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A DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Ricardo Mateus Breunig 1 RESUMO: Uma das vantagens de constituir uma sociedade empresária é que, devido ao princípio da autonomia patrimonial, os bens do sócio não se confundem com os bens da empresa. Nesse toar, pessoas de propósitos duvidosos começaram a usufruir das sociedades de maneira fraudatória, com a finalidade de lesar credores e aumentar o patrimônio pessoal, ensejando, assim, a criação da teoria da desconsideração da pessoa jurídica. Assim, este artigo tem como objetivo geral analisar os requisitos e pressupostos para que o instituto da desconsideração da pessoa jurídica na esfera civil seja aplicado, bem como se as mudanças do Novo Código de Processo Civil foram positivas perante tal teoria. Dessa forma, as reflexões começam por alguns apontamentos introdutórios quanto à desconsideração da pessoa jurídica. Após, faz-se um estudo sobre os elementos caracterizadores da teoria maior. Finalmente, examina as inovações do Novo Código de Processo Civil perante tal teoria. Nesse sentido, conclui-se que a nova legislação processual civil está em consonância com um Estado Democrático de Direito no que concerne à desconsideração da pessoa jurídica. PALAVRAS-CHAVE: Desconsideração da pessoa jurídica. Desvio de finalidade. Confusão patrimonial. Novo Código de Processo Civil. 1 INTRODUÇÃO A pessoa jurídica é extremamente relevante nos dias atuais, isso porque é uma propulsora da economia e da sociedade moderna, gerando empregos, contribuindo com tributos e fornecendo diversos bens e serviços. Um dos benefícios de constituir uma personalidade jurídica é que o patrimônio do sócio, pessoa física no caso, não se confunde com o patrimônio da sociedade empresária a qual ele gerencia. Ou seja, se em dado momento a pessoa jurídica começar a apresentar resultados negativos, não honrando com os compromissos pactuados, somente o patrimônio da empresa poderá ser usado para pagamento de 1 Acadêmico formando do Curso de Direito do Centro Universitário Univates, Lajeado/RS. Email: [email protected] . Artigo publicado em dez/2016.

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Page 1: A DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA NO NOVO … · elementos que autorizam a desconsideração da personalidade jurídica, e sendo ela determinada pelo Judiciário, o empreendimento

A DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Ricardo Mateus Breunig 1

RESUMO: Uma das vantagens de constituir uma sociedade empresária é que, devido ao princípio daautonomia patrimonial, os bens do sócio não se confundem com os bens da empresa. Nesse toar,pessoas de propósitos duvidosos começaram a usufruir das sociedades de maneira fraudatória, coma finalidade de lesar credores e aumentar o patrimônio pessoal, ensejando, assim, a criação da teoriada desconsideração da pessoa jurídica. Assim, este artigo tem como objetivo geral analisar osrequisitos e pressupostos para que o instituto da desconsideração da pessoa jurídica na esfera civilseja aplicado, bem como se as mudanças do Novo Código de Processo Civil foram positivas perantetal teoria. Dessa forma, as reflexões começam por alguns apontamentos introdutórios quanto àdesconsideração da pessoa jurídica. Após, faz-se um estudo sobre os elementos caracterizadores dateoria maior. Finalmente, examina as inovações do Novo Código de Processo Civil perante tal teoria.Nesse sentido, conclui-se que a nova legislação processual civil está em consonância com um EstadoDemocrático de Direito no que concerne à desconsideração da pessoa jurídica.

PALAVRAS-CHAVE: Desconsideração da pessoa jurídica. Desvio de finalidade. Confusãopatrimonial. Novo Código de Processo Civil.

1 INTRODUÇÃO

A pessoa jurídica é extremamente relevante nos dias atuais, isso porque é

uma propulsora da economia e da sociedade moderna, gerando empregos,

contribuindo com tributos e fornecendo diversos bens e serviços.

Um dos benefícios de constituir uma personalidade jurídica é que o patrimônio

do sócio, pessoa física no caso, não se confunde com o patrimônio da sociedade

empresária a qual ele gerencia. Ou seja, se em dado momento a pessoa jurídica

começar a apresentar resultados negativos, não honrando com os compromissos

pactuados, somente o patrimônio da empresa poderá ser usado para pagamento de

1 Acadêmico formando do Curso de Direito do Centro Universitário Univates, Lajeado/RS. Email: [email protected]. Artigo publicado em dez/2016.

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dívidas, não podendo o credor buscar o patrimônio das pessoas físicas que

compõem o seu quadro societário.

Devido a essa proteção patrimonial que a pessoa jurídica possui, encontra-se

neste contexto o cenário ideal para a prática de fraudes e abusos por parte de

pessoas mal intencionadas, gerindo suas empresas em total desacordo com os

princípios norteadores de um verdadeiro empresário, de forma a lesar e fraudar

credores e multiplicar seu patrimônio pessoal.

Dessa forma, criou-se o mecanismo da desconsideração da personalidade

jurídica, em que, em determinadas situações, a personalidade jurídica é

descaracterizada de forma momentânea, atingindo-se também o patrimônio dos

sócios da empresa.

Apesar de ser admitida no nosso ordenamento jurídico, não é simples

conseguir caracterizar uma situação passível de desconsideração da personalidade

jurídica, isso porque deve restar comprovado, de forma clara e incisiva, que a

pessoa jurídica realiza condutas ilícitas ou incompatíveis com a atividade autorizada,

além de praticar ações que favoreçam o enriquecimento de seus sócios, na medida

em que causa a sua própria derrocada administrativa e econômica.

Assim, justifica-se extremamente relevante discutir acerca deste tema, visto

que, dependendo da esfera jurídica em que o credor for buscar o patrimônio pessoal

do administrador da empresa, existirá requisitos e pressupostos para que a

desconsideração seja aplicada.

Nessa senda, este artigo terá por objetivo geral examinar o instituto da

desconsideração da personalidade jurídica, analisando a sua viabilidade, aplicação,

abrangência e consequências na vigência do Novo Código de Processo Civil. Trata-

se de pesquisa qualitativa, realizada por meio de método dedutivo e de

procedimento técnico bibliográfico e documental. Primeiramente, abordará

considerações preliminares quanto à desconsideração da pessoa jurídica; após,

verificará os elementos caracterizadores da teoria maior e suas vertentes, e, por fim,

explorará a instrumentalização da teoria perante o Novo Código de Processo Civil.

