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Música no destino Francisco Ribeiro Repórter É impossível negar que o universo sempre conspirou a favor do casal Ana Galganni e Júnior Bocão. Assim como ignorar o papel da música na vida de ambos. Foi há sete anos, numa tarde fria na capital paulista, que eles se conheceram enquanto vascu- lhavam as prateleiras da loja de discos Baratos Afins, reduto da turma independente na cidade. “Ana já conhecia o meu traba- lho como músico e eu o dela, e dali em diante demos início a uma amizade. A gente foi se envolvendo cada vez mais, produzimos alguns shows na Casa Flutuante – num especial em homenagem ao maestro Rogério Duprat – e começamos a namorar”, conta Jr. Bocão. O namoro também deu origem ao embrião do que viria a ser o Divina Supernova – uma banda que alia, com competência, talento e bom gosto musical. Três anos depois de engata- rem o relacionamento, em 2009, Júnior convidou a paulista Ana para visitar sua terra natal. “A gente veio só para conhe- cer, mas ela se apaixonou por Maceió e decidimos vir morar aqui”, lembra o músico, que foi integrante da banda alagoana Mopho, antes de se aventurar em São Paulo. 17 O DIA ALAGOAS l 28 de julho a 3 de agosto I 2013 CULTURA redação 82 3023.2092 e-mail [email protected] A DUPLA Divina Supernova, formada por Ana Galganni e Júnior Bocão, fala sobre o seu primeiro álbum, intitulado Pulsares Alexis Limousin Felipe Brasil Vocês se tornaram conhe- cidos por fazerem releituras de clássicos do pop-rock e da MPB. Como foi esse começo? Júnior Bocão – A gente deu início ao projeto do Divina Supernova lá em São Paulo, com o intuito de tocar as nossas músicas. Mas com a vinda a Maceió e a necessi- dade de que nos estabelecêsse- mos aqui, decidimos trabalhar na noite tocando canções que gostamos de ouvir. Unimos ao nosso repertório os meus gostos e os da Ana. Ela estu- dou música brasileira na Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp) e eu tenho uma história um pouco longa no rock e tal, além de ser mais velho, trouxe o repertório do pop-rock dos anos 1980. Como é o processo de compo- sição das suas músicas? Vocês compõem sempre juntos, sozi- nhos... Ana Galganni – Algu- mas músicas que estão nesse primeiro disco, e outras que não entraram nele, foram escritas por nós dois. Júnior traz uma parte da letra, e eu completo. Ou então já acon- teceu de ele trazer a melodia, e depois eu compor a letra. E também compomos sozinhos. Temos músicas no disco que são só dele e outras que são somente minhas. É muito livre. Júnior Bocão – Na verdade, não existe um padrão. É muito livre. É uma coisa mesmo de a inspiração chegar e a gente se sentir bem de compartilhar. Não há opressão para compor ou a necessidade de fazermos algo sempre juntos. Ana Galganni – Têm músi- cas que a gente quer comparti- lhar e têm outras que queremos dissertar sozinhos. Quais reflexões vocês buscam provocar em Pulsares? Júnior Bocão – No disco não há um tema central. Na verdade, a gente o emoldurou com esse título porque usamos muitas batidas eletrônicas e adicionamos em algumas faixas alguns sons de Pulsa- res (estrelas de nêutrons), que encontramos na internet. Nós achamos interessante fazer essa ilustração visual. De certo modo, o álbum conta a história de nossa relação. Durante o processo de criação, a gente não pensou num tema central, mas esse tema recor- rente surgiu de forma natural, porque acabamos falando um pouco um do outro nas músi- cas. Canções de Liberdade compus pensando na Ana, e Saliva Lágrima, Ana escre- veu pensando em mim. Não é uma intenção nossa que haja uma pauta para que as pessoas analisem a obra, porque não foi com essa intenção que a gente montou o álbum. Como se deu a opção por masterizar o disco nos lendá- rios estúdios londrinos da Abbey Road? Contem um pouco sobre essa experiência. Júnior Bocão – Bom, foi uma obra do acaso. Como vinha buscando certas sono- ridades, eu acabei chegando ao nome do Frank Arkwri- ght, que foi quem masterizou o álbum Vegetal, da cantora francesa Émilie Simon. Eu sou fascinado pela sonoridade do disco, escuto muito o trabalho dela, e