a contribuiÇÃo da consultoria no processo de … · crea-sp: conselho regional de engenharia,...

92
UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Administração Francisco Eugênio Dias Ribeiro Frank Willian Guimarães Silvio Cesar Dias A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO Total Consultoria Ltda. Lins - SP LINS SP 2009

Upload: lamtram

Post on 08-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Administração

Francisco Eugênio Dias Ribeiro

Frank Willian Guimarães

Silvio Cesar Dias

A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO

PROCESSO DE EXPORTAÇÃO

Total Consultoria Ltda.

Lins - SP

LINS – SP

2009

Page 2: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

FRANCISCO EUGÊNIO DIAS RIBEIRO

FRANK WILLIAN GUIMARÃES

SILVIO CÉSAR DIAS

A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração sob a orientação do Prof. Esp. Everton Rodrigo Salvático Custódio e orientação técnica da Profª. M.Sc. Heloísa Helena Rovery da Silva.

LINS - SP

2009

Page 3: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

Ribeiro, Francisco Eugênio Dias; Guimarães, Frank Willian; Dias, Silvio César

A contribuição da consultoria no processo de exportação: Total Consultoria Ltda. / Francisco Eugênio Dias Ribeiro; Frank Willian

Guimarães; Silvio César Dias. – – Lins, 2009.

91p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium - UNISALESIANO, Lins–SP, para graduação em Administração, 2009

Orientadores: Everton Rodrigo Salvático Custódio; Heloisa Helena Rovery da Silva

1. Consultoria. 2. Comércio Internacional. 3. Produtos de Origem

Animal. I Título.

CDU 658

R369c

Page 4: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

FRANCISCO EUGÊNIO DIAS RIBEIRO

FRANK WILLIAN GUIMARÃES

SILVIO CÉSAR DIAS

A CONTRIBUIÇÃO DA CONTROLADORIA NO PROCESSO DE

EXPORTAÇÃO

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora:

Prof. Esp. Everton Rodrigo Salvático Custódio

Especialista em MBA em Controladoria e Finanças pela Fundação para

Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia.

Assinatura: ___________________________________

1º Prof(a): ______________________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ___________________________________

2º Prof(a): ______________________________________________________

Titulação: ______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ___________________________________

Page 5: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,

Mas na intensidade com que acontecem. Por

Isto existem momentos inesquecíveis,

Coisas inexplicáveis e pessoas

Incomparáveis".

(Fernando Pessoa)

Page 6: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

DEDICATÓRIA

A Deus,

Que guia nossos passos. É nossa luz e nosso caminho, a

base para nossas vidas e que nos deu a glória de podermos lutar pelos nossos

ideais.

Aos nossos orientadores,

Por terem sempre agido com paciência, nos orientando e

nos destinando para o melhor caminho, dispondo e dividindo o tempo mas,

principalmente, pelo incentivo à elaboração deste trabalho.

A vocês, a nossa mais sincera gratidão.

Aos nossos familiares, amigos e esposas,

Que sempre estiveram ao nosso lado, nos incentivando

para que pudéssemos alcançar com êxito mais esta etapa de nossas vidas.

Obrigado a todos que nos apoiaram.

Com honra dedicamos nossos méritos.

Francisco, Frank e Silvio.

Page 7: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

AGRADECIMENTOS

A Deus,

Por amar-nos tanto e dar-nos a vida. Mantendo-nos

fortes e guiando-nos em nossos caminhos. Estando conosco sempre, dando-nos

sabedoria, entendimento, paciência e uma linda família.

Aos nossos professores e orientadores,

Que não mediram esforços ao transmitir conhecimentos e

que colaboraram para o nosso crescimento pessoal e profissional. Que com

presteza e eficácia e paciência nos atenderam, orientaram e nos ensinaram.

Aos nossos familiares, amigos e esposas,

Por todo amor, carinho e dedicação, sempre ensinando,

apoiando, ajudando e incentivando-nos a crescer. Por nos compreenderem nas

fases das grandes dificuldades.

Francisco, Frank e Silvio.

Page 8: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

RESUMO

A presente monografia busca verificar junto à empresa de consultoria técnica, Total Consultoria, a demanda de mercado e quais os campos de atuação junto a seus clientes, os quais optam por terceirizar determinados controles e serviços necessários para efetivar a exportação de produtos de origem animal. A Total Consultoria tem atuado no mercado junto às empresas de produtos e subprodutos de origem animal, contribuindo com assessoria técnica com as empresas que se encontram em processo de expansão comercial. E, devido ao ato de exportação ser um sistema complexo, foi verificada a demanda de mercado pela Total Consultoria. Entre as áreas que a empresa passou a atuar, se destacou a área de exportação, que é abrangente para as empresas de produtos de origem animal. A Total Consultoria passou a fornecer aos seus clientes conhecimentos técnicos e o acompanhamento dos procedimentos administrativos da exportação, pois se deve levar em consideração que a implantação dos controles sanitários não é mais um diferencial e sim uma exigência dos grandes mercados importadores. A atuação de um administrador e consultor na área de exportação contribui para que as empresas obtenham redução de custos e ganhos de competitividade no comércio internacional. O foco no consumidor ganha importância pelas empresas inseridas nos mercados competitivos. As garantias de qualidade comercial e de segurança sanitária são exigidas cada vez mais pelo consumidor. Através de uma boa gestão dos processos administrativos sobre a exportação de produtos é possível identificar uma melhor rentabilidade com menor custo e, assim, melhor utilizar os recursos disponíveis. Com um mercado altamente competitivo, as empresas estão se dividindo e especializando-se em determinadas áreas, contribuindo para o crescimento de todo o país.

Palavras-chave: Consultoria. Comércio Internacional. Produtos de Origem Animal.

Page 9: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

ABSTRACT

The present monograph look for verify next to the assessorship company technique, Total Consultoria; the market demand and which the fields of performance next to its customers, which they opt to outsourcing determined controls and services necestary to accomplish the products’ exportation of animal origin. The Total Consultoria has acted in the market close to the companies of products and by-products of animal origin, contributing with assessorship technique with the companies who if find in process of commercial expansion. E, which had to the exportation act to be a complex system, was verified the demand of market for the Total Consultoria. It enters the areas that the company started to act, if detached the exportation area, that is including for the companies of products of animal origin. The Total Consultoria started to supply to its customers knowledge technician and the accompaniment of the administrative procedures of the exportation, therefore if it must lead in consideration that the implantation of the sanitary controls is not plus a differential and yes a requirement of the great import markets. The performance of an administrator and consultant in the exportation area contributes so that the companies have reduction of costs and profits of competitiveness in the international trade. The focus in the consumer gains importance for the inserted companies in the competitive markets. The commercial sanitary security and quality assurances are demanded each time more for the consumer. Through a good management of the administrative proceedings on the exportation of products it is possible to identify one better yield with lester cost and, thus, better to use the available resources. With a highly competitive market, the companies if dividing and specializing themselves in are determined areas, contributing for the growth of all the country.

Keywords: Assessorship. International Trade. Products of Animal Origin.

Page 10: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Foto da empresa ............................................................................... 17

Figura 2: Animal rastreado ............................................................................... 48

Figura 3: Identificação do animal – brinco ....................................................... 48

Figura 4: Produto inspecionado pelo SIF ......................................................... 50

Figura 5: Câmara de Estocagem ..................................................................... 51

Figura 6: Container .......................................................................................... 53

Figura 7: Moeda Euro ...................................................................................... 57

Figura 8: Membros da UE ................................................................................ 58

Figura 9: Quantas pessoas vivem na UE ......................................................... 59

Figura 10: Riqueza da UE ................................................................................ 60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Proporção percentual de subprodutos em relação à carcaça das

principais espécies de consumo ...................................................................... 62

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APPCC: Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

BACEN: Banco Central do Brasil

BPF: Boas Práticas de Fabricação

BSE: Encefalopatia Espongiforme Bovina

CCR: Convênio de Crédito Recíproco

CEE: Comunidade Econômica Européia

CETESB: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CNPJ: Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas

Page 11: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do

Estado de São Paulo

DIPOA: Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal

ETA: Enfermidades Transmitidas por Alimentos

EUA: Estados Unidos da América

EUREPGAP: Euro Retail Produce Good Agricultural Pratice

HACCP: Hazard Analysis And Critical Points

LG: Lista Geral

LTDA: Limitada

MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

NASA: National Aeronautics and Space Administration

ONU: Organização das Nações Unidas

OTM: Operador de Transporte Multimodal

PAS: Programa de Alimento Seguro

PC’s: Pontos de Controle

PCC’s: Pontos Críticos de Controle

PCP: Programação e controle da produção

pH: Potencial de Hidrogênio

PIB: Produto Interno Bruto

POP’s: Procedimentos Operacionais Padronizados

PPHO: Procedimentos Padrões de Higiene Operacional

PPHPO: Procedimentos Padrões de Higiene Pré-operacional

PSO: Procedimentos Sanitários Operacionais

RH: Recursos Humanos

SCE: Seguro de Crédito à Exportação

SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECEX: Secretaria de Comércio Exterior

SIF: Serviço de Inspeção Federal

SISBOV: Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e

Bubalina

SISCOMEX: Sistema Integrado de Comércio Exterior

SP: São Paulo

SRF: Secretaria da Receita Federal

UNIMAR: Universidade de Marília

Page 12: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13

CAPÍTULO I – TOTAL CONSULTORIA LTDA ............................................... 16

1 HISTÓRIA DA EMPRESA TOTAL CONSULTORIA ............................ 16

1.1 A mudança de segmento ....................................................................... 19

1.1.1 Controle de qualidade ........................................................................... 19

1.1.2 Gestor do sistema APPCC .................................................................... 20

1.1.3 Gestor de BPF ....................................................................................... 20

1.1.4 Soldador ................................................................................................. 20

1.1.5 Aferidor de instrumentos de mensuração ............................................... 21

1.2 Aperfeiçoamento do novo segmento ...................................................... 21

1.2.1 Analista de exportação ........................................................................... 22

1.2.2 Analista de importação ........................................................................... 22

1.2.3 Rendimento de cortes de bovinos .......................................................... 22

1.2.4 Crono-análise e cronometragem ............................................................ 22

1.2.5 Monitor de controle de qualidade ........................................................... 23

1.2.6 Supervisor de produção ......................................................................... 23

1.2.7 Programação e controle da produção (PCP) .......................................... 24

1.3 Prestação de consultoria ........................................................................ 24

1.4 Departamentalização da empresa .......................................................... 26

CAPÍTULO II – MERCADO INTERNACIONAL ................................................ 31

2 MERCADO INTERNACIONAL ............................................................. 31

2.1 Consultoria técnica empresarial ............................................................ 31

2.1.1 Público alvo ............................................................................................ 31

2.1.2 Área de atuação de um consultor ........................................................... 31

2.1.3 Conhecimentos técnicos de um consultor .............................................. 34

2.1.4 Cautelas de um Consultor ...................................................................... 34

2.1.5 Etapas de trabalho ................................................................................. 35

Page 13: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

2.1.6 A importância de uma Consultoria na sua empresa ............................... 37

2.2 Exportação ............................................................................................. 40

2.2.1 O sistema Análise de Perigos e Produtos Críticos de Controle (APPCC)

.......................................................................................................................... 41

2.2.2 Os princípios básicos do APPCC ........................................................... 44

2.2.2.1 Princípio 1 - Análise de perigos e medidas preventivas ....................... 44

2.2.2.2 Princípio 2 - Identificação dos pontos críticos de controle.................... 44

2.2.2.3 Princípio 3 - Estabelecimento dos limites críticos ................................ 45

2.2.2.4 Princípio 4 - Estabelecimento dos procedimentos de monitoramento .. 45

2.2.2.5 Princípio 5 - Estabelecimento das ações corretivas ............................. 45

2.2.2.6 Princípio 6 - Estabelecimento dos procedimentos de verificação ........ 46

2.2.2.7 Princípio 7 - Estabelecimento dos procedimentos de registro .............. 46

2.2.3 O sistema de rastreabilidade .................................................................. 47

2.2.4 Adequação estrutural e documental ....................................................... 49

2.2.5 A logística ............................................................................................... 52

2.2.6 Serviços aduaneiros ............................................................................... 54

2.2.7 União Européia ....................................................................................... 57

2.2.8 A participação do Brasil no comércio internacional ................................ 61

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO ............................................................... 64

3 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 64

3.1 Consultoria em exportação pela Total Consultoria ................................ 65

3.2 Procedimentos iniciais para implantação da empresa ........................... 66

3.2.1 Início das obras ...................................................................................... 67

3.2.2 Procedimentos legais ............................................................................. 68

3.2.3 Adequações estruturais .......................................................................... 68

3.3 Início da produção .................................................................................. 69

3.4 Concessão de número SIF ..................................................................... 70

3.5 Outros órgãos fiscalizadores .................................................................. 70

3.6 Programas de auto-controles ................................................................. 71

3.7 Rastreabilidade do produto .................................................................... 72

3.8 Obtenção de habilitação para exportação .............................................. 72

3.9 Primeira exportação ............................................................................... 73

Page 14: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

3.10 Parecer final .......................................................................................... 74

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 76

CONCLUSÃO .................................................................................................. 77

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 78

APÊNDICES .................................................................................................... 82

ANEXOS .......................................................................................................... 88

Page 15: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

13

INTRODUÇÃO

Os produtos brasileiros de origem animal têm dificuldade na

comercialização e conquista de mercado por terem sidos considerados

mundialmente seus produtos de baixa qualidade.

O fato de a carne bovina brasileira ser vista como de menor qualidade

tem origem em problemas sanitários frequentes, como focos de febre aftosa,

existência de desumanidade de padrões legais de abate, falta de existência em

todo território nacional de um sistema de rastreabilidade, de certificação de

origem e por ela ser reconhecida como deficiente em características de

qualidade, como: cor, sabor e maciez. (GOMIDE; RAMOS, 2007)

Por este motivo, os controles que garantem a segurança e a qualidade

do produto vêm tornando-se motivos de adequações por parte de toda a cadeia

produtiva, demonstrando, assim, a demanda de mercado. Isto gera

oportunidade às empresas de consultoria técnica que disponibilizam

conhecimento a toda cadeia produtiva.

