a criacao de abelhas nativas cartilha

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A CRIAO RACIONAL DE ABELHAS NATIVAS - MELIPONICULTURA Apresentao Esta cartilha uma adaptao de uma outra que resultou de um processo que comeou a partir de uma solicitao que o SASOP1 fez ao Chico2 para iniciar a capacitao de um grupo de agricultores em meliponicultura. Em Maio de 2000 foi feita esta capacitao, que teve a participao de 14 pessoas e foi realizado em Campo Alegre, BA. Depois deste perodo, este grupo que foi capacitado no recebeu um incentivo concreto para iniciar a atividade. No ano de 2001, a partir da demanda da Comunidade de Negros em Remanso BA, foi retomada a idia de trabalhar com meliponiculutura. Neste perodo foi proposto um financiamento na forma de Fundo Rotativo para que o grupo tivesse condio de iniciar a atividade. A partir de ento foi novamente solicitado ao Chico que retomasse o processo de capacitao, agora com este novo grupo que composto de homens e mulheres. Este curso aconteceu em fevereiro de 2002. Para a realizao deste curso foi feita uma discusso com a Rede de Mulheres na perspectiva de iniciar uma parceria na formao e acompanhamento aos grupos de meliponicultura. Neste curso, alm do grupo de Negros, estavam presentes pessoas da Rede de Mulheres, dos Grupo de Monitores da Coapical e do STR de Pilo Arcado - BA. A elaborao desta cartilha foi pensada para que pudesse servir de material didtico para os grupos comunitrios de criao de abelhas nativas. Assim, tendo como base o relatrio do curso feito em fevereiro de 2002, foi feito um trabalho de reviso do texto para que este possa conter as informaes essenciais para a criao de abelhas nativas. O processo de reviso foi feito inicialmente pelo prprio Chico, depois por por Jean Carlos3 e a edio e organizao final do texto foi feita por Eliel 4. Durante o processo de reviso, aproveitamos para adicionar algumas informaes que no estavam presentes no relatrio.

1 2

Servio de Assessoria a Organizaes Populares Rurais Francisco das Chagas Ribeiro Filho, Engenheiro Agrnomo, Consultor [email protected] 89 3521 1876 3 Jean Carlos meliponicultor, [email protected] - http://communities.msn.com.br/meliponicultura 4 Eliel Freitas Junior, Engenheiro Agrnomo, Consultor [email protected] 67 8155 9804

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Importncia e vantagens das nativas

Polinizao As plantas no saem do lugar. As plantas macho no vo atrs das plantas fmea e as planta fmea no vo atrs das plantas macho. A abelha e outros insetos fazem a polinizao que o cruzamento entre as flores macho e fmea. As abelhas fazem em torno de 60% da polinizao. O vento pode fazer, a chuva pode fazer, at o homem pode fazer e vrios outros insetos tambm. Mas a abelha a campe do trabalho e faz mais bem feito . Agente pode observar que ela vai pegando o sambur e vai colocando nos ps e que ela pega tambm o nctar, que aquela gua doce que ela vai engolir. O sambur, que o plen, a parte macho das plantas. No milho fcil de entender, a parte feminina so aqueles cabelos que tem na boneca e o pendo a parte macho do milho. Quando o pendo est maduro, cai aquela poeirinha que o plen. O feijo, a abbora, em todas elas o processo parecido. Elas so to importante que se as abelhas desaparecessem hoje iam desaparecer 40 % das plantas nativas. As abelhas fazem muito bem a polinizao e as abelhas nativas so muito melhores na polinizao do que as abelhas de ferro por dois motivos bsicos: - A abelha de ferro mais caprichosa, econmica. Ela no deixa cair nada do sambur. Todas as abelhas tm trs pares de patas. As abelhas de ferro vo catando com o primeiro par patas o plen na flor, o segundo par vai juntando, vai passando por baixo do corpo dela e o terceiro par vai fazendo as bolinhas nas corbculas. Ento elas quase no perdem plen. - As abelhas nativas so como se elas pegassem o plen e jogassem com a mo, ela joga por cima do corpo para pegar nas patas, ento cai muito mais para a flor. A abelha nativa poliniza mais porque sacode e porque elas so menores e em algumas flores as abelhas grandes no podem entrar no tem como polinizar. importante agente ter em mente que a funo da abelha no produzir mel, no ferroar a gente, no produzir sambur, no produzir cera. A funo das abelhas polinizar as flores, as outras coisas produzidas so conseqncia do trabalho delas. Valor Medicinal O mel das abelhas nativas mais medicinal do que o das outras abelhas por duas razes: - 1 porque elas so seletivas nas plantas, - 2 porque as abelhas colocam antibitico no mel, chamado de inibina. Ele no deixa desenvolver fungos e nem bactrias para no deixar o mel azedar. Quando a abelha produz o mel ela bota esse produto que no deixa desenvolver nem fungos nem bactrias, por isso que o mel medicinal. Com relao densidade (quantidade de gua), a abelha de ferro deixa o mel bem grosso, quando est maduro ele fica com 17 % de umidade (gua). As abelhas nativas, por mais que elas trabalhem deixam em torno de 40 % de umidade (existem espcies diferentes e produzem mis com umidade variada), por isso o mel das abelhas bem fininho em comparao aos outros. Como tem mais gua mais fcil de fermentar. Para no azedar elas colocam mais inibina. A abelha de ferro, como deixa o mel com 17 % umidade, coloca menos inibina, porque dificilmente o mel vai azedar porque tem

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pouca gua. Como a abelha nativa coloca mais inibina, ento o mel se torna mais medicinal. Mansido Uma outra vantagem das abelhas nativas que elas no tm ferro e no produzem a apitoxina (que um composto medicinal extrado do veneno da abelha). A apitoxina pode levar morte. As abelhas nativas no chamadas de mansas porque no tem o ferro. As abelhas mansas so mais fceis de se trabalhar, principalmente para dar aulas de cincias para crianas, para terapia de idosos. Isso acaba permitindo que voc crie bem perto de casa, podendo at ficar na varanda da casa. Equipamentos O trabalho com as abelhas nativas no precisa daquele monte de coisa como macaco, bota. luva, que so necessrios para se trabalhar com as abelhas de ferro. Para extrair o mel dela tambm no precisa comprar centrfugas, decantadores. D para criar com um investimento menor, pelo fato dela ser mansa e ter um consumidor direto, em virtude de produzirem um mel com caractersticas medicinais. Classificao das abelhas A origem das abelhas muito antiga. As primeiras abelhas surgiram h aproximadamente 100 mil anos e as primeiras abelhas todas elas eram abelhas sem ferro, depois elas foram necessitando de um mecanismo para se defender dos seus inimigos naturais e algumas delas evoluram e desenvolveram o ferro e at veneno. As abelhas tm uma caracterstica especifica que ter trs pares de patas, dois pares de assas. As abelhas esto divididas em vrias subfamlias. Na subfamlia Meliponae existem 52 gneros, dentre eles melpona e trigona onde esto as abelhas nativas. Existem 320 espcies de abelhas no mundo sendo que 300 espcies existem no Brasil, sendo que 100 esto em extino. Todas as espcies de meliponas so eusociais, isto , vivem em Mandasaia no ninho colnias constitudas por muitas operrias, que realizam as tarefas de construo e manuteno da colnia, coleta e processamento do alimento, cuidado com a cria e defesa e tem

