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LUIS ROBERTO ALT FERREIRA
A DEFINIÇÃO ESTÉTICA NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
JOINVILLE – SC
2007
1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
LUIS ROBERTO ALT FERREIRA
A DEFINIÇÃO ESTÉTICA NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
Trabalho apresentado a Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Grau de Engenheiro, do Curso de Graduação em Engenharia: Habilitação em Produção e Sistemas. Orientador: Prof. Evandro Bittencourt Co-Orientador: Prof. Régis Kovacs Scalice
JOINVILLE – SC
2007
2
LUIS ROBERTO ALT FERREIRA
A DEFINIÇÃO ESTÉTICA NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
Trabalho aprovado como requisito principal para a obtenção do Grau de Engenheiro, no Curso de Graduação em Engenharia: Habilitação em Produção e Sistemas, da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Banca Examinadora
Orientador: ___________________________________________________
Prof. Evandro Bittencourt, Dr.
Co-orientador: ___________________________________________________
Prof. Régis Kovacs Scalice, Dr.
Membro: ___________________________________________________
Prof. Lírio Nesi Filho, Dr.
Joinville, 08 de novembro de 2007
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Luís Roberto e Débora, que desde o
começo da minha vida me apoiaram e incentivaram, incondicionalmente.
A minha namorada, Luiza, que me acompanhou na fase final deste trabalho,
dando-me uma motivação extra a cada sorriso.
Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Régis Kovacs Scalice que, por incrível que
pareça, não desistiu de mim e compreendeu minha situação especial durante todo o
tempo de desenvolvimento deste projeto.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Evandro Bittencourt que me deu um voto de
confiança ao abraçar este trabalho.
E a todos os professores que participaram de alguma forma em minha ‘coleta
de conhecimento’ durante todos esses anos de estudo.
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RESUMO
A palavra beleza é utilizada de maneira indiscriminada para descrever uma infinidade de objetos, porém a sua mensuração tem sido motivo de estudo durante muitos séculos e mesmo assim não existe um consenso com relação ao assunto. Os aspectos estéticos atualmente estão ganhando cada vez mais importância para os consumidores, sendo este um fator decisivo de sucesso para uma série de segmentos de produtos. O principal objetivo deste trabalho é então realizar um estudo sobre a estética e o que faz os consumidores classificarem produtos como bonitos ou feios. Além disso, é apresentada aos Engenheiros e estudantes de Engenharia uma metodologia que torna mais fácil a etapa de definição estética no desenvolvimento de novos produtos. Em seguida, é apresentado um estudo de caso, onde a metodologia é aplicada e testada em um cenário real. Como principal conclusão, apesar de não existir um seqüencial de passos que garantam a criação de produtos bonitos, tem-se que existem atualmente uma série de ferramentas, métodos, técnicas e regras que podem ser utilizadas para otimizar a etapa de definição estética, fazendo com que o projeto seja atraente para o maior número de pessoas possível.
PALAVRAS-CHAVE: Projeto de produto. Estética. Metodologia de desenvolvimento de produtos.
5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Curva de Berlyne ......................................................................................16
Figura 2 - Processo de Desenvolvimento de Produto ...............................................18
Figura 3 - Fase do Projeto Conceitual.......................................................................19
Figura 4 – Simetria ....................................................................................................23
Figura 5 – Proximidade .............................................................................................23
Figura 6 – Semelhança .............................................................................................24
Figura 7 – Continuidade ............................................................................................25
Figura 8 - Figura/Fundo.............................................................................................26
Figura 9 - Quadro PDCA ...........................................................................................28
Figura 10 - Etapas da proposta .................................................................................31
Figura 11 - Torneira Modelo Foz ...............................................................................35
Figura 12 – Torneira Modelo Marujá .........................................................................35
Figura 13 - Painel Semântico da Concorrência .........................................................37
Figura 14 - Painel Semântico do Projeto...................................................................39
Figura 15 - Geração de alternativas ..........................................................................40
Figura 16 - Alternativas selecionadas e enumeradas................................................41
Figura 17 - Alternativa escolhida renderizada ...........................................................42
Figura 18 - Detalhe manípulo final ............................................................................43
Figura 19 - Composição produto em modelo de torneira ..........................................44
Quadro 1 - Matriz de seleção das alternativas ..........................................................42
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SUMARIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ............................................................................9 1.2 OBJETIVO GERAL............................................................................................9 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................9 1.4 JUSTIFICATIVA...............................................................................................10 1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO......................................................................10 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................12
2.1 ESTÉTICA .......................................................................................................12 2.1.1 Divisões da estética ..................................................................................12 2.1.2 A estética dos objetos ...............................................................................13 2.1.3 Valores e normas estéticas .......................................................................13 2.1.4 Gestalt.......................................................................................................14 2.1.5 Daniel Berlyne e a complexidade visual....................................................15 2.1.6 Elementos configurativos ..........................................................................16
2.2 O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ......................................................16 2.2.1 O modelo unificado do processo de desenvolvimento de produtos ..........17 2.2.2 A estética dentro do processo de desenvolvimento de produtos ..............18
2.3 REGRAS, MÉTODOS E FERRAMENTAS ......................................................19 2.3.1 Os elementos configurativos: forma, material, superfície e cor.................20 2.3.2 Constituição da figura: ordem e complexidade..........................................21 2.3.3 Regras do Gestalt .....................................................................................22 2.3.4 Regras de Berlyne.....................................................................................26 2.3.5 Método PDCA ...........................................................................................28
3 METODOLOGIA ....................................................................................................29
4 PROPOSTA DE UM MÉTODO PARA DEFINIÇÃO DA BASE ESTÉTICA NA ENGENHARIA DO PRODUTO .................................................................................30
4.1 VISÃO GERAL DA PROPOSTA......................................................................30 4.2 DETALHAMENTO DA PROPOSTA.................................................................31
4.2.1 Planejar .....................................................................................................31 4.2.2 Fazer .........................................................................................................33 4.2.3 Verificar .....................................................................................................33 4.2.4 Atuar..........................................................................................................34
4.3 EXEMPLO DE APLICAÇÃO – ESTUDO DE CASO ........................................34
8
4.3.1 Planejar .....................................................................................................35 4.2.2 Fazer .........................................................................................................39 4.2.3 Verificar .....................................................................................................40 4.2.4 Atuar..........................................................................................................43
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................46
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
O desenvolvimento de produtos sempre esteve presente na vida dos
engenheiros, seja qual for a sua especialização. Normalmente, ao passar pelo
processo de criação de um novo produto, profissionais e estudantes desta área
possuem uma preocupação quase que exclusiva com os aspectos técnicos e
funcionais do objeto, deixando de lado suas características estéticas. No entanto,
atualmente se dá muito valor à aparência dos produtos, sendo este um grande
diferencial tanto para realizar a sua venda quanto também para sua posterior
utilização, a qual se torna mais agradável quando se trata de um produto
esteticamente superior.
1.2 OBJETIVO GERAL
O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é realizar um estudo sobre a
estética e os motivos que tornam produtos mais ou menos agradáveis e bonitos,
abordando estudos realizados no passado por diversos autores e, posteriormente,
criando uma metodologia que auxilie engenheiros no desenvolvimento de novos
produtos.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Introduzir e definir o conceito de estética;
- Apresentar normas e estudos já realizados sobre o assunto;
- Criar uma metodologia para tornar mais fácil o desenvolvimento dos
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atributos estéticos no processo de criação de novos produtos;
- Auxiliar engenheiros a criar produtos que sejam coerentes esteticamente e,
conseqüentemente, mais atrativos para o consumidor final;
- Expor a metodologia de uma forma de simples assimilação para os
engenheiros.
