a era vargas
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A Era Vargas
1930 - 1945
• O golpe militar de 1930 instaura a ditadura ou "Governo Provisório".
O Governo Provisório:
• Ao assumir o poder em 1930, Getúlio Vargas suspen deu a Constituição em vigor, fechou o Congresso Nacio nal, as assembleias estaduais e municipais e nomeou pes soas de sua confiança para o Governo dos estados, os chamados interventores, em geral tenentes.
• Criou ainda dois novos ministérios: o da Educação e Saúde Pública e o do Trabalho, Indústria e Comércio. Patrocinou uma po lítica que diminuísse os efeitos da crise mundial de 1929 sobre o setor agrícola de exportação.
• O Estado passou a comprar o estoque de café e a queimá-lo, para diminuir a oferta e garantir o preço do produto no mercado internacional. Além disso, criou órgãos de prote ção a outros gêneros agrícolas, como o cacau, açúcar, mate, álcool e outros.
A Revolução Constitucionalista de 1932:
• No estado de São Paulo a insatisfação com o governo provisório de Vargas era grande . Os paulistas esperavam a convocação de eleições, mas dois anos se passaram e o governo provisório se mantinha.
• Os fazendeiros paulistas, que tinham perdido o poder após a revolução de 1930, eram os mais insatisfeitos e encabeçaram uma forte oposição ao governo Vargas.
• Houve também grande participação de estudantes universitários, comerciários e profissionais liberais. Os paulistas exigiam do governo provisório a elaboração de uma nova Constituição e a convocação de eleições para presidente.
• Exigiam também a saída imediata do interventor, o tenente pernambucano João Alberto e, a nomeação de um interventor paulista e civil. Em 1 ° de março de 1932, Pedro de Toledo foi nomeado interventor de São Paulo, atendendo a primeira exigência.
Pedro de Toledo:
• Como Vargas não atendeu as outras reivindicações dos paulistas, em maio de 1932 começaram uma série de manifestações de rua contrárias ao governo Vargas.
• Numa destas manifestações, houve forte reação policial, ocasionando a morte de quatro estudantes (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo). As iniciais dos nomes destes estudantes (MMDC) transformou-se no símbolo da revolução.
• Em 9 de julho de 1932 começou a Revolução Constitucionalista, que foi uma verdadeira guerra civil.
• Os paulistas fizeram uma grande campanha, usando jornais e rádios, conseguindo mobilizar grande parte da população. Os combates ocorreram, principalmente, no estado de São Paulo, região sul do Mato Grosso, sob o comando do general Bertoldo Klinger e a região sul de Minas Gerais.
Bertoldo Klinger:
• Contando apenas com o apoio do sul do Mato Grosso, São Paulo enfrentou o poder militar do das forças armadas federais.
• Cerca de três mil brasileiros morreram em combate e mais de cinco mil ficaram feridos durante a revolução. Em 3 de outubro de 1932, Getúlio conseguiu esmagar a revolta paulista.
• Embora derrotados, os paulistas conseguiram alcançar alguns objetivos. Entre eles, a Constituição que acabou sendo promulgada em julho de 1934, trazendo alguns avanços democráticos e sociais para o país.
Eleições de 1933:
A Assembléia Constituinte e a Constituição de 1934
• A Constituinte – Em 3 de maio de 1933, com base no novo Código Eleitoral, realizaram-se as eleições para a Assembléia Constituinte, instalada em novembro do mesmo ano. A composição da Assembléia representou o ressurgimento das antigas oligarquias estaduais. Ao lado delas, surgiram os representantes classistas eleitos pelos sindicatos profissionais.
Carlota Pereira de Queiroz : 1ª Deputada
• A Assembleia foi presidida pelo mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, foi promulgada no dia 16 de julho de 1934.A nova Constituição manteve o federalismo, o presidencialismo e a independência dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Poder Executivo:• No Executivo, nas disposições transitórias, fixou-se
em caráter excepcional a eleição do primeiro presidente pelo voto indireto da própria Assembleia. Getúlio Vargas foi confirmado na presidência, vencendo seu opositor, Borges de Medeiros. A inovação mais notável no Executivo foi a obrigatoriedade da adoção de uma assessoria técnica para cada ministério. Extinguiu-se a vice-presidência.
Poder Legislativo:• Foi mantida a divisão entre Câmara e Senado, sendo
seus representantes eleitos por voto direto, secreto e universal, bem como pelo voto profissional, como preconizava o Código Eleitoral de 1932. O número de representantes na Câmara dos Deputados era proporcional ao número de habitantes dos estados: até vinte deputados, um deputado para cada 150 mil habitantes; acima de vinte, um deputado para cada 250 mil habitantes.
