a escola grícola da bahia

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A ESCOLA AGRÍCOLA DA BAHIA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA AGRONOMIA NO BRASIL (1877-1930) AUTOR: NILTON DE ALMEIDA ARAÚJO – BOLSISTA DA CAPES ORIENTADOR : JOSÉ CARLOS BARRETO DE SANTANA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA/UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Esta pesquisa visa contribuir para a investigação da história das ciências em nosso estado, analisando os profissionais envolvidos com a prática científica na Escola Agrícola da Bahia, especialmente estudantes e professores, sua atuação e formas de organização, produção e divulgação de seus trabalhos durante o período em que se localizou em São Bento das Lages, de 1877 a 1930. Analisaremos as mudanças e permanências nas práticas, valores e métodos compartilhados e socialmente reconhecidos pelos praticantes deste novo campo científico-profissional que é a Agronomia, especialmente através da produção escrita de discentes e docentes da EAB a fim de identificar as concepções teóricas e propostas pensadas e postuladas pelos mesmos, ou seja, através desta crítica documental estabelecer quais as principais preocupações e propostas por eles elaboradas, constituindo um retrato mais minucioso possível do funcionamento das práticas científicas e da própria agronomia e sua relação com as macrodimensões da vida social. Estudando a trajetória dos egressos e professores da EAB contextualizando os modelos e conceitos por eles elaborados considerando os aspectos sociais, políticos, ideológicos, econômicos e epistemológicos, consideramos que sua criação se inscreve no processo de institucionalização das ciências no Brasil, transcorrido no século XIX. Ao mesmo tempo, a criação da EAB está também umbilicalmente ligada ao engendramento da hegemonia (cf. Gramsci, 1984) de uma fração de classe dominante baiana com base no Recôncavo Baiano. A articulação entre os governos provincial, central e as elites açucareiras para superar a estagnação da lavoura do Recôncavo, na segunda metade do século XIX, fundamentou-se também num discurso que tinha seu leitmotiv na ciência 1 como ordenadora da realidade e viabilizadora da agricultura. É neste contexto histórico em que se constitui um novo sujeito no cenário científico nacional. São formados no Recôncavo baiano, entre Santo Amaro e São Francisco do Conde, os primeiros profissionais de nível superior voltados especialmente para a agricultura no Brasil: os engenheiros agrônomos. 1 O consórcio entre ciência e agricultura não é novidade na província como sinalizam outras iniciativas institucionais como o Jardim Botânico da Bahia e a proposta de criação de uma Escola de Agricultura em 1812. Documento manuscrito a respeito da criação da Diretoria de Agricultura e Jardim Botânico da Cidade da Bahia, 1812, está no Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, cx. 764/pac.4/n.°168, segundo DENIS, Gilles. A Agronomia e a Naturalização de Vegetais Estrangeiros (Exóticos) na França do Fim do Século XVIII. in: ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria, MAIA, Carlos A. História da Ciência: o mapa do conhecimento – Rio de Janeiro/São Paulo: Expressão e Cultura/EDUSP, 1995, p.653-692

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A ESCOLA AGRÍCOLA DA BAHIA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA AGRONOMIA NO BRASIL (1877-1930)

AUTOR: NILTON DE ALMEIDA ARAÚJO – BOLSISTA DA CAPES

ORIENTADOR : JOSÉ CARLOS BARRETO DE SANTANA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA/UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

Esta pesquisa visa contribuir para a investigação da história das ciências em nosso estado,

analisando os profissionais envolvidos com a prática científica na Escola Agrícola da Bahia,

especialmente estudantes e professores, sua atuação e formas de organização, produção e

divulgação de seus trabalhos durante o período em que se localizou em São Bento das Lages, de

1877 a 1930.

Analisaremos as mudanças e permanências nas práticas, valores e métodos compartilhados e

socialmente reconhecidos pelos praticantes deste novo campo científico-profissional que é a

Agronomia, especialmente através da produção escrita de discentes e docentes da EAB a fim de

identificar as concepções teóricas e propostas pensadas e postuladas pelos mesmos, ou seja, através

desta crítica documental estabelecer quais as principais preocupações e propostas por eles

elaboradas, constituindo um retrato mais minucioso possível do funcionamento das práticas

científicas e da própria agronomia e sua relação com as macrodimensões da vida social. Estudando

a trajetória dos egressos e professores da EAB contextualizando os modelos e conceitos por eles

elaborados considerando os aspectos sociais, políticos, ideológicos, econômicos e epistemológicos,

consideramos que sua criação se inscreve no processo de institucionalização das ciências no Brasil,

transcorrido no século XIX. Ao mesmo tempo, a criação da EAB está também umbilicalmente

ligada ao engendramento da hegemonia (cf. Gramsci, 1984) de uma fração de classe dominante

baiana com base no Recôncavo Baiano.