1.4 JUSTIFICATIVA
Apesar do desenvolvimento de produtos ser um campo de estudo da
engenharia, principalmente de engenheiros mecânicos e de produção, pouca teoria
e conceituação relacionados a esse assunto é abordada durante os anos de ensino
superior nos cursos de engenharia. Quando são formalizados alguns aspectos
relacionados à criação de novos produtos, estes geralmente estão atrelados a
fatores ergonômico-funcionais ou de gerenciamento de projetos, porém dificilmente
temas estéticos são vistos em sala de aula.
Entretanto, ultimamente a estética vem desempenhando um papel
fundamental no desenvolvimento de produtos, devido em grande parte ao seu forte
apelo junto ao consumidor final e está comprovado que um produto que se
apresenta “mais bonito” para o cliente tem maiores chances de ser o escolhido no
momento da decisão de compra.
Definir as características estéticas de um objeto e fazê-lo de forma consciente
com foco no público-alvo do produto é um grande diferencial. Criar um documento
com diretrizes estéticas e ferramentas de fácil aplicação para engenheiros
profissionais e estudantes torna-se fundamental para o aumento do sucesso dos
novos produtos que estes venham a desenvolver.
1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO
Este projeto pretende ser um guia prático geral para a aplicação de fatores
estéticos no desenvolvimento de produtos e não um manual de desenvolvimento
estético de produtos. Sendo assim, ele não possui caráter específico, não se
aprofundando em nenhuma ferramenta, mas apenas apresentando caminhos com
11
boas práticas a serem seguidas.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
O primeiro capítulo consiste na apresentação do tema, na exposição do
objetivo geral e dos objetivos específicos, na justificativa do trabalho e na
apresentação da delimitação do mesmo.
No segundo capítulo é apresentada a revisão bibliográfica, com o objetivo de
esclarecer os conceitos necessários para a melhor absorção das demais etapas
deste trabalho.
O terceiro capítulo está composto da metodologia, a qual explica conceitos e
o tipo de trabalho realizado.
O capítulo quarto apresenta a proposta de um método para definições
estéticas no desenvolvimento de produtos, bem como um estudo de caso onde a
aplicação deste método é realizada no desenvolvimento de um produto em uma
empresa do setor plástico.
Finalizando são apresentadas a conclusão e as referencias bibliográficas
utilizadas para a realização deste trabalho.
12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 ESTÉTICA
Segundo o Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (1973, p.
124), estética é “a filosofia das belas-artes, a ciência que trata do belo, na natureza e
na arte.” A Enciclopédia Brasileira Globo (1971) define estética como “uma das cinco
partes da divisão clássica da filosofia, sendo elas psicologia, lógica, moral, estética e
metafísica.” A definição mais adequada para o entendimento da estética neste
trabalho, porém, é dada por Lobach (2001, p. 156) que trata o tema como a “ciência
das aparências perceptíveis pelos sentidos, de sua percepção pelos homens e sua
importância para os homens como parte de um sistema sociocultural.”
2.1.1 Divisões da estética
A estética divide-se em: estética do objeto, estética do valor, estética
aplicada, estética da informação, estética numérica e estética empírica.
Na estética do objeto são descritas as características visuais do objeto e suas
qualidades. Caso essa descrição seja feita por métodos numéricos, é produzida a
estética numérica, em que a importância dos objetos para o usuário é fixada com
rigor científico (LOBACH, 2001, p. 153).
Por outro lado, a estética da informação faz afirmações sobre o processo do
consumo visual de objetos estéticos, sendo os aspectos principais de sua
observação a oferta da percepção, o processo de percepção e o comportamento
subjetivo da percepção.
A estética do valor, afirma Lobach (2001, p. 154), trata da “importância dos
objetos estéticos para o usuário, em relação aos conceitos subjetivos de valores,
referenciados aos sistemas de normas socioculturais”. Por outro lado, a estética
empírica “faz pesquisa das idéias sobre valores estéticos em grupos determinados
de pessoas”, contribuindo assim com conhecimentos aplicáveis no processo de
desenvolvimento de produtos de acordo com as preferências do usuário.
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A última divisão da estética, de acordo com a classificação de Lobach (2001)
é a estética aplicada, responsável pela aplicação da teoria estética na prática, a
partir do processo de design ou produção artística.
2.1.2 A estética dos objetos
A estética dos objetos é normalmente associada aos seus aspectos externos
e visuais. Estas características são muito importantes, pois consistem em uma
ferramenta muito efetiva de diferenciação do produto com relação a seus
concorrentes. Segundo Lobach (2001, p. 119), “muitas empresas industriais
procuram, por meio da diferenciação de produtos, assegurar suas vendas e seu
lucro.” Com a ajuda de meios estéticos, o produto deve se diferenciar o máximo
possível dos produtos concorrentes, estimulando o desejo de possuí-lo.
Rozenfeld et al. (2006, p. 277) reforça o parágrafo anterior afirmando que “os
produtos não deverão somente atender às funções técnicas, mas também ser
esteticamente agradáveis para os clientes.” Para Martins e Laugeni (2005, p. 69), Todo produto deve ser funcional, de fácil utilização, considerar aspectos ergonômicos envolvidos, ter estética, comandos auto-explicativos, ser compatível com as preocupações de preservação do meio-ambiente, e seu projeto apoiar-se em tecnologia conhecida e ter contado com a colaboração de equipes multifuncionais, no sentido de ser facilmente fabricado e montado.
Apesar de mais abrangente, o autor especifica que no mundo atual, a
empresa que não se antecipar às necessidades de seus clientes estará condenada
ao desaparecimento. A estética é uma parte fundamental dos produtos, pois é o que
normalmente atrai o consumidor para a compra, despertando o sentido visual e o
desejo da aquisição.
2.1.3 Valores e normas estéticas
Um questionamento existente relacionado à estética é se juízos estéticos se
apóiam sobre bases emocionais ou sobre bases racionais segundo critérios de valor.
Os problemas que se apresentam no campo da estética da teoria do valor serão
apresentados aqui a partir de estudos feitos por Lobach (2001). Segundo o autor,
existem três aspectos de especial importância na relação entre estética do valor e o
desenvolvimento de produtos: valores estéticos, constituição de valores estéticos
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para normas estéticas e valoração estética por pessoas e grupos no meio de um
quadro sociocultural.
Todo e qualquer objeto pode ser considerado como portador de valor estético.
Segundo Lobach (2001, p. 180), “a condição para a formação do conceito de valor é
a aparência estética dos produtos.” No entanto, Baxter (2001, p. 185) afirma que “o
valor é sempre um conceito relativo.” Lobach (2001, p. 182) concorda com a
afirmação anterior ao declarar que, Não há, por conseguinte, valores estéticos em absoluto, independentes de pessoas e suas atitudes individuais. As pessoas e os grupos de pessoas se distinguem entre si na estrutura de sua consciência e, como todas as aparências da sociedade, através dela, no tipo de percepção de seu entorno material. Estes fatores influenciam os valores estéticos, sempre através de uma atitude individual ou específica do grupo. O valor estético depende das aparências sociais, e, além de estar sujeito a mudanças constantes, ele é específico em cada estrato social.
