a década perdida 2002-2013

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No. 626 A Década Perdida: 2003 – 2012 Vinicius Carrasco João M. P. de Mello Isabela Duarte TEXTO PARA DISCUSSÃO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA www.econ.puc-rio.br

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Page 1: A Década Perdida 2002-2013

No. 626

A Década Perdida: 2003 – 2012

Vinicius Carrasco João M. P. de Mello

Isabela Duarte

TEXTO PARA DISCUSSÃO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA www.econ.puc-rio.br

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ADécadaPerdida:2003–20121

ViniciusCarrasco†,JoãoM.P.deMello§,IsabelaDuarte†

Sumário

A economia brasileira avançou na década seguinte à chegada ao

poderdoex‐presidenteLula.Aindamaisimportantefoioavançonos

temas sociais. Não obstante, o desempenho brasileiro, quando

medidoem relação ao melhor grupo de comparação entre

emergentes, foi, em geral, muito aquém do que poderia ter sido.

Tendorecebidoumchoquederendaexternamaisgeneroso,oBrasil,

em relação ao melhor grupo de comparação:1) cresceu, investiu e

poupoumenos;2)recebeumenosinvestimentoestrangeirodiretoe

adicionoumenosvalornaindústria;3)tevemaisinflação;4)perdeu

competitividade e produtividade, avançou menos em Pesquisa e

Desenvolvimento e piorou a qualidade regulatória; 5) foi pior ou

igual em quase todos os setores importantes; 6) a distribuição de

renda, a fração de pobres, e a subnutrição caíram em linha ou um

pouco menos; 7) a escolaridade avançou menos, a despeito de

maiores gastos; 8) a saúde andou em linha.Fomos melhor no

mercadodetrabalho,ondeavançamosnamargemmaisfácil:colocar

aspessoaspara trabalhar.Emsuma,oBrasil avançou,maspoderia

teravançadomuitomais.Nestesentidoadécadafoiperdida.

PalavrasChave:Contrafactual;AvaliaçãodeDesempenho;Grupode

ControleSintético 1 De Mello agradece o generoso apoio do CPNq e da Faperj. Agradecemos, por comentários e sugestões, a José Roberto Afonso, Edmar Bacha, Alfredo Binnie, Regis Bonelli, Eduardo Correia, Mikkel Davies, Felipe Diógenes, José Heleno Faro, Arminio Fraga, Shri Jayanthi, Carlos Melo, Leonardo Damião, Samuel Pessôa, Marcelo Santos, Luciano Sobral, Carlos Eduardo Gonçalves, Armando Castelar, Fernando de Holanda Barbosa Filho, Marcos Lisboa, Sergio Almeida e participantes de seminários no Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), na Pacifico Gestão de Recursos e no Insper. Todos os erros remanescentes são de responsabilidade dos autores. †Departamento de Economia, PUC-Rio e Academia Brasileira de Ciências. [email protected] §Insper, Academia Brasileira de Ciências e CNPq. [email protected] † Departamento de Economia, PUC-Rio. [email protected]

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Table of Contents 

1.Introdução........................................................................................................................5

2ODesempenhorelativodoBrasil...........................................................................132.1CrescimentoEconômico...................................................................................................132.2Condiçõesestruturais.......................................................................................................242.2.1OManáExterno.........................................................................................................................242.2.2OManáInterno.........................................................................................................................27

2.3Produtividade......................................................................................................................292.3.1OqueexplicaopiordesempenhorelativodoprodutomédiodotrabalhonoBrasil?......................................................................................................................................................312.3.2ProdutividadeMarginaldoCapitaleInfraestrutura.................................................362.3.3ProdutividadeAgregada.......................................................................................................42

2.4Instituições...........................................................................................................................462.4.1Resumo:ConstruindooFuturo?........................................................................................49

2.5DesempenhoMacroeconômicoComparado.............................................................502.5.1InflaçãoeCâmbio.....................................................................................................................502.5.2Poupança.....................................................................................................................................532.5.3CompetitividadeInternacional,ExportaçãoeImportação.....................................542.5.4DesempenhoFiscal..................................................................................................................602.5.5PolíticaMonetáriaeJuros.....................................................................................................642.5.6SetorExterno,ReservaseBalanço....................................................................................65

2.6AnáliseSetorial...................................................................................................................682.6.1Indústria......................................................................................................................................682.6.2SetorElétrico.............................................................................................................................702.6.3IntermediaçãoFinanceira.....................................................................................................732.6.4Agricultura..................................................................................................................................762.6.5Mineração....................................................................................................................................782.6.6GásePetróleo............................................................................................................................802.6.7Telecomunicações....................................................................................................................842.6.8ResumodaAnáliseSetorial.................................................................................................87

2.7ProgressoSocial..................................................................................................................882.7.1MercadodeTrabalho,EmpregoeRendadoTrabalho.............................................892.7.2Educação......................................................................................................................................952.7.3SegurançaPública....................................................................................................................992.7.4Saúde...........................................................................................................................................1002.7.5DesigualdadeePobreza......................................................................................................105

3Conclusão......................................................................................................................109

Referências......................................................................................................................111

ApêndiceA:Metodologia............................................................................................113

ApêndiceB:DadoseConstruçãodosGruposdeControleSintéticos..........118

ApêndiceC:PlacebosparaoPIBpercapita.........................................................134

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Figure1:BrasilContraEmergentes.........................................................................................14Figure2:BrasilcontraAméricaLatina...................................................................................15Figure3:ResultadoPrincipal......................................................................................................16Figure4:PesosIguaisparaosPaísesdoMelhorGrupodeControle.........................18Figure5:IncluindoaArgentina.................................................................................................19Figure6:Brasilv.AméricaLatinaUsandoaPennWorldTable..................................20Figure7:ContraPaísesdeRendaMédiaAlta......................................................................21Figure8:ExcluindoRendaBaixa...............................................................................................22Figure9:UsandoDadosdaEIU..................................................................................................23Figure10:TermosdeTrocacomosPesosdoPIB.............................................................25Figure11:TermosdeTrocacomPesosdeseuMelhorGrupodeComparação....27Figure12:RazãodeDependênciacomosPesosdoPIB.................................................28Figure13:RazãodeDependênciacomPesosdoseuMelhorGrupode

Comparação..............................................................................................................................29Figure14:PIBporPessoaEmpregada....................................................................................30Figure15:FaltadeCapitalHumano.........................................................................................33Figure16:Investimento................................................................................................................34Figure17:InvestimentoEstrangeiroDireto........................................................................35Figure18:EstoquedeCapital.....................................................................................................35Figure19:PerdasnaTransmissãoeDistribuição.............................................................37Figure20:Estradas.........................................................................................................................38Figure21:ConsumodeDiesel....................................................................................................39Figure22:VolumeTransportado..............................................................................................40Figure23:Passageiros...................................................................................................................41Figure24:TráfegoPortuário......................................................................................................42Figure25:TFP...................................................................................................................................43Figure26:ProduçãoCientífica...................................................................................................45Figure27:PatentesConcedidas.................................................................................................46Figure28:QualidadeRegulatória.............................................................................................47Figure29:Corrupção......................................................................................................................49Figure30:Inflação...........................................................................................................................52Figure31:Câmbio............................................................................................................................53Figure32:Poupança.......................................................................................................................54Figure33:CompetitividadeInternacional............................................................................55Figure34:Exportações..................................................................................................................56Figure35:ÍndicedeVolumeExportado.................................................................................57Figure36:Importações.................................................................................................................58Figure37:AberturadaEconomia.............................................................................................59Figure38:ReceitadoGoverno...................................................................................................60Figure39:GastosdoGoverno.....................................................................................................61Figure40:DívidaBruta.................................................................................................................62Figure41:MaturidadedaDívidaPública..............................................................................63Figure42:JurosdaPolíticaMonetária...................................................................................64Figure43:JurosaoTomador......................................................................................................65Figure44:BalançoExternodeBenseServiços..................................................................66Figure45:ContaCorrente............................................................................................................67Figure46:Reservas.........................................................................................................................67Figure47:Indústria........................................................................................................................68

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Figure48:ProduçãodeVeículos...............................................................................................69Figure49:ConsumodeEnergia.................................................................................................70Figure50:GeraçãodeEnergia...................................................................................................71Figure51:PerdasnaTransmissãoeDistribuição.............................................................72Figure52:PreçodaEnergia........................................................................................................73Figure53:Crédito/PIB..................................................................................................................76Figure54:Agricultura....................................................................................................................77Figure55:ProduçãoBrutadeMinério...................................................................................78Figure56:ProduçãodeMinérioporConteúdoMetálico................................................79Figure57:ProduçãodeÓleo.......................................................................................................81Figure58:ProduçãodeGás.........................................................................................................82Figure59:RefinoTotal..................................................................................................................83Figure60:RefinodeGasolina.....................................................................................................83Figure61:ImportaçãodeCombustíveis................................................................................84Figure62:PenetraçãodeTelefoniaCelular..........................................................................85Figure63:PenetraçãodeTelefoniaFixa................................................................................86Figure64:ARPU,TelefoniaCelular..........................................................................................87Figure65:ÍndicedeDesenvolvimentoHumano................................................................88Figure66:ParticipaçãodosSaláriosnoPIB.........................................................................90Figure67:PopulaçãoEmpregada.............................................................................................91Figure68:Desemprego.................................................................................................................92Figure69:SalárioMínimoNominal.........................................................................................93Figure70:SalárioMínimoReal..................................................................................................94Figure71:SalárioMédio...............................................................................................................95Figure72:Escolaridade(acimade15anos)........................................................................96Figure73:Escolaridade(entre20e24anos).....................................................................97Figure74:GastoscomEducação...............................................................................................98Figure75:Homicídios....................................................................................................................99Figure76:Encarceramento......................................................................................................100Figure77:ExpectativadeVida................................................................................................101Figure78:Saneamento...............................................................................................................102Figure79:AcessoàÁguaPotável...........................................................................................103Figure80:FertilidadeentreAdolescentes.........................................................................104Figure81:GastoscomSaúde...................................................................................................105Figure82:Desigualdade.............................................................................................................106Figure83:Pobreza1....................................................................................................................107Figure84:Pobreza2....................................................................................................................107Figure85:Subnutrição...............................................................................................................108

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1. Introdução 

Comojulgarodesempenhodeumgoverno?Ométodomaisimediatoécomparar

com o governo anterior. Apesar de simples e intuitivo, a comparação com

períodosanterioreséummétodoinsatisfatórioporumsemnúmeroderazões.

Para nossos propósitos, basta mencionar que, coincidente à eleição da então

oposição no pleito presidencial de 2002, os termos de troca do Brasil – e da

maioriadosemergentes– começaramamelhorar substancialmente. Isso, além

da política monetária frouxa nos EUA, criaram condições externas bastante

favoráveis,nãovistasnosdezanosprecedentes.OquemelhorounoBrasil?Os

governosLulaeDilmaouasmelhorescondiçõesexternas?Alémdisso,políticas

implantadasnosgovernosanterioresmaturaramduranteadécadade2000.Dois

exemplos:auniversalizaçãodoensinobásicoeafaxinadosetorfinanceiro,que

custoualgocomo15%doPIB(DeMelloeGarcia,2011).

Medir o desempenho de um governo é um problema de inferência causal. A

comparaçãosatisfatóriaécomoqueteriasidoodesempenhodopaíssoboutro

governo.Éochamadocontrafactualque,porconstrução,nãoexiste.Emciências

laboratoriais, o contrafactual é imitado através da produção de dados

experimentais: escolhendo aleatoriamente aqueles que receberão um

certotratamento e os que não o receberão, infere‐se se o efeito do tratamento

causoupela comparação entre o ocorrido com os que receberam e os que não

receberamotratamento.

Emciênciassociaiscadavezmaistenta‐sefazeromesmo,istoé,produzirdados

experimentalmente. Infelizmente, o método experimental não está disponível

para se inferir o efeito de governos. Felizmente, os cientistas sociais criaram

métodos para imitar o que seria tal país contrafactual. Usamos um deles,

particularmente apropriadopara situaçõesnasquais somenteumpaís “recebe

umtratamento”,nestecaso,umdeterminadogoverno,ehávárioscandidatosa

unidades de comparação: ométodo do controle sintético (Abadie et al, 2010).

Estado da arte da inferência causal com dados não experimentais, o método

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permitedeterminarosmelhoresgrupospossíveisdecomparaçãocomoBrasil,

umparacadadimensãodedesempenhoavaliada.

Anãoaleatoriedadedotratamentoéoproblemacentraldainferênciacausalcom

dadosnãoexperimentais.Avitóriadaentãooposiçãoem2002nãofoi fortuita:

havia uma insatisfação com o governo; o Brasil partia de uma situação

relativamentefrágil,fragilidadeestaagravadapelaprópriaperspectivadetroca

de governo. O fato do Brasil estar, na largada, em uma situação diferente dos

outros países atrapalha que sejam interpretadas como causais quaisquer

diferenças que porventura apareçam entre o Brasil e outros países depois de

2002.A não aleatoriedade da chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao

podercausaumproblemadecomparabilidade.Emsuma,oBrasileradiferente

de outros países antes de 2003, o que torna difícil, mas certamente não

impossível,compará‐locomoutrospaísesdepoisde2002.

O método do grupo de controle sintético procura mitigar o problema da

comparabilidadeescolhendoumgrupodecomparaçãoquesejaomaisparecido

possível com o Brasil de antes de 2003, no sentido estatístico. Em outras

palavras, cria‐se um país sintético que aproxime as características do Brasil.

Crucialéqueogruposintéticodecomparaçãoconsigaimitarsatisfatoriamentea

trajetóriadoBrasilantesdachegadadoPTaopoder.Comoveremos,nestecaso

ométodofuncionabastantebemparaamaioriadasdimensõesqueanalisamos.

OapêndiceAdescrevedetalhadamenteométodo.Aquiexplicamosbrevemente

sua intuição2. Considere o exercício de mensurar o que teria ocorrido com o

crescimentopercapitadoBrasilnaausênciadotratamento,i.e.,ogovernodoPT.

Parte‐sedeumconjuntodepaíses“candidatos”àcomparaçãocomoBrasil,no

casoo conjuntodepaísesemergentes conformedefiniçãodoFundoMonetário

Internacional (FMI).3Elenca‐se um conjunto de variáveis que, potencialmente,

2Abadie et al (2010) mostra as condições formais para que o método recupere o efeito causal do tratamento. 3Quando há informação disponível para um grupo suficientemente grande de países emergentes, o que é a maioria dos casos. Nos outros, expandimos a amostra de países de modo a permitir a implantação do procedimento. É reconfortante que, nesses casos, o procedimento dá pesos maiores para os emergentes. Finalmente, há casos para os quais claramente o grupo relevante de comparação deve

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explicam crescimento do PIB per capita. Usa‐se os valores para prever o

crescimento que ocorreu no Brasil antes do tratamento, neste caso o período

antesde2003. Esseexercícionosdáa importânciadecadaumdos fatoresde

explicação do crescimento brasileiro no período anterior ao ano 2003. Em

seguida, busca‐se a combinação entre os países candidatos que melhor se

aproximadoBrasil, antes do tratamento, nas dimensões que importamparao

crescimentodoPIBpercapita.

Para efeito de ilustração, imagine que apenas o investimento per capita e o

crescimentodoPIBpercapitanospaísesemergentesimportamparaoprevero

PIBpercapitadoBrasilantesde2003.Eimaginequeoinvestimentopercapitae

ocrescimentodoPIBpercapitanospaísesemergentesexplicam10%e90%do

crescimentodoPIBper capitadoBrasil, respectivamente. Finalmente, imagine

quehádoispaísesnoconjuntodeemergentes:oMéxicoeaÍndia.Suponhaagora

que, antesde2003,o crescimentodoPIBper capitada Índia separeciamuito

comodoBrasilmas,poroutrolado,oinvestimentonaÍndiafoimuitodiferente

dobrasileiro.E vice‐versaparaoMéxico: o investimentomexicano separecia

muitocomobrasileiro,masocrescimentodoPIBpercapitafoimuitodiferente.

NessecasoomelhorgrupodecomparaçãoseráumamisturadeÍndiaeMéxico,

dandomuitomaispesoparaaÍndiadoqueparaoMéxicoporqueaÍndiaseria

mais parecida com o Brasil na dimensão mais relevante para explicar o

crescimento do PIB per capita brasileiro antes de 2003 (o período “pré‐

tratamento”). Por exemplo, o melhor grupo de comparação seria uma média

ponderada de Índia e México com 90% de peso para a Índia e 10% para o

México. Imagineque,depoisde2003,a Índiacresceuemmédia5%eoMéxico

apenas 1%. Nesse caso, o melhor grupo de comparação terá crescido 4,6%

(0,9x5%+0,1x1%).SeoBrasil cresceuemmédia5%depoisde2003,oefeito

tratamentodosgovernosLulaeDilmaseriaumcrescimentode0,4%.

Ométodo é agnóstico. Cabe aos dados, e não ao pesquisador, decidir quais as

variáveis importamparapreverocrescimentodoBrasilantesde2003,quanto

incluir países não emergentes. Por exemplo, quando avaliamos a produção de minério de ferro, é importante incluir a Austrália. Ver Apêndice A.

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cada uma importa e, não menos importante, a escolha do melhor grupo de

comparação.Aopesquisadorcabeapenasdefinirogrupoinicialdecandidatosà

comparaçãoeosfatorescandidatosaexplicaravariáveldeinteresse.Nonosso

caso, o grupo potencial de comparação, do qual sairá o melhor grupo de

comparação,é incontroverso:osemergentescomodefinidospeloFMI4.Quanto

aosfatoresexplicativos,podemosserigualmenteagnósticoseincluirumaampla

gamadeles.Osdadossãoaúnicarestrição:quantomaioronúmerodepaísese

deanosantesde2003,maisvariáveisexplicativaspodemosusar.

Em suma, o método do grupo de controle sintético tem uma vantagem

fundamental: como investigador não tem muita discrição, evitam‐se debates

muitasvezespoucoúteisarespeitodequaléopeergroupdoBrasil.Sãoospaíses

latino‐americanos? É o México, grande e com PIB per capita parecido? Ou a

Colômbia,nãotãogrande,umpoucomaispobre,masigualmentedesigual?Ouo

Chile,tambémexpostoàmineração?OuaArgentina,grandeprodutoradegrãos,

comooBrasil,eimportanteparceiracomercial?SeráqueosemergentesdaÁsia

eÁfricanãotêmnenhumavaliaemtermosdecomparaçãocomoBrasil?Emvez

de tentar responder essas perguntas, todas muito difíceis, o método deixa os

dadosdecidirem:omelhorpeergroupéaquelequemelhorimitaoBrasilantesdo

tratamento,i.e.,antesde2003.

Analisamosumaamplagamadevariáveismacroeconômicas,microeconômicas,

setoriaisesociais.Oexercíciofazmaissentidoparavariáveisquepodemobjeto

depolítica.Porexemplo,oPIBpercapitaéafetadopelasescolhasdosgovernos.

Defato,éoquequeremosavaliar.Poroutrolado,émuitodifícilqueasdecisões

dogovernoafetemostermosdetroca,pelomenosnocurtoounomédioprazos.

No jargão,os termosde trocasãoexógenos. Jáoutrasvariáveispodemsimser

afetadas por políticas. Por exemplo, políticas redistributivas podem afetar

desigualdadederenda.Políticassetoriaisafetamdecisõesdeinvestimentoe,em

últimainstância,odesempenhodaindústria.

4Na prática não usamos todos os países emergentes porque a implantação numérica do método exige que haja informações completas para o país ser incluído na amostra (demanda um painel balanceado, no jargão econométrico). Mas a amostra final é bem representativa dos países emergentes. Ver os Apêndices A e B.

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Osmelhoresgruposdecomparaçãosãocomputadoscasoa caso.Oexemplodo

minériodeferroajudaailustrarporque.Bomsenso,maisdoqueeconometria,

sugerequeaAustráliatenhagrandepesonogrupodecomparação.Afinal,Brasil

eAustráliatêmasmaioresoperaçõesnomercadotransoceânicodeminériode

ferro.De fato,osdadosescolhemaChinaeaAustráliacomoomelhorgrupode

comparaçãopara julgar a evoluçãodaproduçãodeminério5.Quandoolhamos

paraaproduçãocorrigidaparaconteúdometálico,aAustráliarecebepeso1:ela

é o melhor “grupo” de comparação. Esses dois resultados são totalmente

esperadosà luzdoquesabemossobrea indústria.Os trêsmaioresprodutores

são Brasil, Austrália e China mas, no que se refere ao conteúdo metálico, a

Austrália é o único produtor que chega perto da qualidade de Carajás. É

reconfortantequeaeconometriaestejadeacordocomobomsenso:o fatodos

dados recuperarem isso de forma completamenteagnóstica aumenta muito a

confiança de que o procedimento gerará grupos de comparação razoáveis no

casosemquenãopodemosapelarparaobomsensoparajulgararazoabilidade

domelhor grupode comparação.Gostaríamosdeusar aAustráliapara julgar a

evolução do PIB per capita brasileiro?Pode ser que sim, mas é difícil que

queiramos impor isso a priori, apenas para manter iguais os grupos de

comparaçãoparaPIBpercapitaeparaproduçãominério.

Resumindoosresultados,encontramososseguintes fatos.Apartirde2003,os

termosdetrocadoBrasil,assimcomodeváriospaísesemergentes,melhoraram

substancialmente, impulsionados pelo aumento do preço de commodities

agrícolaseminerais.De fato,oBrasilrecebeuummanáexternomaisgeneroso

do que os outros países emergentes. No entanto, tivemos um desempenho

econômico inferior ao do melhor grupo de comparação em quase todas as

dimensõesrelevantes.

5Abrimosalgumaspoucasexceçõesàregradecomeçarcomospaísesemergentescomoogrupodecandidatosaparticiparemdomelhorgrupodecomparação.Trêssãoasrazõesparafaze‐lo:disponibilidadededados,robustezeinformaçãopréviaincontroversasobrearazoabilidadedeumpaíspertenceraogrupodecandidatos.OcasodaAustrálianominériodeferropertenceàúltimarazão.

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OPIBpercapitaeoinvestimentocresceramsubstancialmentemenosdoqueo

melhor grupo de comparação. A produtividade, principal fonte de crescimento

de longo‐prazo de um país, cresceu menos do que no melhor grupo de

comparação.AProdutividadeTotal dos Fatores (TFP, da sigla em inglês), uma

medida de produtividade agregada,piorou tanto em termos relativos comoem

termos absolutos. Em linha com a evolução da TFP, a produção científica e a

concessão de patentes cresceram menos do que no melhor grupo de

comparação. O investimento em infraestrutura foi também aquém daquele

obtidopelomelhorgrupodecomparação.Oinvestimentoestrangeirodiretofoi

menordoquenomelhorgrupodecomparação.

Namacroeconomia de curto prazo, melhoramos nas dimensões fiscal, posição

externaepolíticamonetária,masem linhacomomelhorgrupo.Tivemosmais

inflaçãodoqueomelhorgrupodecomparação,oqueéparticularmentenotável

dadoquecrescemosmenos.Ouseja,menoscrescimentoemaisinflação.

Nosquesitosinstitucionaistambémfomosmal.Aqualidadeinstitucional,medida

peloíndicedeQualidadeRegulatóriadoBancoMundial,pioroumuitoemrelação

aomelhor grupode comparação. Em realidade, a qualidade regulatóriapiorou

também em termos absolutos. A percepção corrupção piorou em relação ao

melhorgrupodecomparação.

Emsuma,emtermosdeinvestimento,produtividadeeconstruçãoinstitucional,

olegadoeconômicoparaofuturoé,namelhoradashipóteses,desalentador.

Avaliamostambémváriossetoresimportantesparaaeconomiabrasileira,como

agricultura, indústria, energia, mineração, telecomunicações, infraestrutura e

bancário. Com a honrosa exceção das telecomunicações – setor privatizado no

finaldosanos1990–odesempenhobrasileirofoinamelhordashipótesesigual

ao do melhor grupo de comparação. O setor agrícola foi bem em termos

relativos.Adisponibilidadededadosdeterminaaescolhadossetoresanalisados.

Estudamos todos os setores importantes para os quais há umpainel de dados

compelomenos5paísesdisponíveldesdepelomenosoano2000.

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Omercadodetrabalhofoiagrandeestrela.Aparticipaçãodamassasalarialna

renda aumentou em relação aomelhor grupo de comparação.No entanto, este

aumento não adveio de ganhos reais de salário, que andou em linha com o

melhor grupo de comparação, mas sim do aumento do emprego e,

principalmente,daparticipaçãonaforçadetrabalho.