2 A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: NOÇÕES

PRELIMINARES

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Primeiramente, de acordo com Coelho (2009), cabe salientar que a palavra

“desconsiderar”, neste contexto, significa tornar sem efeito, preterir, desprezar,

ignorar, ou seja, não reconhecer a personalidade jurídica de determinada sociedade.

Dessa forma, a desconsideração da personalidade jurídica age como um

mecanismo para coibir atos ilícitos fraudulentos pela pessoa jurídica, afastando,

portanto, o princípio da autonomia patrimonial e redirecionando a execução para os

sócios da empresa.

Venosa (2011) explica que, em muitos casos, o princípio da autonomia

patrimonial é usado de forma ilegal e imoral por pessoas de má-fé, visando ao seu

enriquecimento e lesando os interesses de credores e de terceiros.

Coelho (2009) menciona que a finalidade da teoria não é criar uma barreira

entre a sociedade empresária e os sócios, mas sim preservar tal instituto, sendo que

determinada empresa só terá decretada sua desconsideração quando for usada de

forma mal intencionada.

Gusmão (2011, p.156), ao tratar do instituto, destaca:

A desconsideração da personalidade jurídica implica a suspensão dapersonalidade jurídica, operada pelo órgão judiciário, no curso do processo,permitindo que, excepcionalmente, sejam ampliados os limites subjetivos darelação processual para alcançar o patrimônio dos sócios, para coibir osefeitos de fraude comprovada, levada a efeito mediante a utilização dapessoa jurídica para finalidades outras que não são seu objeto social.

Koury (2003, p.86), assim o define:

[...] a Disregard Doctrine consiste em subestimar os efeitos dapersonificação jurídica, em casos concretos, mas, ao mesmo tempo,penetrar na sua estrutura formal, verificando-lhe o substrato, a fim deimpedir que, delas de utilizando, simulações e fraudes alcancem suasfinalidades, como também para solucionar todos os outros casos em que orespeito à forma societária levaria a soluções contrárias à sua função e aosprincipios consagrados pelo ordenamento jurídico.

Diniz (2002, p. 257) frisa que: "[...] a teoria visa a impedir a fraude contra

credores, com isso, alcançar-se-ão as pessoas e os bens que dentro dela se

escondem para fins ilícitos ou abusivos, pois a personalidade jurídica não pode ser

um entrave à ação do órgão judicante”.

Na mesma senda, o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Dr. João Otávio

de Noronha, relator do Recurso Especial Nº 1.241.873 – RS conceituou a referida

teoria da seguinte maneira:

A teoria da disregard doctrine surgiu como mecanismo para coibir o usoabusivo da autonomia da pessoa jurídica para a prática de ilícitos, emdetrimento dos direitos daqueles que com ela se relacionam. Requer,contudo, a comprovação de que a personalidade jurídica daempresa esteja servindo como cobertura para abuso de direito ou fraudenos negócios e atos jurídicos.

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Igualmente importante é o ensinamento Bruschi (2009, p. 28-29),

assinalando que:

A desconsideração da personalidade jurídica é o instrumento hábil quepossibilita ao credor o direito de livrar-se da fraude e abuso praticado,obscuramente, por aquele que gere a pessoa jurídica, mantendo-a,entretanto, íntegra, o que também ocorre com sua autonomia patrimonial. Apersonalidade jurídica, apesar de ser desconsiderada, permanecerá intacta,pois será esquecida apenas no campo específico.

Tomazette (2009) adota o mesmo entendimento, explicando que a

desconsideração da personalidade jurídica será retirada somente de forma

momentânea, estendendo as obrigações até os componentes do quadro societário.

Nessa mesma linha doutrinária, Venosa (2011, p. 285) salienta:

Assim, quando a pessoa jurídica, ou melhor, a personalidade jurídica forutilizada para fugir a suas finalidades, para lesar terceiros, deve serdesconsiderada, isto é, não deve ser levada em conta a personalidadetécnica, não deve ser tomada em consideração sua existência, decidindo ojulgador como se o ato ou negócio houvesse sido praticado pela pessoanatural (ou contra a pessoa jurídica). Na realidade, nessas hipóteses, apessoa natural procura um escudo de legitimidade na realidade técnica dapessoa jurídica, mas o ato é fraudulento e ilegítimo. Imputa-seresponsabilidade aos sócios e membros integrantes da pessoa jurídica queprocuram burlar a lei ou lesar terceiros. Não se trata de considerarsistematicamente nula a pessoa jurídica, mas, em caso específico edeterminado, não a levar em consideração. Tal não implica, como regrageral, negar validade à existência da pessoa jurídica.

Ramos (2009) explica que o objetivo da desconsideração da personalidade

jurídica não é anular a personificação, mas sim tornar ineficaz exclusivamente para

determinado ato.

De suma importância referir que, uma vez verificada a presença dos

elementos que autorizam a desconsideração da personalidade jurídica, e sendo ela

determinada pelo Judiciário, o empreendimento não irá encerrar suas atividades,

mas o patrimônio dos sócios será buscado pelos credores para pagamento de

dívidas, afastando, portanto, o princípio da autonomia patrimonial.

3 ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA TEORIA MAIOR E SUAS VERTENTES

No âmbito da esfera civil, a teoria da desconsideração da personalidade

jurídica adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro é conhecida por Teoria Maior e

se encontra estabelecida no artigo 50 do Código Civil. Embora não haja referência

expressa sobre a expressão desconsideração da personalidade jurídica, fica

evidente que se trata de norma para atender os mesmos propósitos:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelodesvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a

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requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervirno processo, que os efeitos de certas e determinadas relações deobrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ousócios da pessoa jurídica.

Assim, diante do artigo supracitado, verifica-se que para aplicação da Teoria

Maior deve restar comprovada a fraude ou abuso de direito em detrimento da

pessoa jurídica, caracterizados pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial.

Venosa (2011) ensina que a simples prova de insolvência ou encerramento

irregular da empresa devedora não são suficientes para que seja desconsiderada a

personalidade jurídica de determinada empresa.