Alem disso, é importante deixar bem claro que os padrões sofrem variações
no tempo e nos diversos âmbitos do entorno social, modificando também os valores
estéticos. Pode-se considerar por esses motivos que o sistema de valores estéticos
é dinâmico, já que está constantemente se alterando.
Com o conceito de valores estéticos apresentado, a definição de normas
estéticas torna-se mais fácil de ser absorvida. Trata-se, segundo Lobach (2001, p.
183) de “valores estéticos aceitos por uma maioria preponderante de uma
sociedade.” No desenvolvimento de produtos, a pessoa responsável pela aplicação
estética tem a opção de utilizar normas estéticas existentes ou de implantar novas
normas. Caso opte pela segunda opção estes só são aceitos por um pequeno
círculo de entendidos e sua fabricação é muitas vezes tão custosa que se constitui
em um segundo motivo para sua pouca difusão. “Para se transformar em nova
norma, um produto inovador precisa ser um fenômeno de vendas, sendo aceito por
um grande numero de compradores” (LOBACH, 2001, pg. 183).
2.1.4 Gestalt
Distinguir o bonito do feio. Este é o real objeto de estudo da estética e trata-se
de um questionamento que data muito provavelmente do início da civilização. No
entanto, Baxter (2001, p. 29) aborda o assunto de outra perspectiva. Segundo o
autor, “se um extraterrestre olhasse para um produto que consideramos de beleza
15
sublime, é possível que o considere sem nenhuma graça, porque o seu padrão
visual é diferente.” Para o autor, a beleza não se encontra somente no produto, mas
também nos olhos de quem o observa. Sendo assim, quando um objeto é projetado
para ser belo, deve ser feito de acordo com as propriedades da visão humana.
Muito provavelmente com um pensamento similar ao descrito no parágrafo
anterior em mente, um grupo de psicólogos alemães no princípio do século XX a
teoria da Gestalt, a qual tenta definir como e por que as pessoas gostam dos objetos
(KROEGER, 2002). Segundo esses psicólogos, a visão humana tem uma
predisposição para reconhecer determinados padrões. Baxter (2001) afirma que,
apesar de desprezadas por outros estudiosos da época, as teorias propostas por
esses psicólogos foram amplamente aceitas por modernas pesquisas realizadas
muitos anos depois.
As Leis da Gestalt fornecem, por conseguinte, importantes ferramentas para
as aplicações estéticas no desenvolvimento de produtos.
2.1.5 Daniel Berlyne e a complexidade visual
O canadense Daniel Berlyne foi professor de psicologia da Universidade de
Toronto entre os anos de 1962 e 1976 (KONECNI, 1978). Segundo Baxter (2001), o
psicólogo realizou uma pesquisa que identificava os objetos que as pessoas
consideravam como atraentes e construiu uma curva de preferência para a
complexidade visual. Esta curva de preferência, apresentada na figura 1, indica que
os objetos que possuem maior atratividade para as pessoas encontram-se no meio
termo entre baixa e alta complexidade visual para os observadores. As conclusões
de Berlyne podem ser resumidas em quatro pontos: complexidade percebida,
influência do tempo, mistura de simplicidade com complexidade e significado
simbólico.
16
Figura 1 - Curva de Berlyne Fonte: Adaptado de Baxter, 2001, p. 33
2.1.6 Elementos configurativos
A configuração de um produto industrial é influenciada pelo tipo de estrutura
configurativa, que provoca um efeito emocional no usuário do produto. Segundo
Lobach (2001, p. 159), “os elementos configurativos podem ser descritos como
portadores da informação estética de um produto.” A sua seleção e combinação
definirá a reação que o futuro usuário apresentará frente ao produto.
São conhecidos muitos elementos configurativos, porém os mais importantes
são forma, material, superfície e cor. No entanto, o configurador “deve adquirir
experiência, fazendo muitos ensaios de configuração, a fim de estudar os efeitos
que podem ser alcançados com os elementos configurativos disponíveis” (LOBACH,
2001, p. 161). Segundo o autor, o talento e a experiência são importantes para se
produzir uma combinação de elementos considerada atraente ao usuário.
2.2 O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
Definidos e apresentados os aspectos fundamentais relacionados à estética,
é importante descobrir agora onde estes se encaixam no processo de
desenvolvimento de produtos para, consequentemente, saber como aplicá-los da
melhor forma possível.
Existem inúmeras metodologias de gestão do processo de desenvolvimento
17
de produtos, o que dificulta a escolha de um único modelo para aplicação. De modo
geral, Rozenfeld et al. (2006, p. 3) define o desenvolvimento de produtos como Um conjunto de atividades por meio das quais se busca, a partir das necessidades do mercado e das possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de produto da empresa, chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção, para que a manufatura seja capaz de produzi-lo.
O desenvolvimento também envolve as etapas de acompanhamento do pós-
lançamento, onde são realizadas as correções de produtos e processos e a
descontinuidade do produto no mercado ao final de seu ciclo de vida.
Para efeitos práticos, este trabalho de conclusão de curso tomará como base
o modelo de desenvolvimento de produtos apresentado por Rozenfeld et al. (2006).
A formalização do modelo de gestão e de estruturação do desenvolvimento de
produto possibilita que todos os envolvidos tenham uma visão comum desse
processo. Neste capítulo será apresentado o modelo em questão e em que
momento as teorias estéticas devem ser aplicadas nele.
2.2.1 O modelo unificado do processo de desenvolvimento de produtos
O modelo unificado desenvolvido por Rozenfeld et al. (2006), que será
utilizado como base neste trabalho, é dividido em macro-fases, fases, atividades e
tarefas. Compõem as macro-fases o pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-
desenvolvimento. Segundo Rozenfeld et al. (2006, pg. 97), “embora as fases
estejam apresentadas de forma seqüencial, elas podem estar sobrepostas em um
projeto real.” A figura 2 ilustra o modelo unificado do processo de desenvolvimento
de produtos.
18
Figura 2 - Processo de Desenvolvimento de Produto Fonte: Adaptado de Rozenfeld et al., 2006, p. 44
Não está dentro dos objetivos deste trabalho apresentar o processo de
desenvolvimento de produtos como um todo, mas somente como e onde a
incorporação da etapa de definições estéticas se dá dentro deste processo. Por esse
motivo, será feita apenas uma introdução da macro-fase e fase onde o processo de
estetização está inserido.
2.2.2 A estética dentro do processo de desenvolvimento de produtos
A definição da estética do produto no modelo de referência apresentado por
Rozenfeld et al. (2006) encontra-se inserida na fase de conceituação a qual, por sua
vez, está dentro da macro-fase de desenvolvimento.
Seguida da definição do portfolio de produtos e do planejamento de projetos,
aparece a macro-fase de desenvolvimento de produtos. Dentro desta etapa de
desenvolvimento estão as fases de projeto informacional, conceitual, o detalhamento
do projeto, a preparação para a produção, e encerrando, o lançamento do produto.
“Ao final dessa macro-fase são produzidas informações técnicas detalhadas, de
produção e comerciais relacionadas com o produto.” (ROZENFELD et al., 2006, p.
64).
Dentro da fase de conceituação as atividades estão relacionadas com a
busca, criação, representação e seleção de soluções. É dentro desta fase que se
encontra a etapa de estetização do produto em desenvolvimento. Na figura 3 são
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apresentadas as principais informações e dependências entre as atividades da fase
de projeto conceitual.
