país comunitário com maior

índice de crescimento da população estrangeira residente em Portugal. Não

obstante, ocupa o terceiro país com menos população estrangeira dentro do

espaço Europeu” (Ferreira e Rato, 2000).

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2.1. A gestão de um processo social e económico global

A interdependência (económica e não só) já referida neste trabalho, coloca

países e regiões inteiros à mercê de um sistema migratório cada vez mais global,

no qual todos os acontecimentos económicos ou sociopolíticos têm

consequências directas ao nível dos fluxos migratórios. Para que isso ocorra de

forma pacífica e vantajosa, tanto para os migrantes como para os países que os

acolhem, é necessário combater a xenofobia e evitar o estigma que existe em

relação a determinadas comunidades imigrantes, étnicas e religiosas.

2.2. História migratória – caracterização

Trabalho, reforma e escolha de modo de vida:

Nos anos 60 e 70 os emigrantes (no caso português) eram pouco

qualificados, tinham baixo nível de escolarização e de formação, o que não se

verifica actualmente em que as pessoas que abandonam o país são na sua maioria

qualificadas, tendo muitos deles cursos superiores.

Razões para manterem a permanência nos países que os

acolheram após se reformarem:

- Terem filhos, netos e familiares que ai residem;

- Sentirem-se bem nesse país;

- Não terem elos de ligação noutro lado;

- Beneficiarem dos cuidados de saúde desse país;

- Terem o cônjuge que deseja permanecer;

- Sentirem-se estrangeiros no país de origem e recearem a reinserção;

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Outro tipo de migrantes preferem viajar e residirem por determinado

tempo nos dois países (o de origem e o que os acolheu), desejam fazê-lo porque:

- Tem familiares nos dois países;

- Sentem-se ligados aos dois países;

- Dispõem de alojamento num e noutro país;

- Pretendem beneficiar dum clima melhor;

- Têm projectos nos dois países;

- Desejam beneficiar (por exemplo) da segurança social desse país.

2.3. As fases das migrações internacionais

Em cada fase, as migrações globais têm-se dirigido e oscilado de uns países e

regiões para os outros, com consequências significativas ao nível das políticas

urbanas.

A década de 60 constituiu um ponto de viragem para as migrações

internacionais, sendo o momento de referência mais útil para se iniciar qualquer

discussão das migrações actuais na sua relação com as políticas urbanas. Até

1925, 85 por cento das migrações internacionais tinha origem na Europa.

Nos anos 90, os fluxos migratórios globais com destino aos países

desenvolvidos eram já constituídos por migrantes provenientes de origens muito

variadas, bem diferentes das que era possível observar até ao início dos anos 70.

A reestruturação da economia global, a difusão por todo o mundo dos

mecanismos de concorrência e o agravamento das disparidades em termos de

desenvolvimento provocaram um aumento das migrações.

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2.4. Factores causadores, desencadeadores e facilitadores

das migrações

Os conflitos e os desastres em grande escala, tanto naturais como de origem

humana, constituem factores desencadeadores evidentes das migrações, na

medida em que levam as pessoas a deslocarem-se para salvarem as suas vidas.

Outros factores desencadeadores incluem a vontade dos indivíduos se protegerem

a si e às suas famílias de se sujeitarem persistentemente a dificuldades físicas e

económicas (este, a tentativa de melhorar a situação económica, é sem dúvida um

dos aspectos que caracterizam a generalidade das migrações) e de evitarem

situações de declínio das oportunidades económicas. A incapacidade constante

por parte dos governos de actuarem em relação à exclusão económica, étnico-

racial, religiosa ou linguística que prejudicam sistematicamente determinados

segmentos da população, é outro dos desencadeadores de migrações.

Facilitadores das migrações:

- Existência de uma tradição migratória (quando existe um passado de fluxos

migratórios em que entre os países de origem e os de acolhimento preexistem

relações políticas, sociais e económicas);

- Existência de comunidades da mesma etnia (o que promove muitas vezes a

integração inicial dos recém-chegados).

2.5. Como gerir melhor as migrações internacionais:

princípios e perspectivas para maximizar os benefícios das

migrações

A transformação do perfil das sociedades e do padrão europeu deve conter um

modelo de coesão social, para que se desenvolvam valores de tolerância pelo que

é diferente, de respeito mútuo, de diálogo entre diversas culturas e de procura de

dinâmicas de integração que preservem a dignidade humana de todos os

envolvidos. É, pois, importante que se promova o respeito e a tolerância entre os

migrantes e as sociedades que os acolhem e que se continue apoiar a migração,

uma vez que esta troca de experiências é vantajosa para ambas as partes.

