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ELIANE ALCÂNTARA DE OLIVEIRA A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das pesquisas produzidas na PUC/SP MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PUC - São Paulo 2003

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ELIANE ALCÂNTARA DE OLIVEIRA

A Educação Matemática & Ensino Médio:

Um Panorama das pesquisas produzidas na PUC/SP

MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

PUC - São Paulo

2003

Page 2: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

ELIANE ALCÂNTARA DE OLIVEIRA

A Educação Matemática & Ensino Médio:

Um Panorama das pesquisas produzidas na PUC/SP

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como

exigência parcial para obtenção do título de MESTRE

EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, sob a orientação da

Profa. Doutora Sílvia Dias Alcântara Machado

PUC - São Paulo

2003

Page 3: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

Banca Examinadora

________________________________________

________________________________________

________________________________________

Page 4: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou

parcial desta Dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura: _______________________________________ Local e Data: ______________

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Meus especiais agradecimentos à Professora Doutora Sílvia Dias

Alcântara Machado que, com muita competência, paciência e amizade orientou-me

na realização deste trabalho.

Às Professoras Doutoras Maria Cristina Maranhão e Maria Ignez Diniz,

cujas sugestões foram essenciais para melhorar este trabalho.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Educação

Matemática da PUC/SP pela contribuição para a minha formação.

Aos colegas de Mestrado, Cecília, Luciane e Benedito Junho, um

carinhoso agradecimento pela amizade e companheirismo.

Finalmente, o eterno agradecimento ao meu marido Agnaldo, meus

queridos filhos Marcos e Márcio e a minha irmã Beatriz, pelo apoio constante,

compreensão e incentivo.

AGRADECIMENTOS

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é descrever, analisar e categorizar, segundo

objetivo e metodologia de pesquisa, as dissertações em Educação Matemática no

Ensino Médio, produzidas no Programa de Pós-Graduação em Educação

Matemática, da PUC/SP, no período de 1994 a 2000; baseando-se, para isso, na

leitura integral, fichamento e análise de cada documento. A análise consistiu em

localizar, em cada dissertação, evidências da execução das atividades

características de pesquisa. Os resultados obtidos levam à conclusão de que a maior

parte, sete, destas pesquisas tiveram como objetivo favorecer a construção do

conceito de função, pelo aluno do ensino médio, utilizando para isso a realização de

seqüências didáticas. A metodologia de pesquisa privilegiada por sete autores foi a

Engenharia Didática, e por outros três foi a análise comparativa que mostraram-se

eficazes para o desenvolvimento das pesquisas.

Palavras chave: estado da arte, ensino médio, Educação Matemática.

RESUMO

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The aim of this dissertation is to describe, analyse and categorize,

according to the objective and research methodology, the dissertations on the

Mathematics Education of the Secondary Level, produced at the PUC/SP

Mathematics Education Postgraduation Program, from 1994 to 2000, based on, for

that, the whole reading, filing and analysis of each document. The analysis consisted

of finding out at each dissertation, evidences of the execution of research typical

activities. The obtained results point out to the conclusion that most of those

researchs, seven, aimed to benefit the construction of the function concept by the

secondary level students, using for that the fulfillment of didatic sequences. The

research methodology privileged by seven authors was the Didatic Engeneering and

by the others three was the comparative analysis that showed to be efficient for the

researchs development.

Key words: state of art, secondary school, Mathematics Education.

ABSTRACT

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INTRODUÇÃO ... .... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 10

CAPÍTULO I: PROBLEMÁTICA, REFERÊNCIAS TEÓRICAS E

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

PROBLEMÁTICA E OBJETIVO......... .. ............ ........ ........ ............ ... 12

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............ ........ ...... ............ ....15

CARACTERIZAÇÃO DO PROGRAMA............. ........ ........ ............ ... 19

QUADRO TEÓRICO........... ........ ...... ............ ........ ........ ............ .... 25

CAPÍTULO II: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS DISSERTAÇÕES

INTRODUÇÃO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 42

INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE PROBABILIDADE POR UMA VISÃO

FREQÜENTISTA.... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ ..47

FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 47

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 51

SOBRE AS CONCEPÇÕES DE FUNÇÃO DOS ALUNOS AO TÉRMINO

DO 2˚ GRAU..... .... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 57

FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 57

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 59

FUNÇÕES SENO E COSSENO: UMA SEQÜÊNCIA DE ENSINO A

PARTIR DOS CONTEXTOS DO “MUNDO EXPERIMENTAL” E DO

COMPUTADOR...... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 66

FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 66

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 71

NÚMEROS COMPLEXOS: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA PARA A

AQUISIÇÃO DO CONCEITO.... ......... . ............ ........ ........ ............ ... 77

FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 77

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 82

LOGARITMOS: PROPOSTA DE UMA SEQÜÊNCIA DE ENSINO

UTILIZANDO A CALCULADORA......... ............ ........ ........ ............ .. 87

ÍNDICE

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FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 87

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 92

RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DE TERCEIRO GRAU ATRAVÉS DE

CÔNICAS.... ........ .. ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 97

FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 97

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 102

RESOLUÇÃO DE SISTEMAS LINEARES PARAMETRIZADOS E SEU

SIGNIFICADO PARA O ALUNO....... .... ............ ........ ........ ............ . 107

FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 107

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 111

O ESTUDO DA RETA A PARTIR DAS GRANDEZAS DIRETAMENTE

PROPORCIONAIS: UMA PROPOSTA ALTERNATIVA DE ENSINO... 115

FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 115

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 119

O ENSINO DA MATEMÁTICA E DA FÍSICA NUMA PERSPECTIVA

INTEGRACIONISTA............ ........ ...... ............ ........ ........ ............ ... 124

FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 124

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 128

CONSTRUINDO OS CONCEITOS BÁSICOS DA TRIGONOMETRIA NO

TRIÂNGULO RETÂNGULO: UMA PROPOSTA A PARTIR DA

MANIPULAÇÃO DE MODELOS....... .... ............ ........ ........ ............ .. 133

FICHAMENTO....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 133

ANÁLISE...... ........ . ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 138

CAPÍTULOIII: CONCLUSÃO .. ........ ..... ............ ........ ........ ............ .. 142

BIBLIOGRAFIA.. ... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ .. 152

ANEXOS: MODELOS DAS FICHAS

MODELO-1... ......... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 156

MODELO-2... ......... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 157

MODELO-3... ......... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 158

MODELO-4... ......... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............ . 159

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INTRODUÇÃO No período de 1994 a 2000 a produção de dissertações do Programa

de Estudos Pós Graduados em Educação Matemática da PUC/SP teve aumento

considerável. Este aumento suscitou o interesse do colegiado em analisar esta

produção. Dado o volume de obras, a tarefa foi dividida entre três mestrandos,

orientados por Sílvia Machado, transformando-se, portanto, em tema de três

dissertações, entre as quais essa pesquisa se inclui.

Decidi elaborar o panorama visado, por meio de descrição, análise e

categorização das obras, segundo seus objetivos e metodologias de pesquisa.

Assim, esta investigação teve por objetivo fazer um panorama das dissertações em

Educação Matemática no Ensino Médio, produzidas no Programa de Pós-Graduação

em Educação Matemática, da PUC/SP, no período de 1994 a 2000.

No capítulo I, encontra-se a problemática que contextualiza o objetivo

especificado, os procedimentos metodológicos adotados, a caracterização do

programa com um histórico desde a sua criação em 1975 até 2000 e as referências

teóricas que deram suporte à pesquisa.

O capítulo II, contém os fichamentos e as análises de cada dissertação.

O capítulo III traz as conclusões da pesquisa, que englobam a

caracterização e categorização das obras analisadas. Os resultados obtidos denotam

um conjunto de obras que refletem uma preocupação com a prática de sala de aula.

Em sua maioria as pesquisas contêm seqüências didáticas elaboradas para

favorecer a construção de conceitos matemáticos. Entre as metodologias adotadas a

Engenharia Didática foi a mais utilizada pelos autores para atingirem seus objetivos.

INTRODUÇÃO

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CAPÍTULO I: PROBLEMÁTICA, REFERÊNCIAS TEÓRICAS E

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

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PROBLEMÁTICA E OBJETIVO

Nas duas últimas décadas observa-se no Brasil, uma expansão da

pesquisa em Educação, como escreve Marli André (2001).

“Nos últimos 20 anos, ao mesmo tempo em que se observa um

crescimento muito grande no número de pesquisas da área de educação no Brasil,

oriundo principalmente da expansão da pós-graduação, observam-se também muitas

mudanças, seja nas temáticas e problemas, seja nos referenciais teóricos, seja nas

abordagens metodológicas e nos contextos de produção dos trabalhos

científicos.”.(ANDRÉ, p.53)

Alguns fatores como: motivações pessoais, necessidades sociais,

econômicas e culturais, as necessidades dos políticos e administradores,

contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de

financiamentos, criação de cursos de pós-graduação nas universidades, organização

de congressos internacionais, etc..

Paralelamente a esses fatores há o interesse em rever e analisar

criticamente o que vem sendo produzido nessa área, permitindo assim a busca de

resultados cada vez mais confiáveis, detectando tendências dos pesquisadores,

identificando os temas que têm sido privilegiados pelas pesquisas, em resumo,

contribuindo para o aprimoramento e a construção de uma identidade da pesquisa

educacional.

A pesquisa em Educação Matemática, que compreende desde

pesquisa fundamental teórica e empírica até pesquisa aplicada ao desenvolvimento

da prática, embora tenha suas próprias questões de investigação e venha se

desenvolvendo com certa autonomia, apresentando teorias sobre o ensino e

PROBLEMÁTICA E OBJETIVO

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aprendizagem da matemática, pertence a esse campo mais abrangente que é a

pesquisa em educação, dessa forma, beneficia-se dessa expansão.

A exemplo do que acontece com as pesquisas em educação, pode-se

falar atualmente, da existência de uma comunidade internacional de pesquisadores

em Educação Matemática. Essa comunidade se encarrega de manter o diálogo com

outras áreas da pesquisa em educação, buscar a identidade da pesquisa em

Educação Matemática e criticar os estudos de pesquisas, visando o aprimoramento

deste campo de estudos.

No Brasil, vários pesquisadores têm trabalhos publicados sobre o

"Estado da Arte" das pesquisas em Educação. Essas pesquisas procuram

categorizar, identificar tendências, metodologias ou analisar o que mudou em um

determinado período. Em Educação Matemática destaco os trabalhos de Dario

Fiorentini, como o de 1989, em que expõe as tendências temáticas e metodológicas

da pesquisa em Educação Matemática no Brasil até 1989. Esse tipo de pesquisa,

estado da arte, também foi feito por dois colegas da PUC/SP, em suas dissertações

de mestrado defendidas em 2000; Marcos Roberto Celestino investigou as pesquisas

sobre ensino e aprendizagem da Álgebra Linear e Marco Antônio di Pinto sobre o

ensino e aprendizagem da Geometria Analítica.

Na PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) observa-se

uma expansão considerável na quantidade de pesquisas produzidas no programa de

Pós-Graduação em Educação Matemática. De duas pesquisas produzidas em 1994

para treze em 2000, totalizando trinta e sete pesquisas produzidas neste período.

Em virtude deste aumento da produção discente do Programa, o

colegiado solicitou a professora Silvia Machado uma pesquisa do tipo estado da arte

das dissertações produzidas até 2000 inclusive. Tal pesquisa teria o objetivo de

subsidiar correções, encaminhamentos, políticas, decisões necessárias ao

aprimoramento da produção discente. A professora Silvia Machado formou, então,

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um grupo composto de quatro alunos de mestrado para, sob sua orientação, realizar

tal estudo.

Em um primeiro momento o assunto interessou-me pela possibilidade

que vislumbrei de aprofundar-me na análise de várias pesquisas, aprender como

fazê-las e por outro lado de aprimorar minha prática docente.

Por trabalhar há muitos anos no ensino médio, escolhi estudar as

dissertações que tratassem dos conteúdos matemáticos desenvolvidos neste

segmento do ensino.

Ao iniciar minha participação no grupo constatei que havia uma questão

anterior à análise da produção discente, que era a de como se realiza uma pesquisa

do tipo "estado da arte", que pontos privilegiar, como categorizar, etc.

Verifiquei que são vários, os focos principais de investigação das

dissertações que poderia adotar. Por exemplo, caracterizar as dissertações pelo

referencial teórico utilizado ou pelas tendências temáticas, etc.

Após análise de obras relativas a "Estado da Arte" de diferentes

pesquisadores, que estudaram objetivos e metodologias de pesquisas em Educação

Matemática, optei por este recorte para traçar o presente panorama.

Por essas razões elegi como objetivo de minha pesquisa: descrever,

analisar e categorizar, segundo seus objetivos e metodologia de pesquisa, as

dissertações em Educação Matemática no Ensino Médio, produzidas no Programa

de Pós-Graduação em Educação Matemática, da PUC/SP, no período de 1994 a

2000.

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Como explicado no item da Problemática, formamos um grupo com a

intenção de analisar as dissertações do Programa de Pós Graduação em Educação

Matemática a fim de relevar as tendências, tipos de pesquisa privilegiados pelos

autores.

Primeiramente, buscamos uma listagem de todas as pesquisas

produzidas na década de 90, incluindo o ano de 2000, para dividir entre nós o

trabalho a ser feito. A listagem obtida continha trinta e sete obras, sendo que as

primeiras dissertações foram defendidas em 1994.

Adotamos como critério para a divisão dos trabalhos entre os

componentes do grupo, a pertinência do conteúdo matemático da dissertação aos

segmentos do ensino: fundamental, médio e superior.

As dissertações sobre o ensino fundamental foram divididas em dois

lotes: as defendidas no período de 1994 a 1997 (oito dissertações) e as que foram

defendidas no período de 1998 a 2000 (sete dissertações). Sobre o ensino médio

foram encontradas dez dissertações e para o ensino superior dez. Optei por analisar

as dissertações relativas ao ensino médio.

Fixamos como procedimentos comuns ao grupo: estudar algumas

pesquisas do campo da Educação e Educação Matemática sobre "estado da arte".

Após análise de cada uma dessas pesquisas, as discutíamos em grupo. Essas

obras constam da bibliografia deste trabalho e algumas, por serem de maior

interesse, para o recorte deste trabalho, constam do quadro teórico da mesma.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

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Ao mesmo tempo em que analisávamos pesquisas sobre estado da

arte, iniciamos, cada um, a ler e fichar as dissertações . No início adotamos a guia de

fichamento (anexo 1), fornecido pela orientadora, a qual, para o fichamento das

dissertações, sofreu modificações e adequações elaboradas pelo grupo (modelo 2).

As modificações, consistiram em suprimir os itens i) e ii) da ficha

anterior, mais apropriados ao fichamento de artigos e, acrescentamos aos itens

existentes, um resumo descritivo de toda a dissertação.

Para evitar confusão ao leitor, sobre o que o autor da dissertação

escreveu e o que se constitui em interpretações do analista, criamos um novo

modelo de ficha (modelo 3), anexo. Neste último modelo constam, somente,

transcrições fiéis de trechos das dissertações.

Além das pesquisas sobre estado da arte discutidas em grupo, senti

necessidade de aprofundar-me em algumas questões específicas sobre

metodologias. Estudei os livros A Arte da Pesquisa de W. C. Booth, G. G. Colomb e

J. M. Williams , e A Construção do Saber de Christian Laville e Jean Dionne. Analisei

também outra obra de Kilpatrick escrita em 1992. Estas leituras constam da

bibliografia.

Até o momento do exame de qualificação, a análise de uma

dissertação, que consta do volume encaminhado à banca, foi feita à luz dessas

leituras, procurando focar principalmente os objetivos e metodologias, para

posteriormente fazer uma categorização das pesquisas que compõem este conjunto

de obras de Educação Matemática no ensino médio.

Após o exame de qualificação, as sugestões feitas pela banca, dentre

outras contribuições, levaram-me a buscar mais referências teórico-metodológicas.

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Por sugestão da doutora Maria Ignez DINIZ, li o texto de A. I. Pérez

Gómez, “Compreender o ensino na escola: modelos metodológicos de investigação

educativa”. Esta leitura contribuiu para ampliar meus conhecimentos sobre métodos

de investigação. No texto, o autor apresenta, entre outras idéias, as características

de uma investigação desenvolvida dentro de um enfoque positivista e no enfoque

interpretativo.

Sobre minha escolha de KILPATRICK como único apoio teórico para a

análise da dissertação apresentada na qualificação, a doutora Maria Cristina

MARANHÃO reforçou a necessidade de encontrar autores que facilitassem uma

análise objetiva sem incorrer em possíveis julgamentos das obras.

Por sugestão de Paulo Figueiredo, componente da banca da

dissertação do colega Benedito Junho, todos os três mestrandos do grupo panorama

estudaram o artigo escrito por Thomas A. ROMBERG, Perspectives on

Scholarshship and Research Methods. As idéias expostas pelo pesquisador

mostraram-se adequadas ao desenvolvimento de nossa investigação. Alguns trechos

do referido artigo constam do quadro teórico deste trabalho.

Decidimos utilizar, principalmente, as atividades características de

pesquisa, listadas por ROMBERG, para guiar nossas análises. Esta decisão levou-

nos a necessidade de alterar o modelo de fichamento, acrescentando ao item

Conclusões, do modelo 3, as sugestões do pesquisador. Assim surgiu o modelo 4 de

fichamento, anexo.

Por sugestões de Janete Frant e Méricles Moretti o grupo decidiu fazer

um estudo histórico do Programa, na década de 90, evidenciando o perfil desejado

para seus alunos.

Assim, incorporando novos elementos, após a leitura de ROMBERG,

obtive as ferramentas necessárias ao processo de análise das dissertações.

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De posse dessas análises passei a organização dos trabalhos por:

ano de defesa, orientador, temas, referências teóricas, objetivo do estudo,

procedimentos metodológicos de pesquisa, procedimentos específicos de coleta

de dados, interpretação dos dados obtidos, sugestões de pesquisa e de ensino.

A partir desta organização foi possível fazer uma análise quanti-

qualitativa dos resultados, cuja interpretação encontra-se no capítulo III da

conclusão.

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Em 1975, a PUC/SP deu início ao seu Programa de Estudos Pós-

graduados em Matemática, sob a coordenação do professor Dr. Fernando

Furquim de Almeida. A partir da década de 80, alguns professores do

Departamento de Matemática passaram a desenvolver pesquisas em Educação

Matemática, vindo a participar, em 1987, do I ENEM (Encontro Nacional de

Educação Matemática) organizado e sediado pela própria PUC/SP. Neste mesmo

ano, surgiu a SBEM (Sociedade Brasileira de Educação Matemática).

Em 1989, foi criada a área de concentração em Ensino de

Matemática no mesmo Programa, que se estendeu até 1993.

Na descrição da proposta do curso constantes dos relatórios CAPES

dessa época consta que o curso visava “uma sólida formação dos alunos nos

assuntos básicos de matemática”. Nessa época, o aluno cursava quatro matérias

de Matemática: Álgebra Linear, Álgebra, Analise do Rn e Espaços Projetivos, após

o que ele fazia três disciplinas da área de concentração escolhida. Na área de

Educação Matemática as três disciplinas versavam sobre Didática da Matemática

principalmente a de origem francesa.

Haviam somente três professores que atuavam na área de

Educação Matemática desde 1990, eram eles os doutores: Benedito Castrucci,

Tânia Campos e Silvia Machado. O pouco número de professores era suprido por

curso ministrado por pesquisadores renomados tanto do Brasil, como Claudia

Davis, Joel Martins, Ubiratan D’Ambrosio, quanto do exterior como Regine

Douady, Michèle Artigue, Jean Luc Dorier, Terezinha Nunes, Nicolas Balacheff,

Rosemund Sutherland, etc.

A área de Ensino da Matemática contava somente com uma linha de

pesquisa de mesmo nome: Linha do Ensino de Matemática. Nessa linha foram

CARACTERIZAÇÃO DO PROGRAMA

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desenvolvidos três projetos de pesquisa, a saber: “Sobre o ensino/aprendizagem

da Álgebra Linear” de Silvia Machado e Tânia Campos, “O papel da pesquisa na

formação do professor” de Tânia Campos em colaboração com Beatriz

D’Ambrosio de Universidade Americana e “Construção de uma seqüência didática

para geometria da sétima e oitava séries” de Benedito Castrucci e Silvia Machado.

Após algum tempo, a área de Ensino de Matemática conquistou

mais dois professores do Programa, Sonia Igliori e Benedito Antonio da Silva.

A partir de 1994, a área de concentração tornou-se hegemônica e o

Programa passou a se denominar Programa de Estudos Pós Graduados em

Ensino de Matemática, o qual, por sua vez, recebeu nova denominação, em

1998, quando passou a se chamar Programa de Estudos Pós Graduados em

Educação Matemática, nome que preserva até hoje.

Em 1994, além dos doutores: Benedito Castrucci, Benedito Silva,

Silvia Machado, Sonia Igliori e Tânia Campos, o programa passou a contar com a

participação dos doutores em Educação Matemática, Saddo Ag Almouloud e

Sandra Magina. Nesse ano, Marie Jeanne Perrin deu um curso, como professora

visitante.

O relatório CAPES de 1994, estampava a seguinte proposta de

curso: preparar professores pesquisadores que equilibrem uma sólida formação

em assuntos básicos de matemática com conhecimentos de ciências humanas e

sociais que se integrem na massa crítica da área contribuindo para as

modificações necessárias para as melhorias do ensino e aprendizagem de

matemática.

Para atingir o perfil declarado o curso exigia que o aluno cursasse

quatro matérias de matemática (AL, Álgebra, Análise e Geometria)e três matérias

didáticas (Seminários A,B,C).

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Percebe-se que embora o perfil do mestrando tenha sofrido

alteração, a formação permaneceu a mesma do antigo aluno da área de Ensino da

Matemática.

Assim, embora não tenha havido aparentemente uma transformação

estrutural, essa se refletiu pela incorporação de doutores em Educação

Matemática, um da linha francesa, Saddo Ag Almouloud, e outro vindo da área de

Psicologia e formação no Instituto de Educação de Londres. Os mesmos

passaram a ministrar, o primeiro, curso de Didática da Matemática e o segundo

Teorias da Aprendizagem. Tais professores se incorporaram em projetos de

pesquisa existentes e criaram outros.

Foram criadas duas linhas de pesquisa: Ensino/aprendizagem de

Matemática e, Informática na Educação Matemática. Os projetos: “Sobre o

ensino/aprendizagem da Álgebra Linear” de Silvia Machado e Tânia Campos, “O

papel da pesquisa na formação do professor” de Tânia Campos em colaboração

com Beatriz D’Ambrosio de Universidade Americana migraram para a primeira

linha, e “Construção de uma seqüência didática para geometria da sétima e

oitava séries” de Benedito Castrucci e Silvia Machado foi para a segunda linha e

que passou a contar também com os seguintes projetos: “Manipulação de dados “

de Sandra Magina, “Modelização do aluno dentro do meio informático” de Saddo

Ag Almouloud e “Criação de grade de análise de softwares educativos” de Silvia

Machado, Saddo Ag Almouloud, em colaboração com Gilda Campos da COPPE

do Rio de Janeiro.

De 1994 a 1997 o Programa continuou com a mesma proposta,

sofrendo modificações somente em seu colegiado e linhas de pesquisa.

Em 1995 o Programa além dos cursos curriculares , contou com dois

cursos ministrados por professores visitantes: Evelyne Barbin sobre Historia e

Epistemologia da Geometria e Marc Rogalski sobre “Ensino e aprendizagem de

Geometria Analítica”. Além disso, Saddo Ag Almouloud substituiu Silvia Machado

no projeto, “Construção de uma seqüência didática para geometria da sétima e

oitava séries”.

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Em 1996 o Programa incorporou em seu colegiado as doutoras em

Educação Matemática: M. Célia Carolino e Anna Franchi. O projeto “Espaço e

forma - a construção de noções geométricas pelas crianças das quatro séries

iniciais do Ensino Fundamental” coordenado por Tânia Campos veio enriquecer a

linha de pesquisa Ensino/aprendizagem de Matemática, que ficou com três

projetos e o projeto “Computadores e Educação Matemática” de Tânia Campos e

Sandra Magina, ficou alocado na linha Informática na educação matemática, que

ficou com quatro projetos.

Em 1997, o Programa passou a contar com a colaboração de M.

Cristina S. de Albuquerque Maranhão, doutora em Psicologia da Educação, e a

grande mudança foi na organização das linhas de pesquisa, que passou a se

chamar: A Matemática na Estrutura Curricular e Formação de Professores que

denominou-se linha 1, Epistemologia e Didática da Matemática, linha 2 e

Tecnologias da Informação e Educação Matemática, linha 3. Com essa nova

organização das linhas, preservou-se apenas dois projetos dos sete anteriores.

Na linha 1, havia 7 projetos: 1- “Espaço e forma” de Tânia Campos, 2- “Educação

continuada de professores de matemática” de Tânia Campos e M.Célia Carolino,

3- “Estudo do desenvolvimento das estruturas aditivas e multiplicativas” de Anna

Franchi, 4- “Estudo do pensamento geométrico nas series iniciais” de Saddo Ag

Almouloud, 5- “Formação de professores e Didática da Matemática” de Tânia

Campos e Sandra Magina, 6- ”Operações” de Célia Carolino, Sandra Magina e

Tânia Campos, 7- “Ensinar é construir”, Tânia Campos e Sandra Magina. Na linha

2, o único projeto destinado era “Ensino e aprendizagem de Geometria Analítica e

Álgebra Linear”, enquanto na linha 3 havia quatro projetos, quais sejam: 1-

“Computadores e Educação Matemática” de Tânia Campos e Sandra Magina, 2-

“Ensino de análise” de Benedito Silva e Sonia Igliori, 3- Interpretação de gráficos e

diagramas” de Sandra Magina e 4- “Uso do Cabri na resolução de equações” de

Saddo Ag Almouloud.

Em 1998, preservou-se da proposta do curso, o perfil do mestrando

embora tenham havido mudanças na grade curricular. Os alunos deveriam cursar

as sete matérias seguintes: Didática I e II, Fundamentos da Didática da

Matemática, Metodologia de Pesquisa, Teorias da Aprendizagem, Atividade

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programada, e uma eletiva. Assim, verificou-se uma grande mudança na

formação pois as quatro matérias de matemática propriamente ditas foram

substituídas por matérias de Educação. O professor Benedito Castrucci encerrou

suas atividades no programa que permaneceu com apenas, nove dos dez

professores e a professora Circe Mary Dynnikov ministrou um curso de História da

Geometria Analítica. As linhas de pesquisa permaneceram as mesmas do ano

anterior, dos sete projetos da linha1, cinco concluíram, restando somente: 1-

“Espaço e forma” de Tânia Campos, e 2- “Estudo do pensamento geométrico nas

séries iniciais” de Saddo Ag Almouloud. A linha 2 permaneceu inalterada e dos

quatro projetos da linha 3 dois foram concluídos restando apenas: 1-

“Computadores e Educação Matemática” de Tânia Campos e Sandra Magina, 3 -

Interpretação de gráficos e diagramas” de Sandra Magina.

