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1 A Educação Ambiental no Setor de Saneamento Básico: Estudo da Percepção dos Empregados Autoria: Gláucia Aparecida Góes Ferreira, Cláudia Terezinha Kniess, Marcelo Luiz Dias da Silva Gabriel Resumo Conhecer como os colaboradores percebem as práticas ambientais da organização e buscar suas contribuições permitem à organização conduzir melhor suas questões ambientais. A sustentabilidade ambiental configura um tema estratégico nas empresas de saneamento básico. Dentro deste contexto, este trabalho tem como objetivo analisar a percepção dos colaboradores em relação ao Programa de Educação Ambiental - PEA da Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo – SABESP. Realizou-se um estudo de caso com método de pesquisa misto: qualitativo e quantitativo. Como resultado foram identificadas as principais contribuições e sugestões de melhoria dos colaboradores para os programas ambientais da companhia. Palavras-chave: Sustentabilidade; Educação Ambiental; Saneamento.

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A Educação Ambiental no Setor de Saneamento Básico: Estudo da Percepção dos Empregados

Autoria: Gláucia Aparecida Góes Ferreira, Cláudia Terezinha Kniess, Marcelo Luiz Dias da Silva Gabriel

Resumo Conhecer como os colaboradores percebem as práticas ambientais da organização e buscar suas contribuições permitem à organização conduzir melhor suas questões ambientais. A sustentabilidade ambiental configura um tema estratégico nas empresas de saneamento básico. Dentro deste contexto, este trabalho tem como objetivo analisar a percepção dos colaboradores em relação ao Programa de Educação Ambiental - PEA da Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo – SABESP. Realizou-se um estudo de caso com método de pesquisa misto: qualitativo e quantitativo. Como resultado foram identificadas as principais contribuições e sugestões de melhoria dos colaboradores para os programas ambientais da companhia.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Educação Ambiental; Saneamento.

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1. Propósito central do trabalho A sustentabilidade ambiental é tema estratégico entre as organizações, inclusive de saneamento básico, onde é parte do próprio negócio. A sociedade tem demandado das organizações a prática e evidenciação das ações ambientais, além da modernização dos sistemas de gestão para alcançar maior qualidade, competitividade e gestão ambiental (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010). O número de organizações que implementam práticas ambientais e que adotam sistemas de gestão ambiental tem aumentado, no entanto observa-se que a postura destas empresas com relação ao tema meio ambiente não é uniforme. Pode-se dizer que existem fases diferentes de maturação da gestão ambiental dentro de uma empresa, e ainda mais importante do que isto, cada empresa dá à gestão ambiental uma abordagem diferenciada (SILVA FILHO; ABREU; FERNANDES, 2008; ABREU, 2001; ABREU; FIGUEIRÊDO JUNIOR; VARVAKIS, 2002). Para se estudar os programas ambientais implantados em uma organização, parte-se de seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA), uma vez que estes programas costumam ser parte do SGA, estando previstos por ele e sendo monitorados por ele. Identificar a conduta ambiental de uma organização permite melhorar a compreensão do estágio de maturidade em que se encontra na implantação de programas ambientais. A educação ambiental, quando estudada no âmbito das organizações, integra um programa ambiental que pode ser implantado pela empresa para atingir tanto o público interno (colaboradores), quanto externo (sociedade). Torna-se fundamental alinhar as questões relevantes para a organização – dentre elas as ambientais – com seu público interno, para que sejam efetivas, perenes e permeiem toda a organização. É importante conhecer como os colaboradores percebem as práticas ambientais da organização e buscar suas contribuições sobre a melhor forma de conduzir as questões. Deve-se, portanto, divulgar as ações ambientais previamente ao público interno, envolvendo-o, para que os colaboradores se transformem em multiplicadores destas informações dentro e fora da organização. Para algumas organizações o próprio negócio depende da conservação ambiental, como por exemplo, aquelas que exploram recursos naturais escassos. As empresas do mercado de saneamento têm o meio ambiente como parte do seu negócio, e consequentemente, é de fundamental importância vincular sua imagem à conservação ambiental e programas relacionados à sustentabilidade. A ampla gama de aspectos ambientais positivos e negativos e a relevância destes, torna necessária uma análise da gestão ambiental no setor de saneamento (SILVA FILHO; ABREU; FERNANDES, 2008). Este trabalho é norteado pela seguinte questão de pesquisa: Como se caracteriza a percepção dos colaboradores da Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo – SABESP. em relação ao Programa de Educação Ambiental de uma empresa de saneamento? O objetivo geral deste estudo é analisar a percepção dos colaboradores em relação aos programas de educação ambiental de uma empresa de saneamento. Já os objetivos específicos se resumem em estudar os programas de educação ambiental divulgados nos relatórios de sustentabilidade, identificar junto aos colaboradores suas contribuições e sugestões ao programa, e compilar estas contribuições sugerindo propostas de melhoria para a Educação Ambiental. 2. Marco teórico 2.1 Conduta Ambiental das Organizações