• Além disso, a Câmara contava com deputados eleitos indiretamente pelos sindicatos - patronais e de empregados, cujo número não excedia um quinto do total de representantes. O mandato dos deputados era de quatro anos. Quanto ao Senado, era integrado por dois representantes por estado, incluindo o Distrito Federal (Rio de Janeiro). O mandato dos senadores era de oito anos.
Poder Judiciário:
• O Supremo Tribunal Federal foi transformado em Corte Suprema. Foi criada a Justiça Eleitoral e Militar. Surge a Justiça do Trabalho. Outra inovação foi o mandado de segurança, que permitia ao cidadão proteger-se qualquer arbitrariedade de qualquer autoridade.
• Nacionalismo e estatização. A política de imigração sofreu restrições, visando sobretudo a imigração japonesa: estabeleceu-se o limite de 2% sobre as nacionalidades já residentes no país. Proibiu-se a concentração de estrangeiros numa mesma região. Preconizou-se ainda a estatização de empresas estrangeiras e nacionais, quando fosse do interesse geral da nação.
• As companhias de seguro estrangeiras foram nacionalizadas; estabeleceu-se o princípio da propriedade nacional do subsolo, explorável privadamente mediante explicita concessão estatal. Por fim, ocorreu a nacionalização da informação, proibindo-se a imprensa nas mãos de estrangeiros.
O Governo Constitucional:
• Vargas, no entanto, não abandonara suas pretensões centralizadoras. Alinhado com as tendências totalitaristas na Europa, o Presidente simpatizava com o fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler.
Leis Trabalhistas:
• Desde o começo da revolução de 1930 era nítida a preocupação com o trabalhador, antes simplesmente ignorado e destituído de qualquer direito. Assim, criou-se o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (26/11/1930), com Lindolfo Collor à frente. Nos anos seguintes, regulamentaram-se os sindicatos, a jornada de trabalho e o trabalho dos menores e das mulheres.
• No texto constitucional, artigo 121, proibiram-se as diferenças salariais com base em diferenças de sexo, idade, nacionalidade ou estado civil. Foram estabelecidos salários mínimos regionais; jornada de trabalho de oito horas; descanso semanal;
• férias anuais remuneradas; indenização do trabalhador em caso de demissão sem justa causa; regulamentação das profissões; proibição do trabalho a menores de 14 anos, de trabalho noturno para menores de 16 anos, de trabalho reconhecidamente nocivo à saúde aos menores de 18 anos e às mulheres.
• A razão principal que levou a nova classe dominante a se importar com o mundo do trabalho foi a preocupação em controlar e frear a formação de um operariado organizado, com ideologia própria. Desde a primeira década do presente século já era visível a propagação do anarquismo e do comunismo. Para vincular o trabalhador ao Estado, preparou-se uma legislação própria, que acabou ligando todos os órgãos trabalhistas (sindicatos) diretamente ao Ministério do Trabalho.
A educação:
• A criação do Ministério da Educação e Saúde, em 1930 (cujo primeiro titular foi Francisco Campos), já era sintoma de uma nova visão na área da educação. A nova Constituição estabeleceu, nesse ponto, o ensino primário obrigatório, com a perspectiva de fazer o mesmo, posteriormente, com outros graus de ensino.
• Nessa mesma época, duas vertentes políticas começaram a influenciar a sociedade brasileira. De um lado, a extrema direita fundara a Ação Integralista Brasileira (AIB), de caráter fascista e pregando um Estado totalitário. Do outro, crescia a força de esquerda da Aliança Nacional Libertadora (ANL), inspirado no regime socialista da União Soviética, que também era totalitário.
Ação Integralista Brasileira:
• Integralismo: Corrente que defendia o fascismo no Brasil, liderada por Plínio Salgado.
• Aliancismo: Corrente que defendia a revolução socialista no Brasil através da Intentona Comunista, liderada por Luiz Carlos Prestes e Olga Benário Prestes.
Plínio Salgado:
Comício da ANL:
Olga Benário Prestes:
Leocádia Prestes:
Anita Leocádia Prestes:
Estado Novo (1937 - 1945):
• O mandato de Getúlio terminaria 1937. Começou então a campanha eleitoral para a sucessão do Presidente com três candidatos: Armando Sales Oliveira, pela ANL; José Américo de Almeida, apa rentemente apoiado pelo Presidente; e o líder integralista Plínio Salgado.
• Getúlio, não pretendia deixar a Presidência e, juntamente com dois chefes militares, generais Eurico Gaspar Dutra e Góis Monteiro, arquitetou um golpe de Estado. A intenção do Presidente era conseguir o apoio de setores sociais temerosos com o avanço da esquerda.
• Para isso, espalhou uma história segundo a qual os comunistas planejavam tomar o poder, assassinar as principais lideranças políticas do País, incendiar as Igre jas, desrespeitar lares, etc.
