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A Cultura da Alface (Lactuca sativa)

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A Cultura da Alface

(Lactuca sativa)

Aspectos econômicos

6a hortaliça em importância econômica

8a em termos de volume produzido

É a hortaliça folhosa de maior consumo no Brasil

Em 1996:

São Paulo - 137 mil t em 7.859 ha

Paraná – 54 mil t em 2.845 ha

Minas Gerais – 18 mil t em 1.192 ha

fontes: Secretaria de Agricultura do Paraná, Ceagesp e Emater

Em 2006:

São Paulo: 164 mil t

Rio de janeiro 143 mil t

Minas Gerais: 36 mil t

Rio Grande do Sul: 30 mil t

Paraná: 28 mil t

Fonte: http://www.sidra.ibge.gov.br/

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Abóbora

Alface

Alho

Batata

Bráss

icas

Cebola

Cenoura

Chuchu

Pepino

Pimentã

o

Quia

bo

Tomate

Vagem

Outro

s

Hortaliças freqüentemente consumidas

% d

e co

nsu

mid

ore

s

Coelho, K.S.M, 2007

Origem Provavelmente originária do Egito, onde

as primeiras indicações de sua existência

datam de 4 500 a.C.

A partir de Lactuca serriola.

Disseminou-se pela Europa, juntamente

com a expansão do Império Romano.

Chegou ao Brasil no século XVI, através

dos portugueses.

tncweeds.ucdavis.edu/photosg-p.html

L. serriola

Aspectos Botânicos Asteraceae

Lactuca: por volta de 100 espécies conhecidas

Planta herbácea

Caule diminuto

As folhas são a parte comestível da planta e podem ser lisas ou crespas, fechando-se ou não na forma de uma "cabeça“

A coloração das plantas pode variar do verde-amarelado até o verde escuro e também pode ser roxa, dependendo da cultivar.

Sistema radicular ramificado

e superficial

25 cm de solo (transplante)

Semeadura direta: 60 cm

profundidade

Sistema Radicular

Capítulo, com aproximadamente 24 floretes

Autógama

Polinizações cruzadas podem se manifestar entre

diversas variedades cultivadas ou entre alfaces

cultivadas e silvestres

Inflorescência

Frutos e Sementes Hibridação natural com L.serriola:

Encontrada na Argélia, Ilhas Canárias, na Ásia

Ocidental temperada, na Índia do Norte e no Nepal.

Frutos:

Aquênios pontiagudos,

Oval, elíptico ou espatulado

Estrias longitudinais na superfície

Comprimento de 2 a 5 mm.

Lactuca sativa ovaries

www.bios.niu.edu/pmbc/plantnames.html

Sementes - Dormência Altas temperaturas durante a

embebição podem gerar dois fenômenos:

a) termoinibição processo reversível

germinação ocorre quando a temperatura reduz para um nível adequado

b) termodormência (dormência secundária) não germinação após a redução da

temperatura.

Quebra de dormência Uso de reguladores de crescimento

Condicionamento osmótico (seed priming).

Lactuca virosa

Temperatura

Temp. ótima: ± 20°C

Maioria das cultivares não germina em temperaturas superiores a 30°C.

Termo-tolerância é regulado pela interação genótipo e temperatura durante o desenvolvimento das sementes (Nascimento & Cantliffe, 2002)

Nas alfaces cultivadas Observa-se até 8% de hibridações

naturais entre diferentes variedades.

Depende muito das variedades e do tipo

de floração.

Algumas variedades

Flores ficam abertas durante 30 minutos a

muitas horas.

Alogamia é mais elevada quanto mais

o clima é quente e ensolarado.

Sementes Peletizadas

http://isla.com.br/

Semi-peletizadaPeletizada Sem peletização

Aspectos Nutricionais Beta-caroteno

Folato

Vitamina C

Ferro

Cálcio e potássio

As suas quantidades variam de acordo com a

cultivar

Baixo valor calórico e ricos em fibras – saladas

Bioflavonoides: junto à vitamina C têm ação

anticancerígena.

Aspectos nutricionais100 gramas de folhas:

Vitamina A: Romanas e Crespas : 1900 UI

Manteiga: 970 UI

Repolhudas: 330 UI

Vitamina C e o Cálcio: Romanas e as crespas: 18 mg de Vitamina C e 68 mg de Ca

Manteiga: 8 mg de Vitamina C e 35 mg de Ca

Repolhudas: 6 mg de Vitamina C e 20 mg de Ca

Ferro: Romanas e Crespas: 1,4 mg

Manteiga: 2 mg

Repolhudas: 0,5 mg

Usos

in natura

Saladas

Cozidas

sopas

Diurético

Trato digestivo

Sistema circulatório

Sedativo

Trato respiratóriowww.botanical-online.com/medicinalslactucasat...

