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* Oficina do CREAD- Brasil. Diretora A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL Algumas considerações sobre critérios de qualidade Marlene M. Blois * [email protected] 1. A proposta deste trabalho Pretende-se, neste trabalho, apresentar um breve panorama da EAD no Brasil, destacando a incorpora- ção das novas tecnologias em suas ofertas; as ques- tões referentes à qualidade na legislação e analisar os critérios de qualidade recomendados pelo Ministério da Educação do país para, finalmente, levantar pontos para reflexão. 2. A Educação no Brasil e a EAD A Educação sempre foi um dos grandes desafios enfrentados pela sociedade brasileira, desde os tempos em que se tornou independente de Portu- gal (1822). Atender a todos que dela necessitam com qualidade, segue sendo uma utopia na opini- ão de muitos estudiosos. Mais do que garantir o acesso à escola, é preciso manter um enorme con- tingente de alunos nas classes, sendo atendidos por professores bem formados e atualizados. Vale lem- brar que uma exigência legal – ter o ano de 2007 como prazo para que todos os professores das clas- ses iniciais do Ensino Fundamental tenham habilita- ção em nível superior para o magistério - não será alcançada, embora a EAD tenha dado uma grande contribuição nesse campo. Outro ponto crítico a demandar um enorme esfor- ço, tanto dos governos quanto de órgãos de classe e das próprias organizações, diz respeito à prepara- ção de pessoal para responder, nos postos de traba- lho, às exigências de um mundo cada vez mais competitivo em todos os aspectos. Saber interagir com as novas tecnologias, fazer delas um diferenci- al a seu favor, é o que procuram as empresas nos colaboradores já contratados e a contratar. A neces- sidade cada vez maior de tornar a Educação Conti- nuada um componente da cultura incorporada em cada profissional, fez surgir o que chamo de “empre- sa-escola”, ou seja, a que toma para si também o processo de formar/ atualizar seus trabalhadores para o seu negócio e, portanto, para o mercado, valorizando o capital inte- lectual e a criatividade.

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* Oficina do CREAD- Brasil. Diretora

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASILAlgumas considerações sobrecritérios de qualidade

Marlene M. Blois*

[email protected]

1. A proposta deste trabalhoPretende-se, neste trabalho, apresentar um brevepanorama da EAD no Brasil, destacando a incorpora-ção das novas tecnologias em suas ofertas; as ques-tões referentes à qualidade na legislação e analisaros critérios de qualidade recomendados peloMinistério da Educação do país para, finalmente,levantar pontos para reflexão.

2. A Educação no Brasil e a EADA Educação sempre foi um dos grandes desafiosenfrentados pela sociedade brasileira, desde ostempos em que se tornou independente de Portu-gal (1822). Atender a todos que dela necessitamcom qualidade, segue sendo uma utopia na opini-ão de muitos estudiosos. Mais do que garantir oacesso à escola, é preciso manter um enorme con-tingente de alunos nas classes, sendo atendidos porprofessores bem formados e atualizados. Vale lem-brar que uma exigência legal – ter o ano de 2007como prazo para que todos os professores das clas-

ses iniciais do Ensino Fundamental tenham habilita-ção em nível superior para o magistério - não seráalcançada, embora a EAD tenha dado uma grandecontribuição nesse campo.

Outro ponto crítico a demandar um enorme esfor-ço, tanto dos governos quanto de órgãos de classee das próprias organizações, diz respeito à prepara-ção de pessoal para responder, nos postos de traba-lho, às exigências de um mundo cada vez maiscompetitivo em todos os aspectos. Saber interagircom as novas tecnologias, fazer delas um diferenci-al a seu favor, é o que procuram as empresas noscolaboradores já contratados e a contratar. A neces-sidade cada vez maior de tornar a Educação Conti-nuada um componente da cultura incorporada emcada profissional, fez surgir o que chamo de “empre-sa-escola”, ou seja, a que toma para si também oprocesso de formar/ atualizar seus trabalhadorespara o seu negócio e, portanto, parao mercado, valorizando o capital inte-lectual e a criatividade.

Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Ser-viço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC),com cursos para profissionais da indústria e docomércio/ prestação de serviços, respectivamente.

