a direção de uma faculdade de medicina é um desafio de uma ... · a direção de uma faculdade...

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Tiragem: 12000 País: Portugal Period.: Mensal Âmbito: Saúde e Educação Pág: 4 Cores: Cor Área: 26,40 x 31,29 cm² Corte: 1 de 3 ID: 60925713 01-09-2015 Just News ( JN) – Como encara o facto de ser o novo diretor da FMUL? Fausto Pinto (FP) – A direção de uma faculdade de Medicina é um desafio de uma dimensão extraordinária, dada a elevadíssima responsabilidade associada a este lugar e os compromissos que repre- senta. JN – O que motivou a sua candi- datura? FP – Quando decidi candidatar-me, fi-lo com o sentido de dever e responsabi- lidade perante a Escola onde me formei, o seu futuro e sobretudo o dos seus es- tudantes, que procuram uma educação e formação profissional que os prepare para a Medicina do século XXI. Uma facul- dade de Medicina moderna deve ter como objetivo principal a formação de médicos. Como tal, a direção da faculdade tem de estar completamente sintonizada com o que é a realidade médica atual, o desen- volvimento científico e tecnológico, a ino- vação e a prática médica. JN – E que “tipo” de diretor preten- de ser? FP – Procurarei ser um diretor uni- ficador, respeitando as diferenças, mas procurando encontrar os consensos ne- cessários para conseguir as melhores so- luções para a Escola e promovendo uma cooperação leal e efetiva com os conse- lhos Científico e Pedagógico, bem como com a Administração do nosso hospital nuclear de ensino e investigação e com a Direção do Instituto de Medicina Molecu- lar, no âmbito das atribuições e objetivos do Centro Académico de Medicina de Lis- boa (CAML). JN – O estreitamento da relação entre a FMUL e o hospital continuará a ser uma aposta? FP – É particularmente fundamental, no atual contexto, aprofundar os me- canismos de interação com o hospital, pugnando conjuntamente pela revisão da legislação sobre os hospitais académicos/ universitários, de modo a conferir-lhes maior flexibilidade e capacidade de incor- poração de inovação e desenvolvimento científico na práxis clínica. O excelente relacionamento que existe com a atual Administração do CHLN permitirá segura- mente um reforço desta ligação, essencial para o bom funcionamento de ambas as instituições. JN – Que peso terá o Edifício Rey- naldo dos Santos neste campo? FP – Vivemos a época da convergên- cia da ciência biomédica com as enge- nharias e a tecnologia, pelo que assume especial relevância o fortalecimento dos laços já existentes com o Instituto Supe- rior Técnico (IST), no âmbito da UL, não só no ensino pré e pós-graduado como na investigação. Este novo edifício represen- ta uma mais-valia para essa cooperação, tal como permitirá uma expansão e rees- truturação de áreas científicas da FMUL, pelo que continuarei a apoiar fortemente o projeto em curso. JN – O que representa o CAML para o posicionamento estratégico da Facul- dade? FP – O conceito de CAML, criado em 2009, também desenvolvido noutros países, teve como objetivo dominante concentrar numa só estrutura funcional os três grandes pilares do Edifício Mé- dico Académico: prestação de cuidados médicos diferenciados, ensino pré e pós graduado e investigação científica. Parti- lho da visão deste conceito e procurarei defender a sua expansão. Só assim se con- seguirá uma melhor integração da área académica com a área clínica, fundamen- tal na formação de novos médicos, bem como no desenvolvimento de programas de investigação e de pós-graduação forte- mente ligados à componente clínica. Desenvolverei, ainda, todos os esfor- ços para reforçar a necessidade de criar em Portugal um estatuto de Hospital Académico/Universitário com regras dife- rentes de financiamento e de organização