Clima Planta anual, florescendo sob dias longos e

temperaturas elevadas

Dias curtos e temperaturas amenas ou baixas

favorecem a etapa vegetativa

Resistentes a baixas temperaturas e geadas leves

Cultura típica de outono-inverno

Com o melhoramento: cvs adaptadas a diversas

condições de clima

Primavera-verão: efeito guarda-chuva

Duas fases: Crescimento vegetativo: da

semeadura até o ponto de colheita

(comercial) – 60-90 dias

Fase reprodutiva: alongação da

haste floral, florescimento e

produção de sementes

Fim da fase vegetativa – acúmulo de

látex – gosto amargo

Estimulado por temperatura maior que

200 C.

Temperatura

150C (ideal para todas)

> 200C :

Redução do ciclo vegetativo

Não produzem cabeças de

qualidade

Fase reprodutiva

Produção de látex

Cobertura Morta Aumenta a produtividade

Melhora a qualidade

Reduz a evaporação da água do solo

Diminui a oscilação de temperaturas do solo

Permite o controle de ervas daninhas

Maior precocidade da colheita

Maior infiltração da água

Reduz impactos da erosão

Menor lixiviação de nutrientes e compactação do solo

Cobertura Morta

Tipos:

Cobertura plástica

Restos vegetais: palha de café, de arroz,

serragem, etc

Cuidados:

Relação C/N

Não incorporar

Material isento de sementes de plantas

daninhas

Materiais disponíveis na região

Avaliar benefícios e custos

Cobertura Morta (Revista Cultivar, Fev-Mar 2009)Cobertura

Morta

Produção

Total (t/ha)

Produção

Comercial

(t/ha)

Rend. de

colheita (%)

Peso Fresco

Comercial

(g/pl)

Diâmetro da

Planta (cm)

Serragem 64,82a 59,56a 91,92a 531,78a 42,31a

Palha de Milho 62,47a 55,95a 89,65a 499,58b 38,50b

Grama Seca 59,22b 52,67a 88,94a 470,28c 38,72b

Casca de Arroz 58,20b 52,90a 90,91a 472,34c 41,79a

Brachiaria 52,58b 48,86d 92,94a 436,27d 43,58a

Elefante 49,65c 45,57e 91,86a 406,83e 39,72b

Panicum 49,16c 45,17e 91,91a 403,33e 38,44b

Controle 43,15d 38,87f 90,11a 347,08f 35,01c

Cultivares Americana

Crespa (mais consumida)

Lisa

Mimosa

Romana(Programa Horti & Fruti Padrão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo)

Diferentes na tendência de florescer precocemente

De verão : pendoamento lento – Plantadas o ano todo

De inverno: pendoamento rápido

Cultivares Cultivares repolhudas lisas e crespas

Cultivares de folha solta lisa e crespa

Cultivares roxas

Cultivares frisantes

Preferência do Consumidor

Alface Americana: 26,89%

Aumento de 10,5% de 2005 a 2009 – maior

tempo de pós-colheita, permitindo a produção em

regiões mais distantes.

Alface Lisa: 14,57%

Alface Crespa: 57,63%

Alface Romana: 0,9%

Alface Crespa Topseed: ‘Gizele’

Hortec: ‘Grand Rapids’, ‘Hortência’

Horticeres: ‘Marianne’-Orgânica,

‘Marisa’

Tecnoseed: ‘PiraRoxa’

Takii: ‘Red Fire’

Hortec: ‘Renata’

Sakata: ‘Veneza Roxa’, ‘Vera’,

‘Verônica’, ‘Vanda’

Alface Americana

Eagle: ‘Irene’

Sakama: ‘Laurel’

Seminis: ‘Lorca’, ‘Lucy Brown’,

‘Raider’, ‘Raider Plus’

Sakata: ‘Tainá’

Alface Romana

Sakama: ‘Lente a Monter’

Sakata: ‘Mirella’

Ferry Morse: ‘Paris Island Cos’

Alface Mimosa

Sakata: ‘Roxane’

Sakata, Seminis, Topseed:

‘Salad Bowl’

Hortec: ‘Salad Bowl Green’

Preparo do solo:

Canteiros construídos em curvas de nível

Solo bem preparado: aração, gradagem e enxada rotativa

pH 6,0-6,8

Areno-argiloso

Adubação Adubação orgânica

40 a 60 t/ha de esterco de curral curtido ou ¼ de esterco

de galinha.

