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I SEMINARIO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA – SID/PIBID, Barretos. v. 1, n.1, março 2015. Anais… A DANÇA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA EXPERIÊNCIA COM O ESTILO HIP-HOP 1 Claudiane da S. EUSTACHIO Dayana Pires Alves GARCIA Fátima RODRIGUES Jean de J. SANTANA 2 Juliana CESANA 3 Ana Lucia de Carvalho MARQUES 4 RESUMO Este trabalho propõe uma mudança nas aulas de Educação Física através da dança, com o intuito de levar um conhecimento novo dentro da escola para os alunos. Essa oportunidade foi fundamental para permitir a inserção dos educandos na Cultura Corporal por meio do conteúdo dança. O objetivo da participação de bolsistas de iniciação à docência com os alunos foi trabalhar aspectos motores e cognitivos, por meio do estilo hip-hop, possibilitando a exploração da criatividade e proporcionar diversas vivências corporais para que os alunos ampliassem a consciência corporal por meio desse conteúdo. As aulas de Educação Física ministradas pelos bolsistas do Projeto Pibid/2013 –Unifeb – Subprojeto Educação Física ocorreram com duas turmas do sexto ano do Ensino Fundamental na Escola Estadual Professor Benedito Pereira Cardoso. A participação dos alunos de inclusão foi efetiva nas aulas, inclusive, uma conduta analisada em ambas as turmas mostrou no comportamento de companheirismo e amizade existente entre os alunos sem deficiência perante os alunos com deficiência. Em relação à questão de gênero observamos que os meninos tiveram um avanço significativo em relação à concepção sobre dança, pois nos primeiros contatos esses meninos ficaram inseguros em participar das aulas, entretanto, no decorrer do período de intervenção, após os debates e explicações, demonstraram mais participativos e interessados em ampliar o repertório de movimentos. Portanto, o resultado obtido por meio desse período de intervenção com os alunos do sexto ano foi condizente com o objetivo proposto no inicio da intervenção, pois os educandos demonstraram uma evolução satisfatória nos aspectos motores e cognitivos. Palavras-chaves: Educação Física; Cultura Corporal de Movimento; Inclusão. I – INTRODUÇÃO Esse trabalho é um relato de experiência referente ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência concedida aos graduandos participantes do Pibid/2013 – Unifeb – Subprojeto Educação Física. 1 Trabalho realizado com o apoio material e financeiro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES. 2 Alunos do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos UNIFEB 3 Coordenador do Pibid/2013 Unifeb Subprojeto Educação Física Doutora em Educação Física/ UNICAMP 4 Professor Supervisor Educação Física

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I  SEMINARIO  DE  INICIAÇÃO  À  DOCÊNCIA  –  SID/PIBID,  Barretos.  v.  1,  n.1,  março  2015.  Anais…          

A DANÇA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA EXPERIÊNCIA COM O ESTILO HIP-HOP1

Claudiane da S. EUSTACHIO Dayana Pires Alves GARCIA Fátima RODRIGUES Jean de J. SANTANA2

Juliana CESANA3

Ana Lucia de Carvalho MARQUES4

RESUMO Este trabalho propõe uma mudança nas aulas de Educação Física através da dança, com o intuito de levar um conhecimento novo dentro da escola para os alunos. Essa oportunidade foi fundamental para permitir a inserção dos educandos na Cultura Corporal por meio do conteúdo dança. O objetivo da participação de bolsistas de iniciação à docência com os alunos foi trabalhar aspectos motores e cognitivos, por meio do estilo hip-hop, possibilitando a exploração da criatividade e proporcionar diversas vivências corporais para que os alunos ampliassem a consciência corporal por meio desse conteúdo. As aulas de Educação Física ministradas pelos bolsistas do Projeto Pibid/2013 –Unifeb – Subprojeto Educação Física ocorreram com duas turmas do sexto ano do Ensino Fundamental na Escola Estadual Professor Benedito Pereira Cardoso. A participação dos alunos de inclusão foi efetiva nas aulas, inclusive, uma conduta analisada em ambas as turmas mostrou no comportamento de companheirismo e amizade existente entre os alunos sem deficiência perante os alunos com deficiência. Em relação à questão de gênero observamos que os meninos tiveram um avanço significativo em relação à concepção sobre dança, pois nos primeiros contatos esses meninos ficaram inseguros em participar das aulas, entretanto, no decorrer do período de intervenção, após os debates e explicações, demonstraram mais participativos e interessados em ampliar o repertório de movimentos. Portanto, o resultado obtido por meio desse período de intervenção com os alunos do sexto ano foi condizente com o objetivo proposto no inicio da intervenção, pois os educandos demonstraram uma evolução satisfatória nos aspectos motores e cognitivos.

