a educaÇÃo fÍsica na educaÇÃo infantil e ensino fundamental l

28
Mário Augusto Baião A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física no Centro Universitário Metodista de Minas Izabela Hendrix, elaborado pelo acadêmico Mário Augusto Baião, sob a orientação do professor André Maia Schetino. Belo Horizonte 2009

Upload: joao-maria-andarilho

Post on 12-Apr-2017

59 views

Category:

Education


10 download

TRANSCRIPT

Page 1: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

Mário Augusto Baião

A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO

FUNDAMENTAL l

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física no Centro Universitário Metodista de Minas Izabela Hendrix, elaborado pelo acadêmico Mário Augusto Baião, sob a orientação do professor André Maia Schetino.

Belo Horizonte

2009

Page 2: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

2

Mário Augusto Baião

A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau

de licenciado em Educação Física, pelo Centro Universitário Metodista de Minas

Izabela Hendrix de Belo Horizonte em 10 de dezembro de 2009 em banca examinadora

constituída pelos professores:

Professor André Maia Schetino – Orientador

Professora Raquel Borges – Instituição

Professor (a) – Instituição

Professor (a) – Instituição

Page 3: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

3

A todos que contribuíram para esta conquista, minha gratidão eterna, e que Deus

abençoe a caminhada de todos concedendo saúde, amor e paz.

Page 4: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

4

Agradecimentos

A meus pais, responsáveis diretos do meu caráter.

A minha esposa, pelo amor e compreensão.

Aos meus filhos, Arthur e thales

Aos colegas de turma, sempre é bom estabelecer elos.

Aos professores e professoras do Centro

Universitário Metodista Izabela Hendrix, pelo

Incentivo e conhecimentos transmitidos.

Ao Prof.Orientador André Schetino pela compreensão,

dedicação e apoio.

Page 5: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

5

RESUMO

Este estudo surge pela minha vivência como professor de Ed. Física na Ed. Infantil e

ensino fundamental l ha mais de 10 anos. Percebendo certa dificuldade na

elaboração e planejamento de aulas, interesse dos alunos por algumas atividades

especificas como o futebol e natação, as questões que envolvem a disciplina,

conceitos teóricos e pedagógicos, planejamento de aulas, questões ambientais e

físicas, espaço apropriado, equipamentos entre outros aspectos que envolvem a Ed.

física escolar. Tal circunstância suscitou alguns questionamentos acerca da

organização dessas aulas, da qualidade e efetividade, da busca de resultados

eficientes, do entendimento da especificidade da Ed. Física escolar, da elaboração

de um currículo com conteúdos compatíveis com a faixa etária embasados

teoricamente. Assim, o objetivo deste estudo reflexivo foi verificar através de uma

revisão bibliográfica como os autores e professores pensam ou estão participando

destas questões. A partir disto com base nas informações colhidas tentar

estabelecer critérios para pensar melhor o planejamento de aulas e propostas de

atividades físicas voltado para este público sustentado nas teorias de educação do

Corpo pelo movimento. Teorias que possam levar a uma compreensão das normas

que permeiam tanto a Educação Física, como o Ensino Fundamental, bem como as

suas relações; os estudos específicos sobre as características físicas, cognitivas e

sócio afetivas das crianças, visando compreender quem são essas crianças, suas

necessidades e interesses como um ser global que faz, pensa, sente e interage; e, a

partir desses trabalhos, identificar questões voltadas à prática da Educação Física

na fase inicial do Ensino Fundamental, visando detectar aspectos coerentes que

pudessem justificar a importância das atividades para essa etapa do ensino

PALAVRAS CHAVES: Educação física escolar, educação infantil, ensino

fundamental.

Page 6: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

6

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .......................................................................................................7

2 - RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO .......................................................................10

3 - COMPETÊNCIAS E OBJETIVOS DA ED. FÍSICA ESCOLAR.............................14

4 - OS TEMAS DAS AULAS (CONTEÚDOS) ...........................................................18

5 - CONCLUSÃO ......................................................................................................23

6 – REFERÊNCIAS...................................................................................................26

Page 7: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

7

1 - INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como temática de investigação a Educação Física

escolar nas séries iniciais e ensino fundamental l. Encontramos na literatura

inúmeras atividades voltadas para este público como jogos, recreação, brincadeiras

etc. A internet oferece várias opções de pesquisa assim como livros didáticos e

pedagógicos, porém quase todos muito repetitivos e sem especificidade. Esperamos

aqui abordar temas mais específicos, analisando a proposta de sistematização de

outras atividades para além da recreação.

O tema desperta o interesse, também pelo fato de já atuar como professor de

Educação Física neste segmento há 10 anos. Vivencio, portanto algumas

observações aqui apontadas, como dificuldades na seleção de atividades e

conteúdos, além da percepção da falta de amplitude dos trabalhos, artigos e livros

direcionados exclusivamente para a Educação Infantil e ensino fundamental l no que

se refere a Educação Física. É preciso estar atento na escolha das atividades e

conteúdos a serem ministrados. Quando citamos temas mais específicos para este

público – aqueles que vão para além de uma abordagem pautada na recreação, nos

jogos e brincadeiras, tais como: Modalidades esportivas, lutas, natação, dança,

ginástica, atletismo – meus questionamentos sempre recaem na escolha de

conteúdos e faixa etária, na qualidade das aulas, na disponibilização de materiais,

no espaço, nos resultados e avaliações, aceitação por parte dos pedagogos,

orientadores, diretores, pais e na definição do papel da Educação Física escolar que

precisa estar bem claro para os profissionais da área.

As mudanças na Educação Física escolar começaram a partir da década de

80, através de novos princípios e valores que surgiram com o intuito de romper o

modelo mecanicista que prevalecia, e o surgimento de novas abordagens ou

tendências vieram com o objetivo de mudar a visão de um corpo que era visto como

algo dissociado da mente. Com novas abordagens ou tendências para a Educação

Física, Santin citado por Fiorante (2008), salienta que “a disciplina acabou tornando-

se uma atividade polivalente na busca de uma identidade própria”. Na busca de uma

identidade própria, nos remetemos inicialmente à legislação educacional que vigora

em nosso país, e que compreende a Educação Física como um componente

Page 8: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

8

curricular obrigatório da Educação Básica. A atual Lei de Diretrizes e Bases (LDB),

promulgada em 20 de dezembro de 1996, enumerada como 9394/96, tem como

principal propósito assegurar a formação comum indispensável para o exercício da

cidadania, fornecendo ao educando meios para progredir no trabalho e em estudos

posteriores. Encontramos amparo no documento lançado pelo Ministério da

Educação e Cultura (MEC) denominado Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),

em que essa proposta aponta a possibilidade dos conteúdos da Educação Física

serem conhecidos historicamente e socialmente transmitidos, pois são produções da

nossa cultura. A Educação Física escolar deve preocupar-se com as manifestações

de nossa cultura corporal: a dança, as lutas, os jogos, a ginástica e o esporte, os

quais fazem parte dos PCNs e também são formas encontradas para pensamentos,

sentimentos, conflitos, festas, desafios, que sempre permearam as relações sociais.