Em 1999 a grade curricular foi mantida porém, o relatório CAPES

passou a informar que o curso pretendia formar “profissionais capacitados para o

ensino da matemática nos diversos graus de ensino, bem como pesquisadores na

área de Educação Matemática. Entende-se que cabe a esse pesquisador

desvendar os diversos fenômenos que interferem no ensino/aprendizagem da

matemática criando um conjunto de conhecimentos que possam subsidiar o

professor em sua prática de sala de aula”, que se mantém até os dias de hoje.

O exposto permite afirmar que, não se pretendia mais dar uma

“sólida formação em matemática”, mas sim formar professor e pesquisador em

Educação Matemática.

Nesse ano, aconteceram algumas alterações nas linhas de

pesquisa, quais sejam: na linha 1 um projeto foi concluído e dois novos foram

agregados: 1- “Espaço e forma” de Tânia Campos, 2- “Pro-ciências” de Tânia

Campos, 3- “Estudo dos fenômenos do ensino da geometria” de Saddo Ag

Almouloud e Tânia Campos. A linha 2 ficou com dois projetos: 1- Ensino e

aprendizagem de Geometria Analítica e Álgebra Linear” de Silvia Machado e 2-

Análise comparativa de conceitos de Douady e Duval” de Sonia Igliori, Benedito

Silva, Silvia Machado e M. Cristina Maranhão. A linha 3 ficou com:1- “Ensino da

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Análise” de Sonia Igliori, 2- Interpretação de gráficos e diagramas” de Sandra

Magina e 3- “O uso da calculadora TI-92 no Ensino de Cálculo”.

No ano 2000, o Programa passou a contar com a colaboração dos

professores Wagner Valente, doutor em Filosofia da Educação e Ana Paula Jahn,

doutora em Educação Matemática. Nesse ano, o Programa também ofereceu um

curso sobre a “Teoria dos Registros de Representação Semiótica”, ministrado

pelo próprio autor, Raymond Duval.

Durante todo o período relatado neste resumo histórico, os alunos

tinham 4 anos para completar seu mestrado. Assim, eles tiveram oportunidade de

freqüentar diversos cursos com professores visitantes de outras universidades,

bem como conferências proferidas por estudiosos e teóricos de diferentes

nacionalidades, focando temas diversos. Fato esse que certamente influiu na

formação desses alunos.

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Tendo em vista a elaboração deste panorama, fui buscar em livros e

artigos, os conhecimentos necessários à compreensão do que é considerado

pesquisa, pesquisa em Educação Matemática, objetivos e procedimentos

metodológicos de pesquisa. Dentre as leituras feitas selecionei aquelas que me

deram elementos para esclarecer conceitos e embasar, a interpretação dos dados

obtidos, as análises e a categorização das dissertações.

De Jeremy KILPATRICK destaco dois artigos, sendo: um de 1981,

Research on Mathematical learning and thinking in the United States e o

outro de 1992, A history of research in Mathematics Education. Desses dois

artigos selecionei trechos cujo o autor caracteriza a pesquisa educacional e a

pesquisa em Educação Matemática.

Em relação ao termo pesquisa em Educação Matemática, selecionei

um trecho do artigo Aspects of the nature and research in Mathematics

Education de Mogens NISS (1999), em que ele relaciona pesquisa em

Educação Matemática e Didática da Matemática.

Como o foco de minha investigação está voltado para os objetivos e

as metodologias das dissertações, fui buscar informações no artigo de Thomas A.

ROMBERG, Perspectives on Scholarshship and Research Methods,

publicado em 1992 e traduzido por Silvia MACHADO e Benedito JUNHO.

ROMBERG, em seu artigo, identificou, no período de 1965 a 1990,

as amplas tendências da pesquisa educacional, relacionadas com o processo

ensino/aprendizagem da Matemática e determinou como essas tendências

influenciaram o estudo da Matemática na escola.

O “Mapeamento e Balanço dos trabalhos do GT-19 (EDUCAÇÃO

MATEMÁTICA) no período de 1998 a 2001”, um trabalho feito por Dario

FIORENTINI com o objetivo de: “descrever, analisar e discutir problemas e

QUADRO TEÓRICO

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tendências temáticas e teórico-metodológicas relativos aos trabalhos

selecionados pelo GT de Educação Matemática”, no período citado, serviu para a

situar as dissertações no cenário das pesquisas em Educação Matemática

apresentadas na ANPED.

A seguir transcrevo e comento partes dessas obras, com a

indicação, entre parênteses, das páginas dos documentos originais em que foram

extraídos e traduzidos os trechos citados.

No artigo publicado em 1981, KILPATRICK, apresenta um panorama

de como evoluíram as pesquisas em Educação Matemática nos Estados Unidos

até 1981 e classifica essas pesquisas quanto a duas dimensões: a primeira ele

chamou dimensão do rigor e a segunda, a dimensão da significância.

Não descreverei em que consiste a "segunda dimensão" por não

estar relacionada diretamente com o foco de investigação deste trabalho. Mas a

primeira dimensão interessa para as análises das dissertações, porque o autor

descreve os padrões que, segundo ele, devem ser encontrados em uma

pesquisa.

"Um estudo deve ser planejado para acompanhar algum propósito

bem definido, usando técnicas que outros possam seguir e permitir a validação

cruzada destes achados. O resumo de um rigoroso estudo deve conter uma clara

indicação das suposições feitas, tanto no início quanto no final do estudo. O

pesquisador deve especificar as questões sob investigação, expondo a evidência

pertinente a cada questão, sugerindo outras explicações alternativas plausíveis

para os achados e sugerir se possível for, quais alternativas são mais

promissoras e as que são menos. O resumo do estudo deve conter tanto detalhe

sobre os procedimentos usados e as informações coletadas quanto o espaço irá

permitir e se possível, ao leitor interessado deve ser dada a oportunidade de obter

detalhes em outra parte." (p. 371-372)1

1 Tradução da autora

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Em seu artigo Mogens NISS (1999) oferece uma caracterização da

Didática da Matemática a partir da análise das questões e dos resultados das

pesquisas em Educação Matemática. Em relação aos termos, “Educação

Matemática”, “pesquisa em Educação Matemática” e “Didática da Matemática”

NISS diz que a disciplina Educação Matemática

“é, algumas vezes, chamada de pesquisa em Educação Matemática

ou a Ciência da Educação Matemática, embora Educação Matemática

provavelmente permaneça predominante no uso diário. Na Europa, parece existir

uma preferência para usar o rótulo a Didática da Matemática,[...] Usarei os nomes

indistintamente”. (p. 1)1

Me apoiarei em NISS para, ao longo deste trabalho, usar sem

distinção os termos “pesquisa em Educação Matemática” e “pesquisa em Didática

da Matemática”.

Em KILPATRICK (1992), o autor faz uma síntese histórica da

pesquisa em Educação Matemática. Segundo ele, esse tipo de pesquisa é parte

da história da Educação Matemática e tem se desenvolvido desde o início do

século 19, a partir das universidades, quando matemáticos e educadores voltaram

sua atenção para, como a matemática é, ou, deva ser ensinada e aprendida na

escola. Desde o início, a pesquisa em Educação Matemática convive, e recebe

influências, das diferentes áreas da pesquisa em Educação. Mas, assim como os

próprios educadores matemáticos, a pesquisa em Educação Matemática tem se

esforçado para encontrar sua própria identidade.

“Durante as duas décadas anteriores (1970 e 1980), esta tarefa de

auto definição foi amplamente realizada. Existe uma comunidade internacional de

pesquisadores que mantêm encontros, publica revistas e boletins informativos,

promove a colaboração dentro e entre disciplinas, faz e critica estudos de

pesquisa e tenta manter uma consciência de pesquisa viva dentro de conselhos e

1 Tradução da autora

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das organizações de educação matemática nas quais os membros da

comunidade de pesquisa participam.” (KILPATRICK, 1992, p.3)1

KILPATRICK empresta de Cronbach & Suppes a definição de

pesquisa como sendo uma investigação disciplinada.

“O termo investigação sugere que o trabalho é dirigido a responder a

uma questão específica, não é uma especulação ou conhecimento inútil para sua

própria causa. O termo disciplinado sugere não apenas que a investigação possa

ser guiada por conceitos e métodos de disciplinas como psicologia, história.

filosofia ou antropologia mas também é colocado de modo que a linha de

investigação possa ser examinada e verificada. Investigação disciplinada não

precisa ser científica no sentido de ser baseada em hipóteses empiricamente

testadas, mas como qualquer bom trabalho científico deve ser escolar, público e

aberto a crítica e possível impugnação. Então pesquisa em Educação Matemática

é uma investigação disciplinada para o ensino e aprendizado em matemática.”

(Kilpatrick, 1992, p.3)2

Levarei em conta essa definição de pesquisa em Educação

Matemática que, permeará o desenvolvimento deste trabalho.

Selecionei ainda neste artigo, um trecho em que KILPATRICK

relaciona as abordagens de pesquisa e seus objetivos. Entenda-se como

abordagem de pesquisa, o ponto de vista do qual o pesquisador desenvolve sua

investigação e que se reflete nos métodos empregados.

"Os propósitos desta pesquisa (pesquisa educacional) são diversos.

Se uma das perspectivas de tal pesquisa se parece com as ciências naturais em

seguir a tradição empírico-analítica (Popkewitz, 1984, pp. 35-40), ela adota as

tradicionais linhas da ciência de: explicar, predizer ou controlar (Carr &

Kemmis,1986. p.83). Se alguém vê a pesquisa, mais semelhante, a compreensão

interpretativa de uma cultura que um antropólogo possa procurar (Eisenhart,

1 Tradução da autora 2 Tradução da autora

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1988), tenta-se entender os significados que o aprendizado e o ensino da

matemática têm para os que estão envolvidos na atividade. Se tomar o enfoque

de sociologia crítica, empreende "pesquisa ação", projetada para ajudar

professores e estudantes a ganharem maior liberdade e autonomia em seu

trabalho, a pesquisa é feita tanto para melhorar a prática quanto para envolver os

participantes nesta melhoria (Carr & Kemmis, 1986, p.165). Um movimento nesta

pesquisa mais ou menos na década passada a tem levado da tradição empírico-

analítica para enfoques interpretativos e (em menor extensão) críticos (Kilpatrick,

1988a, 1988b). Embora os métodos de tradição empírico-analítico tenham

dominado esta pesquisa em sua maioria neste século; as aspirações cientificas

de explanação, predição e controle; parece nunca ter sido tão predominantes, a

motivação, o desejo de entender e especialmente de melhorar tanto o

aprendizado quanto o ensino de matemática." ( p.3-4)1

Em seu artigo Perspectives on Scholarshship and Research

Methods publicado em 1992, ROMBERG descreve certas características da

ciência da Educação Matemática como campo de estudo, esboça as atividades

dos pesquisadores e realça a variedade de métodos de pesquisa em uso.

Deste artigo de ROMBERG são de especial interesse para o

presente trabalho, a lista das dez atividades essenciais da “arte-técnica”, fazer

pesquisa e as caracterizações dos métodos de pesquisa que ele fornece. Na

realidade quase todos os textos sobre métodos de pesquisa esboçam um

conjunto de atividades similares. Essa lista é apresentada, no citado artigo, para:

“(1) realçar alguns dos problemas comuns que pessoas não familizarizadas com

pesquisa enfrentam para compreender o processo de pesquisa e (2) para

fornecer um contexto para discussão das tendências de pesquisa.” (p. 51)

ROMBERG alerta que, embora tenha apresentado as atividades (ver fig.3-2) de

forma a sugerir a ordem em que elas são executadas pelo pesquisador, na prática

elas não estão, obrigatoriamente, nessa ordem.

Utilizarei a lista de ROMBERG como padrão para as análises das

dissertações. Isto porque, das dez atividades apresentadas as quatro primeiras

1 Tradução da autora

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estão envolvidas com a decisão, do pesquisador, do que investigar; ou seja, com

a determinação do objetivo ou das questões de pesquisa e as outras atividades (5

a 10), estão envolvidas com a decisão de qual método de pesquisa ele utilizará

para responder as questões ou objetivos propostos.

Por método de pesquisa adotarei a caracterização que é dada por

ROMBERG a este termo.

“...os métodos específicos discutidos na literatura de pesquisa

devem incluir a maneira na qual a informação é colhida, a forma na qual isso é

agregado e analisado, ou, às vezes, como isso é relatado.” (p. 56)

4. Questões ou conjecturas

5. Selecionar estratégias de pesquisa

6. Selecionar procedimentos de pesquisa

1.Fenômeno de interesse

2. Modelo preliminar

3. Relação com idéias de outros

10. Prever próximas ações

7. Coleta de dados

8. Interpretação de dados

9. Comunicar os resultados

figura 3-2. Atividades de pesquisa e como estão relacionadas (p. 51)

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As atividades características de pesquisa

1- Identificar um fenômeno de interesse

A primeira atividade de pesquisa é explicada por ROMBERG, da

seguinte forma:

“Todo pesquisador começa com curiosidade sobre um fenômeno

particular do mundo real. Na ciência da Educação Matemática, como sugerido na

figura 3.1, o fenômeno envolve professores e alunos, como os alunos aprendem,

como o aluno interage com a Matemática, como o aluno responde ao professor,

como os professores planejam a instrução, e muitos assuntos.” (p. 51)

Sociedade

Escolaridade

subconjunto

Matemática Estudantes

Professores

Figura 3.1 As relações entre a sociedade, a matemática, estudantes, professores, e

escolaridade

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2- Construir um modelo provisório

“Um pesquisador faz conjecturas sobre certos aspectos importantes

como variáveis do fenômeno de interesse e como esses aspectos estão

relacionados, então ilustram isso em um modelo. [...] um modelo é meramente um

conjunto de descrições de variáveis chave e a relação implícita entre as

variáveis. Para muitos acadêmicos, um modelo é meramente um dispositivo

heurístico para auxiliar o esclarecimento de um fenômeno complexo. [...] A

formulação de um modelo provisório usualmente ajuda porque fazer isso envolve

especificar as variáveis que alguém acredita que estão operando na situação real.

Naturalmente, o modelo é uma simplificação, desde que algumas características

da realidade serão significantes e outras irrelevantes.” (p. 51)

3- Relacionar o fenômeno e o modelo a idéias de outros

Essa atividade refere-se à busca de informações sobre o tema

escolhido, tendo como objetivo esclarecer suas idéias ou obter fontes autorizadas

que possam dar suporte teórico ao seu argumento de pesquisa.

“Uma atividade importante é examinar o que outras pessoas pensam

sobre o fenômeno e determinar quando suas idéias podem ser utilizadas para

esclarecer, ampliar, ou modificar o modelo proposto.” (p. 51)

4- Fazer questões específicas ou fazer conjectura argumentada

Quando o pesquisador define seu tema, abre-se um leque de

possíveis questões cujas respostas merecem uma investigação. ROMBERG

considera difícil decidir qual a questão que será examinada.

[...] “As questões tomam usualmente as seguintes formas: Como as

coisas ficaram desse jeito? (orientado para o passado). Qual o estatuto das

coisas? (orientado para o presente). O que acontecerá se eu fizer o seguinte?

(orientado para o futuro).[...] Muito mais que simplesmente levantar questões

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interessantes, os pesquisadores usualmente fazem uma ou mais conjecturas

(avaliações argumentadas ou previsões) sobre o que tomará para responder a

questão”...” (p. 52)

5- Selecionar uma estratégia geral de pesquisa para a coleta de

dados1

Ao citar esta atividade ROMBERG, parte do ponto de vista, de que o

objetivo determina a abordagem de pesquisa. Essa se reflete nos métodos que

serão utilizados.

“A decisão sobre que métodos usar depende diretamente das

questões selecionadas, da visão de mundo na qual essas questões estão

situadas, do modelo “preliminar” construído para explicar o “fenômeno de

interesse” e da conjectura que foi feita sobre os dados requeridos. Por exemplo, se

as questões a serem respondidas são sobre o passado, seria apropriado a

historiografia. Por outro lado, se as questões estão orientadas no presente, deve-

se escolher fazer uma observação ou um “estudo de caso”, ou usar uma das

muitas outras estratégias de coleta de dados.” (p. 52)

6- Selecionar procedimentos específicos

“Para responder as questões específicas que foram levantadas,

deve-se coletar dados. Este é o passo no qual as técnicas normalmente

ensinadas nos cursos de métodos de pesquisas são importantes: como selecionar

um exemplo, como reunir informações (entrevista, questionário, observação e

teste), como organizar as informações, uma vez coletadas, e outros. Há um

grande número de procedimentos específicos que devem ser seguidos para

diferentes tipos de questões. Deve-se tomar cuidado em selecionar procedimentos

que esclareçam as questões.” (p. 52)

1 Chamarei de dados qualquer tipo de informação e não apenas informações quantitativas,

como se poderia pensar. (nota da autora.)

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7- Coleta de informação

“Este passo deve ser direto uma vez que alguém tenha decidido

coletar certas informações para construir um argumento relativo às questões que

estão sendo feitas. Por exemplo, se fazer um mapeamento for apropriado, os

procedimentos para a coleta de dados, embora freqüentemente complexos,

podem ser planejados. Por outro lado, se alguém quer examinar a cultura de uma

sala de aula, os procedimentos para a coleta de dados, podem ser expandidos ou

tornar-se mais focados durante a coleta.” (p. 52-53)

8- Interpretação das informações coletadas

“Neste estágio, a pessoa analisa e interpreta a informação que foi

coletada. Em muitos estudos, o pesquisador tabela as informações, agrega-as e

emprega testes estatísticos de significância apropriados para as propriedades dos

dados. Estes são normalmente chamados de métodos quantitativos, pois é

comum aplicar números às informações (tabelar) e procedimentos matemáticos

são seguidos para agregar e resumir os dados. Em outras áreas, tais como

estudo histórico, o pesquisador também categoriza, organiza e interpreta as

informações relevantes que devem ser coletadas. Mas se não se utilizar de

números, os métodos de análises são chamados qualitativos.” (p. 53)

9-Transmissão dos resultados aos outros

“Ser membro de uma comunidade acadêmica implica em uma

responsabilidade de informar aos outros membros sobre a investigação completa

e solicitar seus comentários e críticas. Freqüentemente, os pesquisadores relatam

somente os procedimentos e os “achados”, não o modelo ou a visão de mundo.

Os achados de cada estudo particular são interpretáveis somente em termos da

visão de mundo. Se ela não for declarada, os leitores irão indubitavelmente usar

suas próprias noções para interpretar o estudo. Diferenças significantes entre

características de distribuições – tais como o grupo de algoritmos calculatório para

compreender frações e o significado de outro grupo – não são importantes por

elas próprias. Não somente os resultados, mas também respostas às questões,

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que deveriam ter sido embutidas em uma “ciência normal”, devem ser transmitidas

aos outros.” (p.53)

10- Antecipar as ações de outros

“Diante dos resultados de uma investigação particular, todo

acadêmico está interessado no que acontecerá a seguir e pode antecipar ações

posteriores. Membros de uma comunidade acadêmica discutem idéias uns com os

outros, reagem a cada idéia dos outros e sugerem novos passos, modificações de

estudos anteriores, elaborações de procedimentos, e assim por diante. Os

acadêmicos tentam situar cada estudo em uma cadeia de investigação. Coisas

que vieram antes e que virão depois de qualquer estudo particular são

importantes.” (p. 53)

O procedimento de identificação destas dez atividades

características de pesquisa, nas dissertações, tem como finalidade sugerir um

padrão para as análises que deverá facilitar a posterior categorização destes

trabalhos.

Além destas atividades, ROMBERG, em seu artigo, trata de outros

assuntos ligados ao processo de pesquisa e que são do interesse para esse

trabalho, por envolverem idéias ligadas aos métodos usados por pesquisadores.

ROMBERG expõe suas idéias sobre a ideologia e paradigmas de

diferentes comunidades de pesquisa.

“Um acadêmico conduz pesquisa dentro de uma comunidade. As

comunidades acadêmicas envolvem um comprometimento com certas linhas de

pensamento e premissas para certificar o conhecimento. Cada campo acadêmico

é caracterizado por uma constelação própria de questões, métodos e

procedimentos. Essa constelação fornece formas compartilhadas de “enxergar” o

mundo, de trabalho, e de testar o estudo de cada um dos outros”. (p. 53)

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Essas formas compartilhadas de “enxergar” o mundo têm implicação

nas diferentes abordagens de pesquisa. ROMBERG examina a “visão de mundo”

de três paradigmas de pesquisa que segundo ele “emergiram para dar definição e

estrutura à prática da pesquisa educacional: empírico-analítico, simbólico e

crítico,[...]” (p. 54)

Na educação, o paradigma empírico-analítico, se traduz na crença

de que

... “o conhecimento a ser aprendido em qualquer área, como em

matemática, pode ser especificado a partir de fatos, conceitos, procedimentos e

assim, por diante; de que o trabalho do estudante é de dominar esse

conhecimento; de que o papel do professor é o de apresentar esse conhecimento

ao aluno, de uma forma organizada e monitorar seu progresso em direção ao

domínio; e, de que a organização e tecnologia da sala de aula e da escola são

arranjadas para tornar o ensino e o domínio desse conhecimento tão eficiente

quanto possível.” (p. 55)

No paradigma simbólico a crença subjacente é de que

... “o conhecimento é situado e pessoal, de que os alunos aprendem

por construção como conseqüência de experiências, de que o papel do ensino é

criar experiências instrucionais para os estudantes e negociar com eles

compreensões intersubjetivas ganhas dessas experiências, e que a organização

da sala de aula e da escola são arranjadas para que todas essas experiências

possam ser ricas e cheias de sentido.” (p. 55)

Exemplos de estudos nessa perspectiva do paradigma simbólico em

educação matemática podem ser encontrados em estudos recentes em

“etnomatemática”.

O paradigma crítico envolve a crença de que

... “o conhecimento é ganho pela reflexão em como o homem pode

melhorar as condições sociais, que os alunos aprendem através da reflexão e

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ação, e que o papel do ensino é fazer os estudantes refletirem sobre o mundo

social no qual ele vive e inicie ações que desafiem a prática atual.” (p.55)

Para ROMBERG, o método real que um pesquisador usa para obter

evidências depende das crenças, listadas acima, de uma certa comunidade

acadêmica, das situações criadas ou já existentes, da fonte dessas evidências, da

orientação temporal da questão: direcionada ao passado, presente ou futuro e do

julgamento ou avaliação dos estudos feitos.

ROMBERG caracteriza os métodos específicos, encontrados na

literatura, que se baseiam ou utilizam estes cinco fatores. São eles:

Métodos usados com dados existentes

• Historiografia

• Análise de conteúdo

• Análises de tendências

Métodos usados quando uma situação existe e o dado deve ser

desenvolvido

• Pesquisa retrospectiva

• Levantamento, mapeamento descritivo de grande número

• Entrevistas estruturadas

• Entrevistas clínicas

• Levantamentos projetivos

• Observações estruturadas

• Observações clínicas

• Estudo longitudinal

• Cross-sectional designs (Desenho de sessões cruzadas)

• Modelagem de causa

• Estudo de caso

• Pesquisa ação

• Etnografia

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Experiências (experimento)

“Se uma conjectura envolve predizer, prever o que irá acontecer sob

condições que ainda não existem; isto é, se envolve coleta de dados sobre os

efeitos de um produto ou programa novo e diferente, a pessoa usa uma

abordagem experimental.[...] existem três abordagens usadas na Educação:

• Experiências no ensino. [...] as hipóteses são criadas

primeiramente em relação ao processo de aprendizagem, desenvolve-se uma

estratégia de ensino que envolve intervenção sistemática e estimulação da

aprendizagem do estudante, e ambas são determinadas, a eficácia da estratégia

de ensino e as razões para essa eficácia.

• Experimentos comparativos. Este método de investigação é

usado para determinar se um conjunto específico de ações pode ou não causar o

resultado desejado. A determinação é feita comparando os resultados de um

grupo tratado pelo conjunto das ações com o de um grupo similar (grupo de

controle) que não tenha sido tratado daquela forma para ver se existem

diferenças previstas nos resultados.

• Série de experimentos - Tempo descontínuo. [...] A chave para

se usar esta estratégia está em fazer observações suficientes antes de começar o

tratamento, e assim uma tendência pode ser determinada e então comparada

com os resultados após o tratamento.” (p. 57)

O mapeamento feito por FIORENTINI, constou de análise dos

quarenta e oito trabalhos do Grupo de Trabalho de Educação Matemática da

ANPED, aprovados pelo Comitê Científico dessa entidade. Segundo o autor:

“Tendo em vista os objetivos deste estudo, julgamos necessário,

primeiramente, fazer o fichamento de cada um dos trabalhos. Assim, tentamos

extrair, além de informações gerais (ano, autor, título do trabalho, instituição de

origem), outras mais específicas, tais como: foco temático; problema ou objetivos

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do estudo; referencial teórico; procedimentos metodológicos de pesquisa;

resultados obtidos; e contribuições teóricas e práticas à educação e à pesquisa.”

(p. 2)

Pode-se vislumbrar nas informações específicas a que se referiu

FIORENTINI, uma convergência com as dez atividades listadas por ROMBERG.

Com relação a necessidade de se eleger focos para a investigação e

posterior categorização, FIORENTINI diz que:

“As possibilidades de organização ou categorização dos trabalhos

podem ser diversas. Poderíamos, por exemplo, organizar os estudos pela

metodologia de pesquisa utilizada ou pelo referencial teórico. Outra alternativa,

seria classificá-los segundo o problema ou os objetivos de investigação; ou, ainda

segundo os paradigmas epistemológicos da pesquisa educacional. [...]

Preferimos, entretanto, com base em FIORENTINI (1994) e KILPATRICK (1994),

organizá-los tematicamente. Essa forma de organização exige que se identifique,

para cada trabalho, o foco principal da investigação. Esse processo não é simples

ou direto pois acontece de forma indutiva e, às vezes, dedutiva, exigindo ajustes

individuais (para cada estudo) e grupais (envolvendo um conjunto de estudos). A

vantagem é que as categorias construídas emergem do material sob análise e

não da literatura propriamente dita, embora, neste processo, o diálogo com a

literatura e outras formas de classificação seja conveniente e necessário.” (p. 5).