Trigona no canudo

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uma rainha responsvel pela postura de ovos. Os machos so produzidos em grande nmero em certas pocas do ano, s vezes podem realizar algumas tarefas dentro da colnia, alm de fecundarem as rainhas. Nas abelhas, as fmeas originam-se de ovos fecundados e so diploides, enquanto que os machos so formados de ovos no fecundados, e so haplides. s vezes, quando as rainhas so fecundadas por machos aparentados, uma parte dos seus ovos pode formar machos diplides que so comidos pelas abelhas antes de nascer. Melponas Regionais Nome vulgar Uruu verdadeiro Uruu amarelo Mandaaia Nome cientfico Melipona scutellaris Melpona rufiventris Melpona Quadrifaciata Mandaaia de buraco Melpona Quinquefaciata Jandara Melpona subnitida Manduri Melpona marginata Tiuba Melpona compressipes Trigonas regionais Nome vulgar Jata Moa branca Canudo, tubi, bravo Arapu, chup, sanhar Tatara, caga fogo Cupira Mosquito Nome cientfico Tetragonisca angustula Frieseomellita varia Scapotrigona sp. Trigona spinipes Oxytrigona tatara Partamona cupira Plebia sp.

Existe uma abelha muito rara que um excelente indicador de equilbrio ecolgico. a limo (Lestrimelitta limo). Ela no tem corbcola, no podendo carregar plen. Ela vive de roubar plen no caminho. Ela s existe onde tem bastante abelha de quem ela pode roubar o plen. Onde tem ela um indicativo que ali bom para a criao de abelha em geral. Diferenciao Melpona Abelhas maiores Entrada com geoprpolis Estrias na entrada Tem um vigia Forma de reproduo Melpona Nasce com sexo definido Funo determinada pela alimentao 25% das operrias podem virar rainha aprisionam a rainha Trigona parecido com Africanizada rainhas geradas em realeiras aprisionam a princesa em clulas reais Trigona Abelhas menores Patas traseiras maiores Entrada sem nada ou com cera Vrios vigias

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Processo reprodutivo Nas melponas, as rainhas so facilmente substitudas. Elas tm um batalho, um exrcito de 25 % delas que podem virar rainha a qualquer hora. Na reproduo das melponas ocorre o nascimento de rainhas apenas pela alimentao. As fmeas podem ser operrias ou rainhas, o que vai determinar a funo a alimentao que elas receberem. Nas trigonas, a determinao da funo gentica. Rainha rainha, operria operria e o macho decorre de um ovo no fecundado. O processo de substituio de rainhas bastante complicado. Nas pocas de floradas fortes, sempre tem realeira, sendo fcil de substituir a rainha; nas pocas de escassez de alimento, dificilmente tem realeira, e se a rainha morrer nesse perodo o enxame vai fracassar. deve ter no mnimo 44 enxames num raio de 3 km para no ter consanginidade, quando so gerados machos diplides as abelhas operrias no os deixam nascer, a filiao fica toda comida ou descartada; necessrio fazer resfriamento de sangue com a troca de enxame entre criadores ou a fecundao em outros locais.

Adaptao climtica As abelhas de ferro precisam de mais gua do que as nativas. As abelhas comuns so espertas demais, principalmente as abelhas nordestinas. A mandur, a uru e a jandara so espcies genuinamente nordestinas. Essas trs espcies de abelha desenvolvem mecanismos de driblar a seca que voc fica abismado. Elas conseguem sobreviver a seca toda pegando gua de uma orelha de pau, no suor da pessoa. Se elas acharem um oco que o pica-pau furou e encheu de gua, elas podem lacrar aquilo dali com prpolis, deixar um furinho que cabe s ela, e passar o vero todo quase com um litro dgua. Pode acontecer que no meio do mel, ter um pote que tenha gua no lugar do mel. A flora O conhecimento da flora fundamentar para a conduo racional de um meliponrio uma vez que o recursos com que contam as abelhas para se alimentar e produzir. A flora a que define a alternativa produtiva (mel, plen, prpolis) e quem limita a produo e condiciona as caractersticas do produto. Permite estabelecer momentos e prticas de manejo das colmeias (alimentao suplementar, reviso, diviso de enxame, etc.) que permitem o melhor aproveitamento dos recursos. A potencialidade das plantas apcolas est principalmente relacionado com a qualidade e a quantidade de nctar produzido por cada espcie de planta. Em conseqncia, a produo de mel e a oferta de plen depende da flora apcola. Algumas plantas liberam muito nctar, enquanto outras liberam em pequena quantidade. O nctar das flores uma fraca soluo aucarada com pequenas quantidades de outras substncias, como leos essenciais, gomas, substncias minerais etc., que se tornam importantes medida que o nctar,

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dentro da colnia, transformado em mel, e estas juntas determinam o aroma e o sabor caractersticos do mel das diferentes fontes florais. A concentrao de acares no nctar sofre alteraes ao longo do dia, sendo geralmente muito baixos pela manh. medida que o dia avana, esse nctar, sofrendo a influncia de fatores internos e externos, pode duplicar e at triplicar a sua concentrao (flores com formato aberto tendem a apresentar taxa de evaporao maior do que flores tubulosas). Outros fatores tambm influenciam na secreo do nctar, e os mais evidentes so temperatura, umidade e composio dos solos, ventos e idade da planta. Cada um desses fatores atua de modo diferente em cada espcie de planta. O nctar produzido nas flores por rgos especiais denominados nectrios, que freqentemente se encontram na base das flores. Quando se localizam em outra parte da planta que no as flores, so chamados de nectrios extraflorais e podem produzir nctar com altas taxas de acares, como os que ocorrem nas folhas de mamona e de algodo.Espcies vegetais mais visitadas por abelhas sem ferro Croton mucronifolius, Bauhinia sp, Astronium aff. Urundeuva, Senna macranthera, Cnidoscolus phyllacanthus, Anadenanthera colubrina, Herissantia crispa, Sida galheirensis, Piptadenia moniliformis, Tabebuia impetiginosa Abelhas sem ferro mais abundantes (%) Trigona spinipes, Scaptotrigona tubiba, Frieseomelitta doederleini, Plebeia sp, Trigonisca cf. pediculana,