consonantes com a sua tripla missão de prestação de cuidados de saúde, ensino e investigação. Em particular, atuarei com empenho e dedicação para reforçar o en- trosamento das instituições que integram o CAML, procurando criar cada vez mais oportunidades e iniciativas de âmbito co- mum. O CAML colocou-nos numa posição de vanguarda no contexto nacional da organização do ensino, investigação e prática médica, sendo uma oportunidade única a não desperdiçar. Mostrarei o meu total empenhamento em ultrapassar inér- cias e constrangimentos no seu desen- volvimento progressivo, em consonância com outros projetos análogos na Europa, Estados Unidos e Ásia, cujo funcionamen- to tive a oportunidade de apreciar direta- mente. JN – Que outros desafios farão par- te do seu mandato? FP – Pretendo apostar fortemente na Educação Médica, com a criação de um Departamento de Educação Médica que será essencial para os processos de reformulação pedagógica e monitoriza- ção da qualidade e do desempenho pe- dagógico na FMUL, a par da importante missão de promoção da inovação peda- gógica. Não há razão nenhuma para não tornar a FMUL tão inovadora em práti- ca pedagógica quanto é na ciência. Os laboratórios de simulação, imagiologia e outras infraestruturas já existentes e projetadas serão usados na prática do ensino médico. O Edifício Reynaldo dos Santos não será de usufruto exclusivo para a inves- tigação; os alunos também beneficiarão desta nova infraestrutura e das parcerias que assegura. Igualmente, as parcerias clínicas para o ensino serão continuadas e reforçadas. O ensino clínico constitui um dos seus esteios mais importantes e, como tal, deve ser constantemente ana- lisado e revisto de forma racional, pro- curando manter um equilíbrio entre o que são as naturais mudanças temporais e conjeturais que têm de ser levadas em linha de conta e a necessidade de estabi- lidade pedagógica, evitando sobressaltos desnecessários. A sua boa implementação efetiva requer, também, uma adequação do funcionamento das unidades hospita- lares ligadas diretamente ao ensino, pelo que o diálogo franco com as administra- ções hospitalares e baseado em conhe- cimento, direto e vivido, é um requisito indispensável. JN – Sei que defende que é neces- sário reformular o ensino da Medicina Clínica. Que medidas tomará neste sentido? FP – Ao longo dos últimos anos, e na sequência da revisão curricular dos anos pré-clínicos, tornou-se mais premente a necessidade de reformulação do ensino da Medicina Clínica, em especial tendo em conta o excessivo número de alunos de pré-graduação e a limitação de doen- tes internados. Criarei uma Comissão de Avaliação e Reestruturação do Ensino Clí- nico para analisar em detalhe toda a pro- blemática em causa e procurarmos, em conjunto, soluções adequadas, realistas, com vista à implementação de um ensino clínico forte e estruturante. JN – A Investigação Científica e a Inovação Clínica são duas áreas que “A direção de uma faculdade de Medicina é um desafio de uma dimensão extraordinária” FAUSTO PINTO, DIRETOR DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA: O distinto cardiologista Fausto Pinto que, além de outros cargos, é diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) e presidente da Sociedade Europeia de Cardiologia, tomou posse recentemente como diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), sucedendo a José Fernandes e Fernandes. Na sua opinião, a responsabilidade associada a este lugar faz com que este desafio tenha “uma dimensão extraordinária”. O reitor da UL, António Cruz Serra, deu posse a Fausto Pinto (Foto 1), numa cerimónia a que não faltaram o presidente do CA do CHLN, Carlos Neves Martins, e o ex-diretor da FMUL, José Fernandes e Fernandes (Foto 2) Foto 1 Foto 2