Torna-se de extrema importância a análise de conteúdos, práticas curriculares,

planejamento, elaboração, execução, preparação discente e docente etc.

O presente artigo faz uma revisão reflexiva da literatura sobre o assunto,

investigando e colhendo informações de autores sobre diversas questões que

envolvem a Educação Física escolar principalmente neste segmento, abordando

questões políticas, sociais e culturais ao longo desses anos em que a Educação

Física passou a ser reconhecida como disciplina obrigatória. Feito isso, refletiremos

sobre a natureza do conhecimento específico que acreditamos ser da Educação

Física Escolar e, como conseqüência, pensar melhor o planejamento de aulas,

seleção de atividades e conteúdos embasados teoricamente.

Para esta revisão foram colhidas informações de aproximadamente trinta

artigos e periódicos, além de livros, revistas e propostas curriculares que abordasse

o tema Educação Física nas séries iniciais, Educação Física na educação infantil,

Educação Física no ensino fundamental ou 1º grau.

Acreditamos que este artigo possa ser mais uma ferramenta para o professor

de Educação Física pensar sua a prática, auxiliando na formação de seus alunos e

com isso desenvolvendo sua autonomia enfatizando muito a importância de sua

atuação como professor. Queremos com este artigo fomentar as discussões em

torno da Educação Física escolar e que sirvam de auxílio e suporte aos professores

na hora de planejar suas aulas, de pensar a escolha de temas e conteúdos

específicos para este público alvo, crianças que estão iniciando suas atividades

escolares, que aborde não só a ludicidade, os jogos e brincadeiras, mas que nas

Page 9: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

9

aulas de Educação Física elas possam vivenciar algumas práticas esportivas como

a natação, atletismo, ginástica, lutas, danças, entre outras, atividades que com

certeza são ministradas em outros locais e não na escola, ou seja, são conteúdos da

Educação Física escolar entre tantos que não são valorizados no currículo da

disciplina por inúmeros motivos.

Para isso, dividimos nossa revisão de literatura em três eixos de análise,

escolhidos por sua relevância relativa ao tema deste artigo e à bibliografia

consultada. Posteriormente, trazemos à guisa de conclusão, nossas considerações

finais advindas das análises feitas sobre os eixos estudados.

Page 10: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

10

2 - RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO

É na escola que a criança sofre seu primeiro impacto físico-emocional, pois até então sua vida era exclusivamente dedicada aos brinquedos e ao ambiente familiar. Nesta fase, portanto, a Ed. física detém séria responsabilidade, deve proporcionar a criança oportunidades de desenvolver a confiança em si mesma, a compreensão do ambiente e a capacidade de comunicação. (ALBUQUERQUE, 2008, P.15)

A partir deste pensamento iniciamos nossas reflexões sobre o papel do

professor (a) de ed. física que irá trabalhar com este público específico, crianças da

educação infantil abordando aspectos da sua responsabilidade, conhecimentos,

experiência, afinidade, entre outros, por entendermos que não basta somente ao

professor ser um transmissor de gestos técnicos, um recreacionista ou um

disciplinário. Na minha modesta experiência como professor na Ed. infantil deparei

com questões que vão muito além de embasamentos teóricos, pedagógicos e

filosóficos, questões que repassam muito pelo caráter deste profissional, que por

muitas vezes tem que ser sensível, amoroso e dedicado. Saber entender os

problemas de seus alunos, sejam emocionais ou psicológicos, interpretá-los e

contextualizá-los dentro das aulas, para que este aluno não se sinta excluído e

desmotivado.

O papel da Educação Física no processo educativo é auxiliar no

desenvolvimento da personalidade do indivíduo como um ser social, contribuir para

a aquisição de novas habilidades, fazê-lo reconhecer as suas potencialidades

físicas, para isto o professor especialista precisa estar embasado teoricamente e

ciente de tamanha responsabilidade.

Desde que a escola existe como instituição, vários programas pedagógicos têm sido propostos. Apesar da variedade de programas encontrados, que refletiram diferentes funções da escola ao longo de sua história, atualmente, é reconhecido que: a) a escola tem papel essencial no desenvolvimento das crianças; b) tem uma função social importante, devido a necessidade crescente das famílias de compartilharem com instituições os cuidados com seus filhos; c) tem uma função política clara, contribuindo para a formação dos cidadãos. (FERRAZ, 1996, p.16, p.22).

Estas constatações não são tão simples de serem percebidas quando outros

interesses são envolvidos, principalmente no entendimento das funções,

Page 11: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

11

especificidades e conteúdos, ensinar o que? para que?, com qual finalidade e

objetivo?

A função precípua de ensino sistematizado dos objetos de conhecimento construídos socialmente pelos homens ao longo da história como a escrita, a aritmética, as ciências sociais e naturais têm sido de consenso. A escola, portanto, amplia, organiza e formaliza uma aprendizagem que se inicia e continua no seio da família e no grupo social com o qual se vive. Esse pressuposto, aplicado às diversas disciplinas curriculares como a matemática e as ciências, por exemplo, gerou um conhecimento sistematizado que tem claro seu objetivo específico no processo de escolarização. Contudo, ao se olhar mais atentamente para a educação física, vê-se que o mesmo não ocorre. Observando-se a realidade que a Educação Física ocupa na escola, constata-se um componente curricular sem uma clara definição de sua função no contexto educacional. (FERRAZ, 1996, p.16, p.22).