Palavras-chaves: Educação Física; Cultura Corporal de Movimento; Inclusão.

I – INTRODUÇÃO

Esse trabalho é um relato de experiência referente ao Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à Docência concedida aos graduandos participantes do Pibid/2013 –

Unifeb – Subprojeto Educação Física.

                                                                                                               1 Trabalho realizado com o apoio material e financeiro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. 2 Alunos do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos – UNIFEB 3 Coordenador do Pibid/2013 –Unifeb – Subprojeto Educação Física Doutora em Educação Física/ UNICAMP 4 Professor Supervisor Educação Física

   

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A Educação Física é uma das disciplinas pertencentes à área de Linguagens,

Códigos e Tecnologias e tem o intuito de contribuir para a formação de cidadãos

autônomos, críticos e reflexivos, para isso, os eixos de conteúdos ministrados no ambiente

escolar como os jogos, esportes, danças e atividades rítmicas, lutas, ginásticas, favorecem

para que os alunos sejam inseridos na cultura corporal (BRASIL, 2008).

A Proposta Curricular do Estado de São Paulo destaca o termo “se movimentar”,

priorizando com isso, maiores vivências corporais para que os alunos sejam beneficiados ao

adquirirem um amplo repertorio de movimentos. Tal termo significa a “relação que o sujeito

estabelece com essa cultura a partir de seu repertório (...) de sua história de vida, de suas

vinculações socioculturais e de seus desejos” (SÃO PAULO, 2008, p. 43).

Ao explicitar como deve ser aplicada a dança na escola, Gaspari (2011, p. 203)

sugere que “indica-se aliar o trabalho de ritmo de uma forma mais didática, ao som musical,

pois a receptividade à musica é um fenômeno corporal e a motivação torna-se maior”.

Podemos identificar a dança como uma expressão do corpo humano, pois a mesma

tende a melhorar a coordenação, ritmo, percepção sensorial, a socialização dentre outros. E

dentro da prática pedagógica ela é educativa assim como os jogos, esportes e brincadeiras.

Além disso, precisa ser quebrado o preconceito de que dança é só para as meninas.

Daólio (1995, p. 39-40) em seu referencial antropológico sobre o corpo, afirma que: O homem por meio do seu corpo, vai assimilando e se apropriando dos valores, normas e costumes sociais, num processo de incorporação. Diz-se corretamente que um indivíduo incorpora algum novo comportamento ao conjunto de seus atos, ou uma nova palavra ao seu vocabulário ou, ainda, um novo conhecimento ao eu repertório cognitivo. Mais do que um aprendizado intelectual, o individuo adquire um conteúdo cultural, que se instala no seu corpo, no conjunto de suas expressões. Em outros termos, o homem aprende a cultura por meio de seu corpo.

Dessa forma o corpo reflete a cultura na qual a pessoa esta inserida, sendo que por

meio dos seus gestos e sua fala é possível conhecer o cotidiano do aluno por meio da sua

expressividade.

Para Marques (2001, p. 36 apud Gaspari, 2011, p. 202), o maior objetivo das aulas

que abordam o conteúdo dança se resume em “(...) considerar a dança como fonte de

autoconhecimento, e não como técnica acabada”, para isso cabe ao professor de Educação

Física dentro do ambiente escolar a brilhante missão de oferecer oportunidades para que os

alunos possam entrar em contato com novas informações, conhecimentos, argumentos e

com isso se tornarem cidadãos reflexivos.

