a efetividade da lei dos alimentos gravídicos: um cotejo...

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REVISTA DIREITO, CULTURA E CIDADANIA – CNEC OSÓRIO / FACOS VOL. 3 – Nº 2 – DEZEMBRO/2013 – ISSN 2236-3734 . Página 6 A efetividade da lei dos alimentos gravídicos: um cotejo jurisprudencial do tribunal de justiça do Rio Grande do Sul Madalena Fernandes Reck 1 Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar se a Lei dos Alimentos Gravídicos está sendo efetivamente aplicada pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Para tanto, o estudo fundamentou-se em pesquisas bibliográfica e jurisprudencial, a fim de verificar a carga probatória necessária para a concessão dos alimentos gravídicos, comparando-se os requisitos exigidos pelos desembargadores para o deferimento de tal pleito com aqueles requeridos pela doutrina e pela Lei 11.804/2008. Foram selecionadas decisões diversificadas, abrangendo tanto as que negaram quanto as que concederam os pedidos de fixação dos alimentos gravídicos, observando suas peculiaridades e disparidades. A partir do resultado da análise dessas jurisprudências, corroborado com o entendimento doutrinário, foi possível identificar que a Lei dos Alimentos Gravídicos não está sendo plenamente efetivada, necessitando-se uma mudança de entendimento dos julgadores a fim de que os direitos da gestante e consequentemente do nascituro possam ser satisfatoriamente alcançados. Palavras-chave: Alimentos gravídicos. Lei 11.804/2008. Efetividade. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Jurisprudência. Abstract: This study aims to analyze whether the Parturient Food Law is being effectively applied by the judges of Rio Grande do Sul Court. Therefore, the study was based on literature and constitutional research in order to verify the evidentiary burden necessary to award parturient food, comparing the necessities required by the judges for the granting of such petition with those required by doctrine and according to the Law 11.804/2008. Diversified decisions were selected, covering both those who were denied as those granted the applications for setting parturient food, noting their peculiarities and differences. From the result of analysis of jurisprudence, corroborated with the doctrinal understanding, it was identified that the Parturient Food Law has not been fully effective, necessitating a change in the understanding of judges so that the rights of pregnant women and consequently the unborn child can be satisfactorily achieved. Keywords: Parturient Food. Law 11.804/2008. Effectiveness. Court of Rio Grande do Sul. Jurisprudence. Introdução As questões ligadas aos alimentos sempre ganharam papel de destaque na doutrina e legislação pátrias por estarem diretamente vinculadas à subsistência do ser humano, correspondendo a uma de suas necessidades mais básicas. Não restam dúvidas de que o assunto é extremamente relevante, pois o não cumprimento da obrigação alimentar é o único meio de prisão civil previsto no ordenamento jurídico brasileiro. 1 Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade Cenecista de Osório.

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REVISTA DIREITO, CULTURA E CIDADANIA – CNEC OSÓRIO / FACOS

VOL. 3 – Nº 2 – DEZEMBRO/2013 – ISSN 2236-3734 .

Página 6

A efetividade da lei dos alimentos gravídicos: um cotejo jurisprudencial do tribunal de justiça do Rio Grande do Sul

Madalena Fernandes Reck1

Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar se a Lei dos Alimentos Gravídicos está sendo efetivamente aplicada pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Para tanto, o estudo fundamentou-se em pesquisas bibliográfica e jurisprudencial, a fim de verificar a carga probatória necessária para a concessão dos alimentos gravídicos, comparando-se os requisitos exigidos pelos desembargadores para o deferimento de tal pleito com aqueles requeridos pela doutrina e pela Lei 11.804/2008. Foram selecionadas decisões diversificadas, abrangendo tanto as que negaram quanto as que concederam os pedidos de fixação dos alimentos gravídicos, observando suas peculiaridades e disparidades. A partir do resultado da análise dessas jurisprudências, corroborado com o entendimento doutrinário, foi possível identificar que a Lei dos Alimentos Gravídicos não está sendo plenamente efetivada, necessitando-se uma mudança de entendimento dos julgadores a fim de que os direitos da gestante e consequentemente do nascituro possam ser satisfatoriamente alcançados. Palavras-chave: Alimentos gravídicos. Lei 11.804/2008. Efetividade. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Jurisprudência. Abstract: This study aims to analyze whether the Parturient Food Law is being effectively applied by the judges of Rio Grande do Sul Court. Therefore, the study was based on literature and constitutional research in order to verify the evidentiary burden necessary to award parturient food, comparing the necessities required by the judges for the granting of such petition with those required by doctrine and according to the Law 11.804/2008. Diversified decisions were selected, covering both those who were denied as those granted the applications for setting parturient food, noting their peculiarities and differences. From the result of analysis of jurisprudence, corroborated with the doctrinal understanding, it was identified that the Parturient Food Law has not been fully effective, necessitating a change in the understanding of judges so that the rights of pregnant women and consequently the unborn child can be satisfactorily achieved. Keywords: Parturient Food. Law 11.804/2008. Effectiveness. Court of Rio Grande do Sul. Jurisprudence.

Introdução

As questões ligadas aos alimentos sempre ganharam papel de destaque na doutrina

e legislação pátrias por estarem diretamente vinculadas à subsistência do ser

humano, correspondendo a uma de suas necessidades mais básicas. Não restam

dúvidas de que o assunto é extremamente relevante, pois o não cumprimento da

obrigação alimentar é o único meio de prisão civil previsto no ordenamento jurídico

brasileiro.

1 Acadêmica do Curso de Direito da Faculdade Cenecista de Osório.

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A Magna Carta confirma tal tese, pois, em seu artigo 6º2, preocupa-se em elencar

um rol de direitos sociais, sendo eles a educação, a saúde, a alimentação, o

trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, e a assistência aos desamparados.

Contudo, até o ano de 2008, existia uma lacuna na lei, a qual nada referia sobre o

direito a alimentos da mulher gestante e do nascituro. No entanto, o tema ganhou

novas proporções a partir de cinco de novembro daquele ano, com a entrada em

vigor da Lei 11.804, denominada Lei dos Alimentos Gravídicos. Apesar das

divergências trazidas pela legislação até então, por não haver uma lei específica

sobre o tema, os Tribunais já vinham reconhecendo a legitimidade do nascituro para

pleitear alimentos, devidamente representado por sua genitora.

[...] tendo decisão pioneira da Primeira Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo, datada de 14.09.1993 (Ap. Cível n. 193648-1), atribuído legitimidade 'ad causam' ao nascituro, representado pela mãe gestante, para propor ação de investigação de paternidade com pedido de alimentos. Concluiu o relator - Des. Renan Lotufo - reportando-se à decisão pioneira no mesmo sentido do Tribunal do Rio Grande do Sul (RJTJRS 104/418) que 'ao nascituro assiste, no plano do Direito Processual, capacidade para ser parte como autor ou réu. Representado o nascituro, pode a mãe propor ação de investigatória e o nascimento com vida investe o infante na titularidade da pretensão de direito material, até então uma expectativa resguardada'.

3

O interesse pelo tema em estudo decorre do fato de o mesmo ser polêmico, sendo a

Lei dos Alimentos Gravídicos fonte de muitas discussões e controvérsias, seja no

âmbito acadêmico, doutrinário ou jurisprudencial.