Criao racional Quando voc vai partir para a criao racional de abelhas nativas, voc s precisa de duas coisas: das caixas e das abelhas, contando j com a sua disposio. Existem vrias formas da gente povoar as caixas. Agora, se eu no tenho as primeiras abelhas eu tenho sempre que fazer captura pelo mtodo do translado, a transferncia dos enxames do seu local onde ele nidificou naturalmente para as caixas. Na captura dos enxames nativos precisa mais cuidado do que na das de ferro porque as rainhas no so dotadas da mesma quantidade de feromnio. A capacidade dela organizar, dela coordenar o enxame menor do que as abelhas de ferro. Ento precisa mais habilidade, mais cautela. Captura das abelhas nativas Ns podemos conseguir colnias de abelhas nativas pela atrao de enxames, pela diviso de colnias j estabelecidas e pela captura de colnias existentes na natureza. Atrao do Enxame Para atrair os enxames de meliponneos, devemos usar caixas de madeira. Dentro das caixas a gente coloca um pouco de cerume e resina, retirados de colnias dessas abelhas. Podemos, tambm usar caixas onde j estiveram instaladas colnias dessas abelhas, que foram transferidas e que ainda contm restos da colnia original. Estas caixas devem estar bem fechadas e possuir uma abertura por onde as abelhas

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possam entrar. Elas devem ser colocadas em locais protegidos, onde existam colnias naturais, que possam enxamear. Agente precisa inspecionar sempre o local, retirando colnias de formigas e ou outros animais que possam estar por a. Com relao ao enxameamento nas abelhas sem ferro, um enxame recm estabelecido, por enxameagem, no deve ser retirado de imediato do local. Isso s deve ser feito quando a nova colnia estiver completamente estabelecida, com boa quantidade de favos e alimento estocado. Quando uma colnia de abelha nativa enxameia, ela tem uma ligao bem forte com a colmia me, da qual as operrias levam, aos poucos, alimento e cerume para a nova colnia. Por esta razo, um enxame recm-estabelecido, com boa quantidade de favos e alimento estocado, pode ento ser transportada para o meliponrio. Captura de enxames Localizao A primeira coisa que eu fao localizar os enxames no mato. Normalmente para fazer a captura eu preciso de uma caixa, de uma armadilha para pegar as abelhas, das ferramentas para abrir e de alguma coisa que vede a caixa no final. Linha de vo Chegando no local eu observo a linha de vo, que a direo para onde elas flecham. A sada do enxame sempre daquele lado. Ento aquela altura e aquela direo importante. Quando eu terminar a captura, eu tenho que colocar a caixa naquela mesma altura. s vezes isso no possvel, mas eu tenho que botar o mais prximo possvel, e com o alvado, que o buraquinho direcionado para o lado que elas trabalhavam. Assim capturamos as operrias que estavam no campo. Para as abelhas nativas, quando eu tenho uma caixa nova, conveniente que eu passe uma erva aromtica por dentro, tipo a erva cidreira, mulatinha, alecrim de vaqueiro, hortel ou alguma dessas outras ervas para tirar o possvel cheiro da madeira, que pode levar a abelha a rejeitar aquela caixa. sempre bom fazer o revestimento da caixa com barro amassado porque o barro esfria mais, d uma temperatura mais agradvel, que as abelhas nativas gostam. Abertura do oco Eu vou ter que abrir o oco fazendo o menor barulho possvel. O ideal no derrubar o pau. Quando derruba o pau, as abelhas nativas tm um monte de clulas em discos de crias. Em cada clula tem o alimento, que a geleia real e nadando neste alimento, comendo e boiando ali, tem as larvas. Primeiro as abelhas enchem de alimento a clula e depois a rainha vem e pe por cima do alimento, e a larva nada ali em cima. Se derrubo este pau, quando ele cair vai entortar, pode virar as clulas e afogar as larvas. Ento naquela queda do pau eu j vou matar muitas larvas. Durante a captura, o mximo de cuidado possvel para no virar as capas. Do jeito que a capinha est no

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oco do pau, voc tem que tirar e trazer para dentro da caixa. Se virar as larvas vo ficar de cabea para baixo, o que no normal para essas espcies, e causa grades prejuzos, pois muitas larvas morrem. Se voc no tem segurana nesse trabalho, a voc nem passa as crias novas, passa as que j esto perto de nascer, porque no tem mais alimento e no vo afogar. A capinha quando nova marrom escura, quando ela a larva est perto de nascer ela vai clareando (cor de palha). Voc pode colocar s as claras, ms sempre tem que colocar na mesma posio. Essas que tem alimento podem atrair formigas, fordeos (mosquinha ligeiras), que a maior praga das nativas. Por isso a gente tem que ter cuidado para no fazer sujeira. Se deixar qualquer coisa suja, principalmente se for sambur (plen), a certeza que vai aparecer o fordeo. O sambur pode ser estocado na geladeira para se reposto depois como alimento. As abelhas nativas fazem uma capa de cerume no ninho para proteger os discos de cria das mudanas de temperatura. Esta capa chamada de invlucro. Armadilhas para capturar campeiras Quando voc observa a linha de vo, a voc pega o maior nmero possvel de abelhas porque, como a rainha tem pouco feromnio, voc tem que pegar todas as abelhas e botar dentro da caixa. Para facilitar isso da, tem uma armadilha muito simples que a gente faz para pegar as primeiras abelhas. s pegar uma garrafa de plstico de refrigerante, cortar no meio, colocar novamente a parte de cima invertida na parte de baixo e colar com uma fita. A quando eu dou Preparao da armadilha as primeiras batidas, eu coloco na boca, na sada das abelhas. As abelhas vo sair, vo entrar pelo funil, onde a entrada grande, e para voltar menor e elas no conseguem sair. As mais defensivas, mais espertas j ficam dentro da armadilha. Eu tampo com uma folha, com papel higinico, bota numa sombra e a vou cuidar do enxame. Translado A eu comeo o processo de translado propriamente dito que abrir o oco e identificar a morada. No tem muito problema com horrio, mas de preferncia deve ser feito nos horrios mais frios. A uma das primeiras coisas que eu fao pegar a entrada da casa natural e arrancar. Se for de cera/prpolis muito mais fcil fazer isso. Eu arranco e prego na caixa aquele canudinho. Se for de manduri, mandaaia, j mais difcil, mas elas sempre tem por dentro um canalzinho (de prpolis ou geoprpolis), que eu tenho que procurar um jeito de fixar na caixa, porque ali tem um pouquinho de feromnio e para ali que elas vo querer ir. A eu procedo a abertura. Normalmente, o enxame de abelhas nativas formado por uns discos de cria juntos. J o mel e o sambur, normalmente esto separados da famlia na periferia em potes ovais.