O ÍndicedeDesenvolvimentoHumano(IDH)melhorouem linhacomomelhor

grupodecomparação.Aquedadadesigualdadederenda,meninadosolhosdos

governos Lula e Dilma, foi um pouco menor do que no melhor grupo de

comparação. A pobreza caiu em linha com o melhor grupo de comparação. A

educaçãotambémfoiumpoucopior,asaúdeemlinha,apesardetermosgastado

mais do que os melhores grupos de comparação.A segurança pública foi bem

pior.Novamente,adisponibilidadededadosdeterminouaescolhadasvariáveis

socais.Olhamos todasasvariáveisparaasquaisháumpaineldenomínimo5

países desde 2000. Por exemplo, ficou de fora um quesito importante: déficit

habitacional.Simplesmentenãoencontramosinformaçõesparaaconstruçãodo

melhorgrupodecomparação.

Em suma, em relação aos melhores grupos de comparação, deveríamos estar

maisricose,principalmente,poderíamosterconstruídobasesmaissólidaspara

aprosperidadefuturasetivéssemosinvestidoomesmoqueomelhorgrupode

comparação, tantona formaçãodecapital físicoquantodecapitalhumano.Por

fim, comprometemos inutilmente as bases da prosperidade futura piorando o

arcabouço institucional do país, enquanto o melhor grupo de comparação

melhorou ao longo da década. Tivemos alguns importantíssimos avanços nos

quesitossociais.Nãoavançamos,noentanto,emtermosrelativos.

Em suma, colhemos as frutas que estavam baixas na árvore: colocamos as

pessoas para trabalhar, o que aumentou a massa salarial e a renda dos

trabalhadores. Isso é bom,mas certamente insuficiente para criar crescimento

sustentável no longo prazo. Em quase todas as outras dimensões fomos mal

relativamente.

Page 13: A Década Perdida 2002-2013

12

Nãoháinformaçãoposteriora2012paraamaioriadasvariáveis.Emrealidade,

muitas vezes não temos dados para depois de 2011 ou 2010. Portanto, essa é

uma avaliação do desempenho do Brasildurante o governo Lula e o primeiro

biêniodogovernoDilma.É sabidoqueaeconomiabrasileira sedeteriorouem

termos relativos desde 2010. Nossos resultados, caso pudéssemos estender a

amostraparaosanosmais recentes,provavelmentepintariamumquadropior

paraodesempenhorelativodoBrasil.

Por fim, algumas palavras sobre Economia Política. Os resultados aqui são

perfeitamente compatíveis com o bom desempenho eleitoral do Partido dos

Trabalhadores nos anos 2000 e com ainda alta popularidade do ex‐presidente

Lula. Ao eleitor é fácil comparar antes e depois. E, objetivamente, o Brasil foi

melhornosanos2000doquenosanos1990.Mas,tendorecebidofortesventos

favoráveis, teve um desempenho medíocre, quando julgadorelativamente a

outrospaíses.Issonãoquerdizerqueoeleitorsejairracionalou“voteerrado”.

Aquisição de informação é cara, o que torna limitada a racionalidade, fazendo

com que a regra do depois‐versus‐antes seja perfeitamente racional para o

eleitor.

Além desta introdução e das seções que apresentam os resultados para as

múltiplasdimensõesqueanalisamos,oartigocontémtrêsapêndices.OApêndice

A delineia formalmente do método de estimação do melhor grupo de

comparação; o Apêndice Bdescreve as fontes de dados eos códigos usados –

emStata(c)–,demodoqueosresultadossãofacilmentereproduzíveisporoutros

pesquisadores.OApêndiceCmostraevidênciadesignificânciaestatísticaparaos

resultadosdoPIBpercapita.

Page 14: A Década Perdida 2002-2013

13

2O Desempenho relativo do Brasil 

2.1 Crescimento Econômico 

ComeçamospeloPIBpercapita,amedidadequantoéproduzidoporhabitante

em um país. Há várias fontes de dados disponíveis para PIB per capita, com

diferençasmetodológicasnãodesprezíveisentreelas.AfonteprincipaléaWorld

DevelopmentIndicators,umabasededadosdoBancoMundial,porqueelaéamais

extensiva no número de variáveis que serão usadas na análise posterior. Por

robustez,mostramosdiferentesexercíciosusandodoisoutrosbancosdedados:a

PennWorldTableeaEconomistIntelligenceUnit(EIU).

Começamos pelos dados do BancoMundial. Antes de avaliar o Brasil à luz do

melhorgrupodecomparação,fazemosalgumascomparaçõessimples.AFigura1

mostraaevoluçãodoPIBpercapitanoBrasileamédiadospaísesemergentes,

conforme a definição do FMI. As trajetórias têm um forte componente

comum.Tanto os emergentes como o Brasil passam a crescermais fortemente

depoisde2002.Osemergentes,que jávinhamcrescendomaisdoqueoBrasil

até 2002, seguem crescendo mais fortemente depois. Ou seja, o desempenho

econômico do Brasil, medido pelo PIB per capita, não é brilhante, quando

comparadoàmédiadosoutrospaísesemergentes.

Page 15: A Década Perdida 2002-2013

14

Figure1:BrasilContraEmergentes

Pode ser injusto comparar o crescimento do PIB per capita do Brasil com a

média dos outros países emergentes. Como a própria Figura 1 mostra, os

emergentes são, em média, mais pobres que o Brasil. Portanto, não é

surpreendente que eles cresçam mais acentuadamente6. Essa é a principal

vantagem do método do controle sintético: por construção, o método

tentareplicarsãosóatrajetória,mastambémoníveldoPIBpercapitaantesdo

“tratamento”,nessecasoachegadadoex‐presidenteLulaaopoder.

Outro exercício pertinente é olhar somente para o países latino‐americanos. É

arguível que os vizinhos latino‐americanos sejammais parecidos com o Brasil

paracomeçar, tornando‐osmaiscomparáveis7. AFigura2apresentaomesmo

exercício da Figura 1, mas com a amostra restrita aos emergentes latino‐

americanos8.Agora,vemosqueatrajetóriadecrescimentoantesde2003ébem

6A Figura 1 apresenta a media simples dos países emergentes. Ou seja, tratamos China e Tailândia, por exemplo, da mesma forma. Ponderando por população torna mais acentuada a diferença de crescimento do PIB per capita. Figura disponível para os interessados. 7Como veremos, essa intuição não sobrevive à empiria: a melhor maneira de replicar o PIB per capita do Brasil antes de 2003 não contém muita América Latina. 8Para fazer parte da amostra é preciso que haja observações de um conjunto de variáveis para todos os anos entre 1995 e 2012, segundo os dados disponíveis no sítio do Banco Mundial. Por isso a ausência

3500

4000

4500

5000

5500

6000

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Média dos Emergentes

Fonte: WB

US$ Constantes em 2005

PIB per Capita: Brasil v. Emergentes

Page 16: A Década Perdida 2002-2013

15

parecidacomoBrasil.Depoisde2002,oPIBpercapitamédiodaAméricaLatina

crescemaisrapidamentedoqueobrasileiro.OPIBpercapitamédiodospaíses

latino‐americanosémaisaltodoquenoBrasil.Portanto,oargumentodabase

maisbaixanãoseaplicanestecaso.

Figure2:BrasilcontraAméricaLatina

O método do controle sintético mitiga ao máximo o problema de

comparabilidade, deixando os dados recuperarem qual é o melhor grupo de

comparaçãoparaoPIBpercapitadoBrasil.AFigura3mostraaevoluçãodoPIB

percapitanoBrasilenoseumelhorgrupodecomparação.Esteénossoresultado

principal.

da Argentina, país cujos dados de PIB per capita não é reportado no World Development Indicators desde 2008.

4500

5000

5500

6000

6500

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Média da América Latina

Fonte: WB. Média LatAm inclui Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México

US$ Constantes em 2005

PIB per Capita: Brasil v. América Latina

Page 17: A Década Perdida 2002-2013

16

Figure3:ResultadoPrincipal

Ométodotemumdesempenhobomnoperíodopré‐tratamento:omelhorgrupo

decomparação,aproximandosatisfatoriamentetantoatrajetóriacomooníveldo

PIB per capita antes de 2003. Comparando com as Figuras 1 e 2, o controle

sintéticoparecebastantemaiscomparávelcomoBrasil.

Entre1995e2002,oPIBpercapitarealemdólaresde2005ficaestáveltantono

Brasil como nomelhor grupo de comparação.A partir de 2003 amboscrescem

substancialmente, com uma breve interrupção durante a crise de 2009. No

entanto, o PIB per capita do melhor grupo de comparaçãosobe

significativamentemaisdoqueodoBrasil.Emrelaçãoa2002,oPIBpercapitano

melhorgrupodecomparaçãoestava42%,masapenas28%maisaltonoBrasil.

Emtermosmonetários,arendapercapitamédiaseria592,00dólaresde2005

mais alta. Em Reais atuais, isso representa mais de R$1.460,00 por pessoa.

Parapaíscomoumtodo,oPIBseriaquaseR$300bilhõesmaior.

O grupo de controle do Brasil coloca quase 60% de peso na Turquia, 20% na

Tailândia e 15% em Ucrânia. Esses fatos têm duas consequências para

interpretaçãodoresultado.Primeiro,TurquiaeUcrânia–quecompões75%do

4000

4500

5000

5500

6000

6500

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB, IMF e IFO. Tailândia (0.206), Turquia (0.577), U crânia (0.146) e África do Sul (0.071).

US$ Constantes em 2005

PIB per Capita

Page 18: A Década Perdida 2002-2013

17

melhorgrupode comparação– são paísesde rendamédia‐alta, relativamente

industrializados. Logo, a diferença de desempenhonãopode ser explicada pelo

fato do procedimento ter escolhido países emergentes relativamente pobres e

pouco industrializados, que deveriam ter crescimento mais fortemente,

impulsionados peloboom de preços de commodities. Por outro lado, a alta

concentração, especialmente emTurquia, pode levantar a preocupação de que

uma coincidência com a Turquia tenha gerado o resultado. Para averiguar se

nossoresultadoégeradoportalcoincidência,aplicamosomesmopesoatodos

os países que receberam algum peso positivo pelo procedimento. A Figura 4

mostraoresultado.É importantenotarque,nestecaso,nãohánenhumarazão

paracrerquea trajetóriaouníveldomelhorgrupodecomparaçãoedoBrasil

sejamparecidosantesde2003.

Page 19: A Década Perdida 2002-2013

18

Figure4:PesosIguaisparaosPaísesdoMelhorGrupodeControle

DoisfatosinteressantesemergemdaFigura4.Primeiro,ogrupodecomparação

é emmédia composto de países com renda per capitamédiamenor do que o

Brasil. Isso se dá pelas presenças de Tailândia e África do Sul. É esse

precisamenteopontodoprocedimentodecontrolesintético:aodarpesogrande

à Turquia, o procedimento emula um país de comparação com nível de renda

parecido com o brasileiro. Ou seja, os pesos estimados pelo procedimento de

controle sintético importam. Segundo, o Brasil cresce aproximadamente em

linhacomospaísesnomelhorgrupodecontroleentre1995–2002.Apartirde

2003, tanto o Brasil como esse conjunto de países passam a crescer mais

aceleradamente.

AFigura5mostraoexercíciodomelhorgrupodecomparaçãoquandoincluímos

aArgentinacujosdadosprecisamser introduzidoscominformaçõesdePIBper

capitaemPPPfornecidaspeloFMI.

3500

4000

4500

5000

5500

6000

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Controle: Turquia, África do Sul, Tailândia e Ucrânia

US$ Constantes em 2005

PIB per Capita: Pesos Iguais

Page 20: A Década Perdida 2002-2013

19

Figure5:IncluindoaArgentina

Há três fatos ilustrados na Figura 5. Primeiro, a conclusão é similar àquela da

Figura3: caso tivesse crescido comoomelhorgrupode comparação,oPIBper

capitabrasileiroestaria10%maisalto.Segundo,oajustoantesde2003éainda

melhordoquenaFigura3.Terceiro,omelhorgrupodecomparaçãoéparecido

àqueledaFigura3,sugerindoqueométodoérobusto9.

Agora passamos para a base do Penn World Table, que é mais completa em

termosdepaíses.Comoeste éumexercíciode robustez,nãonos restringimos

apenasaospaísesemergentesconformeadefiniçãodoFMI.AFigura6mostrao

exercíciodomelhorgrupodecomparaçãoconsiderandotodospaísesdaAmérica

LatinaeCaribe,conformeadefiniçãoderegiõesdoBancoMundial10.

9Oquartofatonotávelédenaturezatécnica.PassamaterpesopositivooMéxicoeaMalásia,enãoaArgentina.Pelométodoutilizado,issoéperfeitamentepossível:aintroduçãodaArgentinaalteraasvariáveisqueexplicamoPIBpercapitanoBrasileépossívelqueoMéxicoeaTailândiasepareçammaisaoBrasilcomasnovospesosdadosàsvariáveisexplicativas.10AbasededadosdaPennWorldTableémuitoricaemnúmerodapaíses,masrelativamentepobreeminformaçõessobreospaíses.Alémdissoelavaisóaté2010.Utilizamos,noprocedimento,asvariáveisládisponíveis:alémdoPIBpercapitaemPPP,temosfraçõesdeconsumo,investimentoeconsumodogoverno,populaçãoeumíndicedeexportaçõeseimportaçõessobreoproduto.

6000

8000

1000

012

000

1400

0

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: FMI. México (0.093), M alásia (0.106), Tailândia (0.066), Turquia (0.49), U crânia (0.153) e África do Sul (0.091)

PPP Corrente

PIB per Capita

Page 21: A Década Perdida 2002-2013

20

Figure6:Brasilv.AméricaLatinaUsandoaPennWorldTable

AFigura7consideratodosospaísesconsideradosderendamédiaalta,conforme

classificaçãodoBancoMundial.OBrasilestánessegrupo.

6500

7000

7500

8000

8500

9000

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Colômbia (0.688), Cuba (0.177), M éxico (0.135)

PIB per capita, PPP dólares de 2005

PIB per capita: América Latina

Page 22: A Década Perdida 2002-2013

21

Figure7:ContraPaísesdeRendaMédiaAlta

Agora incluímos, além daqueles de rendamédia alta, os países de renda alta.

Portanto, retiramos da amostra os países de renda baixa e muito baixa.

ComparandooBrasilcompaísesigualmentericosoumaisricos,seriamaisfácil

que o Brasil fosse melhor em termos comparativos. A Figura 8 mostra o

resultado.

6000

7000

8000

9000

1000

0

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (10,9), Col ômbia (0.206), Cuba (0.218), Turquia (0.314) e Venezuela (0.126)

PIB per capita, PPP dólares de 2005

PIB per capita: Renda Média Alta

Page 23: A Década Perdida 2002-2013

22

Figure8:ExcluindoRendaBaixa

Vemos que os resultados são bastante robustos. Mudando o grupo de países

candidatos ao melhor grupo de comparação, altera‐se o melhor grupo de

comparação,comoseriadeseesperar.Masaconstataçãoésempreamesma:o

PIB per capita brasileiro cresceu menos do que nos melhores grupos de

comparação. De fato, ao mudar ou ampliar o grupo de países candidatos a

membrosdomelhorgrupodecomparação,aumentaadiferençaentreoBrasile

o melhor grupo de comparação. Se começamos com a América Latina, países

geograficamentepróximosaoBrasil,adiferençaaofinalde2010émaiordoque

10%(Figura6).SecomeçamoscompaísesderendaparecidacomàdoBrasil,a

diferençaao finalde2010é15%(Figura7). Se incluirmosospaíses ricos,cujo

ritmodecrescimentotendeasermenor,adiferençaaindaseguemaiordoque

10%(Figura8).

Os resultados nas Figuras 6 e 7 reforçam a percepção de que a diferença de

desempenhodoBrasilcomomelhorgrupodecomparaçãonãoédevidaaofato

de compararmos o Brasil com emergentes mais pobres e menos

industrializados.Mesmo quando permitimos que o procedimento compare o

6000

7000

8000

9000

1000

0

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.112), Colômbia (0.536), Cuba (0.184) e Japan (0.049) e Peru (0.120)

PIB per capita, PPP dólares de 2005

PIB per capita: excluindo renda baixa

Page 24: A Década Perdida 2002-2013

23

Brasilcompaísesderendamédiaaltaealta,omelhorgrupodecomparaçãotem

desempenhosuperioraobrasileironoperíodo2003–2010.

Nunca é demais lembrar que os dados da PennWorld Table param em 2010,

aindamaiscedodoqueosdadosdoBancoMundial.Tudoindicaqueadiferença

serámaioraindaquandopudermosincluirosdadosmaisrecentes.

Por fim, usamos os dados da EconomistIntelligence Unit(EIU), que procura

utilizar somente dados que sejam, segundo seus critérios, comparáveis

internacionalmente. Por exemplo, a EIU evita ao máximo utilizar fontes

domésticas de dados. Os números são, portanto, potencialmente diferentes

daqueles do Banco Mundial e da PennWorld Table e servem aopropósito de

checar,maisumavez,arobustezdosresultados.AunidadereportadapelaEIUé

oPIBpercapitaemdólaresPPPcorrentes,porissoonívelmaisaltodoqueos

gráficosdaPennWorldTable.

Figure9:UsandoDadosdaEIU

Ográficomostra,maisumavez,ofracodesempenhorelativodoBrasil.Ogrupo

decontroleélevementediferentedosoutrosgráficos.Em2003oBrasilpartedo

mesmo nível do que o melhor grupo de comparação. O melhor grupo de

comparaçãooPIBpercapitaemPPPquase17%maiorqueoBrasil.

6000

8000

1000

012

000

1400

0

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: Pearson. Argentina (0.109), Chi le (0.241), M éxico (0.139), Tailândia (0.373) e África do Sul (0.139) ).

USSPPP

PIB per capita

Page 25: A Década Perdida 2002-2013

24

Em suma, se tivéssemos crescido em linha com os melhores grupos de

comparação, estaríamos pelo menos 10% mais ricos atualmente. Esse limite

mínimo é bastante robusto: resiste a três fontes diferentes de dados, a vários

grupos diferentes de paísescandidatos a pertencerem ao melhor grupo de

comparaçãoe,consequentemente,adiferentesmelhoresgruposdecomparação.

É precisonotar, no entanto, que a composiçãomelhor grupode comparação é

razoavelmenterobustaàsdiferentesfontesdedados.

Por último, até agora fomos silenciosos quanto à significância estatística das

diferençasestimadas.OapêndiceCmostraoprocedimentoqueAbadie (2010)

propõeparaavaliarseháevidênciadequeasdiferençasestimadassãomaisdo

queruídoestatístico.

2.2 Condições estruturais 

É importante contextualizar as condições e restrições às quais o país e os

formuladoresdepolíticapúblicaestãosubmetidos.Doisfatoressãodeprimeira

ordemdeimportância:ostermosdetrocaeataxadedependência.Ambosestão

fora do controle dos formuladores de política pública, ao menos nos curto e

médioprazos.

2.2.1 O Maná Externo 

É comum que os governos atribuam maus resultados ‐ ainda que relativos –

àscondições externas. E é, evidentemente e em princípio, possível que as

condiçõesexternascontribuamparaexplicaradiferençanas trajetóriasdoPIB

per capitadoBrasil edomelhorgrupode comparação.AFigura10mostraos

termos de troca do Brasil e do melhor grupo de comparação que gerou a

trajetóriadePIBpercapitadaFigura3.Ostermosdetrocasãoarazãoentreo

preçodosprodutosqueopaísexportaedosque importa.Elesmedemovalor

relativodosprodutosqueopaísexporta.Quantomaioréessenúmero,maiso

Page 26: A Década Perdida 2002-2013

25

paísconseguecomprardebensnoexteriorparaumamesmaquantidadedebens

exportados. Portanto, aumentos os termos de troca representam um maná

externo,umaumentode“rendareal”paraopaís.Seráqueogrupodepaísescom

os quais comparamos o Brasil na Figura 3 recebeu um maná externo mais

generosodoqueoBrasil?

Figure10:TermosdeTrocacomosPesosdoPIB

AFigura10normalizaostermosdetrocaem100noano2000.Nãohárazãopara

oajustepré‐2003serbom.Afinal, estamosaaveriguarcomosecomportamos

termosdetrocadomelhorgrupodecomparaçãodoPIBpercapita.Ostermosde

trocadoBrasil caementre1995e2003,quandoatingemomenorníveldesde

1995.OstermosdetrocadomelhorgrupodecomparaçãodoPIBficarambaixos

durante todo o período1995 –2002.A partir de 2003, os termosde trocado

Brasil começam a recuperar‐se, primeiro lentamente, depois de 2005 mais

rapidamentee,apartirde2009,vertiginosamente.Emcontraste,os termosde

troca domelhor grupo de comparação do PIB oscilam, entre 2003 e 2012, ao

redorde90%donívelde2000.Omelhorgrupodecomparaçãocontém60%de

Turquia,pais relativamente industrializadoque surfou menos a onda das

commodities. JáoBrasilrecebeuumpresentenaformadoboomdecommodities.

9010

011

012

013

014

0

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Tailândia (0.206), Turquia (0.577), U crÂnia (0.146)e África do Sul (0.071).

Pesos do Contole Sintético para PIB per Capita(2000 = 1 )

Termos de Troca

Page 27: A Década Perdida 2002-2013

26

Portanto,nãopodemosatribuiraocenáriocomercialexternoopiordesempenho

doBrasilemrelaçãoaomelhorgrupodecomparaçãodoPIBpercapita.

Apesar de não ser o objeto de interesse principal, a Figura 11 mostra o que

ocorre aos construirmos o melhor grupo de comparação específico para os

termos de troca. Vemos dois fatos interessantes. Primeiro, o método faz um

ajustemuitomelhordostermosdetrocaantesde2003,conformeesperado.Em

outraspalavras, a diferençadeajuste entre as Figuras10 e11mostra comoo

método funciona bem. Segundo, os termos de troca do Brasil andaram

estritamenteemlinhacomostermosdetrocadomelhorgrupodecomparação

computadoparaos termosde troca. Essanão é amétricamais relevantepois,

paraavaliaroefeitodetermosdetrocano PIBpercapita,émelhorveroque

ocorreucomostermosdetrocadospaísesdomelhorgrupodecomparaçãodo

PIBpercapita(Figura10).Mas,mesmosecomputarmosindependentementeo

melhorgrupodecomparação,oBrasilnãorecebeuummanáexternomenordo

que seus pares que tinham termos de troca parecidos com o Brasil antes de

2003. Sealgumacoisa,foimaior.Ouseja,ocrescimentoaquémdoparesnãoé

devidoàsdiferençasnastrajetóriasdostermosdetroca.

Page 28: A Década Perdida 2002-2013

27

Figure 11: Termos de Troca com Pesos de seu Melhor Grupo deComparação

2.2.2 O Maná Interno 

Ademografia tambémpodeajudarouatrapalharodesempenhoeconômicode

um país. A variável demográfica mais importante para o desempenho

macroeconômico é a razão de dependência, o número de idosos acima de 60

anos e de adolescentes e crianças abaixode15 anos.AFigura12mostra essa

relaçãoparaoBrasileparaomelhorgrupodecomparaçãodoPIB.Assimcomo

no caso dos termos de troca, essa é a contamais relevante já que a razão de

dependência não pode ser afetada por política pública, exceto talvez no longo

prazo. Tanto no Brasil como no melhor grupo de comparação, a taxa de

dependência, que já vinha caindo antes de 2003, seguiu em queda depois de

2003.OBrasilteveumatrajetóriasimilaraomelhorgrupodecomparaçãoapós

2003.Logo,nossosparesnão tiveramummaná internomaiordoqueoBrasil.

Porcompletude,mostramosoexercíciodataxadedependênciaparaseupróprio

melhorgrupodecontrole(Figura13).Nenhumamudançanotável.

100

110

120

130

140

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.168), Índi a (0.329), P eru (0.268) e África do Sul (0.234).

(2000 = 1 )

Termos de Troca

Page 29: A Década Perdida 2002-2013

28

Figure12:RazãodeDependênciacomosPesosdoPIB

4550

5560

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Tailândia (0.206), Turquia (0.577), U crÂnia (0.146)e África do Sul (0.071).

Pesos do Contole Sintético para PIB per Capita(2000 = 1 )

Termos de Troca

Page 30: A Década Perdida 2002-2013

29

Figure 13: Razão de Dependência com Pesos do seu Melhor Grupo deComparação

2.3Produtividade 

OPIBpercapitapodeserexpressocomoPIBportrabalhadorempregadovezesa

proporçãodapopulaçãocomemprego.Comomostraremosabaixo,aproporção

de pessoas empregadas aumentou (em relação ao melhor grupo de controle

dessavariável).Portanto,paraentenderas razõespelasquaisoPIBpercapita

esteveaquémdoquepoderiatersido,éfundamentalentenderaevoluçãodoPIB

portrabalhadorempregado.