• O plano, que vinha assinado por um desconhecido chamado Cohen, era, na verdade, uma farsa: o Plano Cohen foi feito por militares integralistas, que desejavam da instalação de um regime ditatorial de direita.
• A suposta ameaça comunista garantiu a prorrogação do estado de sítio. Muitos opositores foram presos e a imprensa sofreu violenta censura.
• O sucesso do plano de Vargas completou-se em novembro de 1937, quando, usan do a Polícia Militar, fechou o Congres so Nacional, suspendeu a realização das eleições presi denciais, extinguiu os partidos políticos e outorgou uma nova Constituição. Inaugurava-se o Estado Novo.
• A Constituição, outorgada imediatamente após o golpe, havia sido elaborada por Francisco Campos e ins pirada na Constituição fascista da Polônia, chamada por isso de "Polaca". Nela, o poder político concentrava-se completamente nas mãos do Presidente da República, a " autoridade suprema do Estado", subordinando o Legislativo e o Judiciário.
• A ditadura de Vargas apoiava-se, ainda, no controle sobre a imprensa. Para isso, criou-se o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), encarregado da censura dos meios de comunicação, além da divulgação de uma imagem positiva do Estado Novo, influenciando a opinião pública.
• Nesse período começou a ser transmitido, por rede de rádio, o programa "Hora do Brasil".
• Para controlar a administração, foi criado o De partamento Administrativo do Serviço Público (DASP), o qual assumiu o comando sobre a administração e o servi ço público. No nível estadual, Vargas impunha os interventores e proibia a utilização de bandeiras, hinos e outros símbolos que não fossem nacionais.
• Contra os opositores do regime, ampliou os poderes das polícias estaduais, especialmente da polícia política, comandada por Filinto Müller. Ocorreram muitas prisões e maus-tratos, sendo as torturas constantes.
Filinto Müller:
• No plano trabalhista, Vargas estabeleceu um rígido controle sobre os sindicatos, submetendo-os ao Ministé rio do Trabalho e impondo-lhes lideranças fiéis ao regime. Manteve ainda sua política paternalista, concedendo no vos benefícios trabalhistas, como salário mínimo e a Con solidação das Leis do Trabalho (CLT).
• Durante o Governo Vargas, a economia brasileira se modernizou e diversificou-se. Em outros setores da agricultura, o incentivo governamental causou o aumento da produção e a di versificação dos cultivos.
• A indústria teve um impulso considerável, especial mente a partir de 1940. De um lado, o início da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) dificultava as importações, incentivando mais uma vez o processo de substituição dos produtos importados por nacionais.
• Por outro, o grande apoio do governo estimulava a implantação de novas fábricas, a ampliação das já existentes e a monta gem da indústria de base, como a Companhia Siderúrgica Nacional.
CSN
• Visando a obtenção de matéria-prima para a indústria pesada, Vargas criou a Companhia Vale do Rio Doce. Sur giram, assim, grandes empresas estatais que garantiriam o suprimento de produtos indispensáveis ao desenvolvi mento das demais indústrias.
• Preocupado ainda com o fornecimento de energia que movimentasse o parque industrial brasileiro, o Governo criou o Conselho Nacional do Petróleo. O órgão deveria controlar a exploração e o fornecimento desse produto e seus derivados.
O Fim do Estado Novo:
• Quando a Segunda Guerra Mundial começou , em 1939, o governo brasileiro adotou uma posição de neutra lidade. Não manifestou apoio nem aos Aliados (Inglater ra, Estados Unidos, França e União Soviética), nem aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
• O Brasil conseguiu mais vantagens econômicas com os Estados Unidos, pois eles emprestaram o dinheiro para a construção da Usina de Volta Redonda. Vargas foi pressionado a apoiar os aliados e, em janeiro de 1942, rompeu relações com os países do Eixo.
Vargas e Roosevelt em Natal:
FEB:
• A participação do Brasil na luta contra as ditaduras na Europa, criou uma contradição interna, que acabou por enfraquecer as bases do Estado Novo. O Brasil lutava contra as ditaduras nazista e fascista, pela liber dade, enquanto mantinha uma ditadura.
• A oposi ção à ditadura de Vargas ganhou espaço, sendo realiza das diversas manifestações pela redemocratização do País.
• Sem saída, Vargas foi restabelecendo a democracia no País. Marcou a realização de eleições gerais para 02 de dezembro de 1945.
• Em 29 de outubro de 1945, porém, as Forças Armadas obrigaram Getúlio a renunciar à presidência. Em seu lugar assumiu o ministro do Supremo Tribunal Eleitoral José Linhares, que garantiu a realização das eleições na data prevista, as quais foram vencidas por Eurico Gaspar Dutra.