A articulação entre os governos provincial, central e as elites açucareiras para superar a

estagnação da lavoura do Recôncavo, na segunda metade do século XIX, fundamentou-se também

num discurso que tinha seu leitmotiv na ciência1 como ordenadora da realidade e viabilizadora da

agricultura. É neste contexto histórico em que se constitui um novo sujeito no cenário científico

nacional. São formados no Recôncavo baiano, entre Santo Amaro e São Francisco do Conde, os

primeiros profissionais de nível superior voltados especialmente para a agricultura no Brasil: os

engenheiros agrônomos.

1 O consórcio entre ciência e agricultura não é novidade na província como sinalizam outras iniciativas institucionais como o Jardim Botânico da Bahia e a proposta de criação de uma Escola de Agricultura em 1812. Documento manuscrito a respeito da criação da Diretoria de Agricultura e Jardim Botânico da Cidade da Bahia, 1812, está no Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, cx. 764/pac.4/n.°168, segundo DENIS, Gilles. A Agronomia e a Naturalização de Vegetais Estrangeiros (Exóticos) na França do Fim do Século XVIII. in: ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria, MAIA, Carlos A. História da Ciência: o mapa do conhecimento – Rio de Janeiro/São Paulo: Expressão e Cultura/EDUSP, 1995, p.653-692

Baiardi (2001) postula que o Imperial Instituto Bahiano de Agricultura (IIBA) teria

contribuído para o aumento das exportações de produtos agropecuários da Bahia, tanto quanto para

a diversificação e dinamização da agricultura de gêneros alimentícios para o mercado influindo, por

conseguinte, na reversão da crise da economia agrário-exportadora e da crise do abastecimento,

especialmente no período que tange à segunda metade do século XIX. O autor aborda as primeiras

atividades do IIBA, em especial dos profissionais estrangeiros envolvidos com a consolidação da

instituição e a articulação entre governo imperial, provincial e elite local na promoção da atividade

científica voltada para a agricultura. Considera a relevância da instituição não só no plano

econômico, mas também científico ao se constituir, neste lócus institucional, a gestação da

comunidade de ciências agrárias na Bahia. Destarte, sua análise busca rever o papel do IIBA na

história das ciências como fundamental para o início da pesquisa agropecuária na Bahia.

Diferentemente de Tourinho (1982), que afirma ter sido pouca a contribuição dos formados

pela EAB para a agricultura da província, para Baiardi “um balanço cobrindo o período que vai de

1875 a 1911, os 36 anos de maior atividade institucional, sugere que o IIBA produziu um acervo de

conhecimentos técnico-científicos, o qual contribuiu para a expansão e consolidação no Recôncavo

Baiano e adjacências das lavouras da cana-de-açúcar, fumo, café e algodão, tipicamente geradoras

de commodities, e de mandioca, outros tubérculos e raízes, fruteiras, legumes diversos, bem como

de atividades de produção animal, voltadas, majoritariamente, para o mercado interno” (p.82).

Entretanto, além do IIBA, são criados Imperiais Institutos em Pernambuco (dezembro de

1859), Sergipe (janeiro de 1860), Rio de Janeiro (junho de 1860) e Rio Grande do Sul (agosto de

1861) (Capdeville, 1991, p. 42). Esta e outras referências documentais nos fizeram considerar que a

criação dos Imperiais Institutos de Agricultura, e especialmente o IIBA se constituiu na base

política antecedente da elaboração de num movimento histórico particular da República, o

ruralismo brasileiro. O ruralismo foi, como o define Sônia Mendonça (1998), um movimento

ocorrido entre 1880 e 1930, reunindo oligarquias agrárias organizadas na Sociedade Nacional de

Agricultura (1901), e do MAIC - Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (1909), buscando

se contrapor à hegemonia que São Paulo galvanizara após a queda do Império. Ora, já em meados

do século XIX os mesmos estados que recriaram o MAIC - Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do

Sul (a exceção seria Minas Gerais) - no princípio do século XX, inserem-se no movimento de

criação dos Imperiais Institutos de Agricultura e a criação de um Ministério próprio para a

agricultura, o Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (MACOP), em 1860.

Propomos, destarte, que a criação do MAIC tem suas raízes no mesmo movimento de criação do

MACOP e dos Imperiais Institutos de Agricultura. Esta inter-relação não foi levantada por nenhum

autor até nossa investigação.

Nestas associações se faziam representar os grandes proprietários de terra, os comerciantes, a

cúpula do clero, a oficialidade das Forças Armadas e da Guarda Nacional e os políticos, e uma de

suas principais metas é a criação de escolas de agricultura (TOURINHO, 1982; CAPDEVILLE,

1991). A partir da listagem dos seus fundadores, e principalmente dos diplomados pela escola

baiana, é possível vislumbrar o IIBA e a EAB enquanto aparelhos privados de hegemonia de uma

fração da classe dominante baiana, as oligarquias do recôncavo2. Além de um perfil social comum,

e terem sido criados sucessivamente, os laços entre os Imperiais Institutos carioca e baiano

chegam, dentre vários exemplos, ao ponto de o primeiro presidente efetivo do IIBA, Antonio

Calmon du Pin e Almeida, ser irmão do primeiro presidente do Imperial Instituto Fluminense de

Agricultura, Miguel Calmon du Pin e Almeida, o Marquês de Abrantes (cf. Domingues, p.209-213).