Adubação mineral de plantio

40 kg/ha de N, 200 a 400 kg/ha de P2O5, 50 a 150 kg/ha

de K2O e 1 kg/ha de Boro, conforme análise de solo.

Adubação de cobertura

60 a 90 kg/ha de N, parcelando em 3 vezes aos 15, 30 e

45 dias após a germinação (semeadura direta) ou aos 7,

14 e 21 dias após o transplante ( sistema de mudas).

Implantação da cultura

Época de plantio

Pode ser plantado o ano todo, de acordo com as

exigências climáticas de cada cultivar.

Espaçamento:

0,20 a 0,30 m x 0,20 a 0,30 m, de acordo com as

características botânicas de cada cultivar.

Sementes necessárias:

sementes peletizadas - 110.000 unidades/ha;

sementes nuas - 0,6 a 4 kg/ha (semeadura direta) e

0,4 kg/ha (transplante).

Alface ‘Delícia americana’

Mudas de alface em bandejas de 200 células

Alface cultivada em túnel baixo

Alface em ambiente protegido (estufa)

Manejo de plantas daninhas

Princípios ativos registrados para controle

químico de plantas daninhas:

glufosinato de amônio, clethodim + fenaxaprop-P-

ethyl e fluazifop-p-butil

Solarização

Irrigação

Aspersão ou localizada

Na maioria das cidades brasileiras ainda falta

tratamento de esgotos e isto tem feito com que o

uso da água dos rios para a lavação de hortaliças

seja causa da transmissão de bactérias e vermes

patogênicos, que causam problemas de saúde

pública.

Colheita Desenvolvimento vegetativo mínimo

Início do pendoamento: já se percebe sabor amargo

Na alface repolhuda, a cabeça não deve ficar

excessivamente firme, pois esta entra em

senescência rapidamente

As folhas externas doentes ou

muito machucadas devem ser

removidas na toalete preliminar

Colheita A colheita é feita com uma faca

periodicamente enxaguada em água

desinfestação em uma solução de água sanitária 5 g/l

de hipoclorito de sódio (ou cálcio), o equivale a 1 l de

água sanitária em 4 l de água.

Entre 50 e 70 dias após a semeadura

A colheita é manual, cortando-se as

plantas logo abaixo das folhas basais

(saia)

Produtividade

80.000 a 120.000 plantas/ha em campo

Rotação:

repolho, cenoura, couve-flor, beterraba e feijão-

vagem.

Evitar cultivos sucessivos de alface, a fim de

reduzir a ocorrência de podridão de esclerotínia,

queima da saia, míldio, bacterioses e nematóides

Comercialização

in natura

Acondicionada em engradados

Capacidade expressa em quilos, variando em função da cultivar.

O mercado mais exigente:

necessitando de formas de comercialização mais convenientes aos

consumidores:

agilizem o processo produtivo

facilitem o manuseio e mantenham

a qualidade final

Preferencialmente, a comercialização da alface deve ser efetuada em gôndolas refrigeradas.

A alface exposta com as folhas para cima perde

água mais rapidamente.

Sensível ao murchamento:

Colocar as cabeças com a parte cortada para

cima

Nebulizar frequentemente

(manter o frescor)

Armazenamento A velocidade de deterioração da

alface aumenta rapidamente

acima de 0°C

A vida útil da alface a 3°C é

apenas 50% da vida útil a 0°C

No armazenamento a

temperatura não deve ficar

menor que -0,5oC, pois neste

caso ocorre o congelamento e a

deterioração do produto

No transporte e na comercialização a alface não

deve ser colocada próxima de frutos climatéricos e

outras fontes de etileno, porque este gás causa o

desenvolvimento de manchas escuras a partir das

nervuras.

www.terrastock.com.br/images/full/B8451.JPG

Detalhamento dos custos de produção

Operações mecanizadas: 14,36%

Operações manuais: 11,02%

Insumos: 60,21%

Entre os insumos:

Sementes: 2,31%

Mudas e material de plantio: 13,15%,

Administração: 14,39%

http://www.clicknoticia.com.br/default.asp?not_codigo=1023

Sistema hidropônico

Maior valor agregado:

Requer os melhores cuidados com o ajuste de temperatura e o manuseio cuidadoso para evitar danos às folhas

Embalada dentro de sacolas diretamente na casa de vegetação (estufa);

A embalagem deve ter o período de validade no rótulo

Sistema hidropônico

Raízes não são cortadas

na colheita.