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Entre diferentes empresas observam-se posturas heterogêneas em relação ao meio ambiente: diferentes níveis de amadurecimento da gestão ambiental e atitudes diferenciadas perante as questões ambientais. Pode-se denominar esta postura como a conduta ambiental da organização. Desta forma, é importante ao estudar o tema ambiental nas organizações levar em conta em qual fase de implantação das práticas de gestão ambiental a empresa estudada está, e quais abordagens adota com relação ao meio ambiente. Pode-se classificar o perfil de conduta ambiental das organizações como fraco, intermediário ou forte. A conduta fraca é determinada por omissão frente às questões ambientais, ausência de relatórios ambientais, de uma área estruturada para cuidar da questão ambiental e de um SGA e Programa de Educação Ambiental implantados. (SILVA FILHO; ABREU; FERNANDES, 2008). A conduta ambiental intermediária é comum em organizações que estão implantando um SGA, elaborando sua política ambiental, levantando os aspectos ambientais significativos e definindo padrões e controles ambientais. Nesta fase é comum iniciarem-se programas de educação ambiental e a preocupação com a redução de consumo de recursos naturais (ABREU, 2001). Por fim, a conduta ambiental forte é atribuída a empresas que possuem uma área ambiental instituída, e a alta administração demonstra compromisso com a responsabilidade ambiental. Observa-se ainda uma política ambiental implementada, e em geral a adoção de um programa de educação ambiental e de tecnologias para minimizar os impactos ambientais. Neste nível, o SGA está implantado e muitas vezes certificado, e são gerados sistematicamente relatórios de desempenho ambiental, disponíveis ao público (SILVA FILHO; ABREU; FERNANDES, 2008; ABREU, 2001; ABREU; FIGUEIRÊDO JUNIOR; VARVAKIS, 2002). Muitas organizações trabalham com seus projetos ambientais sistematizados em SGA, enquanto que outras possuem alguns programas isolados, e não optaram por um SGA, ou não possuem ISO 14.001. Podem-se pontuar dificuldades e potencialidades ao se implantar um projeto de educação ambiental, ou outro programa ambiental, que são abordados a seguir. Como facilitadores citam-se “comprometimento da alta direção, parceria com a área de recursos humanos, investimento em capacitação, consciência ambiental, cultura da organização, interação do comitê de gestão ambiental com direção e preocupação em minimizar resistência à mudança” Por outro lado, como fatores dificultadores apresentam-se “resistência à mudança, pessimismo com novos programas de gestão, necessidade de monitoramento e acompanhamento intenso, falta de incentivo financeiro aos colaboradores e falta de integração com o sistema da qualidade” (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010, p.58). 2.2 Programas Ambientais O termo “Programa Ambiental” identifica programas específicos estruturados dentro de uma empresa para englobar suas ações ambientais como os divulgados nos relatórios de sustentabilidade. A Educação Ambiental é um forte exemplo de programa ambiental por estar presente em todos os relatórios de sustentabilidade de empresas de saneamento que foram estudados (SABESP, 2012a; SANEPAR, 2010; COPASA, 2010). Para conduzir programas ambientais corporativos, cinco aspectos que devem ser priorizados: uso racional de água, papel e energia, salubridade e destinação adequada de resíduos. Contudo, em qualquer destes aspectos, o principal desafio para o sucesso de um programa ambiental é despertar a conscientização dos colaboradores para que se envolvam e participem do programa (VILAÇA; OLIVEIRA, 2008).

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2.3 Programas Ambientais das Empresas de Saneamento Básico Considerando que o objeto deste estudo são as empresas de saneamento básico, foram estudados alguns relatórios de sustentabilidade, bem como artigos relacionados ao tema ambiental neste setor, visando identificar práticas ambientais e programas de educação ambiental no setor. O grupo empresarial Águas de Portugal (AdP) relata em seu Relatório de Sustentabilidade que sua responsabilidade social apoia a comunidade do entorno e o ensino. A AdP declara ainda encorajar seus colaboradores em ações voluntárias nas comunidades, e apoiar ações de sensibilização e educação ambiental (ÁGUAS DE PORTUGAL, 2011). Uma das empresas do Grupo AdP (ÁGUAS DE PORTUGAL, 2011), a Águas do Algarve, recebeu a menção honrosa na categoria “Melhores Ações de Educação Ambiental” da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA), durante a premiação denominada “Prémios APDA – Tubos de Ouro 2011”. Este reconhecimento pela APDA é atribuído ao Programa Integrado de Educação Ambiental da AdP pela terceira vez consecutiva . Como parte integrante do plano de educação ambiental da AdP o programa “Liga-te a um futuro feliz” visa sensibilizar a população para a importância do tratamento das águas residuais, reforçando a necessidade de interligar-se à rede de saneamento básico (ÁGUAS DE PORTUGAL, 2011). Prado e Istilli (2002) publicaram um trabalho que estudou as percepções dos empregados da Sabesp, a companhia estadual de saneamento básico em São Paulo, sobre seu Projeto de Educação Ambiental. Os autores relatam que a Unidade de Negócio de Tratamento de Esgotos (AE) havia criado em 1998 um Programa de Educação Ambiental, “motivada pelo fato de ser responsável por um serviço que contribui para a melhoria do meio ambiente e ao mesmo tempo degrada, à medida que não consegue atender, totalmente, às necessidades da população” (PRADO; ISTILLI, 2002, p. 46). A pesquisa aponta que os projetos de educação ambiental que não foram bem sucedidos na Sabesp, apresentam como principais motivos para o insucesso a falta liberação e incentivo por parte da chefia, e o excesso de burocracia (PRADO; ISTILLI, 2002, p. 57). A educação ambiental demonstra sua importância uma vez que “aliada à legislação e aos mecanismos de controle ambientais tem papel essencial na mudança de atitude organizacional e social, por possibilitar novas aprendizagens” (MOURA; ROCHA, 2012, p.1). Analisando a pesquisa que Prado e Istilli (2002) realizaram na Sabesp há mais de uma década, observa-se que foram pesquisados muito mais conceitos ambientais (se o empregado conhece efeito estufa, poluição, chuva ácida e seus efeitos, coleta seletiva e reciclagem) do que as percepções sobre o Programa de Educação Ambiental em si, que foi pesquisado em segundo plano. No quesito comunicação, os autores declaram que a Sabesp se preocupa com o meio ambiente e usa muitos meios de comunicação para chegar aos seus funcionários, porém não consegue atingi-los na totalidade pela dificuldade de contemplar os que trabalham externamente (PRADO; ISTILLI, 2002). Outra pesquisa, que estudou as contribuições da gestão de pessoas para a implantação de um sistema de gestão ambiental, apontou a necessidade de uma comunicação externa atuante para divulgar práticas ambientais à comunidade, subcontratados, fornecedores e clientes. Com relação à comunicação interna, o estudo apontou que é importante para conscientizar e motivar empregados – comunicação ambiental no intuito de promover e controlar o fluxo de informações e conteúdos do SGA. Salienta-se por fim a necessidade de identificar o melhor