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Tiragem: 12000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Saúde e Educação

Pág: 4

Cores: Cor

Área: 26,40 x 31,29 cm²

Corte: 1 de 3ID: 60925713 01-09-2015

Just News ( JN) – Como encara o facto de ser o novo diretor da FMUL?

Fausto Pinto (FP) – A direção de uma faculdade de Medicina é um desafio de uma dimensão extraordinária, dada a elevadíssima responsabilidade associada a este lugar e os compromissos que repre-senta.

JN – O que motivou a sua candi-datura?

FP – Quando decidi candidatar-me, fi-lo com o sentido de dever e responsabi-lidade perante a Escola onde me formei, o seu futuro e sobretudo o dos seus es-tudantes, que procuram uma educação e formação profissional que os prepare para a Medicina do século XXI. Uma facul-dade de Medicina moderna deve ter como objetivo principal a formação de médicos. Como tal, a direção da faculdade tem de estar completamente sintonizada com o que é a realidade médica atual, o desen-volvimento científico e tecnológico, a ino-vação e a prática médica.

JN – E que “tipo” de diretor preten-de ser?

FP – Procurarei ser um diretor uni-ficador, respeitando as diferenças, mas procurando encontrar os consensos ne-cessários para conseguir as melhores so-luções para a Escola e promovendo uma cooperação leal e efetiva com os conse-lhos Científico e Pedagógico, bem como com a Administração do nosso hospital nuclear de ensino e investigação e com a Direção do Instituto de Medicina Molecu-lar, no âmbito das atribuições e objetivos do Centro Académico de Medicina de Lis-boa (CAML).

JN – O estreitamento da relação entre a FMUL e o hospital continuará a ser uma aposta?

FP – É particularmente fundamental, no atual contexto, aprofundar os me-canismos de interação com o hospital, pugnando conjuntamente pela revisão da legislação sobre os hospitais académicos/universitários, de modo a conferir-lhes maior flexibilidade e capacidade de incor-

poração de inovação e desenvolvimento científico na práxis clínica. O excelente relacionamento que existe com a atual Administração do CHLN permitirá segura-mente um reforço desta ligação, essencial para o bom funcionamento de ambas as instituições.

JN – Que peso terá o Edifício Rey-naldo dos Santos neste campo?

FP – Vivemos a época da convergên-cia da ciência biomédica com as enge-nharias e a tecnologia, pelo que assume especial relevância o fortalecimento dos laços já existentes com o Instituto Supe-rior Técnico (IST), no âmbito da UL, não só no ensino pré e pós-graduado como na investigação. Este novo edifício represen-ta uma mais-valia para essa cooperação, tal como permitirá uma expansão e rees-truturação de áreas científicas da FMUL, pelo que continuarei a apoiar fortemente o projeto em curso.

JN – O que representa o CAML para o posicionamento estratégico da Facul-dade?

FP – O conceito de CAML, criado em 2009, também desenvolvido noutros países, teve como objetivo dominante concentrar numa só estrutura funcional os três grandes pilares do Edifício Mé-dico Académico: prestação de cuidados médicos diferenciados, ensino pré e pós graduado e investigação científica. Parti-lho da visão deste conceito e procurarei defender a sua expansão. Só assim se con-seguirá uma melhor integração da área

académica com a área clínica, fundamen-tal na formação de novos médicos, bem como no desenvolvimento de programas de investigação e de pós-graduação forte-mente ligados à componente clínica.

Desenvolverei, ainda, todos os esfor-ços para reforçar a necessidade de criar em Portugal um estatuto de Hospital Académico/Universitário com regras dife-rentes de financiamento e de organização consonantes com a sua tripla missão de prestação de cuidados de saúde, ensino e investigação. Em particular, atuarei com empenho e dedicação para reforçar o en-trosamento das instituições que integram o CAML, procurando criar cada vez mais oportunidades e iniciativas de âmbito co-mum.

O CAML colocou-nos numa posição de vanguarda no contexto nacional da organização do ensino, investigação e prática médica, sendo uma oportunidade única a não desperdiçar. Mostrarei o meu

total empenhamento em ultrapassar inér-cias e constrangimentos no seu desen-volvimento progressivo, em consonância com outros projetos análogos na Europa, Estados Unidos e Ásia, cujo funcionamen-to tive a oportunidade de apreciar direta-mente.

JN – Que outros desafios farão par-te do seu mandato?

FP – Pretendo apostar fortemente na Educação Médica, com a criação de um Departamento de Educação Médica que será essencial para os processos de

reformulação pedagógica e monitoriza-ção da qualidade e do desempenho pe-dagógico na FMUL, a par da importante missão de promoção da inovação peda-gógica. Não há razão nenhuma para não tornar a FMUL tão inovadora em práti-ca pedagógica quanto é na ciência. Os laboratórios de simulação, imagiologia e outras infraestruturas já existentes e projetadas serão usados na prática do ensino médico.

O Edifício Reynaldo dos Santos não será de usufruto exclusivo para a inves-tigação; os alunos também beneficiarão desta nova infraestrutura e das parcerias que assegura. Igualmente, as parcerias clínicas para o ensino serão continuadas e reforçadas. O ensino clínico constitui um dos seus esteios mais importantes e, como tal, deve ser constantemente ana-lisado e revisto de forma racional, pro-curando manter um equilíbrio entre o que são as naturais mudanças temporais

e conjeturais que têm de ser levadas em linha de conta e a necessidade de estabi-lidade pedagógica, evitando sobressaltos desnecessários. A sua boa implementação efetiva requer, também, uma adequação do funcionamento das unidades hospita-lares ligadas diretamente ao ensino, pelo que o diálogo franco com as administra-ções hospitalares e baseado em conhe-cimento, direto e vivido, é um requisito indispensável.