Destarte, quando D. Pedro “fomentou, então, a instituição de associações de classe,

convocando os elementos mais representativos da lavoura, comércio, indústria e capitalismo, para,

entre outros assuntos, cuidarem da difusão do ensino agronômico” (BAHIA, 1934, p.9. Grifei), a

ação do monarca no que diz respeito à Bahia se direcionou a uma região com peculiaridades

históricas e econômicas: o recôncavo baiano3. Assim, acreditamos que a construção desta

hegemonia pelas elites do recôncavo também passou pela sua atenção à ciência, especialmente a

agronomia.

A EAB, como instituição pioneira na formação dos primeiros profissionais capacitados para

atuar especialmente na agricultura, se inscreve na busca de atualizar o Brasil ante os triunfos da

Ciência, que cada vez mais se especializava e inter-relacionava com a atividade econômica, num

processo, acreditamos, semelhante ao que Figueirôa aponta na institucionalização da geologia no

país (Figueirôa,1997). Temos, portanto, a confluência de demandas sociais, econômicas e políticas

de uma fração de classe dominante na Bahia, junto a um novo perfil para a prática científica no país,

marcada pela profissionalização. Entretanto, apesar das inovações teóricas e metodológicas pelas

quais a historiografia das ciências recentemente vem passando no Brasil, especialmente a partir da

década de 19804, registra-se o Instituto Agronômico de Campinas em 1887 (como em

2 O predomínio de Salvador e do recôncavo na vida política baiana pode ser detectada na composição da Assembléia Provincial da Bahia. Entre 1835 e 1889, de 780 deputados estudados por Katia Mattoso, “550 eram de Salvador, 116 do Recôncavo e 114 do interior” – MATTOSO, K. p.276. Acerca das demais regiões como o Sul da Bahia, e a zona do Alto e Médio São Francisco, afirma que “só se integraram tardiamente à economia baiana, libertando-se do domínio de Salvador, intensificando o intercâmbio com outras províncias” 3 Um outro exemplo da prevalência do recôncavo baiano no Império pode ser detectada através do roteiro das cidades visitadas por D. Pedro II em sua visita à província em 1859: Cachoeira, Itaparica, Nazaré, Jaguaripe, Santo Amaro, Vila de S. Francisco, S. Gonçalo dos Campos, S. Félix. Entrementes Najé, Coqueiro, Maragojipe, Muritiba e Ilha de Madre de Deus, e Feira de Santana. A última se constituindo na exceção. (Bahia, Anais do APEB, vol.3 – 1918 & Tavares, Luís Henrique Dias, 1983). 4 A partir desta revisão teórico-metodológica é que foi possível superar uma visão há muito cristalizada em obras clássicas como a de Fernando de Azevedo, As ciências no Brasil, segundo o qual Brasil o mundo intelectual se restringia às letras, sem o complemento e o contrapeso das ciências (Azevedo, 1955). Em contraposição à visão de que a ciência brasileira começa apenas com as universidades, na década de 1930, podemos contrapor, no século XIX, “a criação, durante a permanência da Corte portuguesa no Rio de Janeiro, de diversas instituições, muitas das quais atuantes ainda hoje, tais como as escolas médico-cirúrgicas da Bahia e do Rio de Janeiro, de 1808, que em 1832 se transformaram em faculdades de medicina; a Academia Real Militar, de 1810, que deu origem à Escola Central de 1858 e à Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1874; um horto, em 1808, depois Jardim Botânico do Rio de

Schwartzmann, 2001) e ignora-se a Escola da Bahia, criada dez anos antes, ou no máximo, faz-se

breves referências (Malavolta In Ferri, Motoyama, 1979-1981; Capdeville, 1991) como a primeira

escola brasileira de agronomia de nível superior.

Na medida em que este estudo se inscreve num recorte regional, também deve ser inscrito em

totalidades mais amplas. Assim, em que contexto social, político econômico é criada a EAB?

Analisando os aspectos estruturais sociais e econômicos observamos uma convergência entre as

explicações de Fragoso (no âmbito da história econômica) e Capdeville (na seara da história das

ciências). Para o primeiro a fartura de braços e terras da primeira metade do século XIX reforçava o

caráter extensivo da agricultura (Fragoso in Linhares, 1993, p.138), não havendo urgência em

inovações técnicas ou tecnológicas. Para Capdeville, conforme escasseiam as terras e a mão de obra

escrava, e por conseguinte reflui a produtividade, começou-se a apelar à ciência (1991). É nesta

conjuntura que D. Pedro II criará os Imperiais Institutos de Agricultura e o MACOP.