AFigura14,painelAapresentaográficodoPIBporpessoaempregadoBrasile

do melhor grupo de comparação, computado especialmente para os PIB por

pessoa empregada (e, portanto, potencialmente diferente domelhor grupo de

comparaçãodoPIBpercapita).OpainelAdaFigura14nosinformasobreoque

ocorreucomaprodutividademédiadotrabalho.

4550

5560

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle SintÈtico

Fonte: WB. Colômbia (0.093), Índi a (0.05), P olônia (0.345), Turquia (0.288) e África do Sul (0.224).

(% da População em Idade Ativa)

Razão de Dependência

Page 31: A Década Perdida 2002-2013

30

Figure14:PIBporPessoaEmpregada

PainelA

PainelB

Comopode‐sever,adiferençaentreoqueocorrenoBrasilenomelhorgrupode

comparaçãoparaoPIBporpessoaempregadaémuitomaispronunciadadoque

nocasodoPIBpercapita.OPIBportrabalhadorpraticamentenãosemoveentre

1995e2003tantonoBrasilquantonomelhorgrupodecomparação.Depoisde

1200

014

000

1600

018

000

2000

0

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.237), Turquia (0.164), U crânia (0.333), Venezuela (0.222) e África do Sul (0.044).

(PPP Constantes de 1990)

PIB por Pessoa Empregada

1200

014

000

1600

018

000

2000

022

000

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB.

(PPP Constantes de 1990, Pesos do PIB per capita)

PIB por Pessoa Empregada

Page 32: A Década Perdida 2002-2013

31

2002,enquantooPIBportrabalhadordisparanomelhorgrupodecomparação,

elepermaneceestávelnoBrasilaté2005.Excetopelointerregnodacrise(2009),

aprodutividademédiadotrabalhocontinuaasubirvertiginosamentenomelhor

grupo de comparação entre 2005 e 2012. No Brasil, ela cresce apenas

discretamente. No final de 2012, o PIB por trabalhador havia subido 56% no

melhorgrupodecomparação,eapenas13%noBrasil.Ouseja,nãosóoBrasil

cresceumenosdoquepoderiatercrescido,comonosmostraaFigura3,maso

alicerce do crescimento foi a incorporação pessoas à força de trabalho, e não

aumentos de produtividade. Isso sugere que, em relação ao melhor grupo de

comparação,estãoassentadasasbasesdocrescimentobaixonospróximosanos.

Anãoser,éclaro,queaprodutividadedotrabalhomelhore.

OpainelBmostraaevoluçãodoPIBporpessoaempregadanoBrasilcontrasua

evolução no grupo de comparação do PIB per capita. O padrão é omesmo do

painelAeconfirmaasugestãodequeamaiorpartedocrescimentobrasileiro

nosanos2003–2012veiodaadiçãodepessoasaomercadodetrabalho,enão

deaumentosdeprodutividadeporpessoa.

 

2.3.1O que explica o pior desempenho relativo do produto médio do trabalho no Brasil? 

Sob hipóteses razoáveis,1112o produto por trabalhador de uma economia será

igualàsoma(i)daprodutividademarginaldotrabalhoe(ii)doprodutodarazão

capitalportrabalhadoredoprodutividademarginaldocapital.13Faremos,com

as restriçõesdedados comasquaisnosdeparamos,umabreveanálisedessas

variáveis.

11Formalmente, que a função de produção agregada seja homogênea de grau 1. Isto é, que, ao se dobrar o montante de todos os insumos (trabalho, capital físico, capital humano, práticas gerenciais, etc), a produção também dobre. Num mundo no qual seja possível replicar exatamente todas as características do processo de produção, a função de produção da economia satisfará essa condição. 12Essa hipótese só é feita para facilitar a discussão. Os argumentos aplicam-se de maneira análoga a outras funções de produção, desde que os retornos de escala da produção no Brasil e no melhor grupo de comparação não difiram significativamente. 13De fato, pelo Teorema de Euler, se uma função de produção , , onde K é o estoque de capital e L o montante de trabalhadores empregados, é homogênea de grau 1, ela pode ser escrita como

,, ,

, onde ,

é a produtividade marginal do trabalho e ,

é a

produto marginal do capital. Dividindo-se ambos os lados da equação por L, obtemos o resultado.

Page 33: A Década Perdida 2002-2013

32

Emborasejabastantedifícilobtermedidasagregadasdeprodutividademarginal

do trabalho, as informações da produtividademédia do trabalho na Figura 14

podem nos ajudar a decifrar o que ocorreu (em relação ao melhor grupo de

comparaçãodePIBporpessoaempregada).Defato,semprequeaprodutividade

média do trabalho for crescente (respectivamente, decrescente), o produto

marginaldotrabalhoserámaior(respectivamente,menor)queaprodutividade

médiadotrabalho.Quandoaprodutividademédiaéconstante,aprodutividade

médiaéigualàprodutividademarginal.1415

Segue dessa discussão que, como a produtividade média do trabalhador no

melhor grupo de comparação cresceu vertiginosamente, enquanto no Brasil

cresceudemaneiradiscretaoumanteve‐seconstante,aprodutividademarginal

do trabalhonomelhorgrupodecomparaçãocresceudemaneirabastantemais

intensa que no Brasil. Portanto, a baixa produtividademarginal do trabalho é

certamenteumadas fontesdeexplicaçãododesempenhopoucoestelardoPIB

portrabalhadorempregadonoBrasil.

2.3.1.1  Capital Humano    

Um fator importante na determinação da capacidade de produção de um

trabalhador é seu capital humano. O estoque de capital humano de um

trabalhador,segundooartigoseminaldeBecker(1962),inclui,entreoutros,sua

educação,quantidadedetreinamentofeitonoemprego(onthejobtraining)esua

saúde. Todo e qualquer investimento (pecuniário ou não) feito por um

trabalhadorequeaumentesuacapacidadedeproduzirépartedeseuestoquede

capitalhumano.

14Formalmente, essas afirmações vigoram para mudanças na quantidade de trabalho empregada. Como as mudanças na quantidade empregada esta, no entanto, se dá ao longo do tempo (que é a dimensão de variação à qual a Figura 3 se refere), elas tenderão a vigorar nos nossos dados. 15As afirmações valem para quantidades fixas de capital. Como mostraremos abaixo, em relação ao melhor grupo de comparação, acumulamos menos capital. Como, em geral, mais e melhores máquinas aumentam o produto marginal do trabalho, nossa análise é, na verdade, otimista em relação ao que ocorreu com a produtividade marginal no Brasil.

Page 34: A Década Perdida 2002-2013

33

O estoque de capital humano de uma economia é tão importante quanto ou

talvezmaisimportantedoqueoestoquedecapitalfísico.Defato,éprecisoque

hajapessoasqualificadasparaoperaroestoquedecapitalfísicodaeconomia.O

WorldEconomicSurveycompilaumíndicedefaltadecapitalhumano16.AFigura

15mostrasuaevolução.

Figure15:FaltadeCapitalHumano

Até 2005, o Brasil estava um pouco melhor do que o melhor grupo de

comparação.Apartirdeentão,adeterioraçãorelativafoicontínua.Em2012,o

Brasil tinha piorado algo como 35% em relação a 2003, enquanto o melhor

grupodecomparaçãomelhorouaproximadamente15%.

2.3.1.2  Formação Bruta de Capital   

AFigura16mostraaevoluçãodaformaçãobrutadecapital.Formaçãobrutade

capitalé,grossomodo,investimentoemcapitalfísico.Avariávelajudaaexplicar

(i) o pior desempenho relativo do Brasil em termos de PIB por trabalhador16Ver Apêndice B para mais informações sobre o World Economic Survey.

34

56

7

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle SintÈtico

Fonte: IFO. China (0.174), Índi a (0.008), P eru (0.001), Turquia (0.7) e África do Sul (0.117).

Falta de Capital Humano

Page 35: A Década Perdida 2002-2013

34

empregadoe(ii)apiorprodutividademarginaldotrabalhador.Defato,paraum

dadomontante de capital no período , umamenor formação bruta de capital

entreosperíodos e implicaráummenorestoquedecapitalem .Tudoo

maisconstante,ummenorestoquedecapitalcorresponderáaumamenorrazão

estoquedecapitalportrabalhador,oque,comodescrevemosacima,reduziráo

PIB por trabalhador. Adicionalmente,mais emelhoresmáquinas (amplamente

definidas)tendemaaumentaraprodutividademarginaldotrabalhador.

Figure16:Investimento

Na Figura 16 observamos,tanto para o Brasil quanto para o melhor grupo de

comparação,umaestagnaçãodoinvestimentonasegundametadedosanos1990,

seguidadecrescimento.O investimentocomoproporçãodoPIB terminaoano

de2011igualnoBrasilenomelhorgrupodecomparação–tendosaídoem2003

emumnívelmaisbaixonoBrasil.Noentanto,adiferençade investimento fica

muito alta durante quase todo o período 2003 – 2012. Como investimento

compõe o estoque de capital físico ao longo do tempo, a diferença de

investimentoobservadanosanos2003–2011produziuumagrandediferença

deestoquedecapitalentreoBrasileomelhorgrupodecomparação.Issoajuda

a entender a diferença de PIB por pessoa empregada: sendo baixo o

investimento, a produtividade (marginal) do trabalho será menor. Ou seja, a

evolução do PIB por trabalhador e do investimento são perfeitamente

1618

2022

24

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle SintÈtico

Fonte: WB. Bulgária (0.073), M éxico (0.182), P aquistão (0.118), Ucrânia (0.029) e África do Sul (0.597).

(como proporção do PIB)

Formação Bruta de Capital

Page 36: A Década Perdida 2002-2013

35

compatíveis. O Brasil, ao investir pouco, perdeu a oportunidade de assentar

basessólidasparaocrescimentofuturo.

Outra medida da contribuição feita ao estoque de capital da economia é o

InvestimentoEstrangeiroDireto (IED).AFigura17mostrasuaevolução. Mais

uma vez o desempenho brasileiro foi abaixo domelhor grupo de comparação

paraquasetodooperíodo2003–2012.

Figure17:InvestimentoEstrangeiroDireto

Figure18:EstoquedeCapital

12

34

5

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Polônia (0.532), Tailândia (0.367), U crânia (0.036) e África do Sul (0.064).

(como proporção do PIB)

Investimento Estrangeiro Direto - Entradas Líquidas

Page 37: A Década Perdida 2002-2013

36

Aconsequênciadafaltadeinvestimentoéobaixoestoquedecapital,oqueajuda

aexplicarabaixaprodutividadedotrabalho.AFigura18mostraaevoluçãodo

estoquedecapitalnoBrasilenomelhorgrupodecomparação.Ficaclaroqueo

Brasil acumuloumuitomenos capital do que o melhor grupo de comparação,

comojásugeriamasFiguras16e17.

2.3.2 Produtividade Marginal do Capital e Infraestrutura 

Évirtualmenteimpossívelconseguirumaboamedidaagregadadeprodutividade

marginal do capital. Precisaríamos de um experimento que nos desse o efeito

sobreoPIBdeumpequeno(naverdade, infinitesimal)aumentonoestoquede

capitalagregado.

Temos,noentanto,umamedidade ineficiêncianousodeumdosinsumosque

pode ser interpretado como componente relevante do estoque de capital da

economia: energia. De fato, é inegável que energia é componente da

infraestruturadeumpaís.Desperdíciosemseuusoimplicamprodutomarginal

na economia do insumo energia (novamente, pode ser interpretado um dos

2000

4000

6000

8000

1000

012

000

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle SintÈtico

Fonte: PennTable. China (0.224), e Ucrânia (0.776).

PPPs correntes (em bi de 2005 US$)

Estoque de Capital

Page 38: A Década Perdida 2002-2013

37

insumos que compõem o estoque de capital agregada) menor do poderia ter

prevalecido.

A Figura19apresenta a evolução das perdas em transmissão e distribuiçãode

energiaelétricanoBrasilenomelhorgrupodecomparaçãoparaessavariável.

Figure19:PerdasnaTransmissãoeDistribuição

Antesde2003,assériesbrasileiraedomelhorgrupodecomparaçãocaminham

juntas,ambasapresentando,de2000a2003,diminuiçãonasperdas.Apartirde

2003, enquanto o desempenho brasileiro fica estagnada, as perdas nomelhor

grupodecomparaçãomantêm‐seemquedaacentuada.Ouseja,fomosbastante

pior do que o melhor grupo de comparação a partir de 2003. Em suma, o

produto marginal de um componente importante da infraestrutura do Brasil

ficou bastante aquém do que poderia ter. Voltaremos a falar de perdas em

transmissãoedistribuiçãodeenergiaquandofalarmosdosetordeenergia.

Háoutrasmedidasdodesempenhodaprodutividadedocapitalagregadoparao

país depois de 2003. A primeira é a quilometragem de estradas, umamétrica

importantíssimadeinfraestrutura.Hámenospaísescomdadosdisponíveispara

1314

1516

1718

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Colômbia (0.126), Índi a (0.203), M éxico (0.293), P eru (0.254), Turquia (0.038), U crânia (0.061) e África do Sul (0.025)

(% do Produto)

Perdas em Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica

Page 39: A Década Perdida 2002-2013

38

aconstruçãodomelhorgrupodecomparação,oqueserefleteemumajustepior

antes de 2003 (ver apêndices A e B sobre dados emetodologia). De qualquer

forma, a Figura 20mostra a quilometragem de estradas no Brasil e nomelhor

grupo de comparação. O tamanho da malha viária de estradas aumentou

significativamentemaisnomelhorgrupodecomparaçãodoquenoBrasil,onde

elacaiudepoisde2003,

Figure20:Estradas

Outra métrica relevante é o consumo de diesel pelo setor rodoviário.

Manifestando omesmo fenômeno do gráfico anterior, o consumode diesel do

setor rodoviário andou bem menos no Brasil do que no melhor grupo de

comparação.VerFigura21

1500

000

2000

000

2500

000

3000

000

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Índia (0.567) e Polônia (0.433).

Quilometragem Total

Estradas

Page 40: A Década Perdida 2002-2013

39

Figure21:ConsumodeDiesel

Osetoraéreofoiparticularmentebadaladonosúltimosanos.AFigura22mostra

odesempenhodaindústriadecargaaérea.

120

140

160

180

200

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Chile (0.364), L ituânia (0.129), P olônia (0.141), Tailândia (0.252) e Ucrânia (0 .114).

Kgoe

Consumo per capita de Diesel do Setor Rodoviário -

Page 41: A Década Perdida 2002-2013

40

Figure22:VolumeTransportado

Aocontráriodoqueocorreparaquilometragemdeestradas,hádadosdecarga

áreaparamaispaíses,oqueserefletenomelhorajusteantesde2003.Antesde

2003, o transporte de carga aérea ficou praticamente parado, tanto no Brasil

comonomelhor grupode comparação.Depois de 2003, continuou a andar de

ladonoBrasil,mascresceudeformaacentuadanomelhorgrupodecomparação.

A Figura 23 não fala muita à produtividade marginal do capital, mas é

estreitamente relacionada com a Figura 22. Ela mostra o transporte de

passageiros. A nova classe média trocando o ônibus pelo avião é um dos

símbolos na prosperidade encontrada.Vemos um crescimento pronunciado

depois de 2003, mas muito aquém do crescimento no melhor grupo de

comparação.

1000

1500

2000

2500

3000

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Colômbia (0.003) e Tailândia (0.997).

Milhões de ton-km

Transporte Aéreo - Volume de Carga Transportada

Page 42: A Década Perdida 2002-2013

41

Figure23:Passageiros

Outra dimensão de infraestrutura e logística importante é o transporte

portuário.Novamente,comapossededadosparaváriospaíses,oprocedimento

faz um ajuste bastante satisfatório antes de 2003. Após 2003 o transporte de

containerandounomesmoritmonoBrasilenomelhorgrupodecomparação.

VerFigura24.

050

0000

001.

000e

+08

1.50

0e+

08

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.362) e Turquia (0.638).

Transporte de Passageiros

Transporte Aéreo

Page 43: A Década Perdida 2002-2013

42

Figure24:TráfegoPortuário

2.3.3 Produtividade Agregada 

Para dados estoques de trabalho e de capital físico e humano, inovações

tecnológicas– istoé,novasoumelhores formasdesecombinaresses insumos–

aumentamaproduçãodaeconomia.Emoutraspalavras,inovaçõesaumentama

produtividade agregada, ao aumentar a produtividade de todos os insumosda

economia. A Figura 25, abaixo, apresenta a evolução da TFP (sigla do inglês,

TotalFactorProductivity),umamedidadeprodutividadeagregada,paraoBrasil

eomelhorgrupodecomparação.

2000

000

4000

000

6000

000

8000

000

1000

0000

2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.023), Índi a (0.111), Peru (0 .157) e Turquia ( 0.709).

(TEU: Equivalência de 20 pés)

Tráfego Portuário de Conteineres

Page 44: A Década Perdida 2002-2013

43

Figure25:TFP

Comopodeservisto,aTFPandouemlinhacomomelhorgrupodecomparação

entre 1995 e 2000. A partir de 2000 a TFP do melhor grupo de comparação

começa a crescer enquanto a brasileira decresceu seguidamente. Embora essa

diferença de tendência preceda o período 2003 – 2012, ela aumentou

significativamente a partir de 2003. De fato, enquanto nossa TFP manteve‐se

basicamente estável, a do melhor grupo de comparação cresceu de maneira

substancialapartirde2003.17

É interessante tentar associar a estagnação de nossa TFP com uma política

amplamenteadotadapelogovernodoPT,especialmenteLulaIIeDilma:créditos

subsidiados concedidos pelo BNDES. Há ao menos duas dimensões a serem

consideradas.Emprimeirolugar,paraasempresasabertashádadosarespeito

de empréstimos do BNDES. Lazzarinni e Mussacchio (2014) não encontram

efeitodosempréstimossobreinvestimentos.Segue,portanto,queoBNDEStêm17Como havia diferenças em tendências antes da mudança de governo em 2003, é mais discutível se o método do controle sintético capta, de fato, um efeito causal. De qualquer forma, se assim quisermos interpretar (e tomamos essa posição, uma vez que trata-se da melhor forma de se tentar inferir algum efeito da mudança de governo), o efeito da troca de governo deve ser medido pela diferenças das diferenças entre as TFPs.

.4.5

.6.7

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: Penn Table. China (0.083), P eru (0.198), Tailândia (0.344), Turquia (0.303) e Ucrânia (0.072).

(PPC corrente (EUA = 1))

Produtividade Total dos Fatores

Page 45: A Década Perdida 2002-2013

44

financiadoumconjuntoprojetoscujoValorPresenteLíquidoSocialéNegativo.18

Isso,certamente,reduzaprodutividadeagregadadaeconomia.

Em segundo lugar, ao dar crédito subsidiado para atividadesque, por não

apresentarem retornos sociais diferentes dos privados, não o justificam –

concederempréstimosparaaconsolidaçãodosetordefrigoríficoséumexemplo

– oBNDES distorce a alocação de recursos na economia. Mais capital e mais

trabalho, devido às complementaridades entre os dois fatores, do que o

socialmentedesejável sãoalocadosàsatividades subsidiadas.O subsídio induz

umacunhaentreaprodutividademarginaisdocapitaletrabalhoentrediferentes

setores. Uma realocação de capital dos setores com menor produtividade

marginal para os com maior produtividade aumentaria a produtividade

agregada.19Qualoefeitodisso?Emumartigojáseminal,KlenoweHesie(2009)

computam, para China e Índia, os efeitos de se realocar capital e trabalho de

indústrias de menor produtividade marginal para as de maior.20Segundo o

estudo,osganhosdeprodutividadeestariamnaordemde30%a50%naChinae

40% a 60% na Índia. Embora não haja estudos para o Brasil, a evidência de

KlenoweHesie(2009)paraÍndiaeChinasugerequeasdistorçõesalocativasda

políticade incentivosdoBNDESpodemserdeprimeiraordemde importância

paraexplicaraestagnaçãodaTFPnoBrasil.

Certamente, inovação é uma das formas mais efetivas de se aumentar a

produtividadeagregada.InvestimentoemPesquisaeDesenvolvimento(P&D)é

parteindispensáveldoprocessodegeraçãodeinovação.AFigura26apresentaa

evolução de uma medida de investimento em Pesquisa e Desenvolvimento

(P&D):onúmerodeartigospublicadosemperiódicoscientíficosoutécnicos.Até

2002, o Brasil e o melhor grupo de comparação tinham produções científicas

próximas e que cresciam continuamente.Apartir de2003, omelhor grupode

18De fato, por um lado, fração substancial das fontes de financiamento do BNDES (e.g, FAT, que obtém recursos de impostos sobre faturamento, e recursos do Tesouro Nacional) geram distorções, que correspondem a um custo. Por outro lado, essas distorções não geram, conforme documentam Lazzarinni e Mussacchio (2014), investimento como contraparte. 19É curioso notar que melhorar a alocação de capital na Economia é, em última instância, o papel dos intermediários financeiros. É arguível que o BNDES faça o oposto disso no Brasil. 20Na verdade, a realocação contrafactual é feita para replicar as cunhas americanas (menores que as dos dois países).

Page 46: A Década Perdida 2002-2013

45

comparaçãodesgarra:suaproduçãocientíficaficacrescentementemaiordoque

abrasileira.Seem2002oBrasileomelhorgrupodecomparaçãoproduziramo

mesmonúmerodeartigoscientíficos,em2012,omelhorgrupodeproduziu90%

maisartigos.

Figure26:ProduçãoCientífica

Pesquisa e Desenvolvimento se manifesta em inovação. A Figura 27 mostra a

evoluçãodonúmerodepatentesconcedidasaosresidentes.

5000

1000

015

000

2000

025

000

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.258), H ungria(0.221), Turquia (0.173), U crânia (0.147), Venezuela (0.166) e África do Sul (0.035).

Artigos Publicados em Periódicos Científicos e Técnicos

Page 47: A Década Perdida 2002-2013

46

Figure27:PatentesConcedidas

Oajustedoprocedimentonopré‐tratamentoébastantebom:omelhorgrupode

comparação emula o Brasil perfeitamente entre 1995 e 2002. Após 2002, o

melhor grupo de comparação dá um salto impressionante, multiplicando por

maisdeseisvezesas5.000patentesconcedidasem2002.NoBrasil,aspatentes

caem.

2.4 Instituições 

Opapeldasinstituiçõesémuitoenfatizadonaanáliseeconômicamodernacomo

nosmostramAcemoglueRobinson(2012),entreoutros.Melhoresinstituições,

no sentido de protegerem os investimentos – tanto físicos como em capital

humano–estãoassociadosamelhordesempenhotantoeconômicocomosocial.

A Figura28mostra a evolução da qualidade regulatória noBrasil. O índice de

QualidadeRegulatória(QR)éconstruídopeloBancoMundial.OQRcolapsa,em

umasódimensão,váriosaspectosderiscoregulatório,comotaxação,controlede

preços, política comercial e competição, entre outros. Segundo a descrição do

Banco Mundial, ”[themeasure]captures

010

000

2000

030

000

4000

0

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: World Intellectual Property Organization. China (0.140), Índi a (0.573), P aquistão (0.077), P olônia (0.12), Á frica do Sul (0.091).

Patentes Concedidas

Page 48: A Década Perdida 2002-2013

47

perceptionsoftheabilityofgovernmenttoformulateandimplementsound policies

andregulationsthatpermitandpromoteprivate sector development". Em outras

palavras, o índice mede, simultaneamente, a segurança de que não haverá

mudançasnasregrasdojogoregulatórioeafacilidadeemsefazernegóciosem

umapaís.

Figure28:QualidadeRegulatória

Antesde2003,assériesdoBrasiledomelhorgrupodecomparaçãocaminham

juntas. Depois de 2003, elas se desgarram. Enquanto a qualidade regulatória

melhora no grupo de comparação, ele piora substancialmente no Brasil em

termosabsolutos.

