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V EPEA - Encontro Pesquisa em Educação Ambiental ISSN: 2177-0301 São Carlos - SP, de 30 de outubro a 2 de novembro de 2009 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO ESCOLAR DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: DIFUNDINDO A QUESTÃO AMBIENTAL Luciano Luiz da Silva [email protected] Edna Maria Diniz - Escola Técnica Estadual Pedro Ferreira Alves - Moji Mirim-SP Julia Salvador Martins - Centro Universitário Hermínio Ometto Cristiano Pedroso de Moraes - Centro Universitário Hermínio Ometto Leilane Francisca Pereira Resumo Atualmente as questões ambientais vêm sendo discutidas intensamente e a educação tornou-se um influente instrumento para o despertar da consciência ecológica, mas é necessário que atinja a todos, inclusive os alunos com necessidades educacionais especiais. O presente trabalho objetivou analisar uma proposta da Educação Ambiental numa Instituição que atende alunos com necessidades educacionais especiais. Através de uma pesquisa qualitativa, foram desenvolvidas diversas atividades relacionadas ao meio ambiente num período de quatro meses para um grupo de onze alunos, utilizando diferentes instrumentos para coleta de dados, fundamentados na pesquisa-ação. A partir da leitura do material coletado, constatou-se que a sensibilização dos alunos esteve presente em pequenas ações relatadas por professores, direção, pais dos alunos e no decorrer das atividades, onde os alunos apresentaram, em diversos momentos pensamentos críticos. O grupo demonstrou comportamentos e níveis de sensibilização diversificados quanto à temática, reforçando a idéia de intensificação no trabalho de Educação Ambiental. Palavras-chaves: Educação, Consciência Ecológica, Sensibilização. Abstract Today environmental issues are being discussed intensively and education has become an influential instrument for the awakening of awareness, but need to reach everyone, including pupils with special educational needs. This study aimed examine a proposal from the Environmental Education in an institution that serves students with special educational needs. Through a qualitative research, we developed several activities related to the environment over a period of four months for a group of eleven students, using different instruments for data collection, based in action research. From reading the material collected, it was found that the awareness of students was present in small stock reported by teachers, management, parents and pupils during the activities, where students demonstrated in several critical moments thoughts. The group behavior and 1

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V EPEA - Encontro Pesquisa em Educação Ambiental ISSN: 2177-0301

São Carlos - SP, de 30 de outubro a 2 de novembro de 2009

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO ESCOLAR DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: DIFUNDINDO A QUESTÃO

AMBIENTAL

Luciano Luiz da Silva [email protected]

Edna Maria Diniz - Escola Técnica Estadual Pedro Ferreira Alves - Moji Mirim-SP

Julia Salvador Martins - Centro Universitário Hermínio Ometto

Cristiano Pedroso de Moraes - Centro Universitário Hermínio Ometto

Leilane Francisca Pereira

Resumo Atualmente as questões ambientais vêm sendo discutidas intensamente e a educação tornou-se um influente instrumento para o despertar da consciência ecológica, mas é necessário que atinja a todos, inclusive os alunos com necessidades educacionais especiais. O presente trabalho objetivou analisar uma proposta da Educação Ambiental numa Instituição que atende alunos com necessidades educacionais especiais. Através de uma pesquisa qualitativa, foram desenvolvidas diversas atividades relacionadas ao meio ambiente num período de quatro meses para um grupo de onze alunos, utilizando diferentes instrumentos para coleta de dados, fundamentados na pesquisa-ação. A partir da leitura do material coletado, constatou-se que a sensibilização dos alunos esteve presente em pequenas ações relatadas por professores, direção, pais dos alunos e no decorrer das atividades, onde os alunos apresentaram, em diversos momentos pensamentos críticos. O grupo demonstrou comportamentos e níveis de sensibilização diversificados quanto à temática, reforçando a idéia de intensificação no trabalho de Educação Ambiental.

Palavras-chaves: Educação, Consciência Ecológica, Sensibilização.

Abstract Today environmental issues are being discussed intensively and education has become an influential instrument for the awakening of awareness, but need to reach everyone, including pupils with special educational needs. This study aimed examine a proposal from the Environmental Education in an institution that serves students with special educational needs. Through a qualitative research, we developed several activities related to the environment over a period of four months for a group of eleven students, using different instruments for data collection, based in action research. From reading the material collected, it was found that the awareness of students was present in small stock reported by teachers, management, parents and pupils during the activities, where students demonstrated in several critical moments thoughts. The group behavior and

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demonstrated diverse levels of awareness about the issue, reinforcing the idea of intensifying the work of Environmental Education. Key words: Education, Ecological Consciousness, Awareness.