posso dizer até que é uma grande influência para o nosso trabalho. Então, através de uma rede social, entrei em contato com ele, que ouviu as nossas músicas, gostou, e decidiu se envolver no projeto. E, por acaso, descobri que o Frank estava trabalhando justamente nos estúdios da Abbey Road. Depois descobri que ele já tinha trabalhado com Duran Duran, Coldplay, Belle & Sebastian, enfim, uma infi- nidade de grandes bandas do pop mundial. A experiência foi fantástica, porque o resultado ficou incrível. Por que a opção de lançar o disco, primeiramente, na plata- forma digital? Júnior Bocão – Como a gente está há quatro anos gestando esse disco, esperar três meses que fossem para o formato físico sair estava sendo demais. Além disso, nós já tínhamos anunciado o lança- mento do álbum desde o ano passado. Mas como não conse- guimos lançá-lo na época, por uma questão ou outra, decidi- mos que, após masterizado, colocaríamos na internet, o que também é uma forma de alcan- çamos certas distâncias que o disco físico demoraria mais. Acho que essa foi uma boa escolha. Apesar de muita gente no Brasil e principalmente em Alagoas, não estar acostumada a comprar esse tipo de mídia, ela só cresce pelo mundo. O consumo no país bateu recorde em 2012. E eu acho que é uma maneira muito bacana de divulgar, principalmente, de vender. Mas o disco físico vai chegar, ele está em vias de sair da fábrica, creio que dentro de um mês. Para isso, nós conta- mos com o apoio do Estúdio Norcal, da Secult e do restau- rante Lopana. Colocamos logo na internet para saciar a nossa sede, para vê-lo na praça. E mesmo que não tenha sido algo tão planejado assim, a gente está tendo um retorno bacana. O disco está em todas as plataformas digitais, sendo distribuído pela Sony, Nokia, Itunes, Amazon.com. A parceria de Anna Galganni e Júnior Bocão rendeu álbum que está à venda pela internet na Itunes Store e na Amazon Fazendo releituras de clás- sicos do pop-rock e da MPB, a dupla Divina Supernova – que tem Ana na voz e flauta e Júnior no violão e voz – passou a se destacar na noite alagoana. De lá pra cá, foram quatro anos de estrada e uma “longa gesta- ção” para que o disco Pulsares finalmente ficasse pronto. Mas a demora valeu a pena. Os músicos tiveram a oportuni- dade de masterizar o material nos lendários estúdios londri- nos de Abbey Road Studios – famoso em todo o planeta por ter lançado álbuns de grandes bandas, como, por exemplo, The Beatles, Pink Floyd, Duran Duran e Oasis. Outra grata surpresa foi trabalharem ao lado do masterizador inglês Frank Arkwright. “A experi- ência foi fantástica, porque o resultado ficou incrível”, avalia Jr. Bocão. As faixas que compõem Pulsares continuam a tran- sitar pelo estilo pop, e incor- poram também samplers e beats eletrônicos. “Nós temos uma influência da música pop muito grande, mas tem uma particularidade que eu trouxe para minha voz nesse trabalho que consiste em deixá-la o mais natural possível, sem os efeitos técnicos que os cantores costu- mam usar nos vocais, os quais nos fazem pensar que não é uma pessoa que está cantando, mas sim um robô”, observa Ana. O disco contou com várias parti- cipações especiais, como a de Alvinho Cabral (Fino Coletivo), do tecladista Leonardo Luiz (Mopho e Messias Elétrico), de Félix Baigon (contrabaixo), do Sonic Jr. e do acordeonista fran- cês Mathieu Lebreton. De volta a Maceió após realizar sua segunda turnê pela Europa – com quase 20 apre- sentações, em três países –, a dupla toca, pela primeira vez, as canções do álbum Pulsares neste domingo (28), a partir das 16h, no encerramento do Festival de Inverno da Cuscu- zeria Café, na Jatiúca. Encabe- çado por Ana (voz e flauta) e Jr. Bocão (voz e violão), o show de estreia também contará com a participação dos músicos Lean- dro Amorim (bateria), Bruno Ribeiro (contrabaixo), Marco Túlio Souza (baixo e violões) e Igor Lopez (teclado). Em entre- vista a O DIA ALAGOAS, o casal falou sobre o novo traba- lho, revisitou a sua trajetória e antecipou: “O disco físico vai chegar. Ele está em vias de sair da fábrica.” Confira. Álbum foi masterizado na Abbey Road Studios