Apesar de ser instituída legalmente como um componente curricular e até

mesmo reconhecido como fundamental para o desenvolvimento do aluno, a

Educação Física, de fato, parece estar presente na escola, essencialmente como

simples atividade. Isto trás uma inquietação para o professor de Ed. Física que

mesmo sabendo do seu papel e da importância da sua disciplina se sente

desprivilegiado, desmotivado. Isto não deveria acontecer, o professor de Ed. física é

responsável direto pela apresentação, transmissão de conteúdos e conhecimento

aos alunos,

deve sistematizar situações de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais. Para isso é necessário mudar a ênfase na aptidão física e no rendimento padronizado que caracteriza a Ed. física para uma concepção mais abrangente, que contemple todas as dimensões envolvidas em cada prática corporal (ABRANTES, 2009, P. 5, p.6).

O binômio teoria/prática é de extrema importância para que os professores de

Educação Física busquem a superação de uma disciplina que é vista como uma

“atividade”

A Educação Física tem necessidade não de repetidores de gestos próprios ou alheios, mas de pesquisadores; não de mandarins, mas de profetas; não de aposentados da investigação científica, mas de comprometidos até o fundo com a mesma investigação; não do imperialismo da bio-medicina, mas do reconhecimento de que o Homem é um ser eminentemente cultural; não de representantes do particular, mas da complexidade e da totalidade humana; não de saciados (que se julgam sábios), mas de famintos (que pretendem, humildemente, saber mais). O amplo universo da Educação Física escolar fica caracterizado pela vasta. (SÉRGIO,1991, p. 87)

Page 12: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

12

É fundamental que o professor faça uma clara distinção entre os objetivos da

Educação Física escolar e os objetivos do esporte, da dança, da ginástica, da

recreação, da luta profissional, pois, embora seja uma referência, o profissionalismo

não pode ser a meta almejada pela escola, Durante as aulas deverão dar-se

oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades de

forma democrática e não seletiva, visando ao seu aprimoramento como seres

humanos. Nesse sentido cabe assinalar que os alunos portadores de deficiência

física ou mental não podem ser privados das aulas de Educação Física.

Independente de qual seja o conteúdo escolhido pelo professor, os processos

de ensino a aprendizagem devem considerar as características dos alunos em todas

as suas dimensões (cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética, de relação

interpessoal e inserção social). Sobre as diversas modalidades dos jogos, o aluno

deve aprender para além das técnicas de execução, a discutir regras e estratégias,

apreciá-los criticamente, analisá-los esteticamente, avaliá-los eticamente,

ressignificá-los e recriá-los. Os alunos trazem para a escola uma bagagem de

conhecimento sobre o corpo e o movimento, vivenciando nos jogos e brincadeiras

e/ou pelo desenvolvimento de interações que estabelecem em seu contexto social,

Cabe aos professores de Educação Física criar oportunidades para que possam

compartilhar essas experiências. É, portanto, tarefa do professor de Educação Física

escolar garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura corporal, contribuir para a

construção de um estilo pessoal para o exercício dessas práticas e oferecer

instrumentos para que sejam capazes e apreciá-las e aprender. Lembrando Freire

citado por Abrantes (2009, p.4)

Ensinar não é a pura transferência mecânica do conteúdo que o professor faz ao aluno passivo e dócil. Partir do saber que os educadores têm não significa ficar girando em torno desse saber. Partir significa pôr-se a caminho, ir-se, deslocar-se de um ponto a outro e não ficar, permanecer.

Não é nosso objetivo nesta reflexão ressaltar o papel do professor de

educação física, seus deveres e compromissos, mas tratando-se de crianças e pré-

adolescentes, vale lembrar que nossa responsabilidade aumenta, temos que estar

atentos a incentivar para que nossos alunos possam experimentar e conhecer o

próprio corpo e seus limites. Por meio de diferentes métodos e técnicas de ensino

oferecer condições para que esta criança perceba como lidar com seus colegas

levando em consideração aspectos afetivos, sociais, éticos e sexuais, incentivando a

Page 13: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

13

adotar hábitos saudáveis de alimentação e negar toda e qualquer forma de violência

física ou simbólica. Vale ressaltar que não queremos discutir qual o papel do

professor(a). pedagogo, como já dissemos o objetivo é abordar a importância de um

prof. específico e seu papel na escolha de bons conteúdos fundamentados numa

proposta coerente com a faixa etária que desenvolva atividades que vão beneficiar o

crescimento e o desenvolvimento de nossos alunos.

Page 14: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

14

3 - COMPETÊNCIAS E OBJETIVOS DA ED. FÍSICA ESCOLAR

As reflexões que tentamos propor em torno deste tema, “competências e

objetivos da Ed. física escolar” perpassam por questões históricas, culturais e

sociais que envolveram a disciplina ao longo das ultimas décadas. Foram

transformações importantes que acompanharam a cena política nacional e que

ajudaram na formação de conceitos teóricos e pedagógicos que sustentassem ou

explicassem melhor a especificidade da disciplina e sua aplicabilidade na escola.

Paralelamente assistimos mudanças em relação à educação, métodos de ensino e

crises e acontecimentos que estão longe de apontar uma solução para os diversos

problemas que envolvem a educação no Brasil.

Dizer que a educação brasileira passa por uma profunda e extensa crise não é nenhuma novidade, é reproduzir algo que nossa sociedade tem sentido concretamente, é visível, dentre vários aspectos, a falta de uma política educacional fundamentada em princípios filosóficos e pedagógicos com que venha contribuir com a formação de homens que possa exercer plenamente a cidadania,. É lamentável o desrespeito a classe docente que precisa ser reconhecida na enorme responsabilidade que tem em educar, se fizermos uma análise profunda destes problemas descobriremos porque muitos segmentos educacionais são vazios em seus propósitos pedagógicos e porque professores e alunos ficam sem rumo, caindo por vezes no reino do faz-de-conta que ensina e o aluno faz de conta que aprende. ( Miyagima, citado por ALBUQUERQUE, 2008, p.14)

É a partir destas e outras constatações é que ressaltamos que os objetivos da

Ed. física escolar visam contribuir com a formação efetiva de seus alunos que o

professor esteja atualizado aos fatos e acontecimentos da sociedade, que proponha

conteúdos importantes saindo da mesmice que nossos alunos estão acostumados.

Ressaltamos também que para se colher bons frutos é preciso semear, ou seja, um

trabalho bom na Educação Infantil e ensino fundamental l envolvendo estas e outras

questões aqui abordadas é bastante pertinente.