Nessa senda é o entendimento do STJ, que no julgamento do Agravo

Regimental do Recurso Especial nº 1.225.840 - MG (2010⁄0211119-5) firmou o

seguinte entendimento:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL. ART. 50 DO CC.INSOLVÊNCIA E DISSOLUÇÃO IRREGULAR. DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA AFASTADA. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA.REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A teoria da desconsideração dapersonalidade jurídica (disregard of legal entity doctrine) incorporada aonosso ordenamento jurídico tem por escopo alcançar o patrimônio dossócios-administradores que se utilizam da autonomia patrimonial da pessoajurídica para fins ilícitos, abusivos ou fraudulentos, nos termos do quedispõe o art. 50 do CC: comprovação do abuso da personalidade jurídica,mediante desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, em detrimento dointeresse da própria sociedade e/ou com prejuízos a terceiros. Precedentes.2. A mera demonstração de insolvência da pessoa jurídica ou de dissoluçãoirregular da empresa sem a devida baixa na junta comercial, por si sós, nãoensejam a desconsideração da personalidade jurídica. Precedentes. 3.Tendo por incontroversa a base fática apresentada pelo Tribunal de origem -insolvência e encerramento irregular das atividades empresariais -, esteTribunal Superior não esbarra no óbice da Súmula 7/STJ por analisar aalegação de violação do art. 50 do CC. Precedente. 4. Agravo regimentalnão provido (STJ - AgRg no REsp: 1225840 MG 2010/0211119-5, Relator:Ministro Raul Araújo, Data de Julgamento: 10/02/2015, T4 - Quarta Turma,Data de Publicação: DJe 27/02/2015).

No relatório do seu voto, o Ministro Raúl Araujo resume o tema com

propriedade:

No caso, em que se trata de relações jurídicas de natureza civil, o legisla-dor pátrio, no art. 50 do CC de 2002, adotou a teoria maior da desconside-ração, que exige a demonstração da ocorrência de elemento objetivo rela-tivo a qualquer um dos requisitos previstos na norma, caracterizadores deabuso da personalidade jurídica, como excesso de mandato, demonstra-ção do desvio de finalidade (ato intencional dos sócios em fraudar tercei-ros com o uso abusivo da personalidade jurídica) e/ou a demonstração deconfusão patrimonial (caracterizada pela inexistência, no campo dos fatos,de separação patrimonial entre o patrimônio da pessoa jurídica e dos só-cios ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas). A mera de-monstração de insolvência da pessoa jurídica ou de dissolução irregularda empresa sem a devida baixa na junta comercial, por si sós, não ense-jam a desconsideração da personalidade jurídica.

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Coelho (2013, p. 157) adota o mesmo posicionamento supracitado e ensina

que a ocorrência de abuso da personalidade jurídica é pressuposto inafastável para

a despersonalização episódica da pessoa jurídica na esfera civil:

A desconsideração é instrumento de coibição de mau uso da pessoajurídica; pressupõe, portanto, o mau uso. O credor da sociedade quepretende a sua desconsideração deverá fazer prova da fraude perpetrada,caso contrário suportará o dano da insolvência da devedora. Se aautonomia patrimonial não foi utilizada indevidamente, não há fundamentopara sua desconsideração.

O Tribunal de Justiça Gaúcho também vem se posicionando dessa forma. A

exemplo pode-se citar o julgamento do Agravo de Instrumento nº 70070132584, em

que o agravante sustentou não ter encontrado bens passíveis de penhora, o que

tornaria evidente a insolvência da empresa agravada, firmou o seguinte

entendimento:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO.AÇÃO DECLARATÓRIA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.DESCABIMENTO. REQUISITOS NÃO COMPROVADOS. O Código CivilBrasileiro, em seu art. 50, adotou a chamada Teoria Maiorda Desconsideração, exigindo, para que se possa desconsiderar apersonalidade jurídica, não só a insolvência da pessoa jurídica, como,também, a prova de requisitos legais específicos. Dessa forma, tem-se quea insuficiência patrimonial, a insolvência ou inadimplência não seapresentam, de per si, como causas suficientes para que se possadesconsiderar a personalidade jurídica. Necessário, ainda, que se comproveque esse estado econômico tenha decorrido de desvio de finalidade(desrespeito ao objetivo social da empresa), confusão patrimonial oudissolução irregular da pessoa jurídica, requisitos específicos esses nãodemonstrados até o momento. RECURSO IMPROVIDO. UNÂNIME.(Agravo de Instrumento nº 70070132584, Décima Oitava Câmara Cível,Tribunal de Justiça do RS, Relator: Pedro Celso Dal Pra, Julgado em25/08/2016).

No seu voto, o Desembargador Relator Pedro Celso Dal Prá afirmou que:

A insuficiência patrimonial, a insolvência ou inadimplência não seapresentam, de per si, como causas suficientes para a desconsideração dapersonalidade jurídica, pois necessário que se comprove, também, que esseestado econômico tenha decorrido do desvio de finalidade (desrespeito aoobjetivo social da empresa) ou da confusão patrimonial.

Portanto, é pacífico o entendimento de que a mera insolvência da pessoa

jurídica não é suficiente para que se opere sua desconsideração, devendo estar

presentes os elementos subjetivos do instituto – confusão patrimonial, conduta

fraudulenta com abuso de direito ou em ofensa à lei ou ao contrato social -, caso

contrário, vigerão as regras de limitação da responsabilidade dos sócios, obstando a

desconsideração da personalidade jurídica.

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Fica evidente, também, que aquele que desejar ver deferido seu pleito para

desconsiderar a pessoa jurídica, deverá produzir um acervo probatório eficiente e

bem fundamentado.

De suma importância, igualmente, é conceituar o abuso de direito, que

Bezerra (2016, texto digital) faz com propriedade e exemplifica:

É considerado abuso de direito, em outras palavras, ato ilícito, quando, osujeito supera os limites da normalidade admitidos em lei. Digamos,ilustrativamente, que determinada instituição financeira detenha portagiratória que detecta metais. Até aí nada de anormal. Afinal, além de serpermitida por lei, serve, maiormente, como proteção do usuário bancário.Todavia, nessa mesma situação, se o preposto dessa instituição financeiraresolve frustrar a entrada dos usuários e/ou correntistas com posturasinadequadas (v.g., pede para levantar a blusa, ordena que um cadeiranteretorne por conta do acesso dificultoso etc.), aí, sim, estamos diante desituação que ultrapassou aquela hipótese legal de proteção.