INTRODUÇÃO As alterações ambientais provocadas pelo homem começaram a se tornar

preocupantes a partir da década de 60 (SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, 1994). Essas alterações no ambiente natural resultaram em efeitos negativos sobre a qualidade de vida, que impulsionaram cientistas e sábios de todo o mundo a buscarem soluções eficazes para tais problemas (HÖEFFEL et al, 1998).

É oportuno recordar que a “questão ambiental” iniciou-se no Brasil, sob o signo da ditadura militar, com os movimentos sociais esfacelados e a educação sob forte repressão, de modo a se evitar a politização dos espaços educativos (LOUREIRO, 2004).

A Educação Ambiental (EA) apresenta como objetivo, compreender e responder a um conjunto de problemas expressos nas relações que envolvem a sociedade, a educação e o meio ambiente (LIMA, 2005). Como perspectiva educativa e sem impor limites a seus estudantes, tem caráter de educação permanente. Esta por si só, não resolverá os complexos problemas ambientais planetários, mas pode influir decisivamente para isso, ao formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres (REIGOTA, 1994).

Segunda Dias (1998), a Educação Ambiental também tem como princípio à inclusão, participação e cooperação entre os membros da sociedade, devendo capacitar o cidadão para uma leitura crítica da realidade e uma participação consciente no espaço social.

Para Oliveira (2007) as escolas sendo formadoras de cidadãos deveriam então abordar a questão ambiental por obrigatoriedade social e legal. Os alunos com NEE quando matriculados numa instituição educacional, independentemente de sua linha pedagógica, deveriam participar do currículo proposto, e esse deve abranger a questão ambiental.

Entende-se que o conhecimento sistematizado pela educação escolar deve oportunizar aos alunos idênticas possibilidades e direitos, ainda que eles apresentem diferenças sociais, culturais e pessoais, efetivando não apenas a igualdade de oportunidades, mas, principalmente, oferecendo a eqüidade de condições (GOVERNO DO PARANÁ - SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, 2006).

O presente trabalho relata uma experiência educativa desenvolvida com alunos da educação especial (8 a 11 anos), na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Mogi Mirim – SP, durante o ano de 2008, da qual originou uma monografia de conclusão de curso de Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas.

Partindo desses pressupostos, o trabalho objetivou, em linhas gerais, abordar a temática ambiental no ensino especial de um grupo de alunos com necessidades educacionais especiais, com a intenção de realizar uma intervenção, procurando sensibilizar, mobilizar e envolver os alunos às necessidades de preservação ambiental, difundindo a cidadania ecológica.

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REFERÊNCIAL TEÓRICO

A emergência da questão ambiental: desenvolvendo a educação ambiental Há três milhões de anos, época que surgiram os primeiros hominídeos, em todos

os continentes existiam florestas, essas tão selvagens quanto os próprios ocupantes humanos. Esses seres desenvolveram certas habilidades ao longo de milhões de anos, e perceberam que algumas de suas ações podiam modificar o ambiente e trazer vantagens, transformando a natureza (MENDONÇA, 2004).

A partir da Revolução Industrial no século XVIII, o ser humano passa a exercer forte pressão sobre o meio ambiente com suas ações drásticas (PASQUALETTO e MELO, 2007). O modelo econômico e a lógica de acumulação desencadearam, como afirmam Gutiérrez e Prado (2000), uma guerra entre o ser humano e a natureza.

No período final da década de 1980, os questionamentos sobre a temática ambiental começam a se orientar para outro rumo, defendendo a necessidade de se pensarem as questões ambientais em conjunto com as questões sociais. O ser humano começa a ser visto como parte integrante do ambiente; ele também é ambiente e a idéia de que tudo que for feito à natureza se reverterá em problemas ao ser humano, começa a fazer parte do discurso da atualidade (DUTRA, 2005).

A crise ambiental torna-se, portanto, um consenso mundial, tanto que é uma das principais pautas nas negociações internacionais. Hoje, a divergência é quando à intensidade e à gravidade dessa crise e, principalmente, quando às medidas corretivas a serem tomadas. Para uns, a crise será superada por pequenos acertos a serem realizados sobre o atual modo de produção, e esses acertos poderão ser viabilizados pela própria lógica de mercado (GUIMARÃES, 2005).

Com isso, a problemática ambiental pode traçar um novo caminho para a educação, pois não se trata de transmitir conteúdos, conceitos, mas sim aprender a olhar e ler a natureza, entendendo a ciência como criatividade e atividade que permite integrar a arte e os diferentes conhecimentos, abandonando o paradigma racionalista de ciência e de exploração dos recursos naturais (ALMEIDA e OLIVEIRA, 2007).