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Primeiro eu tenho que estar de olho direto na rainha. A rainha eu tenho que pegar com minha mo ou com uma mangueira de borracha e colocar dentro da caixa ou de um pote ventilado, especialmente preparado para abrigar a rainha at terminar o servio. A rainha das nativas muito mais fcil de localizar por que tem o abdome (bundona) muito maior que as outras abelhas. Ento eu me livro logo dos alimentos para no ficar fazendo sujeira, separo o mel coloco numa vasilha, fao uma pessoa se encarregar s disso, no vou espremer mel para no ficar com minha mo suja de mel ( bom levar uma garrafa de gua para lavar as mos), e j tiro o sambur tambm. Os potes de sambur que tiverem totalmente inteiros, no tiverem buracos de jeito nenhum, eu posso colocar na caixa. Se tiver potes de sambur furados eu no coloco l, porque se colocar s para atrair fordeo. Mel eu no preciso colocar l de jeito nenhum. Ao Inciode colocar mel, eu fao um alimentador invs do translado e coloco na caixa. Tirado o alimento, a eu comeo a tirar os filhos, com o mximo de cuidado possvel, com uma faca, descolo as capas por traz, tento levar todos de vez sem viram nem imprensar. Tem umas pilastras entre os discos que elas fazem para que um disco no fique em cima do outro. Fica um espao por onde as abelhas passam para inspecionar, que cabe exatamente uma abelha. Eu tenho que colocar os discos com a mesma distncia uns dos outros que estava no oco. Se eu colocar elas imprensadas, a no vai ter espao para elas nascerem. Pode levar uma cera de africanizada, mas o ideal fazer as pilastras da cera dela. Se for possvel, no mexer na disposio Discos de cria dos discos de cria. s vezes no tem condio de meter a mo para tirar as capas, a voc vai tirando capa por capa e fazendo as pilastras de cera. Se furar um alvolo melhor jogar ele fora do que botar dentro da caixa. Se por acaso botar, porque s vezes todas as capas ficam furadas. Nesse caso a gente coloca uma armadilha de vinagre para capturar os fordeos. O ideal depois da captura, uns trs a quatro dias fazer uma reviso, e se ver essa mosquinha ligeira, a hora de botar a armadilha. Quanto mais filho voc colocar na caixa melhor. Qualquer filho danificado, amassado eu no boto. Se eu botar filho amassado vai dar o fordeo. Feito isso, vamos passar essas abelhas que eu tinha guardado para as caixas. Ento eu j destampo a caixa, coloco todas essas abelhas, tampo rapidamente e vou caar as outras de uma por uma com a mo ou com um aspirador de abelhas. s vezes nesse bolo, a rainha da uma fugidinha. Se voc no acha ela, voc procura em um buraco que geralmente ela vai est l no buraco, mas ela tem que volta para caixa, se ela no volta nada feito. Ento, terminou essa fase, voc da um jeito de se livrar desse oco. Se for uma coisa que voc possa cortar, voc corta e carrega ele para longe. Se no der para carregar voc coloca barro, terra, gua, folha, para elas no ficarem festejando aquele oco. Depois voc veda bem a caixa para no ficar nem uma fresta para

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no entrar os fordeos. Pode usar fitas adesivas, amassar barro, para colar na caixa. Feito isso, voc vai tentar colocar a caixa no mesmo lugar que ela estava, colocando o alvado na mesma direo que estava antes para que ela possa trabalhar, se for possvel na mesma posio na mesma altura. Uma outra coisa que a gente pode fazer tambm fazer uma capa de cera para os filhos. Pode usar cera da outra abelha que j est laminada e fazer como uma casinha para controlar melhor a temperatura. Pode deixar s um buraco emendando no canal que ns colocamos. Elas sempre tm o que a gente chama de invlucro, que uma capinha de cera mais fina para cobrir os filhos. Lembrar sempre de deixar um buraco para as abelhas poderem entrar. E se tiver o canal j emendando no canal facilita o trabalho das abelhas. O canal tambm a gente pode fazer de cera alveolada. Devemos deixar a caixa no mnimo por trs dias no mesmo lugar, e se uma pessoa for retirar essa caixa de l no mesmo dia, tem que ser com o mximo de cuidado por que no est colado ainda e deve ser levado para uma distncia de pelo menos 2 km, para evitar que no outro dia as operrias retornem para o lugar antigo. As abelhas vo ter que vedar ou lacrar a caixa, e tem que ficar no local por 3 dias, e se for pegar de carroa, no pode porque vai balanar o ninho. Deve ento levar na mo ou fazer uma cama macia para colocar a caixa. O transporte de abelha tem que ser feito durante a noite porque as abelhas esto todas na caixa. Se transportar durante o dia, algumas abelhas, as mais trabalhadeiras acabam se perdendo. Mas se voc for levar para perto de onde voc a pegou existe a possibilidade dela voltar, mas se for levar para longe no h possibilidade delas voltarem, porque elas saem do pasto dela e no conhecem nada, ento a tendncia dela ficar. No transporte, conveniente tampar o alvado. Agente normalmente pega uma lata desses de leo, fura com um prego, faz uma placa furada para ventilar e prega na caixa com uma taxinha. Quando chega no meliponrio, eu tiro e fao um pouco de cera, e tampo com cera, bem pouquinho, para ela mesma ir destampando a cera, para ela no sarem de vez e no se assustar. Elas vo roendo aquela cera, que pode ser delas mesmo, isso na hora que eu chego, de noite mesmo. Se eu estou transportando de noite na hora que eu chegar eu j solto, s que eu deixo aqui vedado com um pouquinho de cera. Quando amanhecer o dia, a cera j est bem comida e ela j sai para trabalhar, soltando aos poucos. Se no ela se assusta, sai de vez, e ai pode no acha mais a casa. Na hora de colocar a caixa no meliponrio ela pode ficar em qualquer posio porque existe uma diferena marcante entre as abelhas do gnero apis para as abelhas dos dois gneros trigona e melpona que a orientao delas, como elas viajam para o novo local, vo se acostumar com essa orientao. A africanizada tem um computador ligado na antena. Ento ela olha para o sol e o computador dela d o angulo e ela diz, minha casa para c e da tantos quilmetros. Se voc arrancar os olhos delas elas vo bater encima porque na antena tem um radar, que enxerga tudo em um determinado raio de distancia, no caso das abelhas de trs quilmetros. As abelhas sem ferro dos dois gneros elas se orientam diferente, elas no conseguem gravar a casa onde elas moram. Todo dia elas tem que marcar o caminho delas, toda vez que ela sai para o mato ela tem que marcar o caminho Ela se orienta no atravs de olhar para o sol como fazem as africanizada. atravs de baforadas de feromnio que ela solta. Quando est voando para o mato, a cada 10 metros ela solta uma