   

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Ao abordar sobre a dança, Gaspari (2011, p. 202) afirma que o aluno por meio das

diversas vivências corporais pode ampliar a sua criatividade permitindo a exploração

corporal, pois permite “(...) conhecer as diversas manifestações da Cultura Corporal de

Movimento, discuti-las e atentar para a criatividade de suas possibilidades de movimentação

corporal, transformando as em dança (...)”. Inclusive, toda essa experiência transformada

em dança permite a reprodução das manifestações já existentes, e por meio desse

conhecimento espera-se que o aluno seja crítico das obras de produções coreográficas.

Para modificar as aulas tradicionais de Educação Física visando a melhora da

coordenação motora dos alunos, a dança é um conteúdo de caráter importante para ser

ministrada nas aulas de Educação Física, de forma que, segundo Gaspari (2011,p. 204)

“verificando o cenário histórico da Educação Física escolar, percebemos que a dança tem

uma presença bastante reduzida nas aulas, devido à predominância de esportes (...)”.

O objetivo da participação de iniciação à docência com os alunos foi trabalhar

aspectos motores e cognitivos, por meio da dança, possibilitando a exploração da

criatividade e proporcionar diversas vivências corporais para que os alunos ampliem a

consciência corporal por meio desse conteúdo.

II - METODOLOGIA

As aulas de Educação Física ministradas pelos bolsistas do Programa Institucional

de Bolsa de Iniciação à Docência ocorreram com duas turmas do sexto ano do Ensino

Fundamental na Escola Estadual Professor Benedito Pereira Cardoso.

Em nosso primeiro contato com os alunos, juntamente com a professora supervisora,

realizamos uma avaliação diagnóstica a fim de conhecer o nível de desenvolvimento motor

dos alunos. Em seguida, realizamos outra avaliação diagnóstica, a fim de, decidirmos em

qual dança seria pautada as aulas de intervenção. Após analise do contexto social, optamos

pelas Danças Urbanas, mais precisamente, por meio do estilo hip- hop.

Apresentamos o conteúdo de dança para os alunos com intuito de proporcionar

atividades que não fazem parte do seu cotidiano nas aulas tradicionais. Aplicamos as aulas

práticas passando passos básicos da modalidade (Figura 1). Foram elaboradas aulas

teóricas e práticas do conteúdo com a intenção de passar a parte conceitual para os alunos

para que fosse possível iniciar à realização da coreografia.

Em uma das aulas para que os alunos sentissem mais a vontade realizamos a

apresentação de materiais áudio visuais mostrando a evolução de alunos que tiveram

contato com a dança na escola. Em seguida, pedimos para os mesmos um relatório livre

   

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sobre as atividades abordadas, para conhecer se haviam compreendido a relação das aulas

com os vídeos apresentados e quais suas expectativas (o que eles querem e esperam

atingir com a dança).

Em relação aos alunos de inclusão, cinco ao todo, foi observado como estes

interagiam com os demais e os mesmos apresentaram algumas dificuldades na realização

das aulas.

III - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como bolsistas do Subprojeto de Educação Física no início tivemos dificuldades,

pois não eram todos os alunos que queriam participar, principalmente, ao informarmos que o

conteúdo a ser trabalhado nas aulas de Educação Física seria o conteúdo dança, uma vez

que, esse era um conhecimento novo na escola para eles.

Discutimos com os alunos a questão de gênero e contextualizamos a ideia de que

homem não dança, um fato muito presente na sociedade. No nosso primeiro contato com os

estudantes nas salas os meninos apenas observaram os passos que estavam sendo

executados durante a aula, enquanto as meninas dançaram. Entretanto, no decorrer das

aulas os meninos mostraram-se mais envolvidos e participativos.

A participação dos alunos de inclusão foi efetiva nas aulas, portanto, não ocorreu

dificuldades em fazê-los participar do que estava sendo ministrados na aulas. Inclusive, uma

conduta observada em ambas as turmas foi o comportamento de companheirismo e

amizade existente entre os alunos de inclusão perante os demais.

Todas as aulas foram planejadas priorizando a especificidade do conteúdo (Figura

2), ou seja, para uma melhor compreensão por parte dos alunos em relação ao que seria

abordado, sempre solicitávamos movimentos que seriam executados posteriormente na

coreografia.

