a emoção e a regra
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Essa resenha obteve nota máxima na avaliação. O texto resume todos os capítulos da obra de De Masi, e oferece uma visão que aproxima o leitor da lógica dos pensamentos do autor.TRANSCRIPT
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“A Emoção e a Regra”Domenico De Masi
Campinas, 2010
Introdução
O livro “A Emoção e a Regra” de Domenico Demasi trata da era Pós-Industrial, e com ela as
várias revoluções que modificaram a sociedade desde o século XVIII. Domenico define esse período
como a Terceira Onda do Mundo, antecedendo a Segunda Onda do maquinismo, produção em série e
sincronização dos movimentos que mudaram os novos tempos; e a Primeira Onda que expõem a era
Rural e reinou durante tempos.
A partir da Terceira Onda, com o mundo repleto de mudanças, passou-se a valorizar mais a
cultura do que a estrutura, e a CRIATIVIDADE foi a característica que pode resumir esse período.
Antes, achava-se que essa era fruto do descontrole pessoal perante as regras pré-estabelecidas da
sociedade, da indisciplina e da indolência. No Segunda Onda foi a produção em série, mecanizada e
estereotipada, longe de qualquer raiz da imaginação.
É na era pós-industrial que os homens estabelecem o que é a criatividade, é a relação direta
entre o “equilíbrio da razão associada á emoção, da fantasia e o senso prático”, e foram poucos os
iluminados que portam esse dom. A criatividade se manifesta como um fenômeno de grupo, de
pessoas capazes de organizar e formular estratégias para ideias que antes não passavam de sonhos, e
que se tornaram realidade através do esforço e da idealização coletiva, não mais como fruto da
genialidade individual como se pensava nos séculos passados. A motivação, o profissionalismo, o
surgimento idéias, a possibilidade de um líder para organizar as idéias e tornarem-nas realidades são
os principais objetos de estudo propostos por Domenico Demasi na obra.
Não existe conhecimento ou teorias consolidadas se como essas organizações se
estruturaram e foram capazes de construir e criar corporações que entraram para a história, não
encontraram manuais explicando seus funcionamentos, ou como ser criativo a ponto de marcar a
história do Mundo.
A partir da Segunda Guerra Mundial tornou-se cada vez mais evidente que o mundo ia
transformar-se bruscamente, a ponto do aprimoramento do saber e da especialização do ser humano
transformando a matéria prima da civilização. Grandes acontecimentos ocorridos no século XII e XII
contribuíram como descobertas teórico-práticas da civilização Mesopotâmica. Na metade do século
XVIII com o Iluminismo, a revolução Francesa e o nascimento da Indústria muita coisa se
revolucionou também. Foram necessários milhares de anos de organização moderna para construir a
sociedade Industrial, e apenas dois séculos de industrialização para o começo do advento Pós-
Industrial. A ciência, a razão, o conhecimento teórico ocupam agora o papel central que antes
pertencia a produção manufatureira, ao individualismo, ao teocentrismo e produção em massa. Todo
esse processo teve inicio na Europa e logo após nos Estados Unidos. Na Europa deu-se por causa do
familiarismo, cooperação, á estética, auto-realização, ao senso coletivo e principalmente ao modo
inovador dos criativos europeus. Enquanto isso nos Eua desenvolveu-se para a massa os novos
conhecimentos, voltada a eficiência e máxima valorização de vantagens e trabalho, para diminuir o
tempo da produção, á especialização e sincronização.
Domenico Demasi estrutura o livro no período em que a Industria teve sua hegemonia social
e quando ocorreu sua organização cientifica: época de Marx, Weber, Taylor, Ford e Mayo, e utiliza-
se de 13 organizações que exemplificam a criatividade reunida nessas. Desde equipes cientificas,
fabricantes, os primeiros estilistas, médicos, filósofos e pensadores, pessoas criadas para produzir
arte e ciência. Os Estados Unidos realizavam um grande esforço teórico-prático que levou á
descoberta das leis e princípios que criaram a produção em série, enquanto a Europa percorria um
caminho autônomo buscando modalidades originais para criar e organizar um trabalho criativo de
maneira coletiva.
A criatividade de hoje é sem duvidas inspirada nos tempos do século XIX e XX, que os
orientou e permitiu para esses grupos o sucesso organizativo e fundamentalista. Demasi faz um
estudo com vários sistemas atuais relacionando-os com os de antigamente, analisando 1 espetáculo
de cinema, sociedades e consultorias, formação gerencial, clinicas cirúrgicas, laboratórios.. Além
disso, analisou os fatores INDIVIDUAIS comuns em pessoas criativas: forte envolvimento emotivo,
forte senso de união e de grupo, motivação grande para as atividades idealizadoras e realizadoras,
espírito inovativo, confiança, vontade firme, decisão e dedicação total, flexibilidade nos enfoques,
competitividade com concorrentes, capacidade organizativa, ousadia e culto pela estética.
Quanto as características dos grupos criativos destaca-se a convivência pacifica, a procura
por um ambiente acolhedor, flexibilidade aos horários, sincronismo e afinidade de interesses,
concentração nas habilidades e objetivos, e o motivo que destaca-se sobre todos os outros aspectos é
a proeminência do líder-fundador, fortemente dedicado e orientado para solucionar conflitos,
carismático e competente para motivar os outros membros.
Os estudos de “A emoção e a Regra” limita-se aos casos europeus que foram, mais
precursores que os americanos. Ele então compara os últimos tempos da Sociedade Industrial e a Pós
Industrial para avaliar o esforço intuitivo desses pioneiros.
Um Lobby pacifista e elitista: O Grupo Bloomsbury
“Talvez seja sorte Bloomsbury ter um som agradável que lembra jardins antigos e passeios
solitários em locais rústicos; de outra forma, como se poderia suportá-lo?”
VANESSA BELL
A citação de Vanessa Bell nos leva ao mito ligado à palavra Bloomsbury, que quando pela
primeira vez usada foi comparada a um distrito londrino, onde viveram “pessoas de gostos
refinados”, ou sendo, refere-se a uma entidade particular, com pessoas de um ponto de vista
particular. Já no Oxford English Dictionary , “designa uma escola de escritores e estetas”, apesar de
nunca ter sido uma escola com professores ou um código definitivo de conduta, a originária desse
grupo foi a amizade.
Em 1920, doze intelectuais fundam um grupo Memoir Club. Um dos fundadores, Leonard
Woolf, Vanessa Bell e sua irmã Virginia, definem esse núcleo como Old Bloomsbury. Lytton
Strachey, o mais influente do grupo,diz que sempre mostrou a intransigência de opinião de define os
grandes lideres de movimentos importantes. Longe de ser uma diarquia, o grupo funciona como uma
oligarquia marcada por uma feroz critica recíproca, próprio ar de sua existência.
Considerando as problemáticas surgidas, parece um tanto complexo definir quem faz parte do
grupo e que outros personagens, além dos citados, foram penetrados pelo espírito do grupo. Espírito
no qual a fé na razão, a busca da verdade e a contemplação da beleza. Nesse grupo, nenhum assunto
ali era tabu, nenhuma tradição era aceita sem exame e nenhuma conclusão era evitada. Em uma
sociedade hipercrítica, eles foram provocadores; em uma sociedade conservadora, foram
revolucionários e numa sociedade bélica, pacifistas. São definidos por seus denegridores como
“limitados na moral, irreverentes, não-patriotas, desligados e superiores”, porém, outros observadores
vêem o grupo como algo precioso e remoto.
Assim, entre críticas e controvérsias, cria-se a lenda dos “bloomsburyanos” como um clã,
grupo de amigos afeiçoados uns aos outros, insolentes, arrogantes, esnobes e excêntricos, mas apesar
de tudo o grupo é dotado de forte ética pessoal e com um ideal aristocrático. São intelectuais, têm
paixões genuínas e profundas: a amizade, verdade, belo, música e a arte. Cada um trabalhando em
seu setor específico de interesse.