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baforada de feromnio, como se fosse um pum, ela solta um cheiro no ar e ai pega nas folhas, e quando ela volta, ela volta farejando aquelas folhas que esto com aquele cheiro. Multiplicao de enxames Se eu no tenho nenhum enxame, se eu vou comear, a eu vou ter que capturar no mato. Se eu j tenho de um para frente, eu posso fazer a multiplicao desses enxames. Hoje o ideal voc pegar dois enxames e fazer um terceiro enxame a partir desses dois. Eu vou pegar parte desses dois enxames e vou fazer um terceiro enxame. Vamos dizer quer eu tenha duas caixas que estejam com enxames, eles tenham abelhas e eu pego uma caixa que est vazia. Ento a partir desses dois enxames, eu quero obter um terceiro enxame. Ento eu tenho duas rainhas, uma em cada caixa. Eu vou sair de dois enxames e vou chegar a trs enxames, ento vou precisar de trs rainhas. Ento eu preciso das duas rainhas e tem que nascer mais uma rainha, porque se no, no chega a trs enxames. Nas meliponinis, 25% das abelhas j tem potencial gentico para rainha, s precisa da alimentao. Ou seja, ser alimentada com geleia real para virar rainha. Tem esse exercito de rainha de reserva, ento qualquer tempo eu fao essa diviso. Nos trigonini eu s posso fazer essa multiplicao se tiver clula real. A realeira o lugar onde nasce a rainha, uma clula maior, uma clula mais desenvolvida. Ento eu abro as 2 caixas que vo ser as mes. Se pelo menos uma das duas tiver a realeira, a eu continuo o servio e fao a multiplicao. Se no tiver em nenhuma das duas eu fecho novamente e deixo para outro dia. Multiplicao de meliponini Vamos comear pela meliponini (mandaaia, manduri, uruu, jandara, tiba etc.) que a mais fcil e eu fao em qualquer poca. Uma das caixas velhas vai sair do lugar delas e vai perder a rainha.

1

2

3

Vamos dizer que eu peguei a caixa 1 e roubei a rainha dela e botei dentro da caixa 3. Ento eu levo a caixa 3 para o lugar da caixa 1. A caixa que ficou sem rainha, eu tiro dali. A caixa 3 t desocupada. Por enquanto tem s rainha. Eu vou nas duas e pego uns discos com filho. Eu s posso e, normalmente eu s fao essa diviso se tiver mais de cinco placas. Se tiver menos de cinco, no devo fazer porque a filiao t pequena. Se tiver mais de cinco, vamos dizer

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que a 2 tem sete placas. Eu tiro duas dela e ela ficou com cinco. Eu posso tirar ate trs. Eu tiro daquela, na mesma posio eu boto nessa. Pego umas abelhas da 2, porque ela eu no vou mexer nem de lugar nem na rainha. A caixa ficou no mesmo lugar e eu estou tirando s dois discos de filho e algumas abelhas dela para botar nessa caixa nova. Portanto as campeiras da caixa 1 vo entrar na caixa 3 e a caixa 1, que ficou sem rainha, eu carrego para mais de 100 metros de distncia, para evitar que as abelhas dela voltem para onde est a rainha delas e tambm para dar chance a outros zanges que no os irmos daquela rainha nova ali cruzar com ela. Se eu puder levar l para o mato, para o centro da mata, se l tiver manduri, at bom eu levar para l. Se tiver um amigo que cria manduri, eu levo para casa dele, e espero uns 10 dias a 30 dias. Com esse tempo, a rainha j foi fecundada eu posso pegar a caixa de noite e levar para qualquer lugar, inclusive para onde ela estava. Essa caixa nova pode entrar em um processo de multiplicao. Sendo dividido assim, todos os enxames sendo produzido pela diviso ou multiplicao, a possibilidade de nascer o tal do macho diplide maior. Por isso sempre bom voc pegar um enxame no mato ou trocar uma caixa sua por uma caixa de algum, para fazer o que agente chama de resfriamento no sangue. Produzir um material gentico novo ali no meliponrio, se no, daqui a pouco todo mundo irmo de todo mundo, com um parentesco s. Multiplicao de trigonini Para a multiplicao de trigonini (Jata, Ira, Mandaguari, Tubi, Mirim, Mirim preguia, Moa-branca etc.), necessrio que, nos favos, exista uma ou mais realeiras, de preferncia prestes a emergir a rainha, que tem uma cor clara. Primeiro devemos observar na rea dos discos cria se existem realeiras, clulas maiores localizadas na periferia do disco de favo podendo ser uma, duas ou mais realeiras, geralmente dispostas em discos diferentes. Se tiver muitas realeiras, mais de 7, pode ser um mau sinal, ou seja, de que a famlia est instvel ou a rainha me est muito velha. Estas realeiras, que aparecem temporariamente (primavera e vero), so as nicas clulas que daro origem s rainhas. Se j existir uma rainha, podero ser descartadas ou a colnia entrar em diviso espontnea. A diviso artificial um mtodo forado. Depois devemos transferir o disco com realeira para uma nova caixa e mais 2 a 3 discos de outras colnias de colorao mais clara e de fundo escuro (favos de cria nascente o fundo escuro o coc das pupas). Arrumar estes discos, procurando estabelecer um pequeno espao entre eles o espao abelha basta colocar uma bolinha de cerume entre eles. Revestir todo o ninho com invlucro de cerume ou, caso no disponha, com lmina de cera alveolada de africanizada. Devemos ento levar a colnia-me, que ficou com a rainha velha, para um local distante de 100 metros ou mais da colnia-filha e colocar a nova colnia em seu lugar. Desta forma, reforamos a nova caixa com a chegada das forrageiras (campeiras) que estavam trabalhando no campo. Caixas para nativas

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Existem diversos modelos de caixas com tamanhos diferentes. Algumas caixas servem para vrios tipos de abelhas. Os tamanhos geralmente mudam as abelhas que trabalham mais, geralmente voc oferece caixas com mais espao. Quanto mais espessa a madeira, quanto mais grossa for, melhor. Tem caixas de madeirite, de compensado, e outros materiais. Uma coisa importante nestas caixas permitir que se colha o mel mexendo o mnimo possvel com o ninho das abelhas e no destruindo a cera. A grande jogada na meliponicultura a mesma na apicultura, - colher o mel sem espremer a cera porque para fazer um quilo de cera, as abelhas tm que comer de oito a dez quilos de mel. Ento o trabalho maior dela no e nem fazer o mel, fazer a cera . Os modelos de caixas mais utilizados so os modelos PNN (Paulo Nogueira Neto), as caixas de modelo Uberlndia, Maria, Isis, Viosa., Marcela, Guiliani, Juliani, e Locatelli. As do modelo PNN, ou as variaes delas, so caracterizados pela separao, - o ninho em um lugar melgueira no outro, e a melgueira s vezes em gavetas. Ento tem um ninho onde a gente vai colocar s os filhos, s a parte de filiao das abelhas onde a rainha vai viver com a famlia dela.Modelo PNN