Assim, a EA assim como a própria Educação, ainda continua caminhando lentamente no processo de efetivar mudanças nas atitudes e comportamentos humanos em relação ao ambiente (SATO, 2003).

Para que ocorra mudança de atitudes e comportamento na sociedade, tem que surgir primeiro dentro de cada um de nós, a consciência que somos apenas uma forma de vida deste planeta. A EA nos remete a esta reflexão e integra o homem à natureza como espécie biológica, com características especificas (MARQUES, RODRIGUES, et al 2006).

Só saberá agir diante de conflitos sócio-ambientais se, além de conhecê-lo, passar-se a entender a sua importância para a vida. Assim, a educação em relação à temática meio ambiente precisa contribuir na formação de cidadãos conscientes. Cidadãos com os comportamentos ambientalmente comprometidos com os desafios apresentados por Saito, que são a “busca de uma sociedade democrática e socialmente justa, desvelando das condições de opressão social, prática de uma ação transformadora intencional, necessidade de contínua busca do conhecimento” (SAITO, 2002).

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A construção de práticas de educação ambiental na educação especial A história das pessoas com deficiência é marcada por características de

segregação, de desumanização e de atrocidade (ARSENIO, 2007). Na Idade Média, as crianças portadoras de deficiências físicas ou mentais eram eliminadas, lançadas do alto de rochedos. Em Atenas, eram rejeitadas ou abandonadas (CECCIN, 2001). Os Romanos afogavam, “para diferenciar as coisas inúteis das saudáveis” (SILVA, 1986).

Durante o período da Santa Inquisição, os deficientes eram condenados a serem queimados vivos na fogueira com outros grupos considerados hereges como os loucos, os homossexuais, os ciganos e os adivinhos (ARSENIO, 2007).

Analisando-se a história da Educação Especial, pode-se observar que tanto a fase inicial, caracterizada por comportamentos sociais de negligencias ou maus tratos, quando aquela caracterizada por comportamentos de proteção e de filantropia para com os deficientes está sendo, nas últimas décadas, progressivamente superada (BRASIL, 1994a).

De acordo com Canziani (1985), todos têm condições de aprender, sendo necessário oportunizar os meios para que isto aconteça e para que a Educação Especial leve a uma nova compreensão do ser humano, tornando-o íntegro, ajustado, capaz de ser feliz e não sendo obstáculo à felicidade dos outros.

Atualmente o despertar para as questões ambientais apresenta dificuldade em atingir a todos, sendo que apenas determinados grupos sociais têm acesso a esta conscientização ambiental (OLIVEIRA, 2007).

O conteúdo de educação ambiental deveria ser ajustado às características de aprendizado mais lento e de menor capacidade de abstração do deficiente mental, conforme recomenda KIRK e GALLAGHER (1996), desta forma poderia desenvolver a nova concepção de ética integrada à ecologia denominada, então de ecocidadania que busca um contexto de consciência individual e coletiva das responsabilidades cotidianas.

A flexibilidade no currículo, trata-se de oferecer oportunidades iguais, mas com métodos diferentes possibilitando a todos percorrer o caminho de educação com grande êxito, formando cidadão conscientes e saudáveis (OLIVEIRA, 2007).

OLIVEIRA (2007) destaca ainda que a responsabilidade e a urgência das transformações nas questões ambientais fazem do educador ambiental um profissional marcado pelo seu mundo pessoal-subjetivo onde emoções e dilemas sociais são constantemente presente. Este educador consciente de sua responsabilidade, deve saber que as pessoas com Necessidades Educacionais Especiais fazem parte da sociedade, e portanto são detentoras de direitos e deveres.

A educação de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) busca fundamentalmente o ingresso de seus alunos na sociedade, tornando-os participativos socialmente, mostrando assim que o ensino da EA é de fundamental importância no currículo formal e informal para a formação de cidadãos (OLIVEIRA, 2007).

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A Instituição especializada escolhida foi a APAE (Associação de Pais e Amigos

dos Excepcionais) de Mogi Mirim. A APAE é uma organização social que defende os direitos das pessoas com deficiência intelectual ou múltipla no Brasil. Possuem

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profissionais especializados e com conhecimentos acumulados em décadas de experiência, sendo pioneira na escolarização e inclusão escolar. Os alunos são divididos por etiologias diferenciadas, como por exemplo: do mais deficiente ao menos deficiente, segundo características qualitativas. No caso do grupo de alunos pesquisado, os alunos possuem quatro tipos diferentes de deficiências: Síndrome de Down, Paralisia cerebral, Deficiência mental e Atraso no desenvolvimento neuro psico motor (ADNPM).