Como resultado do mapeamento feito para organizar os trabalhos do

GT-19, tematicamente, FIORENTINI identificou oito focos temáticos, que,

resumidamente são:

• Estudos sobre o professor de Matemática

• Estudos cognitivos e metacognitivos: inclui estratégias,

habilidades e processos cognitivos dos alunos

• Estudos sobre o ensino de matemática na universidade

• Estudos sobre as tendências teóricas, didático-pedagógicas e

investigativas em Educação Matemática

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• Estudos que utilizam a metodologia da Engenharia Didática, no

ensino e aprendizagem de geometria (Produção, aplicação e

análise de seqüências didáticas)

• Estudos sobre Educação Matemática e políticas educacionais

públicas

• Estudos sobre a produção de significados em atividades

matemáticas

• Estudos sobre a matemática em contexto não-escolar

O quadro síntese elaborado por FIORENTINI mostra que os dois

principais focos temáticos de interesse dos trabalhos apresentados foram os

Estudos cognitivos e metacognitivos, com doze trabalhos e os Estudos sobre o

professor de Matemática com doze trabalhos também.

É importante notar a interpretação dada por FIORENTINI à

metodologia de pesquisa denominada Engenharia Didática, que a seu ver

constitui um tema de pesquisa.

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CAPÍTULO II: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS DISSERTAÇÕES

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Para oferecer um panorama das dissertações, foi necessário

analisar os documentos produzidos no período de 1994 a 2000. Portanto, trata-se

de uma pesquisa direcionada ao passado o que, segundo ROMBERG, a situa no

tipo de pesquisa historiográfica1.

Para facilitar a posterior organização e caracterização das obras,

analisei-as por meio da identificação das dez atividades características de

pesquisa, indicadas por ROMBERG e que constam do quadro teórico deste

trabalho.

As análises constituem o conteúdo do presente capítulo. Após

apresentar o fichamento, transcrevo e comento trechos das dissertações que

evidenciam as dez atividades.

Estas atividades estão envolvidas com os focos de investigação de

minha pesquisa que são os objetivos e metodologias das dissertações. As

primeiras quatro atividades, segundo ROMBERG, estão implicadas com a

determinação da questão ou objetivo de pesquisa e as de cinco a dez

Segundo ROMBERG, as atividades, de 5 a 10, estão envolvidas

com o método de investigação utilizado pelo pesquisador e as decisões sobre os

métodos, são tomadas, como conseqüência das primeiras quatro atividades.

1 Historiografia. Nessa abordagem, faz se um esforço em esclarecer condições e problemas atuais através de uma compreensão profunda e completa do que foi feito ou ocorreu no passado.(p. 56)

[...] são aquelas em que um investigador decide (1) qual evidência é necessária

para abordar as questões ou conjecturas “levantadas”; (2) como obter, analisar e

interpretar essa evidência; e, (3) como relatar o “encontrado” para os outros. (p. 56)

INTRODUÇÃO

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A ordenação dessas análises tem como critério a data de defesa da

dissertação, das mais antigas para as mais recentes.

Utilizei o seguinte padrão para leitura: o que é puramente transcrição

de trechos da dissertação em questão, aparece em quadro sombreado de com

indicação da página. Os trechos dos autores que fornecem as referências teóricas

para as análises são apresentados em quadro amarelo, . As páginas

indicadas nos quadros amarelos referem-se a trechos de ROMBERG

apresentados no capítulo I, ou de algum outro teórico, cuja citação seja

necessária para outros esclarecimentos.

A seguir descrevo cada uma das atividades, com suas respectivas

interpretações e adaptações ao propósito desta pesquisa.

Atividade 1: Identificar um fenômeno de interesse

Considerarei como fenômeno, qualquer área geral de investigação

que o pesquisador pretenda explorar.

Procurarei na problemática ou na justificativa da obra, as indicações

do fenômeno de interesse encontrado pelo pesquisador.

Segundo ROMBERG

Na ciência da Educação Matemática, [...] o fenômeno envolve professores e

alunos, como os alunos aprendem, como o aluno interage com a matemática,

como o aluno responde ao professor, como os professores planejam a instrução, e

muitos outros assuntos. (p. 51)

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Atividade 2: Construir um modelo provisório

Para identificar se tal atividade foi executada pelo pesquisador

considerarei a definição de modelo apresentada por ROMBERG.

Atividade 3: Relacionar o fenômeno e o modelo a idéias de

outros

Contemplei nesta atividade as principais referências fornecidas pelo

autor sobre o tema de sua pesquisa, e também as referências teóricas que

serviram de apoio para suas análises.

Atividade 4: Fazer questões específicas ou fazer uma conjectura

argumentada

Para identificar a realização desta atividade, considerarei as

questões de pesquisa, conjecturas e o objetivo especificados pelo autor.

[...] um modelo é meramente um conjunto de descrições de variáveis chave e a

relação implícita entre as variáveis. Para muitos acadêmicos, um modelo é

meramente um dispositivo heurístico para auxiliar o esclarecimento de um

fenômeno complexo. (p. 51)

Este é um passo chave no processo de pesquisa porque, quando alguém examina

um fenômeno particular, invitavelmente surge um grande número de questões

potenciais. (p. 51)

[...]Muito mais que simplesmente levantar questões interessantes, os

pesquisadores usualmente fazem uma ou mais conjecturas (avaliações

argumentadas ou previsões) sobre o que tomará para responder a questão. (p. 51)

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Atividade 5: Selecionar uma estratégia geral de pesquisa para a

coleta de dados

Procurarei ao longo da dissertação a indicação feita pelo autor,

sobre a metodologia que utilizou para a coleta de dados.

Atividade 6: Selecionar procedimentos específicos

Evidenciarei a realização desta atividade, citando objetivamente os

passos seguidos pelo pesquisador para a coleta de dados, sem me deter na

descrição dos instrumentos metodológicos (entrevistas, questionários, testes,...)

por ele, utilizados.

Atividade 7: Coleta de informação

A apresentação das evidências de que esta atividade foi executada

será feita por meio da identificação da população que participou da pesquisa, do

número de sessões com a respectiva duração de cada uma, como foi elaborada

a coleta de dados propriamente dita e, se contou ou não com observadores.

Atividade 8: Interpretação das informações coletadas

Para demonstrar a execução desta atividade não levarei em conta

interpretações parciais das informações coletadas ao longo da pesquisa, mas,

apenas, as interpretações que concluem o trabalho, ou seja, aquelas conclusões

diretamente ligadas às questões ou ao objetivo determinados pelo autor.

É importante ressaltar o que diz ROMBERG a respeito dessa oitava

atividade.

[...] em toda investigação, coleta-se um número maior de informações do que podem

ser usadas para responder as questões. (p. 53)

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Atividade 9: Transmissão dos resultados aos outros

Trata-se de, como relatar os achados para os outros. Para

ROMBERG

Considerarei esta atividade como tendo sido executada por todos os

autores das obras analisadas, já que, estes mestrandos apresentaram seus

trabalhos publicamente e diante de uma banca composta de representantes da

comunidade acadêmica.

Atividade 10: Antecipar as ações de outros

Identificarei esta atividade por meio das sugestões de pesquisa ou

de ensino que o autor tenha feito.

A seguir passo às análises das obras, precedidas por seus

respectivos fichamentos.

Ser membro de uma comunidade acadêmica implica em uma responsabilidade de

informar aos outros membros sobre a investigação completa e solicitar seus

comentários e críticas. (p. 53)

Diante dos resultados de uma investigação particular, todo acadêmico está

interessado no que acontecerá a seguir e pode antecipar ações posteriores. (p. 53)

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INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE PROBABILIDADE POR UMA VISÃO FREQÜENTISTA

AUTORA: Cileda de Queiroz e Silva Coutinho

ANO DA DEFESA:1994

NÚMERO DE PÁGINAS: 151

ORIENTADORA: Tânia Maria Mendonça CAMPOS

RESUMO

Este trabalho sobre o ensino de probabilidades é de natureza

didática, no sentido utilizado na França atualmente, seguindo os trabalhos de Guy

Brousseou: um estudo teórico e aplicado das relações entre o ensino e a

aprendizagem em matemática.

Nosso objetivo é estudar as concepções espontâneas ou pré-

construídas dos alunos à propósito do acaso e de probabilidades, analisando as

seqüências experimentais de introdução a estes conceitos, a partir da observação

da estabilização da freqüência relativa de um evento após um grande número de

repetições da experiência aleatória.

O objetivo final da escolha freqüentista é, sem dúvida, estender a

noção de probabilidade às situações não somente de "casos igualmente

prováveis" segundo o enunciado de Laplace em seu segundo princípio, na obra

"Ensaio Filosófico de Probabilidades", mas também modelizar as situações

complexas tais como as questões de confiabilidade, difusão (epidemias), na

pesquisa petrolífera ou no controle estocástico. Como objetivo didático, trata-se

INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE PROBABILIDADE POR UMA VISÃO

FREQÜENTISTA

FICHAMENTO

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de ligar de forma profunda o ensino às condições de aprendizagem nas quais o

aluno de hoje está inserido.

Os dados obtidos através de um questionário elaborado com o

objetivo de detectar as concepções pré-construídas dos alunos, da aplicação e

análise de uma seqüência de ensino elaborada a partir dos resultados deste

questionário foram analisados à luz de resultados anteriormente obtidos por

outros pesquisadores, tais como S. Maury e J. Bordier, entre outros. (p. 4)

OBJETIVO

Investigar como se dá a aquisição dos primeiros conceitos de

Probabilidade utilizando a visão freqüentista proposta, como vimos em I.1., por

Jacques Bernoulli e, mais recentemente, retomada por alguns pesquisadores do

ensino da Matemática. (p.31)

METODOLOGIA

... nosso trabalho tem início com a aplicação de uma engenharia

didática para o ensino do conceito de Probabilidade junto a alunos do segundo

grau francês para, em seguida, estudar a aplicação desta mesma engenharia em

alunos da primeira série do terceiro grau no Brasil, na cadeira de Estatística.

(p.40)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No item II.2 Referências a autora afirma que:

... nosso estudo tomará como base os de M. Henry, que partem de

uma compreensão do espírito dos programas de segunda série de segundo grau

francês, os quais determinam uma visão freqüentista da Probabilidade, evitando

porém, qualquer desenvolvimento teórico.(p.38).

Há também referência a sugestões de outros pesquisadores para o

ensino de probabilidade como: Alan Rogerson e Maria Cristina S. A. Maranhão

(p.32), Gottfried E. Noether e J. Bordier (p.33) , S. Maury (p.34).

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A autora declara que “…vamos procurar informações na psicologia

cognitiva ....O primeiro e mais importante trabalho que aparece deve-se a Piaget e

Inhelder”. (p. 35)

PALAVRAS-CHAVE

Não constam

CONCLUSÃO

Transcrição das conclusões propriamente ditas:

Com isto, confirmamos os estudos de Fischbein e de Tversky e

Kahneman, já citados no Capítulo II, e que concluem pelo encorajamento de um

ensino precoce de Probabilidades e também que certas concepções errôneas

podem persistir mesmo após o aprendizado de noções básicas deste conteúdo.

(p. 132)

No que concerne ao grupo observado no Brasil, esta cultura

adquirida informalmente, juntamente com o fato de que alguns alunos haviam

recebido noções de probabilidade durante o segundo grau sem contudo tê-las

assimilado como uma interpretação da realidade, provocou uma maior dificuldade

no aprendizado, muito embora a utilização freqüentista tenha minorado, conforme

pudemos constatar, esta situação.(p.132)

Durante as sessões observadas, pudemos constatar que os alunos

conseguiram assimilar proporção como probabilidade, o que foi mais difícil para a

relação “freqüência relativa - probabilidade”, ou seja, verificamos que uma única

observação da estabilização desta freqüência não foi suficiente, principalmente

quando estudamos eventos cuja probabilidade não pode ser calculada “a priori”.

Acreditamos que este fato é devido à dificuldade em analisar as condições

particulares de cada evento através de uma lógica adequada, conforme já

mencionamos. (p.133)

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Sugestão de ensino:

... verificamos que uma única observação da estabilização desta freqüência não

foi suficiente, principalmente quando estudamos eventos cuja probabilidade não

pode ser calculada “a priori”. Acreditamos que este fato é devido à dificuldade em

analisar as condições particulares de cada evento através de uma lógica

adequada, conforme já mencionamos. Poderíamos aqui sugerir a utilização do

computador para simular situações, conforme o estudo de J. Bordier [6] e Xavier

[34], mas também a realização de outros experimentos que possam ser

associados à realidade de cada aluno, conforme sugere Cristina Maranhão em

[24]. (p. 133)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das 34 referências constantes da bibliografia, indico apenas aquelas

que se referem a autores citados no fichamento.

BORDIER, Jacques. Un Modèle Didactique Utilisant la Simulation sur Ordinateur

pour l'Enseignement de la Probabilité. Thèse de Doctorat - Paris VII. 1991.

FISCHBEIN, Efraim et al. Factors Affecting Probabilistic Judgements in

Children and Adolescents, em Educational Studies in Mathematics, 22, pp

523-549. 1991.

HENRY, Annie et Michel. L' Enseignement des Probabilités dans le Programme

de Première, em Repères n° 6. 1991. Publicação IREM.

MARANHÃO, Maria Cristina S. de A. . Matemática. Coleção magistério, 2° Grau.

Série formação geral. Ed. Cortez. 1991. pp 101-102.

MAURY, Silvette. Contribuition à l'étude didactique de quelques notions de

probabilité et de combinatoire à travers la résolution de problèmes. Thèse

d' Etat, Montpellier I. 1986.

NOETHER, Gottfried E. Introdução à Estatística - Uma abordagem não

paramétrica. Guanabara Dois. 1983.

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ANÁLISE

Esta dissertação foi defendida por Cileda de Queiroz e Silva

COUTINHO em 17 de maio de 1994. A banca examinadora foi composta por:

Tânia Maria Mendonça CAMPOS (PUC/SP), que também foi a orientadora da

pesquisa, Airton Fontenele Sampaio XAVIER (UFCE) e Saddo Ag ALMOULOUD

(PUC/SP).

Cileda COUTINHO demonstra ter identificado o fenômeno de seu

interesse quando diz:

No âmbito desse fenômeno de interesse, a autora enfocou seu

objetivo de pesquisa, no item II.1 denominado “Objetivo” que consta:

COUTINHO esclarece na introdução que :

ANÁLISE

Uma constatação que nos parece importante é que as respostas dos

alunos para questões de probabilidades são influenciadas pela sua

formulação e pelo contexto, evidenciando que sem uma intervenção

didática apropriada, a aprendizagem da Teoria das Probabilidades tornar-

se-á muito difícil para os alunos. (p. 35)

Nosso trabalho tem como objetivo investigar como se dá a

aquisição dos primeiros conceitos de Probabilidade utilizando a visão

freqüentista proposta, como vimos em I,1, por Jacques Bernoulli e, mais

recentemente, retomada por alguns pesquisadores do ensino da

Matemática. (p. 31)

Nosso trabalho tem por objetivo mostrar as vantagens encontradas quando

da utilização da visão freqüentista para o ensino dos primeiros conceitos de

probabilidade. (p. 9)

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Assim, levando em conta que a autora estabeleceu a necessidade

de uma intervenção didática apropriada, conforme citação da página anterior e o

trecho do quadro acima, concluo que sua hipótese de pesquisa pode ser

considerada como sendo: é vantajoso utilizar a visão freqüentista para ensinar os

primeiros conceitos de probabilidade.

Para embasar sua pesquisa, COUTINHO citou, principalmente, os

trabalhos de M. HENRY, por seus estudos sobre o ensino de probabilidades no

segundo grau do ensino francês.

Outros pesquisadores são citados pela autora. A. ROGERSON e

Maria Cristina S. A. MARANHÃO sobre o ensino do cálculo das Probabilidades

baseado em dados experimentais e situações do cotidiano dos alunos e J. Bordier

e S. Maury também por seus estudos sobre as concepções dos alunos.

Constata-se que COUTINHO realizou a terceira atividade de

pesquisa que é relacionar o fenômeno a idéias de outros.

Para atingir seu objetivo, COUTINHO selecionou uma estratégia

geral de pesquisa que, resumidamente, consistiu em: criar uma hipótese de

pesquisa em relação ao processo de aprendizagem das Probabilidades,

desenvolver uma estratégia de ensino e avaliar a eficácia desta estratégia.

Para o tipo de pesquisa desenvolvida, uma experiência no ensino,

faz-se necessário coletar e interpretar dados com alunos em situação de

aprendizagem de Probabilidades. Assim, compreende-se que, para esta coleta,

Coutinho tenha optado pelos procedimentos específicos da Engenharia Didática,

caracterizada por Michèle ARTIGUE (1988)

Existem outros trabalhos publicados sobre o ensino das Probabilidades,

mas nosso estudo tomará como base os de M. Henry, que partem de uma

compreensão do espírito dos programas de segunda série de segundo grau

francês, os quais determinam uma visão freqüentista da Probabilidade, evitando

porém, qualquer desenvolvimento teórico. (p. 38)

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A autora, por meio de um quadro comparativo, observou que a

estrutura do ensino francês era muito parecida com a brasileira, conforme o

trecho a seguir: “A estrutura do ensino francês é, de certa forma, muito parecida

com a brasileira,”...(p. 39)

Esse fato justificou a sua escolha dos procedimentos específicos

utilizados:

Para operacionalizar a coleta de dados a autora declarou que:

A análise das respostas obtidas com a aplicação do questionário

forneceram os subsídios para a elaboração das seqüências didáticas a serem

aplicadas em alunos franceses e posteriormente em alunos brasileiros.

A aplicação de cada seqüência foi feita em três sessões de duas

horas cada.

Tendo em vista estas semelhanças, nosso trabalho tem início com a aplicação

de uma engenharia didática para o ensino do conceito de Probabilidade junto a

alunos do segundo grau francês para, em seguida, estudar a aplicação desta mesma

engenharia em alunos da primeira série do terceiro grau no Brasil, na cadeira de

Estatística. Para tanto, procuramos seguir as etapas proposta por M. Artigue [3] para

uma metodologia de pesquisa. (p. 40)

Os instrumentos por nós utilizados nesse trabalho foram: um questionário

para levantamento das concepções pré-construídas, observações de

seqüências de ensino elaboradas com base nos resultados obtidos pelo

questionário, um teste para verificação dos conhecimentos adquiridos. (p. 43)

...como um esquema experimental baseado sobre “realizações didáticas” em sala

de aula, isto é, sobre a concepção, a realização, a observação e a análise de

seqüências de ensino. (ARTIGUE in MACHADO, p. 199)

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A seqüência para alunos franceses foi aplicada para quarenta e um

alunos da segunda série do segundo grau e administrada pelos próprios

professores dos alunos, contando com a observação da pesquisadora e de M.

HENRY.

No Brasil, a seqüência foi aplicada em uma turma de trinta e quatro

alunos cursando a primeira série de um curso de Fonoaudiologia, administrada

pela professora-pesquisadora e contou com um observador.

Após a coleta de dados a próxima atividade essencial da “arte-

técnica”, fazer pesquisa, é a interpretação das informações coletadas. Em sua

pesquisa, COUTINHO mescla métodos quantitativos e métodos qualitativos para

a interpretação dos dados.

Estes registros de observações foram relatados nos itens IV.4 e V.4,

“Análise a Posteriori” de cada uma das seqüências: a do ensino francês e a do

ensino brasileiro, respectivamente. Nesses itens a autora analisa as respostas

dadas pelos alunos, após as atividades experimentais, comparando estas

respostas com suas previsões descritas nos itens IV.3 e V.3, “Análise a Priori”,

de cada uma das seqüências.

A última fase do desenvolvimento das seqüências foi a aplicação de

um teste para verificar o grau de aprendizagem do conteúdo desenvolvido. Os

números de respostas certas, erradas ou deixadas em branco, para cada questão

do teste, são apresentados em tabelas. Em seguida, a autora analisa estes

resultados, dando-lhes tratamento qualitativo.

Desta forma, os dados por nós obtidos foram registros de observações,

que receberão tratamento qualitativo, o que nos permitirá fazer distinções ,

decidir os índices a serem privilegiados para, então, quantificarmos algumas

destas informações [...] (p. 78)

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Com relação à transmissão dos resultados aos outros, COUTINHO

relata, ao longo do texto, os resultados que obteve em cada uma das fases do

desenvolvimento de cada seqüência didática.

No item IV.4.3, conclusão da aplicação da seqüência para o ensino

francês a autora escreve:

Um relato parecido com este encontra-se na análise a posteriori da

seqüência para o ensino brasileiro, item V.4.

Embora não tenha confirmado a sua hipótese de pesquisa, o estudo

realizado por COUTINHO apresentou resultados que de fato atenderam ao seu

objetivo de pesquisa: investigar como se dá a aquisição dos primeiros

conceitos de Probabilidade utilizando a visão freqüentista.

Na Conclusão da pesquisa a autora escreveu:

Desta forma, nossa hipótese é que a utilização de uma situação a-

didática adequada agiria como um agente facilitador da aprendizagem

pretendida. (p. 99)

Uma vez que nesta seqüência também não foi apresentada uma situação

a-didática conforme nossa análise em IV.4.3, não nos foi possível verificar a

hipótese de que esta seria um agente facilitador da aprendizagem, o que

deixaremos para um futuro trabalho de complementação. (p. 122)

No que concerne ao grupo observado no Brasil, esta cultura adquirida

informalmente, juntamente com o fato de que alguns alunos haviam recebido

noções de probabilidade durante o segundo grau sem contudo tê-las assimilado

como uma interpretação da realidade, provocou uma maior dificuldade no

aprendizado, muito embora a utilização freqüentista tenha minorado, conforme

pudemos constatar, esta situação. (p. 132)

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Os resultados de sua investigação permitiram a autora antecipar as

ações de outros, mais uma das atividades características de pesquisa, listadas

por ROMBERG. Os trechos a seguir ilustram esta atividade realizada por

COUTINHO, ao fazer as seguintes sugestões de ensino:

... verificamos que uma única observação da estabilização desta freqüência não foi

suficiente, principalmente quando estudamos eventos cuja probabilidade não pode

ser calculada “a priori”. Acreditamos que este fato é devido à dificuldade em

analisar as condições particulares de cada evento através de uma lógica adequada,

conforme já mencionamos. Poderíamos aqui sugerir a utilização do computador

para simular situações, conforme o estudo de J. Bordier [6] e Xavier [34], mas

também a realização de outros experimentos que possam ser associados à

realidade de cada aluno, conforme sugere Cristina Maranhão em [24]. (p. 133)

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SOBRE AS CONCEPÇÕES DE FUNÇÃO DOS ALUNOS AO TÉRMINO DO 2°°°° GRAU

AUTOR: Osmar Schwarz

ANO DA DEFESA: 1995

NÚMERO DE PÁGINAS: 161

ORIENTADORA: Professora Doutora Sílvia Dias Alcântara Machado

RESUMO

O trabalho visa verificar qual a concepção de função do aluno ao

final do 2° grau.

No 1° capítulo apresentamos um histórico sobre o desenvolvimento

do conceito de função, após o que fazemos uma análise epistemológica,

evidenciando os obstáculos que se apresentaram no desenvolvimento dessa

concepção. Apresentamos também os conceitos de definição operacional e de

definição estrutural, utilizados na seqüência do trabalho.

O 2° capítulo, é dedicado ao teste aplicado aos alunos, para verificar

suas concepções de função. Primeiramente levantamos as variáveis didáticas,

fizemos a análise a priori e após aplicarmos o teste fizemos a análise a posteriori.

No 3° capítulo, apresentamos as conclusões finais, evidenciando

que o aluno ao final do 2° grau tem uma concepção ainda operacional de função,

e às vezes até mesmo elementar. (p. 4)

FICHAMENTO

SOBRE AS CONCEPÇÕES DE FUNÇÃO DOS ALUNOS AO TÉRMINO DO

2°°°° GRAU

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OBJETIVO

Verificar qual a concepção de função do aluno ao final do 2° grau.

(p. 4)

METODOLOGIA

O autor utiliza procedimentos da engenharia didática.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O autor baseou-se nas idéias de Anna Sfard, sobre concepção

operacional e concepção estrutural, e como se dá a transição da primeira para a

segunda. (p. 22)

PALAVRAS-CHAVE

Não constam

CONCLUSÃO

Transcrição das partes da conclusão propriamente dita.

A maior parte dos alunos por nós pesquisados, está adentrando o 1°

nível, justificando as observações da análise a posteriori, de que em alguns ainda

persiste uma concepção operacional elementar de função (nível anterior ao da

interiorização), outros estão francamente na 1a fase da concepção de função.

(p.124-125)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das 20 referências constantes da bibliografia, indico apenas aquela

que se refere a autor citado no fichamento.

SFARD, Anna. Operational Origins of Mathematical Objets and the Quandary of

Reification - The Case of Function. From The Concept of Function, Aspects of

Epistemology and Pedagogy, Edited by G. Harel and E. Dubinsky, MAA Notes,

vol. 25. 1a Ed. 1992. U.S.A.

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ANÁLISE

Defendida em 15 de maio de 1995, essa dissertação de Mestrado,

de autoria de Osmar SCHWARZ, teve como componentes da banca

examinadora: Regina Flemming DAMM (UFSC), Saddo Ag Almouloud (PUC/SP)

e a orientadora Sílvia Dias Alcântara MACHADO (PUC/SP).

A dissertação de SCHWARZ foi a primeira dissertação orientada por

Silvia Machado em Educação Matemática.

O autor faz indicações sobre o fenômeno de seu interesse, ao longo

do texto, de forma dispersa, um tanto diluída, isto é, não dedica um item ou

capítulo especifico à sua problemática de pesquisa. O próprio capítulo 1, cujo

tema é Historia e Epistemologia do Conceito de Função indica seu interesse pelo

tema, que vai se confirmando ao longo do capítulo como por exemplo nos

seguintes trechos:

O autor estva interessado no tipo de conhecimento que os alunos

possuiam sobre o conceito de função. Esse interesse levou-o a uma questão de

pesquisa orientada para o presente, como pode ser confirmado com o objetivo do

trabalho, apresentado no início do resumo.