Bloomsbury representa a difusão da arte e do seu desfrute, da estética visual, da criatividade
literária e empresarial. Nasceu em Cambridge, no Trinity College, em 1899; onde quase todos os
membros, além de seus cursos, participavam de dois clubes de inspiração intelectual: Midnight
Society e Apostles Society, antigos, cheios de tradições e com um numero bastante restrito de
membros. Os Apostles Society tinham o objetivo de discutir livremente sobre os problemas que os
afligem e submetê-los a críticas amigáveis. Já os Midnight Society unem um profundo
tradicionalismo a um vivo sentido progressivo.
Leonard Woolf, o judeu que ao perder o pai, na infância, perdeu tudo o que tinha escreveu de
si mesmo “Sei tudo o que se deve saber sobre certezas e inseguranças”. Ambicioso e persistente, ao
terminar os estudos médios, entram na Trinity College, superando a escalada social “de Bloomsbury
à classe média de Brighton até alcançar a elite inglesa”.
Lytton Strachey tem a segurança de seu mundo rude, mas aspira a formas mais delicadas do
conhecimento. Lytton possuía um tipo de esquizofrenia de falar com dois tipos de voz, uma viril e
outra delicada, a característica que mais o distingue dos outros membros. Com o tempo essas
inflexões foram adotadas por pessoas inteligentes e usadas para obter efeitos totalmente diversos na
hora de comunicar sentimentos e idéias, tornando-o “a voz de Bloomsbury”. Mais brilhante que
qualquer um, Lytton é considerado um “pastiche humano que transforma sua habilidade em
biografias”.
Vanessa Bell, uma jovem que não aceitava submissões, monolítica. Na verdade, muitos
percebiam seu distanciamento das pessoas, isola-se pelo fato de que prefere a beleza dos objetos, das
suas formas e cores. Já Virgínia, ao contrário da irmã, está profundamente envolvida com as pessoas
em sua eterna busca pelo amor, refletiu de maneira muito precisa os comportamentos da época.
Clive Bell, futuro marido de Vanessa Bell veio de uma classe média intelectual, dedicada a caça e a
pesca. Ao contrário de Leonard, Clive vive em dificuldades financeiras e em permanente mal-estar
pessoal, devido a sua sensibilidade aguçada, como Proust pensa que “a única certeza da vida é a
mudança”, vivendo o presente.
A busca na arte e a descoberta de um mundo estético amadurecem através de suas
descobertas da vida nos campos, seus olhos de caçador tornam-se olhos de crítico e dessa forma sua
vida torna-se uma perseguição a caça nas galerias do mundo ocidental de arte.
Os membros do grupo são acirrados críticos uns dos outros, mas sempre unidos para destruir os mitos
pré-constituídos, cada membro a seu modo. Isso fez com que cada um dos membros adere-se a uma
ética pessoal, o que desunindo parte do grupo aos passar dos anos, mas acabam se reunindo
novamente.
Os “bloomsburyanos”, novamente reunidos, conscientes do vazio entre a situação social e a
cultural, propõem novas formas culturais em um movimento tendente à destruição do passado, e
baseando se na Principia Ethica, fazendo-a sua Bíblia Laica. O “moorismo”, como denominam tal
pensamento, é uma espécie de diálogo socrático sobre a verdade, a bondade e a beleza. Moore os
leva a seguir a lógica da lógica, um exame crítico de todos os dogmas. Mostrando que a compreensão
da pergunta leva a preceder a busca da resposta, buscando o conhecimento dos estados de
consciência.
O poder jornalístico é um centro de poder que se libera em varias partes, se o imaginarmos
segundo a fantasia de Vanessa, é como uma serie de jaula de leões de zoológico. O público londrino
vê o grupo como um único e forte leão, assim dirigindo o mercado da arte visual, segundo o gosto
que prevalece em Paris, isso explica como alguns artistas iniciantes sofrem tamanho fascínio pelo
grupo e por ele se deixam dominar, enquanto outros os rejeitam. Uma grande quantidade de literatura
e resenhas de arte é veiculada através do poder jornalístico de Bloomsbury, dessa forma influencia a
opinião publica com freqüentes publicações literárias nos mais influentes periódicos.
O grupo tende ao anárquico, se pensarmos na ideologia da criatividade lúdica e sem regras
não possuem nenhum freio ou tabu sexual, o que é imoral para os londrinos e hoje pode se constituir
em objeto confusão histórica, assim, para os “bloomsburyanos” é um estilo de vida. De resto,
continuam a comportar com a consciência dos próprios comportamentos, convicções estéticas,
políticas e internacionais.
Como uma estrutura lobística, os “bloomsburyanos” experimentam novos modelos
organizativos e as soluções adotadas são devidas a um planejamento altamente criativo como poder,
informações e capacidade de mobilização, que derivam de seus excelentes rendimentos, da sua
cultura, que é seu poder.
O segundo modelo da estrutura logística difere notavelmente do primeiro e espelha muito
mais a organização de Bloomsbury, sendo que o recurso fundamental desta organização é a
capacidade política, entendida seja como capacidade de mobilização, seja como capacidade de
influencia, os valores privilegiados são aqueles que contrapõem os valores da massa.
Bloomsbury permanece sendo uma entidade impalpável e indefinível, embora na sua
qualidade de precioso caminho para a desenvoltura de artes e algumas ciências como economia,
filosofia e historiografia.
Nessa imagem não se capta unicamente amorfo do grupo, mas o fato de que seus membros
falavam entre si, comunicavam mutuamente. Os elementos de conexão não são nem os problemas da
ética protestante, nem a racionalidade da ética taylorista. Bloomsbury fala, não grita nem faz
estrépito, não obstante a profunda divergência de opiniões, fala e a credita na discussão pacífica e
racional.
Quando inicia a luta entre a razão e violência, e a violência vence Bloomsbury não tem mais
o interlocutor possível nem o velho pacifismo tem mais sentido de existir. A neutralidade mantida
entre 1914 e 1918 não é suficiente para contrapor-se ao establishment.
Seu estilo persiste nas obras e nos dias daqueles que, um a um, sobreviverão como vestais das
lembranças comuns. De fato, grupo como tal, elitista e pacifista, terminara nos umbrais da sociedade
pós-industrial sem assistir nem à rebelião das massas nem à fúria da era nuclear.
Uma cooperativa de artistas e artesãos: A genialidade politécnica da
Winer Werkstatte:
O foco da cooperativa era o de promover os interesses econômicos de seus membros através do
artesanato artístico (produção de objetos de todos os gêneros artesanais, abertura de oficinas e vendas
das mercadorias por eles produzidas).
No ano de 1903 Ford fundava nos EUA sua empresa e Taylor apresentava os princípios do seu
scientific management em Saratoga.
Os critérios organizativos de Ford e Taylor eram os de apostar em uma estrutura de trabalho com
“homens robôs” que através da repetição contribuiriam para a produção em série de objetos materiais
destinados ao consumo de massa.
Contrários a este tipo de organização Klimt, Hoffmann e Moser propunham uma organização de
trabalho de criativa, na qual artistas, artesãos e empresários poderiam conjugar o bem-estar material
com a excelência estética, na tentativa de construir um mundo mais belo e feliz, além de mais rico.
Viena, imperial e burguesa:
Às vésperas da primeira guerra mundial Viena dispunha de uma densa concentração de mentes
geniais.
Uma cidade divergente:
Viena era culturalmente hegemônica e demograficamente majoritária. Segundo Quirino Príncipe a
cidade era também um paradoxo histórico uma fez que primeiramente foi a capital do Império Sacro-
Romano, em 1806 tornou-se capital do Império da Áustria, 1867 da Áustria-Hungria e finalmente em
1918 a cidade tornou-se a capital da Republica Austríaca.