Esse trabalho fundamentou-se numa pesquisa qualitativa como procedimento metodológico, enquadrando-se aos propósitos iniciais da pesquisa para consecução de seus objetivos. Na pesquisa qualitativa o investigador é um instrumento principal; a investigação qualitativa é descritiva (os dados são recolhidos em forma de palavras ou imagens e não de dados numéricos); os significados têm importância vital, posto que se encontram nos discursos, nas palavras, nos comportamentos, nos gestos e nas práticas dos próprios indivíduos (BOGDAN e BIKLEN, 1994).

Desta forma, foi utilizada a modalidade Pesquisa-Ação, por ser capaz de proporcionar a manifestação do coletivo. A Pesquisa-Ação é caracterizada como um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no quais os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo; a pesquisa não se limita à ação, pressupõe um aumento do conhecimento e do nível de consciência das pessoas ligadas à situação e do próprio pesquisador (THIOLLENT, 2000).

No decorrer do trabalho, foram utilizados diferentes instrumentos para obter a respostas para o objeto de estudo. Para isso, o trabalho foi dividido em três fases: diagnóstico, execução das atividades e análise dos resultados. A primeira fase, o diagnóstico, constitui em descobrir o interesse e o conhecimento inicial dos alunos, evidenciando os principais problemas e as eventuais ações. Para coleta de dados, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, questionários e observação. A segunda fase do trabalho constituiu na execução das atividades, aplicadas durante quatro meses, uma vez por semana (terças-feiras), no período das 9h às 11h. As atividades foram divididas em 5 temas (Meio Ambiente, Flora, Fauna, Lixo e Água). Entre as estratégias utilizadas para o desenvolvimento das atividades, destacaram-se as estórias infantis, confecção de fantoches, dinâmicas, brincadeiras ecológicas, atividades gráficas e visitas, seguindo um plano pré-estabelecido. Durante as atividades, os momentos foram registrados por fotografias.

A utilização de atividades, em suas diversas formas, contribui para constatar o que foi absorvido por eles, o que era necessário alterar e o que foi mais interessante para eles (MARQUES, MARQUES, et al, 2006). A terceira fase foi à análise das informações obtidas nas entrevistas, questionários prévios e pós-intervenção e da observação durante todo o desenvolvimento do trabalho e também através das produções dos alunos.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

Segundo Moreira (1990), a pesquisa com abordagem qualitativa, busca dados

para serem analisados sob um enfoque descritivo e interpretativo, ou seja, os dados coletados devem ser comparados e analisados, juntamente com a revisão bibliográfica.

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Após as entrevistas iniciais realizadas, pode-se organizar os sujeitos pesquisados em dois públicos: profissionais e alunos da instituição. Os profissionais da instituição entrevistados foram: a coordenadora pedagógica (pedagoga) e a professora (pedagoga), ambas atuando na instituição a mais de cinco anos.

Quanto aos alunos, houve uma classificação conforme sexo e idade, totalizando onze alunos entrevistados. Esses apresentavam idade que variava de oito a onze anos: um aluno com oito anos; cinco alunos com nove anos (duas do sexo feminino e três do sexo masculino); quatro alunos com dez anos (dois do sexo masculino e duas sexo feminino) e finalmente um aluno com onze anos.

Uma visão geral de EE e EA segundo fala dos participantes

No primeiro momento da entrevista com os profissionais, foi questionada a visão

dos mesmos sobre o conceito de educação especial. As falas podem ser observadas na Tabela 1.

Tabela 1: Conceito de Educação Especial (EE) derivadas das falas dos profissionais

Sujeito Fala dos sujeitos Coordenadora pedagógica “Modalidade de ensino para suplementar o ensino comum ou

substituí-lo” Professora “Forma de atendimento as necessidades individuais de cada um,

possibilitando seu desenvolvimento.” “Propicia condições para que a individualidade dos alunos de manifeste.”

Os dados apresentados na Tabela 1 demonstram que os profissionais da

Instituição acreditam que a EE seja um complemento ou uma forma de substituição do ensino comum, já que as atividades desenvolvidas servem de apoio e oportunidade para o desenvolvimento de cada aluno.

Desta forma, argumentado pelo Ministério da Educação (2004), a igualdade no acesso na escola regular, mesmo estando na Constituição deste 1988, ainda não é realidade para muitos alunos especiais. Assim, as instituições especializadas oferecem um complemento, ou até mesmo a substituição do ensino regular (MANTOAN, 2006), pois apresentam condições essenciais para o desenvolvimento do aluno.