Outro fator importante como destaca Retondar (2001) diz respeito aos procedimentos

que o professor deve apropriar para o ensino do ritmo, por exemplo, inicialmente mais lento

para que o aluno possa compreender o movimento.

A cada aula, passos diferentes foram sendo incorporados na coreografia, e

percebemos que ao incentivar e elogiar os mesmos cada um no seu ritmo, os educandos

começaram a explorar mais o movimento do próprio corpo e adquirir uma melhor destreza

em relação aos movimentos corporais.

Durante o período de intervenção foi possível, além de ministrar o conteúdo dança

no ambiente escolar, trabalhar a coordenação motora, visto que nas aulas os alunos

   

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demonstraram muitas dificuldades. Com isso, a repetição de vários circuitos e testes de

coordenação, promoveu melhora destas habilidades.

Por meio do relatório livre aplicado aos educandos foi possível observar que esta

representou uma experiência produtiva aos mesmos, pois muitos relataram que gostariam

de praticar dança fora da escola e participar até de campeonatos.

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O professor tem um papel muito importante na formação dos alunos, portanto, para o

professor de Educação Física, é necessário sempre oferecer estímulos diferentes para que

os alunos possam ser inseridos na Cultura Corporal de Movimento. Portanto, o resultado

obtido durante o período de intervenção com os alunos do sexto ano foi condizente com o

objetivo proposto no início da intervenção, pois os educandos demonstraram uma evolução

satisfatória nos aspectos motores e cognitivos.

Em relação à questão de gênero observamos que os meninos tiveram um avanço

significativo em relação à concepção sobre a dança. Estes revelaram-se mais

compreensivos a partir da desmitificação durante as aulas do “tabu” de que dança é algo

voltado apenas para as meninas. Nos primeiros contatos esses meninos ficaram inseguros

em participar das aulas, entretanto, no decorrer do período de intervenção e após os

debates e explicações demonstraram estar mais participativos e interessados em ampliar o

repertório de movimentos.

Destacamos também a participação efetiva dos alunos de inclusão nas aulas de

Educação Física, pois em momento algum esses educandos deixaram de participar das

atividades, sendo que os próprios companheiros de sala revelaram um comportamento de

companheirismo, ou seja, o processo de inclusão realmente está acontecendo nessa escola

e isso pode ser observado na conduta dos alunos que não são de inclusão.

Por fim, consideramos que ministrar o conteúdo dança na escola por meio do estilo

hip-hop, foi relevante para que os alunos compreendessem sobre a expressão corporal, um

dos fatores mais discutidos nas aulas, contribuindo para atenção que os alunos deveriam ter

em relação a expressão do próprio corpo durante a execução dos movimento e a

consciência corporal.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos o apoio financeiro pela CAPES, à professora coordenadora do Subprojeto Juliana Cesana, à escola E.E. Profº Benedito Pereira e à professora supervisora Ana Lucia Marques de Carvalho.

   

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REFERÊNCIAS DAÓLIO, Jocimar. Da cultura do corpo. Campinas: Papirus, 1995. GASPARI, Telma Cristine. Dança. In: DARIDO; Suraya. Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2011. RETONDAR, Jeferson José Moebus. A importância do ensino rítmico na escola. Perspectiva em Educação Física Escolar, 2(1): 13-24, 2001. Disponível em: http://www.uff.br/gef/jeferson21.htm. Acessado em: jan., 2015. SÃO PAULO. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Educação Física São Paulo: SEE, 2008. Disponível em:<http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/Prop_EDF_COMP_red_md_20_03.pdf>. Acessado em: ago., 2014.

ANEXO

FIGURA 01 – Aplicação da Coreografia para os alunos.

Conforme a Figura 1 pode-se mostrar os alunos aprendendo os passos basicos do hip-hop.

   

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FIGURA 02- Aplicação de dinâmicas focando a especificidade do conteúdo.

Para uma melhor assimilação do conteúdo, no inicio das aulas por meio de dinâmicas solicitávamos movimentos que seriam executados posteriormente na coreografia.