Opulência e Miséria:
Era visível a contradição entre a opulência dos edifícios imperiais e a decadência da grande maioria
das casas. Os estudantes e os intelectuais pobres de Nápoles para fugir do desconforto de suas casas
dispunham de praias e campo. Já Viena tinha à disposição os famosos cafés, onde acabou por se
concentrar de forma móbil e interdisciplinar toda a cultura da época.
Burguesice e estabilidade:
Os poderes públicos eram muito generosos com os artistas uma vez que estes projetavam de forma
excelente os objetivos mais simples da vida cotidiana, destinados a cobrir de decoro burguês o senso
de segurança, que representava o pano de fundo de toda a vida vianense.
De acordo com Stefan Zweig em, O mundo que vi – “Ninguém acreditava em guerras, revoluções e
agitações. Atos radicais e violência simplesmente pareciam impossíveis na idade da razão”.
Filosofia, estética, interdisciplinaridade:
A filosofia era definida como sendo uma pluralidade, estando inter-relacionada com todos os outros
aspectos da cultura.
Já o senso estético se fundiu com o desejo de imitar a aristocracia, assim o mecenato para com as
artes de transformou em um símbolo de riqueza e status.
O homem dedicava todo o seu tempo livre às artes, exatamente como se dedicava aos negócios, e por
tradição a burguesia havia encontrado na arte um instrumento de educação moral e metafísica.
Em Viena não era raro que um mesmo artista se firmasse simultaneamente em campos diversos
(músico, pintor, filósofo, arquiteto, escritor, poeta, dramaturgo). O espírito europeu foi invadido pela
utopia de um único homem que se utilizava da interdisciplinaridade, controlando assim as diversas
formas do saber e suas múltiplas práticas.
Inspiradores e precursores
Nos outros países:
Surgimento da burguesia industrial/financeiras por meio de grupos artísticos que produziam móveis e
objetos artesanais.
Apaixonado pelas máquinas que facilitavam a produção em série, Stickley defendeu a ligação entre o
artesanato e a indústria.
No final do século XIX, em Viena, surgiram as primeiras cooperativas de artistas e artesãos.
A “secessão”:
Em 23 de março de 1897, o Conselho Municipal de Viena decidiu consignar a alguns jovens artistas
um terreno onde pudessem construir para expor suas obras. No entanto, estes artistas já possuíam
uma cooperativa (Wiener Kunstlerhaus), porém esta incorporou um caráter muito conservador.
Então, os jovens aceitaram o terreno e construíram lá sua cooperativa (Wiener Secession).
Em 1901, os alunos de Hoffmann e Moser fundaram com objetivos comerciais, uma nova associação
(Wiener Kunst in hause).
O início
A Fundação:
Em 12 de maio de 1903 foi realizada a Assembléia Constituinte da Wiener Werkstatte, “cooperativa
de produção de artesãos”, na qual o objetivo era promover os interesses econômicos de seus
membros através da preparação/formação/produção de objetos de gêneros artesanais e artísticos,
abertura de oficinas e venda das mercadorias produzidas.
O ambiente físico:
Criar ambientes de trabalho saudáveis e agradáveis fazia parte da obra educativa da Wiener
Werkstatte. Além disso, cada superior mantinha com seus dependentes um relacionamento pessoal,
além do profissional.
O ambiente humano:
Formou-se em Viena uma empresa de artesanato artístico em grande estilo. As máquinas utilizadas
não eram mais vistas como tiranas, mas como ajudantes e prestativas, sendo que quem determinava o
espírito da fisionomia dos produtos eram seus próprios criadores e não mais as máquinas.
Um dos lemas da Wiener Werkstatte era, “É melhor trabalhar dez dias na confecção de um objeto do
que produzir dez objetos por dia”.
No ano de 10904, em Berlim, ocorreu a primeira exposição pública da Wiener Werkstatte, com
sucesso de crítica e negócios. Seguiram-se outras exposições e vieram então as grandes encomendas.
A Maturidade:
Os primeiros clientes da cooperativa foram os amigos que encomendavam a decoração de suas
próprias casas e ateliês.
Novos sócios aderiram aos projetos e a organização consolidou-se em subgrupos. Novos artistas
surgiram e outros recorreram às lojas da cooperativa para que vendessem suas obras.
Em 1909, a Wiener Werkstatte expôs em Viena e devido ao seu grande sucesso ocasionou a fundação
de um Werkbund austríaco.
A diferença entre produção austríaca e a alemã é que a primeira caracteriza-se pela maior
originalidade inventiva e pela prevalença do elemento artesanal sobre o industrial.
O declínio
O ano de 1914 assinala uma reviravolta na cooperativa e o início do lento declínio que durará até
1932.
A Wiener Werkstätte (W.W.) foi vendida por 1 milhão e meio de coroas para o deputado Robert
Primavesi, para o industrial Otto Primavesi e para sua mulher Eugênia. Com Hoffmann como
responsável pela direção da W.W, foi constituída no lugar uma nova “cooperativa de produção de
objtos de artesanato”.
Apesar da guerra e da morte de Klimt, as atividades continuaram, novas lojas foram abertas, muitas
mulheres ingressaram no trabalho e rendas cresceram.
Devido uma longa doença de Hoffmann a direção da empresa foi assumida por Philipp Häusler, que
reorganizou e levantou economicamente a empresa que estava em decadência. Para isso, ele freou o
custoso experimentalismo, fez acordos com as industrias para realizar os projetos desenhados pela
cooperativa, limpando a empresa de todos os incapazes, adotando uma estratégia comercial, um
programa de marketing, uma rede de vendas e abrindo novas filiais no exterior.
Assim, Hoffmann percebeu que todos seus critérios artesanais estavam indo em direção a
organização cientifica e industrial, algo que combateu durante toda sua vida. Além disso, precisou
enfrentar uma conferência, intitulada: “A doença vienense. A W.W. Uma prestação de contas”. Nesta
conferência a cooperativa era acusada de ser
desorganizada e de se interessar apenas em artigos de luxo para pessoas de luxa, manchando assim o
nome da Áustria.
As vendas iam mal, os Primavesi estavam em dificuldades, então a cooperativa fora colocada sob
intervenção. Mas três industriais tentaram levantar a cooperativa substituindo novos diretores,
tentaram planos de restauração e expansão na Áustria e no Exterior. Mas com a impossibilidade de
manter um acordo com a Senhora Primavesi, a empresa foi abandonada.
Em 1931, a empresa foi obrigada a fechar as oficinas, demitir operários e artistas e vender o estoque
existente. E em 1932, foi divulgado que todos os objetos da cooperativa iriam a leilão.
A organização
Organograma e objetivos
A assembléia dos sócios que elegia o administrador delegado e a direção artística era formada por
vinte e nova sócios, pelo comitê dos supervisores e por uma comissão de conselheiros. Os membros
da direção artística e os sócios desempenhavam também o papel de produtores nos laboratórios, junto
com os trabalhadores.
Os elementos constituintes da W.W. como empresa são:
a) Um objetivo que depois veremos articular-se em objetivos a curto e longo prazos;
b) A identificação do tipo de recursos humanos e dos perfis profissionais (artistas e artesões);
c) O papel central da função formativa dentro da empresa;
d) A caracterização de uma escala fins-meios que corresponda ao objetivo considerado central e a
definição do processo necessário (os projetos artísticos preparado pelos membros da cooperativa)
para a realização do mesmo.
e) Uma organização que integra e dirige todas as fases do processo produtivo: desde a escolha e
compra das matérias-primas até a venda a varejo do produto acabado.