Aumentar a durabilidade

desta alface - raízes

produzem hormônios

(citocininas) que atrasam

o amarelecimento e a

senescência das folhas.

Não precisa ser lavada

Cultivo ConsorciadoVantagens:

Aproveitamento mais eficaz dos recursos naturais

Favorecimento de populações de organismos benéficos no agroecossistema

Redução de insetos-praga

Maior proteção contra a erosão

Desvantagens

Aumento de mão-de-obra, nos tratos culturais e na colheita

Competição entre as espécies

Salgado et al., 2006. Pesq. Agrop. Bras. 41(7): 1141-1147

Consórcio

Alface x cebolinha

Alface x couve-flor

Alface x cenoura

Alface e Cenoura

Negreiros, et al. 2002. Horticultura Brasileira 20(2): 514-520.

Embalagem

Processamento

Consumidores dispostos a pagar mais por uma alface

diferenciada:

Características visuais e de sabor.

Agregação de qualidade, higiene e comodidade.

Mais procurados:

Produtos embalados

Pré-processados, inclusive com atmosfera

modificada

Maistro L.C., 2001

Antes da colheita:

Exigências nutricionais

Controles fitossanitários

Manejo racional da água e solo

Após a colheita:

Reações químicas e físicas influenciam na qualidade

Ação de microorganismos, menor vida útil do produto

Resfriamento rápido, em câmara fria, para diminuir o

metabolismo e reduzir sua taxa respiratória

Aumenta a vida útil em 4 dias

Cuidados Especiais

Doenças

Cercospora longissima (Cug.) Sacc.

Inóculo primário

inóculo secundário - abundante em entre 20 e 30oC com UR superior a 90%.

Disseminação - Ventos e respingos de água de chuva ou irrigação. O patógeno sobrevive em restos de cultura não totalmente decompostos.

Controle

- Terrenos bem drenados. - Espaçamento que permita boa aeração entre as plantas. - Utilizar sementes ou mudas sadias. - Plantar cultivares adaptadas. - Evitar o excesso de nitrogênio. - Efetuar rotação por pelo menos um ano com culturas de família diferente da alface. - Eliminar os restos culturais.

- Pulverizações as plantas jovens ou após o surgimento dos primeiros sintomas com fungicidas protetores ou sistêmicos.

Septoriose – manchas-das-folhas Disseminação- alta

umidade e temperatura na faixa de 10 a 28 °C.

A umidade é indispensável para a produção, liberação, disseminação pelo vento e germinação dos esporos.

A penetração do fungo no tecido do hospedeiro ocorre pelos estômatos.

Septoria lactucae Passerini

Cirri de conídios exsudado de picnídios

Utilização de sementes sadias, rotação de

cultura por três ou mais anos, evitar

molhamento das folhas, e pulverização

com fungicidas.

Míldio Bremia lactucae

Alta umidade e temp.

entre 12 e 20 °C

Todo o ciclo

Cultivares resistentes

Controle da irrigação

Irrigar pela manhã

Inicialmente as manchas

são angulares

Esporângios disseminam

por água e vento

Talo oco – podridão mole Ocorre no campo e pós-colheita -

temperatura em torno de 30oC e umidade elevada do solo. Cheiro ruim!

Disseminação - sobrevive nosolo, mesmo na ausência de plantashospedeiras, e em superfícies deequipamentos e água.

Pectobacterium carotovorum (Jones) Waldee

(Erwinia carotovora)

Controle

- Espaçamento que permita boa aeração entre as plantas.

- Evitar o excesso de nitrogênio e irrigação.

- Efetuar rotação por pelo menos dois anos com gramíneas

Fazer lavagem das plantas em solução de vinagre, logo após a colheita, retirando-se as folhas injuriadas.

Nematóide Meloidogyne spp. e de

Helicothylenchus dihystera

A incorporação das leguminosas mucuna-preta e crotalária, em cultivo orgânico, reduziu a população de Meloidogyne spp. em 42 e 51%, respectivamente, em alface e repolho.

A leguminosa feijão-de-porco causou redução da população de nematóide apenas nas parcelas com repolho apos 90 dias. Fitopatol. Bras. 31(2), mar - abr 2006

Trips

Vira-cabeça -Tomato spotted wilt virus

Afídeo - Macrosiphum euphorbiae