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2.6. Categorias de migrantes

No que diz respeito às categorias de migrantes, o grupo mais numeroso tem

correspondido e continua a corresponder ao reagrupamento familiar, que

continua a ser o elemento central e o multiplicador de todos os sistemas

migratórios. Muitos dos migrantes pertencentes ao grupo dos trabalhadores legais

migram desde logo acompanhados pela sua família próxima, enquanto outros

(re)unem-se com as suas famílias algum tempo depois da entrada no país de

destino.

2.7. Dinâmica social e familiar dos projectos migratórios

Para os sociólogos esta é uma área de interesse e que importa analisar e

reflectir uma vez que “permite estudar a relação dos indivíduos com as

sociedades em situação de mudança, ou seja, numa perspectiva de dinâmica

social e cultural.” (Leandro, 2004: 95).

A família também representa nesta situação um papel importante, na

medida em que pode ser através desta que se concebe e (re)elaboram os projectos

migratórios.

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A natureza da dinâmica social e familiar

Na perspectiva de G. Simmel, G. Balandier, A. Touraine e P.-H.

Chombart de Lauwe, a noção de dinâmica social tem que ver com “uma ideia de

força que faz com que nenhuma sociedade ou sistema social sejam imutáveis,

mas antes movidos por algo que os incita a transformarem-se, quer no decorrer

do tempo, quer em virtude das várias influências internas e externas que se vão

exercendo.” (Leandro, 2004: 97).

Saint-Simon (1965) define a sociologia como o estudo das sociedades em

acção e que estas seguem uma tendência e um desenvolvimento. “Logo, a

dinâmica dos sistemas sociais é um movimento irreversível associado ao sistema

das relações internas situadas no tempo e no espaço, com ritmos e andamentos

próprios determinados pelas estruturas internas e externas.” (Saint-Simon apud

Leandro, 2004: 97).

K. Marx considera que a organização das sociedades “tem de ser

percepcionadas nas suas próprias contradições e na dinâmica que daí decorre”. G.

Deleuze, tem uma perspectiva diferente, a de que o ser humano é portador do seu

futuro e que a realização deste irá depender das condições sociais. R. Nisbet

assenta na perspectiva de que há uma transformação das sociedades no decorrer

do tempo, “mas no interior de uma entidade que se mantém, esta permaneça

eternamente igual a si própria”. E. Durkheim “fala de sociedades em movimento,

ou da inelutável conjunção da estrutura e do devir ”. Para G. Simmel, na sua

teoria sobre dinâmicas sociais considera que o conflito, as correntes convergentes

e divergentes, a harmonia e a discórdia, as tendências favoráveis e desfavoráveis,

são a grande força de movimento das sociedades. G. Balandier, na sua reflexão

sobre as dinâmicas sociais afirma que quando se forma uma sociedade, forma-se

também dinâmica. Esta dinâmica (social global de uma sociedade) é influenciada

tanto por uma dinâmica interna como externa, uma vez que cada vez mais se vive

na era da globalização, em que se revelam manifestações sociais e culturais. O

caso da sociedade portuguesa é exemplo disso através do fenómeno migratório.

Estes movimentos migratórios embora sujeitos às condições estruturais

das sociedades estão, segundo a autora: Maria Engrácia Leandro, muito mais

sujeitos à conjuntura familiar.

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A imbricação entre dinâmicas sociais e dinâmicas

familiares em situação migratória

Maria Engrácia Leandro refere: “a família é um espaço de construção de

normas e de sentido tanto sob o ponto de vista material como simbólico, ou seja,

é sobretudo nela e a partir dela que se interiorizam os sistemas de valores”, é

ainda a partir da família que se definem objectivos, estratégias, projectos e “se

orientam as condutas dos vários membros do grupo familiar”. As intervenções da

família na sociedade e na vida dos indivíduos promove dinâmica social.

Considerando o caso das migrações económicas internacionais

portuguesas e citando Maria Engrácia Leandro: “muitos portugueses emigram,

individualmente ou em família, em busca de uma vida melhor. Mas outros,

vivendo em condições similares, preferem ficar. O mesmo se diga no que se

refere às migrações internas”. (Leandro, 2004: 102).