Hodiernamente, sabe-se que as relações afetivas têm tornado cada vez mais

efêmeras e descompromissadas. Neste cenário, surge a inovadora Lei dos

Alimentos Gravídicos, a fim de implementar o Princípio da Paternidade Responsável,

já que se tornou possível compelir o suposto genitor a contribuir financeiramente

durante a gestação, visando proporcionar ao nascituro um nascimento com vida e,

acima de tudo, com saúde. Ademais, com o nascimento com vida, os alimentos 2 Art. 6º “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

3 LOMEU, Leandro Soares. Alimentos gravídicos: aspectos da Lei 11.804/08. Disponível em: <http://www.ibdfam.org.br/novosite/artigos/detalhe/467>. Acesso em: 04 set. 2012.

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gravídicos são convertidos automaticamente em pensão alimentícia, compelindo o

homem a colaborar com essa gestação pela qual também é responsável.4

Anteriormente à entrada em vigor da referida lei e do Código Civil de 2002, havia um

óbice à concessão de alimentos ao nascituro, gerado pela redação do artigo 2º da

Lei 5478/1968, o qual exigia a comprovação do parentesco ou da obrigação de

alimentar do devedor, algo inacessível no caso em questão. Todavia, o Código Civil

de 2002, em seu artigo 2º5, preocupou-se em pôr a salvo os direitos do nascituro

desde a sua concepção, justificando, portanto, seu direito a alimentos, mesmo que

de modo indireto.

Diante deste cenário, se fez relevante a realização de um levantamento através de

pesquisa jurisprudencial no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a fim de

verificar se os objetivos da Lei dos Alimentos Gravídicos estão sendo contemplados.

Para tanto, foram comparados os requisitos trazidos pelo referido diploma legal para

a concessão dos alimentos gravídicos com aqueles exigidos pelos

desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, verificando se esse

entendimento está em conformidade com o disposto na Lei 11.804/2008 e na

doutrina, as quais exigem a comprovação de meros indícios de paternidade.

O presente estudo se apresenta na forma de artigo científico, fundamentando-se em

pesquisas bibliográfica e jurisprudencial. Para tanto, empregou-se o método

comparativo, a fim de confrontar as disposições apresentadas pela Lei 11.804/2008,

pela doutrina e pela jurisprudência selecionada, analisando os dados apresentados

pelos mesmos, verificando suas semelhanças e disparidades, buscando examinar

se a Lei dos Alimentos Gravídicos possui a efetividade necessária para conferir

proteção à gestante e ao nascituro.

4 SILVA, Álvaro de Almeida. Alimentos gravídicos: norma amparada em princípios. Disponível em: <http://www.ibdfam.org.br/novosite/artigos/detalhe/772>. Acesso em: 04 set. 2012.

5 Art. 2

o “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,

desde a concepção, os direitos do nascituro.” BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Código Civil de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

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1. Algumas considerações acerca dos alimentos

Inicialmente, faz-se necessária uma breve definição dos alimentos, podendo os

mesmos ser conceituados como tudo aquilo que se fizer indispensável para garantir

aos seres humanos uma vida digna, incluindo-se, para a obtenção de tal fim, os

mais diversos valores6, os quais “não se limitam à nutrição da pessoa, com mera

cobertura de suas privações físicas, mas que também devem atender, ao aspecto

intelectual, voltado para o desenvolvimento da personalidade [...].”7

Neste sentido, cabe mencionar as palavras de Paulo Lôbo:

Alimentos, em direito de família, tem o significado de valores, bens ou serviços destinados às necessidades existenciais da pessoa, em virtude de relações de parentesco (direito parental), quando ela própria não pode prover, com seu trabalho ou rendimentos, a própria mantença.

8

Para a fixação de alimentos, faz-se necessária a observância do binômio

necessidade/possibilidade, ou seja, aquele que pleiteia alimentos, em se tratando de

maior, precisa demonstrar sua real necessidade, não bastando apenas ser titular do

direito, ao contrário dos menores, que possuem necessidade presumida. Por outro

lado, deve restar comprovada a possibilidade da outra parte para prestá-los9.

A exigência de caracterização desses elementos encontra-se expressa no artigo

1694, § 1º do Código Civil, o qual dispõe que “os alimentos devem ser fixados na

proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.”10

Contudo, é importante frisar que a existência de um terceiro elemento, qual seja, a

proporcionalidade, vem sendo defendida por inúmeros doutrinadores, como Paulo

Lôbo,11 Flávio Tartuce e José Fernando Simão12 e Maria Berenice Dias13. A

jurisprudência14 também vem adotando os três elementos acima mencionados.

6 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 3. ed. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2011. P. 752. 7 MADALENO, Rolf. Alimentos processuais. Revista Brasileira de Direito das Famílias e

Sucessões, Porto Alegre, v.10, n.5, p. 23-50, ago./set. 2008. P. 23. 8 LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. P. 368.

9 LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. P. 374.

10 BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Código Civil de 2002. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 03 set. 2012. 11

LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. P. 375. 12

TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: Direito de Família. 5. ed. São Paulo: Método, 2010. V. 5. P. 415.

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A inserção do princípio da proporcionalidade ou razoabilidade na fixação dos

alimentos justifica-se pela vedação ao enriquecimento sem causa quando da sua

quantificação,15 caracterizando-se como um balanceamento entre os outros dois

requisitos, ou seja, não deve o juiz verificar tão somente se existe a necessidade do

alimentando e a possibilidade do alimentante, mas se o valor exigido é razoável.16

1.1 Dos princípios concernentes à obrigação alimentar

No tocante à obrigação alimentar, é possível destacar alguns princípios como sendo

de maior relevância na discussão do tema, tais como o Princípio da Dignidade da

Pessoa Humana, do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente e da

Solidariedade Familiar.

A Constituição Federal destaca a dignidade da pessoa humana como um princípio

basilar em um Estado Democrático de Direitos, conforme dispõe seu artigo 1º, III.17

Tal princípio possui conceituação e caracterização complexas, possuindo uma

definição indeterminada, já que abrange em seu ideário uma gama imensa de outros

preceitos constitucionais. Paulo Lôbo explica que

[...] a família, tutelada pela Constituição, está funcionalizada ao desenvolvimento das pessoas humanas que a integram. A entidade familiar

13

DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 7. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. P. 541.

14 “Agravo de instrumento. Ação de alimentos. Pedido de alimentos provisórios. Indeferimento

mantido. Ausência de demonstração do trinômio necessidade, possibilidade e proporcionalidade. Falta de requisitos que autorizem a concessão de alimentos provisórios à virago, pessoa jovem e capaz de prover seu sustento. Ausência de comprovação de sustento da virago provido pelo varão. Matrimônio lacônico de quatro meses. Alegação de união estável anterior ao casamento que não se sustenta, diante do conteúdo fático-probatório. Necessidade de dilação probatória para eventual fixação de verba alimentar. Agravo desprovido.” RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70047350145. Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 25/07/2012. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 05 set. 2012.

15 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: Direito de Família. 5. ed. São Paulo:

Método, 2010. V. 5. P.415. 16

LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. P. 375. 17

Art. 1º “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa humana”. BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

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não é tutelada para si, senão como instrumento de realização existencial de seus membros.