O Brasil é um país com grandes vantagens naturais e fabricante de

produtos e subprodutos de origem animal. O mercado interno e o crescente

mercado externo representam uma excelente oportunidade. Entretanto, a

globalização dos mercados cada vez mais competitivos e a crescente

preocupação com a saúde fazem com que aumentem a preocupação com a

qualidade dos alimentos comercializados. (DEMING, 1986)

As garantias de qualidade comercial e de segurança sanitária são

exigidas cada vez mais pelo consumidor e buscadas pelos participantes das

cadeias produtivas. (DEMING, 1986)

Nos mercados, onde a renda per capita é mais elevada, a demanda por

qualidade predomina. Assim, a carne bovina brasileira tem acesso a países em

que o poder aquisitivo da população é mais baixo, ou seja, onde o custo é mais

importante que a qualidade. Por este motivo, ocorre uma dificuldade pela

aceitação dos produtos e subprodutos de origem animal brasileiros aos

mercados mais nobres. (GOMIDE; RAMOS, 2007)

A principal referência internacional quando se fala em sistemas para

controle da segurança de alimentos, baseado na implantação do sistema de

Page 16: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

14

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) do inglês Hazard

Analysis And Critical Points (HACCP) é o código de práticas publicado pelo

Codex Alimentarius Comission.

Devido aos casos de Vaca Louca - Encefalopatia Espongiforme Bovina

(BSE) que ocorreram na Europa, os principais mercados mundiais criaram

exigências aos produtos e subprodutos de origem animal importados de outros

países. Entre elas, destacou-se a rastreabilidade bovina, a qual necessita ser

certificada por empresas cadastradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento.

Baseando-se nesta premissa, o presente trabalho se propôs a analisar

as características das empresas que industrializam produtos e subprodutos de

origem animal, com ênfase nas necessidades de terceirização dos controles e

busca de conhecimento técnico e legislativo para a exportação, através de

empresas de consultoria.

A Total Consultoria atualmente presta serviços ligados à logística interna

e externa a laticínios, frigoríficos, fábricas de produtos destinados à

alimentação animal – pet, curtumes, entre outros. Sua atuação na logística

externa das empresas de alimentos se estende ao transporte de produtos.

Enquanto consultoria, ela auxilia seus clientes na contratação de

transportadoras terrestres, despachantes aduaneiros, empresas marítimas e

aéreas de transportes de cargas; orienta seus clientes sobre a melhor rota para

a entrega de seu produto; identifica os custos da operação e o tempo

necessário para a entrega do mesmo ao seu destino e contribui para a redução

de custos, que é demonstrada como forma preventiva ao prejuízo que resulta

de uma exportação mal-sucedida.

Este trabalho de pesquisa objetivou analisar a tendência da terceirização

em comércio exterior para a redução de custos, com ênfase no operador

logístico e analisou a trajetória da Total Consultoria como operadora logística.

Sendo assim, os objetivos específicos foram: definir o perfil de um

operador logístico; verificar as vantagens e desvantagens de se terceirizar os

controles administrativos na exportação de produtos; determinar os segmentos

das empresas-clientes; verificar as necessidades que empresas de alimentos

buscam no operador logístico; identificar porque as empresas não têm o seu

próprio departamento em vez de fazer a contratação do operador logístico;

Page 17: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

15

avaliar os procedimentos, os cuidados necessários e o momento de terceirizá-

-los e analisar as funções de um operador logístico e suas responsabilidades.

Buscando o aprimoramento dos questionamentos relevantes, levanta-se

a pergunta: A atuação de um administrador e consultor na área de exportação

contribui para que as empresas tenham redução de custos e ganhos de

competitividade no comércio internacional?

A partir da questão descrita acima, levantou-se a hipótese de que

através de uma boa gestão dos processos administrativos sobre a exportação

de produtos é possível identificar uma melhor rentabilidade com menor custo e,

assim, melhor utilizar os recursos disponíveis.

Para demonstrar na prática a veracidade desta hipótese, foi realizada

uma pesquisa na empresa Total Consultoria junto a seus clientes na área da

administração da exportação, no período de fevereiro a outubro de 2009. Na

pesquisa, os métodos utilizados foram: estudo de caso e observação

sistemática.

As técnicas estão apresentadas através dos roteiros descritos abaixo:

Roteiro de estudo de caso (Apêndice A)

Roteiro de observação sistemática (Apêndice B)

Roteiro de entrevista com o proprietário (Apêndice C)

Roteiro de entrevista com o consultor (Apêndice D)

Roteiro de entrevista com o profissional da área de exportação

(Apêndice E)

O trabalho é composto por três capítulos:

O capítulo I relata o histórico da empresa Total Consultoria.

O capítulo II traz abordagem teórica sobre Consultoria, Comércio

Internacional, Produtos de Origem Animal e Legislações pertinentes.

O capítulo III é composto pelo relato do acompanhamento das atividades

constantes na empresa Total Consultoria em relação à prestação de serviços a

um cliente fabricante de produtos pet.

A finalização do trabalho consiste na proposta de intervenção e

conclusão.

Page 18: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

16

CAPÍTULO I

TOTAL CONSULTORIA LTDA

1 HISTÓRIA DA EMPRESA TOTAL CONSULTORIA

A Total Consultoria foi fundada em 2005, no município de Promissão. As

atividades da empresa funcionavam em uma sala comercial localizada no

centro da cidade. Ela foi alugada pelo Senhor Fábio da Silva Guimarães,

proprietário e fundador da Total Consultoria (Figura 1).

Formado em Direito pela Universidade de Marília (UNIMAR), Senhor

Fábio dedicou-se à criação da Total Consultoria, pois havia percebido que seria

uma oportunidade de negócio para atender a demanda de mercado do

agronegócio brasileiro.

Ele trabalhou em uma empresa Certificadora de Bovinos na atividade de

acompanhamento de propriedades rurais e confinamentos na implantação da

rastreabilidade bovina durante anos, aproveitando, assim, o conhecimento

adquirido para fundar a empresa Total Consultoria.

O mesmo já havia dedicado cinco anos de trabalho em um frigorífico de

bovinos exercendo o cargo de gestor da qualidade. Durante este período se

especializou na área de alimentos com treinamentos fornecidos por empresas

nacionais e multinacionais, como a SGS ICS Certificadora Ltda. que tem sua

sede na Europa. Empresa, esta, que além de fornecer treinamentos para os

profissionais do agronegócio, também executa auditoria para o credenciamento

de qualidade nas indústrias brasileiras de alimentos, nas grandes empresas

européias, que são importadoras dos produtos de origem animal, exercendo

grande influência no mercado de alimentos, tendo reconhecimento nos vários

segmentos da cadeia produtiva em diversos países.

A certificação de qualidade brasileira nos estabelecimentos fornecedores

de alimentos tem sido um diferencial para as exportações. Isto ocorre devido à

dificuldade em atender todas as exigências necessárias para a certificação de

qualidade da SGS ICS Certificadora Ltda.

Page 19: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

17

Entre os diversos treinamentos que o Senhor Fábio participou, dois

foram decisivos para a implantação de sua futura empresa, sendo o APPCC.

Fonte: Total Consultoria, 2009.

Figura 1: Foto da empresa

Em 2005, quando foi fundada a Total Consultoria, muitas empresas

estavam ainda em processo de implantação do APPCC. Por se tratar de um

sistema novo e complexo, foi verificada a demanda de mercado pelo fundador.

A partir do treinamento do APPCC, foi possível a criação da empresa

Total Consultoria que, primeiramente, desenvolveu procedimentos operacionais

padronizados de verificação e implantação do plano APPCC, a fim de orientar o

cliente e, posteriormente, ser seguido pelo mesmo.

A possibilidade do fundador para a implantação do Sistema APPCC e

disponibilizar treinamentos, gerou uma oportunidade de negócio, sendo

decisiva para a criação da Total Consultoria. Tal fato se deve pela falta de mão-

de-obra qualificada e pela necessidade de que as empresas tinham em atender

a exigência imposta pelo Ministério da Agricultura. Este impediria a exportação

Page 20: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

18

de seus produtos aos principais mercados, caso a empresa não tiveste

implantado o sistema ou mão-de-obra qualificada para manutenção do mesmo.

Outro treinamento que o fundador participou e foi de grande importância

para a criação da Total Consultoria foi o Euro Retail Produce Good Agricultural

Pratice (EUREPGAP) que, basicamente, é a rastreabilidade bovina, exigência

dos principais mercados exportadores.

Foi vislumbrada uma oportunidade de mercado pelo fundador da Total

Consultoria porque ele percebeu que os pecuaristas tinham necessidade de

implantar a rastreabilidade bovina em suas propriedades. A implantação foi

uma exigência imposta aos frigoríficos, com o objetivo de atender os principais

mercados, como a União Européia e os Estados Unidos.

A rastreabilidade bovina tornou-se importante para os pecuaristas devido

à procura que os frigoríficos tinham de animais rastreados para atender seus

clientes. Com a necessidade de atender a demanda, houve um aumento no

preço pago pela arroba do boi rastreado, pois este fator foi considerado como

valor agregado. Esta operação tornou-se atrativa aos pecuaristas porque

encontravam facilidade em venderem seus animais aos frigoríficos. Mesmo

tendo custos para a implantação da rastreabilidade bovina, a operação trazia

lucro ao pecuarista e segurança de venda de seus animais.

Com o objetivo de prestar tais serviços, foi fundada a empresa Total

Consultoria, tendo como principais clientes pecuaristas que investiram na

implantação e certificação da rastreabilidade bovina e pequenas empresas

frigoríficas que também investiram na implantação e gerenciamento do sistema

APPCC.

Após cinco meses de funcionamento, a empresa se deparou com a

primeira crise, devido aos focos de febre aftosa que ocorreram em outubro de

2005, nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Com o

fechamento da maioria dos mercados importadores, devido aos embargos da

carne bovina brasileira e a impossibilidade dos frigoríficos de atenderem seus

clientes com produtos cárneos de animais rastreados pelos embargos, ocorreu

uma diminuição da procura por animais rastreados.

Com isto, ocorreu falta de interesse por parte dos frigoríficos, pois o

preço da arroba do boi rastreado era mais alto que a do boi não rastreado e o

país também se encontrava proibido de exportar, ocasionando uma queda no

Page 21: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

19

preço da arroba e, conseqüentemente, gerando prejuízo aos pecuaristas que

tiveram custos com as empresas certificadoras pela rastreabilidade de seus

animais.

Com a descrença do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação

de Origem Bovina e Bubalina (SISBOV) por parte dos principais mercados

importadores devido aos casos de febre aftosa, percebeu-se que todo o

sistema precisava ser repensado, ocasionando, assim, uma instabilidade no

setor agropecuário, isto porque ocorreriam possíveis mudanças no que se

referia a rastreabilidade bovina. Como consequência, a maioria dos pecuaristas

parou de investir em rastreabilidade, com medo de sofrerem mais prejuízos.

Tais acontecimentos trouxeram às empresas certificadoras de animais a

perda da maioria de seus clientes, provocando a maior crise do segmento.

Ainda continuava o sistema APPCC, porém, os investimentos das

empresas em implantação de novos projetos se encontravam estagnados,

principalmente das pequenas empresas que estavam esperando uma resposta

do mercado nacional e internacional para novos investimentos.

1.1 A mudança de segmento

Neste momento de instabilidade, a Total Consultoria, que era recente em

sua trajetória, necessitou mudar de estratégia para poder sobreviver,

fornecendo treinamentos para capacitação de funcionários de empresas.

1.1.1 Controle de qualidade

Com o treinamento e capacitação dos veterinários, biólogos e

engenheiros de alimentos, que assinam como responsáveis técnicos para o

controle de que as empresas de alimentos necessitam cumprir para a

exportação, elas ficam aptas para atenderem as exigências essenciais, como:

as Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimentos Padrões de Higiene

Page 22: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

20

Pré-operacional (PPHPO) e Procedimentos Padrões de Higiene Operacional

(PPHO) e Procedimentos Sanitários Operacionais (PSO), de maneira a evitar

que o produto seja contaminado por agentes químicos, físicos ou biológicos.

1.1.2 Gestor do sistema APPCC

O treinamento oferecido ao gestor do sistema APPCC abrange todos os

pontos em que a empresa deve ter controle, de maneira a evitar ou corrigir

possíveis erros de fabricação. Os profissionais, além de serem treinados na

legislação e procedimentos, também são orientados de maneira a estabelecer

o sentimento de equipe e a união necessária ao sucesso do plano APPCC.

1.1.3 Gestor de BPF

O treinamento do gestor de BPF é focado aos problemas que possam

ocorrer durante a produção. Este profissional é responsável pela verificação in

loco dos procedimentos de fabricação, da correção imediata da operação e

pelos acidentes que possam ocorrer durante a produção, podendo acontecer

alguma contaminação ou risco ao consumidor final.

1.1.4 Soldador

O treinamento do profissional de solda é feito respeitando os requisitos

mínimos e necessários para proporcionar à empresa uma condição de manter

a produção de alimentos de maneira segura. A solda deve ser feita com

material especializado e de maneira própria para indústrias de alimentos,

evitando que ocorram ranhuras ou frestas onde possa ocorrer o acúmulo de

sujeira, ocasionando contaminação biológica ou pontos que possam se soltar,

Page 23: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

21

provocando, assim, a contaminação física da produção.

1.1.5 Aferidor de instrumentos de mensuração

O profissional aferidor de instrumentos é responsável pelo perfeito

funcionamento dos aparelhos de mensuração, como: termômetros, luxímetro,

detector de metais e aparelhos de verificação de Potencial de Hidrogênio (pH).