Se vislumbramos o conceito de ciência “como uma prática de produção de conhecimento e

aplicação de resultados que se estabelece, através de indivíduos que o realizam, como sínteses de

suas tradições formadoras, com características locais, em determinados meios sociais” (Dantes,

1996), devemos, junto aos motivos apontados por Baiardi para a escolha da sede da instituição, no

dinamismo econômico e o potencial dos solos de massapê (p.79) os fatores políticos, sociais e

econômicos. O fomento do governo imperial e as teorias e técnicas elaboradas na França, Alemanha

e outros centros não se implantam num vazio, mas num contexto em que a articulação entre ciência

e agricultura já era uma demanda presente e articulada a partir de um grupo social definido, desde

pelo menos 1832, com a Sociedade de Agricultura, Comércio e Indústria da Província da Bahia

(SACIPBa), passando pelo IIBA e culminando na Sociedade Baiana de Agricultura (1903), entidade

associada justamente à Sociedade Nacional de Agricultura, entidade organizadora do ruralismo

brasileiro conforme Sônia Mendonça.

Analisando as origens sociais e geográficas não só da diretoria do IIBA, mas também, e

principalmente, dos estudantes da EAB, é possível vislumbrar estas instituições enquanto aparelhos

privados de hegemonia de uma fração das oligarquias rurais baianas. Compreendendo que a

hegemonia primeiramente pressupõe a direção intelectual de uma dada fração sobre o conjunto das

demais integrantes do bloco no poder e, em seguida, sobre os segmentos sociais dominados,,

constituir-se como classe dirigente, frente às demais frações dominantes, tem como elemento

estratégico a formação de seus quadros. Neste contexto histórico particular isto se desenrola sob o

discurso da luz da ciência, mas camuflando/dissimulando uma estrutura social eivada de interesses

de classe. Assim, nossa abordagem tenta seguir trilhas que os trabalhos de Sônia Mendonça,

Janeiro; em 1818, um museu de história natural, depois Museu Imperial e atual Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro” (Dantes, 2001, p.18).

redimensionando suas formulações na medida em que nosso recorte cronológico recua no período

imperial e especialmente por adotar a perspectiva da história social das ciências.

Tourinho e Baiardi enfatizam sobremaneira a importância dos profissionais estrangeiros nas

atividades de ensino e pesquisa. Mas um outro aspecto até então negligenciado diz respeito a EAB

apresentar, de 1877 a 1930 – logo, dentro do recorte temporal de Baiardi e Mendonça –, um grau

significativo de endogenia, com 33,3% de seus diretores e 36% de seu corpo docente composto por

seus diplomados. Estes dados foram obtidos coligindo uma lista de teses feita a partir de 96

amostras (donde constam não só dados sobre a filiação e origem geográfica dos estudantes5, como

também o currículo cursado e professores das respectivas disciplinas) com as listas de estudantes,

professores e diretores que constam nos anuários de 1934, 1936. Acrescentando-se a este dado a

constatação que, da nossa amostra de noventa e seis teses, compreendendo o período 1880-1930,

identificam-se 70% dos diplomados pela EAB como oriundos do Recôncavo Baiano. Daí nossa

proposição, a ser mais investigada, de que a criação do IIBA e especialmente da EAB envolve mais

do que a recuperação e consolidação da lavoura, mas a recuperação e consolidação de uma fração

de classe dominante que se reproduz a si mesma.

Muniz Barreto, Aragão, Bulcão, Calmon, Pires de Carvalho, Bittencourt, Costa Pinto são

sobrenomes que figuram na historiografia baiana no Império e mesmo no período colonial. Estas

famílias no decorrer do século XIX estão na direção da modernização da agricultura seja na

SACIPBa (1832), no IIBA (1859) ou na SBA (1903), tendo no coração do recôncavo baiano sua

base de articulação. Tal processo de modernização, com os mesmos agentes sociais à frente de sua

condução, inscreve esta investigação num movimento mais amplo aonde esta fração de classe

dominante se forja como classe dirigente formando parte de seus quadros pela EAB, engendrando-

se destarte a si mesma enquanto grupo que constrói sua hegemonia a nível local6 ao tempo em que

se articula com outras elites regionais na luta por uma pasta ministerial especialmente para a

agricultura, quer na década de 1860, quer mais adiante na primeira década do século XX.