A família pode influenciar nos projectos migratórios por duas razões:

- “A natureza dos próprios projectos migratórios” que “no caso das migrações

económicas, gravitam em torno da família”. Após a realização de observação

directa e entrevistas concluiu-se que os portugueses que emigraram na década de

60 para países europeus, nomeadamente para a França (desde os anos 80) e mais

recentemente para a Alemanha, emigraram pelos seguintes motivos: “para

melhorar as suas condições de vida e as da família e poder proporcionar aos

filhos um futuro diferente do que parece determinado pela actual condição social.

Outros dizem ainda querer formar a sua família de procriação em condições

diferentes da sua família de orientação”

Os migrantes prolongam a sua estadia nos países que os acolhem para

cumprir os objectivos a que se propuseram mas também porque muitos deles não

concebem os seus projectos migratórios de forma individualizada e para cumprir

os seus objectivos pessoais, mas sim como um projecto de família, uma vez que

ao longo do processo de migração os objectivos se vão alterando (primeiro

proporcionar melhores condições à família, acompanhar e orientar os filhos no

percurso escolar, chegada a idade da reforma não se regressa pois os filhos e os

netos fixaram-se no país que os acolheram).

- Nos anos 60-70 em que e/imigravam por necessidade económica, os projectos

migratórios raramente eram concebidos a longo ou a médio prazos. Normalmente

migrava-se para sair da precariedade e para cumprir objectivos definidos à

partida como: (re)construção da casa, compra do carro, melhoria geral das

condições de vida familiares. O lema destes migrantes era trabalhar o máximo,

poupar o máximo, gastar o mínimo para realizar os objectivos que os fizeram sair

do seu país e para poderem regressar rapidamente a ele.

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Contrariamente ao que por vezes se pensa e referindo Maria Engrácia

Leandro: “os emigrantes, sendo geralmente oriundos de grupos de condição

social modesta, não são os mais miseráveis, até porque, e/imigrando, lutam

contra o conformismo, procuram romper com a sua condição social”.

A emigração entre nós, é um mal. Em Portugal quem emigra

são os mais enérgicos e os mais rijamente decididos; e um

país de fracos e de indolentes padece um prejuízo

incalculável, perdendo as raras vontades firmes e os poucos

braços viris. Em Portugal a emigração não é, como em toda

a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas

a fuga de uma população que sofre. Eça de Queirós (1872)

apud Morgado (1989:65)

No caso da emigração em Portugal existem várias hipóteses para este

fenómeno, entre as quais, os factores socioeconómicos e o facto de Portugal ter

uma tradição secular nestes projectos migratórios. “O quadro migratório

internacional português” resulta “de um processo interactivo influenciado pela

dinâmica interna da sociedade portuguesa, pela dinâmica externa das sociedades

para onde se tem dirigido a maioria dos e/imigrantes portugueses e pelas

estratégias dos actores familiares e sociais envolvidos pelas tramas das migrações

internacionais”. (Leandro, 2004: 110)

Referenciando a autora: “Aquilo que agora caracteriza a principal

orientação dos projectos familiares é o investimento de forma muito mais

explícita na dimensão cultural, quer em termos de abertura a outros sistemas de

valores mais conformes com a modernidade avançada das sociedades ocidentais

no dealbar do século XXI, quer no respeitante à escolarização dos filhos”. “O

diploma escolar tem-se tornado o principal passaporte de construção do futuro

das jovens gerações e dos jovens portugueses no contexto migratório europeu, o

que lhes permitirá aceder ou não a outro estatuto social”.

As motivações para migrarem são agora mais direccionadas para o cultural

embora não se esqueçam os factores económicos, que são concebidos de forma

diferente.

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2.8. As migrações e o envelhecimento generalizado

O envelhecimento generalizado foi provocado essencialmente pelo aumento

da esperança média de vida e pela diminuição da taxa de fecundidade. Esta

problemática é mais acentuada nos países industrializados e a Europa é o

continente onde o envelhecimento se verifica mais actualmente. Isso constitui

apenas parte do “problema” uma vez que a crescente implementação dos

métodos de planeamento familiar e o efeito de determinadas de forças sociais,

culturais e económicas poderosas e profundamente enraizadas nas sociedades

actuais contribuem também para manter o número de jovens a níveis bastante

baixos. Em conjunto, estas duas realidades estarão na origem dos dilemas

económicos, sociais e políticos que irão passar a ocupar gradualmente lugares

cada vez mais cimeiros na lista das preocupações políticas do Ocidente. De

forma ainda mais significativa, as estimativas actuais para os países

desenvolvidos do montante das despesas futuras com pensões (cujo

financiamento não está assegurado) elevam-se e as despesas com cuidados

médicos a idosos acrescentam um montante igualmente elevado a esse valor.