Esse assunto ainda é muito discutido, já que muitos autores possuem uma visão contraria as instituições especializadas, pois essas estariam contra a Inclusão Escolar, um processo em construção. Entretanto, a situação do ensino brasileiro ainda é precária e não está preparada para receber os alunos especiais. É necessário preparar a sociedade, dar condições as escolas e professores para que possam receber esses alunos, caso contrário, os alunos com necessidades educacionais especiais poderiam se sentir excluído pelo elenco social e escolar.

Com relação ao conceito de Educação Ambiental, pode-se verificar a visão dos profissionais, conforme expresso nas falas a seguir:

“Tudo relacionado ao nosso Planeta” (Coordenadora) “Conjunto entre fauna, flora, terra, água e ar, tudo acontecendo em harmonia” (Coordenadora) “É o estudo do meio em que vivemos e tudo que tem vida dentro dele” (Professora)

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“Visa uma melhor forma de vida para conservar, defender e reestruturar o meio ambiente e toda natureza a nossa volta” (Professora)

Infelizmente não é observado o ser humano nessa interação, esse o protagonista e precursor de diversas conseqüências que afeta a qualidade ambiental. Além disso, não se destaca a EA como processo para a sensibilização das pessoas, apenas uma definição associada ao meio ambiente.

Procurando verificar a prática pedagógica em EA desenvolvida pela instituição, destacam-se algumas falas na Tabela 2.

Tabela 2: Prática pedagógica em EA derivadas das falas dos profissionais

Sujeito Categoria Fala dos sujeitos Coordenadora

pedagógica Atividades já desenvolvidas de EA e forma de trabalhar EA da

Instituição

“Animais – conhecer os animais do Zoológico” “Reciclagem de papel e depois vende “ “Conscientização sobre o uso racional da água”

Professora Atividades já desenvolvidas de EA e forma de trabalhar EA da

Instituição

“Trabalhamos sobre a água e sobre a dengue – 1 semana, com atividades lúdicas e práticas”. “Oficina de papel reciclado” “Pode ser trabalhando com atividades que traga desafios, interesse e curiosidade de dentro dos alunos”

Conforme expresso nas falas dos sujeitos (Tabela 2) observa-se que a questão

ambiental vem sendo trabalhada pela instituição, em atividades pontuais. Geralmente, esse trabalho é desenvolvido por pessoas/estudantes de outras instituições, sem que haja uma continuidade. As atividades desenvolvidas relacionadas ao meio ambiente partem do interesse e conhecimento dos alunos a partir de um planejamento, que é aberto e sujeito a mudança.

Buscando verificar o conhecimento prévio dos alunos em relação ao Meio Ambiente e o interesse com a questão ambiental, foi realizada uma entrevista semi-estrutura. As falas dos alunos podem ser observadas na Tabela 3. Tabela 3: “Meio Ambiente e atividades relacionadas à questão ambiental” derivados das falas dos alunos

Temas Fala dos sujeitos N° de sujeitos Conhecimento sobre

Meio Ambiente “As pessoas cortam as árvores para fazer lenha, e no rio jogam sujeira”. “Lixo tem que ser jogado no lixo, e não no chão”. “Jogar água nas plantas” “A água é importante para beber” “O lixo tem que ser colocado no saco de lixo e depois na rua”

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Atividades sobre o meio ambiente

“Atividades que envolvem animais” “Deveria ter mais atividades, por causa das plantas”.

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Os alunos apresentam comportamentos diversificados, demonstrando a diversidade de opiniões. Em certos momentos, apontam com o dedo para algum aluno, quando perguntado se a escola é limpa, enfatizando que aquele individuo é que suja a escola. Percebe-se que os temas mais lembrados são lixo e água, talvez os mais trabalhados com os alunos no dia a dia.

Para analisar o conceito de meio ambiente dos alunos e a ação para melhorá-lo, foram destacados algumas falas, que podem ser observadas na Tabela 4.

Tabela 4: “Conceito de Meio Ambiente e ação para melhorá-lo” derivado das falas dos alunos

Temas Fala dos sujeitos N° de sujeitos Conceito de Meio

Ambiente “Só as árvores” “São aqueles gafanhotos que come plantas – apontando o dedo para um” “É uma planta, argila e só isso”

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Ação para melhorar o Meio Ambiente

“Não jogar lixo no chão” “Plantar mais árvores” “Não cortar as árvores” “Jogar água nas plantas para ficar feliz” “Colocar veneno para o maribondo beber e morrer” “Não bater nos bichos”

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Essas falas demonstram uma visão fragmentada, característica da própria

sociedade. Através das respostas, ficou evidente que a maioria dos estudantes participantes da pesquisa não se vê como parte integrante do meio ambiente. Consideramos que isto é reflexo de uma crise de percepção. É valido ressaltar que esta maneira dicotomizada de ver o mundo é resultado de séculos de influência de um modelo e visão de mundo, ancorado principalmente no racionalismo cartesiano (CAPRA, 1982).