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Música no destinoFrancisco RibeiroRepórter

É i m p o s s í v e l negar que o universo sempre

conspirou a favor do casal Ana Galganni e Júnior Bocão. Assim como ignorar o papel da música na vida de ambos. Foi há sete anos, numa tarde fria na capital paulista, que eles se conheceram enquanto vascu-lhavam as prateleiras da loja de discos Baratos Afins, reduto da turma independente na cidade. “Ana já conhecia o meu traba-lho como músico e eu o dela, e dali em diante demos início a uma amizade. A gente foi se envolvendo cada vez mais,

produzimos alguns shows na Casa Flutuante – num especial em homenagem ao maestro Rogério Duprat – e começamos a namorar”, conta Jr. Bocão. O namoro também deu origem ao embrião do que viria a ser o Divina Supernova – uma banda que alia, com competência, talento e bom gosto musical.

Três anos depois de engata-rem o relacionamento, em 2009, Júnior convidou a paulista Ana para visitar sua terra natal. “A gente veio só para conhe-cer, mas ela se apaixonou por Maceió e decidimos vir morar aqui”, lembra o músico, que foi integrante da banda alagoana Mopho, antes de se aventurar em São Paulo.

17O DIA ALAGOAS l 28 de julho a 3 de agosto I 2013

CULTURA redação 82 3023.2092e-mail [email protected]

A DUPLA Divina Supernova, formada por Ana Galganni e Júnior Bocão, fala sobre o seu primeiro álbum, intitulado Pulsares

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asil Vocês se tornaram conhe-

cidos por fazerem releituras de clássicos do pop-rock e da MPB. Como foi esse começo?

Júnior Bocão – A gente deu início ao projeto do Divina Supernova lá em São Paulo, com o intuito de tocar as nossas músicas. Mas com a vinda a Maceió e a necessi-dade de que nos estabelecêsse-mos aqui, decidimos trabalhar na noite tocando canções que gostamos de ouvir. Unimos ao nosso repertório os meus gostos e os da Ana. Ela estu-dou música brasileira na Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp) e eu tenho uma história um pouco longa no rock e tal, além de ser mais velho, trouxe o repertório do pop-rock dos anos 1980.

Como é o processo de compo-

sição das suas músicas? Vocês compõem sempre juntos, sozi-nhos...

Ana Galganni – Algu-mas músicas que estão nesse primeiro disco, e outras que não entraram nele, foram escritas por nós dois. Júnior traz uma parte da letra, e eu completo. Ou então já acon-teceu de ele trazer a melodia, e depois eu compor a letra. E também compomos sozinhos. Temos músicas no disco que são só dele e outras que são somente minhas. É muito livre.

Júnior Bocão – Na verdade,

não existe um padrão. É muito livre. É uma coisa mesmo de a inspiração chegar e a gente se sentir bem de compartilhar. Não há opressão para compor ou a necessidade de fazermos algo sempre juntos.

Ana Galganni – Têm músi-

cas que a gente quer comparti-lhar e têm outras que queremos dissertar sozinhos.

Quais reflexões vocês buscam provocar em Pulsares?

Júnior Bocão – No disco não há um tema central. Na verdade, a gente o emoldurou com esse título porque usamos muitas batidas eletrônicas e adicionamos em algumas faixas alguns sons de Pulsa-res (estrelas de nêutrons), que encontramos na internet. Nós achamos interessante fazer essa ilustração visual. De certo modo, o álbum conta a história de nossa relação. Durante o processo de criação, a gente não pensou num tema central, mas esse tema recor-rente surgiu de forma natural, porque acabamos falando um pouco um do outro nas músi-cas. Canções de Liberdade compus pensando na Ana, e Saliva Lágrima, Ana escre-veu pensando em mim. Não é uma intenção nossa que haja uma pauta para que as pessoas analisem a obra, porque não foi com essa intenção que a gente montou o álbum.

Como se deu a opção por masterizar o disco nos lendá-rios estúdios londrinos da Abbey Road? Contem um pouco sobre essa experiência.