e a

O melhor ter um ninho com tampas independentes para quando for fazer a reviso s de ninho, no ser necessrio mexer na melgueira. Eu abro a parte do ninho e observo o que est acontecendo nele. Se eu for dividir por exemplo, eu olho e vejo se tem cinco placas, ou mais de cinco ou menos de cinco. As melgueiras, quem vai dizer o tanto de melgueira, o tipo de abelha que eu tenho. Se ela mais trabalhadeira ou menos trabalhadeira. Ento as melgueiras tem que ter espao para abelha caminhar em todo lugar, chamado de espao abelha e, de preferncia ter estruturas que separem o espao para os favos da parte superior da melgueira, para evitar que os potes de mel das melgueiras de cima preguem na de baixo. Por isso que deve ter uns palitos na parte de cima. Pode ter duas melgueiras, mas pode ter mais melgueiras. As manduri so abelhas que trabalham pouco, se for mandaaia pode at fazer de trs. Depende da regio que pode ser mais ou menos produtiva, variando conforme a florada disponvel. com que ela tenha tambm uma tampa independente, s para as melgueiras. A vantagem dessas caixas permitir manejo separado das melgueiras e do ninho, e, facilidade na hora de colher. Puxa uma gavetinha, a rainha est no ninho, tira os palitinhos, observa os que esto com mel, trisca com um garfo, se tiver fofinha de mel fura com o garfo mesmo, pega uma bacia, bota uma peneira, depois que tiver furado escorre na peneira. Depois ela s vai encher e lacrar porque tem o buraquinho do garfo. Ento faz a colheita de mel, o mel sai puro, uma das vantagens que voc no vai espremer. Hoje a PNN uma das caixas mais utilizadas. Tem que ter esse cuidado de voc observar que no comprimento,

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quem manda a abelha e na altura quem manda o tamanho do pote da abelha que voc vai criar. Instalao do meliponrio Em um enxame j estabelecido, que no tem concorrncia d para fazer mais de uma colheita por ano. No pode haver competio com africanizada. Se voc tem um meliponrio e apirio, os apirios devem ficar de um lado e o meliponrio para outro distante. Se estiverem prximos, as africanizadas vo sair ganhando. Elas vo fazer mel e as melponas no vo fazer porque as africanizadas vo acordar mais cedo. As melponas vo pegar s aquelas flores onde no coube a africanizada. As flores tradicionais que so umbuzeiro, aroeira, o marmeleiro, quando as nativas sarem no campo as africanizadas j andaram nessas flores. Os meliponrios precisam ficar o mais prximo possvel da gua. Quanto mais prximo melhor. Entre 10 e 50 metros, sendo um lugar que no encharque o ideal. Entre um meliponrio e um apirio, o ideal que a distncia seja de no mnimo 3 quilmetros. Os meliponrios devem estar prximos de casa para facilitar o manejo e para evitar o roubo das caixas. Devem estar prximos s floradas, de preferncia no meio das floradas. Devem ter sobra tambm. Devem estar distantes dos apirio, de preferncia com uma distncia maior que trs quilmetros. Deve observar tambm se no tem predadores ali por perto arapu, sanhar e xup se tiver tem que destruir porque eles matam as abelhas, roubam o mel, plen, cria e tambm o alimento quando a gente coloca. Manejo

Perodo de reviso No incio, logo aps a implantao, a gente tem que abrir as caixas mais vezes aps a captura para verificar como est se desenvolvendo o enxame e se a rainha est em ovoposio (postura). Se elas esto encontrando alimento mesmo tero potes de mel em construo e estaro entrando com plen nas corbculas. No incio a gente comea semanal, passa um ms por exemplo, toda semana dando uma olhada l, sem mexer muito. S tirando aquelas sujeiras, vendo se tem alimento, se no tiver, colocando alimentao, dando uma olhada para ver como que esto os filhos, se no esto estragando. Depois a gente pode passar dois meses fazendo quatro vezes quinzenal. Uma semana sim, outra no. Depois que os enxames j esto bem estabelecidos, voc pode fazer a reviso apenas mensal. Uma vez por ms. Quando voc j est bem prtico, e seu meliponrio j est bem velho, suas abelhas j tm mais de cinco

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anos, ento geralmente a gente faz s uma reviso no vero e as outras revises na colheita. O que observar Os inimigos das abelhas Fordeo A primeira coisa que a gente vai observar se no tem a presena de pragas. E a nas pragas, o grande problema das abelhas sem ferro, o fordeo. uma mosca pequena, ligeira, que caminha entre as abelhas e que pem muitos ovos que geram as larvas, que comem o sambur, os filhos e deixam um cheiro de azedo na caixa e as abelhas acabam morrendo todas. Para se livrar delas tem que fazer limpeza. Quando for colher o mel, onde ficou sujo, jogar terra ou gua. A cera que for utilizada, trazer para casa para aproveitar de alguma forma e o sambur no deixar jogado no meliponrio de jeito nenhum. Se mesmo com estes cuidados ainda aparecer os fordeos, voc tem que tirar todos as larva que voc achar e queimar e depois fazer a armadilha de vinagre, que para capturar a mosca. s pegar uma vasilha que no ocupe muito espao na caixa, como um frasco de filme, colocar vinagre, que pode ser vinagre caseiro mesmo ou industrializado, colocar mais ou menos dois teros de vinagre e fechar com a tampa com um pequeno buraco que s caiba a mosca do fordeo. Tampa e coloca dentro da caixa. A caixa que apresentar qualquer sinal de fordeo voc coloca na caixa e deixa. Na prxima reviso, voc vai ver que caiu muita mosca e morreu. Ento voc destampa, joga aquela fora, d uma lavada rpido na vasilha e coloca outro vinagre de novo. At que voc sinta que no est mais pegando mosca. Se for preciso, podemos colocar mais de uma armadilha. Formiga Para evitar formiga tem que ter limpeza, no deixar sujeira no meliponrio vai diminuir o ataque de formiga. Ter cuidado para no colocar a caixa em cima do formigueiro. Ter o cuidado de fazer as protees, cavaletes com armadilhas para no deixar as formigas subirem. Tem a da lata invertida, ou do vasilhame de refrigerante e tem aquela de colocar esponjas, espumas que a gente usa em colches. Pode de tempos em tempos dar uma umidecida com leo queimado que dificulta um pouco a subida das formigas. sempre bom que perto do meliponrio no tenha formigueiro. Pssaros Tem alguns passarinhos que gostam de fazer ninhos bem pertinho da boca das abelhas. uma forma de defesa que eles encontram, principalmente quando fazem nas abelhas de ferro. Mas a eles se enganam e fazem muito ninho perto das abelhas sem ferro tambm e isso no d certo porque tem uns que comem abelhas violentamente. Pica-pau, Joo-de-barro, Sabi. Tem que tirar os ninhos deles de l. O pica-pau ele fura a caixa e tira os filhos para se alimentar.