Quanto à sensibilização ambiental dos alunos, obtiveram-se diversas falas dos sujeitos que demonstraram embasamento no que se refere às questões ambientais, reforçando que os alunos têm interesse sobre a questão ambiental. Algumas falas merecem destaques, como:

“Na Mata Atlântica as pessoas cortam as árvores para fazer lenha”. “Eu jogo lixo no lixo e se eu ver lixo no chão, eu pego e jogo no lixo”. “Não jogo lixo no chão, é falta de educação”.

Vale destacar que os alunos demonstraram grande interesse pela questão ambiental, fato que justifica a abordagem do assunto com mais freqüência pela Instituição.

Visando destacar a percepção adquirida pelos alunos após a execução das atividades, dois temas foram destacados na entrevista final com os discentes: quem faz parte da natureza e uma ação para melhorar o planeta.

“Os bichos, as pessoas e as plantas”. “Tudo”. “Jogas lixo no lixo”. “Não desperdiçar água”. “Não colocar fogo no mato (polui o ar) e não desperdiçar comida”.

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Pode ser observada uma grande variedade nas resposta, mas comparando a entrevista inicial, destaca-se a presença das pessoas como parte da natureza, o que não pode ser observado na entrevista anterior.

Após a entrevista final, nota-se que os alunos apresentaram um grau de sensibilização significativo. O que determinará se eles realmente estão conscientes ou não, só o tempo responderá.

Visão dos pais Os questionários foram aplicados para todos os pais e/ou responsáveis pelos

alunos da Instituição pesquisada nesse trabalho, totalizando 22 questionários. Os mesmos foram entregues pelos próprios alunos, juntamente com um recado, solicitando que respondessem e devolvessem o mais breve possível por intermédio dos alunos.

Como esperado, houve dificuldade em obter as respostas, pois os responsáveis não devolveram ou não preencheram completamente. Desta forma, apenas nove foram entregues preenchidos (completos ou incompletos), sendo de mães e apenas um pai.

De acordo com o material coletado o primeiro tema analisado foi em relação aos alunos especiais: Quem são os alunos especiais? Na visão dos pais. Na concepção dos pais, os alunos especiais são considerados conforme as falas abaixo:

“Aquele que necessita de mais atenção”. “São seres humanos muito carinhosos, amáveis”. “Aluno que tem dificuldade de aprender”. “Que fazem parte da nossa vida”.

Observa-se que nas falas dos pais ou responsáveis a visão de alunos especiais são semelhantes, sendo aqueles que necessitam de mais atenção, tem dificuldades de aprender e são carinhosos e amáveis.

Um segundo tema que surgiu das respostas dos questionários foi: “O papel da escola na formação da identidade e o interesse dos alunos sobre o meio ambiente”. Nesse ponto, há formação de duas categorias, descritas na tabela abaixo:

Tabela 5: “O papel da escola na formação de identidade e o interesse dos alunos sobre o meio ambiente” segundo as falas dos pais ou responsáveis

Tema Subcategorias Fala dos sujeitos N° de sujeitos A escola forma a

identidade do aluno Sim “Pela competência da

escola e seus professores”

08

Não Sem relato 02 O interesse do seu filho sobre o meio

ambiente

Sim “Plantas e animais” “Preservar a natureza” “Interesse em animais domésticos”

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Não Sem relatos 0 Como pode ser observada na Tabela 5, a maioria dos responsáveis estão cientes

de que a permanência de seus filhos na Instituição terá significado importante na formação da identidade do aluno. Estes acreditam que por ser uma escola com profissionais adequados, os alunos estarão preparados para a sociedade.

Na fala dos pais, os filhos demonstram interesse pelas questões ambientais, fato observado em casa pelo cuidado com os animais de estimação ou por comentários diversos sobre as atividades desenvolvidas na escola. Cada um dos alunos tem uma

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percepção diferente sobre o que é e como tratar o meio ambiente (MARQUES, MARQUES et al 2007).

Um outro tema destacado pelas respostas dos pais e responsáveis foi em relação à ação que a família pratica para proteger o meio ambiente. Esse pode ser analisado na Tabela 6.

Tabela 6: Ação praticada em casa para proteger o meio ambiente segundo falas dos pais ou responsáveis

Tema Subcategorias Fala dos sujeitos N° de sujeitos Em casa, vocês

praticam alguma ação que visa

proteger o meio ambiente?