Pensando que a Educação Física Escolar é veículo de transmissão e fornece oportunidades para a construção de um conhecimento capaz de mover os seres humanos de um lugar para outro, que a Educação Física Escolar pode levar pessoas a um lugar onde se esteja mais próximo da felicidade ou de uma melhor qualidade de vida, acreditamos que os professores que atuam no processo de escolarização devam ter o domínio de alguns conhecimentos e habilidades. Em primeiro lugar, a atuação deste professor deve caracterizá-lo por ultrapassar a postura única e exclusiva de

Page 15: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

15

um instrutor de atividades físicas, de um recreacionista, de um terapeuta corporal ou psicomotricista.(SILVA,1996, p. 29, p.35)

A importância que imaginamos ter as atividades físicas para esta faixa etária

deve estar voltada para o movimento, o exercício das atividades motoras pela

criança, além de exercer papel predominante no seu desenvolvimento somático e

funcional, estimula e desenvolve as suas funções psíquicas, cognitivas e sociais. Daí

no nosso entendimento que teoria e prática devem sempre acompanhar o

planejamento da Educação Física escolar.

No âmbito da Educação Física, os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos valores sociais, tais como padrões de beleza e saúde, que se tornaram dominantes na sociedade, seu papel como instrumento de exclusão e discriminação social e a atuação dos meios de comunicação em produzi-los, transmiti-los e impô-los; uma discussão sobre a ética do esporte profissional, sobre a discriminação sexual e racial que existe nele, entre outros aspectos, pode favorecer a consideração da estética do ponto de vista do bem-estar, das posturas não consumistas, não preconceituosas, não discriminatórias e a consciência dos valores coerentes com a ética democrática. No que tange à questão do gênero, as aulas mistas de Educação Física podem dar oportunidade para que meninos e meninas convivam, observem-se, descubram-se e possam aprender a ser tolerantes, a não discriminar e a compreender as diferenças, de forma a não reproduzir estereotipadamente relações sociais autoritárias. Nos jogos, ao interagirem com os adversários, os alunos poderem desenvolver o respeito mútuo, buscando participar de forma leal e não violenta. Confrontar-se com o resultado de um jogo e com a presença de um árbitro torna-se um importante instrumento no desenvolvimento do acato à aceitação de opiniões e julgamentos de terceiros envolvidos diretamente ou indiretamente na partida. Principalmente nos jogos, em que o trabalho em equipe, a solidariedade e dignidade, nos momentos em que, por exemplo, quem ganha é capaz de não provocar e não humilhar, e quem perdem reconhecer a vitória dos outros sem se sentir humilhado (ABRANTES, 2009, P. 5, p.6).

Em função dessas observações, a Educação Física como um componente

curricular tem o objetivo precípuo de disseminar conhecimentos sistematizados

sobre a motricidade humana. Mas, em linhas gerais, quais seriam esses

conhecimentos? Qual a relação destes conhecimentos com os diferentes ciclos de

escolarização?

(...) torna-se possível falarmos em uma dimensão procedimental, uma dimensão simbólica e uma dimensão atitudinal. A dimensão procedimental diz respeito ao saber fazer, a capacidade de mover-se numa variedade de atividades motoras crescentemente complexas de forma efetiva e graciosa. É importante ressaltar que, nessa concepção, aprender a mover-se envolve atividades como tentar, praticar, pensar, tomar decisões e avaliar, significando, portanto, muito mais do que respostas motoras estereotipadas.

Page 16: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

16

No que diz respeito a dimensão atitudinal, está se referindo a uma aprendizagem que implica na utilização do movimento como um meio para alcançar um fim, mas este fim não necessariamente se relaciona a uma melhora na capacidade de se mover efetivamente. Neste sentido, o movimento é um meio para o aluno aprender sobre seu potencial e suas limitações, além de aprender sobre o meio ambiente. Expressando-se pelo gesto, som, mímica, jogos, o aluno percebe que o corpo é um instrumento de comunicação e através dessas observações poderá estabelecer comparações com outras crianças, adultos, animais construindo seu auto conceito e a compreensão da realidade. Finalmente, a dimensão simbólica que significa a aquisição de um corpo de conhecimentos objetivos, desde aspectos nutricionais até sócio-culturais como a violência no esporte ou o corpo com das expressões da cultura de movimento e reivindicá-las como um direito do cidadão e dever do Estado oportunizá-las. Atualmente, o esporte constitui-se em um fenômeno social de proporções mundiais. O que se quer dizer é que o aluno pode não gostar de praticar determinadas expressões da cultura de movimento (jogo, esporte, dança e ginástica), contudo ele terá essa opinião após conhecê-los, ou ainda, mesmo não praticando poderá ser um expectador com capacidade de apreciar essas manifestações que compõem a cultura de movimentos. Portanto, parece haver um conhecimento teórico e prático a respeito da motricidade humana que permite uma melhor qualidade de vida. (FERRAZ, 1996, p.16,22).

Pensando então numa proposta curricular que contemple estas

considerações, o que a Educação Física Escolar não pode deixar de fazer é veicular

conhecimentos teórico-práticos, dentro da sua faixa etária, no sentido de

proporcionar aos alunos elementos que lhe garantam autonomia para que no futuro

possam:

a) participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas, e construtivas com os outros, respeitar os outros e administrar as relações conflitantes; b) atender adequadamente suas necessidades e desejos nos movimentos do cotidiano; c) atender suas aspirações de lazer relacionadas a cultura de movimento;d) Executar os movimentos básicos fundamentais exercendo controle sobre o corpo (andar, correr, saltar, receber, arremessar, subir, passar, etc; e) Desenvolver a bilateralidade corporal, as qualidades físicas em geral (coordenação, flexibilidade, ritmo, velocidade, equilíbrio, força, destreza, etc); f) Identificar as características e as diversas funções dos recursos materiais; g) Participar das atividades interagindo com os companheiros do grupo; h) Executar os movimentos básicos fundamentais estabelecendo relações de tempo e espaço; i) Identificar os possíveis fatores determinantes da diferenças individuais manifestadas pelos componentes do grupo; j) participar da elaboração de atividades, definindo regras, de modo a favorecer a participação integral do grupo; k) Participar criticamente das atividades, respeitando as posições divergentes; l) Aprimorar a execução dos movimentos especializados aplicando-os nas suas respectivas atividades; m) Analisar a importância das atividades corporais para o processo de formação continuada do homem; n) Avaliar os prós e contras das práticas das atividades corporais em termos biológicos, fisiológicos, intelectuais e sociais; o) Identificar e analisar os sentidos e os valores sociais, morais, éticos e estéticos subjacentes à cultura corporal, tendo como referência o contexto da sociedade brasileira; p) relacionar a Educação Física com esporte, saúde, lazer, educação e cultura (ABRANTES, 2009, p. 5)

Page 17: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

17

Estas enumerações, acreditamos, devem ser analisadas, estudadas e

contempladas pelo professor na hora de elaborar seu planejamento, escolher suas

atividades, montar sua aula, não é tarefa tão simples se pensarmos na quantidade

de conteúdos envolvidos.