Figura 3 - Fase do Projeto Conceitual Fonte: Adaptado de Rozenfeld et al., 2006, p. 236
Conforme se percebe na figura 3, a estética e ergonomia são apresentadas
em conjunto logo após a definição da arquitetura do produto. Porém, o fato de haver
uma flecha de duplo sentido conectando estas etapas indica que tanto a estética e
ergonomia pode influenciar na arquitetura do produto quanto o contrário. Na maioria
dos casos, porém, a arquitetura do produto dita as regras para que as diretrizes
estéticas do produto sejam definidas. Para efeitos práticos, no desenvolvimento da
ferramenta deste trabalho essa última situação será a utilizada.
2.3 REGRAS, MÉTODOS E FERRAMENTAS
Situada a etapa de definição estética dentro do desenvolvimento de produtos,
é importante apresentar na seqüência algumas regras, métodos e ferramentas
20
existentes as quais, caso utilizadas corretamente, proporcionam um melhor
resultado na fase de criação. O método de projeto é uma série de operações
necessárias, realizadas em ordem lógica e ditada pela experiência. O principal
objetivo do método “é o de atingir o melhor resultado com o menor esforço.”
(MUNARI, 1998, p. 10).
2.3.1 Os elementos configurativos: forma, material, superfície e cor
Para entender melhor os componentes básicos de um produto durante o seu
desenvolvimento, é necessário ter consciência dos elementos configurativos.
Segundo Lobach (2001), as características estéticas da configuração de um produto
industrial são determinadas pelos elementos configurativos. Daí a sua importância.
Os elementos configurativos são divididos em macro e micro elementos, onde os
macro elementos são os apreendidos conscientemente no processo de percepção
(forma, material, superfície, cor) e os micro elementos aqueles que não aparecem
imediatamente neste processo.
Os elementos configurativos podem ser descritos como portadores da
informação estética de um produto e sua seleção e combinação definirá a reação
que o futuro usuário apresentará frente ao produto.
Dentre os elementos configurativos, “o elemento mais importante de uma
figura é a forma, da qual podemos distinguir dois tipos: forma espacial e forma
plana.” (LOBACH, 2001, p. 161). A forma espacial é aquela tridimensional de um
objeto a qual varia ao girar o mesmo, produzindo efeitos distintos ao ser observada
de diferentes ângulos. A forma plana é aquela resultante da projeção de um produto
sobre um plano e é obtida pelo seu contorno.
O material constitui outro macro elemento configurativo. A definição do
material tem um impacto estético e simbólico enorme no aspecto final de um
produto. Além disso, de nada adianta escolher um material bonito, porém
excessivamente caro, o que pode inviabilizar determinado projeto e, ao mesmo
tempo, de nada serve optar por um material de baixo custo que não é capaz de
transmitir as informações estéticas propostas pelo produto em um primeiro
momento. (LEFTERI, 2006).
A natureza da superfície dos produtos industriais tem uma grande influência
sobre seu efeito visual e, na maioria das vezes, depende da escolha dos materiais.
Segundo Lobach (2001, p. 163),
21
As superfícies dos materiais empregados e suas combinações produzem no usuário do produto importantes associações de idéias, como limpeza, calor, frio, frescor, etc. por meio dos mais diversos materiais e suas características superficiais (brilhante, fosco, polido ou rugoso) e sua forma (côncava, plana, convexa) pode-se alcançar os efeitos desejados. A superfície polida, reluzente, imaculada de muitos produtos industriais lhes confere um ar de limpeza, perfeição e ordem.
Estes são, sem dúvida, critérios valorizados pela sociedade. A superfície
perfeita, sem falhas, dos produtos industriais sugere uma perfeição das suas
características de uso, a qual nem sempre é real. As superfícies perfeitas dos
produtos, por exemplo a dos automóveis, é um bom exemplo disto. Elas podem
provocar um cuidado exagerado do usuário, o que pode ser denominado de
fetichismo das superfícies.
De todos os elementos apresentados, pode-se considerar que um elemento
essencial para a grande maioria dos objetos é a cor. Segundo Lobach (2001, p.
163), “a cor é especialmente indicada para atingir a psique do usuário do produto.”
Os produtos configurados com cores fortes oferecem ao usuário a vantagem de
destacar-se no ambiente em que se inserem, enquanto que os produtos industriais
com aplicação de cores neutras se caracterizam por se deixar passar despercebidos
no ambiente.
2.3.2 Constituição da figura: ordem e complexidade
O aspecto de um produto industrial é determinada pelos tipos de elementos
configurativos, de seu conjunto, de sua distribuição quantitativa e de sua relação
com o todo. Ordem e complexidade são dois fatores importantes para a imagem
geral do produto. Segundo Lobach (2001, p. 166) “eles dependem entre si de tal
forma, que um exclui o outro.” Um produto industrial dotado de elevada ordem
possui uma baixa complexidade, enquanto que um com alta complexidade tem
pouca ordem.
A ordem em um produto industrial é determinada por um pequeno número de
elementos configurativos e por uma pequena quantidade de características de
ordenação. Para a percepção humana, uma ordem elevada significa uma oferta de
percepção com baixo conteúdo de informação. Em conseqüência, esse tipo de
configuração é rapidamente captada, mas tem uma escassa capacidade de manter
a atenção do observador, que se aborrece com a monotonia e pode se desviar para
outras coisas. Isto significa, porém, que a ordem dá uma sensação de segurança.
22
Segundo Lobach (2001, p. 166), “ao captar e compreender rapidamente em todos os
seus detalhes, os objetos de ordem elevada liberam a percepção para outros
estímulos.” Ao contrário, um ambiente altamente complexo, onde a percepção
humana recebe uma multiplicidade de informações, dá uma sensação de
insegurança, que pode atuar sobre a psique humana. Gomes Filho (2004, p. 52)
afirma que “obtém-se ordem pela presença de relações ordenadas naquilo que é
visto ou, ainda, por compatibilidade de linguagens formais. Ou seja, quando não
existem alterações ou conflitos formais no padrão ou no estilo do objeto.”
O extremo oposto da ordem na constituição da figura é a complexidade.
Baxter (1998, p. 34) indica que “a principal causa da atração visual não é a
complexidade intrínseca de um objeto, mas a complexidade percebida pelo
observador.” Assim, o que é altamente complexo para a maioria das pessoas pode
ser simples para outros observadores.
2.3.3 Regras do Gestalt
A seguir são apresentadas algumas das muitas leis elaboradas pela Gestalt,
citadas por Baxter (2001) como sendo as mais importantes. Segundo Gomes (2004,
pg. 18) , as leis da Gestalt “apóiam-se na fisiologia do sistema nervoso, quando
procuram explicar a relação sujeito-objeto no campo da percepção.” Desta maneira
são evitadas quaisquer subjetividades na avaliação da beleza e da forma nos
objetos. Não é necessário que as regras do Gestalt sejam seguidas para se alcançar
um produto esteticamente correto, porém a utilização das mesmas pode facilitar a
tarefa de obter um produto com características estéticas atrativas.