Sendo assim serão necessários mais trabalhadores que ajudem a garantir a

sustentabilidade dos sistemas de pensões e de saúde através dos seus impostos e

contribuições, bem como, em muitos casos, para contribuírem para a estabilidade

dos níveis de produção e de consumo.

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3. Descrição detalhada da pesquisa

Após a escolha do tema, que como já referi não teve muita dificuldade pois

o tema das migrações foi o que achei mais interessante, comecei por pesquisar na

internet. Nesta primeira etapa da minha pesquisa, utilizando o motor de busca do

Google, considerei que a informação que estava a encontrar podia ser pouco

fiável, pois ainda não tinha muita informação acerca do tema e podia ser induzida

em erro, por isso decidi primeiro recolher informação em livros. Desloquei-me à

biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra com o intuito

de encontrar livros e revistas de ciências sociais que me podiam fornecer

informação sobre as temáticas das “migrações” e dos “migrantes idosos”. Mas

não utilizei de lá nenhum livro, pois devo referir que encontrei algumas

dificuldades em pesquisar lá. Na biblioteca do concelho onde resido, requisitei

alguns livros e revistas sociais que abordam os temas que tratei neste trabalho e

que me foram muito úteis, e onde não encontrei nenhumas dificuldades de

pesquisa devido à familiaridade que já tinha com esta biblioteca. Sabendo que o

material que tinha para a realização do trabalho ainda não era suficiente, recorri à

biblioteca do CES. Onde encontrei mais alguns livros relevantes para a

elaboração do trabalho. Nesta etapa da pesquisa, as revistas de ciências sociais e

os livros foram-me vantajosos, uma vez que são mais credíveis do que a

informação que encontrei inicialmente na internet. Posto isto, recorri novamente

à internet, utilizei o motor de busca do Google e os operadores booleanos que

aprendi durante as aulas de Fontes de Informação Sociológica. Utilizei palavras-

chave, para restringir a pesquisa, como: “migrações no século XXI, “migrantes

idosos”, “envelhecimento generalizado”, “migrantes idosos”, entre outros.

De referir que na realização de um dos primeiros trabalhos para esta

disciplina (a ficha de leitura) utilizei, no motor de busca do Google, o operador

booleano aspas para encontrar o artigo que continha o texto necessário para

realizar a ficha de leitura.

Seleccionei os sites que me pareceram fidedignos e credíveis, e recolhi a

informação que considerei pertinente e objectiva, seguidamente tratei a mesma.

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4. Ficha de Leitura

TÍTULO DA PUBLICAÇÃO: Imigrantes idosos: uma nova face da imigração em

Portugal

AUTOR(ES): Fernando Luís Machado e Cristina Roldão

LOCAL ONDE SE ENCONTRA: online

DATA DE PUBLICAÇÃO: Janeiro de 2010

EDIÇÃO: ALTO-COMISSARIADO PARA A IMIGRAÇÃO E DIÁLOGO

INTERCULTURAL (ACIDI, I.P.)

LOCAL DE EDIÇÃO: LISBOA

EDITORA: ALTO-COMISSARIADO PARA A IMIGRAÇÃO E DIÁLOGO

INTERCULTURAL (ACIDI, I.P.)

TÍTULO DOS CAPÍTULOS: MIGRAÇÕES, CICLO MIGRATÓRIO E

ENVELHECIMENTO DOS IMIGRANTES e PERFIS SOCIAIS DE IMIGRANTES

IDOSOS EM PORTUGAL

Nº DE PÁGINAS: 230

ASSUNTO: A Europa e os migrantes no século XXI

PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento, imigrantes, ciclos migratórios

DATA DE LEITURA: Outubro de 2012

ÁREA CIENTÍFICA:Imigrantes idosos

SUB-ÁREA CIENTÍFICA: Migrações, envelhecimento dos imigrantes e imigrantes

idosos em Portugal

NOTAS SOBRE OS AUTORES: Fernando Luís Lopes Machado é Professor Auxiliar - ISCTE - Instituto Universitário

de Lisboa. Publicou 36 artigos em revistas especializadas e 5 trabalhos em actas de

eventos, possui 32 capítulos de livros e 12 livros publicados. Possui 27 itens de

produção técnica. Participou em 51 eventos no estrangeiro e 4 em Portugal. Actua na

área de Sociologia. Nas suas actividades profissionais interagiu com 30 colaboradores

em co-autorias de trabalhos científicos.