Da observação natural e comprovada por estudos científicos, pode-se constatar que o movimento humano desempenha um papel fundamental no seu processo de desenvolvimento biológico e psicológico (Connolly, 1977; Tani et alii, 1988), evolucionário (Leakey, 1981; Schmidt, 1982), social e cultural (Betti, 1992; Daolio, 1992) e cognitivo (Piaget, 1987a; Tani et alii, 1988. ( FERRAZ 1996, p.16, p.22)

Porém, o movimento assume matizes diferenciados no desenvolvimento do

ser humano ao longo do ciclo de vida, devido as suas diferentes características e

conseqüentes necessidades.

Em linhas gerais, utilizando-se as dimensões relacionadas anteriormente, tem-se como princípio básico que a dimensão atitudinal estará presente em todo o processo de escolarização, uma vez que aspectos sócio-afetivos como auto-conceito e socialização devem ser preocupação de todos os componentes curriculares em todo o ciclo. A Educação Física Escolar reúne conteúdos extremamente fecundos para obtenção desses objetivos educacionais, uma vez que as formas de implementação (jogos, atividades rítmicas, ginástica) de seus conteúdos permitem estabelecer e alcançar essas metas da escolarização. O aprendizado sistematizado das normas de convivência, dos hábitos culturais e de outros objetos sociais de conhecimento, pode alterar significativamente o processo de socialização do aluno. Contudo, com relação a dimensão dos procedimentos, ou seja, o saber fazer a ênfase deverá ser a exploração e descoberta de diferentes condutas motoras nas séries iniciais, sem a preocupação de técnicas específicas que poderão ser introduzidas nas séries finais respeitando-se, sempre, as diferenças individuais. Finalmente a dimensão simbólica (fatos, conceitos e princípios) deverá estar presente em todas as séries observando-se as características das crianças mais novas que, em função das estruturas cognitivas que regulam o seu pensamento, estão impossibilitadas de compreensão de conteúdos e suas respectivas causalidades. (FERRAZ,1996, p. 16 p.22).

Neste sentido, concordamos com Cisneiros citado por Silva ( 1996, P. 29,

p.35) “que posiciona a Educação Física na dimensão de atividade apenas nas

séries iniciais do ensino e atribuí o caráter de área de estudo ou disciplina nas séries

subseqüentes”. Que quer dizer que as intenções e seleção de conteúdos na Ed.

infantil necessitam de uma atenção especial em relação ao ensino fundamental l por

parte do professor(a), ele deve saber bem diferenciar as características de cada

segmento na elaboração de um bom planejamento.

Page 18: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

18

4 - OS TEMAS DAS AULAS (CONTEÚDOS)

De maneira geral as crianças dentro desta faixa etária, independentemente de

sexo, raça, cultura, condição social e potencial físico, têm direito a oportunidades

que maximizem o seu desenvolvimento. Uma vez que o movimento tem um papel

fundamental no desenvolvimento humano (cognitivo, psicomotor, afetivo-social), a

Educação Física na escola deve considerar todos esses aspectos como

independentes e interdependentes. Um bom planejamento escolar deve estar

vinculado à organização dos conteúdos de aprendizagem em cada unidade didática,

garantindo que estejam relacionados ente si, para sua melhor compreensão.

Segundo Barbosa citado por Abrantes (2009, p.7),

Quatro princípios básicos devem nortear a construção de um planejamento escolar, a) adequação à realidade, b) definição dos objetivos a serem alcançados, c) clareza da construção, d)inclusão dos diversos atores da comunidade educativa.

Sem abandonar os conteúdos tradicionais e clássicos da Ed. física escolar,

deve-se fazer a leitura ampla do movimento humano como manifestação de

indivíduos dotados de corporeidade e subjetividade singular. Cabe à Ed. física

definir-se como um espaço em que os alunos possam experimentar, viver, sentir,

provar a corporeidade, a capacidade de reinventar os movimentos, de fazer de novo

e diferente, de usufruir o próprio corpo, Por outro lado, reconhecer que a experiência

do corpo e do movimento se dá no quadro das produções socioculturais instituídas,

como a ginástica, o esporte, a dança, os jogos e as brincadeiras. De acordo com

BRACHT, (1996. p,23, p.28)

O currículo de educação física pré-escolar, nesse sentido, implica em estruturação de um ambiente que auxilie as crianças a incorporar a dinâmica da solução de problemas, do “espírito” de descoberta nos domínios da cultura de movimento. Portanto, necessariamente, está-se referindo a um conhecimento que implica uma dimensão simbólica, uma dimensão atitudinal e uma dimensão procedimental.

Sendo assim, propõem-se como metas educacionais:

Page 19: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

19

a) competência: auxiliar o aprendiz a utilizar suas próprias habilidades, conhecimentos e potencial em uma interação positiva com desafios, dúvidas, pessoas e os problemas do seu ambiente; b) individualidade: auxiliar o aprendiz, através de um funcionamento autônomo, a tomar decisões, desenvolver preferências, arriscar-se ao fracasso, estabelecendo uma dinâmica independente para resolver problemas, e aceitar auxílio sem o sacrifício da independência; c) socialização: auxiliar o aprendiz a desenvolver sua capacidade de engajar-se nas relações de mutualidade com outras pessoas dentro de valores democráticos. . FERRAZ, (1996, p. 16, p.22).

Ao se refletir às competências e habilidades a serem adquiridas ao longo do

processo de ensino e aprendizagem, remete-se às apropriações na descoberta de

seus limites e possibilidades, na compreensão e experimentação das diferentes

manifestações culturais, na participação, criação ou modificação de regras, na

capacidade de trabalhar em equipe, de desenvolver noções conceituais, de

estabelecer relações reflexivas e críticas entre outras. Um bom planejamento deve

valorizar as experiências e os conhecimentos prévios dos alunos, a fim de despertar

seu interesse e suas motivações para aprender, e serem capazes de aplicar os

conhecimentos adquiridos em sua promoção pessoal e do mio em que interagem.