Júnior Bocão – Bom, foi uma obra do acaso. Como vinha buscando certas sono-ridades, eu acabei chegando ao nome do Frank Arkwri-ght, que foi quem masterizou o álbum Vegetal, da cantora francesa Émilie Simon. Eu sou fascinado pela sonoridade do disco, escuto muito o trabalho dela, e posso dizer até que é uma grande influência para o nosso trabalho. Então, através de uma rede social, entrei em contato com ele, que ouviu as nossas músicas, gostou, e decidiu se envolver no projeto. E, por acaso, descobri que o Frank estava trabalhando justamente nos estúdios da

Abbey Road. Depois descobri que ele já tinha trabalhado com Duran Duran, Coldplay, Belle & Sebastian, enfim, uma infi-nidade de grandes bandas do pop mundial. A experiência foi fantástica, porque o resultado ficou incrível.

Por que a opção de lançar o

disco, primeiramente, na plata-forma digital?

Júnior Bocão – Como a gente está há quatro anos gestando esse disco, esperar três meses que fossem para o formato físico sair estava sendo demais. Além disso, nós já tínhamos anunciado o lança-mento do álbum desde o ano passado. Mas como não conse-guimos lançá-lo na época, por uma questão ou outra, decidi-mos que, após masterizado, colocaríamos na internet, o que também é uma forma de alcan-çamos certas distâncias que o disco físico demoraria mais. Acho que essa foi uma boa escolha. Apesar de muita gente no Brasil e principalmente em Alagoas, não estar acostumada a comprar esse tipo de mídia, ela só cresce pelo mundo. O consumo no país bateu recorde em 2012. E eu acho que é uma maneira muito bacana de divulgar, principalmente, de vender. Mas o disco físico vai chegar, ele está em vias de sair da fábrica, creio que dentro de um mês. Para isso, nós conta-mos com o apoio do Estúdio Norcal, da Secult e do restau-rante Lopana. Colocamos logo na internet para saciar a nossa sede, para vê-lo na praça. E mesmo que não tenha sido algo tão planejado assim, a gente está tendo um retorno bacana. O disco está em todas as plataformas digitais, sendo distribuído pela Sony, Nokia, Itunes, Amazon.com.

A parceria de Anna Galganni e Júnior Bocão rendeu álbum que está à venda pela internet na Itunes Store e na Amazon

Fazendo releituras de clás-sicos do pop-rock e da MPB, a dupla Divina Supernova – que tem Ana na voz e flauta e Júnior no violão e voz – passou a se destacar na noite alagoana. De lá pra cá, foram quatro anos de estrada e uma “longa gesta-ção” para que o disco Pulsares finalmente ficasse pronto. Mas a demora valeu a pena. Os músicos tiveram a oportuni-dade de masterizar o material nos lendários estúdios londri-nos de Abbey Road Studios – famoso em todo o planeta por ter lançado álbuns de grandes bandas, como, por exemplo, The Beatles, Pink Floyd, Duran Duran e Oasis. Outra grata surpresa foi trabalharem ao lado do masterizador inglês Frank Arkwright. “A experi-ência foi fantástica, porque o resultado ficou incrível”, avalia Jr. Bocão.

As faixas que compõem Pulsares continuam a tran-sitar pelo estilo pop, e incor-poram também samplers e beats eletrônicos. “Nós temos uma influência da música pop muito grande, mas tem uma particularidade que eu trouxe para minha voz nesse trabalho que consiste em deixá-la o mais natural possível, sem os efeitos

técnicos que os cantores costu-mam usar nos vocais, os quais nos fazem pensar que não é uma pessoa que está cantando, mas sim um robô”, observa Ana. O disco contou com várias parti-cipações especiais, como a de Alvinho Cabral (Fino Coletivo), do tecladista Leonardo Luiz (Mopho e Messias Elétrico), de Félix Baigon (contrabaixo), do Sonic Jr. e do acordeonista fran-cês Mathieu Lebreton.

De volta a Maceió após realizar sua segunda turnê pela Europa – com quase 20 apre-sentações, em três países –, a dupla toca, pela primeira vez, as canções do álbum Pulsares neste domingo (28), a partir das 16h, no encerramento do Festival de Inverno da Cuscu-zeria Café, na Jatiúca. Encabe-çado por Ana (voz e flauta) e Jr. Bocão (voz e violão), o show de estreia também contará com a participação dos músicos Lean-dro Amorim (bateria), Bruno Ribeiro (contrabaixo), Marco Túlio Souza (baixo e violões) e Igor Lopez (teclado). Em entre-vista a O DIA ALAGOAS, o casal falou sobre o novo traba-lho, revisitou a sua trajetória e antecipou: “O disco físico vai chegar. Ele está em vias de sair da fábrica.” Confira.

Álbum foi masterizado na Abbey Road Studios