O objetivo principal é articulado em vários objetivos a curto e longo prazo, que é citado no
“Programa de Trabalho”, redigido por Hoffmann. Este programa se inicia com um analise da
situação artística, econômica e cultural, onde se afirma a presença obrigatória da grande empresa
industrial e da entrada da arte na reprodutibilidade técnica.
O programa traça o objetivo estratégico da empresa, define o que é necessário para alcançá-lo e
delimita o mercado de clientes potenciais e as condições de concorrência impostas pelas outras
empresas.
Enfim, a clientela que a W.W. pretende atingir é a classe operária que esta integrando na classe
urbano-burguesa.
O diretor artístico, Hoffmann, pede a burguesia faça sua parte, levando a termo a evolução do bom
gosto para dar forma adequada a sensibilidade moderna.
Organização para projetos
Em 1903 foi a inauguração das oficinas para trabalho em ouro, prata e outros metais para
encadernação, trabalho em couro, marcenaria, uma oficina para envernizamento e uma seção para
trabalhos de construção civil.
Toda a montagem destas oficinas foi basicamente feito em um espaço de 24 horas. A estrutura destas
oficinas baseava-se em “grupos de trabalho por projeto”, com um espírito de grupo através de
trabalho coletivo.
Sobre esse tipo de trabalho Octave Gélinier acha que a formação destes grupos é necessária para o
alcance do Maximo rendimento possível e que estes grupos possibilitam interação entre seus
membros e uma grande rapidez nos ajustes que forem necessários.
Nestas oficinas de trabalho da W.W. existiam profissionais de alto nível profissional e também
artistas, cuja experiência eram importantes na criação e produção.
No inicio das atividades destas oficinas tinham que ser produzidos os objetos que seriam usados
internamente, ou seja, as oficinas tinham que ser equipadas. O papel de Hoffmann era de liderança
criativa, um assimilador que antes observava o funcionamento do grupo para depois estimulá-las na
melhor direção possível.
Já Moser exercia o papel de liderança projetista, o estimulador: ficava continuamente idealizando
formas, objetos, linhas, etc.
O ambiente destas oficinas, com a interação entre os artesões e os artistas, propiciava um contexto
ideal para o trabalho criativo de Moser e Hoffmann, que através de suas competências davam vida a
soluções originais.
Este grupo de trabalho por projeto demonstrou possuir uma imensa capacidade de auto-regulação, e
também cada oficina tinha sua individualização reconhecida – cada uma era identificada com uma
cor e era responsável por uma atividade especifica.
As relações humanas
Entre colaboradores e o diretor artístico de cada oficina, há uma relação de confiança. A liderança
baseada no saber fazer e criar melhor que os outros componentes do grupo levam a melhores salários
e férias superiores a outros em outras empresas do mesmo tipo. Como compromissos constantes
tinham a ocupação máxima, as oficinas eram grupos de trabalhos caracterizados pela alta autonomia
no desenvolvimento da atividade.
Na organização acima citada as redes de comunicação são densas e ampliadas. Na comunicação, o
elemento central, é a convivência harmônica, sendo uma linguagem formal e com a proibição de falar
palavrões.
Na oficina, o ambiente físico tem grande destaque. Tendo um grande grau de iluminação e amplos
espaços entre as mesas, é gerido e produzido pelos próprios usuários e conjugava um clima agradável
de convívio baseado em uma hierarquia formal e informal. A atenção dada a relação homem-
maquina-ambiente era importante e portanto constante.
O conflito
Com a nova organização praticada na W.W., os conflitos no interior da empresa eram apenas de
ciúmes profissionais e incompreensões sentimentais. As tensões eram mais ligadas à personalidade
individual do que as relações de poder e a direção da empresa.
O trabalhador deixava a empresa somente por causa de divergências sobre o estilo ou sobre a
concepção do produto artístico.
Hoffmann e Taylor
Hoffmann e Taylor não tiveram a chance de se conhecer.
O modelo taylorismo é uma cooperação extrínseca, ou seja, um trabalho executado por mais pessoas,
onde o processo de produção é projetado por outros, não sendo mas sujeito a modificações sugeridas
de quem trabalha (divisão entre atribuições manuais e
atribuições intelectuais). A W.W. tinha características contrárias, uma cooperação intrínseca, os
artistas trabalhavam em conjunto com os artesões. Assim, não havia divisão entre o momento da
criação e o da produção.
Ainda que a organização cientifica experimentada e propagada por Taylor não tenha sido aplicada
integralmente, teve as seguintes conseqüências:
a) Criar uma força de trabalho estratificada social e culturalmente, privada de profissão autônoma;
b) Desenvolver uma tecnologia de transformação capaz de centralizar em si as tarefas de controle
tradicionalmente delegadas a cada trabalhador;
c) Subtrair de todo o controle social o conjunto dos recursos de governo da empresa (meios
financeiros, natureza jurídica, etc).
Concluindo o objetivo da organização Taylorística era o de transformar a empresa em uma máquina,
em que as funções de adaptação ao ambiente externo estavam centralizadas em cargos e unidades
especializadas.
Ao contrário, Hoffmann quer construir uma empresa que coloque no mercado bens assinalados com a
marca da originalidade artística. A organização da W.W. estava estruturada como um organismo
vivo, biológico e não mecânico, em que a unidade produtiva era a oficina na qual operavam os
grupos de trabalho por projeto, enquanto a autonomia e a cooperação intrínseca forneciam as bases
sobre as quais se alicerçava a organização.
Os ensinamentos
Hoffmann sentia uma desconfiança pelas máquinas, essa desconfiança se referia a fase de
desenvolvimento que as máquinas haviam alcançado no seu tempo: linhas de montagem rígidas e
opressoras que permitiam um produção em série de milhares de cópias do mesmo exemplar, baseada
em uma rígida divisão de tarefas em que poucos projetistas auto-realizados se opunham a milhares de
executores anônimos e alienados.
O que Hoffmann teve um pensamento não inteligente, já que não previu que mais tarde as maquinas
seriam como robôs que teriam o mesmo potencial de um artesão, hoje provavelmente as oficinas da
W.W seriam dotadas de equipamentos modernos.
Essa história da W.W no traz alguns ensinamentos.
Como o primeiro ensinamento tem a necessidade de conjugar os meios modernos com o gosto
clássico, as oportunidades de hoje com as raízes do passado com vistas a um futuro com uma
qualidade de vida cada vez mais alta.
O segundo ensinamento são os dois princípios organizativos: Taylorismo, e a W.W. Se um sistema
sócio-técnico se destina a produzir objetos nos quais prevalece a criatividade e a estética, ele é
organizado segundo critérios completamente diferentes de um sistema destinado à produção em série.
O terceiro ensinamento é ergonômico: o trabalhador precisa de um ambiente que respeite a sua
dignidade e exalte sua criatividade, um ambiente harmonioso, confortável, estimulante e saudável. E
também necessita que o ritmo do trabalho da atividade criativa não seja sincronizado e massificado.
Assim sua produtividade está assegurada pela própria motivação interior.
O quarto ensinamento é psicossocial: o clima participativo deve prevalecer na divisão do trabalho. A
relação entre chefe e empregado sempre deve ser pessoal e cordial, nunca como a de um oficial e seu
soldado. Para buscar qualidade e diferenciação.
O quinto ensinamento é profissional: os trabalhadores são cuidadosamente escolhidos e preparados
(levando em conta suas qualidades criativas) e são encaminhados para as tarefas que melhor
correspondem as suas capacidades. Mas não se pode esquecer que a curiosidade e as atitudes do
trabalhador mudam com o tempo, devido aos interesses que os outros setores espertam nele de vez
em quando, fazendo assim com que ele mude sua tarefa.
O sexto ensinamento é disciplinar: assim como não é possível colocar lado a lado objetos bonitos e
objetos feios, sendo preciso criar um conjunto de coisas todas belas, da mesma forma as qualidades
de cada pessoa genial em um determinado campo são estimuladas pela freqüência de outras pessoas
igualmente geniais em campos diversos. Um intelectual total deve corresponder o máximo possível à
obra total, tornando-se capaz de operar com o cérebro e as mãos.