Para BARBOSA (2005), este deve ser o ponto de partida de um trabalho

educacional inclusivo e comprometido com a formação da pessoa, do cidadão.

“Quem não planeja na avalia, que não avalia não corrige, quem não corrige não

evolui.” Assim para um professor de Ed. física possa fazer um planejamento

eficiente deve-se considerar algumas dimensões de seus alunos:

1. Dimensão simbólica: a) conhecimento e compreensão do corpo; b) conhecimento e compreensão das habilidades básicas; c) conhecimento e compreensão de regras2. Dimensão atitudinal: a) apreciação e aceitação da atividade física; b) auto conceito positivo e estável: capacidades e limitações, imagem corporal, auto disciplina; c) comunicação pelo movimento: imitação, expressão e interpretação; d) valores relacionados aos outros: competição, cooperação, capacidades e limitações dos outros, valores e comportamentos dos outros. 3. Dimensão procedimental:a) desenvolvimento das capacidades físicas e motoras;b) desenvolvimento das habilidades básicas de manipulação, locomoção e estabilização;c) desenvolvimento perceptivo-motor: consciência espacial, temporal e corporal. FERRAZ, (1996, p. 16, p.22).

Acreditamos que qualquer atividade física implica em movimento, se tratando

de crianças tudo envolve movimento, cabe ao professor trabalhar com um repertório

variado, partindo de experiências próprias e de seus alunos, por isto que a

Page 20: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

20

compreensão dos itens mencionados é necessária para que haja um bom

planejamento, coerente com estas propostas.

Finalizando, é importante ressaltar que não há construção de conhecimentos

sem considerar os afetos e sentimentos, assim como, não há sentimentos e afetos

que não impliquem processos intelectuais, por isso esses aspectos não podem ser

abordados separadamente. Entretanto, isto não significa que a Educação Física não

possui um conhecimento específico, ou melhor, dizendo que o movimento humano

não precisa ser considerado especificamente em todo o processo de escolarização.

Segue-se a apresentação dos blocos de conteúdos que possibilitam a obtenção

desses objetivos e em seguida algumas orientações didáticas direcionados para a

educação infantil e ensino fundamental l, como salientado antes, cabe ao professor

analisar as propostas e adequá-las no seu planejamento anual, bimestral e diário.

Com as novas mudanças em relação às séries e ciclos escolares, houve um

agrupamento de alunos com uma faixa etária equivalente a séries muito próximas,

ou seja, os alunos que saem da Ed. infantil para o ensino fundamental trazem uma

bagagem com identidades que precisam ser trabalhadas com tempo e dedicação em

relação as fortes mudanças que lhes são atribuídas rapidamente, encurta-se com

isso a infância e conseqüentemente todo um processo de maturação. Neste sentido

as sugestões abaixo são considerações importantes na hora de se planejar uma

aula, propor atividades, brincadeiras, corridas, saltos, jogos, ou seja, todas as

questões que envolvem o cotidiano e as aulas de Ed. física. Lembrando que a nossa

temática está pontuada conceitos que analisam o corpo em movimento.

1. Conhecimento e controle do corpo: a) esquema corporal global e segmentar: percepção, discriminação e utilização; b) percepção do corpo em repouso e em movimento: elementos orgânicos-funcionais (respiração, batimento cardíaco, relaxamento e contração); c) diferentes ações básicas de locomoção (andar, correr, saltar), manipulação (arremessar, receber, quicar, rebater, abafar e chutar) e equilíbrio (giros, apoios invertidos e rolamentos); d) noções espaciais: topológicas, lateralidade, dominância lateral e direção; e) noções temporais: ritmo, duração, acentuação e velocidade. 2. Jogos: a) o jogo como manifestação social e cultural; b) tipos de jogos: simulação, de regras, tradicionais e adaptados; c) regulação do jogo: regras básicas. 3. Atividades rítmicas e expressivas: a) o movimento como instrumento de expressão e comunicação: gesto, mímica e dramatização; b) ritmo: diferentes estruturas rítmicas e as qualidades do movimento: pesado/leve, forte/fraco, rápido/lento, etc; c) tipos de danças: as rodas cantadas, a dança folclórica e a dança moderna. FERRAZ,( 1996, p. 16, p.22).

Page 21: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

21

Para que o desenvolvimento das habilidades básicas de locomoção,

manipulação e equilíbrio possa ser construído com base em um acervo motor com

ampla variabilidade de movimentos, o professor deve organizar as tarefas de

aprendizagem considerando-se os aspectos constituintes do movimento:

1. Espaço: a) direção: frente, atrás, lado, subindo, descendo; b) níveis: alto, médio, baixo; c) planos: sagital, frontal, horizontal; d) extensões: pequena, grande. 2. Tempo: a) lento rápido, acelerando, desacelerando. 3. Esforço: a) forte fraco. 4. Objetos: a) corda, bola, arco, jornal, etc.5. Capacidades físicas: a) resistência, força, flexibilidade, velocidade. 6. Núcleos do movimento: a) articulações do ombro, joelho, cotovelo, etc.7. Relacionamentos: b) dupla, trios, grupos. FERRAZ, (1996, p. 16-22).

São aspectos indispensáveis que o professor de Ed. Física principalmente os

que trabalham com a Ed. infantil e séries iniciais, precisam observar para a

elaboração e escolha das atividades que serão ministradas para este público,

importante salientar a escolha de matérias de fácil manipulação pelas crianças como

arcos, cordas, cones, bolas, colchões etc.