1.2 Aperfeiçoamento do novo segmento

O fundador não tinha o conhecimento necessário para ministrar os

diversos cursos que havia uma demanda. Foi preciso contratar profissionais

qualificados das mais diversas áreas para atenderem tais cursos. O proprietário

acompanhava todos os treinamentos fornecidos por sua empresa, em busca de

melhor qualidade. Era ele mesmo o maior crítico das atividades exercidas, pois

procurava atender as expectativas de seus clientes.

Ao mudar sua estratégia, a Total Consultoria verificou junto às empresas

a dificuldade que elas têm em contratar mão-de-obra especializada.

Verificando-se a demanda de mercado, a firma iniciou treinamentos feitos fora

das empresas, porém, voltados à empresa de alimentos, em especial,

frigoríficos.

A diferença entre o curso interno contratado pela companhia e o

oferecido fora das dependências da mesma é que, quando uma empresa

contrata o curso, ela define quem fará o treinamento, já que ela tem interesse

na qualificação de alguns funcionários que ocupam funções essenciais para a

empresa. Com a abertura de cursos feitos em salas alugadas nas cidades onde

estavam localizadas estas empresas, outros funcionários que almejam o

crescimento profissional também puderam participar dos treinamentos.

As pessoas que ainda não estavam ocupando uma vaga no mercado de

trabalho ou que trabalhavam em outras áreas da sociedade, como comércio e

Page 24: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

22

demais empresas, passaram a ter acesso aos treinamentos na tentativa de se

qualificar para uma vaga nas empresas de alimentos e de subprodutos de

origem animal.

Desta maneira, a Total Consultoria seguiu o segmento de cursos

profissionalizantes, tendo em 2009 aproximadamente 1000 alunos entre os três

estados: Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo e passou a fornecer outros

cursos à sociedade.

1.2.1 Analista de exportação

Treinamento com o objetivo de formar profissionais habilitados nos

procedimentos de exportação, com conhecimentos dos documentos

necessários e da legislação pertinente aos principais produtos alimentícios.

1.2.2 Analista de importação

Treinamento com o objetivo de formar profissionais habilitados nos

procedimentos de importação, com conhecimentos dos documentos

necessários e da legislação pertinente aos principais produtos alimentícios.

1.2.3 Rendimento de cortes de bovinos

Treinamento com o objetivo de formar profissional conhecedor dos

cortes de bovinos e ovinos, com ênfase nos rendimentos dos cortes por animal

e na classificação das peças pela gramatura de gordura, tamanho e coloração.

1.2.4 Crono-análise e cronometragem

Page 25: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

23

Treinamento com o objetivo de formar profissional habilitado a auxiliar a

gerência da empresa de produtos de origem animal a otimizar a produção de

maneira segura para os funcionários e com qualidade do produto final.

A cronometragem é a verificação in loco do tempo gasto para a

execução de uma determinada etapa da produção, sendo ela mecânica ou

operacional.

A crono-análise é o estudo completo de um produto determinado ou de

setor produtivo, onde são identificados os tempos necessários e os gargalos da

produção.

A mesma gera informações quanto ao tempo real, ao praticado e em

cada uma das etapas de produção, auxiliando o administrador na tomada de

decisão para o aumento da produtividade.

1.2.5 Monitor de controle de qualidade

Treinamento com o objetivo de formar profissional apto a fazer a

integração dos novos funcionários contratados pela empresa e orientar

constantemente os demais funcionários quanto aos cuidados higiênicos

necessários para a fabricação de alimentos.

O objetivo é despertar o comprometimento de todos e o sentimento de

equipe na elaboração de produtos saudáveis à sociedade e com qualidade total

mantendo o menor custo.

O monitor de controle de qualidade é o responsável por ministrar

palestras internas e promover a conscientização de todos os funcionários

envolvidos no processo produtivo.

1.2.6 Supervisor de produção

Treinamento com o objetivo de formar profissional habilitado a

supervisionar pessoas, equipamentos, procedimentos e tempo de produção

Page 26: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

24

durante o processo produtivo nas indústrias de alimentos e subprodutos de

origem animal, dando ênfase na legislação pertinente e aos conceitos técnicos

para a produção de alimentos seguros.

1.2.7 Programação e controle da produção (PCP)

Treinamento com o objetivo de formar profissional apto a programar e

controlar a produção dentro das indústrias de alimentos e subprodutos de

origem animal, com ênfase nas etapas necessárias à obtenção de cada

produto e aos cuidados com padrões comerciais.

1.3 Prestação de consultoria

A Total Consultoria também necessitou ampliar as áreas de atuação na

prestação de consultoria que fornecia aos seus clientes. Devido à qualificação

do mercado e ao amadurecimento do sistema APPCC, houve uma queda na

procura deste tipo de serviço oferecido. Por este motivo, pretendendo

permanecer no mercado e atender aos seus clientes, a Total Consultoria

ampliou suas áreas de atuação dentro das empresas. Entre as áreas que esta

passou a atuar, encontra-se a área de Exportação, que é abrangente para as

empresas de alimentos.

Para a empresa do segmento de alimentos são necessárias várias

autorizações e o cumprimento de muitas exigências para poder exportar seus

produtos. Com o objetivo de permanecer no mercado, a Total Consultoria

passou a fornecer conhecimento técnico e acompanhamento de todas as

etapas necessárias, que vão desde atender todas as exigências legais e

estruturais para a habilitação da empresa interessada a exportar, até os

procedimentos administrativos da exportação.

Foi verificada pela empresa a tendência da contratação de empresas

para a terceirização de serviços e consultoria na exportação, que abrange

Page 27: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

25

desde a parte de adequação da indústria de forma estrutural e documental até

as operações de logística interna e externa da empresa.

A Total Consultoria passou a fornecer adequação estrutural e consultoria

à empresa de alimentos, em especial frigoríficos, laticínios e demais indústrias

do segmento de produtos de origem animal, como fábricas de produtos pet,

curtumes e granjas.

Antes mesmo de produzir mercadorias destinadas à exportação é

importante que a empresa esteja em concordância com a legislação nacional e

conheça as exigências sanitárias e fitossanitárias dos países importadores para

os quais pretende exportar.

Obter estas informações é responsabilidade do interessado que

pretende exportar seus produtos. Com isto, para prestar consultoria técnica às

empresas alimentícias, a Total Consultoria tem buscado mão-de-obra

especializada, estudos por segmentos e produtos, a fim de auxiliar seus

clientes nos primeiros passos para uma exportação bem-sucedida.

As empresas especializadas na área logística são denominadas de

operador logístico.

“A criação do operador logístico, como também denominado OTM -

Operador de Transporte Multimodal foi com a Lei nº. 9.611, em 19/02/1998 e

sua regulamentação pelo Decreto nº. 3.411, em 12/11/2000”. (KEEDI, 2007,

p.95).

Segundo Keedi (2007), o operador logístico é responsável pela

coordenação de toda a cadeia logística de uma empresa. A Total Consultoria

quando passou a prestar este tipo de serviço a seus clientes, classificou-se

neste segmento que tem regulamentação própria.

A Total Consultoria atualmente presta serviços de logística interna e

externa a: laticínios, frigoríficos, fábricas de produtos pet e curtumes.

A atuação da Total Consultoria na logística externa das empresas de

alimentos se estende ao transporte de produtos como consultoria, auxiliando

seus clientes na contratação de transportadoras terrestres, despachantes

aduaneiros, empresas de transporte marítimo e empresas aéreas de transporte

de cargas. Orienta seus clientes sobre a melhor rota para a entrega de seu

produto, identificando os custos da operação e o tempo necessário para a

entrega do mesmo ao seu destino.

Page 28: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

26

Quando uma empresa de alimentos decide exportar seus produtos, além

de atender todos os requisitos básicos da logística interna, ela deve atender e

adequar-se às exigências do mercado ao qual ela se encontra interessada a

exportar. A Total Consultoria disponibiliza aos seus clientes toda a legislação

referente ao comércio internacional de produtos alimentícios e a legislação do

governo Brasileiro referente ao comércio internacional.

Desta forma, a Total Consultoria tem contribuído com empresas de

alimentos e subprodutos de origem animal na exportação de seus produtos aos

mercados mais exigentes, como: União Européia, Estados Unidos da América

e Rússia.

1.4 Departamentalização da empresa

A empresa Total Consultoria é composta pelos seguintes

departamentos: gestão estratégica, marketing, Recursos Humanos (RH),

financeiro, jurídico, certificação e rastreabilidade bovina, consultoria técnica e

administrativa, vendas e franquias.

O departamento de gestão estratégica é o departamento responsável

pela atuação da empresa junto a seus clientes, com o objetivo de buscar

soluções, projetos e oportunidades de negócios no agronegócio brasileiro. Para

a Total Consultoria, é fundamental que tudo seja controlado e mensurado,

tendo como principal objetivo a comunicação e a interação entre os diversos

departamentos da empresa.

É o departamento de planejamento estratégico que, por meio de estudo

ou pesquisa de opinião, define quais treinamentos ou consultorias serão

desenvolvidas e a maneira como serão divulgadas a uma determinada

empresa, cidade ou região, sempre verificando e analisando o mercado, o

público alvo e seus concorrentes.

É considerado, pelo fundador, o departamento mais importante da

empresa Total Consultoria, visando ao controle das informações vitais da

empresa e é ele mesmo quem administra o departamento.

O departamento de marketing é subordinado ao departamento de gestão

Page 29: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

27

estratégica, é o departamento responsável pela divulgação de treinamento e

consultoria oferecida pela empresa Total Consultoria às empresas de

alimentos, de subprodutos de origem animal, pecuaristas e à sociedade em

geral. As publicações contam com profissionais treinados em abordagem

direta, divulgando os trabalhos da empresa através de banners, outdoors,

panfletos, malas diretas, páginas da internet e divulgação pelos veículos de

comunicação, como rádio, televisão e telemarketing.

É atribuição deste departamento a manutenção da imagem da empresa

Total Consultoria junto a seus clientes com o serviço de pós-venda e pesquisa

de satisfação.

O departamento de RH é administrado por profissional da área, o setor

Pessoal da empresa é responsável pela elaboração, execução e controle das

atividades pertinentes à: folha de pagamento, benefícios, monitoramento do

ponto, relações sindicais e previdenciárias, de acordo com a legislação vigente,

bem como a operacionalização do processo de movimentação de

colaboradores na empresa. É também responsável pela garantia do

cumprimento das atividades relacionadas ao recrutamento, seleção,

treinamento, desenvolvimento e gestão de desempenho de RH, analisando e

assessorando os líderes quanto ao impacto da gestão de pessoas sobre os

resultados do negócio, uma vez que a Total Consultoria tem a necessidade da

contratação de profissionais especializados e professores nas regiões onde

são ministrados os treinamentos. Desta maneira, a mão-de-obra empregada na

Total Consultoria é o principal custo sobre os serviços prestados pela empresa.

O departamento financeiro é administrado pela esposa do proprietário, o

departamento financeiro é o responsável pelo patrimônio da empresa,

elaborando e acompanhando o fluxo de caixa, investimentos e as despesas

referentes aos trabalhos prestados pela empresa. Desempenha o papel de

analisar projetos e manter contato com órgãos públicos, como: o Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Secretaria da Saúde e outros com a

finalidade de informá-los sobre questões relativas à empresa.

Busca manter o controle dos lançamentos e registros contábeis da

mesma. Garante, ainda, a segurança das operações financeiras executadas

pela empresa por meio de mecanismos de crédito e controles que impeçam ou

dificultem as fraudes feitas pelos colaboradores e clientes. É subordinado ao

Page 30: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

28

departamento de gestão estratégica da Total Consultoria; por isto deve estar

em contato passando e recebendo informações sobre qualquer aspecto

financeiro da empresa.

O departamento jurídico é administrado pelo proprietário, que é formado

e licenciado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O Departamento

Jurídico direciona transações complexas, procurando, incessantemente, por

resoluções favoráveis em todos os aspectos da disputa, posicionando-se

contra e a favor da empresa, de modo que possa manter transparência e

confiabilidade do seu negócio junto ao mercado.

O departamento jurídico procura proteger os membros da empresa

através do aconselhamento jurídico referente aos diversos segmentos que a

firma se propõe a executar junto aos seus clientes. Busca a preservação da

imagem da empresa, a qual é ética e confiável, para que seja repassada a

seus clientes.

O departamento de certificação e rastreabilidade bovina na Total

Consultoria é formado por uma equipe de especialistas formada por engenheiro

de alimentos, biólogo e advogado. Realizam ações de certificação dentro dos

procedimentos técnicos e legais para as propriedades rurais com a certificação,

implantação e acompanhamento da rastreabilidade bovina.

O departamento de consultoria técnica e administrativa é responsável

pela execução e coordenação de todos os serviços de consultoria oferecidos

pela Total Consultoria a pecuaristas e a empresas de alimentos de origem

animal, como frigoríficos e laticínios e a empresas de subprodutos de origem

animal, como curtumes e fábricas de ossinhos para cães.

O departamento de vendas é formado por pessoas de alto nível técnico

com experiência em vendas de serviços. São responsáveis pela apresentação

ao cliente da política da empresa e dos serviços prestados pela Total

Consultoria.

A Total Consultoria acompanha o projeto de todos os clientes em todas

as suas fases, desde a concepção, passa pelo desenvolvimento e vai até o

final da implantação.

O departamento de vendas da Total Consultoria busca, constantemente,

novas oportunidades; uma vez que ele está em contato direto com o cliente.

Tende a observar quais os serviços de que o cliente demonstra necessidade,

Page 31: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

29

auxiliando o departamento de gestão estratégica e objetivando uma melhor

penetração no mercado em relação à concorrência.

Está subordinado ao departamento financeiro quanto à venda de cursos

profissionalizantes, já que a viabilidade da execução de um treinamento à

determinada empresa, cidade ou região tem um custo fixo, gerado através de

contratação de local apropriado, professores e materiais didáticos. O volume de

vendas está diretamente relacionado à viabilidade do serviço proposto, sendo

que o departamento de vendas da Total Consultoria tem que atingir a meta

mínima de vendas, para que haja redução de custos. Buscando, assim, cobrar

um preço justo aos seus clientes, sem comprometer a lucratividade da

empresa.