ANÁLISE

Analisaremos neste item, com base no desenvolvimento histórico da

concepção de função, os obstáculos epistemológicos que integraram a

construção dessa concepção, cujos vestígios são encontrados nos modelos

espontâneos de nossos alunos. (p. 17)

... os matemáticos decidiram por uma definição estrutural de função que lhes

permita operar com espaços de funções e desenvolver conceitos modernos.

No entanto, para os alunos que não operam com espaços funcionais, nem

pretendem muitas vezes seguir carreira de Matemática, o conceito estrutural é

incompreensível e inútil. (p. 21)

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Embora o objetivo esteja explicitado com clareza no resumo, o fato

de não tê-lo sido no corpo do texto, tornou-o implícito ao longo da dissertação.

De modo análogo, uma de suas hipóteses de pesquisa acaba sendo revelada no

seguinte trecho de uma de suas análises a priori do capitulo 2.

O que me permite concluir que uma das hipóteses de SCHWARZ é

de que aqueles alunos possuíssem uma concepção operacional de função, ao

término do ensino médio.

O autor desenvolveu a parte histórica propriamente dita, embasada

principalmente em trabalho de Yuskevitch. No segundo item do capitulo 1,

desenvolve a epistemologia da concepção de função utilizando-se dos estudos

de pesquisadores como Anna Sierpinska, Kaput e Sophie René de Cotret, as

idéias desta última são expostas e utilizadas no capítulo III, conclusão da

dissertação. SCHWARZ apresenta a teoria de Anna Sfard sobre a construção do

conceito de função pelo aluno, principal apoio de suas análises, no item 3 do

primeiro capítulo. Assim, o autor não só examinou o que outras pessoas pensam

sobre o fenômeno de seu interesse como também abriu a possibilidade de utilizar

estas idéias para confirmar ou refutar suas hipóteses de pesquisa.

Uma das quatro atividades que ROMBERG destacou, como sendo

as mais importantes da “arte-técnica” de fazer pesquisa, coincidiu com o que fez

SCHWARZ. Relacionar o fenômeno a idéias de outros.

O trabalho visa verificar qual a concepção de função do aluno ao final do 2˚

grau. (p. 4)

Nesse item, pedimos aos alunos: “Escreva com suas palavras o que é função”.

...Acreditamos que tais explicações serão do tipo operacional, e que alguns

tentarão dar exemplos particulares, isto é, dirão que função é uma reta, ou que

função é uma parábola, etc. (p. 43)

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Os procedimentos metodológicos adotados por SCHWARZ, são

apresentados em sub itens do capítulo 2, nomeado de O Teste. Como o nome do

capítulo indica foi elaborado um teste. Por meio de uma análise a priori, realizou-

se o experimento com a aplicação do teste, após o que, foi feita uma análise a

posteriori. A seguir foram feitas diferentes análises dos resultados. Percebe-se,

embora não haja referência no texto, que o autor se inspirou em alguns

procedimentos da Engenharia Didática.

O autor explicitou que optou pela aplicação de um teste para obter

resposta a sua questão de pesquisa da seguinte maneira:

Esse procedimento pode ser identificado com mais uma das

atividades características de fazer pesquisa. Selecionar uma estratégia geral de

pesquisa para a coleta de dados.

ROMBERG descreve, resumidamente, treze métodos diferentes de

pesquisa na qual a situação existe e uma evidência específica deve ser obtida. No

entanto, o tipo de pesquisa realizada por SCHWARZ não se enquadra

exatamente em nenhum desses tipos, e por isso a denominarei de Pesquisa

Diagnóstica.

Assim, considerarei Pesquisa Diagnóstica aquela em que se

pretende investigar questões orientadas no presente e na qual o procedimento é

solicitar a participantes da situação escolhida que respondam a um conjunto de

questões estruturadas e pré-determinadas.

O teste foi aplicado a quarenta alunos da 3a série do ensino médio

de uma escola estadual da cidade de São Paulo. Os participantes eram

Elaboramos o teste dividindo-o em três partes primeiramente questões

relativas a representações gráficas, em segundo lugar questões relativas a

representações algébricas além da solicitação de que os alunos escrevam com suas

palavras o que é função e, na terceira parte apresentamos três definições, duas

operacionais e uma, para escolha do aluno. (p. 30)

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voluntários e realizaram o teste em duplas. A aplicação do teste durou 50

minutos.

A 1a parte do teste, parte A, é composta de questões relativas à

representação gráfica de função num sistema cartesiano ortogonal. Foram

apresentados três gráficos distintos para que os alunos identifiquem se eram ou

não gráficos de funções. Na 2a parte ou parte B, foram apresentadas aos alunos

questões algébricas. Segundo o autor,

Ainda nesta parte B, no item C, o autor diz que espera que o aluno

revele por meio de palavras escritas a sua concepção de função. As questões

propostas nas partes A e B foram respondidas por duplas de alunos. A 3a parte

consistiu em um teste individual. O objetivo específico dessa 3a parte é, segundo

relato do autor, verificar o que o aluno reconhece como definição de função e

mais à frente ele amplia este objetivo quando diz:

SCHWARZ ressaltou que as três partes do teste foram concebidas

de forma a não dependerem uma da outra embora pretendesse estudar como

elas se articulam entre si, isto é, se o aluno demonstraria nas 1a e 2a partes ter

uma concepção operacional de função e no teste individual indicaria a definição

estrutural de função. Percebe-se aqui uma preocupação com a qualidade dos

dados. Segundo ROMBERG, a forma como os dados da pesquisa foram

coletados e a precisão dos dados é que conferirão a validade e a confiança,

respectivamente, à pesquisa.

Todas as questões que compõem as três partes do teste foram

elaboradas de modo a evidenciarem qual o tipo de concepção de função que os

Nosso objetivo nessa parte é observar como o aluno decide se são

representações algébricas de funções, isto é, como ele verifica se é função.

(p. 38)

Nos interessa também analisar a coerência entre a resposta do aluno

nesse teste individual e as respostas de sua dupla às questões das duas

primeiras partes. (p. 46)

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alunos tinham. Essa atividade de selecionar procedimentos específicos que

esclareçam as questões se encaixa em outra das dez atividades da lista de

ROMBERG.

Apesar de, o autor ter trabalhado com porcentagens para tabelar as

respostas dadas pelos alunos, não se pode dizer que seu método de pesquisa é

prioritariamente ou exclusivamente quantitativo já que na análise a priori e na

análise a posteriori as respostas coletadas com os alunos são analisadas

qualitativamente.

Evidências dessa perspectiva podem ser encontradas nas análises,

a priori e a posteriori, de cada questão. Destaco, como exemplo, as transcrições

nos quadros a seguir.

Escolhemos a função f(x) = - x2 com contra-domínio R+. Aqui sobressairá o

fato do aluno estar trabalhando com a definição operacional ou a estrutural de

função, ou seja, se o aluno se preocupa com a correspondência entre os

elementos do Domínio R e do Contra-Domínio R+, ou se a preocupação é mais

com a dependência entre as variáveis. (p. 41 da análise a priori)

Somente o ponto do vértice da parábola tem uma única imagem, os

demais pontos da abscissa tem duas imagens, portanto essa parábola não

representa gráfico de função. Se os alunos perceberem isso, é sinal de que têm

uma visão estrutural de gráfico de função. (p. 34 da análise a priori )

Das 20 duplas participantes do teste aplicado escolhemos 4 para serem

analisadas mais profundamente. O critério de escolha das 4 duplas foi o de terem

todas as questões respondidas e comentadas. Das 4 duplas selecionadas foi

necessário entrevistar apenas 3 para maiores esclarecimentos. (p.49 da análise a

posteriori)

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Pode-se afirmar que SCHWARZ mescla métodos quantitativos e

qualitativos para interpretar as informações coletadas. A Interpretação das

informações coletadas é mais uma das atividades da lista de ROMBERG.

SCHWARZ, validou seus resultados confrontando os elementos da

análise a priori com os da análise a posteriori e situando os seus resultados em

relação aos resultados obtidos por outros acadêmicos como pode ser percebido

na transcrição do trecho a seguir.

No trecho acima o autor concluiu que a concepção dos alunos é

operacional, o que vem a confirmar a sua hipótese sobre as concepções dos

alunos.

Apoiado nos resultados de seus estudos, SCHWARZ fez sugestões

em relação ao ensino de funções.

O resultado de nossa pesquisa mostra fenômeno semelhante ao observado

por Sfard e outros pesquisadores em outros países.

A maior parte dos alunos por nós pesquisados, está adentrando o 1˚ nível,

justificando as observações da análise a posteriori, de que alguns ainda persiste

uma concepção operacional elementar de função (nível anterior ao da

interiorização), outros estão francamente na 1a fase da concepção de função.(p.

124 e 125 da Conclusão)

Diante dos fatos acima expostos, não temos outra alternativa, a não ser propor

que se reveja o processo de ensino/aprendizagem do conceito de função em

nossas escolas. O processo deve partir da realidade e conhecimento dos alunos,

sem “queimar” etapas que são naturais para essa aprendizagem. (p. 127)

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Com estas sugestões SCHWARZ, não só confirmou os estudos

anteriores de outros acadêmicos como antecipou as ações de outros.

Antecipar as ações de outros, é a atividade 10, da lista de

atividades características de fazer pesquisa, elaborada por ROMBERG.

... percebemos a necessidade de não só rever o processo de ensino e

aprendizagem da concepção de função, voltando a dar o conceito operacional de

função aos alunos de 1˚ e 2˚ grau, mas também levar em conta nesse processo os

pontos levantados por Duval de que é necessário trabalhar as diferentes

representações centrando o “jeu de cadre” nas variáveis cognitivas tanto do ponto

de vista algébrico como do ponto de vista gráfico. (p. 131)

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Autora: Nielce Meneguelo Lobo da Costa

Ano da Defesa: 1997

Número de páginas: 179

Orientadora: Professora Doutora Sandra M. P. Magina

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi investigar a influência de dois diferentes

contextos - computador e "mundo experimental" - na aprendizagem da

trigonometria.

Escolhemos como assunto alvo as funções seno e cosseno e

partimos da hipótese de que é possível introduzi-las de maneira significativa.

Preparamos uma seqüência didática e trabalhamos com dois grupos de alunos,

sendo que para um deles iniciamos o assunto por atividades no computador e

demos continuidade por manipulações no "mundo experimental" e, para o outro

grupo, a ordem de introdução foi invertida.

Nossa questão de pesquisa foi identificar qual a ordem de

introdução, por contextos, que se apresenta mais eficaz para a aprendizagem.

Assim sendo aplicamos três testes escritos: um antes de iniciar a seqüência

didática, um ao término das atividades de um dos contextos e um ao final do

estudo.

Analisamos os dados sob os seguintes pontos de vista: desempenho

dos grupos e dos sujeitos nos testes, taxa de variação de acertos por grupo,

análise dos testes por objetivo, desempenho dos grupos nos itens (subdivisões

FICHAMENTO

FUNÇÕES SENO E COSSENO: UMA SEQÜÊNCIA DE ENSINO A PARTIR DOS CONTEXTOS DO "MUNDO EXPERIMENTAL" E DO COMPUTADOR

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das questões), sua taxa de variação e análise dos erros e procedimentos.

Concluímos que a ordem de introdução do assunto interferiu na aprendizagem.

OBJETIVO

Com esta pesquisa temos o objetivo de observar a influência dos

contextos na aprendizagem. Pesquisaremos se uma mesma seqüência,

constituída de atividades nos contextos do computador e do mundo experimental,

aplicada a dois grupos de alunos, advindos de uma mesma população, sofre a

influência da ordem de aplicação de tais contextos. Teremos ainda um grupo de

referência, para o qual o assunto será desenvolvido na sala de aula.

Procuraremos ponderar sobre a eficácia de cada contexto e sua interferência no

momento da aprendizagem. (p. 79)

METODOLOGIA

Na página 81 encontra-se um resumo dos procedimentos

metodológicos adotados, com o título de "Desenho Geral do Experimento", cuja

transcrição é a seguinte:

A pesquisa envolverá 32 alunos distribuídos em três grupos, que

denominamos grupos A, B e C, sendo o primeiro o de referência e os dois últimos

os grupos experimentais. Descreveremos a seguir as cinco fases do estudo a que

eles serão submetidos.

Fase 1: Aplicação de um Pré-Teste, feita coletivamente em cada um dos grupos,

com resolução individual e sem consulta. O objetivo será a investigação do que o

aluno consegue resolver, antes das atividades.

Fase 2: Compreende a aplicação da seqüência didática, com atividades do

mundo experimental para o grupo B e as do contexto do computador para o grupo

C, com as respectivas discussões e institucionalizações locais. É necessário

esclarecer que esta fase envolverá os dois contextos simultaneamente, porém

com grupos distintos. Para o grupo A esta fase se resume às aulas ministradas

pelo professor da disciplina em sala de aula. Este grupo terá a introdução às

funções trigonométricas por meio de explicações e resoluções de problemas,

como previsto no currículo e no plano de aula de seu professor de Matemática,

que não será a pesquisadora.

Fase 3: Aplicação do Teste Intermediário para os três grupos.

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Fase 4: Compreende a continuação da aplicação da seqüência didática

envolvendo as atividades no computador para o grupo B, e as do mundo

experimental para o grupo C, incluindo para ambos discussões e a

institucionalização. O grupo A continuará com as aulas previstas.

Fase 5: Aplicação do Pós-Teste para os três grupos. O objetivo será a

investigação do que o aluno consegue resolver, depois da seqüência didática.

(p. 81)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Transcrição da introdução do capítulo III, Fundamentação teórica.

Neste capítulo apresentaremos as idéias teóricas que nortearam esta

pesquisa, vindas tanto da Psicologia Cognitiva quanto da Didática da Matemática.

A partir da primeira, que se preocupa com a aquisição do conhecimento e o

processo de formação dos conceitos, buscamos entender as questões

psicológicas ligadas ao raciocínio humano e à aprendizagem. Por meio da

segunda, que se preocupa com a transmissão do conhecimento da Matemática,

procuramos entender o processo de ensino mediado. Assim sendo,

emprestaremos algumas das idéias de Piaget, Vygotsky, Vergnaud, Nunes,

Brousseau, Douady, Duval e Balachef. A seguir, discutiremos com mais detalhes

os principais pontos teóricos desses autores, quanto à formação de conceitos e à

transposição didática, que estarão presentes em todo o nosso trabalho. (p. 32)

PALAVRAS-CHAVE

Não constam.

CONCLUSÃO

Transcrição das partes da conclusão propriamente dita.

As conclusões do experimento, [...], são que nesta pesquisa, a

ordem de introdução por contextos interferiu na aprendizagem. Seja qual for o

aspecto a partir do qual tenhamos observado, o grupo de alunos que teve maior

sucesso foi o que passou primeiro pelas atividades construídas no contexto do

"mundo experimental" e depois pelas do computador .(p.169)

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Sugestão de pesquisa:

Futuras pesquisas poderiam ser feitas com um número maior de

alunos e tendo várias duplas trabalhando simultaneamente nos ambientes de

laboratório e/ou com alunos de escolas públicas. Sugerimos que sejam feitos

testes de retenção ou acompanhamento do desempenho dos estudantes na

trigonometria, após a participação em pesquisas. Entrevistar os alunos ao término

das seqüências de introdução de funções via computador e “mundo experimental”

também pode trazer contribuições valiosas. Que [...] trariam novas informações e

fariam avançar os conhecimentos sobre a aprendizagem com o uso de modernas

tecnologias e em contextos alternativos. (p. 172)

Sugerimos estudos nos quais os alunos possam construir os

arquivos no Cabri para, em seguida, trabalhar a trigonometria no triângulo

retângulo e no ciclo trigonométrico. (p.172)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das 79 referências constantes da bibliografia, indico apenas aquelas

que se referem a autores citados no fichamento.

BALACHEF - Não consta

BROUSSEAU, G. . Les Obstacles Épistémologiques et les Problèmes en

Mathématiques. RDM. vol. 4, n° 2. 1983.

-------------------------Fondements et Méthodes de la Didatique des Mathématiques.

RDM. vol 7/2. p.333-115. 1986.

-------------------------Le Contrat Didactique: le Milieu. RDM. vol. 9/3. p. 309-336.

1988.

DOUADY, R. Jeux de Cadres et Dialectique Outil - Objet. RDM. vol. 7/2. 1986

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70

DUVAL, R. Graphiques et Équations: L' Articulation deux Registres. Annales de

Didactique et de Sciences cognitives 1. p. 235-253. IREM de Strasbourg.

1988

NUNES, T. - “Cognitive Invariants and Cultural Variation in Mathematical

Concepts”, International Journal of Behavioral Development, Vol. 15, n˚ 4.

pp 435-455, 1992.

NUNES, T; SCHLIEMANN, A & CAHARRER, D. “Street Mathematics and School

Mathematics”, Cambridge University Press, Cambridge, 1993.

NUNES, T; BRYANT, P. “Children Doing Mathematics”, Blackwell - Publishers,

London, 1996.

PIAGET, J. Biology and Knowledge, em Gruber, H. E. e Vomech, J.J. The

Essencial Piaget. Routledge and Kegan Paul Ltda. London. 1977.

----------------A Formação do Símbolo na Criança. Ed. Guanabara Koogan. Rio de

Janeiro. 1978

VERGNAUD, G. Problem Solving and Concept Development in Learning of

Mathematics. E. A. R. L. I...Second Meeting. Tübigen. September. 1987

---------------------La Théorie des Champs Conceptuels. RDM. vol. 10/2.3.p.133-170.

1990

----------------------Epistemology and Psicology in Mathematics Education em

Mathematics and Cognition. Nesher, P. e Kilpatrick, J. p. 14-30. Cambridge.

University Press. 1994

VYGOTSKY, L.S. Formação Social da Mente - O Desenvolvimento dos Processos

Psicológicos Superiores. Trad. de J. Cipolla Neto e outros. Editora Martins

Fontes. 4a Edição. São Paulo. 1991

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A dissertação de Nielce Meneguelo Lobo da COSTA foi defendida

em 16/10/1997 e teve sua banca examinadora composta por: Sandra M. P.

Magina (PUC/SP), como orientadora, Benedito Antonio da Silva (PUC/SP) e

Marcelo de Carvalho Borba (UNESP-RIO CLARO).

COSTA atribuiu à sua prática como professora e aos resultados de

uma pesquisa1 da qual participou, a motivação para estudar outras formas de

ensino das funções trigonométricas, diferentes das tradicionais.

Como professora, ela observou que os alunos viam a trigonometria

como um conteúdo “vazio de sentido”, sem relação com o cotidiano. No relato da

pesquisa da qual participou ela disse que:

Diante da exposição de motivos, descritos pela autora no capítulo I,

item 1, Problemática e Objetivo, verifica-se que a pesquisadora identificou um

fenômeno de seu interesse.

COSTA foi buscar em estudos de PIAGET, VYGOTSKY,

VERGNAUD e NUNES as idéias relacionadas com o fenômeno de seu interesse.

Isto porque estes estudiosos possuem teorias sobre o processo de formação e

evolução de conceitos.

Além destes estudos, COSTA descreveu no capítulo 3, item 5,

Revisão da Literatura; as pesquisas de BRIGUENTI (1994), BORBA (1993) e

GOMES FERREIRA (1997). Essas pesquisas têm em comum a utilização de

1 Pesquisa feita em 1996 por Gouvêa, F. A. T.; Oliveira, N.; Costa, N. M. L.; Almouloud, S.; com o objetivo de investigar as concepções dos alunos, sobre funções, ao término do 2˚ grau e início do 3˚ grau.

... muitos dos alunos não conseguiram identificar os gráficos das funções seno e

cosseno, colocados próximos a gráficos de funções de 1˚ e 2˚ Grau. (p. 1)

ANÁLISE

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softwares no ensino de funções. Entre esses trabalhos a autora deu destaque à

pesquisa1 de WENZELBURGER (1992).

COSTA, examinando as idéias de outras pessoas sobre o fenômeno

de seu interesse, executou a 3a atividade característica de pesquisa.

O estudo relatado acima, possibilitou a autora chegar a um interesse

específico que serviu de base para determinação do objetivo de sua pesquisa. Tal

objetivo é apresentado tanto no capítulo I, item 1; Problemática e Objetivo:

Como no capítulo 5, item 3; Objetivo:

Nesta segunda forma em que apareceu o objetivo, a autora

esclareceu o que entendia por interferência dos ambientes (sic p.5), quando

escreveu que iria observar a influência do contextos do computador e do

1 Nesta pesquisa a autora compara o desempenho dos estudantes que estudaram as funções trigonométricas utilizando o computador com o dos alunos que as estudaram em sala de aula utilizando apenas lápis e papel.

Este foi o único trabalho de introdução das funções trigonométricas via

computador, que encontramos na literatura. Para nós foi um trabalho

extremamente inspirador, pois pretendemos dar continuidade a este tipo de

pesquisa. (p. 51)

Nosso objetivo neste trabalho é investigar qual o tipo de interferência dos

ambientes nos quais a seqüência estará inserida na formação do conceito. (p. 5)

Com esta pesquisa temos o objetivo de observar a influência dos contextos na

aprendizagem. Pesquisaremos se uma mesma seqüência, constituída de

atividades nos contextos do computador e do mundo experimental, aplicada a dois

grupos de alunos, advindos de uma mesma população, sofre a influência da ordem

de aplicação de tais contextos. (p. 79)

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“mundo experimental” na aprendizagem. O termo contexto, por sua vez,

mereceu um item, 3.4, de quatro páginas, em que COSTA apresentou três

significados diferentes para o termo “contexto”, e optou pelo seguinte:

Uma indicação que o objetivo fornece é com relação à orientação

temporal da pesquisa. A autora pretendia saber, por meio da aplicação de uma

seqüência didática, quais seriam os efeitos da mudança de contexto sobre a

aprendizagem proposta. Trata-se, portanto, de uma pesquisa orientada para o

futuro.

Para atingir seu objetivo, COSTA utilizou como estratégia geral, a

elaboração e aplicação de uma seqüência didática como declara no trecho a

seguir.

Dentro desta abordagem COSTA selecionou procedimentos

específicos, para a coleta de dados, que estão descritos no capítulo V;

Metodologia. Os procedimentos apontados foram os seguintes:

Estudo histórico do desenvolvimento da trigonometria e do conceito

de ângulo, análise do Currículo Escolar e de livros didáticos.

Elaboração da seqüência, seguida de uma “Aplicação-piloto” feita

com uma dupla de alunos. Correção da seqüência devido a resultados da

aplicação piloto.

O contexto pode ser entendido como a situação-problema, ou o ambiente

onde a situação é construída, ou o fenômeno que dá sentido ao conceito.

Em nosso estudo, optaremos por usar o termo contexto para nos referirmos a

ambientes (“settings”) onde as situações de aprendizagem acontecerão. (p. 47)

Preparamos uma seqüência didática e trabalhamos com dois grupos

de alunos, sendo que para um deles iniciamos o assunto por atividades no

computador e demos continuidade por manipulações no "mundo experimental" e,

para o outro grupo, a ordem de introdução foi invertida. (Resumo)

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Seleção de alunos do Ensino Médio, e divisão dos mesmos em três

grupos: dois grupos experimentais e um de referência.

Aplicação de três testes: um pré-teste, um teste intermediário e um

teste final, intermediados por duas fases de aulas para o grupo referência e

aplicação das seqüências aos grupos experimentais.

A coleta de dados foi feita por intermédio das cinco fases da

aplicação da seqüência elaborada.

Essa pesquisa envolveu trinta e dois alunos da 1a e da 2a séries do

2˚ grau, interessados e disponíveis para participar do experimento.

Esses alunos foram divididos em três grupos: A, B e C. O grupo A

com dezesseis alunos, os grupos B e C com oito alunos cada um. Nesses dois

últimos os alunos trabalharam em duplas.

A 1a fase do experimento consistiu de aplicação de um pré-teste

para cada um dos componentes de cada grupo para conhecer o que os alunos

conseguiam resolver a partir de seus saberes anteriores.

A 2a fase foi a aplicação da seqüência didática composta de

atividades elaboradas no contexto do “mundo experimental”1 e no contexto do

computador.

As atividades do “mundo experimental” foram realizadas em um

Laboratório de Ensino da Matemática e consistiu de três experimentos que

permitiam a manipulação de artefatos, pelos alunos, para que esses por meio da

observação coletassem dados e produzissem tabelas e gráficos que

descrevessem os fenômenos que esses artefatos simulavam. A aplicação das

atividades do “mundo experimental” foram elaboradas em dois encontros com

duração de uma hora cada um.

1 ambiente com materiais que serão manipulados pelos alunos, tais como: relógio, areia, madeira e metal.

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As atividades do computador, realizadas no laboratório de

informática, visavam o estudo das razões trigonométricas e a introdução das

funções seno e cosseno, utilizando os softwares “Cabri II” e “Graphmática”. Para

as atividades desse contexto foram necessários quatro encontros de uma hora

cada um.

As atividades do “Mundo experimental” foram executadas pelos

alunos do grupo B, as do computador pelos alunos do grupo C e para os alunos

do grupo A, escolhido como grupo de referência, a introdução às funções

trigonométricas deu-se por meio de aulas tradicionais ministradas por seu

professor de Matemática, que não foi a pesquisadora, em sala de aula.

Quando 50% da seqüência já havia sido desenvolvida, COSTA

aplicou um teste intermediário para acompanhar a evolução do aproveitamento de

cada um dos alunos até aquela altura do experimento.

Após essa avaliação (fase 3), aos alunos do grupo B foram

aplicadas atividades do computador e aos alunos do grupo C foram aplicadas

atividades do “mundo experimental”. O grupo A continuou com as aulas

tradicionais.

A última etapa da realização do experimento foi a aplicação de um

pós-teste para investigar se a seqüência foi “frutífera” para o aluno se apropriar

dos conceitos das funções seno e cosseno.

A coleta de dados contou com gravações em áudio e vídeo,

transcrições dos ‘tapes” das sessões, notas de campo por observadores,

anotações feitas pelos estudantes nas guias de estudo durante as atividades e os

testes.

Com base em tabelas e gráficos que apresentaram as porcentagens

dos acertos dos grupos e dos alunos individualmente, COSTA analisou o

desempenho dos alunos nos testes.

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O seguinte trecho do capítulo VII, Conclusões, evidencia a

interpretação da pesquisadora para as informações coletadas com a aplicação

dos testes.

No capítulo VII, Conclusões, a autora faz sugestões que poderão

antecipar as ações de outros quando disse:

A autora dá outras sugestões de pesquisa, entretanto selecionei o

trecho acima como amostra para evidenciar que COSTA realizou a décima

atividade descrita por ROMBERG.