Campinho (2005) destaca que a mera incompetência do sócio gerente na

administração da empresa não é justificativa para se desconsiderar a personalidade

jurídica.

Ainda, se torna relevante caracterizar o desvio de finalidade e confusão

patrimonial, conforme orienta Pinto (2003, p. 129):

Se constituem em desvio de finalidade a prática de atos de má fé, acessação inopinada de atividades da sociedade, o fechamento abrupto desua sede social, tomando rumo ignorado e não se restabelecendo, ou,ainda, qualquer ato de malícia, fraude ou abuso de direito. A confusãopatrimonial ocorre quando o acervo de haveres da sociedade se mesclamcom os bens individuais e particulares de seus sócios, de molde a gerardificuldade para se alcançar e estabelecer a sua distinção.

Gagliano e Pamplona Filho (2014) explicam que no desvio de finalidade se

desvirtua o objeto social da empresa, agindo com ideais não previstos

contratualmente e proibidos em lei, e que na confusão patrimonial os bens da

pessoa física do sócio se confundem com os bens da pessoa jurídica.

Nery Júnior e Nery (2005, p. 195-196) caracterizam o desvio de finalidade

assim:

A identificação do desvio de finalidade [...] deve partir da constatação daefetiva desenvoltura com que a pessoa jurídica produz a circulação deserviços ou de mercadorias por atividade lícita, cumprindo ou não o seupapel social [...]. Se a pessoa jurídica se põe a praticar atos ilícitos ouincompatíveis com sua atividade autorizada, bem como se com suaatividade favorece o enriquecimento de seus sócios e sua derrocadaadministrativa e econômica, dá-se ocasião de o sistema de direitodesconsiderar sua personalidade [...].

Por sua vez, Diniz (2002) entende que a confusão patrimonial acontece

quando não se consegue distinguir os bens (carros, imóveis, dinheiro) da empresa,

do patrimônio das pessoas que compõem o quadro societário. Já Tomazette (2009)

explica que a confusão patrimonial também pode se dar em conglomerados

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familiares e empresas controladas e controladoras, em que a transferência de

valores de uma para a outra é prática comum.

Em correlação com o ensinamento do último autor anterior, cabe referir, a

título ilustrativo de confusão patrimonial, o entendimento da Sexta Câmara Cível do

TJ/RS no julgamento do agravo de instrumento nº 700657883252, em que o

agravante buscava a reforma da decisão que indeferiu o redirecionamento do feito

para as outras empresas do grupo econômico da agravada. No seu voto, o

Desembargador Relator Arthur Arnildo Ludwig assim narrou e se posicionou:

Requer o agravante, em síntese, a desconsideração da personalidade jurídi-ca das empresas demandadas, a fim de poder executar seu crédito junto aempresas pertencentes ao mesmo grupo econômico. Adianto que, a despei-to de ser esta uma medida extrema, no caso concreto, estou em acolher opedido. Inicialmente, anoto que, pelo entendimento doutrinário acerca dotema, este instituto pode ser definido como uma transposição, pelo PoderJudiciário, da linha divisória entre a pessoa jurídica e a de seus sócios (pes-soas físicas ou outras pessoas jurídicas) – em casos concretos -, em quereste comprovado que aquela é utilizada com abuso de direito, para fraudara lei ou prejudicar terceiros. Além disso, também sustentam a doutrina e ju-risprudência que a desconsideração da personalidade jurídica é admissívelem decorrência do princípio geral da boa-fé, que veda o uso abusivo do di-reito, e da cláusula geral sobre a ordem pública, insculpida no artigo 17 daLei de Introdução do Código Civil. No caso em apreço, o agravante sustentaque as demandadas, além de não cumprirem os despachos para indicaçãode bens à penhora, operam com valores irrisórios em suas contas correntes,mesmo em se tratando de empresas pertencentes a Grupo Econômico queé um dos maiores do país no ramo da comunicação, frustrando, assim, a sa-tisfação execução de seu crédito. Da análise dos documentos com que oagravo de instrumento foi instruído e verificando o andamento processualdeste cumprimento de sentença, tenho restar comprovado que o grupo em-presarial recorrido está valendo-se da personalidade jurídica das empresasdemandadas para dificultar a satisfação do crédito do agravante. Isso por-que, não é crível, como defendido pelo recorrente, que empresas deste por-te econômico mantenham um numerário tão irrisório em suas contas corren-tes. Tal fato é notório, qualquer pessoa, mesmo leiga, chegaria à mesmaconclusão. Portanto, tudo leva a crer que a ausência de créditos em favordo autor, ora agravante, é apenas formal e demonstra a utilização de artima-nhas financeiras como um escudo para se livrar de constrições patrimoniaiscomo a pleiteada neste feito executivo. Tal utilização da personalidade jurídi-ca, em afronta ao princípio da geral da boa-fé, apresenta-se como abusivae, portanto, autoriza, pontualmente, a despersonificação das empresas per-tencentes ao mesmo grupo econômico, a fim de possibilitar a penhora online nas contas correntes das outras empresas do mesmo grupo.

2 “Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PRETENSÃO DEPENHORA ON LINE NAS CONTAS DE EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO DAEXECUTADA. ABUSO DA PERSONALIDADE JURÍDICA COMPROVADO. DESCONSIDERAÇÃODA PERSONALIDADE JURÍDICA. POSSIBILIDADE. A utilização da personalidade jurídica, emafronta ao princípio da geral da boa-fé, apresenta-se como abusiva, sendo possível, pontualmente,a despersonificação das empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico. Comprovado que ogrupo empresarial recorrido está se valendo da personalidade jurídica das empresas demandadaspara dificultar a satisfação do crédito do exequente, é de ser acolhido o pleito, a fim de, no casoconcreto, aplicar-se o instituto da desconsideração da personalidade jurídica. DERAMPROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70043113661, SextaCâmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Artur Arnildo Ludwig, Julgado em 13/07/2011)”.