Para a Total Consultoria, os vendedores de serviços precisam se

transformar em vendedores de soluções, despertando os clientes para aquilo

que precisam e demonstrar que a empresa tem como atender suas

necessidades. Na visão do diretor do departamento de vendas da Total

Consultoria, não basta fixar objetivos e esperar resultados, é preciso unir

conhecimento, habilidade, atitude, postura e aprendizado constante. Oferecer

aos seus clientes soluções, às quais permitam atingir metas e, desta maneira,

consequentemente, haverá contribuição para o seu crescimento.

O departamento de franquias é administrado pelo proprietário. É

responsável pelo elo entre a Total Consultoria e seus franqueados. Sendo que,

o franqueado fica subordinado diretamente ao departamento de franquias, que

auxilia o franqueado com o treinamento e a constante reciclagem,

disponibilizando conhecimento técnico e oferta dos novos cursos da empresa.

Também é responsável em disponibilizar aos franqueados todo o suporte

técnico e administrativo.

Este departamento é responsável pela montagem de todas as franquias,

contando com o apoio do departamento de marketing, financeiro e de vendas

que o auxiliam na abertura da franquia. É importante salientar que a Total

Consultoria, recentemente, abriu para franquia apenas a área da empresa

voltada aos cursos profissionalizantes.

A empresa Total Consultoria possui hoje apenas uma franquia aberta e

está situada em Campo Grande. Estado de Mato do Sul, onde funcionam

atualmente oito cursos profissionalizantes, totalizando quinhentos alunos.

Page 32: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

30

A história da Total Consultoria é marcada por diversas mudanças de

mercado e pelo aproveitamento contínuo de oportunidades.

Page 33: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

31

CAPÍTULO II

MERCADO INTERNACIONAL

2 MERCADO INTERNACIONAL

2.1 Consultoria técnica empresarial

Devido à complexidade das legislações e termos técnicos que envolvem

as exportações de produtos de origem animal, há necessidade no mercado por

empresas especializadas em partes do processo, oferecendo consultoria às

membros do segmento.

A consultoria empresarial tem por finalidade formar consultores com

visão sistêmica, criando as condições necessárias ao desenvolvimento de

competências e atitudes indispensáveis para assumir a função de consultor.

Busca-se estimular a capacidade de criação, inovação e construção de

metodologias que os preparem para o exercício da função nas organizações.

2.1.1 Público alvo

Os profissionais de nível superior pertencentes às diversas áreas do

conhecimento que atuam ou pretendem atuar como consultores técnicos dentro

das organizações desejam se atualizar para obter um diferencial em termos de

capacitação.

2.1.2 Área de atuação de um consultor

Solfa et al. (1990), justificam que a consultoria deve ser a mais ampla

Page 34: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

32

atuação possível de um consultor técnico, tendo como objetivo analisar várias

empresas como um todo, processos e sistemas, tendo em vista não

objetivando a atuação dos profissionais executados no processo final. A

consultoria busca estabelecer metas. Em 1970, o Instituto Brasileiro dos

Consultores de Organização foi criado para o devido fim, de âmbito lucrativo

que possui código de ética e conselho, como outros profissionais.

Cada dia mais presente nas organizações, a consultoria traz um

diagnóstico, tendo o objetivo de encontrar as soluções e recomendá-las. O

consultor desenvolve e implanta um projeto de acordo com a necessidade do

cliente, procurando fazer com que a empresa minimize as falhas para evitar

gastos imprevistos.

Os consultores podem ser contratados para trabalhar em conjunto com

executivos e demais profissionais para avaliação de projetos ou análise dos

dados estratégicos da empresa.

Uma boa consultoria observa as reais condições da empresa e do

mercado a fim de atuar de forma eficiente e atingir os resultados esperados.

Outro aspecto é a interação consultor e cliente, pois é necessário que haja

confiança e responsabilidade mútuas.

Quando se devem fazer alterações bruscas no processo ou na própria

estrutura da empresa, o consultor deve portar-se como um mensageiro,

mostrando todas as funções não visualizadas pela empresa ou abordando

situações que eram acobertadas pelo receio de ter que alterar as estruturas da

mesma. O consultor, dentro de uma organização empresarial, na maioria das

vezes, tende a se tornar uma espécie de médico. Mesmo que o paciente tenha

uma doença séria, uma das funções do médico é alertá-lo com relação ao

problema, independentemente da sua gravidade. (MAGALHÃES, 2004)

A consultoria é um serviço de aconselhamento. Os consultores não são

contratados para dirigir organizações, nem tomar decisões delicadas em nome

da direção. O serviço de consultoria implica na transferência de conhecimentos

e em capacitar profissionais das organizações. O consultor é considerado um

agente de mudanças, por isto deve ter conhecimento e experiência.

Segundo Oliveira (2001), o consultor é capaz de desenvolver e mudar

comportamentos, atitudes e os processos adotados. Estas mudanças podem

ser por meio de conselhos, recomendações e serviços a uma área específica

Page 35: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

33

ou a um ambiente geral da empresa. O consultor pode ser interno ou externo.

A consultoria é um processo interativo de um agente de mudanças externo à empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e profissionais da referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo, entretanto, o controle da situação. (OLIVEIRA, 2001, p. 21).

As contratações de consultoria levam as empresas a direcionar todos

seus esforços para produtos ou serviços. Antes de contratar os serviços de um

consultor, o cliente deve identificar sua situação atual e quais as suas

necessidades.

Ainda, segundo Oliveira (2001), são dois os momentos em que as

empresas procuram os serviços de consultoria técnica: quando a realidade

vivida pela empresa não se encontra de acordo com o resultado previsto e,

quando a empresa busca um resultado satisfatório, baseando-se em seus

negócios atuais.

O consultor procura conhecimentos técnicos que possam ser

prontamente traduzidos e colocados em ação. Habilidade esta que o diferencia

dos demais profissionais da área de consultoria. Seu trabalho é garantido por

sua capacidade de executar, de forma simples e objetiva, seu conhecimento

adquirido. Passando seu conhecimento aos outros profissionais.

Eles por sua vez, repassam a outras pessoas, gerando um ciclo

contínuo de conhecimentos. Embora as experiências sejam a fonte mais

importante do conhecimento de um consultor, os mais capacitados aprendem

onde podem aprender. Eles são constantes na busca de novos conceitos e

técnicas administrativas, que possam auxiliar de maneira significativa à

aplicação nas situações vivenciadas.

Parreira (1997), definiu a consultoria como o ato de fornecer, dar,

solicitar e pedir orientações e pesquisas a um especialista para que auxilie,

oriente no trabalho administrativo dentro das organizações empresariais. O

consultor deve orientar o processo e apresentar as soluções viáveis para

concretização. Ele não possui sempre a solução de tudo, sendo um captador

de conhecimentos e informações e, utilizando suas habilidades, procura

resolver as necessidades e, em alguns casos, registra e executa a solução

encontrada pelo próprio cliente.

Page 36: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

34

2.1.3 Conhecimentos técnicos de um consultor

Os conhecimentos técnicos de um consultor conforme Cury (1995) são:

a) dimensão técnica: conhecimento técnico específico do próprio

trabalho gerenciado, refere-se à habilidade para lidar com a

tecnologia disponível;

b) dimensão administrativa: exige do consultor novas estratégias de

desenvolvimento, com aplicação prática do conhecimento,

aprimoramento dos serviços e das funções de planejar, organizar e

controlar, administrando o uso adequado do tempo;

c) dimensão política: tem como característica a habilidade na forma de

negociar, conquistar espaços decisórios, administrar e evitar conflitos

e administrar relações de hierarquia.

2.1.4 Cautelas de um Consultor

O consultor quando inicia uma nova prestação de serviço, descobre

profissionais, técnicas e lugares diferentes. Ele começa a trabalhar em um

ambiente desconhecido e com pessoas que nunca teve contato antes, por este

motivo pode enfrentar algumas dificuldades, como, profissionais que evitam

passar seus conhecimentos, experiências e informações necessárias para a

realização de seu projeto, por terem receio de perder seu cargo na empresa.O

consultor deve conquistar a confiança de todos. Ele deve informar os

funcionários sobre as necessidades, os objetivos e os prováveis efeitos que

ocorrerão pelas mudanças feitas.

Conforme Oliveira (2001), outros cuidados que um consultor deve ter é

em relação ao preço cobrado. Alguns consultores cobram por hora; outros, por

trabalho. As formas de pagamentos devem estar bem definidas em contrato,

contemplando todas as variáveis de custos possíveis, como:

a) valor fixo: o consultor recebe um valor, independente do tempo e das

horas trabalhadas;

Page 37: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

35

b) valor variável: o consultor recebe por hora, de acordo com as horas

trabalhadas;

c) por resultados: recebe conforme os resultados apresentados para a

empresa;

d) por disponibilidade: a empresa paga um salário mensal para ter um

consultor disponível por tempo integral;

e) participação acionária: o consultor é pago através de cotas ou ações

da empresa;

f) permuta: o consultor recebe como forma de pagamento produtos ou

serviços da empresa;

g) por tarefa: o consultor recebe de acordo com a execução da tarefa

específica.

2.1.5 Etapas de trabalho

O consultor apresenta sua proposta de trabalho a seu cliente. Cada

consultor tem uma metodologia de trabalho, mas em geral, administram os

trabalhos por etapas. Os consultores planejam o serviço antes de sua

implantação.

De acordo com Oliveira (2001), as etapas são:

a) identificação: identificar a situação da empresa;

b) entrada: estabelece-se os prazos e os objetivos. O consultor

reconhece a organização e os problemas da empresa;

c) auditoria de posição: o consultor reúne conhecimentos e informações

para o início de seu trabalho, através de entrevistas e relatórios para,

assim, identificar os problemas e suas causas;

d) planejamento: o consultor define as estratégias para desenvolver seu

trabalho, estabelecendo suas atividades, sequências, tempo

disponível e recursos. Ele deve apresentar e discutir as soluções junto

com seu cliente a partir de suas alternativas elaboradas;

e) ação: a partir deste momento, o consultor começa executar ou

implantar o seu projeto e a treinar os profissionais envolvidos para o

Page 38: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

36

desenvolvimento de seu plano de trabalho;

f) Acompanhamento: neste momento ocorre o controle de resultados,

uma reavaliação pelo consultor;

g) Conclusão: o consultor entrega o projeto e se desliga da empresa,

pelo menos, temporariamente.

Depois de aplicado o projeto e concluído, devem surgir algumas

mudanças dentro da empresa que provocam efeitos sobre os profissionais,

inclusive redução de quadro a aumentos salariais, mudanças na hierarquia, na

carga horária de trabalho e mudança no relacionamento entre os chefes e

subordinados.

De acordo com Oliveira (2001), o consultor só finaliza o seu trabalho

quando contribui para identificar as necessidades da empresa, promovendo

treinamentos, a consolidação e o aprimoramento contínuo da mesma. Para

isto, o consultor deve procurar seguir algumas regras, que são: respeitar a

política interna da empresa, ser ético e repassar todo seu conhecimento para a

empresa, fazendo com que ela possa aprimorar-se.

O vínculo do consultor não deve ser quebrado com a empresa. Mesmo

após o término da sua prestação de serviço, ele deve auxiliar na manutenção

de todo o sistema que foi implantado.

A contínua contribuição do consultor é muito importante para a

organização empresarial, pois além de elaborar um plano estratégico, assegura

a manutenção e o funcionamento do trabalho de maneira eficaz, objetivando os

lucros.

Os executivos americanos parecem apoiar o modelo funcionalista e instrumental de organização, percebido, sobretudo como um sistema de tarefas a serem executadas e de objetivos a serem atingidos. A gestão e a organização decorrentes são concebidas essencialmente como ferramentas que deverão se adaptar às exigências variadas das situações. (AMADO; FAUCHEUX; LAURENT, 1994, p.147).

Acontecimentos históricos, políticos, econômicos e culturais

determinaram mudanças no desenvolvimento das organizações, destacando-

se entre estes aspectos a produtividade norte-americana e, posteriormente, as

técnicas administrativas japonesa.

A complexidade do mundo organizacional, entre outros fatores, deu

origem às primeiras pesquisas e estudos sobre administração, apresentando-

Page 39: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

37

se, assim, o pioneirismo de Taylor nos Estados Unidos da América (EUA). A

produção científica na área de gestão, principalmente de base operária,

espalhou-se pelos diversos países, levando práticas administrativas e

gerenciais construídas em seu contexto específico como universais e capazes

de responder às necessidades das empresas das mais diversas culturas.

(LEITE, 1995)

2.1.6 A importância de uma Consultoria na sua empresa

Muitas pesquisas foram realizadas sobre os aspectos que levam uma

empresa a encerrar suas atividades em período, muitas vezes, inferior a três

anos no Brasil. Dentre as pesquisas, destaca-se a realizada pelo Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) alcançada

nacionalmente no ano de 2005, dizendo que 39% das novas empresas fecham

antes de completar o seu primeiro ano de atuação. Em estudo semelhante, o

SEBRAE/SP, analisou os índices de sobrevivência das empresas paulistas no

período de 1995 a 2000 onde se verificou que as taxas percentuais

acumuladas de mortalidade eram de 32%, 44%, 56%, 63% e 71%,

respectivamente, nos primeiros cinco anos de atividade. Sendo assim, apenas

29% das empresas se mantêm em operação até o quinto ano de atividade.

(QUAL..., 2006)

Mediante o resultado da pesquisas elaboradas e descritas no parágrafo

anterior, percebe-se a importância de um constante monitoramento do mercado

no qual está inserida a empresa. Para tal, faz-se necessário o desenvolvimento

de competências e habilidades administrativas mediante a aplicação de

técnicas que, coordenadas, proporcionarão uma total profissionalização da

gestão da empresa.