JN – Sei que defende que é neces-sário reformular o ensino da Medicina

Clínica. Que medidas tomará neste sentido?

FP – Ao longo dos últimos anos, e na sequência da revisão curricular dos anos pré-clínicos, tornou-se mais premente a

necessidade de reformulação do ensino da Medicina Clínica, em especial tendo em conta o excessivo número de alunos de pré-graduação e a limitação de doen-tes internados. Criarei uma Comissão de Avaliação e Reestruturação do Ensino Clí-nico para analisar em detalhe toda a pro-blemática em causa e procurarmos, em conjunto, soluções adequadas, realistas, com vista à implementação de um ensino clínico forte e estruturante.

JN – A Investigação Científica e a Inovação Clínica são duas áreas que

“A direção de uma faculdade de Medicina é um desafio de uma dimensão extraordinária”

FAUSTo PINTo, DIREToR DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIvERSIDADE DE LISBoA:

O distinto cardiologista Fausto Pinto que, além de outros cargos, é diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) e presidente da Sociedade Europeia de Cardiologia, tomou posse recentemente como diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), sucedendo a José Fernandes e Fernandes. Na sua opinião, a responsabilidade associada a este lugar faz com que este desafio tenha “uma dimensão extraordinária”.

o reitor da UL, António Cruz Serra, deu posse a Fausto Pinto (Foto 1),

numa cerimónia a que não faltaram o presidente do CA do ChLN, Carlos Neves

Martins, e o ex-diretor da FMUL, José Fernandes e Fernandes (Foto 2)

Foto 1 Foto 2

Tiragem: 12000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Saúde e Educação

Pág: 5

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Área: 26,40 x 31,24 cm²

Corte: 2 de 3ID: 60925713 01-09-2015

integram o programa desta Direção. Quais são os seus planos?

FP – Estou fortemente empenhado na concretização de uma Universidade e de uma Escola Médica que faça da inves-tigação e da promoção do conhecimento um atributo e uma qualidade. A minha atuação decorrerá em dois planos prin-cipais de intervenção: reafirmação e re-forço da cooperação ativa e participativa com o IMM, que nasceu da convergência de centros de investigação classificados como Excelente da Faculdade de Medi-cina, cujos líderes científicos são dire-tamente ou por afiliação professores da Faculdade e que funciona nas instalações da Faculdade de Medicina, no edifício Egas Moniz. Só assim aumenta a robus-tez da FMUL e o seu valor estratégico. Simultaneamente, procurarei estimular o desenvolvimento e consolidação de centros e institutos de investigação da Faculdade, como o ISAMB (Instituto de Saúde Ambiental) e o CCUL (Centro Car-diovascular da Universidade de Lisboa) e, eventualmente, outros, fomentando o desenvolvimento de projetos e ini-ciativas de investigação em programas cooperativos nacionais, no âmbito da Universidade de Lisboa e internacionais.

Garanto, igualmente, uma colabora-ção estreita com os órgãos de representa-ção estudantil, em particular a Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina

de Lisboa, com a qual quero estabelecer uma relação de proximidade e de grande atenção aos problemas estudantis. O su-cesso de qualquer instituição assenta, em boa parte, na capacidade da sua liderança assegurar as melhores condições possí-veis de trabalho para os seus funcionários, fomentando a sua motivação e empenho.

Valorizo sobremaneira a necessidade de entendermos a instituição como um todo, em que a participação, integração, cooperação e articulação dos vários gru-pos profissionais é essencial para o seu bom funcionamento. Manterei, pois, o meu empenhamento na modernização administrativa da FM e tenho como pro-pósito firme implementar a criação de um Gabinete de Estudos e Planeamento com ligação direta à Direção, bem como asse-gurar uma melhoria das condições am-bientais e segurança no local de trabalho. Farei também forte aposta na valorização profissional dos funcionários da FMUL. Dado o meu perfil profissional, farei do reforço da internacionalização da FMUL um objetivo estratégico. O reforço desta área no pré e pós-graduado será um dos meus propósitos, a fim de intensificar a integração dos nossos alunos num espaço médico que é cada vez mais global e po-tenciar a formação de redes a nível nacio-nal e internacional, quer seja no domínio clínico, da investigação, da docência ou da cultura.