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No julgamento supracitado, o exequente conseguiu comprovar a fraude e a

confusão patrimonial da empresa executada, que aproveitava o fato de possuir

vários Cadastros Nacionais de Pessoas Jurídicas – CNPJ - e movimentava valores

entre eles, deixando de honrar com suas obrigações.

Portanto, a simples alegação do exequente em referir que não encontrou

bens passíveis de penhora não foi motivo suficiente a ensejar a desconsideração da

pessoa jurídica, visto que em muitos casos as empresas fecham as portas não

porque houve a vontade de lesar o credor ou terceiros, mas, simplesmente, por o

negócio não dar certo, seja pela falta de preparo/experiência dos sócios, seja por

uma eventual crise de mercado.

Nesse toar, o princípio da autonomia deve ser amplamente prestigiado no

âmbito da esfera civil, sob pena de frear as relações econômicas, de modo a atrasar

os avanços da sociedade, partindo da premissa que as empresas promovem o

emprego e o giro da economia.

Depreende-se, assim, que, para aplicação da Teoria Maior, deve ficar

caracterizado que a pessoa jurídica agiu com abuso de direito ou fraude para que se

possa buscar o patrimônio pessoal dos sócios ou até mesmo o patrimônio do grupo

econômico como visto acima, caso contrário, o credor deverá suportar o dano da

insolvência da empresa executada.

3.1 Vertentes da Teoria Maior

De acordo com a doutrina, a Teoria Maior é dividida em duas vertentes: a

teoria maior subjetiva e a teoria maior objetiva. Isso se deve ao fato de alguns

juristas entenderem que não é necessária a intenção dos sócios da empresa em

fraudar os credores, criando-se assim a modalidade objetiva.

Conforme explica Coelho (2013), na modalidade subjetiva, o requisito

indispensável para que seja decretada a desconsideração de determinada pessoa

jurídica é que ela tenha sido usada de modo fraudulento e abusivo, ou seja, o ato

intencional dos administradores de prejudicar terceiros. Já a concepção objetiva

enxerga na confusão patrimonial o pressuposto essencial para buscar o patrimônio

pessoal dos sócios, não importando se a empresa foi usada com má-fé ou não.

Silva (2000) se filia à corrente objetiva, referindo que, se os controladores da

empresa, que são quem deve zelar pela separação patrimonial, não o fazem, não há

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motivo para o Poder Judiciário respeitar quando é verificada a confusão patrimonial,

independente do dolo.

Tomazette (2009) discorda veementemente da teoria objetiva, sustentando

que a confusão patrimonial é um fator que até pode ser indiciário de que houve

abuso da pessoa jurídica, mas não pode ser esse o elemento principal para que seja

superada a autonomia patrimonial.

Nesse sentido, também é o posicionamento Pantoja (2002, p. 121):

Desconstituir de modo definitivo, arbitrário e irracional pessoas jurídicasconstituídas ao abrigo da lei, e que vêm funcionando em conformidade coma lei, sem evidência de efetivo prejuízo a terceiro detentor de interessejurídico legítimo – e portanto sem comprovação de uso abusivo do institutoé, muito mais do que atribuir-se uma injustificada resolubilidade ao direito depropriedade, e um preço muito oneroso ao exercício da empresa, vinculá-lossempre, em quaisquer situações, a uma suposta fidúcia específica. É erigir-se em concreta e imediata a responsabilidade social do empresário, quandonem a Constituição o fez, nem o CC pretendeu assim qualificá-la, nem muitomenos os padrões de auto sustentabilidade econômica pós-modernos assimcomportam.

Igualmente elucidativo é o ensinamento do Ministro Maia Filho (2009, p. 49-

50):

O Código Civil de 2002 (Lei 10.406/2002) consagrou definitivamente a teoriada desconsideração da personalidade jurídica, positivando-a no seu artigo50, mas aludindo, ainda, ao conhecido fenômeno do abuso depersonalidade e ao mesmo tempo a deixando caracterizada nos casos dedesvio de finalidade ou confusão patrimonial, com o que parece indicar nãoter adotado a solução objetivista, pelo menos na sua versão mais pura, paraa hipótese de sua aplicação. Pode-se dizer que o desvio de finalidade (art.50 do Código Civil de 2002) engloba a figura da fraude, que sempre foi tidacomo básica em tema de superação da personalidade jurídica, e que alocução confusão patrimonial, inserida no mesmo dispositivo, veicula a ideiade excesso de poder, já que importa em valer-se o dirigente, o controladorou o acionista do patrimônio social como se tratasse de coisa própria sua,como se fosse o seu próprio patrimônio.

Portanto, sendo admitida a divisão da Teoria Maior, a modalidade subjetiva é

a mais apropriada, considerando que zela pelo princípio da autonomia patrimonial de

forma ampla.

Igualmente, conforme verificado nos ensinamentos anteriores, é a intenção

ilícita e fraudulenta que autoriza que sejam buscados os bens dos administradores

da empresa.

4 INSTRUMENTALIZAÇÃO DA TEORIA: A DESCONSIDERAÇÃO DA

PERSONALIDADE JURÍDICA DE ACORDO COM O NCPC

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A nova legislação processual civil constante do Código de Processo Civil

(NCPC) de 2015 trouxe um capítulo versando sobre o instituto da desconsideração

da pessoa jurídica. Diante das novidades da lei processual, a aplicação do instituto

sofreu diversas alterações, as quais serão descritas a seguir.

Veja-se na íntegra o capítulo:

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica seráinstaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber in-tervir no processo.§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará ospressupostos previstos em lei.§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração in-versa da personalidade jurídica.Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases doprocesso de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execuçãofundada em título executivo extrajudicial.§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribui-dor para as anotações devidas.§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da per-sonalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será ci-tado o sócio ou a pessoa jurídica.§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótesedo § 2º.§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos le-gais específicos para desconsideração da personalidade jurídica.Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citadopara manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze)dias.Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvidopor decisão interlocutória.Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo inter-no.Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneraçãode bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao reque-rente.

Conforme se verifica no artigo 133, são legitimados para requerer a

desconsideração da personalidade jurídica de determinada empresa, a parte

interessada ou o Ministério Público, não podendo o magistrado proceder de ofício.