Mas de que forma os egressos de São Bento das Lages contribuíram para a institucionalização

da agronomia na Bahia e no Brasil, conforme nossa hipótese? Os egressos da EAB estão

5 O frontispício da tese seguia sempre a seguinte estrutura:: "Tese apresentada à Escola Agrícola da Bahia para ser perante a mesma publicamente sustentada por (nome do aluno). Natural de (Estado e cidade). Filho legítimo de (nome do pai) e (nome da mãe) afim de obter o grau de Engenheiro Agrônomo", seguida do ano. Na página seguinte, uma lista com as disciplinas do currículo e respectivos professores dos quatro anos de curso, encabeçada pelo diretor e encerrada pelo secretário. Abaixo deste, a inscrição "A Escola não aprova nem reprova as opiniões emittidas nas teses que lhe são apresentadas". Outra página traz os "pontos desenvolvidos na tese", com o tema da dissertação e proposições, que se constituiam em assertivas a respeito das disciplinas cursadas. 6 Miguel Calmon du Pin e Almeida sintetiza, por exemplo, este processo: titular do MAIC entre 1922-1926, BA. Eng.º pela Politécnica (RJ); secretário de Agricultura da Bahia (1902-1904);deputado federal em 3 mandatos; fundador da Federação da Associações Comerciais do Brasil; vice-presidente da Liga de Defesa Nacional; integrante da Campanha Civilista, Ministro de Viação e Obras Públicas (1907-1910); Senador (1927-1930); presidente da SNA (1921-1922); proprietário e usineiro” –p.120. Era sobrinho de um dos fundadores da Sociedade de Agricultura, Comércio e Indústria da Província da Bahia na década de 1830, e filho de um dos fundadores do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura, Antonio Calmon du Pin e Almeida. Criaria o Boletim da Secretaria da Agricultura em 1903 e ainda foi professor da Escola Politécnica da Bahia (Bahia, 1903; Poliano, 1945; Mendonça, 1998).

envolvidos na criação e consolidação de instituições como Escola Politécnica da Bahia (Arlindo

Fragoso), Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária do Rio de Janeiro e Instituto

Agronômico de Campinas (Gustavo Dutra). Mas além de instituições de ensino e pesquisa, os

personagens citados trabalharam também em instituições de poder, de definição de políticas

governamentais na área agrícola. Gustavo Dutra, por exemplo, Secretário da Agricultura do Estado

de São Paulo membro da Sociedade Nacional de Agricultura. Domingos Sérgio de Carvalho, além

de diretor da SNA, Secretário de Agricultura da Bahia, participou da formulação da lei de

regulamentação da profissão de engenheiro agrônomo, e como lente do Museu Nacional foi o

responsável pelo projeto de transferência do mesmo do âmbito do Ministério da Justiça e dos

Negócios Interiores para o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (Lopes, 1997, p. 228).

A partir da trajetória destes diplomados, concluímos que a EAB contribui, através de seus

quadros, para a institucionalização da agronomia na Bahia e no país.

As investigações documentais até aqui apontam não apenas uma mesma fração da classe

dominante na condução do processo de implantação da ciência, como aponta para a formação de um

núcleo de personagens comuns que permanece em São Bento das Lages a despeito das mudanças de

regime político (da monarquia para a República) e de estatuto da EAB (escola imperial de nível

superior – 1877/1904; instituto agrícola – 1904/1910; escola média federal – 1911/1916; escola

superior estadual – 1920/1930) (BAHIA, 1934). A propósito da cronologia, esta pesquisa iniciada

na graduação como bolsista PIBIC/CNPq/UEFS permitiu o estabelecimento desta cronologia. O

artigo de Baiardi não estabelece uma cronologia precisa, e a cronologia do trabalho de Tourinho é a

seguinte: 1)1877-1904: Escola Agrícola da Bahia; 2)1904-1911 : bens revertidos ao Estado com o

nome de Instituto Agrícola da Bahia; 3)1911-1914: Escola Superior de Agricultura e Medicina

Veterinária [sic]; 4)1914-1916 – atividades paralisadas; 5)1916-1930 – ainda em São Bento das

Lages; 6)1930-1943 – Cruz das Almas, onde atualmente funciona a Faculdade [sic] de Agronomia

da UFBA (Tourinho, 1982, p.219).

Quando falamos em História Social das Ciências trata-se de uma abordagem analisa práticas e

tomo como objeto operações através das quais o sentido é localmente produzido. Destarte, a

exemplo de uma possibilidade já explorada pelos historiadores da cultura ou da religião, a história

social das ciências traz elementos de reflexão acerca da própria sociedade aonde esta ciência se faz,

desenvolvendo uma interlocução obrigatória com a História geral lhe propondo leituras e

repensando e enriquecendo suas categorias reciprocamente.

Se para Kuhn (1978), a aceitação de um paradigma pode ser verificada com o surgimento de

jornais, revistas especializadas, fundações de sociedades científicas, currículos de cursos

universitários, citações, livros didáticos etc., não seria talvez adequada a categoria comunidade

científica para um grupo que elaborou duas revistas – O AGRÔNOMO e CAMPOS E LAVRAS,

Revista Mensal Lítero-Agronômica – e um boletim especializado, o BOLETIM DA

SECRETARIA DE AGRICULTURA? Ante os diversos conflitos identificados na trajetória do

IIBA e da EAB, convergimos com Bourdieu (apud Ortiz, 1983) na sua crítica a Kuhn quanto a sua

concepção de ação da comunidade científica autônoma, insulada e auto-reprodutora, com cientistas

neutros e interessados somente no progresso da sua disciplina, haja vista que oculta, mais do que

elucida, a dinâmica das práticas científicas na sociedade moderna em geral, e no caso em recorte,

em particular.