Cristina Roldão é assistente de investigação do Centro de Investigação e Estudos de

Sociologia, tendo participado, entre 2008 e 2009, nos projectos “Imigrantes Idosos:

Uma Nova Face da Imigração em Portugal” (CIES, ACIDI) e “Imigrantes Africanos em

Portugal: Percursos Migratórios, Trajectórias Sociais e Modalidades de Integração”

(CIES, Fundação Aga Khan). Actualmente, frequenta o Programa de Doutoramento em

Sociologia do ISCTE-IUL, encontrando-se a desenvolver o projecto “Factores e Perfis

de Sucesso Escolar „Inesperado‟: Trajectos de Contratendência de Sentido Ascendente”.

Entre 2006 e 2009, participou, enquanto investigadora do ISCTE-IUL, no Observatório

de Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES-GEPE/ME) e, enquanto

investigadora do Centro de Estudos Territoriais, na avaliação externa do Programa

Escolhas 2.ª Geração.

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Inês Oliveira

Coimbra, Dezembro de 2012

RESUMO / ARGUMENTO:

No texto pretende-se aprofundar a problemática das migrações, ciclo migratório e

envelhecimento dos imigrantes. No capítulo 1 tecem-se considerações a cerca do

envelhecimento de idosos nas sociedades contemporâneas, envelhecimento das

migrações e imigrantes idosos. Procura-se no capítulo 2 definir perfis sociais de

imigrantes idosos em Portugal. É, ainda, neste capítulo que se fazem clarificações

metodológicas, se apresentam stocks e fluxos recentes, se definem os perfis:

sociodemográfico, familiar, socioeducativo, socioprofissonal e definem tipos sociais de

imigrantes idosos.

ESTRUTURA (organização da obra e o significado das suas partes)

Introdução/Apresentação:

Com o desenrolar normal do ciclo migratório observamos que as migrações e os

imigrantes envelhecem. Estas nem sempre representam um potencial de

rejuvenescimento demográfico das sociedades que as acolhem, nem os imigrantes são

sempre jovens adultos. O resultado do processo de sedentarização das migrações é a

formação de uma nova categoria de imigrantes: imigrantes idosos.

Muitos dos migrantes que chegam, enquanto jovens adultos acabam por se fixar e,

passadas três ou quatro décadas, entram na fase do ciclo de vida a que se

convencionalmente se chama: terceira idade. Estes coexistem com as gerações de

descendentes seus e com os novos imigrantes que vão chegando.

Os imigrantes envelhecidos nas sociedades que os acolheram e os reformados que

migram já idosos, constituem os dois tipos principais de migrantes idosos que podemos

incluir nos fluxos e perfis sociais.

No texto é estudada a situação actual dos imigrantes idosos, em termos de condições

socioeconómicas, enquadramentos familiares e sociais, são reconstituídos os seus

trajectos migratórios e as suas vidas profissionais. E são identificados diferentes perfis

sociais, que são comparados uns com os outros e também comparados os imigrantes

idosos em geral com os idosos autóctones.

O primeiro capítulo incide sobre a questão do envelhecimento e dos idosos em geral

nas sociedades contemporâneas e a questão do envelhecimento das migrações e dos

imigrantes idosos em particular.

No segundo capítulo são caracterizados os idosos imigrantes em geral, começando pela

identificação de fluxos e stocks e incidindo depois sobre as propriedades sócio

demográficas, familiares, educativas e socioprofissionais dos imigrantes, na qual se

introduz elementos de análise comparativa com os idosos portugueses. Este capítulo

termina com a sinalização de tipos sociais de imigrantes idosos.

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Desenvolvimento:

CAPÍTULO 1 MIGRAÇÕES, CICLO MIGRATÓRIO E ENVELHECIMENTO DOS IMIGRANTES

1. ENVELHECIMENTO E IDOSOS NAS SOCIEDADES

CONTEMPORÂNEAS

Nos países industrializados e em muitos países em vias de desenvolvimento verifica-se

um aumento contínuo da esperança de vida dos seus habitantes, o que reflecte uma

melhoria das condições de saúde e materiais das populações.