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Outros animais O papa-mel, a raposa, o tamandu, eles alcanam inclusive 60 centmetros. Eles puxam e at derrubam as caixas. A aranha tambm outro problema. Tem que estar sempre destruindo as casas de aranha, porque s vezes as aranhas fazem as teias na entrada das caixas e todas as vezes que as abelhas sarem, elas ficam presas na teia. A lagartixa terrvel tambm, elas comem todas as abelhas, podem acabar com o enxame. Situao geral do enxame Temos que observar a quantidade de abelhas, como est a postura da rainha, se est nascendo abelha, se as abelhas esto trabalhando bem entrando e saindo, se est entrando abelha com plen nas patinhas. Dar uma geral nesse enxame. A rainha No geral, tudo direcionado pela rainha, ou seja, a situao da rainha vai determinar a situao do enxame. Se a rainha vai bem, via de regra, o enxame bem tambm. Ento voc observa se a rainha est presente, se est caminhando, se locomovendo bem, se no est com as asas rudas, se est com as duas antenas, se tem todas as patas.

vai

Rainha de jata

As clulas de cria (placas) Observar tambm a quantidade de placas. Se tem cinco placas, tudo bem. Se tem menos de cinco, a no ser que seja nova, est problemtica e voc tem que reforar aquele enxame. Para reforar um enxame tem que ir em outras caixas e tira uma, duas ou trs placas e botar na caixa que est fraca. Lembrando de que tem que ter o cuidado de colocar as pilastras. Os enxames da mesma espcie, um pode fortalecer o outro. O alimento Observar a presena de alimento. As abelhas se alimentam do mel, e as larvas se alimentam de plen. Ento no h necessidade de ter mel na caixa para os ovos se desenvolverem, ms plen tem que ter. Mesmo que eu traga uma placa de outra abelha, se no tiver entrando plen sinal que no h rainha em postura. Se durar por mais de 30 dias, ento no pode nascer as crias porque o alimento principal delas o plen. Quem tem geladeira pode at guardar uns potes de plen lacrados na geladeira. medida que for precisando, vai botando na caixa. A limpeza Uma das coisas que a gente faz durante a reviso a limpeza das caixas. A tem a vantagem de ter uma caixa de fundo mvel. Uma caixa que a gente possa tirar o ninho e a melgueira para limpar. Tanto as

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melponas quanto as trigonas fazem as necessidades fisiolgicas delas dentro da casa. Elas no saem de casa para defecar e urinar. Ento geralmente tem um canto onde elas fazem as "sujeiras. Durante a reviso voc tem que limpar para tirar todas aquelas fezes e enxugar. Ou a gente usa um paninho ou papel higinico. Todas as fezes, todas as sujeiras, a gente deve colocar em uma vasilha, no final da reviso a gente queima tudo. A limpeza favorece ao desenvolvimento de um enxame sadio e mais produtivo. A bom lembrar que o meliponrio deve estar limpo. Alimentao Os enxames de abelhas nativas, consomem menos nctar, menos plen. Eles precisam de menos florada para se desenvolver por que os enxames so menores. Elas tem uma caracterstica de se preocupar mais com a produo de plen. No geral d mais sambur que mel. Geralmente, na florada final do pasto, na florada de inverno elas enchem o mximo de sambur e isso da a garantia alimentar durante o perodo sem chuva. Se tem bastante mel e no tem sambur, d para elas sobreviverem mais no d para elas se reproduzirem porque para gerar novas crias precisa do sambur. Se no tiver nem mel nem sambur voc no tem outra alternativa seno de entrar com alimentao artificial. Uma boa alternativa utilizar mel de oco para a alimentao das abelhas. Tem a vantagem de ser misturado com o sambur. Ento j tem os dois alimentos que ela precisa, as protenas, que vem do sambur, e as energia que vem do mel. No necessrio que seja da mesma abelha. Pode ser de cupira, sanhar, arapu, ou mesmo de africanizada. Voc pode fazer a alimentao individual e a coletiva, quando voc coloca um alimentador no meliponrio para todas as abelhas irem para l, a desvantagem da ltima que atrai pragas e as abelhas do mato e, vai alimentar sempre as mais fortes. O ideal que se faa sempre a alimentao individual, s naquela caixa que est necessitando do reforo alimentar. A pode ser utilizado aquelas vasilhas de filme. Tem que usar sem a tampa enchendo ele totalmente de mel, e colocando uns pedacinhos de cera por cima para as abelhas no se afogarem no mel. Para exames pequenos, isso d para alimentar por uma semana. Bebedouros de aves tambm podem ser usados colocando mel lquido no lugar da gua; potes com um furo na tampa, virados com a tampa para baixo e pendurados no interior da colnia, servem para fornecer mel ou xarope em maior quantidade. No podemos alimentar todos os dias, para elas no ficarem preguiosas, no indo procurar a florada no mato. Se colocar muito alimento ela praticamente no sai para se alimentar e usa s o alimento da caixa. O alimento para d energia para ela ir procurar florada no campo. O alimento necessrio no vero, quando estamos fazendo captura e a abelha precisa de se adaptar, depois do terceiro ou quarto ano no precisa mais, a no ser quando o exame atacado por formiga ou fordeo. Tem muitos outros alimentadores, uma outra idia usar um pedao de cano com dois joelhos. Faz um furo na caixa, coloca um pedao de cano de meia polegada e adapta na caixa. Precisa colocar cera no lado da cano para a abelhas no se afogarem. Depois de usar, lavar antes de voltar a usar. A alimentao coletiva d menos trabalho, mas bom lembrar que a alimentao sempre atrai pragas e pilhagem (roubo)

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e concorrncia por outras abelhas. Tem outro alimento que pode ser usado o mel de acar, s acar e gua mas no um alimento com protena e no vai fazer a rainha por. Voc pode dar ele assim mesmo ou enriquecido com o p da vagem do pau-ferro. Tem que pisar tudo no pilo - 100 gramas para cada litro de xarope, tambm a massa do jatob e p de folha verde que (multimistura), tambm pode ser usado mel de cana ou mel de engenho mas tem que saber se naquele engenho usa produtos qumicos se usar no pode para alimentao dos exames. O xarope no pode ser fino para no fermentar. Precisa ser grosso passando do ponto, pode tambm enriquecer o xarope com a semente da leucena, pode ser usado o mel da algaroba que tem protenas e energticos. Usa 1 quilo de vagem triturada para 3 litros de gua, ai ferve at engrossar - no precisa de acar. essencial localizar a florada, identificar os meses que no tem nada e precisa plantar alguma coisa, quem age assim no precisa de alimentao artificial. Se o ms que no tem florada setembro, procurar plantas que floresam em setembro para plantar. Em nossa regio tem dois tipos de florada. A de inverno onde as plantas mais comuns so angico, mameleiro, jurema, quebra-faco, pio, malva, pasto fino, jureminha, alecrim, unha-de-gato e a de seca, onde as plantas mais comuns so umbuzeiro, aroeira, jurema, jacurut, e cajueiro. Produtos das abelhas