Carrasco et al (2014) mostram que o risco regulatório tem um impacto

substancialsobreoprêmioderiscoexigidopelosinvestidores.Ouseja,aumenta

o custo de capital. Pegando o exemplo do setor elétrico, o capital custa às

empresasbrasileirasespantososde2,5pontospercentuaisaoanoamaisdoque

paraempresasdosetorelétricoempaísesemergentes(verCarrascoetal,2014,

pp.32e33).UsamosaestimativadoefeitodoriscoregulatórioemCarrascoetal

(2014), pode‐se atribuir toda essa enorme diferença de custo de capital à

0.1

.2.3

.4.5

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle SintéticoFonte: WB. China (0.198), L ituânia (0.061), P eru (0.111), Polônia (0.349), Turquia (0.143), U crânia (0.025), Venezuela (0.003) e África do Sul (0.108).

Qualidade Regulatória

Page 49: A Década Perdida 2002-2013

48

deterioraçãopós2002.Não surpreendentemente, o investimento foimenorno

Brasil do que nomelhor grupo de comparação. Fazer negócios noBrasil ficou

mais difícil e arriscado, tanto em termos relativos quanto absolutos. Os

investidores passaram a cobrar um prêmio, o que encarece e diminui o

investimento.OmenorinvestimentodiminuiocrescimentomedíocredoPIBpor

pessoa empregada. O piora do ambiente de negócios, além de diminuir o

investimento, aumenta a remuneração do capital o que, em geral, deterioraa

distribuição de renda, conforme demonstra Piketty (2014). O acirramento do

intervencionismodogovernoduranteogovernoDilma, comarenegociaçãode

contratos implícitos e as políticas de controle de preços, entre outros,

provavelmentecontribuíram para a deterioração adicional da qualidade

regulatóriabrasileira.

Ocombateàcorrupçãoéoutradimensãoinstitucional importante.Acorrupção

estáassociadaaumsem‐númerodeproblemassocioeconômicos,desdeefeitos

deletériossobredistribuiçãoderendaecoesãosocial,passandopordesperdício

de recursos escassos na busca de rendas advindas da corrupção, até baixo

investimento,e,consequentemente,baixocrescimentoeconômico(Mauro,1995).

Usando o índice de percepção de corrupção compilado pela Transparência

Internacional,mostramosadinâmicadapercepçãodecorrupçãonoBrasileno

melhorgrupodecomparação.Valoresmaisaltosnoíndicesignificamqueopaís

é percebido comomenos corrupto. Vemos, na Figura 29, que, em relação ao

melhorgrupodecomparação,oBrasilépercebidocomomaiscorruptodepoisde

2003. Enquanto o melhor grupo de comparação melhora bastante durante o

período, o Brasil sofre uma deterioração depois se recupera um pouco,

terminandoapenasumpoucomenoscorruptodoqueeraem2003

Page 50: A Década Perdida 2002-2013

49

Figure29:Corrupção

2.4.1 Resumo: Construindo o Futuro? 

Nossaanálisepermiteentenderasrazõespelasquaisficamosaquém,emtermos

de PIB per capita, do desempenho de pares comparáveis no período 2003 –

2012.Masháalgomaisimportantequepodeserapreendidodenossaanálise:as

implicaçõesdaúltimadécadaparaofuturodopaís.

A perspectiva não é dasmelhores. A lista inclui: baixa produtividademédia e

marginal do trabalho; produtividade agregada baixa e estagnada; baixo

investimento em capital físico; pouco investimento em inovação; sensível

deterioraçãodaqualidadeinstitucionaleregulatória,comimplicaçõesdeletérias

sobrecustodecapitaldasempresas;eaumentorelativonacorrupção.Asbases

paraofuturosãofrágeis.

33.

54

4.5

5

2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: Transparency International e WB. Bulgária (0.074), Chi le (0.073), Chi na (0.119), P aquistão (0.136), P olônia (0.388), Turquia (0.051), U crânia (0.038) e África do S ul (0.122).

Figura 18 - Índice de Percepção de Corrupção

Page 51: A Década Perdida 2002-2013

50

2.5 Desempenho Macroeconômico Comparado 

Até agora, tentamos o mal desempenho relativo do Brasilpela dinâmica das

medidasdeprodutividade,daacumulaçãodecapitaledaqualidadeinstitucional.

Embora relevantes, essa variáveis não dão uma panorama completo do que

poderiatersidoaeconomiabrasileiranaúltimadécada.Outrasvariáveissãode

fundamentalimportância.

2.5.1 Inflação e Câmbio 

Inflação é uma variável crucial de política. É possível que o benefício de

crescermosmenosfoiconseguimosmanterestabilidadedepreços.Apresentamos

trêsmedidas:odeflatorimplícitodoPIB,nossopreferido,pormediroaumento

de preços da cesta efetivamente consumida e produzida em cada ano; e o

deflatorimplícitodoPIBcomputadousandoomelhorgrupodecomparaçãodo

PIB;o ÍndicedePreçosaoConsumidor,parecidocomodeflator implícito,mas

sendoacestadebensqueocompõe21.

OpainelAdaFigura30mostraodeflatorimplícitodoPIB–umamedidadenível

depreços–paraoBrasileparaomelhorgrupodecomparação.Aocontráriodo

queotrade‐offinflação‐produtopoderiasugerir,ainflaçãobrasileirafoimaisalta

doquenomelhorgrupode comparaçãodepoisde2002.Ou seja,medidapelo

deflator implícitodoPIB, a inflaçãonoBrasil foimaisaltadoqueadomelhor

grupodecomparação.Interessantenotarquedeterioraçãorelativaocorremais

fortemente depois de 2008, quando o governo implanta a política econômica

maisdesenvolvimentista.

O painel B mostra a dinâmica do deflator implícito do PIB quando usamos o

grupo de comparação do PIB per capita. Aparentemente, houve um trade‐off

entreinflaçãoecrescimento:afinal,ainflaçãofoimuitomaisaltanomelhorno

21Maisprecisamente,odeflatorimplícitodoPIBéigualàseguinterazão:

PIBNominal

PIBReal100.

Portanto,a“cesta”debensmudaanoaanoporqueacomposiçãodoPIBmuda.Excetoporrevisõesocasionais,acestaparaocômputodoÍndicedePreçosaoConsumidoréfixa.

Page 52: A Década Perdida 2002-2013

51

melhor grupo de comparação do PIB per capita. No entanto, esse trade‐off é

ilusório porque inflação no melhor grupo de comparação do PIB per capita

começaasedistanciarem1997,ouseja,seisanosantesdachegadaaopoderdo

ex‐presidente Lula. A diferença entre os painéisA eB ilustra,mais uma vez, a

importânciadométododecontrolesintético.Noqueserefereàinflação,ogrupo

relevantede comparação comoBrasilnãopode incluir quase60%deTurquia

porque,contráriodoBrasil,elatevesuperinflaçãonofinaldosanos1990.

Por fim, o painel C mostra a dinâmica do Índice de Preços ao Consumidor,

normalizado em 1 para o ano de 1995, no Brasil e no melhor grupo de

comparação. Por esse métrica, vemos que a inflação no Brasil foi um pouco

menordonomelhorgrupodecomparação.

Emsuma, adespeitode termos crescimentomenosdoqueomelhorgrupode

comparação, não conseguimos ter mais estabilidade preços. Se é que alguma

coisa,ainflaçãofoiacimadoquenoseumelhorgrupodecomparação.

Page 53: A Década Perdida 2002-2013

52

Figure30:Inflação

PainelA

PainelB

PainelC

5010

015

020

025

0

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.201), H ungria (0.305), Índi a (0.16), P eru (0.191), Turquia (0.037) e África do Sul (0.106).

Deflator Implícito do PIB

020

040

060

080

0

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Tailândia (0.206), Turquia (0.577), U crânia (0.146)e África do Sul (0.071).

Pesos do Contole Sintético para PIB per Capita(2000 = 1 )

Deflator Implícito do PIB

11.

52

2.5

33.

5

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.149), Índi a (0.436), P aquistão (0.221), P olônia (0.015) e Turquia (0.004) e África do Sul (0.175).

1995 = 1

Índice de Preços ao Consumidor

Page 54: A Década Perdida 2002-2013

53

Será que o câmbio atrapalhou o combate à inflação no Brasil em relação ao

melhorgrupodecomparação?AFigura31mostraaevoluçãodocâmbionominal

emmoedalocalporUS$(médianoano).Desde2003oRealsevalorizoumaisdo

que amédia dasmoedas locais domelhor grupo de comparação. Logo, o pior

desempenhodainflaçãoéprodutodoméstico.

Figure31:Câmbio

2.5.2Poupança 

Outra variável macroeconômica relevante é a poupança doméstica, que, junto

coma poupança externa, é a fonte de financiamentodos investimentos de um

país.AFigura32apresenta a evoluçãodapoupançabruta comoproporçãodo

PIBparaoBrasileomelhorgrupodecomparação.

11.

52

2.5

33.

5

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.171), Col ômbia (0.246), Índi a (0.454), Turquia (0.039) e África do Sul (0.091).

(Moeda Local por US$ (média no ano), normalizada para 1 em 1995)

Taxa de Câmbio

Page 55: A Década Perdida 2002-2013

54

Figure32:Poupança

Durante os anos 1990 a poupança bruta era bastante baixa no Brasil, assim

comonomelhorgrupoporque,nestecaso,oajustepré‐2003ébastantebom.A

partirde2001,apoupançabrutacresceumambososcasos,mascrescemaisno

Brasil.Até2011,assériesoscilam.De2003a2012,apoupançabrutacresce17%

nomelhorgrupodecomparação,masapenas10%noBrasil.

2.5.3Competitividade Internacional, Exportação e Importação 

A Figura 33 mostra, desde 1998, a evolução de um índice de falta de

competitividade internacional, cuja fonte é oWorldEconomicSurvey. O Brasil

anda em linha com omelhor grupode comparação até 2009, quando começa

uma deterioração acentuada que faz com que o Brasil termine 2012 com um

índice30%piordoqueomelhorgrupodecomparação.

1214

1618

20

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Colômbia (0.541), L ituânia (0.414), P aquistão (0.003) e África do Sul (0.041)

(como proporção do PIB)

Poupança Bruta

Page 56: A Década Perdida 2002-2013

55

Figure33:CompetitividadeInternacional

Asexportaçõesdeumpaístambémcaptamseugraudecompetitividadeexterna.

AevoluçãodasexportaçõesdebenseserviçosdoBrasiledomelhorgrupode

comparação, descrita na Figura 34, complementa os resultados descritos na

Figura33.

45

67

8

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: IFO World Economic Survey e WB. Colômbia (0.356), M éxico (0.307), P aquistão (0.059), P olônia (0.240) e África do Sul (0.037).

Falta de Competitividade Internacional

Page 57: A Década Perdida 2002-2013

56

Figure34:Exportações

Fatointeressante:omelhor“grupo”decomparaçãoéaÍndianestecaso.Entreos

emergentes,oBrasiléomaisfechado.OúnicoquechegapertoéaÍndia.Porisso

oprocedimentoatribuiaelatodoopeso,mostrandomaisumavezapotênciado

métodoque, ironicamente, temumdesempenhoruimexatamenteporquenada

seassemelhamuitooBrasilnoqueserefereàaberturacomercial.Vê‐sequeaté

umpoucoantesde2004,asexportaçõesdebenseserviçosdoBrasiledaÍndia

caminhavam juntas. A partir de 2005, as séries de desgarram e depois se

acentuam,especialmentedevidoaodasexportaçõesdebenseserviçosdomelhor

grupodecomparaçãocresceremvertiginosamente.

As exportações tiveram um desempenho ruim apesarmelhoria dos nossos

termosdetroca(Figuras10e11).ArazãoestánaFigura35,quereportaoíndice

de volume exportado compilado pelo BancoMundial. A quantidade exportada

teve um desempenho sofrível. Ou seja, não conseguimos aumentar as

exportações quando isso eramais atraente economicamente. Vários fatores já

documentados ajudam a entender esse fracasso. Entre eles, a logística

crescentemente precária, o aumento na insegurança regulatória e a falta de

investimentos.

510

1520

25

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Índia (1).

como proporção do PIBExportações de Bens e Serviços

Page 58: A Década Perdida 2002-2013

57

Figure35:ÍndicedeVolumeExportado

O desempenho da estratégia recente do BNDES pode ser avaliado à luz do

resultado acima. A formação de campeões nacionais, financiada de maneira

generosa pelo BNDES, tinha como objetivo criar competidores pujantes no

mercado internacional o que deveria, em parte, se manifestar em mais

exportações de qualidade. Os dados estão agregados, o que impede que

avaliemos o desempenho relativo desses campeões nacionais em termos de

exportações.Nãoobstante, odesempenhopífiodas exportaçõesbrasileiras em

relação ao melhor grupo de comparação sugere que o fomento aos grandes

exportadoresfracassouemproduzirumefeitoagregadorelevantenovalordas

exportações.

A quantidadeimportadatambém é medida relevante de desempenho. Dar ao

consumidorlocal,atravésdeimportação,acessoaosbensproduzidosnoexterior

aumenta seu bem‐estar. Talvez ainda mais importante, uma economia aberta

permitequeprodutorestenhamacessoainsumosebensdecapitalbaratosede

5010

015

020

025

030

0

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.172), Col ômbia (0.273), Índi a (0.234), P aquistão (0.017), Turquia (0.142) e África do Sul (0.162).

2000 = 100 Índice de Volume Exportado

Page 59: A Década Perdida 2002-2013

58

boa qualidade, o que, conforme extensa literatura documenta, aumenta a

produtividadedopaís.VerFigura36.

Figure36:Importações

Novamente o ajuste pré 2003 é menos do que perfeito. E novamente o

procedimentodápeso1à Índiaaocomputaromelhorgrupodecomparação.O

contrário seria surpreendente dado que melhor “grupo” de comparação das

exportaçõeséaÍndia.Até2003,BrasileÍndiasepareciam.Depois,aproporção

doPIBimportadanaÍndiacrescebastante,enquantonoBrasilelaficanomesmo

níveldofinaldosanos1990.

Quandofazemosoexercícioparaocomércioexteriorcomo%doPIB,amedida

deaberturacomercial,oprocedimentonovamenteencontraaÍndiacompeso1

comomelhorgrupodecomparação.Issomostraacoerênciadoprocedimento.A

Figura37mostraaevoluçãodaparticipaçãodocomércionoPIB.

1015

2025

30

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Índia (1).

como proporção do PIBImportações de Bens e Serviços

Page 60: A Década Perdida 2002-2013

59

Figure37:AberturadaEconomia

Vemos claramente que, no período 2003‐2012, tornamo‐nosuma economia

menos aberta e menos competitiva internacionalmente do que os melhores

grupos de comparação. Cabe notar os efeitos retro‐alimentadores de

produtividadeecompetitividadeexterna.Temos,comoconsequência,maisuma

evidência de que o futuro será pouco estelar, caso aprofundemos a estratégia

atualdenosisolarmosdomundo.

1020

3040

50

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Índia (1).

como proporção do PIBComércio Internacional

Page 61: A Década Perdida 2002-2013

60

2.5.4 Desempenho Fiscal 

AFigura38mostraaevoluçãodasreceitasgovernamentaiscomoproporçãodo

PIB.Vemosqueaté2003aevoluçãoreceitaébemparecidanoBrasilenomelhor

grupode comparação.Depois disso, tantonoBrasil comonomelhor grupo de

comparação a receita aumentou bastante. Mas o governo brasileiro teve um

aumento de receita um pouco menor em relação ao melhor grupo de

comparação.

A Figura 39 mostra o outro lado da moeda: a evolução das despesas

governamentaiscomoproporçãodoPIB.Novamente,aevoluçãodespesaébem

parecidanoBrasil e nomelhor grupode comparação.Depoisdisso, o governo

brasileiroaumentadespesaemrelaçãoaomelhorgrupodecomparação.

Figure38:ReceitadoGoverno

3234

3638

40

2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: FMI. China (0.14), Col ômbia (0.006), P olônia (0.408) e Ucrânia (0.447).

% do PIB

Receita do Governo Geral

Page 62: A Década Perdida 2002-2013

61

Figure39:GastosdoGoverno

Acontrapartedosdoisgráficosanterioreséamelhoranarelaçãodívidaproduto

do Brasil. Mas, em relação ao melhor grupo de comparação, a relação dívida

produtodiminuiumaisoumenosemlinha,conformejásugeridonasFiguras38

e39.AFigura40mostraasduastrajetórias.

3536

3738

3940

2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: FMI. China (0.04), Col ômbia, Hungria (0.254), P olônia (0.380) e Tailândia (0.326).

% do PIB

Gastos Totais do Governo Geral

Page 63: A Década Perdida 2002-2013

62

Figure40:DívidaBruta

Emsuma,otamanhodosgovernosaumentou,comcrescenteaumentonareceita.

O aumento na receita não foi totalmente acompanhado pelo aumento de

despesascomoproporção,demodoquearelaçãodívidaprodutocaiu.Issovaleu

paraoBrasileparaomelhorgrupodecomparação.OBrasilpagousuasdívidas,

o que é bom. Mas não mais do que no melhor grupo de comparação. É

importantenotar,noentanto,que,nofinaldoperíodo,háumadeterioraçãoda

posição fiscaldoBrasil em relaçãoaomelhorgrupode comparação. Issopode

ser consequência da estratégia mais agressiva da política econômica

desenvolvimentistaadotadanogovernoDilma.

Uma última dimensão interessante demanejo fiscal é amaturidade da dívida

pública. Quanto mais civilizada é a gestão da política fiscal, mais longa é a

maturidade da dívida. A Figura 41 mostra a trajetória dessa variável para o

Brasileparaomelhorgrupodecomparação.

6065

7075

80

2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: FMI. China (0.035), Índi a (0.861) e África do Sul (0.104).

(% do PIB)

Dívida Bruta do Governo Geral

Page 64: A Década Perdida 2002-2013

63

Figure41:MaturidadedaDívidaPública

Novamente, a situaçãomelhorouemrelaçãoaoperíodopré2003.Novamente,

emlinhacomomelhorgrupodecomparação.

Ao falar de política fiscal, é inescapável, neste momento, lembrar da Lei de

Responsabilidade Fiscal, um alicerce sólido que o Brasil construiu e que

contribuiu muito para a melhoria da situação fiscal em um país com as

complicações federativas como o Brasil. Sem ela, seria difícil o Brasil se

aproveitardabonançaparaajustaraposiçãofinanceiradosetorpúblico.

A Lei deResponsabilidade Fiscal (Lei ComplementarNo 101, de 4 demaio de

2000) assentou as bases institucionais para a administração racional das

finanças públicas no Brasil. O desempenho fiscal posterior reflete não só o

esforçofiscaldosgovernos,mastambémavançosinstitucionaisobtidosnosanos

1990.

510

1520

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Hungria (0.136), Tailândia (0.093), Turquia (0.36) e Venezuela (0.411).

(Anos)

Maturidade Média de Novos Compromissos de Dívida Externa

Page 65: A Década Perdida 2002-2013

64

2.5.5 Política Monetária e Juros 

Osdadosdepolíciamonetáriaedetaxasdejurosaostomadoresedepositantes

não estão disponíveis paramuitos países, o que dificulta que o procedimento

façaumajustebomparaoperíodoantesde2003.Alémdisso,osníveiserame

aindasãosabidamentealtosnoBrasil,oquedificultaraoajusteemnívelmesmo

sehouvesseumnúmerograndedepaísesnaamostra.

Apesardisso,asFiguras42e43mostramumclaromeioclaro.Háumatendência

dearrefecimentodapolíticamonetáriatantonoBrasilcomonomelhorgrupode

comparação, sendoqueas taxasnominaisbásicassãoquasesempremaisaltas

no Brasil do que no melhor grupo de comparação. Esse arrefecimento se

manifestatambémnastaxasdejurosreais(Figura43,PainelA).Ouseja,oBrasil

melhorou mas, novamente, em linha com o melhor grupo de comparação. O

spreadtambémcaiu,mastambémemlinhacomomelhorgrupodecomparação

(Figura43,PainelB).

Figure42:JurosdaPolíticaMonetária

510

1520

25

2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: FMI. Indoné sia(0.871), Turquia (0.065) e África do Sul (0.064).

% ao ano

Taxa de Juros Relacionada à Política Monetária

Page 66: A Década Perdida 2002-2013

65

Figure43:JurosaoTomador

PainelA

PainelB

2.5.6Setor Externo, Reservas e Balanço 

Vimos que o Brasil fez parte do grupo que recebeu omaná externo, tanto na

formademelhorestermosdetroca,comonaformadeInvestimentoEstrangeiro

020

4060

80

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Peru (0.767) e Ucrânia (0.233).

% ao ano

Taxa de Juros Real

020

4060

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Bulgária (0.087) e Ucrânia (0.913).

% por ano

Spread: Taxa de Empréstimo - Taxa de Depósito

Page 67: A Década Perdida 2002-2013

66

Direto22.Vimostambémodesempenhodasexportaçõese importações,queem

ambososcasosandarammenosquenosmelhoresgruposdecomparação.

Esses fatos já estabelecidos semanifestamnomelhor desempenho da balança

comercial, das transações correntes e das reservas internacionais. As Figuras

44a46 mostram as trajetórias dessas variáveis para o Brasil e para o melhor

grupodecomparação.Repetindoomesmopadrãojávistoparatodasasoutras

variáveis,aposiçãoexternadoBrasilmelhorou.Masbememlinhacomomelhor

grupo de comparação. O acúmulo de reservas foi menor. Em suma, tendo

recebidoomesmomanáexterno,oBrasilteveumdesempenhoexternoapenas

mediano, talvez medíocre se considerarmos que acumulou menos reservas, o

que sugere que consumiu parte do maná, em relação o melhor grupo de

comparação.

Figure44:BalançoExternodeBenseServiços

22Outra forma seria o investimento em portfolio. Não temos dados suficientes para produzir o grupo de comparação para essa variável.

-20

24

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle SintÈtico

Fonte: WB. China (0.201), P eru (0.276), P olônia (0.288), Turquia (0.062), U crânia (0.137) e África do Sul (0.036).

% do PIB

Balanço Externo em Bens e Serviços

Page 68: A Década Perdida 2002-2013

67

Figure45:ContaCorrente

Figure46:Reservas

-6-4

-20

2

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle SintÈtico

Fonte: WB. Bulgária (0.061), H ungria (0.219), Índi a (0.005), M éxico (0.317), P aquistão (0.168), P eru (0.123) e Polônia (0.107).

% do PIB

Balanço em Conta Corrente0

2.00

0e+

114.

000e

+11

6.00

0e+

11

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.152), P eru (0.229), P olônia (0.32), Tailândia (0.152) e Turquia (0.152).

(Ouro Incluso, US$ Correntes)

Reservas Totais

Page 69: A Década Perdida 2002-2013

68

2.6Análise Setorial 

2.6.1 Indústria 

Algunssetorestêmimportânciadestacadanaeconomia,sejaporseremgrandes

empregadores, seja por serem importantes economicamente. A indústria, por

exemplo, é tida como setor crucial. O Brasil é um país relativamente fechado,

comhistóricodeproteçãoàsua indústria.Seráque,aomenosemparte,omal

desempenho relativo foi compensado um bom desempenho da indústria?A

Figura47mostraaevoluçãodovaloradicionadodaindústria.

Figure47:Indústria

Aindústriatevemelhordesempenhonogrupodecomparação.

Dentrodaindústria,umsetorparticularmenteemblemáticoéoautomobilístico.

Talvezporseusimbolismocomogeradordeempregosdesupostaaltaqualidade,

2627

2829

30

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Bulgaria (0.289), Índi a (0.366), M éxico (0.106) e Paquistão (0.239).

Proporção do PIB

Indústria - Valor Adicionado

Page 70: A Década Perdida 2002-2013

69

sempre foi objeto de proteção e atenção do governo. Por exemplo, o governo

Dilma interveio diretamente para tentar induzir conteúdo nacional no setor.

Dadoisso,éparticularmenteinteressanteanalisaraproduçãodeautomóveisno

Brasilenomelhorgrupodecomparação23.AFigura48mostraosresultados.

Figure48:ProduçãodeVeículos

O ajuste pré 2003 é razoável. Depois de 2002, a produção brasileira segue

crescenteemumritmoumpoucomaiordoqueentre1999e2002.Masainda

baixo e, mais importante, muito abaixo do ritmo do melhor grupo de

comparação, cuja produção explode depois de 2002. No final de 2012, a

produçãodeveículosnomelhorgrupodecomparaçãohaviaaumentadomaisdo

que quatro vezes. No Brasil, ela nem dobra. Se quebrarmos os números entre

veículosdepasseioeveículospesados,aconclusãoémuitosimilar.

Ou seja, mesmo um setor industrial altamente incentivado pelo governo o

desempenhobrasileirofoi,àluzdomelhorgrupodecomparação,pífio.