O sétimo ensinamento é cultural: se o operário de uma linha de montagem pode ser desprovido de
qualquer dimensão intelectual, o trabalhador criativo deve nutrir-se muito de novas culturas: por isso
deve ler, escutar, viajar, alimentar a sua curiosidade de conhecimentos e emoções sempre novas.
O oitavo ensinamento refere-se a dimensão estética: os objetos se distinguirão cada vez menos por
sua capacidade de uso e cada vez mais por sua estética. Na sociedade pós-industrial, a única
diferença entre eles é o design.
O nono ensinamento é comercial: A W.W. viu a necessidade de valorizar a burguesia emergente,
diminuindo seu complexo de inferioridade frente à aristocracia valorizando-a como classe e
fornecendo-lhe um senso estético que a ajudava a libertar-se do desconforto dos novos-ricos. Com
esta visão da burguesia a W.W. fortaleceu o grupo que era seu principal consumidor no mercado.
O décimo ensinamento diz que o uso da publicidade e da mídia para vender mais é muito importante,
uma vez que esta faz com que a procura pelo produto oferecido aumente.
Todos esses dez ensinamentos fizeram com que a W.W. sobrevivesse com sucesso durante seus 30
anos. Apesar de ainda não estarem preparados para as intuições antecipadas, permitiu oferecer um
bom trabalho a centenas de artistas e permitiu experimentar um tipo de organização que fará história
na sociedade pós-industrial.
Um grupo de discussões abertas sobre a linguagem e a Ciência: O
Círculo Filosófico de Viena
A Burguesia
Era uma expressão fiel da sociedade industrial nascente, mais era ao mesmo tempo a guarda de uma
cultura milena, da qual defendia as diversas formas de arte e do pensamento.
Constituia em Viena uma verdadeira arte, do qual o teatro imperial, o Burgtheater, era para os
Vienenses e para os Austríacos mutio mais do que um simples palco, era reflexo matizado de uma
sociedade.
Os movimentos artísticos e científicos
Da sociedade burguesa e conservadora originou-se uma geração de jovens artistas que dedicou todo
seu tempo de vida à arte.
No pensamento especulativo, antes mesmo nas artes, nasce assim a reflexão do indivíduo sobre seus
instintos, suas falhas de personalidade, sobre a fragilidade das quais o ser humano percebe e vive sua
propria exitência, e beste clima de fervor e inquietação Viena tardo-habsbúrgica, encontram-se
aceitção as reflexões de Freud, as observações de Musil, as mpusicas de Maher, as imagens míticas
pintadas por Klint.
Felicidade e Declinio de um Império
Em suma a imagem de Viena representava o Miame mais delicado, mais complexo, mais frágil,
constituía o simbolo mais desejável da busca de uma felicidade, em certo sentido, já
comprometida.Seu modo de viver encantado e livre de preocupações já escondia as devergências e as
contradições que fariam cair a monarquia.
O estudo da linguagem
O aprisionamento do eu e dos limites da comunicação humana tornaram-se os problemas centrais de
uma epóca que já encarava com desespero o próprio futuro, e encontraram no estudo da linguagem e
das suas formas, o modelo explicativo mais adequado.
Kraus exerceu influência preponderante sobre a Inteligentzia Vienense por sua posição assumida
contra o gosyo decadente e a hipocresia da classe burguesa, e com isso liderou sua luta contra toda
forma de corrupção estética e moral defendendo a ssencialidade e a absoluta relevância dos valores
da vida e da cultura.
Talvez ainda maior, com respeito as influências de Kraus, foi a ascendência exercida pelo filósofo
Mach, o impulso para a criatividade que seu pensamento suscitou fezdele o ponto central em torno do
qual se ligam todas as manifestações artísticas e intelectuais de Viena.
A circularidade do saber
O princípio de economia de Mach tinha constituído a distinção entre razão e a fantasia, bem como
eliminar toda a decoração de objetos funcionais. Todavia, a teoria de Mach teve sua maior
ressonância em Musil, em sua obra - o possibilismo – parece refletir a imagem d realidade como
resultado da interação entre as infinitas percepções do mundo sensível, adquiridas através do hábito e
modificadas pela experiência.
Em suma o que caracterizou a Viena cultural do século foi a coexistência de dois conceitos a
discução do eu, e premonição da perda do indivíduo do século XX.
O nascimento da Verein E. Mach
Particularmente na Universidade de Viena o pensamento de Mach foi rico em ressonância , segundo
a qual a essência do mundo fenomênico não se manifesta nas coisas em si mais nas suas relações, foi
o fio condutor do qual raníficaram o pensamento científico e a criação artística.
O neopositivismo lógico
Através de um grupo de pensadores apassou-se da herança Machiana e reelaborou de forma
completamente original os pontos básicos, inserindo os na crítica gnosiológica e nas suas mais
profundas ligações com a especulação filosófica e abstrata.
A procura de uma nova lógica da ciência
Tratou-se do problema da legitimação do conhecimento ciêntifico, da ligação de uma nova
concepção da natureza aos valores preexistentes de uma época e de uma cultura.
Neopositivismo, neo-empirismo
Os neo-emperistas contrapuseram uma epistemologia entendida como construção racional dos
sistemas lógicos dos conceitos correspondentes de modo Unívoco as relações entre os fatos sob a
influência direta de Wittgenstein e indireta daquela corrente de pensamento florescente em Viena em
torno da obra de Kraus, os neopositivistas acabaram por reduzir o estudo das teorias científicas à
analise de sua linguagem centralizando a atenção sobre os fundamentos e sobre as implicações
lógicas, de todo sistema de sinais que quisesse colocar-se como um sistema cognitivo da realidade.
Teoria e prática
Os interesses fundamentais dos neopositivistas estava a tentaiva de traduzir na prática da vida social
os signifcados e as implicações da reviravolta teórica realizada, as concepções por eles definidas no
âmbito da epistemologia deveriam epentrar em todos os campos da vida pública e privada, a arte, a
educação, a arquitetura deveriam intervir na esfera econômica-política, fazer as funções de
instrumentos operacionais para a mudança da vida e da sociedade.
Organização e Criatividade
A organização que os membros dos Círculo de Viena seguiram foi de uma rede de malha fina um
sistema de relacionamento estreitamente coligado e sob muitos aspectos informal que extrai sua
criatividade da capacidade de receber os mais diversos estímulos advindos da cultura Vienense.
A liderança de Schlick
Lider de personalidade dinâmica e equilibrada que teve o mérito de dar forma concreta às aspirações
e os pensamentos dos filósofos agrupados a sua volta.
Três níveis organizativos
O seminário era constituído por jovens estudantes de filosofia. Nas suas casas mantinham grupos de
estudos, o mais importante era a aula acadêmica.
A característica essencial do Círculo filosófico de Viena é que seus membros não idealizavam a
criação de um sistema, e sim uma discussão livre, na qual cada um poderia expor suas idéias e suas
observações sobre a própria ciência, uma troca de idéias que ao invés de se criar um sistema se criava
uma “enciclopédia”. Essa era a característica da multiplicidade dos autores, que nem ao menos eram
de mesmas disciplinas, mas cada componente desejava comunicar aos outros as conclusões às quais
chegara.
O clima específico das reuniões do Círculo era devida principalmente à personalidade de Schlick, à
sua incomparável gentileza, tolerância e modéstia. Sua aguda percepção mental e o profundo
conhecimento em física faziam dele um respeitado defensor do modo de pensar científico. As
reuniões aconteciam em sua casa às sextas-feiras e tinham como objetivo comum entre seus
participantes, a unificação do saber científico contemporâneo através da unificação de sua
linguagem.