O duplo envelhecimento, que se entende pelo aumento do número de idosos e pela

diminuição do número de crianças e jovens, é um problema generalizado. São vários os

problemas colocados pelo duplo envelhecimento, ente os quais se destacam: o

financiamento dos sistemas de protecção social, nomeadamente na vertente das pensões

e o das respostas sociais e familiares a um número crescente de pessoas que, embora

cada vez mais tarde, acaba por ficar dependentes e precisam de condições adequadas de

acolhimento e cuidado.

É por isso que se procuram adoptar politicas públicas que promovam o envelhecimento

activo (a passagem à reforma encarada como algo que pode ser saudável e não levar à

solidão e ao isolamento devido à quebra de rotina). Esta noção abrange aspectos como:

participação em actividades domésticas, cuidado com terceiros, envolvimento em

actividades de voluntariado, lazer, o prolongamento da actividade profissional.

Os idosos vivem de maneiras diferentes a sua condição (estados de saúde, condições

socioeconómicas, práticas de tempos livres, enquadramentos familiares e de

sociabilidade).

Ser idoso pode significar desigualdade social, no sentido de menos oportunidades,

menos participação, menos estatuto. Pode significar também desigualdades sociais entre

diferentes categorias de idosos, que tiveram trajectórias de classe diferentes e vivem de

maneira diferente a velhice. (exemplos: os que ocupam o tempo em bancos de jardins,

centros comerciais, em frente à televisão ou os que frequentam Universidades seniores,

visitam museus; e ainda os que tem de continuar a trabalhar para sobreviverem).

Fracas remunerações durante a vida profissional, descontos irregulares e tardios para a

segurança social e insuficiência do sistema de protecção estatal fazem com que mais de

metade dos idosos portugueses viva em situação de pobreza.

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2. ENVELHECIMENTO DAS MIGRAÇÕES E IMIGRANTES IDOSOS

O envelhecimento das populações de migrantes laborais dá-se ao longo de um

ciclo que se inicia com a chegada ao país receptor de adultos jovens, passa pela

formação de uma geração de descendentes (que nascem e crescem nesse país) e termina

com a entrada dos imigrantes na velhice, depois de terminada a vida activa profissional,

quando os seus filhos já são adultos e têm os seus próprios descendentes.

Ao analisarmos a história das migrações do século XX verificamos que mesmo que,

inicialmente os imigrantes tivessem expectativas de regressar ao país de origem depois

de concluída a sua vida profissional no país que os acolhem, acabam por ficar

definitivamente. As razões porque ficam são várias: de ordem psico-cultural (hábitos

quotidianos, custos afectivos e psicológicos, a presença dos seus descendentes), outras

são as vantagens que o país de emigração oferece em termos de bem-estar e qualidade

de vida. Há aqueles que regressam porque os rendimentos para permanecer podem ser

escassos ou porque têm familiares à espera com os quais mantiveram uma relação ao

longo dos anos.

Entre ficar ou partir, uns optam por circular entre os dois países, passando temporadas

num e noutro.

Outro grupo importante é os que migram já idosos (depois de concluída a sua vida

profissional nos seus países de origem). Esta é uma migração bastante comum dentro da

Europa, dos países do Norte para os países do Sul. As motivações desta migração são,

principalmente: a busca de amenidades climáticas, de custos de vida mais baixos onde

as suas reformas rendem mais e o conforto de zonas de acolhimento.

Estes imigrantes reformados vêm habitualmente de países mais ricos e dispõem de

pensões de reforma que lhes permitem condições de vida desafogadas ou até bastante

acima da média dos autóctones.

Os imigrantes laborais que envelhecem no destino têm uma condição menos favorecida,

o que decorre dos seus perfis profissionais (trabalho assalariado industrial, construção

civil, serviços pessoais e domésticos ou o trabalho independente no pequeno comércio).

O problema da pobreza é um parâmetro incontornável quando se fala dos imigrantes

laborais idosos. Além do estatuto socioeconómico, outro aspecto fundamental da vida

dos imigrantes idosos é o das sociabilidades e dos laços sociais (há situações de

isolamento e até de abandono).

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Síntese

Como suma, podemos considerar os seguintes aspectos:

- Nos países industrializados e em muitos países em vias de desenvolvimento verifica-se

um aumento contínuo da esperança de vida dos seus habitantes, o que reflecte uma

melhoria das condições de saúde e materiais das populações.

- Existe uma preocupação com o duplo envelhecimento e por isso procura-se

desenvolver medidas que promovam o envelhecimento activo.