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meio de comunicação, e utilizar uma linguagem simples e objetiva (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010). Na análise de Prado e Istilli (2002), a maior parte dos pesquisados demonstrou preocupação em proteger o meio ambiente e interesse em participar de atividades de educação ambiental. Os autores propõem que o programa de educação ambiental já existente para o público externo seja adaptado e utilizado para o público interno. Os objetivos apresentados são promover união e interação entre os empregados, sensibilizá-los para a importância da questão ambiental, reforçar a responsabilidade de cada um dentro do processo, despertar o potencial criativo e o autodesenvolvimento, fazer de cada colaborador um multiplicador, e padronizar procedimentos para a educação ambiental. Recomenda-se ainda um trabalho inicial de sensibilização das chefias, encontros participativos e capacitação dos empregados para desenvolvê-los e despertar o lado crítico, disseminando o conhecimento ambiental e estimulando a autoestima, criatividade e liberdade de expressão. Sugere-se também que seja desenvolvido um mecanismo de reconhecimento (divulgação e premiação), para incentivar competição saudável por melhores resultados – o prêmio não deve ser o objetivo, e sim uma consequência. E completam suas recomendações incentivando a participação voluntária ao invés de impositiva, como acontece com outras premiações, que o empregado é convocado a participar, e o destaque quando premiado, geralmente vem para a chefia. (PRADO; ISTILLI, 2002). Quanto à comunicação, Prado e Istilli (2002) recomendam disseminar informações ambientais por meios já existentes (mural, intranet, internet, jornais internos e folhetos) tendo o cuidado de utilizar meios que praticamente todos empregados têm acesso, sendo importante incentivar o uso frequente e adequado. Um aspecto positivo é a possibilidade dos empregados participarem na própria comunidade em que vivem, disseminando a educação ambiental, bastando que sejam incentivados para que estejam seguros para serem multiplicadores. Entende-se que a participação dos empregados da Sabesp nas ações sociais seria maior se melhor divulgadas. É fundamental o acompanhamento contínuo e reciclagem do pessoal, para atualização com novas leis e novas informações. Como item mais importante, pontua-se a motivação e o incentivo, para despertarem o talento, a criatividade, e o espírito voluntário para fazer algo pelo próximo (PRADO; ISTILLI, 2002). O Programa Corporativo de Educação Ambiental (PEA) tem por objetivo desenvolver medidas que visam criar valores sociais, conhecimentos, habilidades e atitudes em prol de um mundo sustentável. Desde 2007 mais de mil colaboradores foram treinados para disseminar a cultura de saneamento ambiental. São contabilizados mais de 100 ações e projetos, podem ser citadas visitas a estações de tratamento de água ou estações de tratamento de esgotos, com a participação de estudantes e professores, em todo o estado, totalizando em 2012 1.474 visitas e 56.456 pessoas beneficiadas. Também são realizadas, dentro do PEA, palestras em escolas, comunidades e empresas. Contabiliza-se em 2012 um público de 165.948 pessoas atendidas, em 1.516 eventos (SABESP, 2012a). Estudando-se agora a companhia estadual de saneamento básico do Paraná – a Sanepar, pode-se destacar que em 2010 a companhia venceu o 17º Prêmio Expressão de Ecologia, a maior premiação da Região Sul na área ambiental. A Sanepar foi premiada em duas categorias. Em uma delas – “Tecnologias Socioambientais – Setor Público”, venceu com o projeto Do Rio ao Rio - educação socioambiental das comunidades com orientação técnica para a correta ligação à rede coletora de esgotos, evitando o lançamento no meio ambiente (SANEPAR, 2010). Ainda na área de educação ambiental, a Sanepar obteve o primeiro lugar na categoria Educação Ambiental da chamada pública para seleção de práticas inovadoras em revitalização de bacias hidrográficas, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). O projeto premiado foi “Educação Socioambiental em Saneamento como Ferramenta para a