Mesmo que o currículo seja elaborado cuidadosamente resultando em um

excelente programa, terá pouca eficiência se o ambiente de aprendizagem não for

devidamente organizado e se não forem tomados cuidados especiais no

planejamento e implementação das atividades. Os cuidados relacionados com a

estruturação do ambiente como o local (quadra, área livre), aspectos de segurança,

piso, objetos que possam oferecer perigo a integridade física dos alunos, ou seja,

são considerações importantes que o professor precisa pensar para que não tenha

surpresas inesperadas, a seguir enumeramos alguns itens importantes onde serão

apontadas estas questões:

a) verificar a segurança das quadras/espaços com relação a existência de buracos, garrafas, pregos, etc; b) o espaço deve ter seus limites definidos com a visualização constante do professor; c) os materiais devem possibilitar modificações na sua estrutura e formato para que se acomodem as variações dos diferentes níveis de desenvolvimento das crianças; d) a novidade do equipamento estimula o grau de interesse da criança, enquanto a complexidade mantém o interesse em um nível elevado. (II) Instruções e comportamento do professor Com o intuito de auxiliar na criação de uma atmosfera que maximize o potencial de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, alguns aspectos devem ser considerados: a) o problema a ser resolvido deve ser compreendido completamente pela criança; b) solicitar uma grande variedade de respostas e estimular reflexão no modo de execução da tarefa; c) permitir identificação dos estímulos mais importantes d) garantir que todos os membros da classe estejam envolvidos com a aula e evitar longas filas; e) estabelecer rotinas e regras claras, pois freqüentemente o professor necessita mover grandes grupos e modificar as

Page 22: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

22

tarefas; f) preocupar-se para que as atividades tenham grande ludicidade em suas ações e não superestimular a competição; g) incentivar o auxílio de um aluno para o outro, mostrando a importância do trabalho coletivo. FERRAZ, (1996, p. 16, p.22).

Em resumo, conhecendo-se o aluno em suas características de crescimento e

desenvolvimento e o universo da cultura de movimento infantil têm-se subsídios para

selecionar a maneira de ensinar, planejar, elaborar as aulas e, dessa forma,

aproximar-se de estratégias mais adequadas de ensino.

Page 23: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

23

5 - CONCLUSÃO

Estas reflexões são importantes no sentido de resgatar e promover a

valorização da Educação Física escolar para esta faixa etária quando bem orientada

e fundamentada. Para que nossos alunos sintam o valor da disciplina, sua

importância para a prática esportiva, promoção de saúde, bons hábitos alimentares,

socialização, que estes conteúdos sirvam de incentivos para os pais e responsáveis

quando procurarem alternativas fora da escola, muitas vezes pagam por aulas extra-

curriculares como as escolinhas de futebol, lutas e natação, por entenderem as

necessidades dos seus filhos, e as vezes isto acontece sem muito critério e

avaliação, simplesmente porque um outro colega já faz, está na moda, é legal. I

Imaginamos que o papel da Educação Física escolar estagnou-se em alguns

conteúdos pragmáticos e não se reflete a importância de temas e conteúdos

importantes que permeiam o campo da Ed. Física e não são explorados por nossos

professores, talvez por acharem que está bom do jeito que está.

Acreditamos na importância desta temática por se tratar de crianças e pré-

adolescentes que estão iniciando um processo de formação e maturação física e o

papel do professor de Educação Física é fundamental na escolha de atividades e

conteúdos que irão abordar diversos temas relacionados nesta formação inicial que

será a base, o pilar para aquisição da aptidão física, de interesse pelas atividades

físicas, que elas possam obter conhecimento e informações que serão importantes

ao logo de sua jornada escolar. Somos nós professores que teremos os primeiros

contatos com estas crianças, é grande a confiança que elas depositam e maior

ainda deve ser a nossa responsabilidade. Por isto enfatizamos a importância de uma

Ed. Física para esta faixa etária que reflita, discute, explore seus conteúdos com

qualidade e eficiência.. Entendemos que bons hábitos e bons costumes se adquirem

muito na infância e a Educação Física em sintonia com as outras atividades que

qualquer criança exerça no seu cotidiano escolar e social se torna uma ferramenta

muito importante na construção desta formação.

No sentido do objetivo deste artigo de fazer uma reflexão sobe a Educação

Física escolar nas séries iniciais e ensino fundamental l, abordando os conteúdos e

práticas, de esclarecer a especificidade da disciplina para este segmento, abordando

Page 24: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

24

o relacionamento entre professor e aluno além de apontar as mudanças ocorridas no

pensamento pedagógico e filosófico nas ultimas décadas, percebemos que muitos

autores defendem que a cultura corporal se constitui no conhecimento que deve ser

pedagogicamente transmitido/refletido, configurando os conteúdos de ensino-

aprendizagem de uma Educação Física escolar crítica e atuante. Vislumbra-se

também uma necessidade constante de superar os reducionismos que têm

caracterizado a prática da Ed. Física escolar e as concepções discutidas

anteriormente.

Com relação ao papel do professor e a relação professor aluno percebemos

que deve ter como ponto de partida uma análise contextualizada dos conteúdos

valorizando a sua prática, que ele possa ter argumentos teóricos que vá sustentar

suas decisões para que possa haver a problematizarão e a busca de soluções, para

que os alunos possam ser estimulados a agir como sujeitos ativos de práticas

importantes no seu cotidiano escolar. A partir de suas iniciativas, ele deve favorecer

o diálogo dos alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o

diálogo com a cultura acumulada historicamente; levar em conta os interesses dos

alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem

perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação e

gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos. O

professor deve, também, procurar estabelecer os nexos e mediar as situações de

conflitos que surgem da interação dos alunos com o meio social e cultural que se

refletem na aula, provocando um ambiente de reflexão, trocas e decisões

superadoras das situações-problema.

Sobre as competências da Educação Física Escolar, merece destaque a

análise da especificidade da Educação Física escolar para esta faixa etária, o

conhecimento preliminar das capacidades individuais dos alunos embasados em

fundamentos teóricos coerentes, valorizando as atividades voltadas para o

movimento e motricidade humana na busca do desenvolvimento individual destes

alunos.

Sobre os temas e conteúdo das aulas, percebemos que o planejamento

curricular deve obedecer a critérios teóricos e pedagógicos específicos, são crianças

em fase de maturação física, o professor deve estar atendo no significado e

objetivos das aulas, não é simplesmente propor atividades recreativas e lúdicas,

deve perceber situações problemáticas e conflitantes entre os alunos buscar

Page 25: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

25

alternativas que enriqueça o programa curricular, motivar, surpreender seus alunos,

criar uma expectativa em torno das suas aulas, que cada aula seja uma novidade

para seus alunos contribuído no seu desenvolvimento físico, social, cognitivo etc.

Com base nas informações colhidas e analisadas neste estudo percebemos

que o ensino da Educação Física na perspectiva da cultura corporal pressupõe uma

dinâmica didático-pedagógica importante para esta faixa etária, pois estará refletindo

uma vivência lúdica e sócio-comunicativa de práticas relacionadas aos jogos e

brincadeiras populares, aos esportes, atletismo, às lutas, às ginásticas e à dança

(entendida como possibilidades de expressão rítmica do corpo).