As conclusões do experimento, [...] são que nesta pesquisa, a ordem de

introdução por contextos interferiu na aprendizagem. Seja qual for o aspecto a partir

do qual tenhamos observado, o grupo de alunos que teve maior sucesso foi o que

passou primeiro pelas atividades construídas no contexto do “mundo experimental” e

depois pelas do computador (Grupo B). (p. 169)

Futuras pesquisas poderiam ser feitas com um número maior de alunos e

tendo várias duplas trabalhando simultaneamente nos ambientes de laboratório

e/ou com alunos de escolas públicas. Sugerimos que sejam feitos testes de

retenção ou acompanhamento do desempenho dos estudantes na trigonometria,

após a participação em pesquisas. Entrevistar os alunos ao término das

seqüências de introdução de funções via computador e “mundo experimental”

também pode trazer contribuições valiosas. (p. 172)

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Autor: Mário Servelli Rosa

Ano da Defesa: 1998

Número de páginas: 179

Orientador: Professor Doutor Saddo AG ALMOULOUD e com co-orientação do

Professor Doutor Benedito Antônio da Silva

RESUMO

O objetivo deste trabalho é criar uma seqüência didática, ou seja,

propor uma série de atividades, para que os alunos entrem em contato com os

números complexos da maneira como eles surgiram na História, e também para

que operem com esses números.

Essa maneira de introduzir os números complexos surgiu, quando

analisando alguns livros didáticos, observamos que a maioria propunha uma

equação do 2° grau, para ser resolvida, como por exemplo x2 + 1 = 0, e davam

como solução um número i tal que i2 = -1. Essa maneira de abordar esses

números, dá-nos a impressão de que na Matemática, tudo surge da inspiração de

algumas pessoas que "inventam" os conceitos. Além disso, as equações do

segundo grau não motivaram o surgimento dos complexos, uma vez que quando

a resolução de uma equação desse tipo, proveniente de um problema,

apresentava discriminante negativo, isso apenas indicava que tal problema não

tinha solução.

Na seqüência didática que vamos apresentar, pretendemos que os

alunos sintam a necessidade da extração da raiz quadrada de um número

FICHAMENTO

NÚMEROS COMPLEXOS: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA PARA

AQUISIÇÃO DO CONCEITO

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negativo, e que, operando com esses números, eles cheguem a respostas reais

de problemas concretos.

Para validar este trabalho, aplicamos um teste em alunos que já

haviam estudado os números complexos de maneira diferente daquela por nós

proposta; e o mesmo teste, para alunos que haviam realizado nossa seqüência

didática, dois meses depois desse fato. Os resultados mostraram que as nossas

atividades foram bem mais eficazes que outras maneiras de ensinar. Os alunos

que já haviam estudado os números complexos, eram do 1° ano de Engenharia

Mecânica da Universidade de Mogi das Cruzes, por isso, vindos de colégios

diferentes, com propostas de ensino diferentes, mas, por uma das respostas

dadas, concluímos que nenhum estudou como estamos propondo. (p. 4)

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é criar uma seqüência didática, ou seja,

propor uma série de atividades, para que os alunos entrem em contato com os

números complexos da maneira como eles surgiram na História, e também para

que operem com esses números. (p. 4)

Questões de pesquisa:

As questões que pretendemos responder neste trabalho são:

1a) A nossa seqüência didática possibilitará que os alunos participem

ativamente da aquisição do conceito de número complexo?

....................................................

2a) Após a aplicação da seqüência, os alunos conseguirão efetuar

operações com números complexos, inclusive as de potenciação e radiciação? (p.

26-27)

METODOLOGIA

... vamos elaborar uma seqüência didática que será aplicada a alunos do terceiro

ano do Ensino Médio, e sua validade será confirmada ou não, pelo confronto

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79

entre os resultados de testes que aplicaremos a esses alunos, e a outros, que não

estudaram através dessa seqüência. (p. 39)

Após a análise "a priori" da seqüência, passaremos à

experimentação, que é sua aplicação. Em seguida, faremos uma análise que

chamamos de análise "a posteriori" da seqüência didática. (p. 40)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No capítulo II (p. 29), o autor cita alguns conceitos da linha francesa

da Didática da Matemática, nos quais se baseou:

- as noções de dialética ferramenta e objeto e de mudança de

quadro de Régine Douady;

- a noção de registro de representação de R. Duval;

- Teoria das situações de G. Brousseau

Da Psicologia Cognitiva de PIAGET, o autor utilizou a noção de

desequilíbrio cognitivo.

PALAVRAS-CHAVE

Não constam

CONCLUSÃO

Transcrição das partes das conclusões propriamente ditas.

... parece que conseguimos obter alguns aspectos positivos, com a maior parte

dos alunos, quando da aplicação da seqüência didática:

.................

• Ao trabalharem em duplas, eles participaram ativamente da

formação do conceito de número complexo quando discutiam a

realização de cada atividade proposta.

• Tiveram a oportunidade de descobrir qual foi o motivo que levou os

matemáticos a extraírem as raízes quadradas de um número

negativo, percebendo que os conceitos matemáticos não são

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80

simplesmente inventados, mas surgem, quando da resolução de

problemas.

• Sentiram a necessidade de mudar do registro de representação

das fórmulas no quadro algébrico, para o geométrico, e

efetuaram essa mudança.

• Chegaram a soluções reais de equações, operando com raízes

quadradas de números negativos. Com isso, puderam tomar

conhecimento de que, apesar de um número complexo não

representar uma quantidade, operando-se com ele, chega-se a

resultados que são números reais. (p. 170)

... a seqüência aplicada, tendo dado significado aos números complexos, fez com

que os alunos fixassem mais as operações com esses números.

Comparando esses resultados com os obtidos com os alunos do 1°

ano do curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Mogi das Cruzes, que

não estudaram os números complexos como estamos propondo, consideramos

que a nossa proposta teve pleno êxito. (p. 175)

Sugestão de ensino:

... gostaríamos que esse trabalho pudesse influenciar os professores no sentido

de modificarem aulas puramente expositivas, por atividades nas quais os alunos

participassem ativamente do aprendizado, com significado. (p. 175)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das 28 referências constantes da bibliografia, indico apenas aquelas

que se referem a autores citados no fichamento.

BROUSSEAU, Guy. Le contrat didactique: le milieu. RDM. vol. 9 n° 3. 1988. p.309

a 336

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81

---------------------------Fondements et méthodes de la didactique des

mathématiques. RDM. vol.7 n° 2. Ed. La Pensée Sauvage. Grenoble. 1986

---------------------------Les obstacles épistémologiques et les problèmes en

mathématiques. RDM. vol. 4 n° 2. 1983

DOUADY, Régine. Un exemple d'ingénierie didactique oú sont à l'oeuvre jeux de

cadres e dialectique outil-objet. Séminaires de didactique des

mathématiques. Année 1986-1987. IRMAR de Rennes 1

DUVAL, Raymond. Semiosis et pensée humaine - Registres sémiotiques et

apprentissages intellectuels. Peter Lang S.a . Suisse. 1995

PIAGET, J: nada consta

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82

A dissertação de Mário Servelli ROSA foi defendida em 04/06/1998 e

teve a banca composta por: Benedito Antonio da SILVA (PUC/SP), Sérgio

Roberto NOBRE (UNESP-RIOCLARO) e Saddo Ag ALMOULOUD (PUC/SP)

como orientador.

ROSA manifestou a curiosidade em relação ao tema de sua

pesquisa quando questionou as diversas maneiras como os números complexos

são apresentados aos alunos do terceiro ano do ensino médio. Uma evidência

deste questionamento encontra-se no trecho transcrito para o quadro a seguir.

Está claro que ROSA identificou um fenômeno de seu interesse que

é a construção do conceito de número complexo.

O pesquisador buscou na teoria construtivista de Piaget,

principalmente na questão da “equilibração”, elementos que o auxiliassem na

compreensão do tema, como o atesta o excerto abaixo.

ANÁLISE

Os números complexos podem ser introduzidos aos alunos do 3˚ ano do

Ensino Médio de diversas maneiras, como é possível constatar-se nos livros

didáticos. (p. 24)

......................................................................................................

... observamos que a maioria propunha uma equação do 2˚ grau, para ser

resolvida, como por exemplo x2 + 1= 0, e davam como solução um número i tal

que i2 = -1. Essa maneira de abordar esses números, dá - nos a impressão de

que na Matemática, tudo surge da inspiração de algumas pessoas que “inventam”

os conceitos. ( Resumo)

No caso dos números complexos, nos parece que uma equação do segundo

grau não deverá provocar nenhum desequilíbrio cognitivo,...

[...] Para nós, o que vai provocar desequilíbrio é a resolução de uma equação do

terceiro grau... (p. 28)

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83

ROSA fundamentou-se principalmente nos didatas franceses,

Régine Douady, contribuiu com as noções de dialética ferramenta-objeto e de

“jogo de quadros”; Raymond DUVAL, com a teoria de registro de representação

semiótica e Guy BROUSSEAU, com noções da teoria das situações.

O autor encontrou nas conclusões da dissertação de Nilze de

Almeida, incentivo para tratar o ensino dos números complexos por

Ao relacionar suas idéias com as de outros pesquisadores, Rosa

executou a terceira atividade de pesquisa.

No capítulo II, item 1, Problemática, ROSA relata sua hipótese de

pesquisa.

Assim, Rosa explicitou sua conjectura inicial de pesquisa, e logo a

seguir, expôs as seguintes questões:

[...] uma abordagem [...], com atividades que façam com que os alunos se

defrontem com esses números, como os matemáticos o fizeram, conforme mostra a

historia (p.25)

Nossa hipótese é a seguinte: para que os alunos vejam sentido nas

operações com números complexos, é necessário colocá-los numa situação na

qual se deparem com um problema que tenha soluções reais, mas, para chegar a

elas, devem trabalhar com raízes quadradas de números negativos. (p. 26)

1a) A nossa seqüência didática possibilitará que os alunos

participem ativamente da aquisição do conceito de número complexo?

....................................................

2a) Após a aplicação da seqüência, os alunos conseguirão efetuar

operações com números complexos, inclusive as de potenciação e radiciação? (p.

26-27)

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84

Em busca de respostas a essas questões, o pesquisador

estabeleceu como objetivo de pesquisa:

Para alcançar seu objetivo Rosa declarou no capítulo II, item 3,

Metodologia, qual a estratégia geral de pesquisa que iria utilizar:

Os procedimentos específicos de coleta de dados utilizados por

ROSA foram: a aplicação de um questionário a trinta e um alunos do 1˚ ano de

engenharia; uma aplicação “piloto” da seqüência didática; a realização das treze

atividades da seqüência e a aplicação de um teste a quinze alunos que

participaram do experimento.

Para elaborar as atividades da seqüência didática, o autor fez: um

estudo histórico e epistemológico dos números complexos, uma análise da

Proposta Curricular para o Ensino de Matemática do 2˚ grau e uma análise de

livros didáticos. Foi feita uma análise a priori de cada atividade da seqüência para

prever o possível comportamento dos alunos e permitir, uma futura confrontação

com o comportamento que eles, de fato, tiveram e uma análise a posteriori dos

fatos, comportamentos e dos erros observados.

A coleta de dados foi feita quando da aplicação da seqüência

didática. Essa foi aplicada, pelo próprio pesquisador, a um grupo de dezoito

O objetivo deste trabalho é criar uma seqüência didática, ou seja, propor

uma série de atividades, para que os alunos entrem em contato com os números

complexos da maneira como eles surgiram na História, e também para que operem

com esses números. (p. 4)

Para tanto, vamos elaborar uma seqüência didática que será aplicada a

alunos do terceiro ano do Ensino Médio, e sua validade será confirmada ou não,

pelo confronto entre os resultados de testes que aplicaremos a esses alunos, e a

outros, que não estudaram através dessa seqüência. (P. 39)

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85

alunos do terceiro ano do ensino médio, em três sessões com duas horas de

duração cada uma.

A primeira sessão consistiu em realizar quatro atividades, na

segunda cinco atividades e na terceira e última sessão, quatro atividades. Durante

as três sessões os alunos trabalharam em duplas.

Dois meses após a aplicação da seqüência, o pesquisador aplicou

um teste a quinze alunos que participaram das atividades da seqüência, para

verificar a possível evolução de seus conhecimentos sobre números complexos.

Dentre as conclusões do autor transcrevo abaixo as que estão

diretamente ligadas ao objetivo proposto. O autor declarou que a maior parte dos

alunos, quando da aplicação da seqüência didática:

Além disso, o pesquisador afirmou que:

• [...]

• Tiveram a oportunidade de descobrir qual foi o motivo que levou os matemáticos a

extraírem as raízes quadradas de um número negativo, percebendo que os conceitos

matemáticos não são simplesmente inventados, ...

• [...]

• ... puderam tomar conhecimento de que, apesar de um número complexo não

representar uma quantidade, operando-se com ele, chega-se a resultados que são

números reais. ... (p. 170)

... a seqüência aplicada, tendo dado significado aos números complexos, fez com que os

alunos fixassem mais as operações com esses números.

Comparando esses resultados com os obtidos com os alunos [...] que não estudaram

os números complexos como estamos propondo, consideramos que a nossa proposta

teve pleno êxito. (p. 175)

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86

Embasado nos resultados de sua experiência, ROSA fez a seguinte

sugestão de ensino:

... gostaríamos que esse trabalho pudesse influenciar os professores no sentido de

modificarem aulas puramente expositivas, por atividades nas quais os alunos

participassem ativamente do aprendizado, com significado. (p. 175)

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87

LOGARITMOS: PROPOSTA DE UMA SEQÜÊNCIA DE ENSINO

Autora: Monica Karrer

Ano da Defesa: 1999

Número de páginas: 191

Orientadora: Professora Doutora Sandra M. P. Magina

RESUMO

O objetivo deste trabalho consistiu em investigar se uma seqüência

didática significativa para o ensino dos logaritmos, aliada ao uso da calculadora,

favoreceria a formação deste conceito.

Para isso, construímos uma seqüência de ensino, fundamentada nas

teorias psicológicas e educacionais, que partiu de situações-problema

exponenciais. Neste caso, o logaritmo foi introduzido como uma necessidade de

estudo, assumindo o papel de ferramenta para a resolução desses problemas.

Trabalhamos com dois grupos: experimental e de referência. Estes

se submeteram a um pré-teste antes de serem introduzidos neste novo conceito,

para em seguida estudarem os logaritmos segundo abordagens distintas.

Enquanto o grupo experimental realizou o estudo através de nossa

seqüência, o grupo de referência seguiu a abordagem tradicional apresentada nos

livros didáticos. Por fim, os dois grupos realizaram um pós-teste, cujos resultados

foram analisados sob os seguintes pontos de vista: análise do desempenho geral

dos grupos, dos desempenhos por item, por objetivo e por indivíduo e por fim a

análise da qualidade dos erros e dos procedimentos. A conclusão obtida é a de

LOGARITMOS: PROPOSTA DE UMA SEQÜÊNCIA DE ENSINO

UTILIZANDO A CALCULADORA

FICHAMENTO

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88

que a abordagem desenvolvida por nossa seqüência favoreceu a formação do

conceito de logaritmo para esse grupo.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho consistiu em investigar se uma seqüência

didática significativa para o ensino dos logaritmos, aliada ao uso da calculadora,

favoreceria a formação deste conceito. (Resumo)

Questão de pesquisa:

... a nossa questão de pesquisa consiste em estudar se a introdução do conceito

de logaritmo a partir de problemas desafiadores e significativos, nos quais o

mesmo assume o papel de ferramenta de resolução de uma equação

exponencial, favorece a formação de seu conceito. (p. 5)

METODOLOGIA

Foi realizada uma aplicação preliminar de nossa seqüência didática,

a qual denominamos de "estudo piloto". A partir da análise de seus resultados,

efetuamos algumas alterações no seu desenho, sem contudo mudar a sua

essência. (p. 70)

Nosso experimento incluiu três fases, a saber:

• A fase 1 envolveu um teste inicial (pré-teste), composto de 6

questões sobre a função exponencial e o logaritmo, ...

• A fase 2 foi dedicada ao processo ensino-aprendizagem do

logaritmo. Foi aqui que desenvolvemos a nossa seqüência didática

com um dos grupos, enquanto que o outro teve contato com o tema

na escola, dentro da sala de aula;

• Na fase 3, os dois grupos novamente se submeteram a um segundo

teste nos moldes do primeiro. ... (p. 74)

Page 89: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

89

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em relação à fundamentação teórica de nosso trabalho,

destacaremos principalmente, contribuições da Psicologia Cognitiva dadas por

Piaget, Vygotsky e Vergnaud. Além dessas, tomaremos emprestadas algumas

idéias teóricas advindas da Didática da Matemática Francesa, especialmente a

noção de obstáculo aplicada à Matemática de Guy Brousseau e o jogo de

quadros de Régine Douady. (p. 9)

PALAVRAS-CHAVE

Não constam

CONCLUSÃO

Transcrição das partes das conclusões propriamente ditas.

... acreditamos que a abordagem de nossa seqüência favoreceu a construção do

conceito de logaritmo. Isto porque, apesar das dificuldades apresentadas durante

a aplicação de nossa seqüência, o grupo experimental obteve sucesso em todos

os aspectos, o que não podemos afirmar com relação ao grupo de referência.

Para que o leitor tenha clara esta afirmação, mostraremos de forma resumida os

principais resultados já descritos no capítulo V. Vimos que nas análises do

desempenho geral e do percentual de acertos por item, o grupo experimental

atingiu um patamar consideravelmente superior que o alcançado pelo grupo de

referência. Além disso, os erros cometidos pelo grupo experimental ao final do

estudo não eram específicos do conteúdo dos logaritmos. Já o grupo de

referência cometeu todos os erros categorizados, inclusive aqueles localizados

nos logaritmos. Notamos superação de erros no grupo experimental, fato que não

pôde ser verificado em relação ao outro grupo, devido ao grande número de

questões deixadas "em branco". (p. 179)

A calculadora representou, para os alunos do grupo experimental,

um instrumento extremamente eficaz, visto que possibilitou centrar a atenção no

conceito e não nas técnicas de cálculo. (p. 182)

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90

Sugestões de pesquisa:

... propomos para os pesquisadores de Educação Matemática, que trabalhem

com maior ênfase a linguagem matemática de tal forma a permitir aos alunos a

apropriação dessa simbologia. (p. 184)

... como sugestões de pesquisa, acreditamos ser de vital importância desenvolver

estudos sobre a relação entre a simbologia apresentada nas definições

matemáticas e o significado atribuído pelos alunos. (p. 184)

Sugestões de ensino:

... acreditamos que não haverá necessidade de grandes adaptações na

seqüência por outro educador, caso queira utilizá-la em sala de aula. (p. 181)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das referências constantes da bibliografia, indico apenas aquelas

que se referem a autores citados no fichamento.

BROUSSEAU, Guy. Le contrat didactique: le milieu. RDM. vol. 9 n° 3. 1988. p.309

a 336

---------------------------Fondements et méthodes de la didactique des

mathématiques. RDM. vol.7 n° 2. Ed. La Pensée Sauvage. Grenoble. 1986

---------------------------Les obstacles épistémologiques et les problèmes en

mathématiques. RDM. vol. 4 n° 2. 1983

DOUADY, R. Jeux de Cdres et Dialectique Outil - Objet. RDM. vol. 7/2. 1986

VERGNAUD, G. Problem Solving and Concept Development in Learning of

Mathematics. E. A. R. L. I...Second Meeting. Tübigen. September. 1987

Page 91: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

91

---------------------La Théorie des Champs Conceptuels. RDM. vol. 10/2.3.p.133-170.

1990

----------------------Epistemology and Psicology in Mathematics Education em

Mathematics and Cognition. Nesher, P. e Kilpatrick, J. p. 14-30. Cambridge.

University Press. 1994

VIGOTSKY, L.S. Formação Social da Mente - O Desenvolvimento dos Processos

Psicológicos Superiores. Trad. de J. Cipolla Neto e outros. Editora Martins

Fontes. 4a Edição. São Paulo. 1991

-----------------------Pensamento e Linguagem. Tradução de J. L. Camargo. São

Paulo. Martins Fontes. 1993

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92

Defendida em 23/03/1999, a dissertação de Monica KARRER teve

sua banca composta pela orientadora Sandra M. P. MAGINA (PUC/SP), por Tânia

M. M. Campos (PUC/SP) e Verônica G. G. FERREIRA (UFPE).

No capítulo I, item 1, Problemática e Objetivo, KARRER esclareceu

como surgiu o seu interesse em estudar o processo de formação do conceito de

logaritmo.

Assim, KARRER realizou a primeira atividade de pesquisa que é a

identificação do fenômeno de seu interesse.

KARRER fundamentou-se nas teorias de PIAGET, VYGOTSKY e

VERGNAUD; para melhor compreender os processos de aquisição do

conhecimento e de formação de conceitos matemáticos. Além disso, utilizou

algumas noções da Didática da Matemática Francesa, como a noção de

obstáculo de Guy BROUSSEAU e a de “jogo de quadros” de Régine DOUADY.

A autora investigou trabalhos de pesquisadores sobre o ensino de

logaritmos, dentre eles o de Jere CONFREY; e, também sobre o uso de

calculadoras, nesse caso evidenciando trabalhos de Marcelo BORBA em

colaboração com outros.

Interessada em estudar o processo de formação do conceito de

logaritmo Karrer elaborou a questão de pesquisa que consistiu

ANÁLISE

... pudemos notar que existem problemas no processo ensino-aprendizagem desse

conteúdo e, conseqüentemente, na formação de seu conceito. Tais dificuldades

inicialmente puderam ser percebidas tanto através de nossa própria experiência

docente como em discussões com colegas da área. ( p. 1)

Page 93: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

93

Tal questão teve como hipótese:

Na procura por resposta à sua questão, a pesquisadora definiu como

objetivo da pesquisa:

Embora a autora não tenha declarado explicitamente sua

metodologia, ela explicou sua estratégia geral de pesquisa, da seguinte maneira:

[...] que se o aluno interage com a introdução desse conteúdo através de

situações significativas, o mesmo terá condições de construir o conceito de

logaritmo. (p. 6)

... em estudar se a introdução do conceito de logaritmo a partir de problemas

desafiadores e significativos, nos quais o mesmo assume o papel de ferramenta de

resolução de uma equação exponencial, favorece a formação de seu conceito.

(p. 5)

... investigar se uma seqüência didática significativa para o ensino dos logaritmos,

aliada ao uso da calculadora, favoreceria a formação deste conceito. (Resumo)

Page 94: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

94

Da leitura da obra, depreendi que KARRER realizou os seguintes

procedimentos específicos: estudo histórico e epistemológico do conceito de

logaritmos e a análise de seis livros didáticos, elaboração da seqüência, aplicação

preliminar ou “estudo piloto”, aplicação da seqüência para duplas de alunos

utilizando calculadoras, cujas discussões foram gravadas, e, finalmente um pós-

teste. Para validação a autora comparou os resultados obtidos pelos grupos

experimental e de referência, no pré e pós-teste.

Os dados foram coletados em três diferentes momentos: o pré-teste

colheu dados sobre o desempenho do grupo de referência, uma turma de vinte e

nove alunos, da 1a série do ensino médio de um colégio A e do grupo

experimental, treze alunos da 1a série do ensino médio de um colégio B. O

segundo momento, foi o da aplicação da seqüência para os alunos do grupo

experimental, realizada em cinco sessões. O terceiro momento foi o da realização

do pós-teste.

Foi realizada uma aplicação preliminar de nossa seqüência didática, a qual

denominamos de "estudo piloto". A partir da análise de seus resultados,

efetuamos algumas alterações no seu desenho, sem contudo mudar a sua

essência. (p. 70)

Nosso experimento incluiu três fases, a saber:

• A fase 1 envolveu um teste inicial (pré-teste), composto de 6

questões sobre a função exponencial e o logaritmo, ...

• A fase 2 foi dedicada ao processo ensino-aprendizagem do

logaritmo. Foi aqui que desenvolvemos a nossa seqüência

didática com um dos grupos, enquanto que o outro teve

contato com o tema na escola, dentro da sala de aula;

• Na fase 3, os dois grupos novamente se submeteram a um

segundo teste nos moldes do primeiro. ... (p. 74)

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Para validar os resultados de sua pesquisa KARRER fez análises

dos desempenhos dos dois grupos nos testes. Essas análises consistiram em

“tabulação numérica (porcentagem de acertos) acompanhadas das discussões

dos resultados obtidos”.

No capítulo VI, item 3, Discussão e conclusões, KARRER

apresentou a interpretação dos resultados de sua coleta de dados.

Além disso a autora relevou o fato de que:

KARRER antecipou as ações de outros pesquisadores, fazendo

sugestões de pesquisa:

... acreditamos que a abordagem de nossa seqüência favoreceu a

construção do conceito de logaritmo. Isto porque, apesar das dificuldades

apresentadas durante a aplicação de nossa seqüência, o grupo experimental

obteve sucesso em todos os aspectos, o que não podemos afirmar com relação

ao grupo de referência. [...]Vimos que nas análises do desempenho geral e do

percentual de acertos por item, o grupo experimental atingiu um patamar

consideravelmente superior que o alcançado pelo grupo de referência. Além

disso, os erros cometidos pelo grupo experimental ao final do estudo não eram

específicos do conteúdo dos logaritmos. Já o grupo de referência cometeu

todos os erros categorizados, inclusive aqueles localizados nos logaritmos.

Notamos superação de erros no grupo experimental, fato que não pôde ser

verificado em relação ao outro grupo, devido ao grande número de questões

deixadas "em branco". (p. 179)

A calculadora representou, para os alunos do grupo experimental, um instrumento

extremamente eficaz, visto que possibilitou centrar a atenção no conceito e não nas

técnicas de cálculo. (p. 182)

Page 96: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

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e, sugestão de ensino:

A partir do observado, propomos para os pesquisadores de Educação Matemática,

que trabalhem com maior ênfase a linguagem matemática de tal forma a permitir

aos alunos a apropriação dessa simbologia. (p. 184)

....como sugestões de pesquisa, acreditamos ser de vital importância desenvolver

estudos sobre a relação entre a simbologia apresentada nas definições

matemáticas e o significado atribuído pelos alunos. (p. 184)

... acreditamos que não haverá necessidade de grandes adaptações na seqüência

por outro educador, caso queira utilizá-la em sala de aula. (p. 181)

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Autora: Rosana Nogueira de Lima

Ano da Defesa: 1999

Número de páginas: 113

Orientador: Professor Doutor Saddo Ag Almouloud

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo estudar métodos geométricos e

algébricos de resolução de equações de terceiro grau, observando as vantagens

e desvantagens de cada um.