18

O Princípio da Solidariedade Familiar caracteriza-se também como um dos objetivos

da República Federativa do Brasil, elencado pelo art. 3º, I da Constituição Federal19

de 1988. Tal princípio repercute no Direito de Família, dentre outras formas, no

pagamento de alimentos caso esses se façam necessários.20

O referido diploma legal, em capítulo específico destinado à família21, elucida o

princípio em estudo, impondo-se à sociedade, ao Estado e à família a obrigação de

sua observância. 22

No tocante à fixação de alimentos, devem ser observados parâmetros baseados na

solidariedade, a qual encontra fundamento na cooperação, na justiça social e na

igualdade, a fim de se assegurar a dignidade da pessoa humana. Verifica-se,

portanto, que a obrigação alimentar é proveniente da solidariedade familiar, a qual

decorre da solidariedade social23, constitucionalmente assegurada. 24

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 4º, também elucida tal

princípio, afirmando que “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral

e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos

18

LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. P. 55. 19

Art. 3º “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;” BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

20 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: Direito de Família. 5. ed. São Paulo:

Método, 2010. V. 5. P. 37. 21

Art. 226. “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. Art. 227. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao compilado.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

22 LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. P. 56.

23 Art. 3º “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma

sociedade livre, justa e solidária”. BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao compilado.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

24 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 3. ed. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2011. P. 750-751.

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referentes à vida, à saúde, à alimentação [...]”.25 Ademais, a redação do dispositivo

legal citado reflete o chamado Princípio do Melhor Interesse da Criança e do

Adolescente.

No direito brasileiro, esse princípio está fundamentado no artigo 227 da Constituição

Federal26, impondo à família, à sociedade e ao Estado o dever de assegurar com

total prioridade à criança e ao adolescente o rol de direitos que explicita. Além disso,

passa a reconhecê-los como sujeitos de direitos e como pessoas em particular

condição de desenvolvimento.27

1.2 Da Lei 11.804/2008: Lei dos Alimentos Gravídicos

Devido às divergências doutrinárias acerca do termo inicial dos direitos da

personalidade do homem28, muito se relutava no tocante à prestação de alimentos

ao nascituro. Contudo, conforme ressaltam Cristiano Chaves de Farias e Nelson

Rosenvald

De fato existem despesas necessárias à perfeita realização do pré-natal, destinando-se a garantir a vida do concebido. Ou seja, durante a gravidez são incontáveis as situações materiais que exigem a participação do pai. São gastos com saúde, alimentação, medicamentos, despesas hospitalares com a maternidade..., sem contar a preparação do (necessário) enxoval do bebê, como na hipótese do vestuário e da assistência pediátrica, não podem ser exclusivos da genitora.

29

No entanto, essa lacuna foi preenchida a partir de 5 de novembro de 2008 com a

publicação da Lei 11.804/2008, a chamada Lei dos Alimentos Gravídicos, que vem

disciplinar o direito da mulher gestante de buscar assistência financeira perante o

indigitado pai na parte que lhe compete, mediante a propositura da correspondente

ação antes do nascimento da criança. Para tanto, verifica-se os recursos financeiros 25

BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

26 Art. 227. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao

jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao compilado.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

27 LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, P. 70-71.

28 Teorias natalista, concepcionista e condicionalista.

29 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 3. ed. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2011, P. 797.

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de ambos os genitores e o valor das despesas realizadas no período da concepção

ao parto, além de outras provenientes da gestação. Este benefício se transforma

automaticamente em pensão alimentícia em favor do menor a partir de seu

nascimento com vida, sem que haja imputação de paternidade.30

O diploma legal em análise foi originado do Projeto de Lei nº. 7.376/2006, contando

com doze artigos em sua redação. Contudo, seis desses dispositivos foram vetados,

os artigos 3º, 4º, 5º, 8º, 9º e 10º. Portanto, a Lei 11.804 foi sancionada contendo os

seguintes artigos: 1º, 2º, 6º, 7º, 11º e 12º.

A lei em estudo, em seu artigo 1º, dispõe do seguinte modo: “esta Lei disciplina o

direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido”. Ou seja,

verifica-se que o direito a alimentos é conferido à gestante, porém, protege-se o

nascituro, o qual se encontra no ventre daquela, de modo indireto.

Os alimentos disciplinados pela lei compreendem os valores suficientes para cobrir

as despesas adicionais do período de gravidez que sejam dela decorrentes, da

concepção ao parto, inclusive as referentes à alimentação especial, assistência

médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e

demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico,

além de outras que o juiz considere pertinentes, conforme artigo 2º da lei em

comento. “Como se nota, a extensão ou compreensão dos alimentos é ampla no

dispositivo, além de ser uma norma aberta, pois o juiz pode concedê-los levando em

consideração o que for pertinente.”31

Ademais, o parágrafo único do dispositivo referido adverte que os alimentos

elencados referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai,

considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida,

na proporção dos recursos de ambos. Tal redação vem ao encontro do disposto no

30

FREITAS, Douglas Philips. Alimentos Gravídicos: comentários à Lei 11.804/2008. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. P. 73.

31 VENOSA, Sílvio de salvo. Direito Civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. P. 372.

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artigo 1694 do Código Civil32, referendando o binômio necessidade/possibilidade,

essencial quando se trata da concessão de alimentos.

Cabe à gestante convencer o juiz acerca dos indícios de paternidade, conforme

artigo 6º da Lei 11.804/2008: “Convencido da existência de indícios de paternidade,

o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança,

sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré”.33

Desse modo, a mulher grávida deve juntar à petição inicial elementos probatórios

que demonstrem serem suas alegações verídicas, indicando que o réu é o pai do

nascituro. “São elementos de prova documentos que evidenciem a convivência,

como fotos, endereços comuns, aquisições, e-mails, pagamentos de despesas,

declarações de pessoas sobre a relação de convívio ou namoro.”34

Salienta-se que a realização de exame de DNA no líquido amniótico não é exigível

por comprometer a gravidez, pondo em risco a vida da criança. Por essa razão,

exige-se a mera comprovação dos indícios da paternidade, pois os alimentos

gravídicos propõem-se a estimular a paternidade responsável, já que, de outro

modo, os homens seriam beneficiados com essa dúvida que perduraria até o

nascimento da criança, arcando a mulher grávida com todas as responsabilidades

surgidas com a gestação.35

No caso de fixação dos alimentos gravídicos, esses serão automaticamente

convertidos em pensão alimentícia após o nascimento com vida da criança, e

32

Art. 1.694. “Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1

o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos

recursos da pessoa obrigada.” BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Código Civil de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

33 BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Lei dos Alimentos Gravídicos. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11804.htm>. Acesso em: 30 jul. 2012.

34 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família: Lei nº 10.406, de 10.01.2002. 7. ed. Rio de Janeiro:

Forense, 2009. P. 776. 35

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. P. 800.

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perdurarão até que uma das partes solicite sua revisão, conforme artigo 6º da Lei

11.804/2008.

Isso porque os alimentos gravídicos, de regra, não devem levar em consideração no período gestacional a condição social do alimentante. Contudo, nada obsta que estes alimentos possam ser revisados depois do nascimento, agora sim, também considerando o padrão social, econômico e financeiro do alimentante, desde que haja iniciativa processual para a revisão dos alimentos que deixam de ser gravídicos com o nascimento do credor e se convertem em pensão alimentícia e esta é associada à condição social do alimentante.

36

A contestação do suposto genitor é tratada pelo artigo 7º da lei em comento, o qual

refere que o réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias. Em sua

defesa, o demandado poderá alegar a impossibilidade de ser pai do nascituro

demostrando, por exemplo, sua esterilidade, ou que não esteve com a gestante no

período ao qual se imputa o momento concepção, apresentando comprovantes de

passagens aéreas, ou demostrando que permaneceu em outro local, afastado do

domicílio da autora.37

Ademais, vale ressaltar que à Lei dos Alimentos Gravídicos é aplicado, de modo

supletivo, o disposto no Código de Processo Civil e na Lei de Alimentos, conforme

redação do artigo 11 da Lei 11.804/2008.