Deste modo, podem, seguramente, contribuir para o sucesso do

empreendimento, através: da implantação de um plano de negócios ajustado à

realidade da empresa; da delimitação das metas a serem alcançadas; do

registro; do acompanhamento e da total avaliação dos resultados obtidos ou

esperados, confrontando-os com as metas pré-estabelecidas; a integração dos

Page 40: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

38

departamentos e das áreas administrativas; dentre outras medidas.

Sendo efetuadas tais medidas, a consultoria pode exercer sua função

principal é auxiliar os gestores na condução do processo de profissionalização

do empreendimento, através da discussão das medidas necessárias, às quais

devem ser propostas à empresa.

A maneira pela qual atuará o consultor em seu trabalho em uma

empresa será definida a partir das necessidades identificadas em conjunto com

o gestor da entidade e de um prévio diagnóstico. Assim, todas as áreas da

empresa serão estudadas, como forma de se obter uma visão completa da

organização. (QUAL..., 2006)

Ao contratar uma consultoria séria e ética, o gestor da empresa terá à

sua disposição uma equipe de profissionais, qualificada tecnicamente, capaz

de identificar e sugerir a correção de possíveis entraves, como também

aperfeiçoar os pontos administrativos favoráveis, tendo como base, os

ambientes internos e externos; fundamentando e objetivando, assim, a tomada

de decisão.

É importante esclarecer que o êxito ou o fracasso de um

empreendimento origina-se a partir do processo decisório.

Quanto à eventual insegurança no fornecimento dos conhecimentos e

informações necessárias aos trabalhos de consultoria na empresa, frisa-se que

é garantido e necessário o absoluto sigilo, que parte não somente no dever

ético do consultor, mas também devendo constar no contrato de prestação de

serviço.

Percebe-se que a consultoria técnica empresarial funciona como auxílio

aos gestores na tomada de decisões administrativas. De acordo com Oliveira

(2007), o desenvolvimento dos trabalhos de consultoria empresarial ocorreu

graças à expansão do parque empresarial brasileiro e à busca por inovações

das técnicas administrativas, buscando uma contínua melhoria nos resultados

da empresa.

Pensando assim, a consultoria é vista como uma prestação de serviços

em desenvolvimento que auxilia os gestores no processo decisório.

Para Block (1991), os profissionais de consultoria atuam nas

organizações: planejando, executando, recomendando, assistindo ou

aconselhando, porém, não podem produzir mudanças diretamente. Ou seja, os

Page 41: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

39

consultores apresentam idéias e mostram alternativas para que os gestores

possam tomar decisões sobre bases sólidas, mas não possuem o poder direto

sobre as situações.

Olinquevitch e Rosa (2005, p.13), descrevem que “o consultor é um

profissional que orienta outros a realizarem seu trabalho e a tomarem suas

decisões”.

Block (1991) relata que um consultor é um profissional que se encontra

em posição de ter alguma influência sobre outro indivíduo, em uma empresa,

mas sem possuir o controle direto sobre os mesmos. Contudo, busca orientar e

aconselhar seus clientes, mas não tem vínculo com a gestão empresarial.

De acordo com Oliveira (2007, p.5), “o diferencial de um consultor [...] é

a maneira como ele consegue solucionar um determinado problema da

empresa-cliente”. Deste modo, percebe-se que este diferencial pode se tornar

uma vantagem para o consultor, em saber as medidas necessárias para a

resolução dos problemas da empresa que está prestando o serviço.

O SEBRAE (2003, p.13), destaca que [...] “consultorias empresariais só

têm sentido se o empreendedor estiver disposto a ouvir, rever, mudar e

aperfeiçoar sua forma de atuação”. Percebe-se que, na consultoria empresarial

é necessária uma boa relação entre o cliente e o consultor. O gestor deve estar

comprometido para desenvolver novos conhecimentos e novas ideias, para que

ambos possam aprender um com o outro.

Oliveira (2007, p. 22) destaca que o serviço que um consultor oferece no

mercado contempla três componentes: “a especialidade que está sendo

oferecida [...], a competência e o nível de conhecimento, a amplitude e o estilo

de atuação do consultor”. Porém, é necessário que o produto que o consultor

vende no mercado seja definido. O consultor precisa ter sempre um domínio

sobre o assunto que se propõe a prestar a consultoria.

Segundo Block (1991), as metas do consultor são: estabelecer uma

relação de colaboração com a empresa, buscar a resolução total do problema e

manter bom relacionamento.

Assim, a primeira meta assegura a importância dos consultores; a

segunda cria a possibilidade de os gestores aprenderem e, no futuro, virem a

solucionar os problemas sozinhos após o término dos trabalhos de consultoria,

demonstrando, assim, que o consultor contribui com a organização empresarial

Page 42: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

40

e com o aperfeiçoamento das técnicas administrativas necessárias para que a

empresa possa alcançar as metas estabelecidas pelos seus gestores. (BLOCK,

1991)

2.2 Exportação

Devido à concorrência internacional, as empresas exportadoras de

alimentos têm a necessidade de enfrentar e se adequar, para isto é essencial à

compreensão de todas as legislações pertinentes ao produto ao qual se dará o

comércio internacional. É essencial que a empresa conheça profundamente

todos os requisitos e procedimentos para a exportação efetiva de um

determinado produto a um país ou cliente, de maneira a evitar prejuízos.

No Brasil, as negociações internacionais são conduzidas pelo Governo Federal, por meio de representantes oficiais dos Ministérios das Relações Exteriores, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Agricultura, da Saúde, da Fazenda e do Planejamento. As entidades ligadas ao empresariado e às universidades e centros de pesquisa também cooperam com o governo, respondendo a consultas e encaminhando suas posições e interesses. (SEBRAE, 2006, p. 15).

Se a empresa ao embarcar o seu produto em containeres, pagar os

impostos e o frete marítimo para levar seu produto até o porto do país de

destino e, neste momento, se deparar com um impedimento de

internacionalização de seu produto por alguma barreira, seja ela não–tarifária

ou sanitária e, como consequência, ter que retornar com o seu produto ao país

de origem, desembarcá-lo do navio e levá-lo até a fábrica, ocasionando o

pagamento de multa por quebra de contrato e perda de credibilidade com o

cliente, uma vez que ele já havia se programado para a entrega do produto na

data firmada e se vê de última hora sem a possibilidade de cumprir com seus

compromissos, irá gerar um prejuízo mútuo entre o fornecedor e o cliente.

As barreiras não – tarifárias têm sido usadas por muitos países como instrumento protecionista para dificultar as exportações de outros países. Por esta razão, torna – se necessária a analise detalhada das justificativas e dos efeitos de distorção do comércio presente nestas barreiras. (SEBRAE, 2006, p. 20).

Page 43: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

41

A logística externa das empresas de alimentos e subprodutos de origem

animal está diretamente relacionada aos custos operacionais das mesmas. São

muitos os cuidados necessários, os quais levam a empresa a fazer estudos,

com o objetivo de atender e evitar as barreiras não-tarifárias.

Qualquer governo pode estabelecer normas e regulamentos técnicos, bem como normas sanitárias e fitossanitárias (aplicável a espécies vegetais importadas) que, na prática, impeçam a importação de certos produtos. Pode, também, tornar mais difíceis os procedimentos ou impor quotas de importação, por país ou por produto. Todas estas práticas correspondem a barreiras não - tarifárias. (SEBRAE, 2006, p.20).

A dificuldade que a empresa encontra para reunir as informações sobre

as normas e funcionamento do mercado externo traz problemas para o setor

exportador.

O monitoramento necessário das políticas dos países importadores ou

de blocos importadores auxilia na tomada de decisão e previne ou diminui

prejuízos nas negociações internacionais. Este monitoramento deve ser

executado pela empresa ou por empresas contratadas para prestar consultoria.

A inexistência de uma metodologia específica e adequada para o estudo

quantitativo das barreiras não – tarifárias por parte dos órgãos competentes

força o mercado a se organizar de maneira a evitar possíveis prejuízos.

(MIRANDA; MOTTA, 2001)

A segurança dos alimentos tem se tornado um assunto cada vez mais

relevante. Diversos incidentes ligados ao consumo de alimentos têm

aumentado a conscientização e interesse do consumidor sobre o assunto.

Problemas com a contaminação microbiológica têm recebido maior atenção por

parte da imprensa.

O Incidente envolvendo BSE divulgado pela imprensa, com o nome de

Vaca Louca, causou a morte de várias pessoas e o sacrifício de boa parte dos

rebanhos bovinos na Europa. Este fator contribuiu para aumentar o interesse

dos consumidores pelos alimentos seguros e para a confiabilidade dos

fornecedores.

2.2.1 O sistema Análise de Perigos e Produtos Críticos de Controle (APPCC)

Page 44: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

42

O APPCC é a principal referência internacional quando se fala em

sistema para controle da segurança de alimentos, baseado na implantação do

Codex Alimentarius, programa conjunto da Organização das Nações Unidas

(ONU), contando com representantes dos países. É um fórum internacional de

normalização sobre alimentos que foi criado em 1962 e suas normas têm como

objetivos básicos proteger a saúde dos consumidores e assegurar práticas de

padronizações equivalentes no comércio internacional de alimentos.

Este Sistema, hoje adotado pelos principais mercados mundiais que basicamente assegura que os produtos industrializados sejam elaborados sem riscos à saúde pública, que apresentem padrões uniformes de identidade e qualidade e que atendam os aspectos sanitários e de integridade econômica (BRASIL, 1998, p.1).

O sistema APPCC teve sua origem na década de 50 em indústrias

químicas da Inglaterra. Nos anos de 60 e 70, o sistema foi empregado pela

Comissão Americana de Energia Atômica para o planejamento de usinas

nucleares. Nesta época, o sistema visava avaliar o tempo médio de falha para

os componentes de uma instalação nuclear a fim de calcular o tempo médio de

falha da instalação como um todo. (FRANCO; LANDGRAF, 2001)

Os criadores das missões espaciais americanas adotaram a lógica da

análise de risco e falha para o desenvolvimento de equipamentos espaciais

para vôos tripulados. A pedido da National Aeronautics and Space

Administration (NASA), nos Estados Unidos, no final dos anos 60, o sistema foi

adaptado para a área de alimentos pela Pillsbury Company, para que não

houveste nenhum problema com os astronautas relativo a Enfermidades

Transmitidas por Alimentos (ETA) e equipamentos (migalhas de alimentos) em

pleno vôo. (FRANCO; LANDGRAF, 2001)

O problema de migalhas foi resolvido com o uso de embalagens

especiais e de possíveis ETA, com a utilização do sistema APPCC, que por

mostrar-se altamente preventivo, evita falsa sensação de segurança de

produtos que eram, até então, inspecionados lote a lote por análises

microbiológicas, sendo esta a única garantia dada por outras ferramentas de

controle de qualidade. (FRANCO; LANDGRAF, 2001)

O sistema APPCC está designado para ser implantado na produção,

transformação, transporte, distribuição, armazenamento, exposição à venda,

Page 45: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

43

consumo ou qualquer outra etapa que represente um risco à segurança do

produto. Envolve, portanto, a produção primária, as indústrias, os

consumidores, os transportadores, os inspetores, os importadores, os

exportadores e os fornecedores de produtos ou serviços de qualquer natureza

que se relacionem com a segurança do produto, além da embalagem,

rotulagem, agentes de limpeza e desinfecção, fornecedores de equipamentos,

agências de controle de insetos e roedores, manipuladores de alimentos,

funcionários da empresa, trabalhadores rurais e outros, de forma a identificar,

caracterizar e adotar medidas preventivas de controle e efetivamente controlar

os perigos possíveis dos produtos alimentícios. (SILVA, 1995)

Em 1993, com a publicação da Portaria nº. 1428, de 26/11/1993, do

Ministério da Saúde, o APPCC tornou-se recomendável em todos os

estabelecimentos fabricantes e comercializadores de alimentos no Brasil.

Em 1998, o Departamento de Alimentos de Origem Animal do Ministério

da Agricultura Pecuária e Abastecimento, publicou a Portaria nº. 46 de

10/02/1998, tornando mandatória a implantação do HACCP em empresas

processadoras de alimentos de origem animal, como hambúrgueres, linguiças

e embutidos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) participa do

Programa de Alimento Seguro (PAS), no projeto APPCC, estimulando a

empresa de toda cadeia produtiva de alimentos a implantar o sistema HACCP,

tendo publicado legislação específica para algumas categorias de alimentos,

como o Palmito, conforme Resolução nº. 18 de 19/11/2003 e o Amendoim,

conforme Resolução nº. 172 de 04/07/2003 e Resolução nº. 267 de

25/09/2003, determinando que o responsável técnico por estabelecimentos

industrializadores de gelados comestíveis tenham capacitação em APPCC.

A implantação do sistema APPCC nos estabelecimentos processadores

de carne in natura foi inicialmente opcional, exceto para as empresas que

exportavam seus produtos para os EUA, pois já havia esta exigência. Porém, o

APPCC teve sua obrigatoriedade no Brasil para empresas produtoras de carne

in natura em 08 de Junho de 2003, pela publicação da Circular 369/2003 do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A partir deste momento, houve a necessidade das empresas de

alimentos, em especial as do segmento de carne bovina, de implantar e

Page 46: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

44

gerenciar o sistema APPCC, que passou a ser auditado periodicamente pelo

Ministério da Agricultura.

Conforme as Decisões 2001/471/CE e 2002/477/CE, a partir de 08 de

junho de 2003, todos os estabelecimentos habilitados à exportação para a

União Européia deverão ter implantado o sistema APPCC. Este sistema deverá

ser implantado também pelos estabelecimentos exportadores para o Canadá e

Estados Unidos da América até a mesma data. (BRASIL, 2003)

2.2.2 Os princípios básicos do APPCC

O sistema APPCC segundo Abreu e Furtini (2006), constitui–se de sete

princípios básicos.