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Revitalização da Bacia do Rio Palmital”. A Sanepar relatou o processo de educação socioambiental e o envolvimento comunitário na ação integrada de governo desenvolvida na Vila Zumbi dos Palmares, entre 2004 e 2009 (SANEPAR, 2010, p.7). A Sanepar (2010) se autodeclara comprometida com a preservação ambiental e a qualidade de vida da população no item programas sociais e ambientais de seu relatório anual. Sua política socioambiental possui quatro eixos norteadores: proteção dos mananciais, intervenção socioambiental-educação em saneamento, redução do passivo ambiental e integração com órgãos de governo e sociedade. A empresa cita que a cooperação entre diferentes agentes permite compartilhar a responsabilidade pelo desenvolvimento sustentável com instituições de governo e também com cidadãos sociedade, garantindo maior eficácia aos programas sociais e ambientais da Sanepar. As ações de educação ambiental da Sanepar são executadas em conjunto com diversos programas socioambientais, com foco em saneamento, e constituindo uma das principais ferramentas da Sanepar na busca pela sustentabilidade. O objetivo destes projetos desenvolvidos junto à comunidade é promover reflexão sobre as temáticas ambientais, qualidade de vida e desenvolvimento humano. Uma estratégia para que as ações sejam contínuas e abrangentes, é o investimento na capacitação de gestores ambientais e na formação de multiplicadores, sensibilizando a sociedade civil para compartilhar a responsabilidade pela conservação dos recursos naturais (SANEPAR, 2010). Alguns exemplos de projetos da Companhia que promovem a participação, o repensar de atitudes e o cultivo de valores como contribuição para o desenvolvimento sustentável são a Formação de Facilitadores em Educação Ambiental e Patrimonial, Agenda 21 Escolar e Fórum das Águas, todos realizados por equipes multidisciplinares da Sanepar, e com a parceria de instituições governamentais e sociais (SANEPAR, 2010). A empresa paranaense declara ter como objetivo promover o conceito de desenvolvimento sustentável focando o uso racional dos recursos naturais por meio da educação socioambiental baseada nos princípios da Agenda 21 - a denominada Agenda Unificada. Este programa promove eventos em datas relacionadas às questões ambientais, integrando diversas secretarias e órgãos governamentais, no intuito de contribuir para que o Paraná se torne um estado comprometido com a preservação ambiental (SANEPAR, 2010). Analisando-se agora a companhia mineira de saneamento – Copasa – observa-se que seu relatório de sustentabilidade apresenta o Programa ProÁgua Nacional, que tem por objetivo garantir a melhoria e a implantação da oferta de água de boa qualidade para o Norte de Minas Gerais. Este programa integra a promoção do uso racional de água, visando evitar que a escassez relativa de água de impeça o desenvolvimento sustentável da região. Quem coordena o programa no Estado é o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), contando com o apoio técnico da Copasa (COPASA, 2010). A Foz do Brasil é uma empresa brasileira de saneamento privada, que pertence ao grupo Odebrecht. No relatório de sustentabilidade conjunto do grupo são apresentados os seguintes programas ambientais da Foz do Brasil: Educação Ambiental para escolas da área do Emissário Submarino de Jaguaribe (BA); Boas Práticas para o Saneamento Básico: incentivo à participação da comunidade educacional no saneamento de Cachoeiro de Itapemirim (ES); Foz do Brasil Estimula a Pesquisa: fomento ao conhecimento sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Itapemirim (RS); Programa de Educação Ambiental Olho Vivo: água e óleo não se misturam (SP); Projeto Guaruzinho: sensibilização ambiental de crianças de escolas próximas aos córregos da cidade de Mauá (SP) e Projeto Taquarussu, uma Fonte de Vida: promoção do manejo sustentável da sub-bacia do ribeirão Taquarussu Grande (TO) (ODEBRECHT, 2011).

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3. Método de investigação Decidiu-se por explorar um estudo de caso de uma empresa de saneamento básico. A empresa selecionada foi a Sabesp, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, por ser a maior empresa de saneamento básico do Brasil. Este estudo consiste numa pesquisa exploratória que combinou análise documental dos relatórios de sustentabilidade da Sabesp, entrevista em profundidade com o gestor do Programa de Educação Ambiental (PEA) da Sabesp além de um levantamento do tipo survey junto a funcionários da empresa com o uso de um questionário estruturado. Considerando que as abordagens qualitativas e quantitativas apresentam perspectivas diferentes e limitações intrínsecas optou-se por um método misto de pesquisa que ao combinar dados qualitativos e quantitativos proporciona um entendimento mais completo e amplo do problema de pesquisa do que as abordagens isoladamente (CLARK; CRESWELL, 2013).. Esta opção permite triangular os métodos de pesquisa a fim de se obter múltiplas evidências conforme recomendações para estudos de caso (SANTOS, 2009; TANURE; EVANS; CANÇADO, 2010; YIN, 2010). Foi realizada uma pesquisa qualitativa por meio de entrevista semiestruturada com o gestor do Programa de Educação Ambiental da Sabesp. Os dados obtidos pela entrevista foram objetos de uma análise de conteúdo visando interpretar as informações para depois comparar com os outros resultados da pesquisa. A análise de conteúdo pode ser considerada como o procedimento clássico para análise de dados de entrevistas que se baseia no uso de categorias oriundas de modelos teóricos (FLICK, 2013). Para a pesquisa quantitativa fez-se um recorte para o levantamento considerando as limitações de tempo, recursos e a necessidade de uma aprovação mais complexa para conduzir-se uma pesquisa abrangendo a empresa toda (mais de 15.000 empregados). Decidiu-se por estudar a Diretoria de Sistemas Regionais da Sabesp, a “R”, conseguindo-se assim autorização rápida do Diretor da “R”, e determinando-se como população deste estudo os quase 6.700 empregados da “R”. Para a condução da pesquisa quantitativa (survey), calculou-se uma amostra estatisticamente significativa de 363 colaboradores, para uma margem de erro de 5% e um nível de confiança de 95%, contudo este número foi superado obtendo-se 739 respostas válidas. As perguntas formuladas foram apresentadas aos respondentes na forma de assertivas e os empregados foram solicitados a expressar seu grau de discordância, neutralidade ou concordância em uma escala do tipo Likert com 5 pontos, ascendendo de 1 – discordo totalmente até 5 – concordo totalmente. A pesquisa quantitativa, além dos dois objetivos já apresentados, visa ainda identificar junto aos colaboradores suas contribuições e sugestões aos programas ambientais da companhia. 4. Resultados e Discussões Apresentam-se a seguir os resultados e conclusões obtidos com a pesquisa qualitativa e com a pesquisa quantitativa. 4.1 Pesquisa Qualitativa A pesquisa qualitativa – entrevista sobre o Programa de Educação Ambiental – foi compilada em uma tag cloud, elaborada por meio do site http://www.tagxedo.com/app.html, que importa o texto e monta um diagrama de nuvem, permitindo algumas configurações (TAGXEDO, 2014). Trata-se de uma nuvem de palavras, que destacou os termos mais citados durante a entrevista, para facilitar a compreensão do enfoque das respostas como um apoio visual.