- O envelhecimento das populações de migrantes laborais dá-se ao longo de um ciclo

que se inicia com a chegada ao país receptor de adultos jovens, passa pela formação de

uma geração de descendentes (que nascem e crescem nesse país) e termina com a

entrada dos imigrantes na velhice, depois de terminada a vida activa profissional,

quando os seus filhos já são adultos e têm os seus próprios descendentes.

- O envelhecimento das populações migrantes é uma consequência da sua

sedentarização.

- O problema da pobreza é um parâmetro incontornável quando se fala dos imigrantes

laborais idosos.

- Além do estatuto socioeconómico, outro aspecto fundamental da vida dos imigrantes

idosos é o das sociabilidades e dos laços sociais.

- O envelhecimento é uma realidade e por isso tem de ser encarada e é necessário

desenvolver medidas que promovam a qualidade de vida dos idosos até tão tarde quanto

possível.

Pontos fracos e fortes do documento O envelhecimento das populações migrantes é uma consequência da sua

sedentarização; Procura-se a promoção de um envelhecimento activo; Verifica-se um

aumento contínuo da esperança de vida das populações; O problema da pobreza é um

parâmetro incontornável quando se fala dos imigrantes laborais idosos.

Conclusão Com a leitura que fiz deste texto posso concluir que existe uma tendência para aumentar

o número de imigrantes, tanto em Portugal como na Europa. Que estes são cada vez

mais velhos e que os motivos porque imigram são vários. A pobreza é um problema

crescente e por isso há uma preocupação com o envelhecimento activo e que se

procuram desenvolver politicas nesse sentido.

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AUTORES/PERSONAGENS/ESCOLAS DE PENSAMENTO

Principais Autores Citados ou eventuais Protagonistas identificados no texto: (Fernandes, 2001; Mauritti, 2004); (Casanova, 2001); (Barros, 2006); (Avramov e

Maskova, 2003); (Bourdieu, 1979); (Pais, 1993; Guerreiro e Abrantes, 2005); (Jovelin,

2003); (Aggoun, 2002); (Warnes e Williams, 2006); (Warnes e Williams, 2006) e

Aggoun, 2002

REFERÊNCIAS HISTÓRICO-CULTURAIS (tempo, espaço, factos históricos:

contextualização): Serviços de Estrangeiros e Fronteiras; Idosos africanos; Europa;

Portugal; Colonialismo; Ocupação Colonial Portuguesa em África; Descolonização;

Angola; Moçambique; Brasil

CONCEITOS (temas, problemáticas)

Migrações; pobreza; envelhecimento activo; conceito de idoso; Duplo envelhecimento;

Sedentarização das migrações;

DISCIPLINA: FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

PROFESSOR (A): Paulo Peixoto

ALUNO (A): Inês Filipa dos Santos Oliveira

Nº. 2012170834

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5. Avaliação da Página de Internet

O Web site sobre o qual vou fazer a avaliação é o do Observatório da

Imigração e está disponível em http://www.oi.acidi.gov.pt/ .

Escolhi este Web site porque me foi muito útil na elaboração da ficha de

leitura, do qual retirei o texto em pdf necessário para a elaborar, mas também na

recolha de informação para toda a realização deste presente trabalho, uma vez

que a informação que contém é autêntica, fiável e de uma fonte confiável (sendo

estes critérios gerais).

Considerando os critérios específicos, relativamente ao alcance este site

dirige-se principalmente aos cidadãos imigrantes, mas na minha opinião, também

à população em geral, visto que desenvolve um trabalho que é importante para

todos nós, nomeadamente os eventos e as iniciativas que realizam, os relatórios

sobre várias realidades, a divulgação de testes de mestrado e doutoramento,

informação estatística, etc. Tendo em conta a amplitude, este site é especializado.

Pois a informação que dispõe é toda acerca da mesma temática: imigração.

Quanto à profundidade posso dizer que trata as realidades de forma profunda e

não de forma superficial.

O site disponibiliza instrumentos de pesquisa e navegação como o motor de

pesquisa interna que facilita uma pesquisa especializada, restringindo a pesquisa

à “escolha do tema”, à “antiguidade” e à “expressão a procurar”. Não tem

publicidade o que faz com que não prejudique a leitura da informação, o único

custo que a consulta desta informação pode ter é fornecermos os nossos dados se

quisermos ser reconhecidos como utilizadores do Web site. É fácil navegar na

página e aceder a informação pois está dividida em vários tópicos o que facilita a

navegação. Tem um “directório de ligações” que nos remete para ligações

internacionais e nacionais na área da imigração em vários sitos da internet úteis a

quem consulte este Web site. Tem ainda os contactos do Observatório da

Imigração, como o telefone, o fax, a morada e o e-mail.