Finalmente, entendemos a partir destas análises que é necessário mais

estudos e trabalhos direcionados para Educação Física escolar, apesar de

importantes mudanças ao logo destes anos discute-se muito sobre matrizes

filosóficas, identidades ideológicas e posturas políticas das diferentes abordagens,

mas a prática pedagógica nas escolas segue de acordo com as orientações da velha

e tradicional educação física, quando elas são conhecidas, ou mesmo sem

nenhuma orienta o pedagógica específica.

Há uma necessidade de pesquisas que forneçam conhecimentos e

instrumentos didático-pedagógicos que orientem a tomada de decisão dos

professores, ou seja, conhecimentos que possam auxiliar, de forma concreta, a

prática pedagógica. Muitas das informações obtidas neste estudo abordam uma

análise da situação. São informações diagnósticas que fazem uma leitura mais

precisa daquilo que já acontece na Educação Física escolar. Não são pesquisas

propositivas que sugerem novas formas de desenvolvê-la. Obviamente, esses

conhecimentos são relevantes, mas poderiam ser mais bem aproveitados se fossem

voltados para um público específico como o da educação infantil e ensino

fundamental l, uma vez que a escola é um espaço em constante mutação. Contudo

acreditamos que as reflexões aqui abordadas possam auxiliar o professor de Ed.

Física no sentido de elaborar suas aulas de maneira mais crítica e conceitual, que

ele possa estar mais perto de uma Ed. Física que problematize, critique, traga

soluções e promova a qualidade das aulas.

Page 26: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

26

6 – REFERÊNCIAS

ABRANTES.R.M. Proposta Curricular de Educação Física Rede Promove, Belo Horizonte-2009

ALBUQUERQUE,S A Educação Física na Educação infantil. Curitiba, editora expoente, 2008

ALMEIDA,L,T,P Iniciação desportiva na escola a aprendizagem dos esportes coletivos.

Disponível em www..metodistademinas.edu.br/novo/bibliotecas. Acesso em 22/11/2009

ARANTES, C,A. História e memória da educação física na educação infantil. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.4, p.76-82, 2001

AYOUB, E. Reflexões Sobre a Educação Física Na Educação Infantil. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.4, p.53-60, 2001. Disponível em: www..metodistademinas.edu.br/novo/bibliotecas. Acesso em 22/11/2009

BARBOSA, Alda Linhares. Educação Física: Ensino infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio,

Editora Universidade,2005

BETTI, C.R.I. Os Professores de Educação Física atuantes da Educação infantil: Intervenção e pesquisa. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.4, p.83-94, 2001 www..metodistademinas.edu.br/novo/bibliotecas. Acesso em 22/11/2009.

BRACHT ,V. Educação Física no 1ª grau: conhecimento e especificidade

Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.23,28, 1996

CARVALHO, N,T. A Formação da consciência política do professor de Ed. Física. Disponível em

WWW.dominiopublico.gov.br. acesso em 23/11/2009.

DARIDO, S,C. A Ed. Física na formação do cidadão e os parâmetros curriculares nacionais.

disponível em: WWW.dominiopublico.gov.br. acesso em 23/11/2009.

DARIDO, S,C. Educação Física de 1a. a 4a. Série: Quadro atual e as implicações ára a

formação profissional em Educação Física. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.4, p.61-72,

2001.disponível em: WWW.dominiopublico.gov.br. acesso em 23/11/2009.

FERRAZ, O,L. Educação Física Escolar: conhecimento e especificidade A questão da pré-

escola. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.16-22, 1996

FERRAZ, O,L. Educação Física na educação infantil no município de São Paulo: Diagnósticos e

representação curricular em professores. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.15, p.63-82, 2001

WWW.dominiopublico.gov.br. acesso em 23/11/2009.

Page 27: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

27

FERRAZ, O,L. MACEDO L. Reflexão de professores sobre a Ed. física na Ed. infantil incluindo

referencial curricular nacional. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.15, p.82-102, 2001

WWW.dominiopublico.gov.br. acesso em 23/11/2009.

FREIRE, Paulo, Pedagogia da esperança: um encontro com a pedagogia do oprimido. 6.ed. São

Paulo: Pás e terra, 1999

FIORANTE, F.B. Educação física escolar: Jogar é preciso. Disponível em

WWW.dominiopublico.gov.br. acesso em 23/11/2009.

GUEDES, D,P – GUEDES,J,E,R,P. Esforços físicos nos programas de Ed. física escolar.

Disponível em WWW.dominiopublico.gov.br. acesso em 23/11/2009.

GUEDES, D,P – GUEDES,J,E,R,P. Características dos programas de Ed. fisica escolar. Rev.

paul. Educ. Fís., São Paulo, (11):49-62, jan./jun. 1997 Disponível em WWW.dominiopublico.gov.br.

acesso em 21/11/2009.

KISHIMOTO, M,T. A LDB e as instituições de educação infantil: desafios e perspectivas. Rev.

paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.4, p.7-14, 2001 Disponível em WWW.dominiopublico.gov.br. acesso

em 23/11/2009

Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais -

Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1998b.

RESENDE, G.H. – SOARES.G.J.A. Conhecimento e especificidade da Educação Física escoar na perspectiva da cultura corporal. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.49-

59, 1996. Disponível: www..metodistademinas.edu.br/novo/bibliotecas. Acesso em

22/11/2009.

ROSA, I,A. Educação física na educação infantil – Experiência pedagógica. Rev.paul.Educ. Fís., São Paulo, supl.4, p.73-75, 2001. Disponível em

www..metodistademinas.edu.br/novo/bibliotecas. Acesso em 22/11/2009

SILVA,S,A,P,S. Educação Física no 1ª grau: conhecimento e especificidade

Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.29-35, 1996

SOARES, L.C. Educação física escolar, conhecimento e especificidade. Rev. paul. Educ. Fís.,

São Paulo, supl.2, p.6-12, 1996. Disponível em: www..metodistademinas.edu.br/novo/bibliotecas.

Acesso em 22/11/2009

Page 28: A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL l

28

TANI, G. Educação Física da Educação Infantil: Pesquisa e Produção do Conhecimento. Rev.

paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.4, p.110-15,2001

acesso: www..metodistademinas.edu.br/novo/bibliotecas. Acesso em 22/11/2009