Souza (2015, p. 227-228) faz comentários sobre esse artigo 133 do NCPC:

A desconsideração da personalidade jurídica não pode ser decretada de ofí-cio, sem a provocação das partes ou do Ministério Público. Ela deve ser rea-lizada obrigatoriamente mediante incidente de desconsideração da persona-lidade jurídica (CPC/2015, art. 795, § 4º), cuja instauração deve ocorrer arequerimento da parte ou do Ministério Público quando lhe couber intervir noprocesso.Com efeito, nos termos do caput do art. 133 do CPC/2015, que re-pete o comando do CC, art. 50, a desconsideração da personalidade jurídi-ca dependerá de requerimento da parte ou do parquet,nas hipóteses emque lhe couber intervir no processo.

Felix (2015, texto digital) refere que o regramento supracitado põe fim à

discussão sobre a possibilidade da desconsideração da empresa ocorrer por

iniciativa do juiz, pois o artigo é categórico e claro ao citar as partes.

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O Novo Código de Processo Civil é a primeira legislação brasileira a citar a

desconsideração da personalidade jurídica na modalidade inversa, figura

amplamente usada no Direito Familiar. Nesse sentido, o comentário de Felix (2015,

texto digital):

A primeira novidade do NCPC trata da possibilidade de se realizar adesconsideração inversa da personalidade jurídica. Embora a tese fosseamplamente aceita pelo Poder Judiciário, a redação da nova legislaçãoprocessual civil põe fim a qualquer dúvida que se pudesse ter quanto a isso,deixando claro que é possível se responsabilizar também a pessoa jurídicapor obrigações do seu sócio.

Outra novidade é a possibilidade de postular-se a desconsideração da

personalidade jurídica no processo de conhecimento, algo que anteriormente só era

admitido na fase de cumprimento de sentença ou na execução de título extrajudicial,

conforme se confirma na decisão oriunda do TJ/RS:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL.PENSIONAMENTO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. INEXISTÊNCIA DEVEROSSIMILHANÇA. Para o deferimento da antecipação de tutela faz-senecessária a existência de prova inequívoca e verossimilhança da alegação,os dois cumulativamente, consoante estabelece o art. 273, do CPC. Em setratando de responsabilidade civil objetiva do empregador, faz-se necessáriaprova a demonstrar a ocorrência dos fatos e a existência de nexo decausalidade entre a suposta conduta dos seguranças da boate e o resultadodanoso. Na ausência de tais provas, deve ser denegado o pleito que visapensão. Indeferimento de antecipação de tutela mantido.DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. FASE DECONHECIMENTO. IMPROPRIEDADE. A desconsideração dapersonalidade jurídica visa redirecionar a execução contra os sóciosde uma sociedade devedora. Trata-se de instituto típico da fase deexecução, pressupondo a existência de um crédito certo, líquido eexigível. A medida é imprópria para a fase de conhecimento, em que háuma mera expectativa de direito que depende de confirmação emsentença transitada em julgado. NEGADO SEGUIMENTO AO AGRAVODE INSTRUMENTO. (Agravo de Instrumento Nº70061582888, DécimaCâmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio de Oliveira Martins,Julgado em 10/09/2014).(grifo nosso).

Elucidativo é o comentário de Câmara (2015, p. 519) a respeito do artigo 134:

O incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode instaurar-seem qualquer tipo de processo, cognitivo ou executivo, seja qual for oprocedimento observado, comum ou especial. Pode, ainda, instaurar-se emqualquer fase do desenvolvimento processual, inclusive na fase executivaque o processo civil brasileiro designa por ‘cumprimento de sentença’. Épossível, inclusive, que o incidente se instaure perante os tribunais, seja nosprocessos de competência originária, seja em grau de recurso, como seextrai do disposto no parágrafo único do art. 136, que prevê a possibilidadede decisão do incidente por relator. Caso o incidente se instaure no curso deum processo cognitivo (ou na fase de conhecimento de um processo‘sincrético’), e vindo a ser proferida decisão que desconsidere apersonalidade jurídica, o sócio (ou a sociedade, no caso dedesconsideração inversa) passará a integrar o processo como demandado.Consequência disso é que a sentença poderá afirmar sua condição deresponsável pela obrigação, o que tornará possível fazer com que aexecução atinja seu patrimônio, nos termos do art. 790, II. De outro lado,não tendo sido instaurado o incidente durante o processo de conhecimento,

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sempre será possível postular a desconsideração da personalidade jurídicana fase de cumprimento da sentença. Neste caso, assim como ocorreráquando o incidente for instaurado no curso de execução fundada em títuloextrajudicial, sendo proferida a decisão que desconsidera a personalidadejurídica, o sócio (ou a sociedade, no caso de desconsideração inversa)assumirá a posição de executado, de modo que sobre seu patrimôniopassará a ser possível incidir a atividade executiva.

Entretanto, o ponto de maior relevância que o NCPC trouxe cinge-se ao fato

de que a desconsideração da pessoa jurídica se dará por incidente, o que significa

que será possibilitado o direito de defesa ao sócio da pessoa jurídica objeto do

pedido, em total consonância com os princípios do contraditório e da ampla defesa.

Nesse sentido é visão de Tucci (2016, texto digital) acerca do contraditório do

sócio da empresa à qual se dirige o pedido de despersonificação jurídica:

Não é preciso salientar que, no âmbito de um modelo de processodemocrático, marcado pela existência de garantias constitucionais queasseguram o devido processo legal, o mínimo que se deve esperar é aprevisão do direito de ser ouvido. Este, como é notório, o princípioconsagrado no artigo 5º, inciso LIV3, da nossa Constituição Federal.

Dalla (2016) salienta que, dessa forma, o NCPC se alinha com entendimento

doutrinário majoritário, segundo o qual, para assegurar o contraditório, os

administradores podem fazer provas antes da decisão do juízo de primeiro grau, ao

passo que, antes, só poderiam se manifestar após a constrição.

Souza (2015) menciona que a finalidade da citação no NCPC é a de

cientificar aquele que pode vir a sofrer as sanções advindas da desconsideração da

personalidade jurídica, dando-lhe a oportunidade de se manifestar sobre os termos

do pedido, apresentando a sua versão dos fatos e podendo, igualmente, requerer a

produção de provas de seu interesse.