2. Da efetividade da lei dos alimentos gravídicos

Apesar de a Lei 11.804/2008 prever em seu artigo 6º que, convencido da existência

de indícios de paternidade, o juiz fixará os alimentos gravídicos, alguns julgadores

ainda relutam em adotar tal entendimento, somente concedendo os alimentos caso a

gestante instrua o processo com provas inequívocas de que o demandado

realmente é o genitor do nascituro.

Por esse motivo, tendo consciência de que a Lei dos Alimentos Gravídicos passou a

vigorar com o intuito de proteger a gestante e, sobretudo, propiciar ao nascituro um

36

MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. P. 883. 37

FREITAS, Douglas Philips. Alimentos Gravídicos: comentários à Lei 11.804/2008. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. P. 106.

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nascimento com saúde e plenas condições de vida, fez-se cabível uma análise

jurisprudencial no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, com o

escopo de verificar quais elementos de prova vêm sendo exigidos para a concessão

dos alimentos gravídicos pelos julgadores, e se esse entendimento vem impedindo

que a lei, a qual intencionalmente exige a comprovação de meros indícios de

paternidade, cumpra seu papel protecionista.

Por essa razão, realizou-se pesquisa jurisprudencial no Tribunal de Justiça do Rio

Grande do Sul, onde foram identificadas 125 decisões abordando o tema em estudo

até a data de 10 de abril de 2013. Tais decisões foram proferidas por 14 relatores

diferentes. Todavia, vale lembrar que muitos desses desembargadores não mais

integram a composição do quarto grupo cível, formado pela sétima e oitava câmaras

cíveis, as quais possuem competência para julgar as causas relativas à Direito de

Família conforme estabelecido pelo artigo 11 da Resolução Nº 1/98 do Tribunal de

Justiça do Rio Grande do Sul38, que dispõe sobre a composição e competência dos

Órgãos do Tribunal de Justiça.

Atualmente, a 7ª Câmara Cível é composta pelos seguintes desembargadores:

Des. Jorge Luís Dall'Agnol (Presidente), Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos

Chaves, Des.ª Liselena Schifino Robles Ribeiro e Des.ª Sandra Brisolara Medeiros.

A 8ª Câmara Cível, por sua vez, possui a seguinte composição: Des. Rui Portanova

(Presidente), Des. Luiz Felipe Brasil Santos, Des. Alzir Felippe Schmitz e Des.

Ricardo Moreira Lins Pastl.

Além dos desembargadores acima referidos, foram encontrados julgados com os

seguintes relatores: Des. José Ataídes Siqueira Trindade, Des. Claudir Fidélis

38

Art. 11. “Às Câmaras Cíveis serão distribuídos os feitos atinentes à matéria de sua especialização, assim especificada:

[...] IV - às Câmaras integrantes do 4o Grupo Cível (7ª e 8

a Câmaras Cíveis):

a) família; b) sucessões; c) união estável; d) Estatuto da Criança e do Adolescente; e) registro civil das pessoas naturais.” RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Resolução Nº 1/98 do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www. tjrs.jus.br/site/legislacao/estadual/>. Acesso em: 26 abr. 2013.

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Faccenda, Des. José Conrado Kurtz de Souza, Des. Roberto Carvalho Fraga, Des.

Ricardo Raupp Ruschel e Des. André Luiz Planella Villarinho.

A fim de facilitar sua análise e compreensão, os julgados selecionados foram

divididos em dois grandes grupos, abordando separadamente as decisões que

negaram e as que concederam os alimentos gravídicos, procurando observar ainda

suas peculiaridades e disparidades, tais como as provas ou indícios produzidos

pelas partes, bem como as ponderações e argumentações dos desembargadores a

respeito dos mesmos ao analisar sua adequação, suficiência ou insuficiência, dentre

outros aspectos.

2.1 Das decisões que concederam os alimentos gravídicos

Dentre as decisões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que julgaram

questões concernentes a alimentos gravídicos, é possível destacar algumas em que

o pedido de fixação dos alimentos recebeu provimento tendo em vista que as partes

demonstraram os indícios de paternidade, estando, portanto, em conformidade com

o disposto na Lei 11.804/2008 e com o entendimento defendido pela doutrina.

Inicialmente, cabe analisar o Agravo de Instrumento no 7004559159139, do Relator

Roberto Carvalho Fraga, no qual a gestante alega que manteve relacionamento de

quatro anos com o agravado, e demonstra que este havia comprado móveis,

constando a casa da agravante como endereço de entrega. Este segundo elemento

probatório foi extremamente relevante para o convencimento do julgador, já que

demonstra peculiar proximidade entre as partes.

Neste mesmo sentido se deu o julgamento do Agravo de Instrumento no

7005326331540, do Relator Sérgio Fernando Vasconcellos Chaves, no qual a

gestante agravou de instrumento da decisão que indeferiu seu pedido de fixação

39

RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70045591591. Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 14/03/2012. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 10 abr. 2013.

40 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70053263315.

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 18/02/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 10 abr. 2013.

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liminar de alimentos gravídicos, sustentando que namorou o agravado por dois anos,

tendo o casal vivido em união estável no ano de 2012.

Afirma que o agravado lhe sugeriu que realizasse um aborto, e como não obteve

sucesso, comprometeu-se a pagar a quantia de R$ 300,00 mensais, tendo efetuado

o referido pagamento apenas uma vez. O relator entendeu que o requisito trazido

pelo art. 6º da Lei 11.804/2008, qual seja, a demonstração de indícios de

paternidade, restaram comprovados nos autos, fixando, portanto, os alimentos

gravídicos no valor de meio salário mínimo mensal.

O mesmo relator, no julgamento do Agravo de Instrumento no 7004590837341

enfrentou situação semelhante, onde a gestante interpôs recurso alegando que

namorou o agravado por sete meses, tendo o casal praticamente vivido junto nesse

período.

Em seu decisum, o julgador refere que, além da afirmação coerente da autora, os

indícios de paternidade se revelaram por meio de fotografias e documentos

juntados, sendo que um deles apresentava o comprometimento do agravado com a

gestação. Desta forma, deu-se provimento ao agravo fixando os alimentos

gravídicos em 30% do salário mínimo.

Sérgio Fernando Vasconcellos Chaves também deu provimento a outros dois

recursos que pleiteavam a fixação de alimentos gravídicos provisórios. No primeiro

deles (Agravo de Instrumento no 70037374071)42, sua decisão fundamentou-se

pelas afirmações das partes, mensagens trocadas e declarações de testemunhas

que tinham conhecimento do relacionamento.

41

RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70045908373. Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 31/10/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 11 abr. 2013.

42 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70037374071.

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 26/01/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 11 abr. 2013.

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No segundo recurso (Agravo de Instrumento no 70041029737)43, o relator sustenta

que para a concessão dos alimentos gravídicos bastam haver indícios de

paternidade, os quais foram demonstrados nos autos pelas afirmações da partes,

corroboradas por mensagens trocadas, depósitos bancários, e inclusive pela

declaração do recorrido, que em contestação admitiu que contribuiu financeiramente

com a gestação na proporção de 20% de seus rendimentos mensais. Ademais, em

momento algum os diálogos juntados na exordial foram questionados pelo mesmo.

Por essa razão, foram fixados alimentos gravídicos em 30% de seus ganhos

líquidos.