23NãohámuitaproduçãoautomobilísticanospaísesemergentesconformeadefiniçãodoFMI.Porissoestendemosaamostraparaincluirtodosospaísesondeháproduçãoautomobilísticaregistrada.

020

0040

0060

0080

0010

000

2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.525), Índi a (0.339), J apãp (0.088) e vários outros com menos de 0.01.

Em 1.000 unidades, inclui Passeio e Pesados

Produção Total de Veículos

Page 71: A Década Perdida 2002-2013

70

2.6.2 Setor Elétrico 

Osetorelétricoéoutrosetorbastanteimportante.AFigura49mostraaevolução

doconsumodeenergiaelétrica.

Figure49:ConsumodeEnergia

1600

1800

2000

2200

2400

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB., Índi a (0.316), P olônia (0.17), Turquia (0.407)e África do Sul (0.107).

( KWh per Capita)

Consumo de Energia Elétrica - Total

Page 72: A Década Perdida 2002-2013

71

Figure50:GeraçãodeEnergia

Comosevê,oconsumodeenergianoBrasilandoubemumlinhacomomelhor

grupodecomparação,tantoantesde2003comodepois.Assimcomooconsumo,

a geração tambémandou em linha comomelhor grupo de comparação, como

mostraaFigura50.Vemosqueageraçãodeenergiaestavaa crescerantesde

2003edepoiscresceunomesmoritmoanterior,enomesmoritmodomelhor

grupo de comparação. Ou seja, o setor que o governo tem orgulho de ter

“recuperado” não teve um desempenho particularmente brilhante em termos

relativos.

No entanto, dois fatos são interessantes. É curioso lembrar que as perdas de

distribuiçãoetransmissãoaumentaramnoBrasilemrelaçãoaomelhorgrupode

comparação. Por completude, apresentamos uma vez mais a evolução dessa

medida na Figura 51, por tratar‐se de uma métrica importante da indústria.

Comojáhavíamosapontado,vê‐seumadeterioraçãosubstancialnodesempenho

brasileiro,enquanto,nomelhorgrupodecomparação,asperdasnãopioraram.

200

300

400

500

600

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: International Energy Statistics. Índia (0.442), U crânia (0.278) e África do Sul (0.279).

(Bilhıes de KWh)

Geração Líquida de Energia Elétrica - Total

Page 73: A Década Perdida 2002-2013

72

Figure51:PerdasnaTransmissãoeDistribuição

A medida mais importante de desempenho é preço. A Figura 52 mostra a

evoluçãodepreços24.O preço a energia noBrasil, que acompanhademaneira

próxima o melhor grupo de comparação antes de 2003, aumenta

significativamentemaisnoBrasildepoisde2002.Maisespecificamente,opreço

noBrasilaumentou,entre2003e2011,de3penceporKWhpara8,2pencepor

KWh,enquantonomelhorgrupodecomparaçãofoide3penceporKWhpara5,8

3penceporKWh.Enãosepodecolocaracontanopreçodopetróleo.Afinal,a

matrizenergéticabrasileiraaindaépredominantementehídrica.

24NãoháinformaçõessistemáticasdepreçosdeenergiaparaospaísesemergentesnabasedoBancoMundial,eemnenhumaoutrabasequetenhamosencontrado.Porissoapelamosparaumabasededadosquecontémdadosdepaísesmaduros.VerApêndiceB.

1314

1516

1718

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Colômbia (0.126), Índi a (0.203), M éxico (0.293), P eru (0.254), Turquia (0.038), U crânia (0.061) e África do Sul (0.025)

(% do Produto)

Perdas em Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica

Page 74: A Década Perdida 2002-2013

73

Figure52:PreçodaEnergia

2.6.3 Intermediação Financeira 

Outro setor importante é o bancário. A década que precede à chegada do ex‐

presidenteLulaaopoderfoiparticularmenteconturbadaparaosetor25.Antesda

estabilizaçãomonetáriaemjulhode1994,boapartedosativosbancárioserade

títulospúblicosdecurtíssimoprazo.Respondendoaos incentivosperversosda

hiperinflação, os bancos competiam mais por depósito à vista do que por

subscrevercrédito.Umafraçãograndedasreceitasadvinhadefloatinflacionário,

renda advinda de descasamentos temporários na liquidação de operações de

pagamento. Não surpreendentemente, o setor bancário foi atingido

adversamente pela estabilização. Parafraseando o investidorWarrenBuffet, a

hiperinflaçãoeraamaréalta.Quandoveioamarébaixadaestabilização, ficou

claro quem nadava nu. Os programas de saneamento, o PROES ‐ bancos

estaduais–ePROER–bancosprivados, alémdo reconhecimentodoesqueleto

25Para uma descrição exaustiva dos eventos financeiros entre 1991 e 2010, ver De Mello e Garcia (2012).

24

68

10

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fontes: ANEEL e International Energy Agency (IEA). Japão (0.007), N ova Zelândia (0.884), P ortugal (0.065), E stados Unidos (0.044).

(Pence por KWh)

Preço de Energia Elétrica

Page 75: A Década Perdida 2002-2013

74

dashipotecasnobalançodaCaixa, custaramalgopertode15%doPIB.Apóso

saneamento, vieram as crises asiática, russa e turbulência eleitoral de 2002.

Todosessesfatosnãocontribuíramparaqueosetordeslanchasseaté2003.

Apartirde2003,osetoravançasebeneficiandodeumacombinaçãodefatores

favoráveis.OgovernoentrantecumpreoprometidonaCartaaosBrasileiros26e

o cenário externo melhora consideravelmente, como já mostramos

anteriormente.Porfim,mascertamentenãomenosimportantes,houvereformas

microeconômicasquecontribuíramsubstancialmenteparaqueodesempenhodo

setor melhorasse. De fato, há evidência científica de que as reformas

microeconômicas do primeiro governo Lula foram muito importantes para o

avançodomercadodecrédito.27

No entanto, as importantes reformas do governo Lula I não foram suficientes

paraqueavançássemosrelativamenteaomelhorgrupodecomparação.Osdois

painéis da Figura 53mostram que a intermediação financeira avançou no

período2003–2012.Noentanto,oavançofoiemlinhacomosmelhoresgrupos

de comparação. No caso do crédito bancário, a relação crédito/produto, uma

métricatípicadedesempenho,avançouumpoucomaisrapidamentedepoisda

grandecrisefinanceirade2008(PainelA).Masadiferençaétodaexplicadapela

maior agressividade dos bancos oficiais. Arrigoni et al (2013)mostram que o

desempenhodosbancospúblicosépiordoqueodosbancosprivados.Logo,o

aparente avanço relativo do mercado de crédito brasileiro não é

necessariamenteauspiciosoparaodesempenhofuturodaindústria.

RelembradoasFiguras42e43,astaxasdejurosreaistambémcaíramnoBrasil,

como seria de se esperar dado o aumento de quantidades.Mas, novamente, a

queda foi em linha com o melhor grupo de comparação e mantendo uma

incômodaepersistentediferençadenível.

26Carta aos Brasileiros, documento publicado pelo Partido dos Trabalhadores em 24 de junho de 2002, é uma declaração de compromisso com a ortodoxia econômica, renegando posições históricas do Partido como a renegociação da dívida externa. 27Por exemplo, crédito consignado, alienação fiduciária e lei de falências, por exemplo. Ver De Mello e Garcia (2012) e Arrigoni et al (2012).

Page 76: A Década Perdida 2002-2013

75

O painel B mostra uma dimensão do mercado de capitais de longo prazo:

financiamento via emissão de ações. Mais particularmente, mostramos a

evolução da capitalização de mercado do Ibovespa e do melhor grupo de

comparação. O Brasil andou em linha com melhor grupo de comparação.O

mercadoacionáriofoiumadasestrelasdosanos2000,pelomenosatéagrande

crise. Não termos avançado relativamente, apesar dos avanços institucionais

comoNovoMercado,éparticularmentefrustrante.Temosquemanteremmente

que a evoluçãoda capitalizaçãodemercado é afetadaporoscilaçõesdepreço,

que,emalgumgrau,sãoexógenas,istoé,foradocontroledaspolíticaspúblicase

governantes.Dizemosemalgumgrauporqueasimplesinspeçãodoqueocorreu

com o Ibovespa nos últimos 4 anos demonstra que os governantes afetam, e

muito,ospreçosdasações.

Page 77: A Década Perdida 2002-2013

76

Figure53:Crédito/PIB

PainelA

PainelB

2.6.4 Agricultura 

Odesempenho recente (em2013, por exemplo) da economia só não tem sido

mais medíocre devido ao desempenho do setor agrícola que, a despeito de

dificuldades associadas à logística e à infraestrutura que o país o brinda, tem

3040

5060

70

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Hungria (0.024), M éxico (0.053) , Tailândia (0.103), Turquia (0.731) e África do Sul (0.088).

(% do PIB)

Crédito Doméstico ao Setor Privado por Parte de Bancos

2040

6080

100

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Chile (0.046), Chi na (0.207), M alasia (0.018), P eru (0.175), P olônia (0.204), Turquia (0.341) e África do Sul (0.009).

%PIB

Capitalização de Mercado das Companhias Abertas

Page 78: A Década Perdida 2002-2013

77

quebrado recordes de produção. Trata‐se, portanto, de setor de extrema

relevância para o país. A Figura 54 apresenta a evolução do valor adicionado

pelaagriculturanoBrasilenomelhorgrupodecomparação.

Figure54:Agricultura

Até2001,ovaloradicionadopelaagriculturanoBrasilacompanhoudemaneira

próximaodomelhor grupode comparação.Em2002e, principalmente, 2003,

agricultura brasileira se desgarra. O valor adicionado no Brasil passa a ser

substancialmentemaior.

Obomdesempenhodaagriculturasedevenãosóaostermosdetrocafavoráveis,

como tambémaos investimentos emPesquisa eDesenvolvimento (P&D) feitos

aolongodemuitosanos,muitosdelesantesde2003.Defato,aEmbrapaéuma

dashistóriasdeêxitodofomentoaoP&DnoBrasil.

 

 

45

67

8

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Ucrânia (0.179) e África do Sul (0.821).

(% do PIB)

Agricultura - Valor Adicionado

Page 79: A Década Perdida 2002-2013

78

2.6.5 Mineração 

Amineração é a indústria exportadoramais importante do país. Em 2010, o

minériodeferrorepresentou15.95%dapautaexportadoraemvalor28.Comofoi

o desempenho comparado da indústria no período pós‐2003?As Figuras 55 e

56mostram a dinâmica da produção brasileiravis‐à‐vis o melhor grupo de

comparaçãoemtermosdepesobrutoedeequivalênciadeconteúdometálico29.

Figure55:ProduçãoBrutadeMinério

28A segunda foi o complexo soja, com 10,69%. Fonte é o Ministério do Desenvolvimento. 29Conteúdo metálico é uma métrica importante porque o minério tem variação grande em pureza, e alguns dos melhores minérios de ferro estão no Brasil, em lugares como Carajás.

2000

0040

0000

6000

0080

0000

1000

000

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: USGS Minerals Information. Austrália (0.463) e China (0.537).

(Mil Toneladas)

Minério de Ferro - Peso Bruto

Page 80: A Década Perdida 2002-2013

79

Figure56:ProduçãodeMinérioporConteúdoMetálico

Até 2003, a produção mundial aumentou pouco. Depois disso, a produção

brasileira aumentoubastante,masmuitomenosdoque adomelhor grupode

comparação.Comocrescimentovertiginosodomercadodeconstruçãocivilna

China, e o consequente aumento na demanda de aço, a produção mundial de

minério de ferro aumenta fortemente, impulsionada pela própria produção

chinesa,queédebaixoconteúdodemetal.Por isso,é importanteverográfico

por conteúdo de metal. Mesmo o Brasil tendo reservas de qualidade

notoriamentealta,oaumentonaproduçãocorrigidaporconteúdodemetal foi

um pouco menor do que no melhor grupo de comparação. De modo geral, a

deterioração da qualidade regulatória – em termos tanto relativos como

absolutos–podetercolaboradoparaomaldesempenhorelativo.VerFigura26.

Nocasoespecíficodosetordemineração,começou‐seem2010,quandoopreço

do minério atingiu níveis recordes historicamente, uma discussãosobre

mudanças no marco regulatório, que incluíram propostas de tributação de

“ganhosexcessivos”.Épossívelqueessadiscussãotenhacontribuídoparaabaixa

entrega de quantidades no setor. Em adição,a morosidade do licenciamento

ambientalcertamentecontribuiuparaofracodesempenhorelativo30.Issotudoa

30Por exemplo, Serra Sul, o principal projeto de expansão da Vale, tinha previsão de começar a produzir em 2012. A licença ambiental da mina só saiu em 2013. A previsão atual é 2016. Ver Vinicius Carrasco e Joao M. P. de Mello , Enrolados na Bandeira, O Globo, dia 06/06/2013.

1000

0015

0000

2000

0025

0000

3000

00

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: USGS Minerals Information. Austrália (1.00).

(Mil Toneladas)

Minério de Ferro - Conteúdo Metálico

Page 81: A Década Perdida 2002-2013

80

despeitodofatodeaVale,principalempresadosetor,teridomuitobemdesdea

privatização, quando comparada aosseus principais concorrentes pares

internacionais31.

Omal desempenho relativodaproduçãobrasileira foi particularmentedanoso

porque perdemos a farra: deixamos de aproveitar plenamente os preços de

minérioemníveissemprecedentesemumageração.

2.6.6 Gás e Petróleo 

O setor petrolífero teve um desempenho híbrido. Comecemos pela produção

totaldepetróleo.AFigura57mostraumdesempenhobastantemelhordoqueo

do melhor grupo de comparação. Enquanto a produção no melhor grupo de

comparaçãoandoudelado,noBrasilelaaumentouquase50%.Umfatonotávelé

que, mesmo construindo o melhor grupo de comparação, não há maneira de

replicar a tendência de produção brasileira no período anterior a 2003. Isso

ocorre porque a produção brasileira vinha crescendomuito fortemente desde

meadosdadécadade1990,econtinuouaumentandonomesmoritmoaté2010.

O conhecimento da história da indústria nos últimos 20 anos sugere que o

aumento espetacular nos anos 2000 foi produto das reformas feitas nos anos

1990,comoaquebradomonopóliodaPetrobrasemjunhode1995eaadoção

do modelo de concessão. A manifestação do sucesso do modelo é o fato da

produçãojáestarcrescendofortementedesdeosanos1990.

A Figura 58 mostra a produção de gás natural. Ao contrário do petróleo,

conseguimosproduzirummelhorgrupodecomparaçãocujatendênciaantesde

2003équase idênticaàbrasileira.Aproduçãobrasileiradegás aumentavade

forma razoavelmente acentuada antes de 2003. Depois, continua aumentando,

masemumritmoumpoucomenor.Jánomelhorgrupodecomparação,oritmo

aumentadepoisde2003.Aproduçãodomelhorgrupode comparaçãodobrou

após2003,enquantonoBrasilelacresceuaproximadamente30%.

31Ver Vinicius Carrasco e Joao M. P. de Mello, Efeitos da Privatização: o Caso Vale, Valor Econômico , dia 28/03/2011.

Page 82: A Década Perdida 2002-2013

81

Figure57:ProduçãodeÓleo

1000

1500

2000

2500

3000

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: International Energy Statistics. China (0.064), M éxico (0.312), P olônia (0.141), Tailândia (0.306) e África do Sul (0.178).

(Mil Barris ao Dia)

Oferta Total de Petróleo

Page 83: A Década Perdida 2002-2013

82

Figure58:ProduçãodeGás

Outravariávelimportanteéorefino.AsFiguras59e60mostramqueoBrasilfoi

muito pior do que omelhor grupo de comparação em refino de gasolina e no

refino total de produtos de petróleo. O Brasil vai claramente pior do que o

melhorgrupodecomparação.EnquantonoBrasilorefinoquasenãoaumentou,

nomelhorgrupodecomparaçãoelesubiufortemente.

200

400

600

800

1000

1200

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: International Energy Statistics. China (0.169), M alásia (0.097), P eru (0.162), Tailândia (0.158) e Turquia (0.414).

(Bilhões de Pés Cúbicos)

Produção Bruta de Gás Natural

Page 84: A Década Perdida 2002-2013

83

Figure59:RefinoTotal

Figure60:RefinodeGasolina

Omal desempenho em combustível semanifesta de forma cara para o país. A

Figura 61 mostra a evolução das importações de combustíveis como

porcentagemdasimportaçõestotais.VemosqueoBrasilfoiobrigadoaimportar

maisdoqueomelhorgrupodecomparação,possivelmentepelaincapacidadeda

Petrobrasdeentregardesempenhodealtonívelnorefino.

1500

2000

2500

3000

3500

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: International Energy Statistics. China (0.247), M éxico (0.638) e Polônia (0.115).

(Mil Barris ao Dia)

Refino Total de Produtos de Petróleo30

040

050

060

0

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: International Energy Statistics. China (0.33), P aquistão (0.58) e Venezuela (0.09)

(Mil Barris ao Dia)

Refino de Gasolina

Page 85: A Década Perdida 2002-2013

84

Figure61:ImportaçãodeCombustíveis

2.6.7 Telecomunicações 

Outra indústria importante é telecomunicações. Começamos avaliando a

penetraçãodetelefoniacelular.AFigura62abaixomostraaprincipalmétricade

desempenhodaindústria:penetração,queéonúmerochipsdetelefoniacelular

porhabitante.

1012

1416

1820

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Hungria (0.221), Índi a (0.005), P aquistão (0.073), P eru (0.365), P olônia (0.041), Turquia (0.217) e África do Sul (0.031)

Em % das Importações

Importação de Combustíveis

Page 86: A Década Perdida 2002-2013

85

Figure62:PenetraçãodeTelefoniaCelular

O ajuste pré 2003 é bastante bom. Até 2006, o Brasil teve uma desempenho

bastante em linha com omelhor grupo de comparação. Em ambos os casos a

penetraçãoaumentabastante,masoBrasilvaimelhordoqueomelhorgrupode

comparação.

AFigura63abaixomostra a evoluçãodas linhas fixas.NovamenteoBrasil vai

melhordoqueomelhorgrupodecomparaçãoapartirde2006.Telefoniafixaé

uma tecnologia cadente, tanto que a penetração cai em países que cresceram

fortemente depois de 2006, como China e Paquistão. Logo, não é óbvio

interpretaramanutençãodopatamaraltodas linhas fixascomosinaldeêxito.

Mas,pornossoscritériosgerais,devesercolocadocomoêxito.

050

100

150

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Índia (0.411), Turquia (0.314) e África do Sul (0.275).

Chips como % da População

Penetração de Telefonia Celular

Page 87: A Década Perdida 2002-2013

86

Figure63:PenetraçãodeTelefoniaFixa

AFigura64mostraoqueaconteceucomopreço,oumelhor,comumamedidade

preço comumente utilizada na indústria, o Average Revenue Per User (ARPU,

cujatraduçãoéreceitamédiaporusuário).Estedado,cujafonteéaMerril‐Lynch

Global Matrix, é para telefonia celular (não temos os dados de preço para

telefoniafixa).AARPUdespencaaté2004tantonoBrasilcomonomelhorgrupo

de comparação, refletindomenores custosda indústria.Depoisdisso começaa

subir, possivelmente em consequência da introdução de serviços mais

sofisticadosdentrodetelefoniacelular.OARPUnoBrasilcresceemlinha,talvez

umpoucomaisdoquenomelhorgrupodecomparação.

Emsuma,natelefoniaoBrasilviumaioresquantidadesepreçosparecidos,um

desempenhoacimadomelhorgrupodecomparação.

510

1520

25

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. China (0.195), Índi a (0.04), P aquistão (0.253), P olônia (0.513).

Linhas como % População

Número de Linhas de Telefonia Fixa

Page 88: A Década Perdida 2002-2013

87

Figure64:ARPU,TelefoniaCelular

2.6.8 Resumo da Análise Setorial 

A análise setorialmostra um quadro não só parecido como compatível com a

análise agregada.OPIBper capitabrasileiro cresceumenosdoquenomelhor

grupo de comparação. O PIB é, sob a ótica da oferta, a soma da produção dos

setores.EmlinhacomafatoagregadosobreoPIB,aanálisesetorialmostraque

o Brasil foi pior em quase todos as indústrias importantes, com a exceção

honrosa da produção óleo (possivelmente causada pela alteração do marco

regulatório na últimametade dos anos noventa) e pela agricultura, setor que

sofreuumchoquemuitopositivodepreços.

Análisesqualitativaseestudosdecasomaisaprofundadosestãoalémdoescopo

destetrabalho.Aindaassim,oseguintecomentárioépertinente.Algunssetores,

como intermediação financeira e telecomunicações, ou subsetores, como a

produçãodepetróleo,andaramemlinhacomomelhorgrupodecomparação,ou

atémelhor.Háumacoisaemcomumnessescasos:açõestomadastantodurante

1015

2025

3035

1998 2000 2002 2004 2006 2008

Brasil Grupo de Controle Sintético

Chile (0.742), China (0.22) e África do Sul (0.038)

Lucro Médio por Usuário

Telefonia Móvel

Page 89: A Década Perdida 2002-2013

88

oprimeiro governoLula, no casodomercadode crédito,mas, principalmente,

durante os anos 1990. Na intermediação financeira, a limpeza do balanço do

sistema financeironos anos1990 e as reformasmicroeconômicasdoprimeiro

governoLula.Naproduçãopetróleo,aquebradomonopólionosanos1990.Nas

telecomunicações, a privatização bem sucedida do setor, com a construção

conjuntadeumaarcabouçoregulatóriosólido,ambosduranteosanos1990.

2.7 Progresso Social 

Comecemoscomapartedeprogressosocialcomacomparaçãodasevoluçõesdo

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ele resume em uma só dimensão

vários fatores e, por isso, é um bom resumo do que ocorreu com o progresso

socialcomparado.AFigura65mostraaevoluçãodoIDHnoBrasilenomelhor

grupodecomparação.

Figure65:ÍndicedeDesenvolvimentoHumano

Vemos,comoeradeseesperar,umamelhoracontínuanoIDHBrasileirodesde

1995.Essamelhora, tantoantesde2002comodepois,é seguidadebemperto

pelomelhorgrupodecomparação.Ouseja,oBrasilmelhorouseuIDHdepoisde

.64

.66

.68

.7.7

2.7

4

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte:Pearson.Chile(0.133), Chi na(0.129), Índi a(0.041), M éxico(0.011), Polônia(0.220), Tailândia(0.208), Turquia(0.157) e África do Sul(0.102).

Índice de Desenvolvimento Humano

Page 90: A Década Perdida 2002-2013

89

2002, assim como vinha melhorando antes, mas tanto quanto, ou talvez um

pouquinhomenos,doqueomelhorgrupodecomparação.

2.7.1 Mercado de Trabalho, Emprego e Renda do Trabalho 

Omercadodetrabalhoéaprincipalvitrinedosgovernospetistas.Defato,como

vermos,pelaóticadademandaportrabalho,seudesempenhofoiadmiráveltanto

em termos relativos como absolutos entre 2003 e 2012. No entanto,

concomitantemente à incorporação de mais pessoas à força de trabalho, a

produtividadedo trabalho se estagnou e a falta demãode obra qualificada se

acentuou. Como consequência, em relação aomelhor grupo de comparação, o

PIBpercapita(amedidarelevantedariquezadeumpaís)manteve‐seaquémdo

quepoderia tersido.Ditodeoutra forma, oaumentodousodo fator trabalho

não teve como contraparte um aumento relativo de riqueza por trabalhador

empregado.

Começamosavaliando, na Figura 66, a dinâmica da massa salarial como

proporção do PIB. Até 2003, as participações do salário no PIB caminham de

maneira próxima no Brasil e no melhor grupo de comparação. De 2003 em

diante, no entanto, enquanto a participação da massa salarial no PIB cresce

vertiginosamentenoBrasil,eladiminuinomelhorgrupodecomparação.

Há um debate aberto sobre as causas do aumento da massa salarial como

proporçãodoPIB.Apolíticadeaumentosdosaláriomínimoalémdavariaçãono

PIBnominaltendeaaumentaraparticipaçãodamassasalarialnoPIBsempree

quandonão causardesempregoou informalidade. Sabemos que a formalização

aumentanoBrasilduranteoperíodo(nãohásuficientesdadosdeoutrospaíses

emergentesparaavaliarocontrafactual).Aconclusãonaturaldessesfatoséque

oaumentodosalariomínimonãofoiacompanhadodeaumentonodesemprego

ounainformalidade.Nãosesabebemoporquê,masoaquecimentodademanda

por trabalho nos últimos anos certamente contribuiu para que a política de

salariomínimofosseexitosa.