E na medida em que o ensino da EAB é concebido em torno de dois pólos – o ensino superior

e o ensino elementar – e os egressos da EAB buscam demarcar seu espaço frente aos outros

profissionais, especialmente aos bacharéis, estudaremos a composição de um novo campo

científico, compreendido aqui como sistema de relações objetivas entre posições adquiridas no jogo

de uma luta concorrencial. O que está em disputa “o monopólio da autoridade científica definida, de

maneira inseparável, como capacidade técnica e poder social; ou, se quisermos, o monopólio da

competência científica, compreendida enquanto capacidade de falar e agir legitimamente (isto é, de

maneira autorizada e com autoridade) que é socialmente outorgada a um agente determinado”

(Bourdieu apud ORTIZ, 1983, p. 122-3).

Assim, através da análise das teses para colação de grau e de concurso para cadeira

podemos vislumbrar como os conceitos de e sobre ciência foram formulados/reformulados, as

escolhas temáticas feitas, as relações dos enunciados entre si, entre estes e os processos onde se

inserem, de modo que poderemos perceber o que singulariza, o que a diferencia os engenheiros

agrônomos, ou seja, qual o seu habitus.

Legitimando o seu espaço profissional sobre a agricultura, desautorizando outros, regulares

posturas como a de Genésio Sampaio Neves, em sua tese,

“É preciso que este mesmo governo volte as vistas atrás e note que neste Estado ainda existe uma

Escola Agrícola cujo fim é diplomar moços na ciência agronômica e não querer tirar barbaramente

os cargos a que estes devem ser confiados para servir unicamente a meia dúzia de exploradores e

especuladores políticos (NEVES, G. S.Adubos orgânicos e sua aplicação na agricultura. 1898. Grifei).

Esta postura, independentemente do tema, mostra-se generalizado nas monografias da EAB,

que evidenciam o embate dos agrônomos como profissionais que tem como questão central a

afirmação de um novo espaço de poder para eles, detentores de um novo saber, do qual detém o

monopólio do discurso autorizado, ou melhor dizendo, da competência para reabilitar a lavoura, E

se este é o lugar que os agrônomos diplomados pela EAB reservam para si, caberá à sua base de

legitimação e sustentação, a ciência, o estatuto mais privilegiado, afinal

“O agrônomo é rex naturae, que estudando os fenômenos da vegetação, dirige com suas leis, e as

mais preconizadas, a agricultura; esta fonte de riqueza de onde emana a civilização dos povos. Sem

ele a agricultura não é mais do que rotina” (Bahia, Manoel Francisco de Oliveira. Valor locativo do

solo. Tese de 1890).

A crítica aos políticos e à política em geral será uma das características que emergem das

dissertações. Segundo Mendonça discute sobre a agronomia em Ruralismo Brasileiro, “pretendia-se

estabelecer uma diferença que, legitimando certas falas sobre a agricultura, deslegitima-se outras

tantas, construindo-se uma oposição entre políticos e homens de ação, cabendo a estes o monopólio

do discurso autorizado posto que oriundo do conhecimento aplicado” (Mendonça, 1997), numa

tendência comum a outras profissões que se estabeleciam ao final do XIX como a medicina e a

engenharia, conforme assinala L. Schwarcz em O Espetáculo das Raças (1993). Julgamos, assim,

que a abordagem de Bourdieu é adequada a nosso objeto.

A partir das teses verificamos dados referentes ao nome dos estudantes, dos professores, e das

disciplinas ministradas coligidos com os anuários da EAB referentes aos anos de 1934 e 1936, e que

traz listas dos professores, técnicos e estudantes da Escola do período de 1875 a 1936. Além disto,

constituem outro sinal de sintonia da EAB com o que ia pelo Brasil, para além do cientificismo,

pois, como os cursos de medicina e engenharia, exigia-se aqui a apresentação de uma monografia

ou tese, quer para a obtenção de diploma de nível superior, quer a ocupação de cargos docentes

(Dantes, 1996, p.55). Encontramos cerca de noventa e seis teses de conclusão de curso e cinco para

concurso de cadeira da EAB.

Da análise deste acervo foi possível entrever a influência não de um, mas vários centros,

como observa-se na diversificada origem dos exemplares. Há predominância de obras francesas,

mas também um número significativo de produção alemã, inglesa, espanhola, portuguesa,

holandesa, italiana etc. Esta hipótese sobre as diversas influências/referências para a EAB se reflete

não apenas na biblioteca, mas também no conjunto de peças museológicas que sobreviveram na

Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia (EAGRUFBA).