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Cidell (2010) propõe o uso de tag clouds uma vez que elas permitem ao pesquisador apresentar as informações de forma sumarizada e simultânea, auxiliando na análise de dados em pesquisas qualitativas exploratórias.

Figura 1: Nuvem de palavras da entrevista sobre o Programa de Educação Ambiental Fonte: Elaborada pelos autores

Observa-se na Figura 1 que, como fruto da entrevista relativa ao Programa de Educação Ambiental, destacaram-se os termos: Sabesp, educação, responsáveis, saneamento, gente, empresa, pessoas, nós, programa e ambiental. Como primeira etapa da análise de conteúdo, vislumbra-se na tag cloud a importância da Sabesp e do envolvimento das pessoas, por meio da repetição dos termos pessoas e gente, da integração contida no termo “nós” e o do comprometimento implícito no termo “responsáveis”. Os termos “ambiental”, “saneamento”, “programa”, e “educação” são inerentes ao próprio PEA, e por isso também foram utilizados diversas vezes durante a entrevista. Analisando-se os objetivos do programa, percebe-se um enfoque na conservação ambiental, e no desenvolvimento de valores e competências para que ela aconteça. O PEA visa ainda promover e alinhar a Educação Ambiental interna e externamente, estimular o uso racional da água, despoluindo e protegendo os mananciais. A eficiência do PEA da Sabesp ocorre tanto interna quanto externamente na medida em que capacita o público interno para que esse possa replicar a Educação Ambiental para o público externo. Contudo, apesar de trabalhar com os dois públicos seu enfoque é muito mais no externo, e os próprios números divulgados são muito mais representativos considerando sua abrangência junto à comunidade. Atuar no âmbito interno da empresa permite envolver e capacitar os colaboradores para as atividades ambientais, enquanto que no âmbito externo pode-se envolver a comunidade e demais stakeholders, tornando a contribuição do programa mais relevante para a sociedade e para o meio ambiente. Tais ações melhoram, como consequência, a imagem que a sociedade tem da empresa frente às questões ambientais. Para validar esta recomendação retoma-se o exemplo da Sanepar, quando a empresa apresenta a integração com órgãos de governo e sociedade como um dos quatro eixos norteadores de sua política socioambiental. Para a empresa, esta cooperação compartilha a responsabilidade pelo desenvolvimento sustentável com o poder público e com a sociedade, conferindo maior eficácia aos programas sociais e ambientais (SANEPAR, 2010).

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Com relação à importância do programa para o público interno, destacaram-se a capacitação e sensibilização dos colaboradores para adotarem as ações do programa, transformando-os em multiplicadores para que possam replicar o que lhes foi repassado do PEA. O entrevistado acredita na importância do programa para a sociedade, uma vez que ele zela pelo meio ambiente que é um bem comum. Como os mananciais estão com a comunidade, a Educação ambiental tem o dever de envolvê-la. O programa demonstrou apresentar impactos relevantes à sociedade, já que interferências no meio ambiente (positivas ou negativas) sempre refletem na comunidade de entorno. Quanto à questão “Você acredita que o público interno da Sabesp participa efetivamente do PEA?”, o gestor entende que há participação efetiva, comprovada pelas atividades divulgadas na publicação “40 anos de educação sanitária ambiental na Sabesp”. Pode-se comprovar a importância desta participação resgatando o que foi abordado na revisão da literatura com o exemplo da empresa Águas de Portugal. A AdP que declara como parte de sua responsabilidade social o incentivo à participação de seus colaboradores em atividades socioambientais, dentre elas a educação ambiental (ÁGUAS DE PORTUGAL, 2011). Quando solicitado ao entrevistado que apresentasse as práticas ambientais que acredita poderem ser melhoradas na Sabesp, foi apontada a própria educação ambiental como programa com grande potencial de melhoria. Isto se dá devido à sua amplitude que envolve todas as questões ambientais. O gestor do PEA acredita que o futuro da gestão ambiental terá um enfoque preventivo, voltando-se para a educação ambiental e sensibilização dos públicos de interesse. O trabalho desenvolvido por Prado e Istilli (2002) possui objetivos similares a este, e foi conduzido há mais de dez anos, pesquisando também o Programa de Educação Ambiental da Sabesp. Apesar do tempo decorrido, é possível observar que algumas de suas sugestões ainda cabem para o PEA, e também para outros programas ambientais da companhia. Observa-se que, destas sugestões, parte já está sendo adotada no PEA, e parte foi apontada durante a entrevista ainda como necessidade, como é o caso da sensibilização das chefias, ampliação do escopo dos programas, maior envolvimento dos colaboradores, e investimento em divulgação (PRADO; ISTILLI, 2002). Ao final da entrevista, questionou-se a opinião do entrevistado sobre a percepção dos colaboradores em relação ao programa. O gestor entrevistado teve a percepção, durante suas visitas às UNs, de que a educação ambiental muda as pessoas, seus valores e atitudes frente à sustentabilidade. De forma otimista, o segundo entrevistado relatou acreditar que os empregados possuem uma percepção positiva do Programa de Educação Ambiental. No decorrer da pesquisa quantitativa, que será apresentada posteriormente, colocou-se a opção “outros” quando indicassem suas sugestões de melhoria para o programa. A manifestação aberta dos empregados ao item “outros” foi tratada a seguir, como parte da pesquisa qualitativa. A Figura 2 representa uma nuvem de palavras com os termos que mais se repetiram nestas respostas, apresentando uma compilação das principais ideias indicadas pelos pesquisados como sugestões de melhoria para o Programa de Educação Ambiental.