Percebe-se que os julgados destacados acima se encontram em conformidade com

o disposto pelo texto do artigo 6º da Lei 11.804/200844 e pela doutrina, como se

depreende da lição de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, os quais

compreendem como sendo suficiente para a fixação dos alimentos gravídicos

[...] demonstrar a existência de indícios de paternidade [...] como, por exemplo, a colheita de testemunhas ou a juntada de documentos (fotografias, filmes, cartas ou bilhetes de amor, mensagens cibernéticas etc.). Trata-se de um momento processual bastante singular, pois o magistrado deferirá os alimentos gravídicos com base em juízo perfunctório, independentemente de prova efetiva da paternidade, bastando a existência de meros indícios.

45

Esse entendimento é corroborado por diversos outros autores, dentre eles Douglas

Philips Freitas,46 Arnaldo Rizzardo,47 Ana Cecília Rosário Ribeiro48 e Rolf

Madaleno49.

43

RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70041029737. Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 31/01/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 11 abr. 2013

44 Artigo 6º: “Convencido da existência de indícios de paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos

que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.” BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Lei dos Alimentos Gravídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11804. htm>. Acesso em: 30 jul. 2012.

45 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 3. ed. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2011. P. 799-800. 46

FREITAS, Douglas Philips. Alimentos Gravídicos: comentários à Lei 11.804/2008. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. P. 77.

47 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família: Lei nº 10.406, de 10.01.2002. 7. ed. Rio de Janeiro:

Forense, 2009. P. 776. 48

RIBEIRO, Ana Cecília Rosário. Alimentos para o nascituro: tutela do direito à vida. Curitiba: Juruá, 2011. P. 130-131.

49 MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. P. 883.

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No entanto, verificou-se que no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, muitos

julgados também acabam por conceder os alimentos gravídicos nos casos em que

os indícios de paternidade se mostram escassos ou até mesmo inexistentes.

Nessa acepção, encontra-se o Agravo de Instrumento no 7004739692450, do Relator

Ricardo Moreira Lins Pastl51, havendo participado do julgamento os

desembargadores Luiz Felipe Brasil Santos e Rui Portanova. O Relator optou pelo

descabimento da antecipação da tutela pleiteada pela autora que intentava a fixação

dos alimentos gravídicos por estarem ausentes seus requisitos, já que não havia

qualquer elemento probatório acerca da indigitada paternidade, conforme exigido

pelo art. 6º da Lei 11.804/2008.

No entanto, Rui Portanova e Luiz Felipe Brasil Santos divergem do eminente

julgador a fim de dar provimento à pretensão da agravante, sob a justificativa de que

a situação que enseja os alimentos gravídicos, por si só, produz situações de difícil

comprovação, especialmente no que tange ao encargo da gestante de comprovar

que o filho que carrega é do demandado.

Prosseguem ainda afirmando que o provimento de liminares está naturalmente

envolto de riscos, e quando se trata de alimentos gravídicos, algumas regras que

regem a fixação dos alimentos devem ser um tanto relativizadas, devendo-se

flexibilizar certas normas que em se tratando de pessoa já nascida seriam mais

rígidas. Por essa razão, segundo os julgadores, não se pode exigir que a gestante

comprove a paternidade de uma criança que conta com poucos meses de gestação.

De outra banda, salienta-se que nesta fase a gestante se depara com inúmeras

despesas, tais como exames, acompanhamento médico, e inúmeros outros

procedimentos que visam alcançar o sadio desenvolvimento do infante.

50

RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70047396924. Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 29/03/2012. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 12 abr. 2013.

51 No entanto, quando se pesquisa por esse número do processo no site do Tribunal de Justiça do

Rio Grande do Sul, consta como relator em sua ementa o desembargador Rui Portanova, sendo que somente abrindo-se o documento percebe-se que realmente Ricardo Moreira Lins Pastl é o relator.

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Concluíram os desembargadores que, havendo dúvidas entre a imputação da

paternidade e das necessidades da gestante e do nascituro, esta segunda deve

prevalecer, pois menos gravoso reconhecer uma obrigação provisória contra o

suposto genitor, do que deixar de garantir um melhor desenvolvimento ao filho,

cabendo, portanto, a fixação dos alimentos apesar da fragilidade das provas.52

Julgamento semelhante se depreende do Agravo de Instrumento no 7005069167453,

no qual Rui Portanova atuou como relator, acompanhado de Luiz Felipe Brasil

Santos e Ricardo Moreira Lins Pastl.

Ao julgar o agravo da gestante que teve seu pedido de alimentos gravídicos

provisórios negado em primeira instância, Portanova aduz que, mesmo inexistindo

provas acerca do relacionamento entre as partes, o que poderia gerar os indícios de

paternidade, faz-se cabível a fixação dos alimentos gravídicos quando comprovada

a gestação.

Luiz Felipe Brasil Santos profere seu voto concordando com o relator, trazendo aos

autos dados embasados em sua experiência forense. Alega que em seus trinta e

cinco anos no exercício da função jurisdicional foi possível perceber que cerca de

95% das investigações de paternidade ajuizadas restaram procedentes,

evidenciando portanto, que a mulher não costuma fazer falsas imputações acerca da

paternidade. Desta forma, segundo o desembargador, é preferível cometer um erro

em face do demandado na probabilidade de 5% ao se conceder os alimentos, do

que enfrentar a probabilidade de 95% de errar em face da gestante negando-os.54

Nos julgados acima analisados, foi possível perceber uma extrema despreocupação

dos desembargadores com a carga probatória constante dos autos, bastando a

palavra da gestante para que fossem concedidos os alimentos gravídicos. Contudo

52

RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70047396924. Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 29/03/2012. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 12 abr. 2013.

53 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70050691674.

Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 01/11/2012. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 12 abr. 2013.

54 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70050691674.

Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 01/11/2012. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 12 abr. 2013.

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esse posicionamento fere a regra processual do ônus da prova contida no artigo

333, inciso I do Código de Processo Civil55, segundo o qual, a parte que alega os

fatos deve prová-los.

Acerca do tema, cabe destacar o entendimento de Douglas Phillips Freitas:

Salvo a presunção de paternidade dos casos de lei, como imposto no art. 1597 e seguintes, o ônus probatório é da mãe. Mesmo o pai não podendo exercer o pedido de Exame de DNA como matéria de defesa, cabe a genitora apresentar os "indícios de paternidade" informada na lei através de fotos, testemunhas, cartas, e-mails, entre tantas outras provas lícitas que puder trazer aos autos, lembrando que ao contrário do que pugnam alguns, o simples pedido da genitora, por maior necessidade que há nesta delicada condição, não goza de presunção de veracidade ou há uma inversão do ônus probatório ao pai, pois este teria que fazer (já que não possui o exame pericial como meio probatório) prova negativa, o que é impossível e refutado pela jurisprudência. Há necessidade de aplicação da regra do art. 333, inc. I, do Código Civil de 2002 que informa que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito. [...]

56

No entanto, cabe frisar que Freitas, na obra Alimentos Gravídicos, comentários à Lei

11.804/2008, vem adotar posicionamento distinto, e inegavelmente destoante do que

se encontra na doutrina e jurisprudência dominantes, afirmando que, apesar de

caber à gestante produzir alguma prova acerca da paternidade, o magistrado deve

compreender que tal tarefa é das mais árduas, especialmente quando se trata de

relacionamentos efêmeros, e, portanto, a não apresentação de provas não poderia

ser motivo para negar sua pretensão.57

O autor assevera que a presunção de boa-fé da gestante, sujeitando-se aos fatos

narrados na inicial e às alegações da contestação, mesmo não havendo qualquer

prova documental, pode dar ensejo a fixação dos alimentos gravídicos caso o

magistrado tenha se convencido acerca dos indícios de paternidade. Apesar de que

algumas mulheres poderão utilizar este instituto para obter vantagens ilícitas, este

entendimento não pode ser a regra, devendo, como já afirmado anteriormente

prevalecer a presunção de boa-fé a fim de não se prejudicar inúmeras mulheres que

55

Art. 333. “O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;” BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l 5869compilada.htm>. Acesso em: 29 abr. 2013.