Sim “Separação do lixo: recicláveis (para uma pessoa que recolhe) e orgânico” “Proteger animais e plantas” “Não jogar lixo no chão” “Matemos o ambiente sempre limpo, sempre atento com a dengue”

09

Não Sem relato 01 Destaca-se na Tabela 6 que em sua maioria, as famílias possuem alguns

comportamentos adequados frente à questão ambiental, buscando uma prática satisfatória frente ao meio ambiente, através de atitudes do dia a dia.

O comportamento adequado em casa, reflete em ações adequadas na sociedade. Além disso, as ações positivas da família são fundamentais para reforçar e aprofundar a abordagem efetuada na Instituição, no intuito de favorecer o aprendizado dos conteúdos.

Para observar a sensibilização dos alunos em casa, foram destacados pontos importantes segundo a fala dos pais ou responsáveis após o desenvolvimento do projeto. Essas falas podem ser observadas na Tabela 7. Tabela 7: “Ação de cuidado com o meio ambiente e aceitação do projeto” segundo fala dos pais ou responsáveis

Tema Subcategorias Fala dos sujeitos N° de sujeitos Ação ou fala no cuidado com o meio ambiente

Sim, foi presenciado “Ela falou sobre a dengue, para não deixar água parada” “Ela ficou muito atenciosa com o lixo, na separação”

03

Não foi presenciado Sem relato 01 Como foi a

aceitação do projeto

Ótima “Foi muito boa, ele sempre fala que os tios ensinaram, como se deve comportar com o meio ambiente”

04

Ruim Sem relato 0 De acordo com os dados apresentados na Tabela 7, os pais citaram uma

mudança de comportamento e atitudes nos filhos. Temas que estão na mídia, como a dengue e o lixo ganham destaque por eles, questionando os pais sobre o porquê dessa situação.

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Desenvolvimento das atividades: Observando passo a passo

As observações podem contribuir com aspectos diversificados relacionados com

os objetivos da pesquisa. Desta forma, destacam-se alguns pontos importantes observados durante o desenvolvimento das atividades.

Em todas as atividades os alunos participaram ativamente, demonstrando interesse pelos assuntos abordados, e em determinando momento questionando alguns pontos discutidos. Assim, pode-se observar que os alunos estavam dispostos, sempre participando e demonstrando afinidade com os temas.

A respeito da relação dos alunos com o pesquisador, no desenrolar das atividades, sempre foram notados diálogos com tratamento afetivo e harmonioso. Em nenhum momento observou-se descaso ou carência de diálogo com o pesquisador.

Com isso, fica evidenciado que a observação foi uma importante ferramenta para analisar o desenvolvimento dos alunos, deixando claro que a questão ambiental é de interesse dos alunos com necessidades educacionais especiais, e esses podem vir a ser consciente ambientalmente, independente da sua deficiência, através da sensibilização/informação.

A sensibilização através das atividades

As produções dos alunos são instrumentos para evidenciar a sensibilização e a

contribuição da EA no ensino de alunos com NEE. As atividades foram desenvolvidas de acordo com os tema propostos: Meio Ambiente, Flora, Fauna, Lixo e Água.

As atividades com o tema Meio Ambiente foram desenvolvidas em uma semana, com a participação ativa dos alunos, questionando alguns pontos abordados, principalmente em relação a quem faz parte do meio ambiente, e também quanto à presença do ser humano na relação fauna e flora.

Uma atividade que teve grande destaque foi à narração da estória “O Mundinho Feliz”. Na estória, o mundinho autoriza o ser humano a morar nele, desde que eles não destruam o meio ambiente, mas isso não aconteceu, e o questionamento dos alunos foi impreensídivel:

[...] Mas ele não tinha prometido cuidar do meio ambiente? Porque ele destruiu então? [...] [...] Porque ele destruiu o mundinho? [...]

As atividades que abordaram a Flora foram divididas em duas semanas. Os

alunos puderam conhecer diversos tipos de folhas, sementes e plantas, destacando sua textura, aparência e importância.

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Figura 1: contando a estória do Mundinho feliz Fonte: APAE de Mogi Mirim Na segunda semana que foi discutida o tema Flora, os alunos tiveram um contato

com o ambiente externo. Foram visitar a escola ETec Pedro Ferreira Alves, que desenvolve um belíssimo trabalho de EA, com um viveiro de mudas nativas – Espaço Gaia, desenvolvido pelos alunos do Curso Técnico em Meio Ambiente.

Figura 2: materiais utilizados na aula Flora (sementes, folhas e troncos) Fonte: APAE de Mogi Mirim

As atividades sobre o tema Fauna também foram desenvolvidas em duas

semanas. Os animais taxidermizados emprestados do Zoológico Municipal Luiz Gonzaga de Amoedo Campos, Mogi Mirim, foram utilizados para demonstrar a variedade da fauna brasileira, destacando insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Os alunos puderam tocar nos animais e sentir a textura de seus corpos, diferenciando-as.