Outro ponto levantado na pesquisa, diz respeito àsinstituições credenciadas nos Estados e Municípios, queatuam nos ensinos fundamental, médio e profissionali-zante, e atendem a jovens e adultos supletivamente.Elas são responsáveis por atender a 48,6 por cento douniverso de estudantes de EAD, o que representa maisde 150.000 cursistas. Vale destacar que este número seaproxima dos 160.000 alunos que estão matriculadosem cursos de graduação, seqüencial ou pós-graduação.

A pesquisa veio constatar, ainda, o que especialis-tas de EAD já supunham : que o ensino a distânciaé a modalidade que apresenta maior crescimentonos últimos anos no país. Em se tratando de gradu-ação e pós-graduação, comparando-se com dadoslevantados anteriormente pelo Ministério da Educa-ção, o número de estudantes saltou de 76.000 paracerca de 150.000, o que confere à EAD, em apenasum ano, uma expansão de aproximadamente 100 porcento. Em nossa opinião, esse crescimento se devetanto a uma mudança de visão e valorização da EAD,como forma de ter acesso a uma educação de quali-dade, como a necessidade de atualização profissional

Se a universalização da educação fundamentalestá estatisticamente atingida, o país viu seus jovensse movimentarem para dar seqüência aos estudos,buscar o ensino médio e não descartar do sonho de“ser alguém” pela Educação,e lutar por uma vaga naUniversidade.

A Universidade Brasileira não acumulou a históriade muitas de suas congêneres da América Latina,mas nas quatro últimas décadas passou por umaexpansão pouco vista em outros países em desen-volvimento. Em 2003, o país possuía 3.900.000estudantes em 16.453 cursos de graduação, comcrescimento de 11,7 por cento em relação ao anoanterior, tendo as 207 instituições públicas respon-dido por 7,8 por cento e as 1.652 privadas, por 18por cento desse aumento. Vale destacar que onúmero de vagas oferecidas nas instituições deensino superior, no mesmo ano, pela primeira vezultrapassou o de concluintes do ensino médio regu-lar em 2002, sendo de 12,9 por cento o crescimen-to total da oferta de vagas.

Quanto às funções docentes, estavam em exercí-cio nas instituições brasileiras, em 2003, 254.153profissionais, sendo nas públicas 88.795 ( 39,5 porcento são doutores e 27,3 por cento, mestres) e nasinstituições privadas, 165.358 (com doutorado,11,8 por cento e com mestrado, 39,4 por cento).

No entanto, a desigualdade no atendimento apopulação que deseja cursar uma instituição de ensi-no superior pode ser constatada, quando se compro-va que apenas 20 municípios dos cerca de 5.600concentram 45 por cento do total de alunos, ou seja,1.578.222 . Duas das cidades - São Paulo e Rio deJaneiro - detêm, respectivamente, 377.471 (10,8 porcento) e 236.644 (6,8 por cento) do total dos estu-dantes. (Fonte: Censo de Educação Superior 2003.MEC/INEP).

Pesquisa realizada em 2004 por duas organiza-ções não governamentais (o Instituto Monitor e aABED), sobre a realidade da EAD no Brasil, destacaque 1.100.000 estudantes realizaram algum curso adistância, em instituição credenciada oficialmente,seja no ensino superior, médio ou fundamental, eem seis outras grandes organizações , a saber: aFundação Roberto Marinho, que oferece o Telecur-so 2000 para jovens e adultos; o SEBRAE , comseus cursos voltados para o segmento que atua emmicro e pequenas empresas; o Governo do Estadode São Paulo, com projetos para profissionais dediversas áreas, com destaque para a da Educação; aTelemar, empresa do ramo das telecomunicações,que atua através da sua universidade corporativa, aUNITE, com cursos a seus colaboradores; e o Serviço

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crescente , além do aumento dos cursos oferecidos,que últimos quatro anos cresceu 600%. Se, em 2001,os cursos à distância eram apenas 11 e, em 2002, 19,um ano depois já totalizavam 34, para, em 2004, vera oferta atingir 77 cursos.

A EAD no Brasil guarda características bastanteinteressantes, tanto com relação à natureza dasorganizações que disponibilizam cursos, em termosde suas vinculações administrativas (públicas - fede-ral, estadual, municipal -, privadas e de outras cate-gorias), como o nível do ensino oferecido (supletivo,regular; fundamental, médio, superior, profissionali-zante , de extensão, etc.) e os meios ou suportesescolhidos, a modelagem e duração desses cursos.As chamadas gerações da EAD convivem nesse paíscontinental, que tanto necessita de ofertas educativasde qualidade para atender a demanda de suas carên-cias, chegando até onde estão os que precisam deestudar e construir novos conhecimentos.