56 FREITAS, Douglas Philips. Alimentos Gravídicos e a Lei 11.804/08 - Primeiros Reflexos.

Disponível em: <http://www.ibdfam.org.br/artigos/detalhe/468>. Acesso em: 26 abr. 2013. 57

FREITAS, Douglas Philips. Alimentos Gravídicos: comentários à Lei 11.804/2008. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. P. 77-78.

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buscam nesta ação o único meio de obter assistência para a gestação e atender as

necessidades da criança.58

Ao contrário do exposto até o momento, verifica-se que em boa parte das decisões

que abordam a matéria sob análise foram negados os pedidos de fixação dos

alimentos gravídicos, conforme se abordará a seguir.

2.2 Das decisões que negaram os alimentos gravídicos

Dentre os recursos que intentaram a condenação do genitor ao pagamento dos

alimentos gravídicos, percebe-se que muitos tiveram seu provimento negado pelos

julgadores sob a justificativa de que os indícios de paternidade eram insuficientes ou

restaram ausentes nos autos.

O Desembargador André Luiz Planella Villarinho atuou como relator em dois

recursos nos quais se verificam as hipóteses acima mencionadas. O primeiro deles,

(Agravo de Instrumento no 70046488540)59 teve seu provimento negado pois a

agravante, a qual teve seu pedido de alimentos gravídicos provisórios não concedido

em primeira instância, segundo o relator, não instruiu o processo com os

necessários indícios de paternidade, pois apenas comprovou sua gravidez.

Segundo Villarinho, apesar de se exigirem somente indícios acerca da paternidade,

necessário se faz que a recorrente produza elementos mínimos a fim de que se

possa conferir verossimilhança aos fatos alegados pela mesma, pois a gestante não

se desincumbe do ônus probatório nessa fase.

58

FREITAS, Douglas Philips. Alimentos Gravídicos: comentários à Lei 11.804/2008. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. P. 78.

59 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70046488540.

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz Planella Villarinho, Julgado em 05/12/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 29 abr. 2013.

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Em seu segundo julgado a ser analisado, o Agravo de Instrumento no

7003394639360, Villarinho deparou-se com a situação de serem insuficientes os

indícios juntados pela autora.

Semelhantemente à fundamentação utilizada no recurso anteriormente discutido, o

relator informa terem sido juntados pela agravante apenas o exame de gravidez,

uma foto do agravado e um cartão de Natal subscrito por “Negão”. No entanto,

segundo ele, tais indicativos seriam insuficientes para configurar os indícios de

paternidade exigidos pela Lei 11.804/2008, sendo que o ônus probatório recai sobre

a gestante, não bastando seu simples pedido de alimentos, pois desse modo caberia

ao genitor produzir prova negativa acerca da paternidade.

Nesse caso, verifica-se uma situação extremamente peculiar no que diz respeito à

produção probatória na Ação de Alimentos Gravídicos, pois a partir dos fatos

narrados no processo tem-se a impressão de que na foto acostada aos autos pela

autora está presente somente o agravado, e dessa forma, não criaria nenhuma

alusão sobre um possível relacionamento entre as partes.

Ademais, o cartão juntado, além de trazer apenas uma mensagem natalina, está

assinado por “Negão”, não permitindo sequer identificar se o mesmo fora realmente

escrito pelo agravado.

Ou seja, em outra situação, uma foto e um cartão poderiam configurar-se como

indícios suficientes para a imputação da condenação ao pagamento de alimentos.

Porém, no caso em tela, os mesmos se mostraram totalmente inconcludentes, não

possuindo o condão de trazer qualquer convencimento ao julgador acerca da

paternidade do nascituro.

Outro julgado interessante é o Agravo de Instrumento no 7005064670261, no qual o

Relator Rui Portanova62 dá provimento ao Agravo de Instrumento da gestante a fim

60

RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70033946393. Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz Planella Villarinho, Julgado em 20/12/2009. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 29 abr. 2013.

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de fixar os alimentos gravídicos provisórios, mesmo admitindo ser a prova frágil por

haver somente a declaração da mãe apontando a paternidade.

De modo diverso votaram Alzir Felippe Schmitz e Ricardo Moreira Lins Pastl. O

primeiro vem divergir do relator, pois, segundo ele, restou ausente a demonstração

de verossimilhança das alegações da autora, e que o artigo 6º da Lei 11.804/2008

não afasta da mesma o ônus de demonstrar os fatos alegados com um mínimo de

provas.

Ricardo Moreira, de igual forma, diverge do relator afirmando não existirem dados

para justificar a concessão dos alimentos gravídicos, e que sem um mínimo de

indícios apontando a possibilidade de o agravado ser o genitor do nascituro, inviável

obrigá-lo a prestar tais alimentos, pois devido ao fato de serem irrepetíveis, seu

deferimento seria temerário. Neste julgamento, portanto, por maioria de votos

negou-se provimento ao Agravo de Instrumento.

Vale destacar que Rui Portanova, um dos desembargadores que mais prontamente

dá provimento aos recursos pleiteando a fixação dos alimentos gravídicos, também

negou seguimento indeferindo alguns pedidos, como por exemplo, nos Agravos de

Instrumento no 7004615528963 e 7004575536064, sob a justificativa de que a

ausência de requisitos mínimos comprovando o relacionamento impediam a fixação

da verba alimentícia.

O raciocínio nesse caso é o mesmo feito nas decisões que concedem alimentos

gravídicos com poucos indícios ou provas da paternidade, no sentido de que

incumbe à parte autora demostrar os fatos alegados sob pena de indeferimento de

61

RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70050646702. Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 18/10/2012. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 29 abr. 2013.

62 No entanto, quando se pesquisa por esse número do processo no site do Tribunal de Justiça do

Rio Grande do Sul, consta como relator em sua ementa o desembargador Alzir Felipe Schmitz, sendo que somente abrindo-se o documento percebe-se que realmente Rui Portanova é o relator.

63 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70046155289.

Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 17/11/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 30 abr. 2013.

64 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70045755360.

Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 28/10/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 30 abr. 2013.

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seu pedido de alimentos, conforme regra contida no artigo 333 do Código de

Processo Civil, o qual distribui o ônus da prova. Estão, portanto, corretas as

decisões de indeferimento dos pleitos nessas hipóteses.

Todavia, além das decisões que negaram os alimentos gravídicos por inexistirem ou

serem escassos os indícios de paternidade, é possível identificar grande número de

julgados que não fixaram os alimentos pleiteados mesmo nos casos em que tais

elementos probatórios se faziam presentes, cabendo, portanto, analisar alguns deles

a seguir.

Inicialmente, cabe citar o Agravo de Instrumento no 7004527615165 do Relator

Sérgio Fernando Vasconcellos Chaves, onde a gestante traz declarações de

pessoas que conheciam o relacionamento, inclusive do médico que realizou sua

primeira ecografia, tendo sido esta acompanhada pelo recorrido.