Otto Neurath
Outra grande personalidade extremamente relevante no Círculo é a de Otto Neurath, provavelmente a
pessoa mais impetuosa, a mais ativa de um ponto de vista organizativo. Otto teve muitos projetos e
grandes conquistas em sua vida, mas o objetivo central de suas iniciativas culturais fora a
International Encyclopedia of Unified Science (Enciclopédia Internacional de Ciência Unificada).
Sobre alguns membros do Círculo, inclusiive sobre Carnap, Neurath conseguiu projetar suas
concepções políticas e seus objetivos marxisistas de renovação política e econômica.
A influencia de Wittgenstein
O referencial mais imediato da filosofia neopositivista foida dado pelo Tractatus logico-
philosophicus, de Wittgenstein, que apareceu pela primeira vez em 1921, e publicado no ano seguinte
em edição inglesa.
Os traços característicos do pensamento de Wittgenstein e suas ligações com o Círculo de Viena
parecem singulares sob muitos aspectos. De modo particular, da lógica hertziana dos modelos, ele
tirou o ensino e o método para libertar a linguagem da ambigüidade, somente a estrutura matemática
podia, nesse caso, permitir a crítica da linguagem comum, assim como Hertz havia tornado possível a
análise lingüística da mecânica.
Suas relações com o Círculo de Viena nunca foram muito estreitas, se distanciando muitas vezes das
teses do Círculo, do qual nunca se considerou um membro, porém foi de Wittgenstein que os
neopositivistas mais extraíram os motivos fundamentais do seu pensamento: a redução da filosofia à
análise da linguagem, a negação da metafísica enquanto contem de enunciados não verificáveis.
O manifesto
Foi exatamente a concepção da filosofia como análise da linguagem e não como doutrina, o que
representou a tese fundamental do manifesto oficial do Círculo.
A filosofia neo-empirista delineou-se na tentativa de circunscrever o campo do conhecimento e do
domínio das cognições empíricas, através do método de análise lógica da linguagem, proposto por
Wittgenstein.
A partir de então, vê se a incapacidade da parte dos neo-empiristas de escapar dos limites da sua
teoria e de elaborar aquele modelo geral de uma linguagem unificada, que constituía um dos pontos
essenciais do programa expresso no manifesto. No programa neo-empirista, pelo contrário, as
proposições elementares eram interpretadas como empíricas e a linguagem da ciência identificou-se
com a linguagem da física, cuja lógica, poderia ser encontradas as regras capazes de transformar as
percepções sensíveis em dados empíricos e objetivos.
A crise e o epílogo
O programa assinado pelo Círculo de Viena era unitário apenas na aparência, a recusa da metafísica,
a restrição do campo do significado às preposições da ciência natural constituíram apenas uma
“moldura”, dentro da qual logo se colocaria a principal questão de desacordo entre os neopositivistas,
o problema relativo à natureza da experiência.
Tensões e conflitos
Os contrastes de ordem teórica provavelmente escondiam tensões bem mais graves, de natureza
ideológica, ligadas às dificuldades pessoas dos neo-empiristas e aos acontecimentos históricos nos
quais, naqueles anos eles foram envolvidos.
Por volta de 1930, Viena sofria com as conseqüências gravíssimas da crise econômica, seguida da
derrota da Primeira guerra mundial e à fragmentação do império, e preparava-se para aceitar a
invasão nazista como sua única perspectiva no futuro.
A mediação de Schlick
Na dramática evolução dos acontecimentos históricos, a existência do Círculo filosófico de Viena
deveu-se ainda por algum tempo à influência medidora exercida por Schlick, à sua capacidade de
resolver os momentos problemáticos e de intervir pessoalmente nos problemas enfrentados na época.
Schlick sustenta um critério de avaliação de natureza estética e convencional ao mesmo tempo,
ligado à capacidade das teorias de satisfazer necessidades emotivas e desinteressadas de crescimento
cultural e espiritual. Ainda que não considerava a filosofia como uma ciência, ele sempre lhe atribuiu
o papel de rainha das ciências.
O fim de uma experiência
Em junho de 1936, Schlick foi assassinado nos degraus da Universidade de Viena. Sua morte foi o
sinal do destino, inevitável e próximo, do Círculo surgido ao seu redor. Os problemas
epistemológicos, que já haviam causado rupturas e divergências entre os neopositivistas, acabaram
por esquecidas em busca de soluções jamais encontradas.
Em uma perspectiva histórica mais ampla, antes mesmo que os regimes totalitários se firmassem na
Europa (desde 1918), a estação da “Grande Viena” estava concluída. “A primavera” como definiu
Jean Clair, que invadira a sociedade vienense dando vida a uma explosão de arte e de pensamento
somente comparável à do Renascimento italiano, havia acabado. Assim como aconteceu com os
membros do Círculo de Viena, a dispersão física dos outros artistas vienenses foi logo seguida pelo
fim dos seus projetos e do fechamento do seu mundo genial e eclético.
Uma ponte entre artesanato, arte, indústria e academia:
A criatividade racional de Bauhaus
“O belo não é o fim da arte, é um elemento da realidade; enquanto a obra de arte também é
realidade, o belo é um motivo da realidade que a arte cria.”
KONRAD FIEDLER
No final do século XIX, o desenvolvimento da industrialização abriu um debate em torno da arte
opondo o mundo espiritual e o material. Esse debate fazia com que no processo de produção, a
idealização (criação) e a realização (instrumentos técnicos) de um produto fossem feitas
distintamente. O artista limitava-se no máximo até uma modelagem parcial do material, ignorando a
obra de mecânica industrial, enquanto a industrial fazia indiferença à obra criativa.
Na Inglaterra de 1847, houve uma brecha para que a fase artística fosse mais valorizada no processo
industrial. Pois foi na Alemanha onde suas influências são acolhidas. O artesão–artista é limitado há
fase idealizadora do processo produtivo, na criação de protótipos. Walter Gropius, arquiteto, atribuiu
ao Bauhaus a tarefa de finalizar a separação entre o momento artístico-criativo e o técnico-material.
Essa vontade, fez com que Gropius encontrasse imediatamente patrocinadores com formação e
competência que trabalhassem para realizar um novo ideal de “arte-técnica”
A Staatliches Bauhaus nasceu como instituição estatal, financiada pelos conselhos municipais das
cidades onde eram instaladas (Weimar, Dessau, e Berlim). Esse grupo lutava para recuperação da
qualidade do produto fabricado mecanicamente inserindo um ideal. Mas isso só se daria com a
participação de profissionais dotados de conhecimento artístico-teórico e técnico-material. Buscando
encontrar uma mediação entre o artesão e o artista, um método racional de justaposição dos
elementos, exata percepção e execução das formas, com a fusão das instâncias da socialização da arte
e difusão do objeto artístico, conservando a instância criativa.
Em um período onde os trabalhadores eram escravizados às maquinas, limitando seus conhecimentos
do processo de fabricação (the one Best way), Gropius organizou uma estrutura produzindo
profissionais capazes de conhecer o processo produtivo demonstrar criatividade, expressando
racionalidade constante. Tal organização tinha a intenção de manter as potencialidades da criação e
restituir a dignidade de trabalhador.
Com a estrutura de um campus universitário, a Bauhaus formou um modelo de academia de arte
depois copiado em todo mundo. Mesmo sendo uma instituição estatal, não obteve grande apoio
financeiro e político, seu orçamento era pago ao fornecer para a indústria. A espontaneidade era parte
de uma estratégia com o intuito de exaltar a criatividade do instituto contra a pobre inspiração
industrial e tirar da criação o caráter de excepcionalidade criando um circulo de atividade produtiva:
“a arte destinada a repercutir e a se confundir na vida deveria nascer como ato da vida”. O resultado
foi uma comunidade artística que organizou seu trabalho em várias fases: idealizadora (o habito de
pensar e projetar), formativa (transmitir os conhecimentos), e produtiva (busca de produtos de
qualidade elevada para produzir em larga escala). O output das oficinas da academia de artes era um
produto fabricado em um projeto, muitas vezes eram modelos experimentais, um subproduto do
output era a criação de novos profissionais, que garantiam manutenção da qualidade.