Relativamente à singularidade da página, considero que contém informação

inédita, não reproduz informação já conhecida. A informação tem uma redacção

clara, parece-me exacta e objectiva e sem erros.

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O site está disponível para consultar em português e em inglês, o texto é

legível sem esforço visual mas tem uma funcionalidade que permite aumentar o

tamanho da letra, o que é bom para as pessoas que tenham dificuldades de visão.

O grafismo do site é atractivo, apelativo e acessível visualmente.

Não é visível a data da última actualização mas considero que a informação

está actual, é visível pela data de alguns artigos que são recentes.

O endereço URL é intuitivo e curto e de fácil acessibilidade e o site cobre

algumas das questões que abordei no texto.

Globalmente, a avaliação que posso fazer desta página de internet é

positiva, foi-me útil para a realização deste trabalho mas com certeza que será

útil aos seus utilizadores e frequentadores da página, nomeadamente imigrantes

que necessitem de informação e apoio em determinadas circunstâncias.

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6. Conclusão

Como conclusão, devo referir que foi importante abordar esta temática de

forma a acabar com os preconceitos racistas, nacionalistas e as ideias feitas

acerca das migrações. De forma a combater a xenofobia e evitar o estigma que

existe em relação a determinadas comunidades imigrantes, étnicas e religiosas.

Pois é importante que se desenvolva tolerância, respeito e diálogo entre os que

“chegam” e os que “acolhem” preservando a dignidade humana, uma vez que a

troca de experiências e as dinâmicas das diversas culturas são vantajosas para

ambas as partes.

Neste trabalho, nomeadamente no Estado das Artes, abordei vários tópicos

de forma sucinta de maneira a que ficasse com conhecimento (embora não seja

muito aprofundado) sobre várias realidades acerca deste tema.

O trabalho permitiu-me identificar e tomar conhecimento sobre os motivos

que levam as pessoas a migrarem, compreender as características da dinâmica

social e as dinâmicas das famílias em contexto migratório. Foi importante fazer

um paralelismo entre “as migrações e o envelhecimento generalizado”, uma vez

que na ficha de leitura o texto que trabalhei abordava essa mesma temática. A

escolha do Web site para avaliar também foi de encontro ao tema das migrações,

por isso pareceu-me oportuno avaliar o site do Observatório da Imigração visto

que está relacionado com o tema deste trabalho e foi-me útil para a recolha de

informação.

A elaboração deste trabalho permitiu-me tomar conhecimentos que não

tinha acerca do tema das migrações e por em prática o que me foi ensinado ao

longo das aulas de Fontes de Informação Sociológica. São exemplos desses

ensinamentos: a pesquisa com operadores booleanos, a recolha de informação

fiável, a realização de referências bibliográficas, entre outros. Devo referir que

estes conhecimentos adquiridos, ao longo das aulas, foram úteis para a realização

deste trabalho mas também para a realização de trabalhos para outras disciplinas

este semestre e para os que terei de realizar futuramente.

Como principais dificuldades na realização deste trabalho identifico: a

escolha de informação relevante na internet em que tive de seleccionar aquela

que era credível, uma vez que me apareceu muita informação sobre o tema:

migrações. Para restringir a pesquisa recorri aos operadores booleanos. Contudo,

sobre o tema que abordei no trabalho encontra-se muita informação científica em

livros e revistas sociais, desta forma devo referir que a pesquisa que fiz na

biblioteca do CES me foi bastante útil.

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7. Referências Bibliográficas

Leandro, Maria Engrácia (2004), “Dinâmica social e familiar dos projectos migratórios

– uma perspectiva analítica”. Análise Social, 170, 95-118.

Morgado, Fernando Ilharco (1989), O leme e a deriva – problemas da sociedade

portuguesa. Lisboa: Horizonte.

Peixoto, Paulo (2002), “Estado das Artes”, página da cadeira de Fontes de Informação

Sociológica. Acedido em 22 de Novembro de 2012, disponível em

http://www4.fe.uc.pt/fontes/restos/estado_das_artes.htm

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Anexo I: Texto de suporte da ficha de leitura

Machado, Fernando Luís e Roldão, Cristina (2010), Imigrantes idosos: uma nova face

da imigração em Portugal. Lisboa: PROS, 17-65.

Disponível em http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Estudos_OI/OI_39_actualizado.pdf

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Anexo II: Página de Internet avaliada