2.2.2.1 Princípio 1 - Análise de perigos e medidas preventivas

Este princípio representa a base para a identificação dos Pontos Críticos

de Controle (PCC’s) e Pontos de Controle (PC’s). Identifica os perigos

significativos e estabelece medidas preventivas cabíveis. Com auxílio do

histórico dos produtos, consultas bibliográficas, entre outros recursos, os

perigos são identificados, focando a atenção aos fatores de qualquer natureza

que possam representar perigo. Todas as matérias-primas, ingredientes e

etapas são avaliadas e, quando não é possível eliminar, prevenir ou reduzir o

perigo por meio de medidas preventivas, deverão ser realizadas alterações no

fluxograma.

2.2.2.2 Princípio 2 - Identificação dos pontos críticos de controle

Os PCC’s são pontos caracterizados como realmente críticos à

Page 47: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

45

segurança e devem ser restritos ao mínimo possível. Para determinação de

PCC’s e PC’s, uma árvore decisória deverá ser utilizada, encontrando-se

disponível em diversas literaturas. Os pontos considerados como sendo PCC’s

devem ser identificados e enumerados no fluxograma.

2.2.2.3 Princípio 3 - Estabelecimento dos limites críticos

São valores (máximo e/ou mínimo) que caracterizam a aceitação para

cada medida preventiva a ser monitorada pelo PCC e estão associados a

medidas de tempo, temperatura, pH, acidez titulável e outros. Algumas

empresas adotam os limites de segurança ou faixa de trabalho, que são

padrões rigorosos em relação aos limites críticos adotados como medida para

minimizar a ocorrência de desvio.

2.2.2.4 Princípio 4 – Estabelecimento dos procedimentos de monitoramento

O primeiro passo é determinar o que monitorar, quando, como e quem

será o responsável, devendo ser treinado e capacitado para a tarefa.

O monitoramento é a medição ou observação esquematizada de um

PCC relativa aos seus limites críticos e os procedimentos utilizados precisam

ser capazes de detectar perdas de controle do PCC, de rápida mensuração, já

que não haverá tempo para exames analíticos extensos. Por isto, são

preferidos testes químicos (acidez titulável) e físicos (tempo e temperatura) já

que os microbiológicos, com exceção de alguns testes rápidos que geralmente

são limitados a algumas etapas, são muito demorados. Todo monitoramento

gera documento associado a cada PCC e deve ser assinado pelas pessoas

que executam esta tarefa, pelos supervisores e responsáveis pela empresa.

2.2.2.5 Princípio 5 - Estabelecimento das ações corretivas

Page 48: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

46

As ações corretivas específicas devem ser desenvolvidas para cada

PCC de forma a controlar um desvio nos limites críticos ou na faixa de

segurança, garantindo, novamente, a segurança do processo. Estas ações vão

desde ajustes na temperatura até a destruição de lote de produto.

2.2.2.6 Princípio 6 - Estabelecimento dos procedimentos de verificação

Nesta fase, tudo que já foi realizado anteriormente passa por uma

revisão de adequação para total segurança do processo. A verificação consiste

na utilização de procedimentos em adição aos de monitorização, podendo

entrar análises microbiológicas tradicionais que, apesar de demoradas, são

mais seguras e possuem respaldo da legislação. Esta ação deverá ser

conduzida rotineiramente ou aleatoriamente para assegurar que os PCC’s

estão sob controle e que o plano APPCC é cumprido quando há eventuais

dúvidas sobre a segurança do produto ou que ele tenha sido implicado como

veículo de doenças e para validar as mudanças implementadas no plano

original.

Em relatório de verificação, devem constar todos os registros já

efetuados, os de monitorização, de desvios de ações corretivas, de treinamento

de funcionários e outros. A verificação permite também avaliar se algumas

determinações estão sendo rigorosas, fora da realidade ou desnecessárias.

2.2.2.7 Princípio 7 – Estabelecimento dos procedimentos de registro

Todos os documentos (análises de perigos) ou registros (atividade de

monitoramento dos PCC’s) gerados ou utilizados (material para subsídio

técnico) devem ser catalogados e guardados, tomando cuidado para não fazer

o mesmo com documentos desnecessários. É muito importante que estes

papéis estejam organizados e arquivados em local de fácil acesso, para que a

equipe se sinta envolvida e responsável, facilitando, assim, uma auditoria.

Page 49: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

47

Podem-se citar outros exemplos de registros e documentos, como: relatórios

de auditoria de cliente, registros de desvios e ações corretivas e registro de

treinamento.

Para a implantação e controle das etapas do HACCP são necessários os

Procedimentos Operacionais Padronizados (POP’s). Eles são procedimentos

descritos para serem seguidos diariamente na execução das operações da

fábrica ou durante determinadas situações previstas, como emergências e

mudanças momentâneas. O Procedimento Operacional Padrão descreve a

execução das operações e deve abranger os seguintes pontos: a finalidade e a

frequência para a realização da operação; quem realizará a tarefa; a descrição

de procedimentos, passo-a-passo, para a realização da operação; as ações

corretivas e preventivas a serem tomadas, caso a tarefa seja executada de

forma incorreta. (MACEDO, 2005)

2.2.3 O sistema de rastreabilidade

Devido os casos de Vaca Louca – BSE que ocorreram na Europa, os

principais mercados mundiais criaram exigência aos produtos cárneos

importados de outros países, entre várias exigências, destacou-se a

rastreabilidade bovina (Figura 2), a qual necessita ser certificada por empresas

cadastradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A rastreabilidade se dá com o acompanhamento pela empresa

Certificadora na propriedade rural dos animais, desde o nascimento até o

abate, por meio de brinco com numeração única e cadastrada na Defesa

Sanitária, que é um departamento do Ministério da Agricultura (Figura 3).

Quando o animal nasce, a empresa certificadora brinca o animal e o

cadastra no SISBOV. Ele é um banco de dados, uma ferramenta do Ministério

da Agricultura que faz o rastreamento do gado desde o nascimento até o abate

e gera um histórico individual completo, devendo ser fornecido pelos

proprietários rurais ou por entidades certificadoras credenciadas pelo Ministério

da Agricultura. Data e local de nascimento, movimentação geográfica e dados

veterinários são algumas das informações disponíveis. (BRASIL, 2008)

Page 50: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

48

Fonte: Total Consultoria, 2009.

Figura 2: Animal rastreado

Fonte: Total Consultoria, 2009.

Figura 3: Identificação do Animal - Brinco

Page 51: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

49

O SISBOV consiste em uma série de ações para garantir a origem, a

sanidade e a segurança do alimento proveniente do gado brasileiro. A partir do

sistema, é possível fazer a rastreabilidade do animal, desde o campo até o

frigorífico, garantindo a qualidade do produto para o consumidor final. (BRASIL,

2008b)

A adesão é voluntária para os produtores rurais, porém torna-se

obrigatória no caso de comercialização de carne bovina e bubalina para

mercados que exijam a rastreabilidade. (BRASIL, 2006)

2.2.4 Adequação estrutural e documental

A adequação estrutural é o requisito básico para o funcionamento do

estabelecimento. A partir do cumprimento de todas as exigências nacionais, o

estabelecimento passa a ter seu cadastro no Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento e adquire um número de registro denominado número do

Serviço de Inspeção Federal (SIF), que é utilizado em forma de rótulos ou

carimbos em todos os produtos comercializados pela empresa (Figura 4) como

forma de identificação e rastreabilidade dos produtos, uma vez que os

alimentos, por meio de contaminações físicas, químicas e biológicas, podem

trazer riscos à saúde pública. (PARDI et al., 2001)

Ainda Pardi et al. (2001), entre as adequações necessárias para as

empresas de alimentos iniciarem suas atividades, destacam-se:

a) a construção das instalações deve ser previamente aprovada pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por verificação

em loco do terreno que será utilizado para a construção e localização,

com referência a possíveis contaminantes, como as indústrias

químicas e as geradoras de toxinas, como dioxina, e aos fatores

ambientais, como a incidência de ventos e clima, que também são

avaliados na aprovação da construção do estabelecimento;

b) abundância de água potável com análise laboratorial mediante a

coleta oficial realizada em laboratório oficial ou credenciado no

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A possibilidade

Page 52: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

50

de tratamento dos resíduos industriais e descarte em água corrente é

fator determinante na construção da empresa em determinado local,

município ou região.

c) a concordância e documentação de liberação das obras pelas

autoridades municipais e estaduais, a concordância e documentação

expedida pelo órgão competente de fiscalização do meio ambiente e o

parecer favorável da Secretaria local de Saúde Publica.

Fonte: Total Consultoria, 2009.

Figura 4: Produto inspecionado pelo SIF

É expressamente proibida em todo território nacional, para os fins desta lei, a duplicidade de fiscalização industrial e sanitária em qualquer estabelecimento industrial ou entreposto de produtos de origem animal, que será exercida por um único órgão. (BRASIL, 1950, p.1).

A concessão de fiscalização do Ministério da Agricultura isenta o

estabelecimento industrial de fiscalização estadual ou municipal e somente é

permitido o comércio interestadual e o internacional a estabelecimentos que

estejam registrados e sob fiscalização do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento.

Page 53: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

51

Incumbe privativamente ao órgão competente do Ministério da Agricultura, a inspeção sanitária dos produtos e subprodutos e matérias primas de origem animal, nos portos marítimos e fluviais e nos postos de fronteiras, sempre que se destinarem ao comércio internacional ou interestadual. (BRASIL, 1950, p.1).

A atividade de exportação somente é permitida aos estabelecimentos

que possuam o SIF permanente. O órgão acompanha todas as etapas da

produção por representantes in loco do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento. Sendo requisito básico para a exportação de produtos de

origem animal, o SIF busca garantir a sanidade e qualidade dos produtos

alimentícios que são direcionados aos parceiros comerciais do Brasil, de

maneira que possa manter a credibilidade do mesmo no comércio

internacional.

O SIF tem como objetivo contribuir com a sociedade, garantindo que os

produtos comercializados no país sejam aptos ao consumo sem risco á saúde

pública.

“Só podem realizar comércio internacional os estabelecimentos que

funcionam sob inspeção federal permanente”. (BRASIL, 1952).

Fonte: Total Consultoria, 2009.

Figura 5: Câmara de Estocagem

Page 54: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

52

2.2.5 A logística

A logística interna nas empresas de alimentos tem uma importância vital

devido aos diversos fatores (BRASIL 1952):

a) validade dos produtos que são altamente perecíveis, mesmo sem o

vencimento constatado, a demora na comercialização traz prejuízos à

empresa referentes à energia e espaço nas câmaras de estocagem

(Figura 5). Outro fator é que o produto que fica por longo período

estocado perde o seu valor comercial devido à perda de suas

características, como coloração, odor e paladar, dificultando, assim, a

sua comercialização, uma vez que a vida de prateleira encontra-se

reduzida ou prejudicada. No caso de expiração da validade, o

problema torna-se ainda maior, pois a empresa é forçada pelo SIF a

fazer descarte total dos produtos vencidos, trazendo prejuízos

elevados devido aos custos de fabricação, da matéria-prima e da

mão-de-obra empregada na elaboração do produto final. Soma-se aos

custos o tempo de armazenagem com o espaço e energia gasta na

manutenção da temperatura e a mão-de-obra empregada para a

retirada das embalagens primárias e secundárias para o devido

descarte na graxária do estabelecimento;

b) a rastreabilidade bovina é requisito básico para a manutenção da

habilitação da empresa frigorífica para o comércio internacional. Ela

vai desde a propriedade rural até a gôndola do mercado, que fará o

comércio varejista. Se houver algum problema de saúde pública deve-

se, a partir daquele corte comercializado, refazer todo o processo

produtivo de maneira inversa até a propriedade onde foi criado aquele

animal, identificando onde ocorreu o desvio de qualidade e sanidade e

se o problema é referente a um animal, a um lote ou período de

fabricação. Desta forma, é possível identificar e corrigir erros na

cadeia produtiva e garantir o recall de todos os produtos que

apresentem riscos à saúde pública. Tal fator pode impedir as

exportações e o funcionamento normal da empresa, a qual passa

constantemente por inspeções internas e externas do Ministério da

Page 55: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

53

Agricultura. Daí a importância vital da logística interna para as

empresas frigoríficas, que em momento algum pode permitir a perda

de controle da rastreabilidade;

c) a logística de insumos para a produção de alimentos é outro fator

relevante, uma vez que as áreas de produção de alimentos

necessitam de cuidados especiais, com o objetivo de evitar

contaminação por agentes químicos, físicos e biológicos. Para a

fabricação de produtos alimentícios são necessários insumos, como:

rótulos, embalagem primária como sacos plásticos e embalagem

secundária como caixas contentoras e caixas de papelão. Além de

outros insumos, como paletes, fitas de arqueamento e plástico strechi.

Os maiores cuidados são referentes à maneira como são colocados

na produção, lembrando que as indústrias de papelão e outros

insumos não têm os mesmos cuidados de esterilização e higiene,

podendo estes insumos, se manipulados de maneira incorreta, serem

meios causadores de contaminações dos produtos alimentícios e

comprometerem o produto final.

Fonte: Total Consultoria, 2009.

Figura 6: Container

Page 56: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

54

Os containeres (Figura 6) são utilizados para o transporte de

mercadorias. São equipamentos de caminhões e navios e sua principal

característica se dá pela resistência e facilidade de transporte das mercadorias.

Para o transporte de produtos alimentícios, é utilizado container equipado com

sistema elétrico de refrigeração embutido no corpo do container, tem suas

paredes de material isolante térmico, com o objetivo de manter a temperatura

controlada. Para o monitoramento da temperatura durante o transporte de

produtos, são inseridos no ambiente de transporte do veículo ou container,

equipamentos termo registradores (termógrafos), atendendo às exigências

comerciais e comprovando a segurança e qualidade dos produtos até o

descarregamento. (ROCHA et al., 2005)

2.2.6 Serviços aduaneiros

Os despachantes aduaneiros são os responsáveis por executarem todos

os serviços de exportação e importação, com respaldo previsto no Artigo nº.

560 do Regulamento Aduaneiro Decreto nº. 91.030, de 5 de março de 1985.