O grande sucesso da estrutura organizativa da Bauhaus deve-se ao cuidado com que Gropius
escolheu seus colaboradores, velhos artistas e novos profissionais formados pela mesma, com tanta
inteligência, reuniu profissionais de nível e levado, tanto que chegaram a por em discussão a
liderança, então resolveu demitir-se, então deu-se a entrada de Meyer. Meyer procurou reavivar o
espírito empresarial da instituição, mas não foi cauteloso com a procura de colaboradores. Chamou
experts de várias áreas, provocando contraste entre profissional-empresarial e academia. Um novo
diretor tentou voltar o aspecto didático de Gropius, mas a instituição estava comprometida,
dificuldades econômicas e acontecimentos históricos-políticos ameaçadores. Bauhaus foi fechada em
19 de julho de 1933. Mas mesmo com a perseguição nazista, seus ideais influenciaram várias partes
do globo. Principalmente nos EUA, as idéias das escolas receberam notável atenção. Na Europa, o
eco mais intenso da cultura Bauhauriana.
Gropius, como idealizador, integrou a arte e o domínio do utensílio de trabalho ao da maquina ás
necessidades do mundo circundante, isso identificava Bahaus um subsistema idealizador,
conceituado por aquisições teóricas que influenciou exorbitantemente a construtora da arquitetura
alemã.
Para juntar a arte com a técnica, Gropius tornou-se elemento de fusão na busca da superação do ideal
clássico baseado na natureza em uma arte que fazia da matéria o dado originário da natureza,
atingindo uma racionalidade que não deformasse “poeticamente” a realidade. Ele não queria destruir
o artesanato, mas “uma nova corporação de artesãos, sem aquela arrogância de classe que gostaria de
um muro entre artesãos e artistas”, para isso formou pessoas com grandes capacidades profissionais,
com total liberdade de criação.
A única coisa necessária para fazer o curso é que fosse aprovado no exame de admissão. A finalidade
do curso era habituar os alunos a uma nova percepção da forma que contivesse cada da experiência,
desenvolvendo, paralelamente a atitude receptiva e ativa do fazer.
O curso de especialização em arquitetura concluía o período de estudos da Bauhaus, que era
desenvolvido através de um aprendizado prático no canteiro de obras experimental da instituição.
O programa da escola previa reconduzir a ligação entre indústria e artesanato. A idéia era produzir
em grande escala. Com este objetivo, as oficinas eram laboratórios onde os modelos eram idealizados
e aperfeiçoados. Os alunos adquiriam o conhecimento manual e direto do material e dos métodos de
laboração dos mesmos. A relação com a indústria dava-se através de verdadeiros estágios, também
para aperfeiçoamento da produção. Procurando superar obstáculos econômicos e estruturais,
inclusive pelo fato de não haver instalações próprias, os modelos produzidos eram de baixo custo,
não por deficiência na qualidade, mas por utilização de meios modernos de realização.
Em 1925, foi elaborado o primeiro móvel de metal, que demonstrava certa libertação devido aos seus
padrões geométricos, expulsando os motivos ornamentais puxados para o Barroco.
O grande mérito da Bauhaus foi de ter produzido com esforço continuo na busca de um método
racional, de uma concepção teórica como base preliminar de todo trabalho artístico, evoluindo seu
trabalho em um nível moderno. A academia superou o limite da pirâmide Taylorística, capaz de
administrar de forma eficiente o controle dos membros e a obtenção de seus propósitos.
“A Bauhaus não era uma instituição com um programa definido, era uma idéia, e Gropius
formulou essa idéia com extraordinária precisão... o fato de que ela era uma idéia, penso eu, é a
causa da enorme influencia que a Bauhaus exerceu em toda a escola progressiva do mundo
inteiro. Não se consegue isso com organização, não se consegue isso com propaganda, só uma
idéia de alastra dessa maneira.”
Uma organização itinerante: O Instituto de Pesquisa de Frankfurt
A república de Weimar – proclamada em julho de 1919, após a repressão aos movimentos
revolucionários que, nascido da crise devida a derrota da Primeira Guerra Mundial, haviam
provocado a abdicação de Guilherme II.
Quando pensamos em Weimar, pensamos em tudo o que há de mais moderno na arte, na literatura,
no pensamento, na revolta dos filhos contra os pais, dos dadaístas contra a arte, dos berlinenses
contra filisteísmo bovino, dos libertinos contra os moralistas da velha guarda.
Este elenco poderia continuar com muitos outras artistas e intelectuais, como por exemplo pintores e
cineastas. O mito de Weimar tem inicio com o mito dos „‟dourados anos 20‟‟. Dar corpo e este ideal
equivaleria porem, a banalizar os frutos da renascença de Weil e a diminuir o preço que ela teve de
pagar para consegui-los. A excitação que caracterizou a sua cultura brotava em parte da exuberância
criativa e do clima de experimentação, mas sob muitos aspectos, foi ansiedade, apreensão, crescente
sentido de fatalidade. A dramaticidade daqueles anos aparece plenamente nas controvérsias e nos
turbulentos acontecimentos políticos e econômicos que povoaram a vida da república, e que eram o
resultado de uma crescente polarização e radicalização da luta política.
Portanto, só haviam duas opções : apoiar os socialistas moderados e a sua recente criatura, a
Republica de Weimar, evitando assim s revolução e desdenhando a experiência russa; ou então
aceitar a liderança de Moscou, unir-se ao partido comunista alemão. Mas também, era possível fazer
uma terceira escolha, que „‟consistia em reexaminar criticamente os próprios fundamentos da teoria
marxista, esperando com isso explicar os erros precedentes e preparando-se para a ação futura‟‟. E
este caminho dói adotado por um grupo de estudantes.
A fundação do instituto
A Fundação do instituto de Pesquisa social de Frankfurt inseriu-se no vivo contexto cultural que
caracterizou os difíceis anos da Republica Weimar. Uma das iniciativas culturais da época foi a
Primeira semana de estudos marxistas. Foi uma reunião informal na quais diversos intelectuais de
esquerda, discutiram sobre o manuscrito ainda inédito de Karl Korsch. Essa reunião pode ser
realizada graças a Felix Weil Filho, que dispunha de um patrimônio familiar grande, do qual lançou
Mao para subvencionar muitas iniciativas radicais na Alemanha.
Felix Weil: Felix nasceu em Buenos Aires, em 1898, e com 9 anos de idade foi mandado para
Frankfurt, onde feez faculdade e recebeu diploma em ciências políticas. Mais tarde teve a idéia de
fundar um instituto mais estável, financeiramente e intelectualmente independente, e que era algo
muito difícil de ser realizado na época no sistema universitário nos anos 20. A possibilidade de evitar
conseqüências, graças a um instituto autônomo de pesquisa social, fez com que a idéia de Weil logo
tivesse o apoio de dois jovens estudiosos interessados em uma revisão teórica, de amplo assunto
marxista.
Friedrich POLLOCK e Max HORKHEIMER
Pollock nasceu em Friburgo, em 1894. Antes de participar da guerra estudou algumas coisas de
interesse do pai (negócios), mais levou a serio mesmo após o conflito o estudo de ciências
econômicas e políticas. Max Horkheimer nasceu em 1895 em Stoccarda. Amigo de Pollock desde
1911, e com esta aproximação, também acorreu seu interesse na filosofia, onde mais tarde depois da
guerra deixou de lado os negócios e partiu para uma carreira de intelectual, estudando ciências
humanas e filosofia. E foi assim que ele freqüentou as mesma universidades que Pollock.
