a Ética do juiz

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O artigo 93 da constituio de 1988 prdigo em preceitos ticos. Ao contemplar a necessidade de uma lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, que dispor sobre o Estatuto da Magistratura, enunciou os princpios desse verdadeiro Cdigo dos Juzes. Dentre deles, o valor do merecimento um dos pilares da carreira judicial, ladeando a antiguidade. O mrito dos juzes ser aferido das seguintes formas: Presteza: qualidade de quem presto, rpido, clere. O juiz no pode, eticamente, retardar a outorga da prestao jurisdicional. Deve ser diligente ao impulsionar o feito, ao decidir as questes iniciais, ao sanear o processo, a instru-lo devidamente e a julg-lo. Segurana: o segundo critrio aferidor do merecimento. E segurana condiz com a adequao da prestao jurisdicional. O juiz seguro no exerccio da jurisdio aquele juiz apegado aos estudos, continuamente empenhado em se aperfeioar. A segurana deriva de conhecimento. E o aprofundar se nele o primeiro dever tico, antes de ser dever funcional do juiz brasileiro.

Freqncia e Aproveitamento: o juiz aquele que tem que se aperfeioar freqentando cursos reconhecidos de aperfeioamento. nesse momento que ele (o juiz) assume o compromisso de nunca mais parar de estudar. E alem de freqentar os cursos de ensino, o juiz precisa obter aproveitamento nesses cursos de reciclagem, pois a presena condio necessria, mas no suficiente, para que o juiz mostre merecimento.

Outros deveres fundamentais constitucionais: Dever de residir na comarca; Dever de dedicao exclusiva; Dever do desinteresse; Dever de absteno poltica.

A lei Orgnica da Magistratura Nacional ainda em vigor , tambm explicita os deveres do juiz em oito incisos de seu artigo 35 a saber:

Cumprir e fazer cumprir, com intendncia, serenidade e exatido, as disposies legais e os atos de ofcio.O juiz no pode ser um mero aplicador de textos. O juiz tem que ser sereno. O julgador deve ser pessoa equilibrada e sensata. A exatido exigida ao juiz novamente o remete ao dever de estudo continuado.

E os atos de ofcio que so aqueles que, embora no consta em lei alguma, pertinem essncia mesmo do mister confiado juiz. Juiz existe para decidir.O dever de urbanidade tambm positivado no inciso IV do artigo 35 da Lei Orgnica da Magistratura Nacional. Alem de conceder esse tratamento s partes, aos membros do Ministrio Pblico, advogados, testemunhas, funcionrios e auxiliares da Justia, enfim a todos, ele deve atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quando se trate de providncia que reclame e possibilite soluo de urgncia.

Dever Legal (Virtude): A lei exige que o juiz brasileiro mantenha conduta irrepreensvel na vida pblica e particular. Conduta irrepreensvel conceito que no encontra na doutrina. Seria a conduta insuscetvel de repreenso, aqui entendida como admoestao, repdio, reprovao ou censura de parte da comunidade.

O habitat natural do juiz o processo. Nele exerce sua principal atividade, rumo outorga da prestao jurisdicional. Natural a construo de uma tica no processo, a indicar posturas ao juiz e demais participes, todos envolvidos numa verdadeira estrutura cooperatria desse instrumento de realizao de justia. O juiz no processo deve procurar manter a imparcialidade, empenhar-se na busca de verdade real, zelar pelo efetivo cumprimento dos prazos e atuar, enfim, com devotamento.

Esses poderes ticos so poder discricionrio, o arbitrium judicis, a equidade e o poder criador. O poder discricionrio caracteriza-se pela liberdade conferida ao juiz de autoformularse uma norma de atuao. O arbtrio judicial no delimitado pela lei, mas pelo carter do juiz: mais prudncia tico-juridica de conduta que regra especifica de atuao. A equidade, no seu significado de humanizao da justia, a utilizao , pelo juiz, de critrios de aplicao, interpretao e integrao do adequado Direito, de maneira a torn-lo adequado s necessidades e aspiraes dos destinatrios. O poder criador mais uma concepo a ser elaborada pelos juzes de que os conceitos de discricionariedade, prudente arbtrio e equidade podero auxili-los a ampliar seus poderes, desnecessria qualquer reforma legislativa e sem renunciar fidelidade ao ordenamento.

Em quase todos os Estados - Nao desenvolvidos, a Justia vem sendo julgada com severidade por sua lentido. Justia tardinheira injustia, j proclamava Rui Barbosa. O Brasil no vive realidade diversa. O crescimento da demanda multiplicou as lides. E estas se prolongam por quatro instncias juzo de primeiro grau, tribunal de segundo grau, Superior Tribunal de Justia e Supremo Tribunal Federal. importante que o juiz se conscientize dessa realidade quando nomeado e nunca mais venha a perd-la de vista. Temperando a velha advertencia que procura antagonizar a celeridade segurana, tica e deciso.

A sano por infrao a normas ticas no positivadas praticamente inexistente. Todavia , quando elas esto insertas em preceito legislativo, como ocorre com a Lei Orgnica da Magistratura Nacional, elas ensejam uma retribuio. O juiz pode ser punido com advertncia, censura, remoo compulsria, disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de servio, aposentadoria compulsria com vencimentos proporcionais ao tempo de servio e demisso. A aplicao dessas penas depender da gravidade da infrao cometida.

A devoo tica poder edificar o juiz do futuro, o juiz do terceiro milnio, o operador sensvel e humano, desapegado de interesses materiais, pois indignado com a multiplicao dos excludos, pronto mais adequada realizao do justo.