Assim, têm-se hoje cursos de altíssima qualidadeoferecidos on-line ou por CD-ROM, vídeo e telecon-ferência, como utilizando tecnologias mais tradicio-nais , como o material impresso, associado ou não aoutros meios, o rádio, a Tv , o que caracteriza umaverdadeira convergência de meios.

O crescimento, expansão e barateamento deacesso às novas tecnologias fez com que organiza-ções até então afastadas da EAD, passassem a enca-rá-la como um desafio a ser vencido. Nesse casoestá o mundo universitário, que até cinco anos atrásvia a EAD como oferta exclusiva para atender amassa fora da faixa etária do ensino regular (cursossupletivos), com raras e honrosas exceções.

São criadas redes nacionais, regionais e estaduaisde universidades públicas e privadas e consórcio departiculares para criação e oferta de cursos a distân-cia, o que configura uma mudança de paradigmas ea abertura de novos papéis e possibilidades para acomunidade carente de educação superior.

Hoje, com apoio do MEC, estão sendo abertas18.000 vagas em cursos de formação de professo-res a distância em universidades públicas. Há recur-so para serem abertas mais, pelo menos, 30.000vagas em 2006. Também, através da UniversidadeAberta do Brasil, um esforço conjunto do MEC comas Universidades Públicas, deve ser aberto pelomenos um curso de Administração, com 2.000vagas iniciais. A previsão para 2006 é que cerca de100.000 estudantes tenham ingressado em cursosde graduação a distância.

3. A Regulamentação e os Referenciaisde Qualidade a EAD

- A LegislaçãoPara a EAD no Brasil, o ano de 1996 constitui-senum marco, que lhe dá legitimidade e visibilidade. Alei maior da Educação no país – a Lei de diretrizese Bases, de nº 9394, em seu artigo 80, refere-se àEAD e ao papel do Poder Público, nesses termos:

O Poder Público incentivará o desenvolvimento e aveiculação de programas de ensino a distância emtodos os níveis e modalidades de ensino e de edu-cação continuada.

Textos legais subseqüentes tratam da regulamenta-ção e normatizam a EAD, em alguns pontos, apon-tando questões como a qualidade e a avaliação.Para efeito desse trabalho estão destacados osseguintes:

• Os programas e cursos a distância no âmbito daeducação superior, devem atender aos padrõesnacionais de qualidade de cursos.

• O Plano de Desenvolvimento Institucional PDI

deve pautar-se pelas diretrizes curriculares epelos padrões de qualidade de cursos nacionaise , integração da educação à distância ao projetopedagógico de oferta de seus cursos superiores.

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• O resultado das avaliações insti-tucionais e das verificações realizadaspara fins de autorização ou reconheci-mento será divulgado pelo Ministérioda Educação.

A nova Legislação propostaCom a evolução crescente da EAD emtodos os segmentos educacionais, umnovo decreto foi elaborado, adotando-se um processo contínuo (desde2003) e participativo, do qual participa-ram: Secretarias e órgãos do MEC, oConselho Nacional de Educação, osConselhos Estaduais de Educação, Ins-tituições de Ensino, Associações envol-vidas com a EAD e a sociedade emgeral. No final de agosto de 2005, odocumento foi encaminhado à CasaCivil, esperando o MEC , que não sofranenhuma mudança significativa, umavez que foi amplamente discutido antesdo envio.

Alguns destaques para efeito datemática desse estudo:

• Nova definição para a EAD:

Para os fins deste Decreto, considera-se educação adistância a modalidade educacional que buscasuperar limitações de espaço e tempo com a aplica-ção pedagógica de meios e tecnologias da informa-ção e da comunicação e que, sem excluir atividadespresenciais, organiza-se segundo metodologia, ges-tão e avaliação peculiares.

• Alinhamento dos cursos e programas a distânciacom:

• Os fins, princípios e objetivos da educaçãonacional.

• As Diretrizes Curriculares Nacionais estabeleci-das pelo Ministério da Educação para os res-pectivos níveis e modalidades educacionais.

