a década de 60 e o fim do código hays

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Desde 1954 o Código Hays havia perdido um pouco de sua força e tornado-se mais brando, pois Joseph Breen havia se aposentado e o posto foi assumido por Geoffrey Shurlock que era bem menos rígido que seu antecessor. Os cineastas começaram a desafiar o código e a lançar filmes sem a aprovação da censura e também eram exibidos no país filmes estrangeiros com cenas e personagens lésbicas, tudo isso fazia com que o código se tornasse cada vez mais fraco e fossem levantados diversos questionamentos acerca dele e suas restrições. (Foto 1)Em 1962 foi realizado Walk on the Wild Side, traduzido aqui como Pelos Bairros do Vício, filme de Edward Dmytryk baseado no romance homônimo de Nelson Algren lançado em 1956. No filme Hallie Gerard interpreta uma prostituta chamada Capucine que é a preferida do bordel tanto pelos clientes quanto por Jo Courtney, a cafetina do local que é apaixonada por ela. O filme foi a primeira superprodução hollywoodiana a tratar abertamente sobre o lesbianismo, ainda que nem tão abertamente assim devido a algumas restrições impostas pelo Código Hays. O filme foi muito criticado por ainda estar preso a lógica do crime e castigo. Cena entre Capucine e Jo Courtney dublada em espanhol: http://www.youtube.com/watch?v=Efsu5g0IF9Y (Foto 2)Em 1965 foi produzido o filme Faster, Pussycat! Kill! Kill! que é considerado como sendo a melhor e mais popular obra de Russ Meyer, cujos filmes possuem como marca registrada a utilização de mulheres com seios fartos. Em Pussycat as personagens principais são três strippers: a loira Billie, a dominatrix Varla e a lésbica masoquista Rosie que nutre uma paixão secreta por Varla. As personagens são bem estereotipadas e as atuações bem artificiais, mas fazem parte do charme do filme que é considerado um filme Cult e possui admiradores como Quentin Tarantino. A frase que dá

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Page 1: A Década de 60 e o Fim do Código Hays

Desde 1954 o Código Hays havia perdido um pouco de sua força e tornado-se mais brando, pois Joseph Breen havia se aposentado e o posto foi assumido por Geoffrey Shurlock que era bem menos rígido que seu antecessor.

Os cineastas começaram a desafiar o código e a lançar filmes sem a aprovação da censura e também eram exibidos no país filmes estrangeiros com cenas e personagens lésbicas, tudo isso fazia com que o código se tornasse cada vez mais fraco e fossem levantados diversos questionamentos acerca dele e suas restrições.

(Foto 1)Em 1962 foi realizado Walk on the Wild Side, traduzido aqui como Pelos Bairros do Vício, filme de Edward Dmytryk baseado no romance homônimo de Nelson Algren lançado em 1956. No filme Hallie Gerard interpreta uma prostituta chamada Capucine que é a preferida do bordel tanto pelos clientes quanto por Jo Courtney, a cafetina do local que é apaixonada por ela. O filme foi a primeira superprodução hollywoodiana a tratar abertamente sobre o lesbianismo, ainda que nem tão abertamente assim devido a algumas restrições impostas pelo Código Hays. O filme foi muito criticado por ainda estar preso a lógica do crime e castigo.

Cena entre Capucine e Jo Courtney dublada em espanhol:

http://www.youtube.com/watch?v=Efsu5g0IF9Y

(Foto 2)Em 1965 foi produzido o filme Faster, Pussycat! Kill! Kill! que é considerado como sendo a melhor e mais popular obra de Russ Meyer, cujos filmes possuem como marca registrada a utilização de mulheres com seios fartos. Em Pussycat as personagens principais são três strippers: a loira Billie, a dominatrix Varla e a lésbica masoquista Rosie que nutre uma paixão secreta por Varla. As personagens são bem estereotipadas e as atuações bem artificiais, mas fazem parte do charme do filme que é considerado um filme Cult e possui admiradores como Quentin Tarantino. A frase que dá título ao filme não é dita durante todo o seu decorrer e foi escolhida pelo diretor para sintetizar o conteúdo da história, o Faster representa a velocidade, Pussycat representa o sexo e Kill representa a morte.

O trailer do filme:

http://www.youtube.com/watch?v=BQr8CC0jiIU

(Foto 3)The Fox, traduzido no Brasil como Apenas uma Mulher, é um filme de Mark Rydell realizado em 1967 através de uma adaptação do livro homônimo de D. H. Lawrence que era uma história sobre o amor lésbico de Ellen March e Jill Banford, que viviam em isoladas numa fazenda no Canadá até a chegada de um homem, a raposa da história, que acaba tumultuando o

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relacionamento das duas e conduzindo o filme a um final trágico para uma das personagens.

Cena entre Ellen e Jill:

http://www.youtube.com/watch?v=lK_so-VB4Pc

O Código Hays havia caído em desuso, já não era mais possível obrigar que o seguissem e então em 1968 a MPAA (Motion Pictures of America) lançou um sistema de classificação dos filmes em quatro categorias: G para todas as audiências, M para um público maduro ou crianças acompanhadas dos pais, R para maiores de 16 anos ou menores acompanhados dos pais e X para os filmes proibidos para menores de 17 anos.

(Foto 4)The Killing of Sister George é um filme lançado após o fim do Código de Produção e a adoção do sistema da MPAA. Dirigido por Robert Aldrich e lançado em 1968, a obra foi bastante inovadora para a época, sendo lançada como proibida para menores de 17 anos. O filme possui uma cena de amor em que Mercy está com Alice no quarto de seu apartamento e abre sua blusa deixando os seios de Alice expostos, então a acaricia e beija o bico do seu peito e vai conduzindo a parceira ao orgasmo. Esta foi a primeira grande produção hollywoodiana a mostrar abertamente uma cena de amor entre duas mulheres.

Primeira parte do filme que está completo e sem legenda no YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=RzwwgoM5MSo

Download do The Fox pelo Elas e Elas:

http://www.megaupload.com/?d=YDP3S80K

(A qualidade não está muito boa, mas dá pra assistir)

Referências Bibliográficas:

MANN, William J. Bastidores de Hollywood: a influência exercida por gays e lésbicas, 1910-1969. São Paulo, Landscape, 2002.

The Internet Movie Database. Disponível em: http://www.imdb.com/title/tt0054743. Acesso em agosto de 2009.

Referência Filmográfica:

Page 3: A Década de 60 e o Fim do Código Hays

O Outro Lado de Hollywood.