Para isso, construímos uma seqüência didática, enfatizando o

método geométrico de Omar Khayyam, matemático árabe do século XII. Foi feita

uma pesquisa histórica, e este método foi escolhido por utilizar o quadro

geométrico, quadro este pouco explorado em sala de aula. Utilizamos, também,

na seqüência, a fórmula de Cardano e o dispositivo de Briot - Ruffini para resolver

equações cúbicas.

Aplicamos nossa seqüência a dois grupos. O primeiro, formado por

quatro alunos do curso de Ciência da Computação da PUC/SP. O segundo,

formado por alunos da terceira série do ensino médio, do Colégio Vera Cruz; no

início, contávamos com 32 alunos, ao final, eles eram em número de 6. A

abstenção, ao final da aplicação, se deve, principalmente, a época em que a

seqüência foi aplicada.

FICHAMENTO

RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DE TERCEIRO GRAU ATRAVÉS DE

CÔNICAS

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98

Com resultados obtidos, vemos que o quadro geométrico dificilmente

é usado pelos alunos ao tentar resolver um problema. O método de Omar

Khayyam foi considerado o mais prático deles, pois pode ser usado para qualquer

equação cúbica. A fórmula de Cardano causa problemas aos alunos que não

conhecem números complexos e o dispositivo de Briot-Ruffini só pode ser usado

quando a equação que se quer resolver tem uma raiz inteira.

Os alunos perceberam, também, que podem escolher que caminho

seguir, para resolver uma equação de terceiro grau, dependendo de seus

coeficientes. Além disso, o quadro geométrico, agora, é levado em consideração.

OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo estudar métodos geométricos e

algébricos de resolução de equações de terceiro grau, observando as vantagens

e desvantagens de cada um. (Resumo)

Nossa proposta é apresentar alguns métodos geométricos e

algébricos de resolução de cúbicas, com o objetivo de levar os alunos a compará-

los, compreendendo suas diferenças e vantagens. (p. 38)

Questões de pesquisa:

• Estes métodos são suficientes para que o aluno tenha uma visão geral de

resolução de cúbicas?(p.39)

• O aluno terá mais facilidade com métodos geométricos ou algébricos?(p.39)

• O método de Omar Khayyam é o mais adequado para utilização do aluno por

ser de simples construção geométrica, se usado sem o auxílio do

computador?(p.40)

• A fórmula de Cardano pode trazer problemas na resolução algébrica?(p.40)

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99

METODOLOGIA

A meta de nosso trabalho é construir e aplicar uma seqüência

didática... (p. 8)

Iniciamos com uma pesquisa histórica, procurando os diferentes

métodos de resolução de cúbicas [...]...(p.9)

Um estudo de manuais didáticos [...]Analisamos também as

propostas curriculares do Estado de São Paulo,... ...(p.9)

[...] aplicamos um questionário inicial, ...(p.9)

[...] desenvolvimento e a aplicação de uma seqüência didática (p.11)

[...] usamos Cabri-géomètre [...]

Para analisar os dados colhidos, utilizamos os softwares estatísticos

Chic e Chadoc, estudando análises multidimensionais.[p.10]

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

... a Transposição Didática de Yves Chevallard

... a dialética ferramenta-objeto e o jogo de quadros presentes na

teoria de Régine Douady

... os registros de representação de Raymond Duval.

... o conceito de contrato didático (p.4)

Rosa coloca [...] que os alunos [...] nunca tinham utilizado um

método gráfico para encontrar raízes reais de qualquer equação. Imaginamos que

isso possa vir a acontecer em nosso trabalho, pois pretendemos fazer nosso

estudo com alunos do mesmo nível. Esse dado de sua pesquisa, entretanto,

reforça nossa hipótese de que o quadro geométrico é pouco explorado pelos

professores ao ensinar equações. (p.38)

PALAVRAS-CHAVE

Não constam

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100

CONCLUSÕES

Transcrição das partes das conclusões propriamente ditas.

... os métodos utilizados nessa seqüência didática são suficientes

para dar, aos alunos, uma visão geral de resolução de equações cúbicas. ...

(p. 107)

Vimos que os que estudaram nossa seqüência continuam muito

ligados ao quadro algébrico, e este parece ser o quadro com o qual eles têm

maior facilidade.... (p. 107)

A fórmula de Cardano foi descartada como possibilidade de uso. Um

fator determinante para isto é a dificuldade de calcular as raízes, sem o auxílio de

uma calculadora, ... (p. 108)

O método de Omar Khayyam foi unanimemente considerado o

melhor desses métodos apresentados. Os fatores que levaram os alunos a esta

conclusão são a possibilidade de encontrar a quantidade de raízes reais que a

equação possui, ao menos um valor aproximado para cada uma delas e

principalmente a possibilidade de uso para qualquer equação. (p. 108)

Sugestões de ensino:

Alguns tópicos devem ser observados pelo professor que se

interesse em aplicar a seqüência didática deste trabalho a seus alunos: (p. 99)

Os métodos de resolução de equações de terceiro grau, estudados

em nossa seqüência didática, podem dar ao aluno uma visão das formas

possíveis de se manipular uma equação para resolvê-la. (p. 101)

Do ponto de vista didático, os métodos geométricos são muito úteis

para introduzir o estudo de resolução de equações de terceiro grau, ... (p. 109)

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101

Sugestões de pesquisa:

A possibilidade de adaptação das atividades de nossa seqüência

para uso de Cabri-géomètre II deveria ser estudada. (p. 101)

Um estudo deveria ser feito, preocupando-se em verificar se

teoremas, relações e fórmulas, válidas todas para equações polinomiais de grau

n, são melhor compreendidas se primeiro for estudado um caso particular, para

depois serem generalizados os resultados obtidos. Isso acompanharia, então, o

desenvolvimento histórico de equações polinomiais.

Um estudo interessante também seria pesquisar se equações de

quarto grau podem ser resolvidas por meio de cônicas, como fizemos aqui com

equações cúbicas. (p. 102)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das referências constantes da bibliografia, indico apenas aquelas

que se referem a autores citados no fichamento.

BROUSSEAU, Guy. “Os diferentes papéis do professor”, In: Didática da

Matemática - Reflexões Psicopedagógicas. Organizadoras: Cecília Parra e

Irma Saiz, Editora Artes Médicas - Porto Alegre - RS, 1996, páginas 48 a

73.

DOUADY, Régine. Un processus d'apprentissage du concept d'aire de surface

plane. Educational Studies in Mathematics. vol. 20. n° 4. 1989

-------------------------Des apports de la didactique des mathematiques a

l'enseignement. In REPERES - IREM n° 6. janeiro/1992. pp.132 a 158

DUVAL, R. Registres de représentation sémiotique et fonctionnement cognitif de

la pensée. IREM de Strasbourg. n° 5. 1993. pp. 37

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102

Defendida em 29/04/1999 a dissertação de Rosana Nogueira LIMA

teve sua banca examinadora composta por: Sado Ag. ALMOULOUD (PUC/SP),

como orientador; Sônia B. C. IGLIORI (PUC/SP) e Circe Mary S. S. DYNNIKOV

(UFES).

LIMA identificou como fenômeno de seu interesse, o ensino e

aprendizagem de equações do terceiro grau.

Observando como os livros didáticos apresentavam os métodos de

resolução de equações de grau n, LIMA verificou que esses livros, além de não

apresentarem métodos geométricos, também não apresentavam métodos de

resolução que fossem específicos para equações de grau três. A partir desta

constatação a autora declara que:

LIMA embasou-se em didatas da matemática franceses,

principalmente em Régine DOUADY, com as noções de “jogo de quadros” e

dialética ferramenta-objeto.

Além de DOUADY, a pesquisadora utilizou a teoria de registro de

representação semiótica de Raymond DUVAL, conforme trecho abaixo.

ANÁLISE

A escolha deste tema partiu da curiosidade em observar como os alunos

recebem um método de resolução de equações de terceiro grau diferente dos que

eles estão acostumados a encontrar em livros didáticos, ... (p. 1)

Em nosso trabalho, utilizamos as cônicas primeiro como objetos de estudo,

para mais tarde dar a elas o estatuto de ferramentas explícitas que serão usadas na

resolução de equações do terceiro grau. (p. 7)

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103

Outros teóricos como: Yves Chevallard e Guy Brousseau

subsidiaram sua pesquisa com as teorias da transposição didática e da teoria das

situações respectivamente.

A autora declarou que encontrou apenas uma “pesquisa” sobre o

tema de seu interesse, a de Mario Servelli ROSA, dissertação analisada neste

trabalho, anteriormente.

Uma vez identificado o fenômeno de seu interesse, LIMA levantou

as seguintes questões:

A hipótese apresentada por LIMA era de que ao apresentar o

método geométrico de Omar Kayyam e a fórmula de Cardano (método algébrico),

os alunos optariam pelo método geométrico, por ser simples de construir sem o

computador, ao contrário da fórmula de Cardano, que pode trazer complicações

para o aluno quando exige o conhecimento de números complexos.

... a conversão de registros é fundamental em nossa seqüência, na medida em que

a mudança do quadro algébrico para o geométrico implica mudança do registro

equação para o registro gráfico. (p. 8)

• Estes métodos são suficientes para que o aluno tenha uma visão geral de resolução de

cúbicas?(p.39)

• O aluno terá mais facilidade com métodos geométricos ou algébricos?(p.39)

• O método de Omar Khayyam é o mais adequado para utilização do aluno por ser de

simples construção geométrica, se usado sem o auxílio do computador?(p.40)

• A fórmula de Cardano pode trazer problemas na resolução algébrica?(p.40)

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104

Como objetivo de pesquisa a autora especificou que:

Embora neste trecho, não haja explicitação de que este seja o

“objetivo oficial” do trabalho, penso que nesta versão a pesquisadora esclareceu

melhor a que fim se destinou, seu estudo sobre as vantagens e desvantagens dos

métodos geométricos e algébricos de resolução de equações de terceiro grau.

O método geométrico a que se refere LIMA, é o método de Omar

Kayyam, e os métodos algébricos são aqueles que utilizam, a fórmula de

Cardano-Tartaglia e o dispositivo de Briot-Ruffini.

LIMA afirmou que:

“A meta de nosso trabalho é construir e aplicar uma seqüência didática”... (p. 8)

para tanto utilizou os seguintes procedimentos de investigação:

Nossa proposta é apresentar alguns métodos geométricos e algébricos de

resolução de cúbicas, com o objetivo de levar os alunos a compará-los,

compreendendo suas diferenças e vantagens. (p. 38)

Iniciamos com uma pesquisa histórica, procurando os diferentes

métodos de resolução de cúbicas [...]...(p.9)

Um estudo de manuais didáticos [...]Analisamos também as

propostas curriculares do Estado de São Paulo,... ...(p.9)

[...] aplicamos um questionário inicial, ...(p.9)

[...] desenvolvimento e a aplicação de uma seqüência didática

(p.11)

[...] usamos Cabri-géomètre [...]

Para analisar os dados colhidos, utilizamos os softwares

estatísticos Chic e Chadoc, estudando análises multidimensionais.[p.10]

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105

A coleta de dados se deu por meio da aplicação da seqüência

didática elaborada. Participaram, do experimento, dezesseis duplas de alunos da

terceira série do ensino médio, sendo que, na quarta e última sessão,

compareceram apenas três duplas. A autora conduziu os trabalhos e contou com

um observador.

Como resposta às suas questões de pesquisa, a pesquisadora

respondeu à primeira questão, afirmando que:

Para a segunda questão, “ o aluno terá mais facilidade com métodos

algébricos ou geométricos?”, sua resposta foi:

Sobre as possíveis dificuldades dos alunos com a fórmula de

Cardano, referente a terceira questão, a autora concluiu que os estudantes

descartaram seu uso pelas dificuldades de cálculo. E, finalmente, LIMA,

respondeu à ultima questão, da seguinte forma:

... os métodos utilizados nessa seqüência didática são suficientes para dar, aos

alunos, uma visão geral de resolução de equações cúbicas. ... (p. 107)

Vimos que os que estudaram nossa seqüência continuam muito ligados ao

quadro algébrico, e este parece ser o quadro com o qual eles têm maior facilidade. ...(p.

107)

O método de Omar Khayyam foi unanimemente considerado o melhor desses

métodos apresentados. Os fatores que levaram os alunos a esta conclusão são a

possibilidade de encontrar a quantidade de raízes reais que a equação possui, ao

menos um valor aproximado para cada uma delas e principalmente a possibilidade

de uso para qualquer equação. (p. 108)

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106

A autora concluiu que atingiu seu objetivo de pesquisa, pois

conseguiu com a sua seqüência didática, que o aluno desenvolvesse uma atitude

de mobilização de outros métodos, o que permitirá que esse aluno possa utilizar o

método geométrico como opção na resolução de cúbicas.

A autora fez sugestões de pesquisa que poderão antecipar as ações

de outros quando disse que:

LIMA, também fez sugestões de ensino:

Um estudo deveria ser feito, preocupando-se em verificar se teoremas, relações e

fórmulas, válidas todas para equações polinomiais de grau n, são melhor

compreendidas se primeiro for estudado um caso particular, para depois serem

generalizados os resultados obtidos. Isso acompanharia, então, o desenvolvimento

histórico de equações polinomiais.

Um estudo interessante também seria pesquisar se equações de quarto grau

podem ser resolvidas por meio de cônicas, como fizemos aqui com equações

cúbicas. (p. 102)

Os métodos de resolução de equações de terceiro grau, estudados em

nossa seqüência didática, podem dar ao aluno uma visão das formas possíveis de

se manipular uma equação para resolvê-la. (p. 101)

Do ponto de vista didático, os métodos geométricos são muito úteis para

introduzir o estudo de resolução de equações de terceiro grau, ... (p. 109)

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RESOLUÇÃO DE SISTEMAS LINEARES PARAMETRIZADOS E

Autora: Ivete Mendes de Freitas

Ano da Defesa: 1999

Número de páginas: 79

Orientadora: Professora Doutora Silvia Dias Alcântara Machado

RESUMO

Os sistemas lineares parametrizados são amplamente utilizados na

Álgebra Linear. Sua primeira aprendizagem se dá no 2° grau, no entanto, algumas

pesquisas indicam a dificuldade apresentada por alunos do 3° grau quando da

interpretação das soluções desse tipo de sistema. Esta pesquisa objetivou

diagnosticar o sentido que os alunos do final do 2° grau dão às soluções desse

tipo de sistema, através de questões sobre a relação que estabelecem entre a

solução de um dado sistema, de no máximo 3 incógnitas, e sua representação

gráfica. As conclusões apontam a necessidade de se desenvolver o ensino desse

tópico, dando ênfase as representações gráficas e as conversões entre o registro

gráfico e algébrico, a fim de atribuir um significado às soluções dependentes de

parâmetro

OBJETIVO

... defini como objetivo de minha pesquisa proceder a um

diagnóstico sobre a interpretação que alunos do 2° grau dão às soluções de um

sistema de equações lineares parametrizado. (p. 10)

FICHAMENTO

RESOLUÇÃO DE SISTEMAS LINEARES PARAMETRIZADOS E SEU

SIGNIFICADO PARA O ALUNO

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METODOLOGIA

Para esta investigação utilizei, sobretudo, os princípios da

Engenharia Didática como metodologia de pesquisa. (p. 23)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta pesquisa foi elaborada com base em elementos teóricos que

fundamentam pesquisas em Didática Matemática e em alguns trabalhos de

pesquisadores que abordaram o tema. A noção de registros de representação de

Raymond Duval, orientou-me com relação à elaboração do questionário a ser

respondido pelos alunos e fundamentou as sugestões apontadas pela pesquisa

para o ensino/aprendizagem dos sistemas lineares parametrizados. (p. 11)

A tese de Marlene DIAS, por tratar do ensino da Álgebra Linear,

assunto esse estreitamente relacionado aos sistemas lineares, também contribuiu

para o encaminhamento dessa pesquisa. (p.11)

II.1.2 Mudança de quadros e a dialética ferramenta-objeto.

As noções de quadro e a dialética ferramenta-objeto foram

propostas por Régine Douady, ... (p. 15)

PALAVRAS-CHAVE

Conversão entre registros de representação, sistemas lineares

parametrizados, parâmetros, incógnitas.

CONCLUSÕES

Transcrição das partes das conclusões propriamente ditas.

... as questões propostas colocaram em evidência as dificuldades

dos alunos para compreender o papel dos parâmetros nas resoluções e nas

soluções de um sistema de equações lineares. (p. 73)

Foi possível concluir que o reconhecimento de uma reta associada a

uma equação é feito basicamente por atribuição de valores às variáveis,...

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109

... o aluno não recorre aos conceitos de coeficiente angular e linear;

isto é, não observa as características dos gráficos... (p. 73)

... a maior parte dos alunos que responderam ao questionário não

estabelece uma relação entre o número de soluções do sistema e os pontos de

intersecções das retas que o representam. (p. 74)

Sugestão de ensino:

Concluo, finalmente, sugerindo que o recurso à mudança de

registros, do algébrico para o gráfico e vice-versa e a conversão de registros, que

permite observar as alterações nos tipos de soluções dos sistemas lineares,

podem se constituir numa estratégia eficaz que favoreça a compreensão e a

atribuição de significado aos sistemas lineares parametrizados. (p. 76)

Sugestão de pesquisa:

...os alunos não relacionam a solução de um sistema com os pontos comuns

entre as retas que o representam.

Esse seria um ponto a ser priorizado por uma seqüência

didática.(p.72)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das referências constantes da bibliografia, indico apenas aquelas

que se referem a autores citados no fichamento.

DIAS, M. A. Les problèmes d'articulation entre points de vue "cartesien" et

"paramétrique" dans l'enseignement de l'algèbre linéaire. Université de

Paris VII. Denis Diderot. 1998

DOUADY, R. Jeux de cadres et dialectique outil-objet dans l’enseignement des

mathématiques - Universite Paris VII, 1984.

---------------- Didactique des mathematiques, Universite Paris VII, França, 1984.

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110

DUVAL, R. As representações gráficas: Funcionamento e condições de sua

aprendizagem. Tradução do pré-print fornecido pelo autor: Osmar Schwarz

e Silvia Machado. 1986

--------------- Graphiques et equations: L' Articulation de deux registres. Annales de

Didactique et de Sciences Cognitives. IREM de Strasbourg. 1988

---------------- L' Analyse Théorique du Fonctionnement cognitif. Curso PUC. fev.

1999

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111

A dissertação de Ivete Mendes e FREITAS foi defendida em

28/06/1999 e teve como componentes da banca: sua orientadora, Sílvia D. A.

MACHADO (PUC/SP); Benedito Antonio da SILVA (PUC/SP) e Gilda de La

Rocque PALIS (PUC/RJ).

Em sua prática como professora de ensino médio, FREITAS

verificou a dificuldade dos alunos diante de sistemas que envolvem equações

lineares.

Observa-se que as dificuldades dos alunos em relação aos sistemas

lineares despertaram a curiosidade da pesquisadora, fazendo-a executar a

primeira atividade de pesquisa que foi identificar um fenômeno de interesse.

Suas observações de professora levaram FREITAS a formular a

hipótese de que

Com esta hipótese decidiu diagnosticar as causas dessa dificuldade,

definindo para objetivo de sua pesquisa:

ANÁLISE

A razão de meu interesse por esse tópico vem do fato de estar trabalhando

nos últimos 12 anos com alunos de 2˚ grau, onde esse assunto é intensamente

tratado. Tenho observado a dificuldade dos alunos, com relação à discussão de

sistemas lineares... (p. 9)

... proceder a um diagnóstico sobre a interpretação que alunos do 2˚ grau dão às

soluções de um sistema de equações lineares parametrizado. (p. 10)

... a dificuldade persistente dos alunos com a interpretação estaria relacionada ao

fato de que os alunos decoram técnicas sem compreender realmente o sentido de

suas respostas ao interpretarem a solução de um sistema. (p. 10)

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112

No capítulo I, a autora faz distinção entre dois tipos de parâmetros,

explícitos e implícitos.

Para desenvolver sua pesquisa diagnóstica, a autora fundamentou-

se, principalmente, nas idéias de Raymond DUVAL.

Além de DUVAL, FREITAS utiliza a noção de “jogo de quadros”, de

Régine DOUADY, para suas análises de livros didáticos.

Ao tratar do ensino da Álgebra Linear, área a que pertencem os

sistemas lineares, FREITAS levou em consideração os resultados obtidos por

Marlene DIAS, em sua tese sobre a questão da flexibilidade entre

Verifica-se que a pesquisadora relacionou suas idéias com as de

outros pesquisadores.

Um parâmetro será explícito se aparecer representado por uma letra nas

equações, podendo modificar o tipo de solução do sistema; um parâmetro será

implícito se for utilizado para representar as infinitas soluções de um sistema

indeterminado. (p. 10)

A noção de registros de representação de Raymond DUVAL, orientou-me

com relação à elaboração do questionário a ser respondido pelos alunos e

fundamentou as sugestões apontadas pela pesquisa para o ensino/aprendizagem

dos sistemas lineares parametrizados. (p. 11)

os diferentes quadros de funcionamento da álgebra linear, entre os diferentes

registros de representações semióticas a partir dos quais os conceitos envolvidos

são expressos e trabalhados matematicamente, enfim entre os diferentes pontos de

vista que lhes podem ser associados. (p. 16)

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113

Como estratégia geral, a autora declarou que utilizou sobretudo os

princípios da Engenharia Didática no capitulo dedicado a metodologia de

pesquisa.

Os procedimentos específicos envolveram: análises prévias, análise

a priori, aplicação e análise a posteriori. Para validar os resultados FREITAS

comparou sua previsões sobre os comportamentos dos alunos, descritas na

análise a priori, com os resultados obtidos após a aplicação do questionário.

A coleta de dados iniciou-se com um “teste diagnóstico”, para seus

quarenta e cinco alunos de uma classe, de escola particular de São Paulo.

Após análise dos resultados desse teste a autora decidiu ampliar

sua investigação como relata no trecho a seguir.

O questionário a que FREITAS se refere no trecho acima foi

aplicado, pela própria pesquisadora, a um grupo de vinte e oito alunos, que não

eram seus, de uma classe da 3a série do ensino médio. A aplicação se deu em

uma aula de cinqüenta minutos.

As interpretações que FREITAS deu às informações coletadas,

mostraram que a pesquisadora atingiu seu objetivo pois, em relação ao

questionário

E, em relação ao diagnóstico,

A fim de obter resultados mais abrangentes em termos de população, escolhi

aplicar o questionário em uma escola pública. (p. 49)

... as questões propostas colocaram em evidência as dificuldades dos alunos para

compreender o papel dos parâmetros nas resoluções e nas soluções de um

sistema de equações lineares. (p. 73)

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114

FREITAS concluiu sua dissertação fazendo sugestões de ensino que

poderão antecipar ações posteriores, quando diz:

Foi possível concluir que o reconhecimento de uma reta associada a uma

equação é feito basicamente por atribuição de valores às variáveis,...

[...] o aluno não recorre aos conceitos de coeficiente angular e linear; isto é,

não observa as características dos gráficos... (p. 73)

[...] a maior parte dos alunos que responderam ao questionário não estabelece

uma relação entre o número de soluções do sistema e os pontos de intersecções das

retas que o representam. (p. 74)

Concluo, finalmente, sugerindo que o recurso à mudança de registros, do

algébrico para o gráfico e vice-versa e a conversão de registros, que permite

observar as alterações nos tipos de soluções dos sistemas lineares, podem se

constituir numa estratégia eficaz que favoreça a compreensão e a atribuição de

significado aos sistemas lineares parametrizados. (p. 76)

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Autor: Alberto Ramos PEROTTI

Ano da Defesa: 1999

Número de páginas: 134

Orientadora: Tânia Maria Mendonça CAMPOS

RESUMO

O objetivo desta pesquisa é apresentar uma seqüência didática que

possibilite aos alunos a aprendizagem da equação da reta com ênfase no

conceito de coeficiente angular, calculado pela taxa de variação.

Para atingir o objetivo proposto, consideramos três hipóteses: Em

primeiro lugar, a seqüência deve ser iniciada por questões contextualizadas, isto

é, a partir de situações-problema. Em segundo lugar, a seqüência deve partir do

conceito de grandezas diretamente proporcionais, por ser esta uma idéia simples

e, provavelmente, do domínio dos alunos. Em terceiro lugar, o coeficiente angular

deve ser trabalhado por meio da taxa de variação xy

∆∆

, o que facilita a sua

determinação.

O desenvolvimento do trabalho foi baseado na Teoria das Situações

de Guy Brousseau. Sua aplicação se deu no Núcleo de Educação e Cultura de

Mogi das Cruzes, contando com a participação de 14 alunos, sendo 8 do 1º

Colegial e 6 do 2º Colegial.

FICHAMENTO

O ESTUDO DA RETA A PARTIR DAS GRANDEZAS DIRETAMENTE PROPORCIONAIS: UMA PROPOSTA ALTERNATIVA DE ENSINO

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116

Os alunos participaram com entusiasmo de todas as atividades e, ao

final, responderam o questionário de avaliação com alto índice de acertos.

Consideramos então que os resultados obtidos foram satisfatórios e nos levam a

indicar o estudo da reta a partir das grandezas diretamente proporcionais, com

ênfase na taxa de variação para determinar o coeficiente angular, como uma

proposta alternativa de ensino para este conteúdo.

OBJETIVO

[...] o objetivo do nosso trabalho é a construção de uma seqüência

didática que possibilite aos alunos a aprendizagem da equação da reta com

ênfase no conceito de coeficiente angular, calculado pela taxa de variação. (p. 1)

METODOLOGIA

Seqüência Didática, fazendo uma análise a “priori”, na qual o

pesquisador faz uma previsão daquilo que, no seu modo de ver, pode ocorrer em

função da situação que ele criou. Posteriormente esta previsão vai ser comparada

com os resultados obtidos nas atividades, na análise a “posteriori”. (p.51)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para elaborar a seqüência didática e analisar seus resultados,

apoiamo-nos nos trabalhos de diversos autores, que passamos a apresentar:

(p.5)

Guy BROUSSEAU, sobre a teoria das situações didáticas. (1996, p. 48)

Gérard VERGNAUD, para resolução de problemas. (1982, p. 5).