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Figura 2: Nuvem de palavras do item “outros” das sugestões de melhoria para o PEA Fonte: Elaborada pelos autores Dentre as sugestões de melhoria para o PEA, comunicação e treinamento foram os itens mais citados. Também se sugeriu estabelecer metas para o programa, premiando as unidades que se destacarem e incluir a participação como parte da avaliação dos empregados, com consequente recompensa. Mencionou-se ainda a necessidade de desburocratizar o programa, e melhorar o apoio e incentivo por parte da empresa, desde a alta administração até os superiores imediatos. Como exemplos de apoio citaram-se a liberação dos colaboradores para participarem e a disponibilização de recursos para a execução das ações. Sugeriu-se também ampliar abrangência do programa e envolver mais empregados. Outra ideia apontada foi estabelecer parcerias com instituições e prefeituras. Pontuou-se ainda a necessidade de a empresa tratar o programa com mais responsabilidade, comprometimento e seriedade. Outra ação sugerida foi o alinhamento do PEA entre as unidades de negócio para compartilhar melhores práticas, alinhando-o também com os outros programas ambientais. Sugeriu-se também a criação de uma equipe, uma nova área nas unidades de negócio para tratar especificamente dos programas ambientais.

4.2 Pesquisa Quantitativa Na sequencia serão apresentados os resultados do survey realizado junto aos funcionários da Sabesp, seguidos das respectivas discussões. A Tabela 1 demonstra os níveis de conhecimento e envolvimento demonstrados pelos pesquisados, em relação ao PEA.

Tabela 1: Percentual de respostas por níveis de envolvimento com o PEA

 Não conheço Já ouvi falar

Conheço mas não participo

Participo ou participei

brevemente

Participo ou participei

ativamente

Qual o seu grau de envolvimento com o Programa de Educação

Ambiental (PEA)? 35,50% 20,80% 17,30% 18,50% 7,80%

Fonte: Elaborada pelos autores

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Quanto ao envolvimento com o Programa de Educação Ambiental, constatou-se um número alto de respondentes – 35,5% alegam nem ao menos conhecê-lo. Quando somado a este número aqueles que apenas ouviram falar, chega-se a 56,30%, ou seja, mais da metade dos pesquisados não conhecem ou conhecem muito superficialmente o programa. A Tabela 2 apresenta os níveis de concordância atribuídos pelos empregados pesquisados às questões que definem a conduta ambiental da Sabesp, segundo seus colaboradores. Tabela 2: Grau de concordância com cada assertiva do Programa de Educação Ambiental

 Discordo

totalmenteDiscordo em parte

Não discordo nem concordo

Concordo em parte

Concordo totalmente

Minha empresa comunicou a necessidade de implementar o Programa.

25,60% 15,40% 26,80% 20,40% 11,80%

A alta administração suporta totalmente a implementação de ações do Programa.

18,10% 15,20% 37,20% 19,80% 9,70%

Os procedimentos do Programa são amplamente divulgados.

27,30% 21,80% 27,70% 17,70% 5,40%

Os resultados do Programa são amplamente divulgados.

28,70% 20,80% 29,40% 16,00% 5,10%

Minha empresa tem sido bem sucedida ao criar conscientização extensa a toda empresa quanto aos problemas, custos e oportunidades ambientais relacionadas ao Programa.

21,20% 19,20% 34,80% 17,90% 6,90%

Minha empresa oferece oportunidades e treinamentos necessários para o Programa.

22,70% 20,40% 30,90% 19,10% 6,90%

Minha empresa descreve claramente os conhecimentos, competências e habilidades necessários para a implementação do Programa.

24,10% 21,40% 30,60% 17,60% 6,40%

O Programa é importante para a comunidade interna da empresa.