De modo semelhante, o Agravo de Instrumento no 7004709637566, com relatoria de

Roberto Carvalho Fraga, contava com três declarações de terceiros de boa fé que

conheciam do enlace afetivo entre as partes. O julgador, porém, entendeu que não

haviam indícios suficientes conforme dispõe o artigo 6o da Lei 11.804/2008, sendo

as declarações insuficientes, necessitando-se de provas que indicassem união

estável. Ressalta-se que ambos os julgados negaram provimento ao pedido de

alimentos gravídicos.

Outro recurso instruído somente com declarações de terceiros foi o Agravo de

Instrumento no 70035412253,67 do Relator José Conrado Kurtz de Souza. Nesse

caso, a gestante agravou da decisão que indeferiu liminar de alimentos gravídicos,

65

RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70045276151. Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 30/09/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 01 maio 2013.

66 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70047096375.

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 28/03/2012. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 01 maio 2013.

67 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70035412253.

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Conrado Kurtz de Souza, Julgado em 07/07/2010. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 04 maio 2013.

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alegando que viveu em união estável com o recorrido por dois anos, trazendo

declarações de terceiros para corroborar suas afirmações.

O Relator, contudo, entendeu que o fato de as partes terem mantido relacionamento

não era suficiente para se presumir que daí tenha resultado a gravidez. Afirmou

ainda que as provas trazidas aos autos não eram suficientes para fixar os alimentos

gravídicos provisórios, pois juntada somente demonstração da gravidez e as

declarações dos terceiros informando que as partes viviam em união estável durante

a concepção e nos primeiros quatro meses de gestação.

O eminente julgador explica que a prova ora mencionada não é suficiente para

apontar a paternidade, devendo ser o relacionamento efetivamente demonstrado por

documentos, tais como correspondências em endereço comum, fotografias, contas

conjuntas, dentre outras. Negou-se, portanto, provimento ao recurso.

Embora tal entendimento esteja completamente avesso à regra enunciada pelo

artigo 6o da Lei 11.804/2008, o qual exige a comprovação de meros indícios de

paternidade, e conforme entendimento doutrinário68 que traz as declarações como

indícios perfeitamente válidos, alguns desembargadores adotam posicionamentos

ainda mais rigorosos quando se trata da concessão dos alimentos gravídicos,

deixando de validar inclusive os indícios apontados acima por José Conrado Kurtz

de Souza69 como sendo conclusivos e indispensáveis para a imputação da

paternidade.

68

“São elementos de prova documentos que evidenciem a convivência, como fotos, endereços comuns, aquisições, e-mails, pagamentos de despesas, declarações de pessoas sobre a relação de convívio ou namoro [...].” RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família: Lei nº 10.406, de 10.01.2002. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. P. 776. Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, do mesmo modo, trazem como indícios de paternidade “[...] a colheita de testemunhas ou a juntada de documentos (fotografias, filmes, cartas ou bilhetes de amor, mensagens cibernéticas etc.) [...]” FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. P. 799.

69 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70035412253.

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Conrado Kurtz de Souza, Julgado em 07/07/2010. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 04 maio 2013.

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A decisão de Roberto Carvalho Fraga é exemplo disso, quando no julgamento do

Agravo de Instrumento no 7004565352470 afirma que as fotografias juntadas pela

gestante, apesar de demonstrarem a existência de um relacionamento amoroso

entre as partes, não são indícios suficientes para ensejar a fixação dos alimentos

gravídicos.

No entanto, Liselena Schifino Robles Ribeiro destaca-se por negar provimento a

todos os recursos que pleiteavam a fixação de tais alimentos, apesar de que muitos

deles encontravam-se instruídos com indícios ou até mesmo provas robustas

apontando a paternidade.

O Agravo de Instrumento no 7005047344671, no qual a agravante juntou fotografias

e declaração de união estável; o Agravo de Instrumento no 7005387904572, instruído

com duas testemunhas que sabiam do relacionamento e mensagens públicas em

redes sociais e, por fim, o Agravo de Instrumento no 7005320389973, onde foram

juntadas declarações que comprovaram ter o casal vivido em união estável, fotos e

conta conjunta no banco, são apenas alguns exemplos dos recursos que tiveram

seu provimento negado pela relatora supramencionada, sob a justificativa de serem

insuficientes os indícios juntados, não sendo certa a paternidade.

Verifica-se que dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do

Sul paira grande disparidade de entendimentos a respeito do que são os indícios de

paternidade, conforme exigido pela Lei 11.804/2008 para a concessão dos alimentos

gravídicos.

70

RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70045653524. Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 14/12/2011. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 04 maio 2013.

71 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70050473446.

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 14/08/2012. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 04 maio 2013.

72 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70053879045.

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 01/04/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 04 maio 2013.

73 RIO GRANDE DO SUL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo de Instrumento Nº 70053203899.

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 27/02/2013. Disponível em: <http://www1.tjrs.jus.br/busca/?tb=juris>. Acesso em: 04 maio 2013.

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Por essa razão, cabe destacar o entendimento da doutrina a respeito do tema,

valendo ressaltar inicialmente a lição de Moacyr Amaral Santos, que busca

esclarecer a significação dos indícios afirmando que

O fato conhecido, como causa ou efeito de outro, está a indicar este outro. Dada a existência daquele fato, certo é que outro existiu, ou existe, provavelmente o fato desconhecido que se pretende conhecer e provar. O botão de um casaco, encontrado junto ao cofre arrombado, caiu da roupa de alguém, muito provavelmente do casaco do arrombador. O fato conhecido, no caso aquele botão, indica outro: diz-se que é indício de outro, que se pretende provar. [...] Assim, indício, sob o aspecto jurídico, consiste no fato conhecido que, por via de raciocínio, sugere o fato probando, do qual é causa ou efeito.

74

Luiz Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini, em sentido semelhante, também

conceituam indícios como "o nome que se dá ao fato que já está provado e que,

embora não sendo diretamente relevante para a causa, permite a formação de

convencimento a respeito de um fato diretamente relevante."75

Vale ressaltar que, segundo a obra Vocabulário Jurídico Conciso, indício significa

[...] o fato ou a série de fatos, pelos quais se pode chegar ao conhecimento de outros, em que se funda o esclarecimento da verdade ou do que se deseja saber. [...] Os indícios dizem-se provas indiretas, porque não vêm por si mesmos, mas como provas circunstanciais, conciliáveis ou conexas, para evidenciarem o fato que se quer demonstrar e por eles se demonstram.

76

As provas, por sua vez, são caracterizadas como

[...] a denominação, que se faz, pelos meios legais, da existência ou veracidade de um fato material ou de um ato jurídico, em virtude da qual se conclui por sua existência do fato ou do ato demonstrado. A prova consiste, pois, na demonstração de existência ou da veracidade daquilo que se alega como fundamento do direito que se defende ou se contesta. [...] E, assim sendo, juridicamente compreendida, a prova é a própria convicção acerca da existência dos fatos alegados, nos quais se fundam os próprios direitos, objetos da discussão ou do litígio.

77

Em outras palavras, enquanto as provas denotam a ideia de certeza a respeito de

um fato que se quer demonstrar, os indícios representam tão somente uma

probabilidade a respeito da existência do mesmo.

74

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. P. 537.

75 WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil: Teoria

Geral do Processo e Processo de Conhecimento. 11. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. P. 487.

76 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico Conciso. 2. ed. Rio de janeiro: Forense, 2010. P. 430.

77 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico Conciso. 2. ed. Rio de janeiro: Forense, 2010. P. 620.