JN – A internacionalização da FMUL é outra das prioridades?

FP – As universidades não podem alhear-se da sua missão cultural, ao mesmo tempo que podem ser um exce-lente veículo da cultura e da língua por-tuguesas. Neste sentido, a capacidade de atrair alunos estrangeiros através da implementação do estatuto do estudan-te estrangeiro e a criação de programas pré e pós-graduados é uma forma de

afirmar e consolidar a influência cul-tural de Portugal no Mundo, sem que isso implique qualquer prejuízo para o ensino dos alunos nacionais, bem pelo contrário, constituindo um meio adi-cional de sustentabilidade financeira da Escola, como acontece com instituições congéneres na Europa. Neste sentido, irei propor à discussão de todos um projeto de Estatuto de Estudante Inter-nacional de Medicina e empenhar-me-ei

na criação de programas de ensino em língua inglesa, como instrumento indis-pensável de afirmação internacional da Faculdade.

JN – A Escola apoia-o nos seus ob-jetivos?

FP – Uma renovação efetiva e con-sistente numa instituição sólida como a FMUL não é certamente obra de uma só pessoa. Sei ter condições para mobili-zar uma vasta equipa de docentes e não docentes capaz de sustentar uma aposta forte na reformulação do ensino clínico, integrando igualmente a AEFML, o Con-selho Pedagógico e o Conselho de Escola. Apostando no diálogo permanente e na busca de consensos alargados, consegui-remos seguramente o melhor modelo de reestruturação.

JN – Como perspetiva o futuro da FMUL?

FP – O CHLN é o parceiro natural e inseparável da FMUL, representando uma plataforma sólida onde as múltiplas atividades e competências de um verda-deiro campus médico universitário se de-senvolvem. O excelente relacionamento institucional, consubstanciado num forte apoio e solidariedade institucional entre as respetivas direções, é o garante de um caminho trilhado em conjunto com o ob-jetivo claro de constituir uma instituição de liderança a nível nacional e interna-cional.

JN – Por fim, o que a FMUL pode esperar de Fausto Pinto?

FP – Prometo dedicar-me com toda a determinação e dedicação ao desempe-nho de tão importante e exigente cargo, com a certeza de que terei ao meu lado a Escola e os seus representantes nos mais variados órgãos, para em conjunto atingirmos o nosso objetivo máximo que é termos uma FMUL moderna, líder a ní-vel nacional e internacional, de que todos que dela fazem parte se possam orgulhar. A FMUL é um desafio para todos e por to-dos porque todos somos a Faculdade de Medicina. Conto, pois, com todos para o abraçarmos em conjunto.

Fausto Pinto é o verdadeiro homem dos “sete ofícios”. Além de ser o novo diretor da FMUL, é diretor do Serviço de Cardiologia do CHLN, presidente da Sociedade Euro-peia de Cardiologia, professor catedrático de Cardiologia da FMUL, presidente da Associação para a Investigação e Desenvolvimento da FMUL, diretor do Instituto Cardiovas-cular de Lisboa e editor da Revista Portuguesa de Cardio-logia.

Nasceu em 1960, em Santarém, e licenciou-se em Medi-cina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em 1984, com 18 valores. Fez a sua formação avançada, nos anos 90, na Universidade de Stanford, EUA, onde permaneceu durante 4 anos. É perito em Imagiologia Cardiovascular e Car-diologia de Intervenção.

Disciplina, organização e “team work” são a receita que o cardiologista considera fundamental a qualquer líder para se poder afirmar como tal e ser bem sucedido nos seus propósi-

tos. Além disso, Fausto Pinto sublinha ainda ser importante “ter (e sentir) o apoio do círculo familiar mais próximo”, nomeada-mente da mulher e dos seus cinco filhos.

o homem dos "sete ofícios"

Tiragem: 12000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Saúde e Educação

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 8,54 x 4,51 cm²

Corte: 3 de 3ID: 60925713 01-09-2015

Fausto Pinto

O desafio extraordinário de dirigir a FMUL

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