Page 91: A Década Perdida 2002-2013

90

É importante notar que, a despeito do aumento relativo da massa salarial, a

produtividade do trabalho no Brasil ficou estagnada. A discrepância entre

produtividadedo trabalho e saláriosnãopodeperdurarpermanentemente.Os

saláriossópodemcrescerdemaneirasustentável, istoé,semqueosaumentos

causemdesempregoemalgummomento,namedidaemqueaprodutividadedo

trabalho aumente. Outrofato importante, derivado de simples constatação

contábil,équeoaumentorelativodossaláriosnoPIBdeveviracompanhadode

umareduçãonoqueéapropriadopelocapital.Sabemosquearemuneraçãodo

capital (entre outras razões, pela piora da qualidade institucional no Brasil

documentada)não têmse reduzido.Seguedaíqueoestoquedecapitaldevese

reduzir relativamente (como documentado acima), o que implicará um futuro

comprodutividadebaixa.Ouseja,ocustodemaioressalárioshoje–descolados

daprodutividadedotrabalho–serámenoressaláriosnofuturo.

Figure66:ParticipaçãodosSaláriosnoPIB

.5.5

2.5

4.5

6.5

8

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: Penn Table. China (0.144), H ungria (0.335), Índi a (0.03), M éxico (0.082), P eru (0.14), P olônia (0.222) e África do Sul (0.048).

(Preços Correntes)

Participação de Salários no PIB

Page 92: A Década Perdida 2002-2013

91

Massasalarialéoprodutoentrequantidadeepreços(salários).Vejamosoque

ocorreucomaquantidade.AFigura67abaixomostraaevolução,noBrasileno

melhor grupo de comparação, da taxa de emprego, isto é, a população

empregadacomoporcentagemdapopulaçãoacimados15anosdeidade.

Figure67:PopulaçãoEmpregada

Vemos que o Brasil foi muito melhor que o melhor grupo de comparação.

Enquanto no último a utilização demão de obra caiu um pouco, no Brasil ela

subiu bastante. Isso sugere que amaior parte do aumento da participação da

massasalarialnoPIBdeve‐seaosaumentosdequantidade.

6162

6364

65

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: Penn Table. China (0.364), Col ômbia (0.154), Tailândia (0.087) e Ucrânia (0.395).

15+ (Estimativa OIT)

Proporção da População Empregada

Page 93: A Década Perdida 2002-2013

92

Figure68:Desemprego

AFigura68mostraamedidadequantidademaiscomumenteutilizada:ataxade

desemprego. Os anos 1990 foram sabidamente difíceis para o mercado de

trabalhobrasileiro.Apartirde1999,ataxadedesempregocomeçaaarrefecer.

Como temos um bom ajuste antes de 2003, o melhor grupo de comparação

tambémtemumpicoem1999.Noperíodo2003–2012,odesempregocaitanto

no Brasil como no melhor grupo de comparação, refletindo as melhores

condiçõesdomundoemergentedepoisde2002.NoBrasil,eleprimeirocaium

poucomenos,mas terminaoperíodo caindoummais, em linha coma intuição

queomercadobrasileirodetrabalhofoibemnosanos2003–2013.Adiferença

é,noentanto,pequena.Ouseja,grandepartedaquedadodesempregonoBrasil

durante os anos 2003 – 2012 pode ser atribuída às melhores condições do

mundoemergentedeformageral.

Agora vejamos as medidas depreço. A Figura 69 mostra a trajetória de

crescimento do salário mínimo nominal no Brasil e no melhor grupo de

comparaçãoemrelaçãoaoprimeiroperíododisponível,queé2000nocasodo

salário mínimo. Fazemos assim porque é difícil comparar moedas

diferentes.Vemos que o salário mínimo nominal já subia antes de 2003 e no

mesmoritmo,tantonoBrasilquantonomelhorgrupodecomparação.Depoisde

2003,oritmoaumentaumpoucomaisnoBrasil,masadiferençaébempequena

67

89

10

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. México (0.043), P aquistão (0.192), Turquia (0.189) e Ucrânia (0.576).

% da Força de Trabalho

Taxa de Desemprego

Page 94: A Década Perdida 2002-2013

93

Figure69:SalárioMínimoNominal

Masoqueimportanaverdadeéosalariomínimoreal,quesubiumenosdoque

nomelhorgrupodecomparação.OsPainéisdaFigura70mostraumarealidade

jásugeridaacima:boapartedosganhosnosalariomínimonominal foicomida

pelamaior inflaçãonoBrasil emrelaçãoaomelhorgrupodecomparação.Não

importaacorreçãodosaláriomínimonominal,sepelodeflatorimplícitodoPIB

oupelo ÍndicedePreçosaoConsumidor (IPC),o saláriomínimorealnoBrasil

aumentou em linha commelhor grupode comparação, sedeflacionarmospelo

IPC,oumenos,sedeflacionarmospelodeflatorimplícitodoPIB.

100

200

300

400

500

600

2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: ILO. Bulgária (0.216), Chi na (0.187), L ituânia (0.366) e Turquia (0.230).

(Moeda Local)

Salário Mínimo Nominal

Page 95: A Década Perdida 2002-2013

94

Figure70:SalárioMínimoReal

PainelA

PainelB

Sempreequandoelenãoproduzadesemprego, a saláriomínimoé importante

paradiminuirdesigualdade.Talvezigualmenteimportanteparaessefim,eainda

maisimportanteparaobem‐estardotrabalhador,éosaláriomédio.AFigura71

apresentaaevoluçãodosalárioomelhorgrupodecomparaçãodosaláriomédio

noBrasilenomelhorgrupodecomparação.

100

120

140

160

180

2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: ILO. China (0.083), M éxico (0.147), U crânia (0.667) e Venezuela (0.147).

(Variações em Moeda Local, corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor)

Salário Mínimo Real

1.4

1.6

1.8

22.

2

2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: ILO. China (0.131), P eru (0.002), P olônia (0.034), Turquia (0.540), Venezuela (0.162) e África do Sul (0.130).

(Variações em Moeda Local, corrigido pelo Deflator Implícito do PIB)

Salário Mínimo Real

Page 96: A Década Perdida 2002-2013

95

Figure71:SalárioMédio

Osdadosde saláriomédiovemdaEIUeestáemdólares.Vemosqueo salário

médio, em dólares, aumentou bastante no Brasil após 2003. Mas também

aumentounomelhorgrupodecomparação.Umpoucomais,narealidade.Como

vimos,aprodutividadebrasileiranãoaumentourelativamente,oquenosobriga

aconcluirqueoaumentorelativonosaláriomédionoBrasiladveioderazõesde

procura:mercadodetrabalhomaisaquecidopelademandaportrabalho.

Emsuma,aumentouaparticipaçãodamassasalarialnoPIB.AsFiguras63a68

mostramqueesseaumentouadveioprincipalmentedoaumentonaparticipação

naforçadetrabalho,enãodeaumentosdesalárioreal.

2.7.2 Educação 

AFigura72mostra anúmerodeanosdeescolaridadeentreosmaioresde15

anosdeidade.

4000

6000

8000

1000

012

000

1400

0

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: Pearson. Ucrânia (0.403) e África do Sul (0.597)

(US$)

Salário Médio Anual - Bruto

Page 97: A Década Perdida 2002-2013

96

Figure72:Escolaridade(acimade15anos)

De1995 até 2003, o número de anos de escolarização no melhor grupo de

comparação e no Brasil seguem, quase rigorosamente, a mesma trajetória.

Depoisde2003 , a trajetória começaa sedesgarrar, aindaquesutilmente.Em

2010, o númerode anosde escolaridade entre osmaiores de 15 anos cresceu

tantonoBrasilcomonomelhorgrupodecomparação.Massubiumaisnogrupo

de comparação. Em 2010, um adulto (mais de 15 anos) tinha 6,7 anos de

escolaridadenogrupodecomparação,e6,4noBrasil.

Aescolaridadeentreosmaisvelhoséfrutodedecisõestomadasmuitoantesdos

governosDilma,LulaoumesmoFHC.Porisso,umamétricatalvezmelhorsejao

númerodeanosescolaridadeentreaquelesentre15e19eentre20e24anos.

Por sermenos contaminada com decisões tomadasmuitos anos antes, émais

informativasobreodesempenhodepolíticapública.OsdoispainéisdaFigura73

mostramosresultados.

5.5

66.

57

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: IIASA/VID Projection. M éxico (0.009), P olônia (0.08), Turquia (0.724) e África do Sul (0.187).

(Anos de Educação)

Escolaridade (idade 15 +)

Page 98: A Década Perdida 2002-2013

97

Figure73:Escolaridade(entre20e24anos)

PainelA

PainelB

No Painel A mostra a escolaridade dos jovens entre 20 e 24 anos. Agora, a

diferençadepoisde2003éaindamaisvisível.Seaté2002aevoluçãonoBrasile

nomelhor grupo de comparação foi similar, depois disso a escolaridade entre

jovensadultosaumentoumuitomaisnomelhorgrupodecomparação.NoPainel

Bestáaescolaridadedaquelesentre15e19.Nãohádiferençanotávelentreo

Brasileomelhorgrupodecomparação.

6.5

77.

58

8.5

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: IIASA/VID Projection. Chi na (0.082), Índi a (0.676), P olônia (0.241) e Turquia (0.001).

(Anos de Educação)

Escolaridade Entre os Jovens de 20 a 24 anos

6.4

6.6

6.8

7

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: IIASA/VID Projection. Chi na (0.039), H ungria (0.079), Índi a (0.379), M éxico (0.152) e Polônia (0.350).

(Anos de Educação)

Escolaridade Entre os Jovens de 15 a 19 anos

Page 99: A Década Perdida 2002-2013

98

As Figuras 72 e 73 mostram “pequenas” diferenças em escolaridade que,

conjuntamentecomobaixoinvestimento,talveztenhamproduzidoumagrande

diferençadeprodutividadedotrabalhonoBrasil,oqueédiminuiráarendaper

capita que poderíamos atingir no futuro. Além, é claro, de ajudar a perpetuar

desigualdadederendaecriminalidade,entreoutrasmazelassociais.

Por fim,considereaFigura74.Elamostraogastopúblicocomeducaçãocomo

proporção do orçamento, isso considerando todos os níveis de governo. Vê‐se

que o Brasil gastoumuitomais do que os outros países.Mas como vimos nas

Figura 14, 15, 72 e 73 isso não comproumelhorias relativas em escolaridade

nem em produtividade. Pelomenos por enquanto,mas 10 anos já deveria ser

temposuficienteparavermososefeitosdomaiorgasto.IssosugerequeoBrasil

gastoumais,masgastoumalcomeducação.

Figure74:GastoscomEducação

1012

1416

18

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: Pearson. Bul gária (0.287), Índi a (0.334) e Polônia (0.379) ).

Como Porcentagem dos Gastos do Governo

Gastos Públicos em Educação

Page 100: A Década Perdida 2002-2013

99

2.7.3 Segurança Pública 

Segurançapúblicaéoutraáreadeterminanteparaobemestarsocial.Novamente

oBrasilmelhorounoBrasil.Masmelhoroumuitomenosdoquenomelhorgrupo

de comparação. É notável também que toda a redução brasileira advenha dos

estadosdeSãoPaulo,MinasGerais,PernambucoeoRiodeJaneiro32.VerFigura

75.

Figure75:Homicídios

AFigura76abaixomostra a trajetóriada taxade encarceramentopor100,000

habitantesnoBrasilenomelhorgrupodecomparação.Refletindo,entreoutras

coisa,amenorquedanoshomicídiosoBrasil,ataxadeencarceramentosobeno

Brasilemrelaçãoaomelhorgrupodecomparação.Ouseja,arespostadepolítica

brasileiraàinsegurançafoiaumentaroencarceramento.

32Ver De Mello e Schneider (2011)

1520

2530

2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fontes: UNODC e IPEA. Colômbia (0.337), Paquistão (0.270), Filipinas (0.392).

(100000 H abitantes)

Taxa de Homicídios

Page 101: A Década Perdida 2002-2013

100

Figure76:Encarceramento

2.7.4Saúde 

A medida mais comum de desempenho de saúde é a expectativa de vida ao

nascer. A Figura 77mostra que a expectativa de vida subiu no Brasil antes de

2003,econtinuouasubiremumritmoumpoucomais lentodepois.Nadaque

surpreenda os demógrafos. No melhor grupo de comparação, o padrão é

praticamenteomesmo.De fato, expectativade vida é algodifícil de alterarno

curto prazo. Portanto não é surpreendente que o Brasil e o melhor grupo de

comparaçãotenhamtrajetóriastãosimilares.

100

150

200

250

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle SintÈtico

Fonte: Pearson. Bul gária (0.1), M éxico (0.36), P olônia (0.127), Turquia (0.412).

por 100000 habitantes

População Encarcerada

Page 102: A Década Perdida 2002-2013

101

Figure77:ExpectativadeVida

Jásaneamentoéalgoquesepodealteraremumprazode10anos.AFigura78

mostraaevoluçãodosaneamentonoBrasilenomelhorgrupodecomparação.O

ajuste no período anterior ao ano 2003 é bastante bom, ainda que o melhor

grupodecomparaçãocomeceaterummelhordesempenhodesde2002.Depois

dissoadiferençaaumentaaindamais.

6870

7274

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Colômbia (0.462), P olônia (0.132), Turquia (0.357) e África do Sul (0.049)

(Anos)

Expectativa de Vida ao Nascer

Page 103: A Década Perdida 2002-2013

102

Figure78:Saneamento

AFigura79mostraaevoluçãodoacessoaáguapotávelnoBrasilenomelhor

grupodecomparação.Oajusteantesde2003énovamentebastantebom.Agora

opadrãoseinverte:aindaqueomelhorgrupodecomparaçãocomeceaterum

desempenhopiordesde2001.Depoisdissoadiferençaaumentaaindamais.

7075

8085

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WHO. China (0.255), H ungria (0.447), P eru (0.268) e África do Sul (0.029)

(Proporção)

População com Acesso a Fontes Melhoradas de Saneamento

Page 104: A Década Perdida 2002-2013

103

Figure79:AcessoàÁguaPotável

AFigura80mostraumavariávelquecapturabemasituaçãodevulnerabilidade

dos adolescentes: a taxa de fertilidade entremulheres de 15 a 19 anos. Como

sempre,háumamelhorapronunciada,quejávinhadetrás.Masamelhoraémais

pronunciadanomelhorgrupodecomparaçãodepoisde2003.

9092

9496

98

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WHO. China (0.034), H ungria (0.232), M éxico (0.244), P eru (0.081), Tailândia (0.101), U crânia (0.295) e África do Sul (0.013).

(Proporção)

População com Acesso a Fontes de Água Potável

Page 105: A Década Perdida 2002-2013

104

Figure80:FertilidadeentreAdolescentes

Nogeral,vê‐se,atravésdaspoucasvariáveisparaasquaisháinformaçõespara

construiromelhorgrupodecomparação,queasvariáveisdesaúdemelhoraram

noBrasil.Mas,novamente,emlinhacomomelhorgrupodecomparação,ouum

pouquinhopior.

Fazemos agora um exercício similar ao que fizemos para a educação: como

evoluíramosgastosemsaúdenoBrasilenomelhorgrupodecomparação?33A

Figura 81 mostra o exercício. Assim como em educação, tivemos um

desempenho parecido, possivelmente um pouco pior que o melhor grupo de

comparação,masgastamosmais.

33Osdoisexercíciosnãosãoiguaisporqueosgastoscomeducaçãoestãocomoproporçãodogastodogoverno,enquantoosgastoscomsaúdeestãocomoproporçãodoPIB.Fazemosassimpeladisponibilidadededados.

6570

7580

8590

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Colômbia (0.412), Indoné sia (0.067), M éxico (0.323) e Venezuela (0.198).

(nascimentos por 1000 m ulheres com idades entre 15 e 19)

Taxa de Fertilidade para Adolescentes

Page 106: A Década Perdida 2002-2013

105

Figure81:GastoscomSaúde

2.7.5 Desigualdade e Pobreza 

O Brasil é um país de enormes disparidades socioeconômica. Nesse grau de

disparidade,diminuiradesigualdade,alémdeserumaobjetivoemsimesmo.A

Figura 82 mostra a trajetória do índice de Gini, a principal métrica de

desigualdade,noBrasilenomelhorgrupodecomparação.Mostramosográfico

tomandocomobaseoano1998.Issoajudaavisualizaçãoporqueadesigualdade

é tão alta no Brasil que, mesmo quando comparada ao melhor grupo de

comparação,édifícilfazerumajusterazoáveldenível.

2.5

33.

54

4.5

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: WB. Índia (0.122), H ungria (0.043), M éxico (0.304), (0.046) P olônia (0.311), Turquia (0.082), U crânia (0.034) e África do Sul (0.146).

Gasto Público como % do Produto

Gasto com Saúde

Page 107: A Década Perdida 2002-2013

106

Figure82:Desigualdade

Épronunciadamelhoranadesigualdadederendaapós2003.Masadesigualdade

jávinhacaindoantesde2003.Maisimportante,elamenosdonomelhorgrupo

decomparação.Ouseja,oBrasilnãodistribuiurendaalémdoquedistribuíram

seusmelhoresparesparaefeitodecomparação34.

Outramétrica importante por simesmo, talvez aindamais importante do que

desigualdade,éapobreza.AsFiguras83e84mostramduasmétricasdiferentes:

ogapdepobreza, istoé,a fraçãodapopulaçãoconsideradapobre,vivendocom

menosdeUS$1eUS$2,5pordiaemparidadedepoderdecompra.

34OBrasiléumpaístãodesigualqueoprocedimentonãoconseguereproduzironíveldoÍndicedeGini.PoressarazãofazemosoajustenavariaçãodoÍndicedeGini.

.9.9

51

1.05

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: Pearson. Argentina (0.052), Rús sia (0.026), Turquia (0.870) e Ucrânia (0.052)

Índice de Gini - Variação

Page 108: A Década Perdida 2002-2013

107

Figure83:Pobreza1

Figure84:Pobreza2

ApobrezadiminuiunoBrasil,oqueéumagrandeconquista.Programascomoo

Bolsa Família e o Loas contribuíram para isso (Soares e Sátyro, 2009). Mas,

depoisde2003,elacaiuaindamaisnomelhorgrupodecomparaçãonocasodo

cortedeUS$1pordia.Estaéamelhormedidaporquehádadosdisponíveispara

23

45

6

2000 2002 2004 2006 2008 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: UN e MDG. Colômbia (0.168) e Peru (0.832).

Porcentagem da População

População Vivendo Abaixo da Linha da Pobreza: $1 por dia (PPP)25

3035

4045

1995 2000 2005 2010

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: IDB. Honduras (0.544), P eru (0.154) e Paraguai (0.303).

Porcentagem da População

População Vivendo Abaixo da Linha da Pobreza: $2,5 por dia (PPP)

Page 109: A Década Perdida 2002-2013

108

maispaíses (incluindodaÁfricaedoÁsia).Considerandoapopulaçãovivendo

commenos de US$ 2,5, a trajetória do Brasil é novamente parecida com o do

melhorgrupodecomparação.Apobreza,porestamedida,caiuumpoucomais

noBrasil. Bommanter emmenteque sóhádadospara aAméricaLatinapara

construiraFigura84.

Por fim, a Figura 85 mostra as trajetórias da porcentagem da população

subnutrida. Vemosqueentre2001e2004afraçãodepessoassubnutridascai

fortemente no Brasil em relação ao melhor grupo de comparação, mantendo

depoisdissoamesmavelocidadederedução.Ouseja,aquedarelativaprecedeu

osgovernosLulaeDilma.

Figure85:Subnutrição

Emsuma,apesardasconquistasnocombateàdesigualdadeedepobreza,elas

diminuíram em linha com omelhores grupos de comparação, talvez inclusive

ficandoumpoucoatrás.Ouseja,poderíamostermelhoradoaindamais.

 

68

1012

14

1995 2000 2005 2010 2015

Brasil Grupo de Controle Sintético

Fonte: IDB. China (0.201), Col ômbia (0.626), P aquistão (0.085), Tailândia (0.019) e Turquia (0.069).

Proporção da População em Situação de Subnutrição

Page 110: A Década Perdida 2002-2013

109

3 Conclusão 

Exceto pelo mercado de trabalho, em todas as outras dimensões

socioeconômicas relevantes, o Brasil foi tão bem quanto ou, mais

frequentemente, pior do que o melhor grupo de comparação. No principal

quesito, o PIB per capita, enriquecemos durante a década 2003 – 2012, mas

menosdoqueomelhorgrupodecomparação.Estamosentre10%e15%menos

ricos do que deveríamos estar. Esse “empobrecimento” relativo é bastante

robusto. Não importa muito qual grupo inicial de comparação utilizamos:

crescemossemprepelomenos10%menos.Adiferençachegaaser20%.

O quadro da economia brasileira nos últimos anos está claro. Houve aumento

relativo na utilização do fator trabalho, mas sem aumento equivalente de

produtividade,seminvestimentoemcapitalfísicoeseminvestimentoemcapital

humano. No lado microeconômico, o ambiente de investimento piorou

relativamente, com a deterioração do ambiente regulatório e a perda da

competitividadeexternadopaís.Porfim,odesempenhodesetoresimportantes,

comoindústriaeenergiaelétrica,foirelativamenteruim.Algunssetores,comoa

intermediação financeira e telecomunicações, forambem,mas em linha como

melhor grupo de comparação (ou um pouco melhor, como no caso de

telecomunicações).Claro,amelhoriadealgunssetoresdeverefletirofatodeque

omundoavança, tecnologiasmelhoramepolíticaspúblicasbemsucedidas são

emuladas.Osavançostantoemintermediaçãofinanceiracomotelecomunicações

têm, pelo menor em parte, suas raízes em decisões tomadas antes de 2003,

muitasdelasfortementecriticadaspelosatuaisocupantesdogovernofederal.A

privatização do sistema Telebras em 1998 e os programas de saneamento do

setor bancário, PROER e PROES, são exemplos contundentes de políticas

criticadas pelo PT mas que deram frutos justamente quando o PT estava no

poder.

NosquesitossociaistampoucooBrasilsuperouomelhorgrupodecomparação.

O IDHmelhorouestritamenteem linha comomelhorgrupode comparação.A

Page 111: A Década Perdida 2002-2013

110

expectativadevidaeoutrasmétricasdesaúdenãomelhoraramalémdomelhor

grupo de comparação; o número de anos de escolaridade caiu em relação ao

melhor grupode comparação, apesarde termos gastadomais; a violência caiu

bemmenos.Aquedadadesigualdadederenda,meninadosolhosdosgovernos

LulaeDilma,defatocaiu,assimcomojávinhacaindodesdeosanos1990.Mas

caiumenosdoquenomelhorgrupodecomparação.Apobreza,dependendoda

métrica, cai um poucomais ou um poucomenos do que nomelhor grupo de

comparação. Ou seja, melhorou em linha com o esperado dada a melhoria

internacional.

Porqueentãoonítidoaumentonasensaçãodebem‐estar,refletido,entreoutras

coisas,nareeleiçãodopresidenteLulaem2006enaeleiçãodapresidenteDilma

em2010?Porqueosindicadoresmostramqueopaísmelhorou.Oeleitortípico,

mesmoqueracional,talveztenhadificuldadedeavaliarocontrafactual.Adécada

foi perdida no contrafactual, não no factual. Portanto, nossos resultados são

perfeitamentecompatíveiscomosucessoeleitoraldoPTnadécadade2000.

Em suma, crescemosmenos e assentamosbasesmais frágeis para o futurodo

quepaísessimilares.Nessesentido,perdemosadécada.

Page 112: A Década Perdida 2002-2013

111

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Page 114: A Década Perdida 2002-2013

113

Apêndice A: Metodologia  

Osresultadosapresentadosaolongodotrabalhoforamobtidospormeiodo

método do grupo de controle sintético, tal como proposto por Abadie e

Gardeazabal (2003) e posteriormente refinado por Abadie, Diamond e

Hainmueller(2010).Ométodoéútilparaseestimarefeitossobreumaunidade

quesofreualgumtipodetratamento.NocasodeAbadie,DiamondeHainmueller

(2010), a unidade que sofre um tratamento (uma mudança na legislação

referente ao fumo) é o estado da Califórnia. Caso soubéssemos como seria a

Califórniasemessaalteraçãolegal,entãoseriasimplesdecomputaroefeitode

interesse. Todavia, já quenaprática não sabemos como a Califórnia seria sem

essaintervenção,precisamosdeummétodoestatísticoobjetivoquesimulecomo

a unidade tratada se comportaria sem tratamento e, assim, estime de forma

precisaoefeitodaintervenção.