5,70% 4,20% 20,00% 19,60% 50,50%

O Programa é importante para a sociedade. 5,00% 2,40% 18,10% 13,40% 61,00% Fonte: Elaborada pelos autores

Apesar do nível de envolvimento com o programa ser baixo, as duas últimas questões – importância do programa para a comunidade interna e para a sociedade obtiveram grau de concordância muito alto – 70,1% e 74,4%, respectivamente, somando-se a concordância parcial e total. Estas foram, inclusive, as únicas questões do bloco nas quais a concordância superou a discordância. Assim, percebe-se uma associação importante da imagem do PEA à benefícios sociais, já que mesmo não conhecendo com maior profundidade o programa, mais de 70% reconhecem sua importância interna e externa. As questões 4 e 5 obtiveram quase 50% de discordância (total + parcial), assim, foi observado que a maior parte dos pesquisados não acredita que os procedimentos e resultados do programa sejam amplamente divulgados. Pontua-se assim a necessidade de investir na comunicação interna dos programas ambientais. Com comportamento semelhante, as questões 2, 6, 7 e 8 obtiveram alta discordância – entre 40% e 45,5%, enquanto que a concordância média foi de 26,8%. Observou-se assim, tendência à discordância de que a empresa tenha comunicado a necessidade de implementar o programa, e seja bem sucedida ao criar conscientização extensa quanto aos problemas, custos e oportunidades do PEA. Da mesma forma, a maior parte dos pesquisados não demonstrou perceber que a empresa oferece oportunidades e treinamentos necessários para o PEA, nem acredita que ela descreve claramente os conhecimentos, competências e habilidades necessários para a implementação do programa. Constatou-se tendência de discordância em

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relação a três fatores de comunicação interna – comunicação da necessidade, conscientização e informação das competências – e um fator de treinamento. Apesar do percentual de discordância superar o de concordância observou-se um alto índice na opção neutra “não discordo nem concordo”, em média de 30,8% para estas questões. Isto sinaliza que, um número considerável de respondentes não observou estas situações, porém também não discordou delas, o que pode demonstrar simplesmente que eles desconhecem sua ocorrência. A afirmação de que a alta administração suporta totalmente a implementação de ações do PEA também obteve índice de discordância (33,3%) superior ao de concordância (29,5%), porém deste bloco foi a que obteve percentual mais próximo. Assim, percebe-se que a maior parte dos pesquisados não acredita neste suporte total para o programa, e o fato de obter-se uma tendência central / escolha da opção neutra altíssima (37,2%) é mais uma evidência que, muitos pesquisados podem não ter certeza que existe esse apoio total, porém também não negam sua existência. A Tabela 3 traz o resultado quantitativo das sugestões apontadas pelos empregados ao PEA. Tabela 3: O que poderia ser melhorado no Programa de Educação Ambiental (PEA)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Div

ulga

ção

do

prog

ram

a

Div

ulga

ção

dos

resu

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ação

Cri

ação

de

reco

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ava

liaç

ão

Nad

a

Não

sei

Out

ro

Frequência 576 543 509 536 500 429 382 5 53 34

Percentual 77,9% 73,5% 68,9% 72,5% 67,7% 58,1% 51,7% 0,7% 7,2% 4,6%

Fonte: Elaborada pelos autores

Ao serem questionados sobre o que poderia ser melhorado no PEA, mais de 70% indicou a divulgação do programa e de seus resultados, bem como o treinamento dos colaboradores. Este resultado condiz totalmente com o que foi apontado de discordância nas questões anteriores. Os itens 3, 5, 6 e 7 também obtiveram citação superior a 50%, de forma que a maior parte dos respondentes acredita que podem ser melhorados a disponibilização de informações, o incentivo por parte da chefia direta e alta administração e a criação de recompensas / inclusão desse quesito na avaliação. Apenas as questões 8, 9 e 10 obtiveram citação inferior a 10%, demonstrando que a maior parte das respostas pretendidas haviam sido apresentadas como opção. Considerando-se as variáveis categóricas que demonstraram diferenças de respostas, apresentam-se na Tabela 4, as diferenças identificadas para a variável cargo. As respostas às assertivas foram recodificadas para representar o grau de discordância (D), neutralidade (N) e grau de concordância (C) dos respondentes, combinado as respostas relativas à discordância total ou parcial em uma nova categoria e identicamente as respostas relativas à concordância total ou parcial.

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Tabela 4: Diferenças de concordância em relação à variável cargo – PEA

Car

go

Op

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al

Téc

nic

o

Ad

min

istr

ativ

o

Un

iver

sitá

rio

Líd

er/g

esto

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enca

rreg

ado

Ger

enci

al

Tot

al

Minha empresa comunicou a necessidade de implementar o Programa.

D 36,7% 43,2% 43,3% 50,3% 30,9% 23,5% 41,2%

N 27,8% 25,2% 33,3% 25,8% 28,4% 17,6% 26,5%

C 35,6% 31,6% 23,3% 23,9% 40,7% 58,8% 32,3%

A alta administração suporta totalmente a implementação de ações do Programa.

D 23,3% 34,8% 28,9% 44,2% 32,1% 21,6% 33,5%

N 38,9% 36,4% 45,6% 38,0% 30,9% 29,4% 37,1%

C 37,8% 28,8% 25,6% 17,8% 37,0% 49,0% 29,4%

Os procedimentos do Programa são amplamente divulgados.

D 42,2% 50,4% 47,8% 59,5% 39,5% 39,2% 49,1%

N 32,2% 26,8% 32,2% 23,3% 30,9% 23,5% 27,6%

C 25,6% 22,8% 20,0% 17,2% 29,6% 37,3% 23,3%

Os resultados do Programa são amplamente divulgados.

D 43,3% 50,0% 48,9% 62,0% 40,7% 35,3% 49,7%

N 33,3% 28,0% 30,0% 25,8% 32,1% 31,4% 29,1%

C 23,3% 22,0% 21,1% 12,3% 27,2% 33,3% 21,2%

Minha empresa tem sido bem sucedida ao criar conscientização extensa a toda empresa quanto aos problemas, custos e oportunidades

ambientais relacionadas ao programa.