Sobre o acervo da biblioteca da EAGRUFBA, cabe frisar que este contém obras originais de

autores clássicos no estabelecimento das ciências naturais no século XIX a exemplo de Georges

Cuvier7, Alexander von Humboldt8 e Louis Agassiz9, além da coleção de 1876 a 1930 dos Archivos

do Museu Nacional.

7 Recherches sur les Ossemens Fossiles – Tome Quatrième, Iconographie du Réne Animal.TomeIII-Texte Explicatif, Le Règne Animal Distribué D’a Près Son Organisation, Pour Servir De Base A L’Histoire Naturelle Des Animaux Et D’Introduction A L’Anatomie Comparée – Le Poissons, Leçons D’Anatomie Comparée – Tome Septième, Le Régne Animal Distribué D´Apres Son Organisation-TomeIV-Crustacés, Arachnides et Partie des Insectes. De 1823, 1829-1844, 1840 e 1829 respectivamente. Todos publicados em Paris. 8 Voyage de Humboldt et Bonpland. Premiéri Partie, Paris, 1807. 9 Recherches sur les Poissons Fossiles Tome I, Neuchatel,1833

No que diz respeito às fontes iconográficas, a EAGRUFBA possui até hoje quadros dos

professores e diretores da EAB e membros do IIBA no seu Salão Nobre, às quais devem ser

acrescentadas fotos das dependências da escola presentes no periódico produzido pelos estudantes

no período de gestão federal, a revista O AGRÔNOMO (1911-1912). Nos seis números (outubro de

1911 a março de 1912) que foram localizados é possível encontrar também fotos das plantações

(cacau, banana, cana etc.) dos instrumentos agrícolas, dos laboratórios, da biblioteca, da residência

do diretor, do museu de mineralogia e zoologia, do prédio da escola, plantações, etc.

No arquivo morto da EAGRUFBA, recentemente disponibilizado, há fontes que esclarecerão

aspectos para os quais as teses se configuram como insuficientes. O cotidiano das atividades da

EAB poderá ser mais eficazmente reconstituido a partir dos livros de atas da Congregação dos

Professores10 e os livros de exame11, serão de suma importância por nos permitirem analisar as

concepções e, principalmente, as compreensões e decisões dos docentes em suas mudanças

institucionais e permanências de profissionais.

Também no arquivo morto da EAGRUFBA, a correspondência externa e interna da diretoria

da EAB (desde pelo menos 1886 a 1930) se constitui em fonte privilegiada ao permitir recompor os

laços institucionais e o cotidiano da sua gestão, inclusive com alguns egressos à frente da diretoria.

A partir desta correspondência se identifica um contato constante e preponderante com órgãos

estatais como o MACOP (depois MAIC), a Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia (no que

tange ao período posterior a 1904) e outras instituições como a Escola Superior de Agricultura e

Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (depois Escola Nacional de Agricultura - ENA), a Escola

Superior Luís de Queiroz, o Museu Nacional, etc.

Especialmente no que tange ao cotidiano de atividades da Escola, cobrindo particularmente o

período em que funcionou a Escola Média Teórico-Prática, além de fontes supracitadas,

trabalharemos com as abordagens da História oral, em entrevistas com ex-estudantes e funcionários,

identificados a partir de matéria do jornal Correio da Bahia (Correio da Bahia, Repórter,

11/01/2002 – Domingo, p.03). • Antonio Barreto dos Santos, 75 anos

• Humberto Sturaro, 73 anos (filho de Raimundo Sturaro, da turma de 1930)

• Francisco Inácio de Andrade

• Francisco Horácio de Oliveira, 71 anos, ex-funcionário

• Eduardo Júlio de Assis, 86 anos, “Seu Foboca”

• José Floriano de Almeida, 75 anos

• Orlando da Silva, “Orlando Alfaiate”, 84 anos, ex-funcionário

10 Nos anos de1876-1883, 1887-1901, 1893-1895, 1895-1901, 1901-1907, 1907-1910, 1911-1912, 1920-1935

Outra fonte a que dedicaremos especial atenção são os números do Boletim da Secretaria da

Agricultura, Criado em 1904 por Miguel Calmon du Pin e Almeida, um ano após a criação da

Secretaria de Agricultura do Estado e da Sociedade Baiana de Agricultura (SBA), reunidos na

biblioteca da EAGRUFBA. Este Boletim congregaria nomes envolvidos com a EAB, respaldando a

comunidade que em torno dela gravitava a exemplo de Gustavo Dutra, Arlindo Fragoso, Gregor

Bondar, Leo Zehntner, entre outros nomes.

Diante dos elementos até aqui problematizados, consideramos a EAB não apenas como

primeiro núcleo de profissionais especialmente voltados para a agricultura do país, a despeito de

suas marchas e contramarchas. Esperamos contribuir com esforços historiográficos recentes não só

para a revisão de uma concepção ainda arraigada na academia brasileira, de que a ciência começa

na década de 1930 com as universidades. A EAB mostra a possibilidade da existência deste tipo de

empreendimento além do centro-sul do país com qualidade e inscrita numa sociedade de classes.