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Deste modo, conforme verificado nas decisões acima, diante da falta da

apresentação de provas robustas pela genitora, os outros meios utilizados na

tentativa de comprovar a alegada paternidade ficam cercados de dúvidas, pois, ao

contrário daquelas, não são conclusivos. Por essa razão, a lei intencionalmente

permite que os alimentos gravídicos sejam concedidos mediante a existência de

meros indícios, bastando haver verossimilhança entre os fatos alegados e os

documentos ou testemunhas apresentadas pelas partes.78

Ademais, verifica-se que a presunção de boa-fé das arguições realizadas na exordial

adquire papel decisivo no momento decisório, pois conforme adverte Douglas Philips

Freitas,

Não há como esperar, considerando o atual sistema dos Alimentos Gravídicos, em um conjunto probatório de maior complexidade. Salvo as presunções de paternidade

79 que basicamente dispensam qualquer outra

prova, deve a parte autora trazer alguma prova de seu relacionamento, mas deve, também, o magistrado, entender que prova de relacionamentos afetivos, principalmente os mais efêmeros é de difícil produção, e sua não apresentação por si só não pode ser motivo de negativa da tutela.

80

Faz-se relevante frisar que, ao se deparar com provas frágeis, e tendo de escolher

entre a vida do nascituro e o possível prejuízo patrimonial do indigitado pai, deve o

julgador optar sempre pelo primeiro, pois, num estado democrático de direito, o

cuidado à vida deve prevalecer sobre demais valores. Nesse sentido, cabe citar as

palavras de Cândido Dinamarco, o qual muito bem elucida essa questão:

Assim, é dever do juiz afastar posicionamentos, muitas vezes comodistas, que facilitem formalmente o ato de julgar, mas possam torná-lo injusto. Exacerbar o ônus da prova e considerar inexistente um fato apesar da razoável probabilidade que resultou da prova constitui uma dessas atitudes

78

FREITAS, Douglas Philips. Alimentos Gravídicos: comentários à Lei 11.804/2008. 3. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. P. 77.

79 Art. 1.597 do Código Civil. “Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I –

nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II – nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidades e anulação do casamento. [...]”BRASIL. CASA CIVIL. Presidência da República. Código Civil de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/2002/L104 06.htm>. Acesso em: 03 set. 2012.

80 FREITAS, Douglas Philips. Alimentos Gravídicos: comentários à Lei 11.804/2008. 3. Ed. Rio de

Janeiro: Forense, 2011. P. 77-78.

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distorcidas e apoiadas no falso pressuposto de que o processo busca a verdade objetiva e o estado subjetivo de certeza absoluta.

81

Considerações finais

Inicialmente, se faz necessário asseverar que com o presente estudo foi possível

identificar decisões sobre os alimentos gravídicos expressivamente distintas desde

os órgãos de primeira instância, já que dentre o total de 125 julgados analisados

acerca do tema, cerca de 60 foram recursos interpostos por gestantes que tiveram

seu pedido de alimentos gravídicos negados em primeiro grau, seja liminarmente ou

já por meio de sentença.

Todavia, somente cerca de 33 recursos foram interpostos por supostos genitores

que, condenados em primeira instância, recorreram pleiteando a redução ou a

extinção da condenação ao pagamento dos alimentos.

Esses dados de primeiro grau somados à análise do conteúdo dos recursos sobre a

matéria em debate constantes no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul

conduzem à verificação de que a Lei dos Alimentos Gravídicos não está alcançando

sua plena efetividade, pois muitos julgadores estão realizando uma interpretação do

referido diploma legal carregada de rigorismos, dificultando, portanto, sua aplicação

ao caso concreto.

No entanto, é necessário compreender que a Ação de Alimentos Gravídicos, em

regra deixará o julgador com alguma dúvida acerca da veracidade das alegações da

parturiente. Porém, é natural que seja desta forma, tendo em vista tratar-se de

instituto diferenciado que visa conferir especial proteção à gestante e ao nascituro e

que, como explanado no presente estudo, não é plausível exigir-se da mulher

grávida provas inequívocas acerca da paternidade, tendo em vista que o único

instrumento probatório capaz de produzir maior grau de certeza acerca da

81

DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. P. 363.

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paternidade, qual seja, o exame de DNA, é desaconselhável neste período por

trazer grande comprometimento à gestação.

Por essa razão, deve o julgador imbuir-se do espírito protetivo trazido pela lei, e

conscientizar-se que para a concessão de tal pleito bastam indícios de paternidade,

constatando que os mesmos se caracterizam por fotos, e-mails, declarações de

terceiros que tomaram conhecimento da relação amorosa, bilhetes, cartas, e não

necessariamente demonstração de união estável ou demais provas robustas como

exigido por alguns julgadores.

Para que a lei atinja sua plena efetividade, se faz necessário que os

desembargadores compreendam que o julgamento de uma Ação de Alimentos

Gravídicos capaz de lhes proporcionar um elevado grau de certeza acerca da

paternidade será algo incomum, exatamente por ser uma exceção à regra, tendo em

vista a dificuldade enfrentada pela gestante no tocante à comprovação da

paternidade no nascituro, sobretudo em se tratando de relacionamentos efêmeros,

corroborada pelo disposto pelo art. 6º da Lei 11.804/2008, que intencionalmente veio

exigir tão somente a produção de indícios de paternidade, que sabidamente são

inconclusivos conforme demonstrado no presente estudo.

A partir das análises realizadas nesse trabalho, permitiu-se verificar grande

disparidade entre as decisões provenientes do Tribunal de Justiça do Rio Grande do

Sul que julgaram causas concernentes aos alimentos gravídicos.

Enquanto alguns desembargadores concedem tal pleito com a presença de indícios

extremamente frágeis ou até mesmo inexistentes, e em alguns casos somente

levando-se em consideração as alegações da gestante, ferindo, portanto, importante

regra processual referente ao ônus probatório, outros julgadores fazem uma

interpretação demasiadamente rigorosa da Lei 11.804/2008.

Nesses casos, os desembargadores erroneamente deixam de observar o texto legal,

ignorando regra especial trazida pela Lei dos Alimentos Gravídicos, que exige tão

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somente a comprovação dos indícios de paternidade, tornando suas decisões

verdadeiros óbices à implementação de direitos fundamentais.

Cabe destacar que, ao se criar uma norma jurídica, espera-se que ela possua a

força necessária para atuar e modificar o mundo dos fatos, gerando os resultados

almejados, a fim de que se possa atingir sua satisfatória efetividade na medida em

que atende os fins sociais para a qual se destina, pois o verdadeiro direito é aquele

que "não é apenas declarado, mas reconhecido, é vivido pela sociedade, como algo

que se incorpora e se integra na sua maneira de conduzir-se. A regra de direito

deve, por conseguinte, ser formalmente válida e socialmente eficaz.” 82

Diante do exposto, se faz necessário frisar que uma mudança na compreensão de

tais julgadores, ao atentarem para os aspectos até então esposados, além de trazer

maior efetividade à Lei dos Alimentos Gravídicos, acarretará, consequentemente,

numa maior valorização do direito à vida e da dignidade da pessoa humana, bens

estes assegurados pelos artigos 1º e 5º da Constituição Federal, merecendo,

portanto, peculiar proteção do Estado.

No caso em tela, tais direitos são implementados nas situações em que, restando o

julgador com alguma dúvida no momento decisório, opte pelo deferimento dos

alimentos em detrimento de um possível prejuízo patrimonial em face do suposto

genitor, que ademais, será provisório. Efetiva-se, desse modo, o direito das

gestantes a uma gravidez segura e saudável, e, por conseguinte, proporciona-se ao

nascituro um nascimento sadio e, sobretudo, com vida, bem este que deve sempre

prevalecer sobre os demais em um Estado Democrático de Direito.

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