2.3.3.1 Simetria
De acordo com Baxter (2001, p. 30) trata-se de “provavelmente a mais forte
regra do gestalt.” Gomes (2004, p. 59) a define como “um equilíbrio axial que pode
acontecer em um, ou mais de um eixo, nas posições: horizontal, vertical, diagonal ou
inclinada.” De acordo com os estudos, os agrupamentos simetricamente
organizados tendem a ser percebidos mais facilmente do que agrupamentos
assimétricos. Sua utilização em excesso pode ser considerada monótona e por esse
motivo, deve-se jogar com outros conceitos formais de equilíbrio, para tornar a
composição ou objeto mais interessante. A figura 4 apresenta uma composição que,
apesar de complexa, é facilmente percebida e assimilada devido a sua simetria.
23
Figura 4 – Simetria Fonte: Primaria, 2007
2.3.3.2 Proximidade
Gomes (2004, p. 34) afirma que “elementos ópticos próximos uns dos outros
tendem a ser vistos juntos e, por conseguinte, a constituírem um todo ou unidades
dentro do todo.” No planejamento e projeto de um produto, pode-se tirar proveito
desta regra quando, por exemplo, busca-se a criação de um objeto de baixa
complexidade e alta ordem. Na figura 5 são apresentados agrupamentos de pontos
contínuos, porém a primeira vista o que se observa são dois quadrados e, logo após,
quadrados compostos por linhas retas. Essa impressão se dá graças a lei da
proximidade.
Figura 5 – Proximidade Fonte: Adaptado de Baxter, 2001, p. 31
2.3.3.3 Semelhança
A tendência de se construir unidades também é despertada pela igualdade de
24
forma e de cor. Segundo Gomes (2004, p. 35), “em condições iguais, os estímulos
mais semelhantes entre si, seja por forma, cor, tamanho, peso, direção, e outros,
terão maior tendência a serem agrupados, a constituírem partes ou unidades.” Este
fator, juntamente com o de proximidade, promovem a unificação do todo, dando a
impressão de que vários elementos separados compõem uma única parte. Na figura
6 estão presentes vários círculos e quadrados, porém a tendência natural é observar
três linhas compostas por quadrados e outras três por círculos.
Figura 6 – Semelhança Fonte: Adaptado de Baxter, 2001, p. 31
2.3.3.4 Continuidade
Baxter (2001, p. 30) propõe que “a percepção tende a dar continuidade,
trajetória ou prolongamento aos componentes da figura.” Para Gomes (2004, p. 33),
“a boa continuidade é a impressão visual de como as partes se sucedem através da
organização perceptiva da forma de modo coerente, sem quebras ou interrupções
na sua trajetória ou na sua fluidez visual.” Esta continuidade atua no sentido de se
alcançar a melhor forma possível do objeto, a forma mais estável estruturalmente. A
figura 7 constitui um exemplo da regra de continuidade da Gestalt pois não são
vistas quatro linhas na figura, mas sim duas que se intersectam.
25
Figura 7 – Continuidade Fonte: Adaptado de Baxter, 2001, p. 31
2.3.3.5 Figura e fundo
Baxter (2001, p. 30) sugere que “outra característica da percepção é a
capacidade de separar uma parte da imagem, que é considerada mais importante.”
Trata-se da capacidade de distinguir parte da imagem como sendo um objeto ou
figura e o resto da imagem como sendo o fundo ou uma paisagem. Segundo Gomes
(2004, p. 29), “uma unidade pode ser consubstanciada num único elemento, que se
encerra em si mesmo, ou como parte de um todo.” A percepção figura/fundo baseia-
se em quatro regras do gestalt: simetria, tamanho relativo, contorno e orientação.
Esta lei da percepção apresentada pode ser utilizada quando se procura destacar
e/ou esconder determinado elemento dentro de um objeto. Na figura 8, pode-se
observar tanto uma taca branca, caso a área central branca seja considerada mais
importante e a preta como fundo, ou duas faces olhadas de perfil, no caso da área
preta ser o foco do observador.
26
Figura 8 - Figura/Fundo Fonte: Adaptado de Baxter, 2001, p.31
2.3.4 Regras de Berlyne
A seguir são apresentadas as quatro regras básicas de Berlyne, que tratou de
explicar o porquê da atratividade dos objetos: complexidade percebida, influência do
tempo, mistura de simplicidade e complexidade, e significado simbólico.
2.3.4.1 Complexidade percebida
A principal causa da atração visual está longe de ser a complexidade real
existente em um objeto, mas sim a percebida pelo observador. Como visto
anteriormente na conceituação de ordem e complexidade, um produto bastante
complexo pode ser percebido como simples e familiar, contribuindo para aumentar a
sua familiaridade. De acordo com Baxter (2001, p. 34), “a simplicidade tende a
aumentar a segurança das pessoas da mesma forma que a complexidade ou o
desconhecido provocam insegurança.”
2.3.4.2 Influência do tempo
Esta regra, muito relacionada com a da complexidade percebida, é defendida
exatamente pelo fato da interação entre complexidade e familiaridade mudar a
preferência das pessoas ao longo do tempo. Segundo Baxter (2001, p. 35), “no
início, uma forma complexa pode ser considerada sem atrativos, mas, com o tempo,
ela pode tornar-se familiar e, então, se tornará mais atrativa.”
27
2.3.4.3 Mistura de simplicidade e complexidade
Esta regra defende a teoria de que um objeto é visto como interessante antes
de ser considerado como atrativo. Baxter (2001, p. 35) afirma que “se um objeto
despertar interesse, será capaz de captar e manter a atenção do observador durante
um tempo suficiente para que se torne familiar e, portanto, atrativo.” O grande
problema é descobrir o meio-termo entre o que é simples e sem graça demais com o
que é complexo e mentalmente desafiador em excesso, porém apenas desta
maneira é que se pode obter um produto com atratividade visual elevada.
2.3.4.4 Significado simbólico
Todo objeto possui e transmite um significado simbólico. A compreensão
deste conteúdo alarga bastante o entendimento sobre o estilo dos produtos. Um
objeto pode ter uma forma nunca antes vista e assim mesmo não causar tanta
estranheza. Isso ocorre porque ele pode parecer familiar por simbolizar algo que é
conhecido para o observador. Ao perceber um objeto, o cérebro o classifica
imediatamente como atraente ou sem atrativo. Ele faz isso instintivamente,
buscando na memória emoções e sentimentos ligados a outros objetos semelhantes
(BAXTER, 2001).
2.3.5 O painel semântico
Painel semântico é o nome genérico para uma gama variada de painéis que
auxiliam no processo de desenvolvimento de produtos. Baxter (2001) menciona que
existem três etapas de desenvolvimento de painéis no desenvolvimento de produtos:
painel do estilo de vida, da expressão do produto e do tema visual. No entanto, esta
é apenas uma das abordagens dos painéis no desenvolvimento de produto. A
ferramenta pode (e deve) ser utilizada sempre que possível para comunicar com
imagens e frases as intenções do projeto. Baxter (2001, p. 191) afirma que estes
painéis “representam uma rica fonte de formas visuais e servem de inspiração para
o novo produto.”
3.2.6 A matriz de seleção
Uma das muitas ferramentas para a tomada de decisões em situações de
informações limitadas e/ou abstratas é chamada matriz de seleção ou matriz de
28
decisão. Rozenfeld et al. (2006, p. 281) reforça afirmando que, “uma das maneiras
mais usuais para a avaliação das várias alternativas de concepção geradas é
utilizando-se uma matriz, na qual as alternativas e os critérios de avaliação são
colocados na primeira linha e primeira coluna, respectivamente.” Existem inúmeras
variações desta matriz, cabendo à pessoa que vai fazer uso dela escolher a que
melhor se encaixa na situação em que se encontra.