PALAVRAS-CHAVES

Não constam

CONCLUSÕES Nosso objetivo foi amplamente atingido no que se refere ao grupo de

alunos que participaram da pesquisa, como podemos constatar pela avaliação

contínua no decorrer da seqüência e pelos resultados obtidos na atividade 6,

avaliação final... (p. 120)

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117

De fato ficou claro, nas fases de formulação e validação, que o

trabalho explorando as mudanças do registro numérico, apresentado pelas

tabelas, para o registro gráfico, norteou em muito nossos alunos no sentido de

dar-lhes oportunidade de relacionar grandezas diretamente proporcionais, com a

representação gráfica de uma reta que passa sempre pela origem o que já não

acontece nos casos do quadrado e do cubo. (p. 122).

Sugestões de ensino:

Defendemos portanto, com base nesta experiência, que é preciso

enfatizar desde o inicio a representação gráfica de grandezas proporcionais. No

entanto isto em geral não acontece, uma vez que normalmente os professores

costumam preparar suas aulas nos conteúdos propostos nos livros didáticos e

estes, freqüentemente, não representam graficamente estas grandezas. (p.122)

[...] julgamos ser muito importante que no ensino médio se faça um

estudo adequado das equações da reta, com ênfase no conceito de coeficiente

angular, calculado pela taxa de variação, de preferência partindo de alguma idéia

que seja simples, de modo que os alunos se sintam seguros ao enfrentar o

desafio desta nova aprendizagem. Estamos convencidos que este conceito é o de

grandezas diretamente proporcionais. Estamos convencidos ainda de que a

melhor estratégia a ser adotada para este estudo é a de introduzi-lo por meio de

situações contextualizadas em que seja possível estabelecer relação entre o

conteúdo em questão e o dia a dia dos alunos, passando gradativamente pelo

processo de descontextualização, quando o significado para esse conteúdo não

mais precisará estar apoiado em representações do mundo real, mas sim nas

representações construídas pela Matemática. (p.131)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das 32 referências constantes da bibliografia, indico a seguir apenas

aquelas que se referem a autores citados neste fichamento:

BROUSSEAU, Guy. Os diferentes papéis do professor. In: PARRA, Cecília, SAIZ,

Irma. Didática da Matemática: reflexões psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes

Médicas, 1996. Cap.4 p. 48-72.

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118

VERGNAUD, G .La Théorie des champs conceptuels. Recherches en Didactique

des Mathématiques, Paris, v.10,n.23, p.133-170, 1990.

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119

A dissertação de Alberto Ramos PEROTTI foi defendida em

25/10/1999. Participaram da banca examinadora os professores: Tânia Maria

Mendonça CAMPOS (orientadora), Ana Paula JAHN, ambas da PUC/SP e Nilson

José MACHADO da FEUSP.

Ao planejar seu trabalho, PEROTTI contou que, considerou

principalmente as mudanças do método tradicional, axiomático, de ensino para o

método de resolução de problemas ocorridas ao longo de sua experiência como

professor de Ensino Secundário.

O autor explicitou também que, em sua atuação como professor de

Ensino Superior, nas disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral e Geometria

Analítica, percebeu que

Assim, a partir de sua experiência profissional, PEROTTI, identificou

o fenômeno de seu interesse: o efeito da mudança no método de ensino para o

estudo da “reta”.

Para a realização de seu trabalho, PEROTTI fundamentou-se em

teóricos da escola francesa, notadamente Guy Brousseau (1996) e Gerard

Vergnaud (1982).

De Brousseau, o autor utilizou a Teoria das Situações Didáticas.

[...] o estudo da reta era um dos conteúdos em que o desempenho dos

alunos era pouco satisfatório. Quando pretendíamos introduzir o conceito de

derivada, poucos estudantes identificavam a reta pela sua equação e eram

capazes de determinar o seu coeficiente angular (p.4)

ANÁLISE

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120

A teoria dos campos conceituais de VERGNAUD foi utilizada,

principalmente, para fundamentar a elaboração de problemas. PEROTTI,

também cita VERGNAUD, ao falar sobre proporcionalidade, assunto ligado ao

tema de sua pesquisa.

Ficou, então, caracterizada a execução da 3a atividade de pesquisa

que é examinar o que outras pessoas pensam sobre o fenômeno de seu

interesse.

Tendo identificado um fenômeno do seu interesse, PEROTTI, a

partir de suas observações, levantou a hipótese de que

Para validar esta hipótese o pesquisador definiu como objetivo de

sua pesquisa,

[...] Segundo este autor a aprendizagem se dá através da situação

didática. Uma situação didática se caracteriza pelas relações que se

estabelecem entre alunos, professor e um certo meio onde se encontram estes

personagens, com o objetivo de que os alunos venham a se apropriar de um

saber geralmente já construído. (p. 49)

[...] os alunos aprendem melhor quando conseguem construir o seu próprio

saber, pois o prazer da aquisição valoriza o conhecimento adquirido. (p. 1)

Vale a pena destacar também um problema levantado por VERGNAUD (1990,

p. 148), no que diz respeito à proporcionalidade ... (p. 13)

[...] a construção de uma seqüência didática que possibilite aos alunos a

aprendizagem da equação da reta com ênfase no conceito de coeficiente

angular, calculado pela taxa de variação. (p. 1)

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121

Tendo definido qual a questão a examinar, traduzida no objetivo

descrito, PEROTTI executou a quarta atividade de pesquisa. Fazer questões

específicas ou fazer uma conjectura argumentada.

PEROTTI, não dedicou item ou capítulo a metodologia usada em

seu trabalho, mas descreveu a forma pela qual elaborou e aplicou a seqüência

baseada na teoria das situações de BROUSSEAU sendo portanto, a aplicação

desta seqüência didática, a estratégia geral que utilizou para a coleta de dados.

PEROTTI iniciou sua pesquisa buscando pistas do saber aprendido

pelos alunos com a finalidade de eleger variáveis didáticas que os auxiliassem na

seqüência que posteriormente elaborou. Para tanto, analisou três livros didáticos

de grande aceitação em nosso país, procurando verificar como essas obras

trataram o estudo da equação da reta.

Além da análise dos livros didáticos, o autor realizou também um

estudo histórico em que observa como se deu o ensino da matemática, focado na

resolução de problemas e contextualizados.

Finalizou com a citação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que

criticam o ensino tradicional e propõe novas posturas, tanto para alunos, quanto

professores para que o desenvolvimento do ensino e aprendizagem seja um

processo mais eficiente.

Em seguida, realizou um teste diagnóstico com intuito de verificar

qual a concepção dos alunos ingressantes em um curso de engenharia,

constatando que, a maior dificuldade dos alunos participantes, foi a determinação

do coeficiente angular da reta a partir do gráfico.

O autor descreveu as análises à “priori” de todas atividades

desenvolvidas, em que fez a previsão daquilo do que poderia ocorrer na situação

por ele criada. Posteriormente, essa previsão foi comparada com os resultados

obtidos em cada atividade, na análise à “posteriori”.

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122

Levando em consideração os procedimentos metodológicos

utilizados pelo autor, está evidenciada a execução da sexta atividade.

A coleta de dados foi feita com quatorze alunos, sendo oito da 1a

série e seis da 2a série, do ensino médio.

As cinco primeiras atividades da seqüência foram desenvolvidas em

sala de aula “sob a observação do pesquisador e de um dos professores da sala”.

A sexta e última atividade foram resolvidas pelas mesmas duplas, mas fora do

ambiente de sala de aula, a sexta atividade tinha como objetivo “uma avaliação da

seqüência”.

Em todas as atividades o pesquisador procurou obedecer as

seguintes etapas: na primeira fase, ação, os alunos atuando em duplas discutiram

suas escolhas e decisões sobre as ações; na segunda fase, formulação, os

alunos trocaram as informações entre os pares. Naquele momento, alunos

redigiram explicitando as ferramentas utilizadas; na terceira fase, validação, os

alunos trataram de validar seus resultados, mostrar porque a solução encontrada

era verdadeira, um debate coletivo se estabeleceu. Na quarta fase,

institucionalização, o professor fez um fechamento do que havia sido estudado e

apresentou o conteúdo com estatuto de saber matemático.

Para todas as questões das atividades que compunham a seqüência

o pesquisador fez a análise a priori e posteriormente a análise a posteriori, na

qual, comparou suas previsões com os resultados efetivamente obtidos nas

atividades.

Alguns trechos que denotam como o autor interpretou as

informações coletadas foram transcritos para os quadros a seguir.

Nosso objetivo foi amplamente atingido no que se refere ao grupo de

alunos que participaram da pesquisa, como podemos constatar pela avaliação

contínua no decorrer da seqüência e pelos resultados obtidos na atividade 6,

avaliação final... (p. 120)

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123

O autor garante que houve uma preferência efetiva pela metodologia

de ensino utilizado, ou seja, pela resolução de problemas, de modo

contextualizado, em detrimento ao modelo tradicional de aulas expositivas.

PEROTTI antecipa as ações de outros ao sugerir que

Além desta, o pesquisador faz outra sugestão de ensino.

De fato ficou claro, nas fases de formulação e validação, que o trabalho

explorando as mudanças do registro numérico, apresentado pelas tabelas,

para o registro gráfico, norteou em muito nossos alunos no sentido de dar-lhes

oportunidade de relacionar grandezas diretamente proporcionais, com a

representação gráfica de uma reta que passa sempre pela origem o que já não

acontece nos casos do quadrado e do cubo. (p. 122)

[...] é preciso enfatizar desde o inicio a representação gráfica de grandezas

proporcionais. No entanto isto em geral não acontece, uma vez que

normalmente os professores costumam preparar suas aulas nos conteúdos

propostos nos livros didáticos e estes, freqüentemente, não representam

graficamente estas grandezas. (p.122)

[...] julgamos ser muito importante que no ensino médio se faça um estudo

adequado das equações da reta, com ênfase no conceito de coeficiente

angular, calculado pela taxa de variação, de preferência partindo de alguma

idéia que seja simples, de modo que os alunos se sintam seguros ao

enfrentar o desafio desta nova aprendizagem. Estamos convencidos que

este conceito é o de grandezas diretamente proporcionais. Estamos

convencidos ainda de que a melhor estratégia a ser adotada para este

estudo é a de introduzi-lo por meio de situações contextualizadas em que

seja possível estabelecer relação entre o conteúdo em questão e o dia a dia dos alunos, passando gradativamente pelo processo de

descontextualização, quando o significado para esse conteúdo não mais

precisará estar apoiado em representações do mundo real, mas sim nas

representações construídas pela Matemática. (p.131)

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O ENSINO DA MATEMÁTICA E DA FÍSICA NUMA PERSPECTIVA

INTEGRACIONISTA

FICHAMENTO

Autor: Celso Ribeiro Campos

Ano da Defesa: 2000

Número de páginas: 139

Orientadora: Professora Doutora Sonia Barbosa Camargo Igliori

RESUMO

Este trabalho visa realizar um estudo sobre as relações

Matemática/Física pertinentes aos processos de ensino/aprendizagem, referentes

aos conteúdos específicos da cinemática escalar (Física) e de funções

(Matemática), no nível médio escolar. Pretendemos mostrar que alguns

fenômenos físicos, especificamente da cinemática, podem ser abordados

tomando por base suas relações matemáticas, admitindo que estas atuam como

uma linguagem estruturante, que dá corpo ao conhecimento físico. Uma

integração dessas duas disciplinas, pode ser conseguida nesse contexto,

contribuindo para uma melhor significação dos conceitos por parte dos alunos.

Investimos então, nesta pesquisa, num modelo de integração para esses dois

ramos do conhecimento científico e procuramos avaliar se essa integração pode

oferecer alguma contribuição pedagógica aos alunos. A perspectiva

integracionista que abordamos trata da construção de conceitos físicos baseados

na experimentação empírica, combinada com a análise matemática de fenômenos

específicos da cinemática. Apoiamo-nos no pressuposto de que a Matemática é

mais do que uma simples coadjuvante no desenvolvimento dos conceitos físicos.

Ela está sempre presente nas atividades científicas: seja no seu processo ou no

FICHAMENTO

O ENSINO DA MATEMÁTICA E DA FÍSICA NUMA PERSPECTIVA

INTEGRACIONISTA

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seu produto, seja na definição de um conceito, seja na articulação entre os

elementos de uma teoria científica. A integração dos conteúdos citados encontra

respaldo na epistemologia do conceito de função, através dos trabalhos de

Oresme (séc. XIV), bem como no trabalho de Galileu (séc. XVI), os quais também

abordamos aqui. Adotamos um quadro teórico que se baseia principalmente nos

conceitos de registros de representação, contrato didático, situações didáticas e

a-didáticas, bem como nas idéias de ação, formulação e validação, oriundos dos

fundamentos da didática francesa. Utilizamos a metodologia da engenharia

didática para formularmos uma seqüência de atividades que visa desenvolver a

integração construtiva dos conteúdos mencionados.

OBJETIVO

Este trabalho visa realizar um estudo sobre as relações

Matemática/Física pertinentes aos processos de ensino/aprendizagem,

especificamente no que tange ao nível médio, referentes aos conteúdos

específicos de cinemática escalar (Física) e de funções (Matemática). (p. 8)

Questões de pesquisa:

� É possível obter, no universo pedagógico da sala de aula, a

integração de conteúdos matemáticos e físicos, especificamente no

que se refere à cinemática e às funções?

� Há algum ganho pedagógico nessa integração?

� É possível promover junto aos alunos a construção de conceitos

físicos com base na experimentação empírica combinada com a

análise matemática de alguns fenômenos específicos? (p. 9)

METODOLOGIA

Empregaremos neste trabalho a metodologia de pesquisa conhecida

como engenharia didática, amplamente utilizada nos estudos da Didática da

Matemática,... (p. 36)

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126

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Teoria das Situações Didáticas (Guy Brousseau)

... procuramos apresentar situações-problema que são concebidas com

base nas idéias básicas desta teoria das situações, visando abraçar os objetivos

pedagógicos já descritos por nós nos capítulos precedentes. (p. 47)

O Contrato Didático (Guy Brousseau)

Dentro de nossa visão de ensino, entendemos que o contrato didático deve

ser estabelecido de forma a permitir que os alunos avancem no projeto de ensino

de forma autônoma, que possam caminhar com seus próprios pés, que possam

construir o conhecimento num processo dinâmico e interativo com os colegas e

com o professor. (p.43)

Os Registros de Representação (Duval)

...entendemos como essencial para nosso trabalho a constatação de que o

que garante a apreensão do objeto é a conceitualização e esta é obtida na

coordenação entre vários registros de representação. (p. 50)

PALAVRAS-CHAVE

Não constam

CONCLUSÃO

Transcrição das partes da conclusão propriamente dita.

Entendemos que a elaboração da seqüência didática foi feita com

sucesso no que tange ao objetivo de promover a integração dos conteúdos físicos

(cinemática escalar) e matemáticos (funções). Principalmente nas atividades 2 e

3, vimos os alunos transitarem de um domínio a outro sem prejuízo de nenhum

dos dois. Pudemos vivenciar a edificação de conceitos físicos a partir de sua

modelização matemática, mostrando um avanço construtivo no desenvolvimento

dos conteúdos analisados. A perspectiva integracionista de ensino esteve

presente, assim, nas atividades desenvolvidas junto aos alunos, andando lado a

lado com a proposta pedagógica construtiva dentro da metodologia adotada nas

situações-problema. (p. 120)

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127

Sugestão de ensino:

Acreditamos que, ao trazer o aluno frente a frente a essas

intersecções de conteúdos, estamos promovendo um avanço considerável no

entendimento do fenômeno físico estudado. (p. 121)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das referências constantes da bibliografia, indico apenas aquelas

que se referem a autores citados no fichamento.

BROUSSEAU, G. Fondaments et Méthodes de la Didactique des Mathématiques.

Recherches en Didactique des Mathématiques (7.2) pp. 33-116. Grenoble.

1986

-------------------------Le contract didactique: le milieu. Recherches en Didactique des

Mathématiques (9.3) pp. 309-336. Grenoble. 1988

DUVAL, Raymond. Registres de representation sémiotique et fonctionnements

cognitif de la pensée. Annales de Didactique et Sciences Cognitives, Vol. 5,

IREM-ULP, Strasbourg, 1993.

------------------------- Sémiosis et pensée humaine. Berne: Peter Lang. 1995

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128

A dissertação de Celso Ribeiro CAMPOS foi defendida em

17/04/2000 e contou com a aprovação da banca composta por sua orientadora,

Sonia Barbosa Camargo IGLIORI (PUC/SP), Wagner Rodrigues VALENTE

(PUC/SP) e Maurício Pietrocola Pinto de OLIVEIRA (UFSC).

De sua prática como professor de Matemática e Física, vivenciando

no seu dia-a-dia, as dificuldades enfrentadas por seus alunos, para aprender

alguns conteúdos dessas duas disciplinas, CAMPOS extraiu a motivação para

desenvolver seu estudo .

Algumas constatações relacionadas a estas dificuldades estão

explicitadas pelo pesquisador no seguinte trecho do capítulo I, INTRODUÇÃO-

PROBLEMÁTICA:

Pela exposição dos fatos, certifica-se que CAMPOS realizou a

primeira atividade característica de pesquisa que é a identificação de um

fenômeno de interesse.

Para desenvolver sua pesquisa, CAMPOS embasou-se,

principalmente, na teoria de DUVAL sobre o “uso das representações no ensino

da Matemática”.

ANÁLISE

Firmados em nossa experiência pedagógica, constatamos que as conexões

entre os conteúdos citados são geralmente desprezadas pelos professores da 1a

série do Ensino Médio (tanto os de Física como os de Matemática). Os próprios

livros didáticos de Matemática e de Física não as valorizam, relegando-as a segundo

plano, através de citações colocadas na parte final dos capítulos ou simplesmente

ignorando o assunto. (p. 11)

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129

E também em BROUSSEAU, quando da utilização da noção de

contrato didático.

Além destes, o autor também cita os trabalhos de Maurício

PIETROCOLA1 e de Terezinha de Fátima PINHEIRO2. Ambos ressaltam a

necessidade de introduzir os alunos na prática de modelização matemática de

fenômenos naturais. PIETROCOLA refere-se mais especificamente ao ensino da

Física.

Constata-se, portanto que CAMPOS relacionou o fenômeno de seu

interesse com as idéias de outros pesquisadores.

Com a perspectiva de um ensino integrado, de Física e Matemática,

CAMPOS apresentou a conjectura de que

Em relação a esta hipótese, CAMPOS apresentou três questões:

1 A história e a epistemologia no ensino da Física. Florianópolis: Mimeo UFSC. 1993 2 Aproximação entre a Ciência do aluno na sala de aula da 1a série do 2˚ grau e a Ciência dos cientistas: Uma discussão. Florianópolis. 1996. Dissertação de Mestrado. UFSC

Dentro de nossa visão de ensino, entendemos que o contrato didático deve

ser estabelecido de forma a permitir que os alunos avancem no projeto de ensino de

forma autônoma, que possam caminhar com seus próprios pés, que possam

construir o conhecimento num processo dinâmico e interativo com os colegas e com

o professor. (p.43)

... é possível conseguir essa integração entre a Matemática e a Física no ensino da

cinemática escalar e das funções de 1˚ e 2˚ graus, ... (p. 12)

... entendemos como essencial para o nosso trabalho a constatação de que o que

garante a apreensão do objeto é a conceitualização e esta é obtida na coordenação

entre vários registros de representação. (p. 50)

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130

Para obter as respostas que procurava, CAMPOS empreendeu uma

pesquisa cujo objetivo está especificado no quadro a seguir.

O autor esclareceu que esse estudo consistiu em

A metodologia de pesquisa declarada pelo o autor foi a Engenharia

Didática.

Os procedimentos específicos relatados por CAMPOS foram: como

análises preliminares, um estudo histórico e epistemológico de determinados

conteúdos da Física, interlocução com teóricos e pesquisadores do assunto,

análise a priori, aplicação e análise a posteriori da seqüência didática objetivada.

Este trabalho visa realizar um estudo sobre as relações Matemática/Física

pertinentes aos processos de ensino/aprendizagem, especificamente no que tange ao

nível médio, referentes aos conteúdos específicos de cinemática escalar (Física) e de

funções (Matemática). (p. 8)

� É possível obter, no universo pedagógico da sala de aula, a integração de

conteúdos matemáticos e físicos, especificamente no que se refere à

cinemática e às funções?

� Há algum ganho pedagógico nessa integração?

� É possível promover junto aos alunos a construção de conceitos físicos com

base na experimentação empírica combinada com a análise matemática de

alguns fenômenos específicos? (p. 9)

... construir uma situação-problema que leve o aluno a abstrair a idéia de função

com base na análise de fenômenos físicos, como o movimento uniforme e o

movimento uniformemente variável. (p. 35)

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131

A coleta de informações envolveu, em sua parte experimental,

cinqüenta alunos da 1a série do ensino médio de uma escola particular de São

Paulo, que realizaram as atividades da seqüência didática elaborada por

CAMPOS. Quanto a duração das sessões o pesquisador informou que:

Para a coleta de dados, CAMPOS também utilizou um mini-

gravador, para registrar os acontecimentos que ele julgou relevantes durante as

sessões, facilitando assim futuras análises; e, fez entrevistas com alguns alunos

que participaram do experimento.

Após a realização das atividades, as informações obtidas foram

comparadas com as previsões feitas pelo pesquisador, na análise a priori de cada

uma das cinco atividades que compunham a seqüência.

A interpretação das informações coletadas foram feitas ao longo do

capítulo da análise a posteriori, item 5.5 e também ao longo do capítulo das

considerações. Transcrevi para o quadro abaixo, um trecho que confirma a

execução desta oitava atividade da lista de ROMBERG.

As sessões da seqüência didática foram realizadas em meados do primeiro

semestre de 1999 pelo próprio professor pesquisador, em meio às aulas de Física

ministradas regularmente. (p. 57)

Entendemos que a elaboração da seqüência didática foi feita com sucesso

no que tange ao objetivo de promover a integração dos conteúdos físicos

(cinemática escalar) e matemáticos (funções). [...] Pudemos vivenciar a edificação

de conceitos físicos a partir de sua modelização matemática, mostrando um

avanço construtivo no desenvolvimento dos conteúdos analisados. A perspectiva

integracionista de ensino esteve presente, assim, nas atividades desenvolvidas

junto aos alunos, andando lado a lado com a proposta pedagógica construtiva

dentro da metodologia adotada nas situações-problema. (p. 120)

Page 132: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

132

As conclusões apresentadas mostraram que CAMPOS obteve

respostas para suas questões de pesquisa, validando assim sua hipótese quanto

a possibilidade de um ensino integrado da Física com a Matemática.

CAMPOS antecipa as ações de outros ao fazer a seguinte sugestão

de ensino:

Acreditamos que, ao trazer o aluno frente a frente a essas intersecções de

conteúdos, estamos promovendo um avanço considerável no entendimento do

fenômeno físico estudado. (p. 121)

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Autor: Luiz Roberto de Moura Lindegger

Ano da Defesa: 2000

Número de páginas: 204

Orientadora: Professora Doutora Sandra Maria Pinto Magina

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi investigar uma abordagem para o

ensino da trigonometria no triângulo retângulo, em que se pretendeu introduzir os

conceitos das razões trigonométricas seno, co-seno e tangente a partir da

manipulação de modelos. Tivemos por hipótese o desenvolvimento de uma

seqüência de ensino criando situações-problema, a partir de questões simples,

contextualizadas, concretas. Tal ambiente servirá de facilitador para a construção

e a apropriação dos conceitos da trigonometria.

Trabalhamos com duas turmas, ambas da 8a série do Ensino

Fundamental, sendo uma considerada como grupo de referência (GR) e uma

outra considerada como grupo experimental (GE). No GE, foi aplicada a

seqüência de ensino, objeto de nossa pesquisa, com pressuposto teórico

construtivista, com base na psicologia cognitiva de Vygotsky e Vergnaud, e na

didática francesa de Brousseau.

No GR, a abordagem da trigonometria se deu na forma por nós

considerada tradicional (definições seguidas de exercícios). Os dois grupos foram

submetidos a dois testes individuais: um antes (pré-teste) da introdução dos

conceitos de razões trigonométricas e outro (pós-teste) após terem tido contato

FICHAMENTO

CONSTRUINDO OS CONCEITOS BÁSICOS DA TRIGONOMETRIA NO

TRIÂNGULO RETÂNGULO: UMA PROPOSTA A PARTIR DA MANIPULAÇÃO DE MODELOS

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com esse conteúdo. A análise dos resultados envolveu duas etapas: a análise

quantitativa e a qualitativa dos instrumentos diagnósticos.

Em síntese, quanto ao desempenho geral dos grupos nos testes,

podemos dizer que o GE apresentou um desempenho satisfatório e superior ao

GR. Não tivemos a pretensão de extrapolar nossos resultados para além do

universo da pesquisa, uma vez que nossa amostra foi pequena. Mas, obtivemos

pistas significativas sobre o processo de ensino-aprendizagem do conteúdo. A

mais valiosa delas foi a de que o processo de construção dos conceitos básicos

da trigonometria, a exemplo da história, ganha força quando se inicia a partir da

resolução de problemas concretos, advindos da realidade, dirigindo-se para os

problemas formais, quando os conceitos ganham significados mais abstratos e

abrangentes.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é investigar uma abordagem para o ensino

da trigonometria no triângulo retângulo, em que se pretende introduzir os

conceitos das razões trigonométricas - seno, co-seno e tangente - de maneira

significativa. (p. 2)

Questão de pesquisa:

... como abordar o conteúdo relativo à trigonometria do triângulo

retângulo (seno, co-seno e tangente) de forma a possibilitar que o aluno

comprenda seus conceitos? (p. 2)

METODOLOGIA

...Trabalharemos com duas turmas... . A primeira turma constituirá o

que passaremos a chamar de grupo de referência e a segunda, em que

aplicaremos a nossa seqüência de ensino, de grupo experimental. O grupo de

referência é composto por 32 alunos e o experimental por 24. ( p. 82)

No grupo de referência, a abordagem da trigonometria no triângulo

retângulo se dará na forma por nós considerada tradicional, tendo, inclusive, a

adoção de um livro didático. (p. 83)

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Para o grupo experimental, a aplicação do experimento pelo

pesquisador[...] O experimento compreenderá um total de treze encontros, [...] e

os onze restantes para a seqüência de ensino. (p. 83)

Os dois grupos foram submetidos a dois testes individuais: um antes

(pré-teste) da introdução dos conceitos de razões trigonométricas e outro (pós-

teste) após terem tido contato com esse conteúdo. A análise dos resultados

envolveu duas etapas: análise quantitativa e a qualitativa dos instrumentos

diagnósticos. (Resumo)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao desenvolver este trabalho, tivemos por base as idéias da

psicologia cognitiva de Vygotsky, Vergnaud e da didática francesa de Brousseau.