• Os Referenciais de Qualidade para Educaçãoa Distância, definidos pelo Ministério da Edu-cação, os quais terão por objetivo o desen-volvimento e a avaliação dos processos deensino e aprendizagem.

• Bibliotecas adequadas, inclusive com acervoeletrônico remoto e acesso por meio deredes de comunicação e sistemas de infor-mação, com regime de funcionamento e

• Cursos superiores a distância, no sistema federalde ensino, exigem a realização de verificação eavaliação prévia por especialistas designadospelo Ministério da Educação.

• A autorização e o reconhecimento dos programase cursos superiores a distância serão limitados acinco anos, podendo ser renovados após avalia-ção favorável, sendo que o reconhecimento decursos de graduação e seqüenciais a distânciarequererá prévia avaliação do MEC.

• As avaliações obedecerão a procedimentos, crité-rios, indicadores de qualidade definidos.

• A autorização e o reconhecimento de programasa distância de mestrado e doutorado será objetode avaliação prévia pelo Ministério.

• Os diplomas de cursos superiores de graduaçãoa distância emitidos por instituições estrangeiras,mesmo quando realizados em cooperação cominstituições sediadas no Brasil, para gerarem efei-tos legais, deverão ser revalidados por universida-des públicas brasileiras.

• A avaliação do rendimento do aluno para fins depromoção, certificação ou diplomação, dar-se-áno processo com a realização, em algum momen-to, de exames presenciais.

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atendimento aos estudantes de educação adistância.

• Bibliotecas adequadas, inclusive com acervoeletrônico remoto e acesso por meio deredes de comunicação e sistemas de infor-mação, com regime de funcionamento eatendimento aos estudantes de educação adistância.

Os resultados das avaliações mencionadas no incisoIII deste artigo deverão ser considerados para os pro-cedimentos de recredenciamento.

• EAD para educação básica de jovens e adultos

• A matrícula em cursos a distância para educa-ção básica de jovens e adultos poderá serfeita independentemente de escolarizaçãoanterior, obedecida a respectiva idade míni-ma e mediante avaliação do educando, quepermita sua inscrição na etapa adequada,conforme regulamentação do respectivo sis-tema de ensino.

• A avaliação de desempenho dos estudantesdeverá ser feita no processo, pela própria insti-tuição de ensino credenciada para ministrar cur-sos a distância, segundo critériose procedimentos previstos noprojeto pedagógico do curso.

• As avaliações de que trata ocaput e que conduzem à pro-moção, conclusão de estudose à obtenção de diplomas oucertificados deverão ser espe-cificadas no projeto pedagógi-co, de modo que o resultadofinal de exames presenciaispredomine sobre o resultadodas demais avaliações.

• A avaliação do desempenhodo estudante para fins de pro-moção dar-se-á no processo,mediante o cumprimento dasatividades programadas e arealização de exames presen-ciais periódicos sob a respon-sabilidade da instituição deensino credenciada, segundoprocedimentos e critérios defi-nidos no projeto pedagógicodo curso ou programa.

• Os resultados dos exames presenciais perió-dicos referidos no caput deste artigo prevale-cerão sobre os demais resultados obtidos emquaisquer outras formas de avaliação a dis-tância.

• Os estudantes de cursos de graduação a dis-tância deverão ser inscritos pelas respectivasinstituições de ensino nas avaliações nacionaiscorrespondentes à sua área de diplomação.

• Diplomas de cursos realizados em instituiçõesestrangeiras.

• Os diplomas de cursos ou programas superi-ores de graduação a distância emitidos porinstituição estrangeira, inclusive os ofertadosem convênios com instituições sediadas noBrasil, deverão ser revalidados por universida-de brasileira, conforme a legislação vigente.

• Para os fins de revalidação de diploma decurso ou programa de graduação, faculta-se àuniversidade exigir, do portador do diplomaestrangeiro, que se submeta à complementa-ção de estudos, provas ou exames destina-

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5. Qualidade dos recursos educacionais.

6. Infra-estrutura de apoio.

7. Avaliação de qualidade contínua e abrangente.

8. Convênios e parcerias.

9. Edital e informações sobre o curso de graduaçãoa distância.

10.Custos de implementação e manutenção da gra-duação a distância.