2.3.7 Método PDCA
O ciclo PDCA foi cunhado por Shewhart para fixar a seqüência lógica que
todo e qualquer trabalho deve obedecer para alcançar eficiência e eficácia: planejar-
fazer-controlar-agir (HCi, 2007). Trata-se de algo óbvio, mas que pouco se aplica no
dia-a-dia das empresas em geral. Segundo Arioli (1998, p. 13), Antes de agir, devemos planejar e preparar os meios para a ação. Durante o desenvolvimento da ação, é necessário monitorar as condições de trabalho e registrar os resultados. Depois, devemos avaliar os resultados e corrigir os desvios encontrados.
Segundo Araújo (2006, p. 226), “o ciclo PDCA representa um processo cíclico
direcionado à melhoria”. A primeira etapa consiste em planejar (plan), seguida pela
etapa de ação ou execução do planejado (do), pela etapa de verificação dos
resultados até então obtidos com as ações planejadas e executadas (check) e pela
etapa de implementação final do idealizado como mudança, após as considerações
sobre eventuais acertos (act). Essa é a técnica mais famosa e usada em gestão pela
qualidade total. A figura 9 apresenta um esquema visual de como deve ser
executado o método PDCA.
Figura 9 - Quadro PDCA Fonte: Adaptado de HCi, 2007
29
3 METODOLOGIA
Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada para elaboração da
metodologia de definição estética no desenvolvimento de produtos proposta neste
trabalho. Com o propósito de identificar e propor uma solução foi realizada uma
investigação com base nas considerações teóricas sobre estética e desenvolvimento
de produtos.
De uma forma geral, pesquisar significa procurar respostas para indagações
propostas (SILVA, 2001). Para Gil (2002), a pesquisa é um “processo formal e
sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da
pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de
procedimentos científicos.”
A interpretação e atribuição de significados dos fenômenos constituem a base
no processo de pesquisa qualitativa. Nela, não são utilizadas técnicas e métodos
estatísticos já que o pesquisador é o instrumento-chave e o ambiente natural é a
fonte direta para a coleta de dados. Existe uma tendência dos pesquisadores para a
utilização do método indutivo para a análise de seus dados, onde os focos principais
de abordagem do problema são o processo e seu significado (SILVA, 2001).
Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica é quando se
elabora um estudo bibliográfico, a partir de publicações de livros, artigos de
periódicos e outras fontes de consulta disponibilizadas na internet. E o estudo de
caso envolve um estudo apurado, profundo e exaustivo de um ou poucos objetos
com o fim de permitir o seu conhecimento de forma ampla e detalhada (SILVA,
2001).
Objetiva-se com este trabalho realizar uma revisão bibliográfica sobre estética
e o processo de criação de produtos. Além disso, pretende-se criar e aplicar em
forma de estudo de caso uma metodologia para a implementação estética no
processo de desenvolvimento de produtos.
30
4 PROPOSTA DE UM MÉTODO PARA DEFINIÇÃO DA BASE ESTÉTICA NA
ENGENHARIA DO PRODUTO
4.1 VISÃO GERAL DA PROPOSTA
Com os conceitos estéticos claros e apresentados, surge a necessidade de se
criar uma metodologia simples de aplicações estéticas que possa ser utilizada por
qualquer pessoa que queira desenvolver um produto com maior apelo visual junto ao
consumidor final. Adaptando a metodologia de solução de problemas PDCA, a qual
é familiar para a maioria dos estudantes de engenharia e profissionais da área, e
combinando-a com ferramentas e conceitos apresentados, tem-se um novo método
para a etapa de desenvolvimento estético no projeto de produtos.
A proposta consiste nas mesmas quatro etapas do ciclo: planejar (plan), fazer
(do), verificar (check) e atuar (act). A idéia é apresentar uma metodologia de
desenvolvimento estético que, ao invés de criar uma visão geral do design no
desenvolvimento de produtos, contenha apenas algumas dicas e uma metodologia
simples de como impor estética aos produtos. Na figura 10 é apresentado um
fluxograma com as etapas da proposta.
31
Figura 10 - Etapas da proposta Fonte: Primaria, 2007.
4.2 DETALHAMENTO DA PROPOSTA
4.2.1 Planejar
O primeiro passo na solução estética de um produto, assim como na de
solução de problemas é o planejamento. Antes de partir para esboços e desenhos é
importante saber aonde se quer chegar e qual o objetivo do produto. Conhecer e
entender o consumidor, por exemplo, é fundamental para projetar um produto que
tenha suas bases estéticas direcionadas corretamente e consequentemente,
possuam um apelo visual junto ao público-alvo.
Seguindo o Modelo de Referência do Processo de Desenvolvimento de
Produtos apresentado por Rozenfeld et al. (2006), observa-se que ao entrar na
32
etapa de definições ergonômicas e estéticas, o escopo do projeto e do produto,
assim como as definições funcionais e de arquitetura do produto, já foram
previamente realizadas. Portanto, é fundamental um estudo e atualização de todas
essas etapas para alinhar o que já foi feito com as próximas etapas.
4.2.1.1 Alinhamento conceitual
A primeira etapa no desenvolvimento estético de um produto é o alinhamento.
Esta trata do estudo e análise das etapas anteriores, desde o começo do projeto, e
principalmente as fases relacionadas com os objetivos do projeto e o público ao qual
ele está dirigido.
Com o mapeamento de todos estes processos é necessária uma definição
conceitual-estética do projeto: examinar o público-alvo, determinar qual a melhor
maneira de agradá-lo e quais as características estéticas que devem ser aplicadas
para fazê-lo. Trata-se de uma etapa muito importante para o resto do processo
estético e de grande complexidade, pois é muito difícil distinguir o bonito do feio e
quais as características preferidas por um determinado grupo de pessoas. O
importante é manter-se afastado de definições abstratas e tentar colocar o maior
número de atributos específicos em questionamento como o uso de cores, as
texturas, distinção entre clássico e atual, e compara-los com outros produtos que se
comunicam com o mesmo público-alvo.
4.2.1.2 Painel semântico
Ainda na etapa de planejamento, chega o momento de utilizar a primeira
ferramenta apresentada nesta proposta: o painel semântico. Neste painel semântico
são colocadas imagens tanto do público-alvo, quanto de outros produtos que podem
ser associados ao que se procura criar. A idéia é organizar, com imagens, um
conceito global para o produto, apresentando figuras com materiais, texturas,
pessoas, situações de uso, entre outros atributos. O painel semântico ainda pode
estar constituído de palavras e pode ser utilizado em qualquer etapa do processo
para ajudar a visualizar rapidamente algum objetivo do projeto de forma fácil e
rápida, remetendo às pesquisas e intenções projetuais.
Esta ferramenta é de suma importância por ajudar na etapa de mentalização
e incubação do conteúdo estudado até agora, preparando e alinhando os
pensamentos para a próxima etapa de criação.
33
4.2.1.3 Definições conceitual-estéticas
Com o alinhamento conceitual e o painel semântico desenvolvidos, torna-se
muito mais fácil saber como lidar com o desenvolvimento estético do produto.
Conhecendo o público-alvo e quais suas características preferenciais em outros
produtos permite que sejam realizadas definições conceitual-estéticas que indiquem
qual o caminho a ser seguido durante o desenvolvimento do estilo do produto.