Ométodosebaseianacomparaçãodochamadogrupodetratamento,isto

é,ogrupoquesofreuaintervençãoquesetemporobjetivoanalisar,comoutro

grupo,aquechamaremosgruposintéticoougrupodecontrole, construídode

forma a ser o mais assemelhado possível, em um sentido a ser explicitado

adiante,aogrupodeinteresse(tratamento)noperíodoanterioraotratamento.

Basicamente, a ideia é que se o desempenho dos grupos de tratamento e

sintético é similar no período anterior à intervenção, possíveis diferenças em

desempenhoapósotratamentorepresentamoefeitoresultantedaintervenção.

Especificamente, temos grupos de tratamento e sintético definidos como

países. Nosso grupo de tratamento representa uma unidade apenas, o Brasil.

Nossosgrupossintéticossãoconstruídosapartirdeumacombinaçãodeoutros

países, majoritariamente uma lista de países considerados emergentes e

definidosapartirdadisponibilidadededados35.OsgovernosdoPTrepresentam

aintervençãodeinteresse.Dessaformaanosanterioresa2003estãoinseridos

noperíodopré‐tratamento.

Estudos comparativos emciências sociais apresentamalgumasdificuldades

empíricas.Deumaformaabrangente, temosambiguidadeemrelaçãoàescolha

dosgruposdecomparação.Gruposdecomparação,emgeral,sãoescolhidospor35Mais detalhes sobre como se deu a definição do grupo de países considerados na seção ?? Dados

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114

base em critérios subjetivos. Nesse sentido, o método do grupo de controle

sintéticosapresentaalgumasvantagensdetalhadasnopróximoparágrafo.

Temosummétodoflexível,nosentidoemqueháliberdadenadefiniçãodas

unidades que irão compor o grupo sintético. Essas unidades são definidas a

partir de informações sobre a variável de interesse e sobre uma série de

variáveis econômicas (controles) que exercem influência sobre a variável de

interesse.Combasenessasinformações,ométododefinepesosacadaunidade

considerada (neste caso um país), construindo um grupo cujas características

mais se aproximam das características da unidade de tratamento no período

anterior à intervenção, neste caso oBrasil antes de 2003.Dessa forma, temos

grupos de comparação que são definidos não a partir de uma escolha do

pesquisador,masapartirdosdadosconsideradosnaavaliação. Ademais, o

método é transparente, no sentido em que o peso ou contribuição de cada

unidade na formação do grupo sintético é conhecido, assim como as

similaridadesentregruposdetratamentoecontroleemtermosdedesempenho

dasvariáveisconsideradas.

Apresentamos o método formalmente conforme a descrição em Abadie,

DiamondeHainmueller(2010).Suponhaquetemos 1países.Suponhaainda,

que apenas um desses países foi submetido à intervenção de interesse (neste

casooBrasil)equeessaintervençãoocorreudemaneiraininterruptaapósum

determinadoperíododeterminado.Dessaforma,temosinfinitascombinaçõesde

paísescomopossíveiscontroles.

Seja o resultado que seria observado no país 1, … , 1no período

1, … , na ausência de intervenção. Definimos como o número de

períodosanterioresàintervenção,deformaque1 .Seja oresultado

que seria observado pelo país no período se o país fosse submetido à

intervençãonosperíodosentre 1e .Ashipótesesusuaissãodequenãohá

efeitos da intervenção no período pré‐tratamento, isto é, para ∈ 1,… , e

para ∈ 1,… , 1 temos ,e de que a intervenção não exerce efeito

sobreoutrasunidades.

Definimos comooefeitodaintervençãoparaopaís noperíodo .

Definimos, ainda, que a intervenção foi realizadanopaís 1. . Seja uma

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115

variável binária que assume valor um se o país foi exposto à intervenção no

período ezerocasocontrário.Oresultadoobservadopelopaís noperíodo ,

definidocomo ,podeserrepresentadopor

Nosso objetivo é estimar o efeito da intervenção sobre o país de interesse no

período posterior ao tratamento. Isto é, gostaríamos de estimar o vetor

( , … , .Para :

Como é uma variável observada, para encontrar o efeito de interesse é

necessárioestimar .Supomosque édadoporummodelodefatores.

1

Temos que denota um fator comum a todos os países. representa um

vetor 1 decaracterísticasobservadas. éumvetor 1 deparâmetros.

é um vetor 1 de fatores comuns e um vetor 1 de cargas

fatoriais. éumchoquealeatóriocommédiazero.

Considere um vetor 1 de pesos , … , ′, de forma que

0para 2, … , 1e ⋯ 1. Cada valor particular do vetor

representaumpotencial controle sintético.Ou seja, cadavetor representa

uma combinação particular de pesos associados aos países em comparação. O

valor da variável resultado para cada controle sintético representado por é

dadopor

Suponhaqueexista ∗, … , ∗ ,deformaque

∑ ∗ , ∑

∗ ,⋯,

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116

(2)

∑ ∗ ,e∑

Épossívelmostrarquese∑ énãosingular,então:

∗ 3

Épossívelmostrar tambémque, sob condiçõesusuais, amédiado ladodireito

dessa equação se aproxima de zero. Dessa forma, para ∈ 1,… , um

estimadorpara podeserrepresentadopor

A relação em (2), entretanto, só é válida com igualdade se

, … , , pertencer à combinação convexa de

, … . , , , … , , … , , . Na prática, entretanto, muitas

vezes não existe um conjunto de pesos para os quais a equação (2) vale com

igualdade. Nesses casos, um conjunto de pesos é escolhido de forma que a

equação(3)sejaválidaaproximadamente.

Especificamente,temosqueumresultadodeinteresseobservadoem períodos

1, … , ,para o país de interesse, ,e para os países não afetados pela

intervenção, , com 2,… , 1. Seja um vetor , … . , ′ de

dimensão 1 edefinaumacombinaçãolinearderesultadospréintervenção

∑ . Considere combinações lineares desse tipo, definidas pelos

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117

vetores , … , .Seja , , … , . Seja , , … , ′um

vetor 1 , com ,de características pré intervenção para o país

considerado tratamento. De maneira similar, é uma matriz que

contêm as mesmas características para os países que não sofreram a

intervenção. O vetor ∗é escolhido de forma a minimizar alguma distância,

|| ||, entre e sujeito às restrições 0, … . , 0,

⋯ 1 . Uma escolha natural é definir , … , de forma que

, … , .

Para medir a distância entre e Abadie, Diamond e Hainmueller (2010)

empregam | | ′ , em que é uma

matriz simétrica e positiva semidefinida. A alternativa utilizada nesse

trabalhoéescolher deformaque,paraogrupodecontrolesintéticoresultante,

avariáveldeinteressemaisseaproximedatrajetóriaobservadoparaopaísque

sofreu o tratamento no período anterior à intervenção. Mais precisamente,

seguindo Abadie e Gardeazabal (2003), é escolhido entre matrizes diagonais

positivassemidefinidasdeformaqueamédiaquadráticadoerrodeprevisãoda

variávelderesultadosejaminimizadonosperíodosanterioresàintervenção.

Tendoemvistaosupracitado, ficaclaroqueavantagemdessaabordagemestá

na estimação transparente de um contrafactual, formado por uma

combinaçãolineardepaísesquenãosofreramintervenção,ocontrolesintético.

Ospaísesque formamocontrolesintético,bemcomoospesosassociados, são

selecionados a partir de um algoritmo que se baseia nas similaridades desses

países, tanto em relação à variável de interesse como em relação à covariadas

definidas, com o país tratado no período anterior à intervenção. Assim, a

diferença entre o desempenho do país tratado e o desempenho do controle

sintético após a intervenção pode ser utilizado para estimar o efeito da

intervenção.

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Apêndice B: Dados e Construção dos Grupos de Controle Sintéticos 

1. ListadePaíses

Ao longo deste trabalho utilizamos majoritariamente três bases de dados:(i)WorldDelevopmentIndicators(WDI), do Banco Mundial, (ii)WorldEconomicOutlook(WEO), do FMI e (iii)WorldEconomicSurvey(WES) do IFO. AWDI é amais completa base de dados do bancomundial, sendo compilada de diversasfontesderenomeinternacional.Abasepossuiosmaisrecenteseprecisosdadosdedesenvolvimento.Aperiodicidadedabaseéanual, commaisde200países,desde1960.

OWEO,porsuavez,éabasededadosmacroeconômicosdoFMI,comdadosdecontasnacionais,balançodepagamentos, indicadoresfiscaiseetc.Osdadosestãodisponíveisde1980atéosdiasdehoje.

Finalmente, o WES é produzido a cada 3 meses e agrupa mais de 1100pessoase instituiçõesemmaisde115países.Oobjetivoéavaliarascondiçõespresenteseasesperadasparaasrespectivasregiõesdeatuaçãodosagentes.Emtermos mais detalhados,o questionário da pesquisa foca em informaçõesqualitativas.Asrespostassãocombinadasparacadapaíssemumadiferenciaçãode pesos. O processo de notas consiste em dar uma nota 9 para respostaspositivas,5pararespostasneutrase1pararespostasnegativas.

Nadefiniçãodaamostradepotenciaispaísesparticipantesdecadagrupodecontrole sintético, partimos da lista de países considerados emergentes peloFMI36. São estes Argentina, Brasil, Bulgária, Chile, China, Colômbia, Estônia,Hungria, Índia, Indonésia, Letônia, Lituânia, Malásia, México, Paquistão, Peru,Filipinas, Polônia,Romênia,Rússia,Áfricado Sul, Tailândia, Turquia,Ucrânia eVenezuela.

Por uma questão de disponibilidade de dados, alguns desses países foramdesconsideradosaolongodotrabalho.Primeiro,nãoconsideramosaArgentina,que teve,por suspeitasemrelaçãoàqualidadede seusdados, interrupçõesnadivulgaçãodeestatísticasfundamentaisemanosrecentes.Outrosquatropaísesdessa lista inicial também foram desconsiderados: Estônia, Letônia, Rússia eRomênia. Nesses casos, temos que para, pelomenos uma das bases utilizadasmajoritariamente ao longo do trabalho, as informações disponibilizadas emrelaçãoaessespaísessãofalhasouinexistentes.

Assim,temosque,paraagrandemaioriadasestimaçõesrealizadasaolongo

desse trabalho, o grupo de países considerado na construção do controlesintético foi formadopor: Bulgária, Chile, China, Colômbia,Hungria, Indonésia,

36Disponívelem(http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2012/update/02/index.htm)

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119

Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia, Tailândia,Turquia,Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

ParaimplementaçãodométodonoStataénecessárioque:i)todosospaísespossuam informações referentes à variável de interesse para todos os anosconsiderados; ii) Para todos os países considerados tenhamos informaçõesreferentesacadaumadascovariadasparapelomenosumdosanosinseridosnoperíodo.

Dessaforma,quandoalgumpaísnãoapresenta,paraqualquermomentonoperíodo considerado, informações referentes à variável de interesse esse paístemdeserdesconsideradodaestimação.Damesmaforma,separaalgumpaís,não temos informações referentes a alguma covariada para todos os anos noperíodo considerado, essa covariada tem de ser desconsiderada. Assim, emalgunscasosespecíficos,a listadepaísesoua listadecovariadasconsideradosna estimação difere da lista preponderante ao longo do trabalho. Na próximaseção,detalhamosospaíseseascovariadasconsideradosemcadaestimação.

Ademais, para alguns casos específicos, a variável de interesse teve de serobtidadebasesdedadosdistintas.Asbasesalternativasutilizadasao longodotrabalho são disponibilizadas pelas seguintes fontes: PennTable, InternationalEnergy Statistics, Aneel, USGS MineralsInformation, UNODC, IPEA,InternationalLabourOrganization, World Health Organization,IIASA/VIDProjection, International Energy Statistics, UN – MDG e Inter‐AmericanDevelopment Bank.Nesses casos, temos,muitas vezes, alterações na amostrausual de potenciais países participantes do grupo de controle sintético. Valeressaltar que em cada um desses casos a amostra de países considerada foidefinidadeacordocomadisponibilidadededados.

2. Covariadas

Assim como em relação ao grupo de países considerados para estimação,tambémemrelaçãoàscovariadasconsideradasseguimos,excetoparacasosemquenãohádisponibilidadededados,umpadrãofixo.Istoé,consideramosumalistadecovariadasdefinidasparacadaestimação.Oscasosemqueessalistatevedeseralteradaseguemexplicitadosnapróximaseção.

Temosaseguintelistadecontrolesparacadaestimação: GDP per capita (constant 2005 US$). Fonte: Banco Mundial (WDI).

Produto Interno Bruto (soma do valor bruto adicionado de todos osprodutores residentes na economia, somados a taxas de produto esubtraídos de quaisquer subsídios não incluídos no valor do produto)calculado sem levar em conta a depreciação. Os dados são de preçosconstantesemUS$de2005.

Officialexchange rate (LCU per US$, periodaverage). Fonte: BancoMundial (WDI).A taxadecâmbiose refereàoficialdogoverno (casoataxasejafixa)ouaovalortransacionadonabolsadevaloreslegalmentesancionada.Ataxaécalculadacomoamédiaanualdasmédiasmensais.OsvaloressãodadosemmoedalocalsobreUS$.

Industry, valueadded (% of GDP). Fonte: Banco Mundial (WDI). Aindústria corresponde as divisões de 10‐45 do código ISIC. O valor

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120

adicionadocorrespondeàproduçãolíquidadeprodutosintermediários,sem levar em conta a depreciação ou custos aos recursos naturais. OsdadosestãoemUS$de2005.

Gross capital formation (constant2005US$). Fonte: BancoMundial(WDI).Écalculadocomoaadiçãodeativosfixosaeconomiasomadacomas mudanças líquidas nos níveis de inventário. Ativos fixos incluemplantas,maquinários,compradeequipamentos,melhoramentosnaterra,construção de estradas, escolas, escritórios, hospitais, prédiosresidenciais e etc. Os inventários são estoques de firma em posse dasempresas.

Agriculture, valueadded (% of GDP). Fonte: Banco Mundial (WDI).Agricultura corresponde às series com código ISIC de 1‐5, o que incluicaça,pesca,cultivodeplantaçõeseetc..Ovaloradicionadocorrespondeàprodução líquida de produtos intermediários, sem levar em conta adepreciação ou custos aos recursos naturais. Os dados estão emUS$ e2005.

Inflation, averageconsumerprices index. Fonte: FMI. É uma medidaque captura a mudança de preços e serviços que o domicílio médioconsome. Essa cesta de consumo pode ser ajustada em intervalosespecificados, como anualmente, por exemplo. A série é a média doperíodo(enãoataxaaofinaldoperíodo).

Netbartertermsof trade index (2000=100). Fonte: BancoMundial(WDI). Calculado como a razão percentual do índice de valores deexportaçãopeloíndicedevaloresdeimportação,medidosemrelaçãoaoanobase2000.

Unemployment, total (% of total labor force)(national estimate).Fonte: Banco Mundial: Desemprego se refere aparcela da força de trabalho que está sem emprego, mas apto eprocurandoalgumposicionamentonomercadodetrabalho.

Exportsofgoodsandservices (constant 2005 US$). Fonte: BancoMundial (WDI) A série inclui os valores dos bens e serviços prestadospelo país para o resto domundo. Inclui o valor demercadorias, frete,seguros, transporte, comunicação e etc. Exclui pagamento defuncionárioseinvestimentos.OsdadosestãoemvaloresdeUS$de2005.

Importsofgoodsandservices (constant 2005 US$). Fonte: BancoMundial (WDI). A série inclui os valores das transações prestadas peloresto domundoparao país, incluindomercadorias emgeral, ouronãomonetárioeserviços.OsdadosestãoemvaloresdeUS$de2005.

Outras três covariadas consideradas foram obtidas de uma basechamadaPesquisa Econômica Mundial (WES do inglesWorld EconomicSurvey).Essapesquisaavaliatendênciasemtodomundoagregandodadosdeorganismosinternacionaiseespecíficosdecadapaís.AWESéconduzidaemcooperaçãocom

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aCâmara InternacionaldeComércioemParis.Oquestionáriodapesquisa focaem informações qualitativas. As respostas são combinadas para cada país semuma diferenciação de pesos. O processo de notas consiste em dar uma nota 9pararespostaspositivas,5pararespostasneutrase1pararespostasnegativas37.Trêscovariadasforamretiradasdessabase

PublicDeficits.Fonte.Fonte:WorldEconomicSurvey LackofSkilledLabour.Fonte:IFOWorldEconomicSurvey LackofInternationalCompetitiveness. Fonte: IFO World

EconomicSurvey

3. VariáveisdeInteresseepesosassociadosaocontrolesintético:

Nestaseção,explicitamoscadaumadasvariáveisde interesseconsideradas

aolongodotrabalho,suafonteedefinição,ospaísesconsideradosnaestimaçãoeospesosassociadosacadaumdessespaíses.Explicitamosaindaoscasosemquealgumasdascovariadasda listapadrãotiveramdeserdesconsideradasnaestimação.

GDP per capita (constant 2005US$): Fonte: Banco Mundial (WDI).

Produto Interno Bruto (soma do valor bruto adicionado de todos osprodutores residentes na economia, somados a taxas de produto esubtraídos de quaisquer subsídios não incluídos no valor do produto)calculado sem levar em conta a depreciação. Os dados são de preçosconstantesemUS$de2005.Países incluídos são:Bulgária, Chile,China,Colômbia,Hungria,Indonésia,Índia,Lituânia,México,Malásia,Paquistão,Peru, Filipinas, Polônia, Tailândia (0.206), Turquia (0.577), Ucrânia(0.146),VenezuelaeÁfricadoSul(0.071).

Netbartertermsof trade index (2000=100):Fonte: BancoMundial(WDI). Calculado como a razão percentual do índice de valores deexportaçãopeloíndicedevaloresdeimportação,medidosemrelaçãoaoano base 2000. Países incluídos são: Chile, China (0.168), Colômbia,Indonésia, Índia (0.329), México, Malásia, Paquistão, Peru (0.268),Filipinas,Tailândia,Turquia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.234).

Age dependencyratio (% ofworking‐age population): Fonte: BancoMundial (WDI). Calculada como a razão de dependentes (pessoas commenos de 15 amos oumais de 64 anos) com a população que trabalha(entre 15‐64 anos). Os dados mostram a proporção para cada 100trabalhadores entre 15‐64 anos. Países incluídos são: Bulgária, Chile,

37Paramaisdetalhes,ver:http://www.iccwbo.org/global‐influence/ifo‐world‐economic‐survey/.

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China, Colômbia (0.093), Hungria, Indonésia, Índia (0.05), Lituânia,México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia (0.345), Tailândia,Turquia(0.288),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.224).

GDP per personemployed (constant 1990 PPP $): Fonte: BancoMundial (WDI). Calculado como o Produto Interno Bruto dividido pelonúmero total de empregados na economia. O PIB é a preços de 1990,convertido pela paridade do poder de compra. Países incluídos são:Bulgária, Chile, China (0.237), Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia,Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia, Tailândia,Turquia (0.164), Ucrânia (0.333), Venezuela (0.222) e África do Sul(0.044).

LackofSkilledLabour: Fonte: IFO World EconomicSurvey. A pesquisaeconômica mundial (WES do inglesWorld EconomicSurvey) avaliatendências em todo mundo, agregando dados de organismosinternacionais e específicos de cada país. A WES é conduzida emcooperação com a Câmara Internacional de Comércio em Paris. Oquestionáriodapesquisa focaeminformaçõesqualitativas.Asrespostassão combinadas para cada país sem uma diferenciação de pesos. Oprocessodenotasconsisteemdarumanota9pararespostaspositivas,5pararespostasneutrase1pararespostasnegativas.Paramaisdetalhes,ver: http://www.iccwbo.org/global‐influence/ifo‐world‐economic‐survey/. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China, Colômbia (0.143),Hungria (0.183), Indonésia, Índia, Lituânia, México (0.203), Malásia,Paquistão (0.208), Peru, Filipinas, Polônia, Tailândia, Turquia, Ucrânia(0.262),VenezuelaeÁfricadoSul.

Gross capital formation (1 mi constant 2005 US$): Fonte: BancoMundial (WDI). É calculado como a adição de ativos fixos a economiasomadacomasmudanças líquidasnosníveisde inventário.Ativos fixosincluemplantas,maquinários,compradeequipamentos,melhoramentosna terra, construção de estradas, escolas, escritórios, hospitais, prédiosresidenciais e etc. Os inventários são estoques de firma em posse dasempresas.Países incluídos são:Bulgária,Chile,China (0.169),Colômbia,Indonésia, Índia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia,Tailândia(0.116),Turquia(0.715),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

Foreigndirectinvestment,netinflows(BoP,currentUS$):Fonte:BancoMundial(WDI).Investimentodiretoestrangeirosãoosrecebimentoslíquidosdecapitalparaaaquisiçãodeumaposiçãodegerenciamento(10%oumaisdeaçõescomdireitoavoto)emuma

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empresaqueoperaemumaeconomiadiferentedadoinvestidor.Éasomadecapitalemequity,reinvestimentodelucros,outrostiposdecapitaldelongoprazoeinvestimentosdecurtoprazopresentesnobalançodepagamento.Osdadosestãoemdólaresapreçoscorrentes.Paísesincluídossão:Bulgária,Chile,China(0.404),Colômbia,Hungria,Indonésia,Índia,Lituânia,México,Malásia,Paquistão,Peru,Filipinas,Polônia(0.596),Tailândia,Turquia,Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

Electric powertransmissionanddistributionlosses (% of output):Fonte: Banco Mundial (WDI). A variável inclui perdas na distribuiçãoentre as fontes de geração a pontos de distribuição e de pontos dedistribuiçãoaoconsumofinal.Paísesincluídossão:Bulgária,Chile,China,Colômbia (0.126), Hungria, Indonésia, Índia (0.203), Lituânia, México(0.293), Malásia, Paquistão, Peru (0.254), Filipinas, Polônia, Tailândia,Turquia(0.038),Ucrânia(0.061),VenezuelaeÁfricadoSul(0.025).

Roads, total network (km): Fonte: Banco Mundial (WDI). A variávelinclui todas as rotas pavimentadas de umpaís. Os países incluídos são:Chile,Indonésia,Índia(0.567),Lituânia,México,Paquistão,Peru,Polônia(0.433)eUcrânia.

Roadsectordieselfuelconsumptionpercapita(kgofoilequivalent):Fonte: Banco Mundial (WDI). Consumo de óleo diesel dividido pelapopulação. Diesel é um óleo pesado utilizado em alguns motores decombustão interna. Kg ofoilequivalent é uma unidade normalizada deenergia.Éequivalenteaomontantedeenergiaquepodeserextraídodeum kg de óleo sem refino. Países incluídos são: Bulgária, Chile (0.364),China, Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia (0.129), México,Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia (0.141), Tailândia (0.252),Turquia,Ucrânia(0.114),VenezuelaeÁfricadoSul.

Air transport, freight (millionton‐km): Fonte: Banco Mundial (WDI).Volumedecargatransportadaemcadaestágiodovoo,istoé,operaçãodeuma aeronave entre uma decolagem e o próximo pouso. Medido emmilhões de toneladasmultiplicado pelo número de km viajados. Paísesincluídos são: Bulgária, Chile, China, Colômbia (0.003), Hungria,Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas,Polônia,Tailândia(0.997),Turquia,Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

Air transport, passengerscarried: Fonte: Banco Mundial (WDI). Avariávelincluipassageirosdevoosnacionaiseinternacionaisregistradosno país. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China (0.362), Colômbia,

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Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru,Filipinas,Polônia,Tailândia,Turquia(0.638),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

Container porttraffic (TEU: 20 ftequivalentunits): Fonte: BancoMundial(WDI).Avariávelmedeofluxodecontainersdaterraparaomar(eviceversa)enunidadesdeequivalênciade20pés(TEU),referenteaotamanho de um container médio. Países incluídos são: Chile, China (0.023),Colômbia,Indonésia,Índia(0.111),México,Malásia,Peru(0 .157),Filipinas,Tailândia,Turquia(0.709)eÁfricadoSul.

TFP levelatcurrentPPPs (USA=1): Fonte: Penn Table. Produtividadetotaldosfatores,ajustadapelaParidadedoPoderdeCompracorrente.Ospaíses incluídos são: Bulgária, Chile, China (0 .083), Colômbia, Hungria,Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Peru (0 .198), Filipinas,Polônia,Tailândia(0.344),Turquia(0.303),Ucrânia(0.072),VenezuelaeÁfricadoSul.