Geoprpolis (tapagem) O nome geoprplis vem de Geo = terra + propolis. No caso da tapagem um produto que cresce o seu valor a cada dia no mercado e tem boa aceitao. Ainda tem muita restrio pela falta de pesquisas, mas est abrindo o mercado internacional. importante que a gente manipule essa geoprpolis e tenha produtos caseiros. Prpolis e geoprpolis os dois so tapagem de abelhas, s que a abelha sem ferro fazem da resina que elas tiram das plantas junto com o barro e as de ferro fazem s da resina mas ai as propriedades medicinais da geoprpolis so maiores. Ainda tem muita gente da comunidade cientifica que no aceita as propriedades do barro como medicinal pois acham que o barro contamina. A prpolis, mesmo pura, mais utilizada in natura. J a geoprpolis quase ningum consome in natura. A maioria das prpolis tem sabor desagradvel, quase todas so amargas. Dependendo das plantas pode ter um sabor melhor ou pior. Ela pode ser usada nas formas de tintura, que o extrato de geoprpolis, e a partir da tintura voc pode fazer pomadas, spray. Ultimamente a cotao da geoprpolis de US$ 17,00 dlares por quilo, o que d uns R$ 50,00 reais por quilo para exportao. Vrios criadores, principalmente de tiba, tm na geoprpolis o seu principal produto. Ento a gente pode comercializar. Um dos problemas que o mercado controlado por alguns exportadores.

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Plen Plen o sambur. A abelha colhe esse plen da parte masculina das flores. muito rico em protenas, vitaminas (B1, B2, B3, C, E, K, H, A), minerais (clcio, ferro). O plen um fortificante imbatvel. Tem um alto teor de ferro. O plen tambm um desintoxicante e tem flavonoide, que tem o poder de dar elasticidade nas veias. Quem consome o plen, dificilmente tem um derrame. O plen s tem valor comercial se for de abelha com ferro, pois o plen da maioria das abelha nativas aquoso e difcil de fazer a secagem pois precisa de estufa. A abelha jata uma exceo, pois seu plen no aquoso e poder ser desidratado ao ar livre. Plen a vedete da meliponicultura e da apicultura. muito valoroso e um alimento precioso para elas. Toda criana precisa consumir plen e tambm as gestantes. Crianas na idade escolar precisam consumir no mnimo um gramo por dia. Mel O mel da abelha nativa consumido desde os tempos dos ndios, ns temos a tradio de consumir s para remdio. De uma certa forma prejudicial porque a maioria das pessoas consome mel das nativas apenas como remdio, quando na verdade deveriam consumir diariamente j que o mel das nativas tambm um alimento. O mel deveria ser consumido diariamente, independente de estar ou no doente. Cera A cera quase que no tem valor comercial mais para a aplicao caseira. Ela bem mais escura. Tem grande utilidade histrica caseiramente. Na criao racional importante que a gente derreta a cera e reaproveite. Pode fazer os potes e colocar nas melgueiras. Pode usar de uma abelha para outra. Enxames As abelhas nativas tm tambm outro produto comercial que so os prprios exames. As universidades e a Embrapa procuram exames para fazer pesquisas. O preo do exame chega de 15 a 200 reais. uma coisa perigosa no pois estamos vendendo a matria prima preciso saber para quem se vende. Alm disso pode ser ilegal se no seguir as normas do IBAMA. Sempre algum vai procurar enxames para comprar por causa da consanginidade. Ou os meliponicultores tem um calendrio de troca de enxames ou ento um calendrio de aquisio de enxames. Preparao de produtos

Tintura de geoprpolis

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Ns vamos preparar inicialmente a tintura de geoprpolis que tambm chamada de extrato de geoprpolis. Existem vrios mtodos de se extrair o extrato de prpolis e fazer esta tintura de prpolis. O melhor deles, um dos mais simples, o que se faz com lcool, utilizando apenas a geoprpolis e o lcool, lembrando que nesse caso, obrigatoriamente tem Preparaolcool neutro, lcool de cereal, que que ser um de geoprpolis prprio para se fazer remdios e bebidas. sempre bom usar um vidro de boca larga e a dosagem mais fcil de se acertar a que se faz por volume, ao invs de peso onde a gente usa uma parte de geoprpolis e duas partes de lcool. Se for copo, ento so dois copos de lcool para um copo de geoprpolis. Se for litro, so dois litros de lcool para um litro de geoprpolis, e assim por diante. comum vir sujeira, principalmente quando ela tirada raspando a caixa. Devemos retirar estas impurezas. O vidro deve ser esterilizado, bem limpo. A esterilizao deve ser feita com gua quente ou pode ser usado o lcool comum. A geoprpolis tem que ser triturada. Quanto mais triturada, mais facilmente vo ser liberados os princpios ativos. A colheita deve ser feita com material de inox para no contaminar. Misturar, deixar descansar por no mnimo quinze dias. Depois ela vai ficar escura. No fundo do vidro vai ficar uma terra que eu tenho que coar. O bom mesmo coar com aqueles filtros de papel para coar caf. O remdio o lquido, mas essa borra, eu posso usar para as criaes. Precisa colocar uma etiqueta no frasco com as informaes sobre a data da mistura, o nome extrato de prpolis, as propriedades medicinais que tem. Se, no ltimo caso no tiver lcool de cereais, pode ser feito com lcool comum, s que a s para uso externo. No pode ser consumida. Como ela cicatrizante, pode ser usada com lcool comum. Em ltimo caso, voc usa a cachaa. Mesmo quando feito com lcool de cereais, ele no pode ser consumido puro. muito forte. Se tomar o extrato puro ele tapa a respirao e pode at matar por asfixia. O extrato no consumido puro, pode ser usado para passar em algum ferimento. Quando for ingerir, a tem que diluir. Tem que usar a propolina, que o que tem no mercado. Para preparar a propolina s usar uma colher de sopa do extrato em um copo de gua (120 ml). Pomada de geoprpolis A pomada pode ser feita com cera de abelha, sebo, parafina que vai ser a base da pomada. Devemos colocar a base para desmanchar no forno. Com a base morna, ento vamos colando o extrato at ele parar de desaparecer (saturar) na base. A vida til de dois anos. Propomel a mistura do mel com a geoprpolis. Podemos colocar uma colher de sopa de geoprpolis para cada 120 ml de mel.

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