Eles são os responsáveis legais dos despachos aduaneiros, executando

o devido enquadramento tarifário das mercadorias e providenciando de seus

clientes o recolhimento dos impostos de importação sobre os produtos

industrializados, o recolhimento das despesas referente ao frete marítimo,

rodoviário ou aéreo. Atuam diretamente com vários órgãos públicos, utilizando

uma ferramenta do Governo Federal, o Sistema Integrado de Comércio Exterior

(SISCOMEX), para gerar documentos e registros necessários ao procedimento

de exportação e importação, como as licenças de importação, registros de

exportação, certificados de origem e de tipo, certificados fitossanitários,

fechamentos de câmbio e outros. (SEBRAE, 2006)

O SISCOMEX é uma ferramenta administrativa informatizada que

gerencia as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações

de importação e exportação. É gerenciado pela Secretaria de Comércio

Exterior (SECEX), pela Secretaria da Receita Federal (SRF) e pelo Banco

Central do Brasil (BACEN). O SISCOMEX foi criado com o objetivo de permitir

Page 57: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

55

ao governo brasileiro reduzir a burocracia, racionalizar o processo e integrar os

órgãos responsáveis pelo comércio exterior. Para as empresa, o sistema foi

importante para a redução significativa dos custos administrativos e para dar

maior agilidade nas operações de comércio exterior. (SEBRAE, 2006)

O acesso ao SISCOMEX é feito através de credenciamento de um

representante legal da empresa ou despachante aduaneiro com procuração

assinada pela empresa para representá-lo junto à Secretaria da Receita

Federal. (SEBRAE, 2006)

As garantias de recebimento são feitas após a escolha do transporte a

ser utilizado na exportação. O exportador deve acordar em contrato com o

importador o modelo de fatura que será utilizado para o pagamento dos

produtos exportados ao exterior. A escolha é de comum acordo entre

fornecedor e cliente, observando os interesses comerciais, financeiros e de

segurança para o exportador.

O exportador pode optar por: pagamento antecipado, remessa direta ou

sem saque, crédito documentário, carta de crédito, seguros de crédito à

exportação e Convênio de Crédito Recíproco (CCR).

O modelo de pagamento antecipado é usado quando o importador

realiza o pagamento por meios bancários antes do embarque em navios do

produto comprado. Por representar um risco ao importador de após o

pagamento não receber o produto, este procedimento é pouco utilizado, sendo

mais comum quando se trata de uma mesma empresa ou no caso de

empresas interligadas em sociedades. (SEBRAE, 2006)

O modelo de remessa direta ou sem saque é quando o importador

executa o pagamento somente após o embarque do produto no navio, com o

recebimento da documentação de desembaraço aduaneiro, como recolhimento

de impostos, entre outros. O risco para o exportador é alto, uma vez que toda a

operação está baseada exclusivamente na confiança depositada entre o

exportador e o importador. Por este motivo é pouco utilizada, sendo mais

comum entre operações da mesma empresa, com o objetivo de reduzir os

custos operacionais, evitando intermediação bancária. (SEBRAE, 2006)

No modelo de crédito documentário, após o embarque da mercadoria no

navio, o exportador emite o documento referente ao embarque denominado de

saque ou cambial, que é encaminhado a um banco, o qual é contratado no país

Page 58: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

56

do importador antes de efetuar a exportação, acompanhado dos demais

documentos aduaneiros de embarque. O pagamento poderá ser à vista ou a

prazo, conforme firmado em contrato entre as partes e o banco que faz a

intermediação de crédito.

A vantagem para o exportador em liquidez e segurança é maior quando

a operação é efetuada à vista, pois os documentos aduaneiros necessários ao

desembaraço da mercadoria somente são gerados após o pagamento da carga

pelo banco do país importador. (SEBRAE, 2006)

Quando a operação é firmada em cobrança a prazo, o importador

necessita fazer a retirada da documentação necessária para o desembaraço da

carga no porto de destino junto ao banco que fez a intermediação de crédito.

Porém, o importador necessita efetuar o pagamento junto ao banco mediante o

valor do saque ou cambial que é apresentado pelo banco ao importador.

(SEBRAE, 2006)

A modalidade de carta de crédito ocorre quando um banco gera uma

ordem de pagamento condicional. A operação é efetuada entre um banco no

exterior e um banco no Brasil em favor do exportador, que somente fará jus ao

recebimento ao atender todas as exigências documentais de exportação. Por

este procedimento, o banco que representa o importador se compromete a

pagar o valor do crédito aberto em contrato, sendo necessária a apresentação

pelo exportador de todos os documentos relativos à exportação, a seguros, a

transporte e ao cumprimento, relacionado à carga, dos prazos fixados em

contrato entre as partes. (SEBRAE, 2006)

A carta de crédito pode ser contratada para o pagamento à vista ou a

prazo, porém gera custos bancários, o que acarreta custos adicionais ao

importador que necessita contratar um banco e adquirir junto ao mesmo um

crédito para importação com taxas operacionais. A carta de crédito é uma

operação segura ao exportador, sendo que este não corre risco de

inadimplência, uma vez que a responsabilidade é repassada ao banco que faz

a intermediação de crédito, a obrigação de pagamento da operação de

exportação. (SEBRAE, 2006)

Uma das ferramentas que pode ser utilizada pelo exportador para

prevenir-se contra o não-pagamento por parte do importador é o Seguro de

Crédito à Exportação (SCE). O exportador fica segurado contra eventos

Page 59: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

57

comerciais, como: a inadimplência ou falência do importador; eventos políticos

como conflitos armados e eventos naturais como desastres naturais que

possam ocorrer no país do importador, impossibilitando o pagamento da

exportação efetuada. (SEBRAE, 2006)

A outra ferramenta utilizada para assegurar o recebimento das

exportações entre o comércio dos países da América Latina é o CCR. Ele é um

convênio firmado entre os países da América Latina. Cabe ao banco central de

cada país a garantia de pagamento das operações de exportação e

importação. O CCR tem o objetivo de facilitar as relações financeiras entre os

países que firmaram o convênio com o intuito de promover o comércio dentro

da América Latina. (SEBRAE, 2006)

2.2.7 União Européia

Fonte: Europa, 2009.

Figura 7: Moeda Euro

A importância da UE no comércio internacional se dá pelo número de

países que fazem parte deste governo único e com moeda própria, o EURO

(Figura 7). Com uma população de 376 milhões de habitantes, um Produto

Page 60: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

58

Interno Bruto (PIB) de US$ 8,6 trilhões e um renda per capita de US$

25.600,00. (CONTINI, 2003)

A política dos consumidores da União Européia (UE) permite que os cidadãos europeus façam compras em todos os Estados-Membros com confiança. Todos os consumidores se beneficiam do mesmo nível elevado de proteção. Os produtos que se compram e os alimentos que se ingerem são submetidos a testes para verificação dos mais elevados padrões de segurança. A UE toma medidas para que os cidadãos não sejam vítimas de comerciantes desonestos ou de publicidade falsa ou enganosa. Os direitos dos consumidores são defendidos e estes têm acesso a vias de exigir reparação em qualquer ponto da UE, quer façam as suas compras numa loja, por correspondência, pelo telefone ou pela Internet. (EUROPA, 2009, p.1).

Em 09 de maio de 1950, foi proposta a criação de uma Comunidade

Européia do Carvão e do Aço (CECA) que em 18 de abril de 1951 veio pelo

tratado de París estabelecer um mercado comum do carvão e do aço entre os

seis países fundadores: Bélgica, Alemanha, França, Itália, Luxemburgo e

Holanda, com o objetivo de assegurar a paz entre as nações européias. Os

seis países em 25 de março de 1957 instituíram pelo tratado de Roma a

criação da Comunidade Econômica Européia (CEE) com a abolição dos

serviços aduaneiros em 01 de julho de 1968. Devido ao sucesso obtido pelos

seis países, em 1973 houve a adesão da Dinamarca, Irlanda e Reino Unido.

(EUROPA, 2009)

Fonte: Europa, 2009.

Figura 8: Membros da EU

Page 61: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

59

A comunidade passou de seis para nove países membros e começaram

a desenvolver as suas políticas comuns. Em 1979 foi realizada a primeira

eleição direta para o parlamento europeu. Em 1981 a Grécia aderiu à CCE. Em

1986, Espanha e Portugal também aderiram a comunidade (Figura 8).

Em 1993 foi instituído o mercado interno da CCE pela publicação do

Livro Branco que estabelecia um calendário para a criação do mercado interno

europeu. Em 01 de novembro de 1993 foi criado o Bloco Econômico da União

Européia pelo Tratado da União Européia. (EUROPA, 2009)

Quantas pessoas vivem na UE?

População em milhões (2007)

497 milhões de habitantes

82,4

63,4

60,9

59,1

44

,5

38,2

21

,6

16,3

11,2

10,6

10,5

10,3

10,1

9,0

8,3

7,7

5,4

5,4

5,3

4,3

3,4

2,3

2,0

1,3

0,8

0,5

0,4

Fra

a

Su

écia

Esp

an

ha

Po

lón

ia

Estó

nia

Itália

Eslo

vén

ia

País

es B

aix

os

Le

nia

Hu

ng

ria

Ma

lta

Re

ino

Un

ido

Irla

nd

a

Po

rtu

gal

Lu

xe

mb

urg

o

Ch

ipre

Din

am

arca

lgic

a

Fin

lân

dia

Bu

lgá

ria

Re

blica C

he

ca

Gré

cia

Áu

stria

Ro

mén

ia

Lit

uân

ia

Eslo

váq

uia

Ale

man

ha

Fonte: Europa, 2009.

Figura 9: Quantas pessoas vivem na UE

Page 62: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

60

Riqueza da UE comparada com

o resto do mundo

UE China Japão Rússia EUA UE China Japão Rússia EUA

10 793

1 326

3676

468

10 035

24 700

6 400

27 800

10 000

37 300

Importância da economia: Produto Interno Bruto

em mil milhões de euros (2006)

Riqueza por pessoa: Produto Interno Bruto

por habitante em paridades de poder de compra (2007)

Fonte: Europa, 2009.

Figura 10: Riqueza da EU

Os gráficos demonstram que em 2007 a população da União Européia

era composta de 497 milhões de pessoas, estando na classificação de terceiro

no mundo em poder de compra por habitante dos países membros da União

Européia (Figuras 9 e 10).

As exigências sanitárias e comerciais dos países candidatos são

equivalentes e necessários para os países membros. Porém, durante o período

de inclusão no bloco pode ser permitido, por estes países, padrões próprios de

controles sanitários e econômicos.

Os países candidatos à adesão ao bloco econômico da UE estão

incluídos em uma secção separada. Atualmente são três os países candidatos

ao bloco econômico da UE, sendo: República da Macedônia, Croácia e

Turquia.

Os padrões sanitários e comerciais da UE refletem e influenciam nos

demais países, pois mesmo não estando inseridos no bloco como candidatos

ou membros, passam a fazer as mesmas exigências sanitárias e comerciais,

Page 63: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

61

de maneira que não venham sofrer restrições quanto aos seus produtos dentro

do bloco econômico da EU.

Pode-se citar como exemplo a Suíça, que exige do Brasil e demais

países fornecedores que sejam cumpridas as mesmas exigências e padrões de

qualidade que são utilizados para a UE

“O escritório Veterinário Federal da Suíça divulgou comunicado sobre a

suspensão da proibição de importação de carne bovina do Brasil para a União

Européia”. (BRASIL, 2008a)

Como a Suíça acompanha as decisões, seguindo as mesmas exigências da U.E nesta matéria, nos termos dos acordos bilaterais assinados com o bloco, ficou também automaticamente revogada a restrição que vinha sendo aplicada por este governo contra o produto brasileiro. A nota dirigida aos importadores suíços de carne fresca refere-se aos 106 estabelecimentos autorizados e lembra que a União Européia efetuará novas inspeções no Brasil. (BRASIL, 2008a, p.1).

2.2.8 A participação do Brasil no comércio internacional

O Brasil é um país com grandes vantagens naturais e grande produtor

de alimentos. O extenso mercado interno e o crescente mercado externo

representam uma grande oportunidade. Entretanto, a globalização dos

mercados cada vez mais competitivos e a crescente preocupação com a saúde

fazem com que aumentem a preocupação com a qualidade dos alimentos

comercializados. (DEMING, 1986)

No Brasil, a pecuária tem posição de destaque com referência à

economia nacional, uma vez que o país se classifica como o segundo em

tamanho de rebanho bovino; já em produção de carne, classifica-se em

terceiro. (ANUALPEC, 1999)

As indústrias de produtos de origem animal são as principais do setor de

alimentos no Brasil, sendo as que mais agregam valores na questão de ofertas

de empregos e capital investido. O Brasil está entre os maiores exportadores

de produtos de origem animal do mundo, mas não detém o maior faturamento

devido ao fato de que estes produtos brasileiros são reconhecidos como de

Page 64: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

62

menor qualidade. (GOMIDE; RAMOS, 2007)

Este reconhecimento ocorre por causa dos problemas sanitários

frequentes, como: focos de febre aftosa, existência de maus tratos aos animais,

deficiência em todo território nacional do sistema de rastreabilidade e do fato

de os mesmos serem reconhecidos como deficientes em características de

qualidade, tais como a cor, o sabor e a maciez; uma vez que o principal

rebanho brasileiro é o gado nelore. (GOMIDE; RAMOS, 2007)

A maior dificuldade das indústrias brasileiras é demonstrar ao mundo

que seus produtos de origem animal são elaborados de maneira confiável e

com valor agregado pela qualidade, que por muitos anos foi esquecida ou

tratada de maneira negligente pelas indústrias do segmento e pelos órgãos

reguladores do governo federal.

O conceito de qualidade dos produtos de origem animal é muito amplo e

envolve aspectos diversos que se inter-relacionam e englobam toda a cadeia

produtiva, desde o nascimento do animal até o consumo final do produto.