Scientificandtechnicaljournalarticles: Fonte: Banco Mundial (WDI).Númerode artigos científicos ede engenhariapublicadosnos seguintescampos: física, biologia, química, matemática, medicina, biomedicina,engenhariaetecnologiaeciênciasdaterraedoespaço.Paísesincluídossão:Bulgária,Chile,China(0.258),Colômbia,Hungria(0.221),Indonésia,Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia,Tailândia,Turquia(0.173),Ucrânia(0.147),Venezuela(0.166)eÁfricadoSul(0.035).

RegulatoryQuality Fonte: Banco Mundial. A variável captura aspercepções da habilidade do governo para formular e implementarpolíticas e regulaçõesquepromovemo setorprivado.Osdados contamexclusivamente com percepções de firmas, domicílios, ONG’s eorganizações multilaterais. Para mais detalhes, ver:http://info.worldbank.org/governance/wgi/index.aspx#faq‐2. Paísesincluídos são: Bulgária, Chile, China (0.198), Colômbia, Hungria,Indonésia, Índia, Lituânia (0.061), México, Malásia, Paquistão, Peru(0.111), Filipinas, Polônia (0.349), Tailândia, Turquia (0.143), Ucrânia(0.025),Venezuela(0.003)eÁfricadoSul(0.108).

CorruptionPerceptions Index: Fonte: TransparencyInternational.Oíndice é calculado com 13 diferentes fontes de dados, de 12 diferentesinstituições que capturam percepções de corrupção nos últimos doisanos. Os dados estão de 0‐100, em que 0 é omaior nível percebido decorrupção. Eles são ajustados para a escala de 0‐100 a partir da

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normalização da variável original nos dados. Para mais detalhes, ver:http://cpi.transparency.org/cpi2013/in_detail/. Países incluídossão:Bulgária (0.074), Chile (0.073), China (0.119), Colômbia, Hungria,Indonésia, Lituânia,México,Malásia, Paquistão (0 .136), Peru, Filipinas,Polônia(0.388),Tailândia,Turquia(0.051),Ucrânia(0.038),VenezuelaeÁfricadoSul(0.122).

GDP deflator (base year varies by country): Fonte: Banco Mundial

(WDI).DeflatorimplícitodoPIB,calculadocomooPIBapreçoscorrentessobre o PIB a preços constantes. Países incluídos são: Bulgária, Chile,China (0.201), Colômbia, Hungria (0.305), Indonésia, Índia (0.16),Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru (0.191), Filipinas, Polônia,Tailândia,Turquia(0.037),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.106).

Officialexchange rate (LCU per US$, periodaverage): Fonte: Banco

Mundial (WDI). A taxa de câmbio se refere à oficial do governo (caso ataxaseja fixa)ouaovalor transacionadonabolsadevalores legalmentesancionada.A taxaécalculadacomoamédiaanualdasmédiasmensais.Os valores são dados emmoeda local sobre US$. Países incluídos são:Bulgária, Chile, China, Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia,México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia (0.172), Tailândia,Turquia(0.728),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.1).

Gross savings (currentUS$): Fonte: Banco Mundial (WDI). Poupançabruta é calculada como a renda bruta nacionalmenos o consume total,mais transferências líquidas. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China(0.131), Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia,Paquistão, Peru (0.02), Filipinas, Polônia (0.22), Tailândia (0.191),Turquia(0.394),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.044).

LackofInternationalCompetitiveness: Fonte: IFO WorldEconomicSurvey. A pesquisa econômicamundial (WES do inglêsWorldEconomicSurvey) avalia tendências em todomundoagregandodadosdeorganismosinternacionaiseespecíficosdecadapaís.AWESéconduzidaem cooperação com a Câmara Internacional de Comércio em Paris. Oquestionáriodapesquisa focaeminformaçõesqualitativas.Asrespostassão combinadas para cada país sem uma diferenciação de pesos. Oprocessodenotasconsisteemdarumanota9pararespostaspositivas,5pararespostasneutrase1pararespostasnegativas.Paramaisdetalhes,ver: http://www.iccwbo.org/global‐influence/ifo‐world‐economic‐survey/. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China, Colômbia (0.356),Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia, México (0.307), Malásia, Paquistão

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(0.059), Peru, Filipinas, Polônia (0.24), Tailândia, Turquia, Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.037).

Exportsofgoodsandservices (constant 2005 US$). Fonte: BancoMundial (WDI). A série inclui os valores dos bens e serviços prestadospelo país para o resto do mundo. Inclui o valor de mercadorias, frete,seguros,transporte,comunicaçãoeetc.Excluipagamentodefuncionáriose investimentos. Os dados estão em valores de US$ de 2005. Paísesincluídossão:Bulgária,Chile,China,Colômbia,Hungria,Indonésia,Índia(0.49), Lituânia, México (0.118), Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas,Polônia (0.024), Tailândia, Turquia (0.166), Ucrânia, Venezuela e ÁfricadoSul(0.202).

Importsofgoodsandservices (constant 2005 US$). Fonte: BancoMundial (WDI). A série inclui os valores das transações prestadas peloresto domundo para o país, incluindomercadorias em geral, ouro nãomonetárioeserviços.OsdadosestãoemvaloresdeUS$de2005.Paísesincluídos são: Bulgária, Chile, China (0.075), Colômbia, Hungria,Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas,Polônia (0.138), Tailândia (0.192), Turquia (0.544) , Ucrânia (0.001),VenezuelaeÁfricadoSul(0.05).

Goods,ValueofImports (US$)Fonte: FMI (IFS). A variável é calculadacomoovalordasimportaçõesemdólarescorrentes.Paísesincluídossão:Bulgária,Chile,China(0.01),Colômbia,Hungria,Indonésia,Índia(0.468),Lituânia, México (0.092), Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia,Tailândia,Turquia(0.316),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.114).

Generalgovernmentrevenue(PercentofGDP):Fonte:FMI.Asreceitasdogovernoconstituemdedívidas,contribuiçõessociaiseoutrasreceitas.Asreceitasaumentamovalorlíquidodogoverno,queéadiferençaentreosativosepassivos.AvariávelémedidacomopercentualdoPIBapreçoscorrentes. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China (0.14), Colômbia(0.006), Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão,Peru, Filipinas, Polônia (0.408), Tailândia, Ucrânia (0.447), Venezuela eÁfricadoSul.

Generalgovernment totalexpenditure (PercentofGDP): Fonte: FMI.

Asdespesastotaisconstituemadespesaeaquisiçãolíquidadeativosnãofinanceiros. A variável é medida como percentual do PIB a preçoscorrentes. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China (0.04), Colômbia,Hungria (0.254), Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão,

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Peru, Filipinas, Polônia (0.38), Tailândia (0.326), Ucrânia, Venezuela eÁfricadoSul.

Generalgovernmentgrossdebt(PercentofGDP):Fonte: FMI.Adívidabruta consiste de passivos que requerem o pagamento de juros e/ouprincipal pelo devedor a um credor em datas definidas no futuro. Avariável é medida como percentual do PIB a preços correntes. Paísesincluídos são: Bulgária, Chile, China (0.035), Colômbia, Hungria,Indonésia, Índia (0.861), Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru,Filipinas,Polônia,Tailândia,Ucrânia,Venezuela(0.104)eÁfricadoSul.

Averagematurityon new externaldebtcommitments (years): Fonte:BancoMundial(WDI).Amaturidadeéamédiadonúmerodeanosparaamaturidadeoriginaldadívida,queéasomadoprazodecarênciacomosperíodosderepagamento.Paraobteramédia,ospesosutilizadossãodomontantedecadadívida.Paísesincluídossão:Bulgária,China,Colômbia,Hungria (0.136), Indonésia, Índia, México, Malásia, Paquistão, Peru,Filipinas,Tailândia(0.093),Turquia(0.36),Ucrânia,Venezuela(0.411)eÁfricadoSul.

MonetaryPolicy‐RelatedInterestRate:Fonte:FMI.Paísesincluídossão:Bulgária,Chile,Colômbia,Indonésia(0.871),Tailândia,Turquia(0.065)eÁfricadoSul(0.064).

Realinterestrate(%):Fonte:BancoMundial(WDI).Ataxadejurosrealé a taxa de empréstimos ajustado por inflação medida pelo deflatorimplícito.Países incluídossão:Bulgária,Chile,China,Colômbia,Hungria,Indonésia, México, Malásia, Peru (1.00), Filipinas, Tailândia, Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

External balance ongoodsandservices (% of GDP): Fonte: BancoMundial (WDI).A série é calculada comoexportaçãodebens e serviçosmenosasimportaçõesdebenseserviços.Paísesincluídossão:Bulgária,Chile, China (0.201), Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia,México, Malásia, Paquistão, Peru (0.276), Filipinas, Polônia (0.288),Tailândia, Turquia (0.062), Ucrânia (0.137), Venezuela e África do Sul(0.036).

CurrentaccountbalancePercentofGDP:Fonte:BancoMundial (WDI).A série é calculada como a soma de exportações líquidas de bens eserviços, renda primária líquida e renda secundária líquida. Paísesincluídos são: Bulgária (0.061), Chile, China, Colômbia,Hungria (0.219),Indonésia, Índia (0.005), Lituânia, México (0.317), Malásia, Paquistão

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(0.168), Peru (0.123), Filipinas, Polônia (0.107), Tailândia, Turquia,Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

Total reserves (includes gold, current US$): Fonte: Banco Mundial(WDI). As reservas totais incluemouromonetário, direitos especiais desaque, reservas no FMI emontante demoeda estrangeira em posse daautoridade monetária. Os preços estão em dólares correntes. Paísesincluídos são: Bulgária, Chile, China (0.152), Colômbia, Hungria,Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru (0.229),Filipinas, Polônia (0.32), Tailândia (0.152), Turquia (0.146), Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

Industry, valueadded (constant 2005 US$): Fonte: Banco Mundial(WDI). A indústria corresponde as divisões de 10‐45 do código ISIC. Ovalor adicionado corresponde à produção líquida de produtosintermediários,semlevaremcontaadepreciaçãooucustosaosrecursosnaturais.OsdadosestãoemUS$de2005.Paísesincluídossão:Bulgária,Chile, China (0.201), Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia,México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia, Tailândia, Turquia(0.799),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

Electricpowerconsumption (kWhper capita):Fonte: BancoMundial(WDI). A série é calculada com o consumo de energia elétrica (jádescontadas as perdas na transmissão e a energia utilizada na própriageração de energia) sobre a população. Países incluídos são: Bulgária,Chile, China, Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia (0.316), Lituânia,México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia (0.17), Tailândia,Turquia(0.407),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.107).

Total Electricity Net Generation (BillionKilowatthours): Fonte:InternationalEnergyStatistics.Asériededadosconsideratodaageraçãodeenergia líquidadomontanteutilizadonaproduçãodeenergia.Paísesincluídossão:Bulgária,Chile,China,Colômbia,Hungria, Indonésia, Índia(0.442), Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia,Tailândia,Turquia,Ucrânia(0.278),VenezuelaeÁfricadoSul(0.279).

Industrial electricityprices (Including Taxes) (pence per KWh):Fontes:ANEELeInternationalEnergyAgency(IEA).OsdadosdoMercadobrasileiro foram obtidos junto a ANEEL, enquanto que para os outrospaíses os dados são da IEA. O preço já inclui impostos. Os Preços deenergia elétrica estão em pences por KWh (um pence equivale a umcentésimo de libra). Canada, Suíça, República Tcheca, Alemanha,Dinamarca,Espanha, França,ReinoUnido,Hungria, Irlanda, Itália, Japão

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(0.007),CoréiadoSul,NovaZelândia (0.884),Polônia,Portugal (0.065),Eslováquia,Turquia,EstadosUnidos(0.044).Nessecaso,porumaquestãode disponibilidade de dados, a covariadaInflation ‐AverageConsumerPricesIndexfoidesconsideradanaestimação.

Domesticcredittoprivate sector bybanks (% of GDP): Fonte: BancoMundial (WDI).Asériesereferea recursos financeirosdisponibilizadosao setorprivadopor corporações financeiras (de todosos tipos).Paísesincluídos são: Bulgária, Chile, China (0.051), Colômbia, Hungria,Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas,Polônia,Tailândia (0.0066),Turquia (0823),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.06).

Agriculture, valueadded (% of GDP): Fonte: Banco Mundial (WDI).Agricultura corresponde às series com código ISIC de 1‐5, o que incluicaça,pesca,cultivodeplantaçõeseetc..Ovaloradicionadocorrespondeàprodução líquida de produtos intermediários, sem levar em conta adepreciação ou custos aos recursos naturais. Os dados estão em US$ e2005. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China, Colômbia, Hungria,Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas,Polônia, Tailândia, Turquia, Ucrânia (0.179), Venezuela e África do Sul(0.821).

IronOre‐GrossWeightBase:Fonte:USGSMineralsInformation.Países

incluídos são: Austrália (0.463), Áustria, Bósnia e Herzegovina, Canadá,Chile, China (0.537), Colômbia, Argélia, Egito, Indonésia, Índia, Irã,Cazaquistão, Coréia do Sul, Marrocos, México, Mauritânia, Malásia,Noruega,NovaZelândia,Peru,Portugal,Rússia,Suécia,Tunísia,Turquia,Ucrânia, Estados Unidos, Venezuela, África do Sul. Nesse caso, por umaquestão de disponibilidade de dados, sacovariadasInflation ‐AverageConsumerPrices Index, Unemployment ‐ total (% of totallaborforce), PublicDeficits, LackofSkilledLabour,LackofInternationalCompetitivenessforamdesconsideradasnaestimação.

IronOre–MetalContentBase ‐Thousandmetric tons Fonte: USGSMineralsInformation. Austrália (1.00), Áustria, Bósnia e Herzegovina,Canadá, Chile, China, Colômbia, Argélia, Egito, Indonésia, Índia, Irã,Cazaquistão, Coréia do Sul, Marrocos, México, Mauritânia, Malásia,Noruega,NovaZelândia,Peru,Portugal,Rússia,Suécia,Tunísia,Turquia,Ucrânia, Estados Unidos, Venezuela, África do Sul. Nesse caso, por umaquestão de disponibilidade de dados, as covariadasInflation ‐AverageConsumerPrices Index, Unemployment ‐ total (% oftotallabor

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force), PublicDeficits, LackofSkilledLabour,LackofInternationalCompetitivenessforamdesconsideradasnaestimação.

Total OilSupply (Thousand Barrels Per Day):Fonte: InternationalEnergyStatistics.Asérieincluiaproduçãodeóleoeganhosnoprocessode refinamento. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China (0.064),Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia, México (0.312), Malásia,Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia (0.141), Tailândia (0.306), Turquia,Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.178).

GrossNaturalGasProduction(BillionCubicFeet):Fonte: InternationalEnergy Statistics. Produção de Gás natural em bilhões de pés cúbicos.Para garantir a comparabilidade dos dados entre diferentes países, osdadosdeproduçãoexcluemosgasesquenão sãohidrocarbonetosparatodos os países. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China (0.169),Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia (0.097),Paquistão, Peru (0.162), Filipinas, Polônia, Tailândia (0.158), Turquia(0.414),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

TotalRefineryOutputofPetroleumProducts (ThousandBarrelsPerDay):Fonte: International Energy Statistics. Produção total de petróleorefinado, emmilhares de barris por dia. Países incluídos são: Bulgária,Chile,China(0.247),Colômbia,Hungria,Indonésia,Índia,Lituânia,México(0.638), Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia (0.115), T ailândia,Turquia,Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul.

Refinery Output of Motor Gasoline (Thousand Barrels Per Day):

Fonte:InternationalEnergyStatistics.Produçãoderefinariasdegasolinapara motores, em milhares de barris por dia. Países incluídos são:Bulgária, Chile, China (0.33), Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia,Lituânia, México, Malásia, Paquistão (0.58), Peru, Filipinas, Polônia,Tailândia,Turquia,Ucrânia,Venezuela(0.09)eÁfricadoSul.

ShareofLabourcompensationinGDPatcurrentnationalprices.Fonte:PennTable.Massa salarial emrelaçãoaoPIBapreços correntes.Paísesincluídos são: Bulgária, Chile, China (0.144), Colômbia,Hungria (0.335),Indonésia, Índia (0.03), Lituânia, México (0.082), Malásia, Peru (0.14),Filipinas,Polônia(0.222),Tailândia,Turquia,Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.048).

Minimum nominalmonthlywage. Fonte: ILO. Bulgária (0.216), Chile,China (0.187), Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia (0.366),

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México, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia, Tailândia, Turquia (0.23),UcrâniaeVenezuela.

Evolução do Salário Mínimo Deflacionado. Fonte: ILO e BancoMundial. Construída a partir dos resultados obtidos pelo controlesintético realizado com os dados referentes ao salário mínimo mensaldisponibilizadospelaILO.EssesdadosforamdeflacionadosutilizandoosresultadosobtidoscomocontrolesintéticoparadeflatorimplícitodoPIB.Bulgária (0.216), Chile, China (0.187), Colômbia, Hungria, Indonésia,Índia, Lituânia (0.366), México, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia,Tailândia,Turquia(0.23),UcrâniaeVenezuela.

Meanyearsofschooling, age 15+, total. Fonte: IIASA/VID Projection.Bulgária, Chile, China, Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia,México (0.009), Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia (0.08),Tailândia,Turquia(0.724),UcrâniaeÁfricadoSul(0.187).

Meanyearsofschooling, age 20‐24, total Fonte: IIASA/VID Projection.Bulgária, Chile, China (0.082), Colômbia, Hungria, Indonésia, Índia(0.676), Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia(0.241),Tailândia,Turquia(0.001),UcrâniaeÁfricadoSul.

Taxa de Homicídios (100000 Habitantes) Fontes: UNODC e IPEA.Colômbia(0.337),Índia,México,Paquistão(0.27),Peru,Filipinas(0.392),Tailândia,VenezuelaeÁfricadoSul.

Life expectancyatbirth, total (years). Fonte: Banco Mundial (WDI). Aexpectativa de vida ao nascer é o número esperado de anos que umrecém‐nascido viveria se os padrões demortalidade do seu nascimentoprevalecessemportodavida.Paísesincluídossão:Bulgária,Chile,China,Colômbia (0.462), Hungria, Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia,Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia (0.132), Tailândia, Turquia (0.357),Ucrânia,VenezuelaeÁfricadoSul(0.049).

Populationusingimprovedsanitationfacilities (%). Fonte: WHO. Asérie é calculada como o percentual da população usando instalaçõessanitáriasmelhoradas.Uma instalação se encaixanessa categoria se elaincluidescarga, latrinacomventilaçãoouprivadacomcomposto.Paísesincluídos são; Bulgária, Chile, China (0.255), Colômbia, Hungria (0.447)Indonésia, Índia, Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru (0.268),Filipinas,Tailândia,Turquia,UcrâniaeÁfricadoSul(0.029).

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Populationusingimproveddrinking‐watersources(%).Fonte:WHO.Asérie é calculada como o percentual da população que usa algum dosseguintes tipos de água para beber: água encanada, torneira pública,poços, nascente protegida, água coletada da chuva e água em garrafas(casooutra fonte tambémsejautilizada).O cálculonão incluinascentesnão protegidas, águas providenciadas por carros/caminhões e águaengarrafada(casoessasejaaformaprimáriadeacessoaágua)eáguanasuperfície, obtida diretamente de rios, lagos, barragens ou canais deirrigação. Países incluídos são: Bulgária, Chile, China (0.034), Colômbia,Hungria (0.232), Indonésia, Índia, Lituânia, México (0.244), Malásia,Paquistão, Peru (0.081), Filipinas, Tailândia (0.101), Turquia, Ucrânia(0.295)eÁfricadoSul(0.013).

Adolescentfertilityrate(birthsper1,000womenages15‐19):Fonte:

BancoMundial(WDI).Asérieécalculadacomoonúmerodenascimentosacada1000mulheresentreasidadesde15‐19anos.Paísesincluídossão:Bulgária, Chile, China, Colômbia (0.412), Hungria, Indonésia, Índia(0.067), Lituânia, México (0.323), Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas,Polônia,Tailândia,Turquia,Ucrânia,Venezuela(0.198)eÁfricadoSul.

Ginicoeficiente (1998=1). Fonte: ILO. Argentina (0.278), Costa Rica,Equador, Finlândia, França (0.15), Honduras, Israel, Cazaquistão,Quirguistão (0.028), México (0.41), Nova Zelândia, Panamá, Peru,Venezuela (0.135). Nesse caso, por uma questão de disponibilidade dedados, as covariadasInflation ‐ AverageConsumerPrices Index, Industry ‐valueadded(%ofGDP),Agriculture‐valueadded(%ofGDP),PublicDeficits,LackofSkilledLabour, LackofInternationalCompetitivenessforamdesconsideradasnaestimação.

Povertygapratioat$1aday(PPP),percentage.Fonte:UN–MDG.Asériaéamédiadoquantocadamembrodapopulaçãoestáatrásdalinhada pobreza (contando os não pobres como estando zero atrás). Esseindicador geralmente é descrito como omontante per capita que serianecessário, em um cenário de transferências perfeitas, para que nãohouvesse mais ninguém no país abaixo da linha da pobreza. PaísesIncluídos:Argentina,Colômbia(0.168),CostaRica,RepúblicaDominicana,Honduras,Peru(0.832),Paraguai,ElSalvadoreUruguai.Nessecaso,poruma questão de disponibilidade de dados, as covariadasInflation ‐AverageConsumerPrices Index, Industry ‐ valueadded (% of GDP),Agriculture ‐ valueadded (% ofGDP),PublicDeficits, LackofSkilledLabour,LackofInternationalCompetitivenessforamdesconsideradasnaestimação.

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Povertywiththepovertylineof US$ 2.5 a day in 2005 PPP (%ofthepopulation). Fonte: Inter – American Development Bank.Argentina,Bolívia,Colômbia,CostaRica,RepúblicaDominicana,Honduras(0.544), Peru (0.154), Paraguai (0.303), El Salvador, Uruguai,Venezuela.Nesse caso, por uma questão de disponibilidade de dados,sacovariadasInflation ‐ AverageConsumerPrices Index, Industry ‐valueadded (% of GDP), PublicDeficits, LackofSkilledLabour,LackofInternationalCompetitivenessforamdesconsideradasnaestimação.

ProporçãodaPopulação em Situaçãode Subnutrição. Fonte: BancoMundial.Chile,China (0.201),Colômbia (0.626), Indonésia, Índia,México(0.085), Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Tailândia (0.019), Turquia(0.069),VenezuelaeÁfricadoSul.

ProporçãodaPopulaçãoEmpregada:Fonte:BancoMundial. Bulgária,Chile, China (0.364), Colômbia (0.154), Hungria, Indonésia, Índia,Lituânia, México, Malásia, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia, Tailândia(0.087),Turquia,Ucrânia(0.395),VenezuelaeÁfricadoSul.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Apêndice C: Placebos para o PIB per capita 

 

O método do controle sintético ainda não tem as distribuições assintóticas

derivadasparaquefaçamostestesdehipótese.Umamaneiradeaferiravalidade

estatísticadosresultadoséprocedercomumtestedeplacebo,seguindoAbadiee

Gardeazabal (2003). Ométodo consiste em supor que cada um dos países no

conjunto de possíveis controles recebeu um tratamento em 2003. Ou seja,

estima‐se um placebo para cada país. Caso a trajetória do Brasil no período

posterior ao ano de 2003 não se destaque em relação às outras trajetórias

contrafactuais, não podemos afirmar que nada especial ocorreu com o Brasil

despoisde2003.

AFiguraC.1abaixomostraaoexercíciocomparandoas trajetóriasdoBrasile

dos outros países que recebem pesos positivos no procedimento de controle

sintético(osplacebos).Vemosqueentreoscincopaíses,oBrasiltematrajetória

mais negativa, evidenciando que há algo de especial no sentido estatístico. A

FiguraC.2mostraomesmoexercícioparaincluindotodosospaísesnogrupode

controlepotencial.OBrasilsóvaimelhordoqueoMéxico.

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FiguraC.1

-10

00-5

00

050

010

00

1995 2000 2005 2010 2015_time

Brazil ThailandTurkey UkraineSouth Africa

Diferença entre sintético e tratamento para países com peso positivoPlacebo - PIB per Capita

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FiguraC.2

-10

00010

00200030

00

1995 2000 2005 2010 2015_time

Bulgaria BrazilChile ChinaColombia Hungary

Indonesia IndiaLithuania MexicoMalaysia PakistanPeru Philippines

Poland ThailandTurkey UkraineVenezuela South Africa

Diferença entre sintético e tratamentoPlacebo - PIB per Capita

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rua Marques de Sâo Vicente 225 - Rio de Janeiro 22453-900, RJ

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