As instituições têm total liberdade para criar outros indi-cadores pertinentes e específicos ao projeto proposto.Outro ponto destacado diz respeito ao princípio-mes-tre a der considerado: “ o fundamento da graduação éa educação da pessoa para a vida e o mundo do tra-balho” , não se tratando, portanto, de uma valorizaçãoexcessiva da tecnologia e da informação.

Quanto aos cursos de nível fundamental e médio,inclusive técnico, cabe aos Conselhos Estaduais deEducação, órgãos responsáveis por sua normatiza-ção, definir os indicadores a serem considerados, naconstrução das propostas dos cursos.

A SEED considera como pontos fundamentais nahora de autorizar a abertura de um curso a distância:

• O compromisso dos gestores.

• O desenho do projeto.

• A equipe multidisciplinary.

• A comunicação / interação entre os agentes.

• Os recursos educacionais.

• A infraestrutura de apoio.

• A avaliação contínua e abrangente.

• Os convênios e parcerias.

• A transparência nas informações.

• A sustentabilidade financeira.

4. Pontos para ReflexãoNas duas últimas décadas o Brasil apresenta-secomo um espaço democrático de ofertas de EAD,no que tange às tecnologias e suportes utilizados, eaos cursos que diferentes instituições estão ofere-cendo, sejam instituições tradicionalmente educati-vas ou organizações que passam a assumir aresponsabilidade de atualizar seus colaborados, uti-lizando o e-lear ning nas suas recém criadas univer-sidades corporativas.

dos a suprir ou aferir conhecimentos, compe-tências e habilidades na área de diplomação.

• Disposições Finais e Transitórias.

• Os cursos a distância para a educação básicade jovens e adultos autorizados com duraçãoinferior a dois anos no ensino fundamental eum ano e meio no ensino médio, deverãoinscrever seus alunos em exames de certifica-ção, para fins de conclusão do respectivonível de ensino.

• Os exames citados no caput serão realizadospelo órgão executivo do respectivo sistemade ensino ou por instituições por ele creden-ciadas.

• Os Referenciais de Qualidade.

O Ministério da Educação estabeleceu Referenciaisde Qualidade de EAD para a autorização de cursos degraduação a distância, buscando assegurar que as ins-tituições trabalhem continuamente visando a melhori-as na criação, aperfeiçoamento e divulgação deconhecimentos culturais, científicos, tecnológicos eprofissionais, que contribuam para superar os proble-mas regionais, nacionais e internacionais e para odesenvolvimento sustentável dos seres humanos, semexclusões, nas comunidades e ambientes em quevivem.

Destaca a importância de que seja analisado cadaitem e que todos estejam articulados, numa aborda-gem global , para a construção e o bom desenvolvi-mento do projeto do curso A realidade cultural esócio-econômica da clientela, cidade, região e àsparticularidades de cada organização precisam serrespeitadas e presentes na construção da propostado curso.

Sem terem força de lei, a SEED/ Secretaria de Edu-cação a Distância do MEC, indica dez itens básicos,que devem nortear as instituições que pretendemcriar programas de graduação a distância, e que ser-virão, também, como orientação às Comissões deEspecialistas ao analisarem os projetos. Os itens são:

1. Integração com políticas, diretrizes e padrões dequalidade definidos para o ensino superior comoum todo e para o curso específico.

2. Desenho do projeto: a identidade da Educação aDistância.

3. Equipe profissional multidisciplinar.

4. Comunicação/ interatividade entre professor ealuno.

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Os cursos de graduação a distância , por serembastante recentes, ainda não apresentam dados deavaliação que possam vir a constituir-se em referen-cial para os que estão sendo criados e em anda-mento.

O processo de avaliação desses cursos deve inici-ar-se, no próximo ano, em uma ação conjunta pro-posta delo MEC.

Até hoje as avaliações feitas foram muito maispara efeitos de credenciamento de instituições eautorização e reconhecimento de cursos.

Vale destacar o conjunto de trabalhos acadêmicosde avaliação , que o Curso de Pedagogia da Univer-sidade Federal de Mato Grosso já possui, que deveser analisado e considerado.

Quanto à legislação, constata-se um avanço quan-to ao credenciamento de cursos superiores, quepassa a ser único, ou seja, sem distinção se a insti-tuição se habilitou com um curso de especialização,com um curso de graduação ou de pós-graduaçãostricto sensu.