Weil, Pollock e Horkhermer avaliaram positivamente as possibilidades de criar um instituto o que
facilitaria com os canais da universidade. Assim submeteram a uma ajuda financeira ao pai de Felix,
para a criação de um instituto que estudaria temas como a história do movimento dos trabalhadores e
as origens do anti-semitismo, assuntos ate então tratados de maneira insuficiente.
A independência financeira era uma condição indispensável para assegurar também a intelectual;
manter contatos com a universidade de Frankfurt facilitaria contatos com o mundo a fora, e assim
com um contato com a ministério da educação, foi que decidiram que o diretos do instituto deveria
ser alguém como um professor efetivo da universidade.
A escolha do primeiro diretor : Gerlach e Grunberg
O primeiro diretor do instituto foi Kurt Albert GERLACH, um economista simpático e de esquerda,
onde logo em outubro de 1922 com apenas 36 anos de idade, morreu de uma forma inesperada.
Iniciou-se então, a procura de um sucessor, uma pessoa mais velha, que ficaria no cargo até que uns
dos jovens membros fundadores tivessem atingido a idade de ocupar uma cátedra universitária. Foi
escolhido então Carl GRUNBERG, nascido em 1861 na România e desde 1909 professor de direto e
ciência política em Viena, Grunberg declarava-se abertamente ser um marxista, mais seus interesses
são eram do tipo teórico. Dessa forma, interessado no instituto ele veio de Viena para ser diretor de
um instituição interdisciplinar que se propunha a desenvolver uma analise radical da sociedade
burguesa.
Em 3 de Fevereiro em 1923, foi inaugurado o instituto de pesquisa social, onde nos primeiro tempos
suas atividades eram realizadas nas salas de um museu de ciências naturais. Mais logo em 1924
mudaram-se para um prédio situado na universidade.
Período de Grunberg: Programa e organização:
Em seu discurso Grunberg iniciou-se com a afirmação da pesquisa como atividade principal da
entidade; nele seriam também desenvolvidas atividades didáticas. Seu discurso prosseguia
apresentando alguns aspectos administrativos do instituto; em particular, deixou claro que um único
diretor exerceria um controle „‟ditatorial‟‟, o que diferenciava o instituto de outras sociedades de
pesquisa.
-Bases ideológicas: Grunberg declarava, de maneira explicita sua fidelidade ao marxismo; um
marxismo que, enquanto metodologia cientifica, era por ele entendido segundo uma simples
epistemologia „‟indutiva‟‟. A epistemologia indutiva não gozava de seus favores pela sua
ingenuidade teórica, inspirada em uma concepção adialética e mecanicista prevalente na ortodoxia
marxista da época, enquanto exatamente a exigência de sua revisão critica radical era um dos
motivos que haviam levado Horkheimer e Pollock a se empenharem na criação do instituto. E o
clima cultural e a atividade do instituto durante anos em que foi dirigido por Grunberg refletiam a
impostação ortodoxa de seu marxismo.
Nesse meio tempo em que ocorreu diversas transformações diante ao instituto, haviam dois jovens se
aproximando do instituto com interesses a fins aos de Pollock e Horkheimer : Leo LOWENTHAL e
Theodor W. Adorno.
- LEO LOWENTHAL: Filho de um médico judeu nasceu em Frankfurt em 1900. Estudou literatura,
historia, filosofia e sociologia. No mesmo tempo da faculdade, freqüentava os mesmo círculos de
estudantes universitários radicais freqüentados por Horkheimer, Pollock e Weil. Em 1926
aproximou-se do instituto, e em 1930 foi quando começou a fazer parte dele.
-THEODOR W. ADORNO:
Nasceu em Frankfurt em 1903, de família judia. Foi estimulado pela família estudar composição e
piano, mais Theodor mostrou interesse mesmo pela filosofia e pelas temáticas sociais. Adorno fez
seus estudos na universidade de Frankfurt, onde conhecer Horkheimer. Em 1925 foi para Viena, e
logo mais tarde em 1928 a 1930 decidiu voltar para Frankfurt e foi atraído pelos estudiosos mais
jovens do instituto.
O período de Horkheimer
Em 1927, Grunberg sofreu um infarto e decidiu demitir-se do cargo de diretor. Para a escolha do
novo diretor agora era possível pensar em um dos três membros fundadores; já tendo estes idade
suficiente para ocupar uma cátedra universitária. Weil não era um grande candidato, pois não queria
levar a serio a carreira universitária. Já Pollock queria mesmo é cuidar da parte administrativa da
instituição, então Horkheimer foi eleito o novo direto da instituição de pesquisa social de Frankfurt.
Diante a isso, ele implantou um novo programa na instituição, destacando a importância de
entrosamento entre filosofia e as ciências humanas, o que em breve foi realizado por ele.
Especificando mais, Horkheimer definiu que o objetivo principal da futura atividade de pesquisa do
instituto seria do da „‟Relacao entre a vida econômica da sociedade, o desenvolvimento psíquico dos
individuoes e as mudanças nas esferas culturais em sentido estrito‟‟.
Alem disso logo mais tarde surgiu a idéia de abrir uma sede no exterior, pois a situação política na
Alemanha não era favorável, deixando cada vez mais provável uma grande chance de exílio, parte
dos fundo do instituto foi transferido para Holanda em 1931.
Após a posse de Horkheimer como diretor do Instituto, ele determinou novas bases ideológicas, onde
buscava uma inovação com relação aqueles que seriam os produtos da sua atividade. A pensar disso
ele focou a analise da instituição em estudos dos fenômenos sociais mais amplos que interessavam a
superestrutura, criticando a tradicional formula marxista da relação entre estrutura e superestrutura,
que era analisada quando Grunberg estava na diretoria, mais no ponto de vista estrutural.
Fora isso, Horkheimer apresentou interesses nas teorias psicanalíticas de Freud, onde mais tarde ele
ajudou um amigo Landauer a formar o primeiro instituto psicanalítico de Frankfurt junto com Erich
Fromm, Herbert Marcuse e outros, que logo mais tarde tornou-se ligado ao instituto de pesquisa
social.
Erich Fromm nasceu em Frankfurt em 1900, de família judia, onde mais tarde depois de concluir
seus estudos foi apresentado a Horkheimer e foi uma figura que era adequado para tentar integrar
neomarxismo e psicanálise. E foi o mesmo que aconteceu com Herbert Mascuse, que entrou para o
grupo de estudiosos de Horkheimer em 1933.
Apesar de todas essas transformações, uma das grandes transformações foi a mudando da fonte do
instituto. No começo da historia da instituição o meio de publicar todas as
pesquisas, idéias e analises realizadas pela instituição era a Grunberg Archiv, e que agora passava a
ser o ZFS.
Quando, no final de janeiro de 1933, os nazistas tomaram poder, aos membros da instituição, todos
declaradamente marxistas e quase que exclusivamente de origem judia, não restou possibilidade e
não ser o exílio. E com a prudente transferência dos fundos para a Holanda, permitiu que o instituto
continuasse a trabalhar. Em Fevereiro do mesmo ano, o instituto passou a chamar Societé
Internacionale de Pecherches Sociales, tendo Horkheimer e Pollock como presidentes. Com grandes
mudanças diante a instituição, com auxilio de grandes estudiosos, o instituto abriu sedes em Paris e
Londres.
Com o advento do nazismo, o editor da ZFS era um alemão, o que fez parar de publicar as revistas
para o instituto, e passou para as mãos da Livraria Felix Alcan.
Em 1934 o instituto transfere-se para EUA , graças uma oferta do diretor da Columbia University. E
logo nos anos 50 ocorre o retorno o instituto para a Alemanha.