A estória escolhida desse tema Fauna foi “Chapeuzinho Vermelho e o Lobo-Guará”. Os alunos se divertiram, e através da estória foi possível mudar a visão dos alunos sobre o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), já que todos têm uma idéia que esse é agressivo. Os alunos também participaram de dinâmicas, jogo de mímicas e atividades de pinturas. Em todo o momento, foi observado grande aceitação e curiosidade sobre o tema.

Atividades sobre o tema Lixo foram divididas em três semanas. No primeiro momento foi realizada uma introdução sobre o lixo, com auxilio do Kit Revirando o

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lixo do Zoológico Municipal. Após a introdução, foi confeccionado uma lembrança para o dia dos pais, feito com rolo de papel higiênico (porta caneta), enfatizando a importância do reciclagem/reutilização do material, e os alunos se divertiram participando da atividade.

Na segunda semana, foram discutidas as cores da coleta seletiva e de onde vem o lixo. Os alunos participaram das atividades e responderam as questões colocadas.

Nessa terceira semana com o tema lixo, antes de iniciar atividades novas relembramos o que foi discutido da semana anterior. Ao se perguntar sobre as cores da coleta seletiva, os alunos sempre respondiam, e a cada acerto, uma salva de palmas. As atividades dessa semana foram bem variadas, já que foram apresentados alguns animais que gostam do lixo (rato, barata, mosca, escorpião, cobra, dentre outros), explicando a importância de manter nosso ambiente sempre limpo, evitando o aparecimento destes.

Figura 3: o auxilio do kit educativo na explicação sobre o lixo Fonte: APAE de Mogi Mirim Alegria. Essa é a palavra que define o dia da visita ao Zoológico Municipal. Foi

uma manhã em que os alunos puderam ter um contato bem próximo com os animais da fauna brasileira, e não só isso. Tiveram contato com um ambiente natural, colocando em prática tudo o que foi apresentado até o momento nos encontros do projeto.

Iniciando o tema Água, foi desenvolvida uma dinâmica, através de mímicas, em que eles tinham que demonstrar como utilizam à água. A descontração tomou conta da sala, todos estavam participando.

A atividade foi finalizada com a pintura de uma paisagem natural (Vamos colorir!) e a narração de uma estória “As gotinhas e o arco-íris”. Muita alegria na confecção do fantoche, já que através deste, os alunos podem lembrar da estória em casa, associando o personagem a história.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre a inserção do tema meio ambiente no ensino escolar de alunos

com necessidade educacionais especiais é fundamental para o fortalecimento da discussão desse processo no setor educacional. Porém, a realidade do cotidiano escolar tem demonstrado que muitas instituições encontram dificuldades para trabalhar com essa proposta.

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Pelo exposto nesse trabalho, observa-se a importância de uma atuação efetiva da instituição do desenvolvimento da EA. Essa atuação apresenta resultado positivo para a instituição, no que diz respeito às inovações nas práticas escolares; e para as questões ambientais no processo de sensibilização da sua importância para a vida humana e a necessidade de preservação. • A afetividade foi um aspecto observado em todo o desenvolvimento das atividades.

Os alunos pesquisados demonstraram acolher com expectativa e afeição os diversos temas de trabalhos propostos.

• A temática de educação ambiental interessa aos alunos que aguardam a abordagem e aprofundamento das questões relacionadas com muita expectativa.

• O grupo demonstrou comportamentos e níveis de sensibilização diversificados quanto à temática, o que reforça a necessidade de uma intensificação no trabalho.

Como sugestão é recomendada à instituição a continuidade das atividades que envolvam a questão ambiental, estabelecendo objetivos e planejamento. Os comportamentos adquiridos relativos à preservação do meio ambiente devem ser sempre reforçados. É preciso persistir na educação ambiental, porém é um longo processo que envolve mudanças culturais e ações contínuas.

Podemos ressaltar a importância da EA no processo de sensibilização dos alunos com necessidades educacionais especiais. Assim, a capacidade dos alunos em assimilar o conteúdo, o comprometimento da família e instituição possibilitam a formação de indivíduos de igual responsabilidade social com a posição mundial e colaboram com a promoção da qualidade de vida.

Enfim, o desenvolvimento desse trabalho contribuiu com a formação de cidadãos, mesmo num pequeno grupo, mais sensibilizados com as questões ambientais. Sabemos que para mudanças de hábitos e comportamentos, um trabalho como esse necessita de mais tempo para ser desenvolvido, além de ser fundamental a participação de outros atores da sociedade para a continuidade dessas atividades.

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