O entendimento de Gaio Júnior (2013, texto digital) também merece

destaque:

Traga-se aqui à luz as garantias do devido processo constitucional, com acorreta citação daqueles, por ventura, apontados na peça requerente, nãosomente porque estando pela primeira vez a participar do feito, farão jus àaludida comunicação processual, inclusive, na forma pessoal - já quefigurarão agora no processo, inegavelmente, como parte, pois que algo sepede em face deles -, como também, e aí na forma constitucionalmente“sagrada”, exercerem o pleno e efetivo contraditório acerca das afirmaçõesa qualquer daqueles dirigidas, tendo como natural garantia, notadamente, odireito de requererem as provas que julgarem cabíveis, tudo no lapsotemporal comum de 15 dias.

Quanto ao ônus da prova, continuará a cargo da parte que postulou pela

instauração do incidente, conforme regra geral trazida pelo artigo 3734 da nova

legislação processual civil.

3 CF, “Art. 5º, LIV. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.4 NCPC, “Art. 373. I. O ônus da prova incube: ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito”.

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De suma importância referir que nem sempre será deferida a abertura do

incidente da desconsideração da personalidade jurídica, visto que o pedido do

interessado deverá reunir elementos que demonstrem o preenchimento dos

pressupostos legais requeridos pela teoria maior.

Esse vem sendo o entendimento adotado pelo TJ/RS, como se verifica pelo

julgamento do Agravo de Instrumento nº 70069261931, em que o agravante

postulava a abertura do incidente que o juízo de primeiro grau havia indeferido, o

Tribunal Gaúcho posicionou-se da seguinte maneira:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃOESPECIFICADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOCUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃODA PERSONALIDADE JURÍDICA. INSTAURAÇÃO. Nos termos dos §1º doart. 133 e §4º do art. 134, ambos do CPC/2015, o pedido de instauração doincidente de desconsideração da personalidade jurídica deve demonstrar ospressupostos legais específicos autorizadores da medida. No caso, o pedidoformulado pela parte não indica minimamente hipóteses que autorizem ainclusão do terceiro na lide, razão pela qual não deve ser instaurado oincidente. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo deInstrumento Nº 70069261931, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal deJustiça do RS, Relator: Marco Antonio Angelo, Julgado em 27/10/2016).

No relatório do seu voto o Desembargador Marco Antonio Angelo sustentou:

Assim, em que pese a desconsideração ou não da personalidade jurídica seater ao mérito do incidente, sua instauração exige demonstração mínima dapertinência da pretensão, mediante indicação e fundamentação no sentidodo preenchimento dos pressupostos autorizadores da inclusão do terceirona lide [...]. Destarte, não resta demonstrado minimamente o abuso dedireito e infração à lei alegados, de modo a autorizar a instauração doincidente de desconsideração da personalidade jurídica. Nessascircunstâncias, não se verificando minimamente dos fatos concretosindicados a configuração das hipóteses autorizadoras da desconsideraçãonas quais a parte-agravante fundamenta seu pedido, resta ser mantida adecisão que indeferiu a instauração do incidente.

Amaral (2015, p. 364) corrobora com o entendimento adotado pelo TJRS e

esclarece:

Ao requerer a instauração do incidente, deve a parte ou o Ministério Públicodemonstrar os preenchimentos legais específicos para a desconsideração.Note-se que, aqui, o juízo de admissibilidade do incidente não será um juízode certeza nem mesmo de preponderância de provas, mas, sim, deverossimilhança das alegações do requerente. É o que basta para ainstauração do incidente, sendo que a efetiva comprovação dospressupostos legais da desconsideração é exigida apenas para adesconsideração propriamente dita da personalidade jurídica, a serdeterminada em decisão final do incidente após sua devida instrução.

No mesmo sentido o ensinamento de Didier Júnior (2016, p.527):

O incidente de desconsideração da personalidade jurídica, além de trazersujeito novo, amplia também o objeto litigioso do processo. Acresce-se aoprocesso um novo pedido: aplicação da sanção da desconsideração da per-sonalidade jurídica ao terceiro.Por isso, o pedido de instauração do inciden-te deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais que autorizama intervenção (art. 134, § 4º, CPC), sob pena de inépcia (ausência de causa

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de pedir, art. 330, §1º, I, CPC).Não bastam, assim, afirmações genéricas deque a parte quer desconsiderar a personalidade jurídica em razão do ‘princí-pio da efetividade’ ou do ‘princípio da dignidade da pessoa humana’. Ao pe-dir a desconsideração, a parte ajuíza uma demanda contra alguém; deve,pois, observar os pressupostos do instrumento da demanda. Não custa lem-brar: a desconsideração é uma sanção para a prática de atos ilícitos; é pre-ciso que a suposta conduta ilícita seja descrita no requerimento, para que osujeito possa defender-se dessa acusação.

Assim, a parte que postular pela abertura do incidente deve fazer ao menos

provas indiciárias de que a pessoa jurídica vem fazendo manobras com o objetivo de

furtar-se do pagamento débito, caso contrário, provavelmente seu pedido restará

indeferido pelo Poder Judiciário.

Ainda, importante salientar em qual momento se considerará fraude à

execução no âmbito da desconsideração da personalidade jurídica no NCPC: se a

partir da citação da empresa cuja personalidade pretende se desconsiderar ou após

o acolhimento do pedido de desconsideração no incidente.