Isto significa dizer que o presente trabalho se apóia no pensamento sócio-

construtivista, em resoluções de problema e na teoria das situações,

respectivamente. (p.11)

PALAVRAS-CHAVE

Não constam

CONCLUSÔES

Transcrição das partes das conclusões propriamente ditas.

...entendemos que a seqüência de ensino, apoiada numa

abordagem socioconstrutivista, iniciando por situações-problema, a-didática,

apresentou resultados satisfatórios, tanto quantitativamente quanto

qualitativamente. Em nossa análise no capítulo V, observamos que o GE concluiu

a seqüência de ensino tendo, efetivamente, iniciado a formação do conceito das

razões trigonométricas, além de ter desenvolvido substancialmente a

competência na resolução de problemas. (p. 193)

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Outro fato relevante foi o de que com somente 28 atividades, a

nossa seqüência de ensino desenvolvida no GE, juntamente com a metodologia

adotada, mostrou-se eficaz. (p. 195)

Sugestão de ensino:

Eventualmente questionamos se numa seqüência de ensino, que

está relacionada à sala de aula, não se poderia estar propondo algumas tarefas

para casa, para o aluno continuar pensando sobre trigonometria e não dar um

vácuo tão grande entre um encontro e outro. (p. 198)

Sugestões de pesquisa:

... num trabalho futuro, gostaríamos de questionar a validade da

tarefa. Uma eventual pesquisa poderia controlar isso, no sentido de trabalhar com

um grupo tendo atividade para casa e outro não, e avaliar o desenvolvimento

disso. (p. 198)

... a ênfase no conceito pode fazer o professor relevar - em nome da

construção do conhecimento - falhas de notação ou comunicação. Então o aluno

não se apropria dessa linguagem matemática como um todo e pesquisas futuras

poderiam se ater a esse fato. Será que um número maior de atividades e mais

tempo resolveriam esse problema? (p. 198)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Das referências constantes da bibliografia, indico apenas aquelas que se

referem a autores citados no fichamento.

BROUSSEAU, G. Fondaments et Méthodes de la Didactique des Mathématiques.

Recherches en Didactique des Mathématiques (7.2) pp. 33-116. Grenoble.

1986

-------------------------Le contract didactique: le milieu. Recherches en Didactique des

Mathématiques (9.3) pp. 309-336. Grenoble. 1988

Page 137: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

137

VERGNAUD, G. Problem Solving and Concept Development in Learning of

Mathematics. E. A. R. L. I...Second Meeting. Tübigen. September. 1987

---------------------La Théorie des Champs Conceptuels. RDM. vol. 10/2.3.p.133-170.

1990

----------------------Epistemology and Psicology in Mathematics Education em

Mathematics and Cognition. Nesher, P. e Kilpatrick, J. p. 2-17. Cambridge.

University Press. 1994

VYGOTSKY, Lev Semenovich. Pensamento e linguagem. São Paulo. Martins

Fontes. 1987

Page 138: A Educação Matemática & Ensino Médio: Um Panorama das ...€¦ · Engenharia Didática, ... contribuíram e têm contribuído para esta expansão das pesquisas por meio de financiamentos,

138

A dissertação de Luiz Roberto de Moura LINDEGGER foi defendida

em 23/10/2000. Participaram da banca examinadora: sua orientadora, Sandra M.

P. MAGINA (PUC/SP); Anna FRANCHI (PUC/SP) e Verônica G. G. FERREIRA

(UFPE).

Baseando-se em sua prática de professor e nas conversas com

colegas, LINDEGGER afirmou que:

Além desta observação, “sem nenhum cunho de cientificidade”

como ressalta o próprio LINDEGGER, os erros de notação e de conceito

despertaram também o seu interesse:

Esta narrativa contextualiza a execução da primeira atividade de

pesquisa do autor, que foi a identificação de um fenômeno de interesse.

Interessado na formação dos conceitos básicos da Trigonometria,

LINDEGGER buscou esclarecimento sobre o processo de formação dos

conceitos em VYGOTSKY (principalmente) e VERGNAUD; e, sobre a

“estruturação do conhecimento” em, BROUSSEAU.

ANÁLISE

... percebemos que os alunos se sentem “incomodados’ ao tratar de questões que

envolvam trigonometria, o que, normalmente acarreta uma rejeição ao conteúdo.

Acreditamos que essa rejeição esteja diretamente relacionada à falta de

compreensão dos conceitos trigonométricos básicos. (p. 4)

... foram essas observações, enquanto professor, que nos levaram a ter interesse em

pesquisar o assunto, para podermos entender justamente os porquês que, na sala de

aula, não tivemos condições de obter. (p. 7)

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139

Verifica-se, portanto, que o autor relacionou o fenômeno de seu

interesse com as idéias de outros pesquisadores.

Tendo por hipótese que

LINDEGGER levantou a seguinte questão de pesquisa:

Para obter resposta a sua questão e validar sua hipótese ele definiu

como objetivo de pesquisa,

Para desenvolver esta investigação, LINDEGGER utilizou como

estratégia geral de pesquisa, um estudo comparativo entre o desempenho de um

grupo de alunos, considerado pelo autor, como referência, GR, e o grupo

experimental, GE, que foi aquele, que executou as atividades da seqüência

didática desenvolvida.

Os procedimentos específicos deste estudo foram: a aplicação de

um pré-teste aos dois grupos; a aplicação da seqüência didática ao grupo

experimental, para introdução dos conceitos de razões trigonométricas, enquanto

o grupo de referência teve a introdução a estes mesmos conceitos mediante aulas

tradicionais (“definições seguidas de exercícios”), conforme o programa

... o desenvolvimento de uma seqüência ensino criando situações-problema, a partir

de questões simples, contextualizadas, concretas. Tal ambiente servirá de facilitador

para a construção e a apropriação dos conceitos da trigonometria. (Resumo)

... investigar uma abordagem para o ensino da trigonometria no triângulo retângulo,

em que se pretende introduzir os conceitos das razões trigonométricas - seno, co-

seno e tangente - de maneira significativa. (p. 2)

... como abordar o conteúdo relativo à trigonometria do triângulo retângulo (seno, co-

seno e tangente) de forma a possibilitar que o aluno compreenda seus conceitos?

(p. 2)

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140

estabelecido pela escola a que pertenciam. Após o desenvolvimento da

seqüência foi aplicado um pós-teste aos dois grupos.

Para a coleta de dados LINDEGGER trabalhou com duas turmas de

oitava série. O grupo GR com trinta e dois alunos, e o GE com vinte e quatro

alunos. A estes dois grupos foi aplicado um pré-teste, realizados individualmente

por aluno, com o objetivo de: “avaliar os conhecimentos anteriores a respeito de

trigonometria no triângulo retângulo” e “servir de parâmetro para avaliarmos, ao

final da seqüência, se ocorreu a construção dos conceitos pretendidos”.

Após a aplicação do pré-teste, para o GR foram ministradas quinze

horas/aula para o desenvolvimento do conteúdo programático (trigonometria no

triângulo retângulo), sem a participação e controle do pesquisador.

A aplicação da seqüência didática ao GE, teve vinte e nove

atividades realizadas em dezoito horas/aula de cinqüenta minutos cada. O próprio

autor coordenou a aplicação da seqüência didática que ocorreu em horário normal

de aula, tendo a professora da classe como observadora. Os alunos trabalharam

em grupos de três componentes.

Um pós-teste foi aplicado aos dois grupos, GR e GE, para verificar

se ocorreu a “aprendizagem dos conceitos” referentes às razões trigonométricas

no triângulo retângulo.

Feitas as análises dos desempenhos dos alunos no pós-teste em

comparação aos resultados do pré-teste, LINDEGGER relatou a sua interpretação

das informações coletadas.

...entendemos que a seqüência de ensino, apoiada numa abordagem

socioconstrutivista, iniciando por situações-problema, a - didática, apresentou

resultados satisfatórios, tanto quantitativamente quanto qualitativamente. Em nossa

análise no capítulo V, observamos que o GE concluiu a seqüência de ensino tendo,

efetivamente, iniciado a formação do conceito das razões trigonométricas, além de

ter desenvolvido substancialmente a competência na resolução de problemas. ... (p.

193)

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141

Os trechos acima, sugerem que o autor encontrou uma forma de

abordar o conteúdo relativo à trigonometria, deparando assim, com resposta a

sua questão de pesquisa: como abordar o conteúdo relativo à trigonometria

do triângulo retângulo (seno, co-seno e tangente) de forma a possibilitar que

o aluno compreenda seus conceitos?

LINDEGGER fez as seguintes sugestões, de pesquisa:

e de ensino:

... num trabalho futuro, gostaríamos de questionar a validade da tarefa. Uma eventual

pesquisa poderia controlar isso, no sentido de trabalhar com um grupo tendo atividade para

casa e outro não, e avaliar o desenvolvimento disso. (p. 198)

... a ênfase no conceito pode fazer o professor relevar - em nome da construção do

conhecimento - falhas de notação ou comunicação. Então o aluno não se apropria dessa

linguagem matemática como um todo e pesquisas futuras poderiam se ater a esse fato.

Será que um número maior de atividades e mais tempo resolveriam esse problema? (p.

198)

Eventualmente questionamos se numa seqüência de ensino, que está relacionada à

sala de aula, não se poderia estar propondo algumas tarefas para casa, para o aluno

continuar pensando sobre trigonometria e não dar um vácuo tão grande entre um

encontro e outro. (p. 198)

Outro fato relevante foi o de que com somente 28 atividades, a nossa seqüência de

ensino desenvolvida no GE, juntamente com a metodologia adotada, mostrou-se

eficaz. (p. 195)

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CAPÍTULO III: CONCLUSÃO

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143

Neste capítulo relacionarei as análises feitas de cada dissertação com

a finalidade de captar os tipos de objetivos e metodologias privilegiados por esse

grupo de autores para categorizá-los.

Para facilitar a compreensão do leitor apresentarei antes de cada

estudo feito um quadro resumindo a atividade considerada.

COUTINHO SCHWARZ COSTA ROSA KARRER LIMA FREITAS PEROTTI CAMPOS LINDEGGER

Probabilidade Função Trigono

metria

Complexos Logaritmo Equação

3º grau

Sistemas

lineares

Equação

1º grau

Função

1º grau

Trigonometria

Quadro 1: Sobre o tema e/ou fenômeno de interesse

Com relação à localização da 1a atividade de pesquisa, esta busca

possibilitou-me evidenciar a predominância do tema “função”, pois o quadro

ressalta oito trabalhos ligados a esse tema, dois de trigonometria, função,

logaritmo, função de 1º grau, função de 3º grau, equação de 1º grau e de 3º grau

e sistemas lineares.

As análises elaboradas de cada uma das obras evidenciaram os

contextos em que emergiram as motivações dos autores. Em nove dos 10

trabalhos o fenômeno de interesse surgiu da prática docente de seus autores,

professores do ensino médio, motivados pelas dificuldades apresentadas por

seus alunos.

A leitura de cada análise do capitulo II, indica a ausência da

construção explícita de um modelo, conforme o descrito por ROMBERG.(p. 51)

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Orient. Autores HENRY SFARD BROUSSEAU DOUADY DUVAL VERGNAUD PIAGET VYGOTSKY

COUTIN. X Tânia

PEROTTI X X

SCHWAR X Sílvia

FREITAS X X

COSTA X X X

KARRER X X X X X

Sandra

LINDEG. X X X

ROSA X X X Saddo

LIMA X X

Sônia CAMPOS X X

total 1 1 5 4 4 4 2 3

Quadro 2: Relacionar o fenômeno a idéias de outros (3ª atividade)

Todas as dissertações apresentaram referências teóricas e citaram

estudos relacionados ao mesmo tema da pesquisa, comprovando assim, a

interlocução com pesquisadores ligados ao tema. A teoria das situações de

Brousseau, foi a mais utilizada, tendo sido citada por cinco autores, isto é, metade

dos trabalhos basearam-se nesta teoria. Os trabalhos cujos conteúdos envolviam

algum tipo de representação gráfica, basearam-se também nas teorias do “jogo

de quadros” de DOUADY e dos “registros de representação semiótica” de

DUVAL, quatro utilizaram jogo de quadros e quatro utilizaram a teoria dos

registros de representação. VERGNAUD foi citado em quatro trabalhos, em três

por sua teoria sobre os campos conceituais e, em um, por seus estudos sobre

proporcionalidade. VYGOTSKY foi citado em três trabalhos, por sua teoria sobre a

ZDP, para justificar, principalmente, a opção do pesquisador de fazer os alunos

trabalharem em grupos durante o desenvolvimento da pesquisa. A teoria da

equilibração de PIAGET foi utilizada mais diretamente, em dois trabalhos.

Concluindo, é notável a influencia da Didática da Matemática francesa, das vinte e

seis referências, dezoito pertencem a esse ramo.

Na realidade, deve-se levar em conta a interlocução dos autores com

seus orientadores, que necessariamente deve tê-los influenciado. O quadro 2,

mostra quatro dos cinco orientadores, Tânia CAMPOS, Silvia MACHADO, Saddo

AG ALMOULOUD e Sonia IGLIORI, que tiveram forte influência de educadores

matemáticos franceses, em sua formação como pesquisadores, e/ou estudos

pós-doc. Além disso, a vinda de vários desses autores como, VERGNAUD,

DOUADY, DUVAL e Michel HENRY, propiciou a convivência e/ou discussão de

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145

suas idéias com os mestrandos. Assim, justifica-se o maior número de referências

aos didatas franceses, estar associado a estes quatro orientadores. A associação,

do maior número de ocorrências para as teorias psicológicas de VERGNAUD,

PIAGET e VIGOTSKY, com a orientadora SANDRA é mais uma constatação de

que a formação dos orientadores exerceu influência sobre os mestrandos.

SANDRA tem formação em psicologia.

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146

COUTINHO Investigar como se dá a aquisição dos primeiros conceitos de Probabilidade utilizando a

visão freqüentista.

SCHWARZ Verificar qual a concepção de função do aluno ao final do 2° grau

COSTA Pesquisaremos se uma mesma seqüência, constituída de atividades nos contextos do computador e do mundo experimental, aplicada a dois grupos de alunos, advindos de uma mesma população, sofre a influência da ordem de aplicação de tais contextos.

ROSA O objetivo deste trabalho é criar uma seqüência didática, ou seja, propor uma série de atividades, para que os alunos entrem em contato (conceito)* com os números complexos da maneira como eles surgiram na História, e também para que operem com esses números.

KARRER O objetivo deste trabalho consistiu em investigar se uma seqüência didática significativa para o ensino dos logaritmos, aliada ao uso da calculadora, favoreceria a formação deste conceito.

LIMA Nossa proposta é apresentar alguns métodos geométricos e algébricos de resolução de cúbicas, com o objetivo de levar os alunos a compará-los, compreendendo suas diferenças e vantagens.

FREITAS Defini como objetivo de minha pesquisa proceder a um diagnóstico sobre a interpretação que alunos do 2° grau dão às soluções de um sistema de equações lineares parametrizado.

PEROTTI O objetivo do nosso trabalho é a construção de uma seqüência didática que possibilite aos alunos a aprendizagem da equação da reta com ênfase no conceito de coeficiente angular, calculado pela taxa de variação.

CAMPOS Este trabalho visa realizar um estudo sobre as relações Matemática/Física pertinentes aos processos de ensino/aprendizagem, especificamente no que tange ao nível médio, referentes aos conteúdos específicos de cinemática escalar (Física) e (conceituação)* de funções (Matemática).

LINDEGGER O objetivo deste trabalho é investigar uma abordagem para o ensino da trigonometria no triângulo retângulo, em que se pretende introduzir os conceitos das razões trigonométricas - seno, co-seno e tangente - de maneira significativa.

Quadro 3: Objetivos

A identificação da atividade 4, fazer questões específicas ou fazer

uma conjectura argumentada, revelou que, todos os trabalhos continham a

descrição do objetivo da pesquisa, e em quatro destes trabalhos o pesquisador

explicitou, além do objetivo, suas questões de pesquisa, em forma de perguntas.

Embora, a forma como alguns objetivos foram redigidos nem sempre

deixasse clara a intenção do autor, a leitura integral da obra forneceu os devidos

esclarecimentos, que me possibilitaram perceber a intenção fundamental e de

* conceito e conceituação - termos incluídos por esta autora, para melhor esclarecimento do assunto.

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147

quantificar como sete, os autores que demonstraram como principal preocupação,

a discussão da formação de conceitos matemáticos, uma obra, de COSTA,

objetivou verificar a influência da ordem de aplicação de dois contextos, a de

LIMA que visou a comparação entre métodos geométricos e algébricos e a de

FREITAS que visou identificar o significado dado, pelo aluno, a solução de

sistemas lineares. Assim, verifico que as obras podem ser divididas em quatro

categorias: formação de conceitos (7), comparação da ordem de aplicação de

contextos diferentes (1), comparação entre métodos geométricos e algébricos (1)

e significado dado a solução de sistemas (1).

Quanto à orientação temporal, das questões de pesquisa, baseada

em ROMBERG, concluo que dois dos estudos estavam orientados para o

presente porque visavam saber “qual o estatuto das coisas?” enquanto os outros

eram estudos prognósticos, orientados para o futuro, envolvendo a pergunta “o

que acontecerá se eu fizer o seguinte?”.

A predominância destes estudos, cujo foco está direcionado para

aprendizagem ou para o desenvolvimento do pensamento matemático, fez com

que eu situe esse conjunto de obras na categoria dos Estudos de natureza

cognitiva ou metacognitiva dos alunos, que coincide com um dos dois principais

focos temáticos encontrados por FIORENTINI (2002) em seu mapeamento.

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148

Procedimentos

aplicação validação

Autores Estratégia

geral Pré-

teste

Analise

Prelim.

Analis

e

a

priori

seq quest

Analise

a posteriori

Pós

teste interna externa

COUTIN. Engenharia

Didática

x x x x x x x x

PEROTTI Engenharia

Didática *

x x x x x

SCHWARZ Engenharia

Didática *

x x x x x

FREITAS Engenharia

Didática

x x x x x x

COSTA Estudo

comparativo

x x x x x

KARRER Estudo

comparativo

x x x x x

LINDEG. Estudo

comparativo

x x x x x

ROSA Engenharia

Didática *

x x x x x

LIMA Engenharia

Didática *

x x x x x

CAMPOS Engenharia

Didática

x x x x x

Quadro 4: Selecionar uma estratégia geral e procedimentos específicos (ativ. 5 e 6)

Considerei que sete das dez dissertações utilizaram a metodologia da

Engenharia Didática. Isto porque, embora quatro desses trabalhos não tenham

declarado essa metodologia, parte deles ou todos os procedimentos adotados

coincidiam com procedimentos estabelecidos por essa metodologia de pesquisa.

Desses sete os de PEROTTI, SCHWARZ, FREITAS e CAMPOS, realizaram a

Engenharia completa, como esta foi especificada por Michele ARTIGUE (1988).

COUTINHO, ROSA e LIMA utilizaram alguns dos procedimentos desta

metodologia, sendo que os dois primeiros validaram suas pesquisas de forma

externa. Os três outros autores, todos orientados por Sandra MAGINA, utilizaram

como metodologia, o estudo comparativo, método consagrado nas pesquisas

psicológicas. Assim concluo que as obras estão divididas em duas categorias

segundo as metodologias adotadas: sete em Engenharia Didática e três em

Estudos Comparativos. * a estrela indica que os autores não declararam a metodologia utilizada

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149

Entre os procedimentos específicos de coleta de dados houve

predominância da utilização de seqüências didáticas, oito trabalhos utilizaram

este procedimento como principal fonte de coleta de dados. Os outros trabalhos

foram pesquisas diagnósticas que utilizaram a aplicação de teste ou questionário

para coletar informações.

A coleta de dados, atividade 7, foi feita, pela maior parte (8) dos

pesquisadores, com alunos em situação de aprendizagem, seja em salas de aula

tradicionais ou em laboratórios.

As informações obtidas com a localização das atividades 5, 6 e 7

permitem colocar este conjunto de obras na categoria das experiências no ensino,

pois na maior parte das dissertações, cada um dos autores criou uma hipótese

em relação ao processo de aprendizagem de um determinado assunto,

desenvolveu uma estratégia para estimular a aprendizagem do aluno e testou a

eficácia desta estratégia. Nas dissertações em questão, esta estratégia consistiu

na elaboração e aplicação de uma seqüência didática. Diante destas

constatações sobre os métodos usados pelos pesquisadores pode-se inferir que

estas obras basearam-se no paradigma empírico-analítico. Segundo KILPATRICK

(1992), os métodos de tradição empírico-analítico dominaram a pesquisa

educacional, em sua maioria, no século XX. No mapeamento dos trabalhos do

GT-19, FIORENTINI identificou nos quatorze trabalhos apresentados ou

aprovados, oriundos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), quatorze

estudos, e nos trabalhos da PUC/SP, nove estudos; “uma preferência pela

abordagem empírico-analítica de pesquisa.”

Para analisar e interpretar as informações coletadas a grande maioria

dos pesquisadores tabelou as informações (utilizaram números) mas esses

números não caracterizaram métodos puramente quantitativos, pois foram usados

para fundamentar as análises e interpretações das informações relevantes, que

indica a utilização do método qualitativo. Pode-se dizer então, que os autores

utilizaram métodos quanti-qualitativos.

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150

Os autores, todos eles, concluíram ter atingido seus objetivos e/ou

responderam às suas questões de pesquisa. Assim chego a conclusão que a

metodologia, e/ou os procedimentos metodológicos adotados foram adequados à

coleta de dados requerida pelo fim visado, pois segundo ROMBERG, “A decisão

sobre que métodos usar segue diretamente das questões selecionadas”, ou seja

a decisão dos procedimentos adotados visa esclarecer as questões. Esclarecidas

as questões pode-se concluir que os procedimentos foram adequados.

É interessante notar que dos dez autores, quatro elaboraram questões

abertas, sugerindo pesquisas posteriores, enquanto todos os dez, apresentaram

ao menos uma sugestão de ensino. Este fato pode revelar a preocupação do

autor com a prática docente, pois como já realçado anteriormente nove deles

eram professores.

Como conclusão final afirmo que a principal característica do conjunto

das obras estudadas é a preocupação com a construção dos conceitos

matemáticos, por parte do aluno do ensino médio; em especial, do conceito de

função. Os esforços desses autores-professores em buscar soluções para as

dificuldades que seus alunos enfrentavam, indicam que este assunto é de difícil

compreensão para alunos desta faixa etária.

A Engenharia Didática, como metodologia de pesquisa, revelou-se a

preferida pelos autores. Diante das evidências apresentadas até aqui, fica clara,

para este conjunto de pesquisas, a associação entre os objetivos relativos ao

ensino e a aprendizagem de funções, com esta metodologia. Para este tipo de

questão, esta metodologia mostrou-se eficaz. Uma sugestão para pesquisas

futuras seria investigar se existe esta relação de adequação, de outros objetivos,

específicos de pesquisas em Educação Matemática, com esta mesma

metodologia.

Encerro este trabalho acreditando ter atingido o objetivo proposto de:

descrever, analisar e categorizar, segundo seus objetivos e metodologias de

pesquisa, as dissertações em Educação Matemática no Ensino Médio, produzidas

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151

no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, da PUC/SP, no

período de 1994 a 2000.

Com a elaboração deste panorama acredito ter dado a minha

contribuição para o aprimoramento da produção discente do Programa de Pós-

Graduação em Educação Matemática, da PUC/SP.

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SCHWARZ, Osmar. Sobre as concepções de função dos alunos ao término

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156

ANEXOS: MODELOS DAS FICHAS

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157

Modelo-1 (produzido por Silvia Machado)

1ª página

Nome do que será feito: fichamento de capítulo de livro, fichamento de livro ou

fichamento de artigo de revista especializada.

Identificação do texto:

Autor

Título do texto. (se for capítulo de livro expor organizador ou editor do livro e o

titulo do livro)

Número de páginas. (se for capítulo de livro expor o número de páginas do livro)

Ano da publicação.

Resumo (descrever com suas palavras)

Palavras chaves. (se não aparecer no texto colocar sua indicação)

2ª página

Qual a questão de pesquisa?

Qual o objetivo da pesquisa?

Qual o método da pesquisa? (se não aparecer no texto colocar sua indicação)

Qual o referencial teórico da pesquisa?

Quais as conclusões da pesquisa? (descrever com suas palavras)

Indicar outro ou outros escritos do mesmo autor do texto, situar o texto em relação

a um outro texto do mesmo autor.

Indicar um ou mais autores de textos semelhantes, situar o texto em relação a

esse(s) outro(s) texto(s).

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158

Modelo-2 (produzido pelo grupo)

Autor

Titulo do texto

Número de páginas

Ano de defesa

Orientador (a)

Resumo (com suas palavras)

Palavras chave (se não aparecer no texto colocar sua indicação)

Objetivo

Metodologia (se não aparecer no texto colocar sua indicação)

Referencial Teórico

Conclusão (com suas palavras)

Observação (o que é relevante)

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Modelo-3

1) Fichamento da dissertação (identificar o título da dissertação).

2) Autora.

3) Ano de defesa.

4) Número de páginas.

5) Orientador.

6) Resumo (escrito pelo autor da dissertação).

7) Objetivo (escrever e localizar de acordo com a dissertação).

8) Metodologia (escrever e localizar de acordo com a dissertação).

9) Fundamentação Teórica (escrever e localizar de acordo com a dissertação).

10) Palavras-chave (escrever quando aparecer na dissertação).

11) Conclusão (transcrição das partes da conclusão que respondem o objetivo

proposto).

12) Referências bibliográficas (indicar aquelas que se referem a autores citados no

fichamento)

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Modelo-4

1) Fichamento da dissertação (identificar o título da dissertação).

2) Autora.

3) Ano de defesa.

4) Número de páginas.

5) Orientador.

6) Resumo (escrito pelo autor da dissertação).

7) Objetivo (escrever e localizar de acordo com a dissertação).

8) Metodologia (escrever e localizar de acordo com a dissertação).

9) Fundamentação Teórica (escrever e localizar de acordo com a dissertação).

10) Palavras-chave (escrever quando aparecer na dissertação).

11) Conclusão (transcrição das partes da conclusão que respondem o objetivo

proposto).

12) Sugestões de ensino e/ou sugestões de pesquisa

13) Referências bibliográficas (indicar aquelas que se referem a autores citados no

fichamento)