No caso de instituições vinculadas aos conselhosestaduais (educação profissional de nível médio eEducação de Jovens e Adultos) passa a haver umcredenciamento federal, quando a instituição pre-tender atuar para além de seu estado de origem.

Como já era anteriormente, o credenciamentodeve vir acompanhado de um projeto de curso. Noentanto o credenciamento da instituição e a autori-zação do curso são dois atos distintos.

Nesse contexto, as novas tecnologias abrem pers-pectivas para que cursos, com maior interatividadeentre seus atores, possam chegar a segmentos dapopulação localizadas em pontos distantes dos gran-des centros.

Como as Instituições de Ensino Superior abriram-se, sem medo ou discriminação, para a EAD, acredi-ta-se que a mesma qualidade dos cursos por elasoferecidos presencialmente venha a beneficiar umcontingente até agora impossibilitado de ter acessoà universidade.

Que os indicadores de qualidade passem porrevisões periódicas, à luz dos novos paradigmas deuma educação não bancária, uma Educação quebusque a autonomia dos estudantes na construçãode conhecimento por diferentes vias então abertaspelas tecnologias desse século, sem descuidar daformação humanística e do respeito à cultura decada indivíduo e do país.

Porque, como afirmou Paulo Freire,

Não há nada parado. Tudo está sendo, nada é.

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Los trabajos contenidos en esta obra, desprendidos del VII Congreso Latinoamericano deInvestigadores en Comunicación, permiten un acercamiento a los espacios universitariosen donde tiene lugar la formación de los comunicadores en seis países de nuestro con-tinente, para conocer las líneas sobre las cuales trabajan los especialistas-docentes-inves-tigadores, que desde perspectivas diversas, pero alentados por el propósito de fortalecerla formación de profesionales en comunicación, dedican esfuerzos al estudio de los fac-tores que inciden durante su preparación y en su inserción en el ámbito laboral.

Cada uno de los cuatro segmentos de este libro presenta un enfoque diferente encuanto a la temática de trabajo, el hilo conductor y núcleo de las aportaciones es siempre lacomunicación, para abordar la formación de los comunicadores; la construcción delcampo de conocimiento; las nuevas tendencias y la influencia de las tecnologías digita-les y, al final, presenta otras perspectivas de la comunicación educativa.

En la primera parte de Bitácora de viaje se ilustra el largo camino recorridopor algunas instituciones universitarias de la región, para fortalecer la presencia deuna profesión que se plantea a sí misma innumerables retos en cuanto a lacongruencia de las propuestas curriculares, su relación con las expectativasde los egresados y su inserción en el campo de trabajo disponible para ellos.

En la segunda parte, Reflexiones y estrategias para la construcción delcampo de conocimiento comunicación/educación, es posible identificarnuevos espacios teóricos que nos permiten reconocer la actuación de losmedios de comunicación que en conjunción con la escuela, puedentransformar la información en conocimiento.

En la tercera parte, Tecnologías digitales en la educación. Tenden-cias y experiencias, adquiere particular atención la informática, nosólo como herramienta de difusión, procesamiento y almacenamien-to de contenidos, sino como mediadora en el aprendizaje que seconstruye a través de procesos sociales comunicativos.

Por último, en Intervenciones, conquistas y deudas en elcampo de la comunicación educativa se presentan trabajos que

ofrecen un panorama aplicativo, analítico y reflexivo sobre la importan-cia que tiene el acontecimiento comunicativo en los procesos de socia-

lización y de enseñanza-aprendizaje. Las experiencias describen, desde unaadaptación del modelo de mediación pedagógica y las inteligencias múltiples para la cons-trucción de significados, la importancia de revisar el paradigma basado en la crítica ideológi-ca, para enmarcarlo en el acto comunicativo donde confluyen procedimientos máscomplejos en los que participan los procesos de socialización mediática,familiar y escolar.

Esperamos que los lectores encuentren en esta publicación motivossuficientes para cuestionar, proponer y desarrollar, investigaciones ypropuestas que contribuyan a la construcción de los caminos por losque ha de transitar la formación de comunicadores y de especialistade la comunicación en general y la comunicación educativa como uninterés particular.

Bitácora de viajeInvestigación y formación de

profesionales de la comunicaciónen América Latina