A etapa de definição conceitual-estética do produto nada mais é do que definir
em palavras ou imagens exatamente o que se está procurando com a criação do
produto, quais as características formais que se deseja alcançar com o produto
pronto. Resumindo, trata-se de definir como será o dialogo entre o produto e o seu
público, com quais características o produto se apresentará ao seu usuário final.
4.2.2 Fazer
O próximo passo do método PDCA é a execução, ou seja, colocar em pratica
o que havia sido planejado na etapa anterior. No entanto, o desenvolvimento
estético de um produto não se dá de forma planejada e, muitas vezes as etapas são
justapostas.
Nesta etapa de fazer, é necessário realizar o chamado “esquecimento” e
partir para a geração de alternativas. Trata-se do momento onde são feitos
desenhos rápidos onde se pretendem alcançar soluções que cumpram com as
definições e planejamentos realizados na fase anterior. A idéia é criar o maior
numero de alternativas, as mais diferentes possíveis, porém sempre tendo os
objetivos projetuais bem claros em mente.
O processo de geração de alternativas deve possuir um limite de tempo
predeterminado e, como requisito, um numero mínimo de alternativas. O importante
é obter uma quantidade significativa de opções para que sejam analisadas
posteriormente.
4.2.3 Verificar
Com as opções geradas em mãos, o próximo passo é separar o que serve do
que não serve. A maneira mais confiável de se fazer isso é utilizando a ferramenta
da matriz de decisão. Trata-se da elaboração de um quadro onde são analisadas as
alternativas de acordo com os requisitos que haviam sido propostos nas etapas
34
anteriores de desenvolvimento. A matriz de decisão, ou matriz de seleção, nada
mais é do que uma forma de mensurar e qualificar, dando notas a partir de critérios
objetivos a todas as opções criadas durante a geração de alternativas.
Como resultado, é esperado que a alternativa que mais se aproxime das
características buscadas pelo produto seja a escolhida para a etapa de ajustes e
definições. É importante observar neste processo que muitas opções, apesar de
descartadas, podem apresentar soluções específicas que satisfazem com
excelência um ou outro requisito de projeto. Por esse motivo, a alternativa escolhida
deverá passar finalmente por uma refinação, onde muitas dessas outras soluções
poderão ser aproveitadas e aplicadas na definição do produto final.
4.2.4 Atuar
A última etapa prevista do ciclo PDCA aplicado ao desenvolvimento estético
de produtos é a de atuação. Trata-se do refinamento da opção escolhida, onde são
definidos os últimos detalhes, adaptadas as possíveis melhorias apresentadas por
outras alternativas descartadas e entregue a solução estética final do produto.
Caso ao final dessa etapa, o produto ainda não seja esteticamente aprovado,
deve-se voltar a etapa inicial de planejamento, onde além de estudos realizados
anteriormente, deverá ser feito um planejamento tendo presente também o que foi
realizado neste ciclo.
4.3 EXEMPLO DE APLICAÇÃO – ESTUDO DE CASO
A metodologia apresentada foi aplicada para o desenvolvimento estético de
um produto real. Trata-se do desenvolvimento de um novo componente de uma
torneira fabricada em material plástico. Seu desenvolvimento implica o lançamento
de uma nova linha de produtos para a empresa Viqua Indústria de Plásticos Ltda
localizada em Joinville-SC. O componente em questão é o manípulo da torneira,
peça responsável pela abertura e fechamento do produto.
35
4.3.1 Planejar
4.3.1.1 Alinhamento conceitual
A primeira etapa então da metodologia é verificar as decisões tomadas e
realizações de etapas anteriores do projeto. O principal objetivo de desenvolvimento
(escopo do projeto) é criar um novo manípulo para as linhas especial e luxo de
torneiras da empresa que complemente os modelos ‘Foz’ (figura 11) e ‘Marujá’
(figura 12).
Figura 11 - Torneira Modelo Foz Fonte: Viqua, 2007
Figura 12 – Torneira Modelo Marujá Fonte: Viqua, 2007
36
Como input desta fase tem-se as definições de arquitetura do produto, que
determinou que a estrutura do produto deve seguir a mesma linha do modelo ‘Foz’, o
qual, como apresentado na figura 11, apresenta-se como uma casca robusta e não
como o modelo de cruz existente no acabamento ‘Marujá’. Outras restrições
estruturais são a embalagem e o processo de fabricação. Com relação a
embalagem, uma das condições de desenvolvimento do produto é que as
embalagens utilizadas pelos outros modelos sejam aproveitadas com essa nova
opção, limitando assim o tamanho do produto a ser desenvolvido. Com relação ao
processo de fabricação, é importante observar que essa peça será fabricada
mediante o processo de injeção e, por esse motivo, nem todas as formas são
possíveis de ser alcançadas por causa do limitador molde. De qualquer forma,
assuntos mais técnicos relacionados a processos produtivos não serão abordados
neste trabalho.
4.3.1.2 Painel Semântico
Com os estudos das fases prévias realizado, chega a hora de realizar
análises pertinentes ao desenvolvimento estético do produto. Para que isso seja
realizado é importante também fazer uma análise do que existe no mercado. Sendo
assim, foi realizada uma pesquisa de mercado, procurando todo tipo de soluções
propostas atualmente.
Por um dos objetivos de desenvolvimento ser a similaridade estrutural com o
modelo ‘Foz’, durante a pesquisa de concorrentes foi formatado um painel (figura 13)
que reuniu projetos estéticos que podem servir de inspiração no decorrer do
processo de estetização.
37
Figura 13 - Painel Semântico da Concorrência Fonte: Primaria, 2007
Além de um estudo da concorrência, devem ser feitos estudos relacionados
ao processo produtivo e dos possíveis materiais a serem utilizados (neste caso o
plástico de engenharia) e também análises ergonômicas e de uso.
4.3.1.3 Definições conceitual-estéticas
Terminados os estudos tanto das etapas pré-estetização quanto os realizados
durante a etapa ‘Planejar’ proposta pela metodologia, chega o momento de definir os
caminhos que devem ser seguidos durante a próxima fase de geração de
alternativas.
Foram definidos então como requisitos estéticos para o produto:
- harmonia com os modelos atuais de torneiras, ou seja, evitar criar
uma opção de manípulo que não se complemente com os outros
componentes das torneiras como os corpos e as bicas;
38
- design inspirado no metal, pois hoje em dia esta é a matéria-prima
referência no ramo;
- fugir das formas ousadas mas sim buscar algo que beire o
conservadorismo porém apresentando um “que” de novidade;
- estilo guiado pelo modelo ‘Foz’, o qual é o mais vendido pela
empresa e
- projeto constantemente desenvolvido com a usabilidade e ergonomia
em mente.
Antes de seguir para a geração de alternativas proposta na próxima fase, foi
criado outro painel semântico para mentalização do que está sendo proposto pelo
projeto. Este painel semântico, apresentado na figura 14, está constituído tanto de
imagens que, apesar de não conectadas diretamente ao produto a ser desenvolvido,
transmitem algum significado que pode e deve influenciar no desenvolvimento do
produto. Para um maior entendimento e fixação, as palavras-chave do projeto
também foram incorporadas ao painel.
39
Figura 14 - Painel Semântico do Projeto Fonte: Primaria, 2007
4.2.2 Fazer
Durante esta etapa, todas as definições realizadas anteriormente passam a
agir no inconsciente, sendo o mais importante agora o seu “esquecimento” para a
geração do maior numero possível de alternativas.