Souza (2015, p. 269-270) comenta o tema com propriedade, razão pela qual

deve ser acolhida sua explicação na parte mais significativa:

Questão de difícil solução será estabelecer o momento a partir do qual aalienação ou oneração de um bem particular do sócio ou do administrador –ou da própria pessoa jurídica, no caso de desconsideração inversa – podeser considerada fraude de execução em relação ao requerente dadesconsideração da personalidade jurídica. Como se sabe, a fraude deexecução independe de ação própria para seu reconhecimento, sendopermitido ao juiz que a reconheça incidentalmente no processo. Dentre ashipóteses mais comuns de fraude de execução, há a do inciso IV do art. 792do CPC/2015, que repete a norma do art. 593, inciso II, do CPC/1973, ouseja, a de se considerar a alienação ou oneração de bens fraudulentaquando ‘ao tempo da alienação ou oneração, tramitava contra o devedoração capaz de reduzi-lo à insolvência’. Se assim é, a questão a serrespondida será indicar qual o momento a partir do qual se deve considerarque contra o devedor tramitava ação capaz de reduzi-lo à insolvência: (i) omomento que houve a citação válida da pessoa jurídica no processo em queposteriormente foi instaurado o incidente de desconsideração dapersonalidade jurídica ou (ii) o momento em que o sócio ou administrador foicitado nos termos do art. 135 do CPC/2015 para se manifestar sobre orequerimento de desconsideração.[...] Entretanto, parece que o CPC/2015adotou esta última solução anteriormente indicada como parâmetro paraestabelecer o momento a partir do qual determinada alienação ou oneraçãode bem por parte do sócio deve ser considerada fraude de execução. Issoporque a redação do § 3º do art. 792 é a seguinte: “nos casos dedesconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-sea partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar”(grifo nosso). Assim, pela interpretação literal, se o sócio ou o administradorde determinada pessoa jurídica alienarem ou onerarem um bem particulardeles, no curso de um processo movido exclusivamente contra a pessoajurídica, pode haver risco de tal alienação ou oneração serem consideradasfraude de execução caso no futuro seja formulado um pedido dedesconsideração da personalidade jurídica e ele seja acolhido (CPC/2015,art. 137).

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Portanto, em ocorrendo a instauração do incidente de desconsideração da

personalidade jurídica, a contagem do prazo se dará a partir da citação cuja

personalidade pretende se desconsiderar, visto que o legislador parte da premissa

que os sócios já tinham conhecimento da ação que era movida em face da empresa.

Por fim, cabe registrar que o incidente de desconsideração poderá ser

instaurado nos Juizados Especiais, conforme se depreende do artigo 1.062 do

NCPC: “Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-

se ao processo de competência dos juizados especiais”.

Marques (2015, p. 1708) discorre com propriedade acerca do artigo

supracitado:

O procedimento previsto na Lei 9.099/1995 para os Juizados Especiais éorientado pelos princípios da oralidade, simplicidade, economia processuale celeridade. Neste contexto, os incidentes processuais praticamente nãosão admitidos, com exceção da arguição de suspeição e impedimento dojuiz, que são processadas em autos apartados e observando o rito doCódigo de Processo Civil. Todas as demais matérias devem ser arguidas nacontestação. Assim, o legislador de 2015 visou a instruir mais uma exceção,ao prever a aplicabilidade, ao procedimento sumaríssimo, do incidente dedesconsideração da personalidade jurídica previsto nos artigos 133 a 137do NCPC.

Nesse cenário, verifica-se que o Novo Código de Processo Civil, no que tange

à desconsideração da personalidade jurídica, preocupou-se em proporcionar de

forma louvável o contraditório e a ampla defesa em favor dos administradores das

empresas que ocupam o polo passivo das demandas, em total consonância com os

ditames de um Estado Democrático de Direito, oportunizando-lhes o direito de se

expressarem antes da decisão do juízo de primeiro grau e não após a decretação do

magistrado em desconsiderar a pessoa jurídica, como ocorria no Código de

Processo Civil/1973.

Também é importante referir que a antiga legislação processual civil não

indicava nenhum regramento quanto à desconsideração da pessoa jurídica,

obrigando, assim, a jurisprudência e os magistrados criar interpretações próprias

pela falta de regras.

Nota-se, ainda, que o legislador vedou a banalização do instituto da

desconsideração, pois a parte interessada, ao postular a abertura do incidente, deve

ao menos trazer provas indiciárias que os sócios da pessoa jurídica estão abusando

dela com a intenção de fraudar os credores, caso que, não preenchido tal requisito,

o juiz deverá de prontidão rejeitar a abertura do incidente.

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Nesse diapasão, certifica-se que o NCPC trouxe importantes avanços,

principalmente no que concerne a segurança jurídica ao polo passivo e aos

princípios do contraditório e da ampla defesa, intimando os sócios para se

defenderem antes do convencimento do juízo e não chamando os administradores

ao processo somente quando suas contas bancárias fossem bloqueadas.

5 CONCLUSÃO

A pessoa jurídica é somente mais um reflexo da modernização da

humanidade e da sociedade. Trata-se de um ente com obrigações e deveres que

impulsiona a economia e o desenvolvimento mundial, entretanto, é corriqueiro que a

pessoa jurídica seja usada de maneira irresponsável e ilícita, dando início ao

surgimento da teoria da desconsideração da personalidade jurídica.

Em suma, a desconsideração da personalidade jurídica é um tema de grande

relevância para a ciência do Direito, especialmente no que se refere ao Direito Civil,

considerando que envolve soluções práticas nos conflitos decorrentes do abuso da

personalidade jurídica da sociedade empresária, tendo em vista que em

determinada hipótese só a partir da desconstituição da personalidade jurídica se

conseguirá cobrar uma dívida, pois atingirá o patrimônio dos representantes legais.

Assim, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica foi desenvolvida

como forma de coibir o mau uso da pessoa jurídica, isso significa que toda vez que a

sociedade empresária se valer do princípio da autonomia patrimonial para lesar

credores, os administradores deverão responder com o seu patrimônio pessoal às

obrigações não honradas pela empresa.

Ainda, neste estudo, foi descrito que o patrimônio pessoal dos sócios não se

confunde com o patrimônio da empresa, tendo em vista a garantia do princípio da

autonomia patrimonial. Nesse aspecto, percebe-se que podem ocorrer abusos e

fraudes por pessoas mal intencionadas, considerando que o patrimônio da pessoa

física do administrador não responderá por eventuais dívidas da empresa.

Como o objetivo geral do trabalho estava centrado na análise das inovações

que a teoria da desconsideração da pessoa jurídica trouxe perante o NCPC, o

capítulo final trouxe as novidades que a nova legislação processual civil instaurou

perante o instituto, verificando-se, assim, que ela está em consonância com um

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Estado Democrático de Direito no que concerne à desconsideração da pessoa

jurídica.

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