D 31,1% 41,2% 38,9% 50,3% 37,0% 33,3% 40,7%

N 38,9% 33,2% 35,6% 35,0% 34,6% 29,4% 34,5%

C 30,0% 25,6% 25,6% 14,7% 28,4% 37,3% 24,8%

Minha empresa oferece oportunidades e treinamentos necessários para o Programa.

D 41,1% 45,6% 37,8% 54,0% 34,6% 25,5% 43,3%

N 27,8% 30,4% 40,0% 29,4% 29,6% 27,5% 30,8%

C 31,1% 24,0% 22,2% 16,6% 35,8% 47,1% 25,9%

Minha empresa descreve claramente os conhecimentos, competências e habilidades necessários para a implementação do Programa.

D 42,2% 46,4% 36,7% 59,5% 37,0% 33,3% 45,7%

N 24,4% 28,8% 46,7% 25,8% 34,6% 25,5% 30,2%

C 33,3% 24,8% 16,7% 14,7% 28,4% 41,2% 24,1%

Fonte: Elaborada pelos autores

Na Tabela 4, percebe-se que, com relação ao PEA, mais de 50% dos universitários demonstraram discordância para todas as questões apontadas, exceto a “A alta administração suporta totalmente a implementação de ações do Programa.” Observa-se assim postura crítica deste público, com discordância superior à concordância para várias questões, Para a assertiva “Minha empresa comunicou a necessidade de implementar o Programa” os níveis administrativo e universitário manifestaram destaque para o nível neutro, pois para estes dois níveis a neutralidade foi superior à concordância. De maneira geral, manteve-se a tendência de alta concordância entre os gerentes e baixa entre os universitários. Tabela 5: Grau de envolvimento com o Programa de Educação Ambiental (PEA)

Tempo de empresa Menos

de 2 anosDe 2 a 5

anos De 6 a 10

anos De 11 a 20 anos

Mais de 20 anos

Total

Não conheço 59,0% 53,1% 44,0% 29,6% 24,9% 35,3%

Já ouvi falar 19,2% 17,7% 12,0% 26,2% 18,9% 21,1%

Conheço mas não participo 9,0% 15,9% 20,0% 17,7% 19,7% 17,2%

Participo ou participei brevemente 7,7% 9,7% 24,0% 20,0% 23,7% 18,5%

Participo ou participei ativamente 5,1% 3,5% 6,5% 12,9% 7,9%

Fonte: Elaborada pelos autores

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Observa-se na Tabela 5 que quanto menor o tempo de casa, maior o nível de desconhecimento dos programas. Para o PEA o nível de desconhecimento identificado é alto, chegando a 59% entre os empregados com menos de 2 anos de empresa – 32,1% Observa-se que tanto o grupo com menos de 2 anos quanto o grupo que está de 2 a 5 anos na empresa demonstrou baixa participação no PEA (menos de 20%). O grupo com mais de 11 anos de empresa apresentou participação aproximadamente 30%. Acredita-se que um maior nível de participação entre os colaboradores com mais tempo de empresa se dá devido ao maior número de oportunidade de participar de ações relacionadas aos programas no decorrer do tempo que têm trabalhado na companhia. Caso nos últimos anos não tenham ocorrido atividades dos programas ambientais na Diretoria R, ou ainda se estas ações foram pontuais, os empregados admitidos há pouco tempo podem não ter tido a oportunidade de participar 5. Conclusões Avaliando o envolvimento dos empregados da Diretoria de Sistemas Regionais da Sabesp com os programas ambientais, identificou-se que alguns colaboradores não conhecem os programas, o que gerou inclusive, ao público que desconhece ou conhece muito pouco, dificuldade de avaliá-los e sugerir melhorias. Constata-se que de forma geral, preponderou nas respostas o desconhecimento do Programa de Educação Ambiental. Foram identificadas compiladas as principais contribuições e sugestões de melhoria dos colaboradores para os programas ambientais da companhia, de forma que os itens mais citados foram a divulgação dos programas e dos resultados por eles atingidos, a necessidade de treinamentos específicos sobre os programas ambientais para os colaboradores e de apoio e incentivo por parte dos superiores diretos. Nas sugestões recebidas de forma dissertativa, foi fortemente mencionada a importância de envolver a sociedade – fator este que surgiu também nas entrevistas com o gestor do PEA. Salientou-se também a importância do alinhamento entre unidades de negócio dos programas ambientais, trocando informações, dificuldades e melhores práticas, para que tenham ações consistentes em todas as unidades e envolvendo todos os níveis hierárquicos. Com base na percepção que os empregados têm dos programas e das sugestões de melhoria que eles mesmos pontuaram, recomenda-se a intensificação da comunicação específica para o PEA. Recomenda-se ainda expandir a atuação do programa, para que ele conquiste tanta abrangência dentro da empresa quanto possui externamente. Vvalida-se, portanto, a recomendação do de Prado e Istilli (2002), para que o programa de educação ambiental seja adaptado para trabalhar primeiramente o público interno, envolvendo todos os colaboradores da Sabesp, sensibilizando-os para a importância da questão ambiental, e destacando a responsabilidade de cada um no processo. Sugere-se ainda a divulgação interna sistemática dos programas ambientais, visando envolver os empregados de todas as unidades e todos os níveis hierárquicos, e conscientizá-los da importância que estes programas têm para a comunidade interna e externa, e para o negócio da empresa. Por fim, recomenda-se a condução de um trabalho prévio com os gerentes e gestores, para que eles estejam alinhados aos objetivos da empresa na área ambiental, e incentivem a participação de seus colaboradores nos programas ambientais. Referências bibliográficas

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