Apenas lembrando que nesta etapa não existe uma ferramenta correta. No
entanto, o mais recomendado são os simples desenhos feitos com papel e caneta.
Softwares de desenho em 2 ou 3-D também podem ser utilizados porém, a não ser
que usuário seja extremamente hábil com estes, o mais provável é que a idéia se
perda até que possa ser completamente gerada.
A complexidade e bom acabamento dos desenhos não são importantes,
sendo essencial apenas tirar o maior numero de opções da cabeça para um lugar
onde possa ser visualizado. Sendo assim, neste projeto foram geradas em um
primeiro momento alternativas em forma de desenhos normais feitos no papel como
40
pode ser visto na figura 15, onde foram agrupados de maneira aleatória alguns
destes esboços.
Figura 15 - Geração de alternativas Fonte: Primaria, 2007.
4.2.3 Verificar
Com as alternativas realizadas, resta fazer uma análise das mesmas e ver
qual se apresentou como mais próxima da solução procurada cruzando-as com os
requisitos propostos na fase de planejamento. Além disso, é muito importante
verificar se dentre as alternativas não existe nenhuma solução interessante que
pode ser aproveitada durante a última etapa de refinamento.
Agora o mais importante é fazer um filtro de todas as opções, selecionar e
41
enumerar um numero considerável delas para serem julgados, conforme
apresentado na figura 16.
Figura 16 - Alternativas selecionadas e enumeradas Fonte: Primaria, 2007
Mapeadas as alternativas, basta apenas cruzar com os requisitos propostos.
Em todo processo de seleção existem alguns pontos que devem ser mais
importantes que os outros e por isso, a lista de alternativas é julgada tendo cada
requisito o seu peso definido para a soma geral. O peso dado para cada requisito foi
selecionado através de um longo processo de ponderação e dos objetivos do projeto
e as notas dadas para cada alternativa poderiam variar entre não satisfaz (1),
indiferente (3) e satisfaz (5). O quadro 1 apresenta a matriz de decisão com os
requisitos e suas respectivas avaliações.
42
REQUISITO PESO 1 2 3 4 5 6 7 8
Complementa modelos atuais 5 1 3 1 1 3 3 5 5
Segue linha do produto Foz 1 5 5 5 5 5 5 5 5
Cabe na embalagem atual 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Facilita processo de fabricação 3 1 1 3 1 5 5 5 5
Harmoniza com modelos de torneira atuais
5 1 5 3 1 3 3 3 5
Design inspirado no metal 1 5 5 3 5 1 5 5 3
Conservador porém inusitado 3 1 3 1 1 3 3 3 3
Usabilidade e ergonomia 5 1 3 3 3 1 3 3 3
TOTAL 56 102 80 66 90 104 111 122
Quadro 1 - Matriz de seleção das alternativas Fonte: Primaria, 2007.
Como resultado da matriz de seleção tem-se que o produto que melhor se
encaixa dentro dos requisitos estéticos e de projeto em geral é a alternativa 8,
apresentada na figura 17 já renderizada em um produto da linha.
Figura 17 - Alternativa escolhida renderizada Fonte: Primaria, 2007.
No entanto, alguns ajustes devem ser feitos para transformar a alternativa
43
selecionada em um produto final. Para isso, devem ser analisadas as boas soluções
propostas e os pontos fracos do produto escolhido para um refinamento final.
Com a alternativa final escolhida, os pontos fracos devem ser analisados e
atacados para que o produto que seja lançado no mercado satisfaça completamente
o seu público-alvo. Dentre as debilidades apresentadas pelo modelo em questão,
pode-se citar que a única com peso alto é a de “usabilidade e ergonomia”. Isto
ocorre devido aos cantos vivos apresentados na parte superior do manípulo. Em
outras alternativas como as de numero 3, 5 e 7 (ver figura 16), a parte de cima do
produto apresenta um formato arredondado, aumentando assim a usabilidade e, ao
utilizar o acabamento do produto presente, sua ergonomia também.
Adotar essa solução pode resolver todos os pontos fracos e, transformar,
dentro do possível, o manípulo proposto em um produto conservador, porém
diferente do existente no mercado, e ainda com formas que lembram um objeto de
metal.
4.2.4 Atuar
Com os pontos fracos e as boas soluções estudados, a etapa de refinamento
torna-se fácil bastando fazer apenas alguns ajustes finais estéticos. Sendo assim, o
produto proposto para complementar a linha de torneiras da empresa se apresenta
como na figura 18. Nesta opção final, percebe-se a incorporação de atributos de
outras propostas na alternativa escolhida como base para um melhor funcionamento
estético.
Figura 18 - Detalhe manípulo final Fonte: Primaria, 2007.
44
Com as definições e ajustes estéticos finais realizados, é perceptível na figura
19 a composição final de um dos produtos que se utilizam do novo manípulo.
Figura 19 - Composição produto em modelo de torneira Fonte: Primaria, 2007.
Com a aprovação estética de design por parte da própria equipe de
desenvolvimento e demais áreas da empresa (diretores, equipe comercial,
marketing, custos, produção) a fase estética dá-se por encerrada, passando agora
para outras micro-fases como a de desenvolvimento de fornecedores e, logo após
para a macro fase de Projeto Detalhado.
45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho tece como objetivo a realização de um estudo sobre a estética e
a apresentação dos motivos que tornam produtos mais ou menos agradáveis e
bonitos, assim como o desenvolvimento e a apresentação de uma metodologia que
auxilie engenheiros na aplicação de conceitos estéticos durante o desenvolvimento
de novos produtos.
A introdução e definição do conceito de estética foi realizada com sucesso,
apresentando de forma clara e fácil aos engenheiros o assunto e mostrando a
importância do mesmo atualmente para o desenvolvimento de produtos.
Após, foram apresentados alguns estudos realizados por diversos autores
com as suas constatações, as quais constituem em importantes informações para
serem utilizadas na estetização durante projetos de produtos.
Com o ciclo PDCA apresentado, a criação de uma metodologia que tornasse
mais fácil o desenvolvimento dos atributos estéticos no processo de criação de
novos produtos para engenheiros foi realizada com sucesso, por combinar uma
ferramenta amplamente familiar aos engenheiros a uma série de métodos para a
otimização do processo de implementação estética em produtos.
Com esta metodologia aplicada em um estudo de caso, a mesma foi
comprovada e conclui-se que, apesar de não existir uma definição clara do que é
realmente belo de mensuração dessa característica, ao seguir os passos propostos
pela metodologia, é mais provável que o resultado final seja mais satisfatório do que
seria sem a utilização de tal ferramenta.
Finalmente, pode-se concluir que a humanidade sempre está a procura da
beleza nas formas, e a criação de produtos esteticamente agradáveis nunca foi tão
importante para uma empresa. Estudos nessa área tentam colocar de forma objetiva
aspectos que parecem muitas vezes abstratos. Existe um longo caminho a ser
percorrido e ainda muitas indefinições nesta área a serem resolvidas. No entanto,
aos poucos mais e mais estudos apresentam formas de agradas o público-alvo
mediante técnicas e ferramentas que buscam por um padrão de beleza. Este
trabalho consiste em mais um destes estudos e procurou esclarecer e colocar de
forma clara para Engenheiros e estudantes de Engenharia a importância da beleza
no desenvolvimento de produtos.
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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