FONTES PRIMÁRIAS ESCRITAS

Acervo da Escola de Agronomia da UFBA (EAGRUFBA) BAHIA, Livro para Registro dos Diversos Títulos de Nomeações Imperiais . 1859 a 1867 BAHIA, Livro de Atas do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura. 1859-1904 BAHIA, Livro da Inscrição dos Sócios que compõem o Imperial Instituto Bahiano. 1859 EAB. Livros de atas da Congregação dos Professores 1876-1935 EAB. Livros de exame. 1893-1936 EAB. Teses de conclusão de curso. 1881-1926 EAB. Teses de concurso. 1895 O AGRONOMO – ORGAM DO CENTRO DE ESTUDANTES DA ESCOLA AGRICOLA DA BAHIA. (1911-1912) CAMPOS E LAVRAS. Revista Mensal Lítero-Agronômica (1912) ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA BAHIA, Correspondências da Escola Agrícola (1865-1881) – Seção Colonial e Provincial. Guia do Império – 2.ª parte. Série Instrução Pública. Ensino Superior. Escola Agrícola – Maço 4044 BAHIA, Correspondências do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura (1859-1868) - Seção Colonial e Provincial. Guia do Império – 2.ª parte. Agricultura. Instituto Bahiano de Agricultura – Maço 4589 BAHIA, Documentação da Secretaria de Agricultura (1896-1931) – Arquivo Público do Estado da Bahia, Seção Republicano. Secretaria de Agricultura.

11 Nos seguintes períodos: 1893-1899, 1899-1905, 1907-1910, 1911-1914, 1927-1936

REFERÊNCIAS

BAIARDI, Amilcar. “O Papel do Imperial Instituto de Agricultura na Formação da Comunidade de Ciências Agrárias da Bahia, 1859-1930”. In Seminário Nacional de História da Ciência e Tecnologia (7.: 1999: São Paulo) VII Reunião de Intercâmbios para a História e a Epistemologia das Ciências Químicas e Biológicas. Anais/José Luiz Goldfarb & Márcia H. M. Ferraz (orgs.). São Paulo: EDUSP: EDUNESP: Imprensa Oficial do Estado: SBHC, 2001 CAPDAVILLE, Guy. O ensino superior agrícola no Brasil – Viçosa: UFV, Impr. Univ. 1991 DANTES, Maria Amélia M. (org.). Espaços da Ciência no Brasil: 1800-1930 – Rio de Janeiro:: Editora Fiocruz, 2001 DANTES, Maria Amélia Mascarenhas. “Relações Científicas Locais: Modelos Institucionais no Final do Século XIX” In: ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria, MAIA, Carlos A. História da Ciência: o mapa do conhecimento. Rio de Janeiro/São Paulo: Expressão e Cultura/EDUSP, 1995, p.923-931 DOMINGUES, H. M. B. Ciência, um Caso de Política: as relações entre as ciências naturais e a agricultura no Brasil Império, 1995. Tese de doutorado, São Paulo:FFLCH-USP DIAS, André Luís Mattedi, SANTANA, José Carlos Barreto de. Linha de Pesquisa em História das Ciências no Brasil com ênfase na Bahia. Proposta de Linha de Pesquisa, Feira de Santana:: DEXA/UEFS, 1999 FRAGOSO, João Luis. “O Império Escravista e a República dos Plantadores. Parte A: Economia Brasileira no século XIX: mais que uma plantation escravista-exportadora” In: LINHARES, Maria Yedda. História Geral do Brasil – Rio de Janeiro: Editora Campus, 1993 FIGUEIRÔA, Sílvia F. de M. Um olhar sobre o passado: história das ciências na América Latina – Campinas, SP: Editora da UNICAMP; São Paulo: Imprensa Oficial, 2000 FIGUEIRÔA, Sílvia F. M. As Ciências Geológicas no Brasil: uma história social e institucional, 1875 – 1934. São Paulo: HUCITEC, 1997 GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da História. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984 KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas /trad. Beatriz Boeira., 5ª ed. São Paulo:: Perspectiva, 1978 LOPES, M. Margaret. O Brasil descobre a pesquisa científica: os museus e as Ciências naturais no século XIX. São Paulo: HUCITEC, 1997 MALAVOLTA, Eurípedes. “As Ciências Agrícolas no Brasil” In: FERRI, Mário Guimarães, MOTOYAMA, Shozo. História das Ciências no Brasil – São Paulo: EPU: EDUSP, 1979-1981 MENDONÇA, Sonia Regina de. Agronomia e Poder no Brasil. – Rio de Janeiro: Vício de Leitura, 1998. MENDONÇA, Sonia Regina de. O ruralismo brasileiro(1888-1931). São Paulo: Hucitec, 1997

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