(FUKUDA; PRATA, 2001)

A Tabela 1 demonstra o rendimento e a diversidade de produtos gerados

a partir das principais espécies de corte. Demonstrando, assim, as

possibilidades de mercado do agronegócio brasileiro e sua importância na

geração de divisas para o país.

Tabela 01: Proporção percentual de subprodutos em relação à carcaça das

principais espécies de consumo

Bovinos Suínos Ovinos

Carne 34 52 32

Ossos 16 17 18

Órgãos 16 7 10

Pele e gordura aderida 6 6 15

Sangue 3 3 4

Tecido adiposo 4 3 3

Aparas, pés e crânio 5 6 7

Conteúdo intestinal 16 6 11

Fonte: ROMAY, 2001

66% 48% 68%

Page 65: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

63

A expansão do agronegócio brasileiro tem se intensificado a partir do

ano 2000 quando foi verificado um crescimento anual em ritmo maior que o

apresentado nos anos 90. Portanto, o Brasil tem se destacado no cenário

mundial como grande parceiro comercial e fornecedor de produtos de origem

animal. (NASSAR, 2004)

Page 66: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

64

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO

3 INTRODUÇÃO

A pesquisa de campo foi realizada na empresa Total Consultoria, junto a

seus clientes na área de administração da exportação, no período de fevereiro

a outubro de 2009. Foi verificada por meio de visitas à empresa Total

Consultoria e por meio de questionamentos que, foram prontamente

respondidos pelo proprietário e pelos funcionários da empresa que

demonstraram ter conhecimento técnico e preocupação com a legislação

referente ao segmento de produtos de origem animal, como também aos seus

clientes.

O objetivo da pesquisa foi demonstrar a tendência da consultoria em

comércio exterior nas empresas do segmento de produtos de origem animal,

como: frigoríficos, laticínios, curtumes, confinamentos, pecuaristas, fábricas de

produtos pet e outros. Onde os termos técnicos e legislativos demonstram ter

grande importância, podendo interferir no lucro e na continuidade das

operações normais das empresas de produtos de origem animal.

Outro objetivo foi demonstrar os benefícios e as desvantagens que as

empresas de produtos de origem animal têm em contratar os serviços

prestados por uma empresa de consultoria. Identificar também as

necessidades de que as empresas de produtos de origem animal têm em

contratar os serviços de uma empresa de consultoria na área de exportação.

Além da busca de informações com embasamento bibliográfico de

diversos autores e legislações, também houve as entrevistas com os

profissionais da empresa, vindo a contribuir para a pesquisa, disponibilizando

as suas experiências e conhecimentos.

Através da pesquisa, demonstrou-se a importância das empresas em se

adequarem para o atendimento dos principais mercados exportadores, como

destaque o bloco econômico da União Européia.

Page 67: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

65

A tendência da consultoria se dá pela complexidade das legislações e

exigência dos principais mercados importadores dos produtos brasileiros de

origem animal e sua importância para toda a cadeia produtiva. Foi focado o

bloco econômico da União Européia, demonstrando a sua importância e a sua

influência nos demais países europeus e em toda a economia mundial. É

notável o aumento desta tendência, pois fatos relevantes que embasam esta

pesquisa mostram que as empresas buscam concentrar forças na suas

atividades principais, direcionando para as empresas de consultoria os

controles e termos técnicos que não fazem parte do produto. Contam com

profissionais qualificados para cuidar de todas as adequações e a manutenção

dos controles necessários para a empresa iniciar e manter as suas

exportações.

3.1 Consultoria em exportação pela Total Consultoria

Durante as visitas efetuadas na empresa Total Consultoria, foi

disponibilizada para a pesquisa a consulta das legislações nacionais e

internacionais referente aos produtos de origem animal. E foi permitido o

acompanhamento dos serviços técnicos da Total Consultoria a um de seus

clientes, com isto, a empresa contribuiu para o enriquecimento da pesquisa,

disponibilizando todo o acompanhamento da abertura e adequação para a

exportação de uma indústria de produtos pet localizada na cidade de

Promissão, estado de São Paulo.

A empresa Total Consultoria mantém contato direto com a diretoria da

empresa contratante de seus serviços, por meio de seu departamento de

consultoria técnica e administrativa. Em fevereiro de 2009, foram iniciados os

seus trabalhos, representando a empresa contratante diante do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, executando os procedimentos iniciais

necessários para a abertura da empresa junto aos demais órgãos públicos,

como: a Secretaria da Saúde, Prefeitura Municipal e outros. Foi disponibilizada

à empresa contratante toda a legislação pertinente à abertura e ao

funcionamento das operações de produtos pet.

Page 68: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

66

3.2 Procedimentos iniciais para implantação da empresa

O primeiro passo que a empresa Total Consultoria deu foi solicitar junto

ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conforme Artigo 59 do

Decreto nº. 30.691/1952 a vistoria do terreno por um Fiscal Agropecuário para

a obtenção do laudo prévio, aprovando ou não o terreno previsto para ser

construída uma indústria de produtos pet.

O laudo do Ministério da Agricultura contemplou os princípios técnicos

previstos na legislação vigente como: a localização do terreno, onde foi

verificado se na área havia alguma indústria química ou indústria geradora de

toxinas, com especial atenção à dioxina, que é gerada por empresas que

emitem gazes tóxicos, pela queima de combustíveis ou pelo próprio processo

produtivo.

Outro ponto de grande atenção dado pelo Fiscal Federal Agropecuário

no momento da vistoria foi a abundância de água potável no terreno,

verificando a portabilidade da água, através da coleta feita pelo Fiscal Federal

Agropecuário, que encaminhou ao laboratório oficial do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento para as devidas análises fisioquímicas e

biológicas.

A vistoria contemplou também através do Fiscal Federal Agropecuário

se havia no local espaço suficiente para a construção da fábrica e para a

estação de tratamento dos resíduos, com a preocupação de onde seriam

executadas as operações de deságue dos resíduos e da verificação da direção

dos ventos predominantes e da incidência dos raios solares sobre o terreno,

conforme a geografia do local.

Todos estes requisitos foram previamente verificados pela equipe

técnica da Total Consultoria antes da solicitação ao Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento da vistoria in loco, com o objetivo de apresentar ao

representante do órgão público uma situação favorável para a aprovação do

local, evitando atrasos na construção da fábrica.

Durante a vistoria, demonstrou-se que o terreno era propício para a

construção da fábrica de produtos pet. Assim, o representante do Ministério da

Agricultura aprovou a construção da fábrica, emitindo laudo, quinze dias após a

Page 69: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

67

verificação in loco do terreno, com parecer favorável à construção.

3.2.1 Início das obras

Após a emissão do laudo, a equipe da Total Consultoria fez o

requerimento de aprovação ao diretor do Departamento de Inspeção de

Produtos de Origem Animal (DIPOA) representando seu cliente, solicitando a

autorização para a construção da fábrica de produtos pet, encaminhando em

anexo: o laudo do terreno; a análise de água, conforme solicitado pelo Fiscal

Federal Agropecuário no momento do laudo do terreno e a planta baixa da

fábrica para a devida aprovação pelo representante do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na pessoa do Diretor do DIPOA.

Ele emite ofício com o parecer favorável ou não da construção, tendo

como verificação técnica o fluxograma da produção, conforme proposto na

planta baixa da fábrica, verificando: a localização dos sanitários com referência

às dependências de produção, a localização dos vestiários, almoxarifados e

refeitórios; verificando, também, a maneira como a construção está proposta

em relação ao desnível do terreno e se a planta baixa está propondo a

construção de forma correta em relação aos ventos predominantes e a

incidência de sol.

Após trinta dias da data do requerimento de liberação da construção, o

Diretor do DIPOA emitiu parecer favorável à construção da fábrica de produtos

pet conforme a planta baixa proposta, solicitando termo de compromisso

registrado em cartório dizendo que, qualquer alteração na planta baixa ou

reforma futura que fossem necessárias, passaria previamente por nova

aprovação pelo Diretor do DIPOA.

Este Termo de compromisso estabelece o vínculo entre a empresa e o

Ministério da Agricultura, antes mesmo da obtenção do número do Serviço de

Inspeção Federal que, conforme a legislação vigente, não permite que outro

órgão público municipal ou estadual, como a Casa de Agricultura Municipal ou

a Secretaria Estadual de Agricultura venham a executar fiscalização junto à

empresa.

Page 70: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

68

3.2.2 Procedimentos legais

Após a aprovação da construção e o devido encaminhamento do termo

de compromisso ao Diretor do DIPOA, a Total Consultoria, representando seu

cliente, solicitou às autoridades municipais e estaduais a liberação da

construção da fábrica de produtos pet, conforme Artigo 47º. do Decreto nº.

30.691/1952.

Foi apresentada e registrada a planta baixa da fábrica de produtos pet à

Prefeitura Municipal de Promissão – SP onde, representando seu cliente, foi

solicitado pela Total Consultoria ao Senhor Prefeito Municipal o alvará de

construção e o registro da planta baixa no Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP). Foi pedida

também à Secretaria de Saúde Municipal de Promissão a autorização para a

construção da fábrica de produtos pet no município que, através de seu

representante emitiu ofício favorável à construção.

Após a autorização municipal, a Total consultoria pediu a documentação

de liberação do órgão fiscalizador do Meio Ambiente – Companhia Ambiental

do Estado de São Paulo (CETESB) que, após trinta dias publicou no Diário

Oficial da União a licença de Instalação da fábrica de produtos pet no município

de Promissão.

Com toda a documentação necessária, a Total Consultoria levou ao

conhecimento da diretoria da empresa contratante que estava autorizada a

construção de sua futura fábrica no Município de Promissão e tudo em

conformidade com a legislação. O proprietário da futura empresa de produtos

pet contratou uma construtora e, a partir daí, deu-se início às obras. A Total

Consultoria acompanhou as obras verificando se estavam sendo seguidos os

procedimentos descritos no memorial descritivo da planta baixa e,

apresentando ao seu cliente, os possíveis fornecedores de equipamentos e

insumos para indústria pet. Desta maneira, garantiu-se o assessoramento na

escolha dos melhores equipamentos para a fábrica.

3.2.3 Adequações estruturais

Page 71: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

69

As obras foram entregues pelos construtores três meses após o início.

Quando foram solicitadas pela Total Consultoria adequações a pequenos

detalhes da construção que apresentavam irregularidades técnicas necessárias

à implantação de uma empresa de alimento à base de produtos de origem

animal, foram corrigidas, como: ranhuras no piso, aberturas no teto onde

poderia haver o acesso de aves e proteções de ralos inadequados ao

escorrimento contínuo das águas servidas na produção.

Tais correções tiveram como requisitos técnicos os regidos pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e nas legislações

vigentes. Caso os defeitos observados não fossem corrigidos, eles poderiam

representar problemas na vistoria feita pelo Fiscal Federal Agropecuário que,

representando o MAPA após a construção do prédio e a instalação dos

equipamentos, retornou à fábrica para a vistoria inaugural. Foram feitas as

correções quanto ao fluxo da produção, os equipamentos, a estrutura do prédio

da fábrica para liberação e acompanhamento da empresa no início da

produção de produtos pet.

3.3 Início da produção

O produto foi elaborado primeiramente em um lote pequeno

acompanhado em todas as etapas pelo Fiscal Federal Agropecuário que, após

o reconhecimento dos procedimentos produtivos e a solicitação de adequações

e correções, emitiu um parecer favorável que foi encaminhado ao Diretor do

DIPOA.

O ofício com o parecer favorável do Fiscal Federal Agropecuário foi

encaminhado pela Total Consultoria ao Diretor do DIPOA juntamente com

demais documentos em anexo, sendo: a planta baixa do estabelecimento; a

planta hidrossanitária; o memorial descritivo da produção; o fluxograma da

fábrica com a identificação dos acessos dos colaboradores; o fluxo do produto

após a fabricação, identificando a maneira como seria armazenado e como

seria administrado o estoque da produção; cópia do Cadastro Nacional de

Pessoas Jurídicas (CNPJ) e todos os demais documentos que autorizavam a

Page 72: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

70

construção da empresa no Município de Promissão.

3.4 Concessão de número SIF

Após vinte dias, o Diretor do DIPOA emitiu um processo de abertura da

fábrica, concedendo ao estabelecimento o nº. SIF, o qual deve estar presente

em todos os produtos comercializados, classificando a fábrica na lista de

empresas acompanhadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, relacionando o estabelecimento como fábrica produtora de

produtos de origem animal, designado à fabricação de produtos pet para a

alimentação de animais domésticos, sendo sua produção destinada

exclusivamente ao comércio municipal, estadual e interestadual.

A Total Consultoria juntamente com a diretoria da empresa elaborou as

embalagens que seriam utilizadas nos produtos pet e solicitaram ao Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a aprovação dos rótulos, conforme a

legislação vigente, para o início da produção e comercialização dentro do país.

Os rótulos foram aprovados pelo Ministério da Agricultura, dez dias após a

solicitação. A empresa encaminhou a arte dos rótulos a uma gráfica

especializada em embalagens e rótulos para produtos alimentícios.

3.5 Outros órgãos fiscalizadores

Antes do início da produção, a empresa Total Consultoria solicitou uma

vistoria ao Ministério do Trabalho e ao Sindicato da categoria para a verificação

dos equipamentos de segurança utilizados pelos funcionários, com o objetivo

de evitar acidentes e paralisação dos trabalhos por alguma fiscalização durante

o processo produtivo, impedindo que a empresa cumprisse os prazos de

entrega a seus primeiros clientes. Este procedimento foi executado como

atitude preventiva, a fim de evitar eventuais contratempos.

A equipe técnica da Total Consultoria, após a liberação da fábrica para a

Page 73: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

71

produção, passou a acompanhá-la, sendo que, no primeiro momento atendia

apenas ao mercado interno, passando a implantar os controles necessários já

visualizando e preparando o estabelecimento para a solicitação ao Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento da autorização a exportação de seus

produtos.

3.6 Programas de auto-controles

Foram instalados os controles de BPF através da orientação,

treinamentos e conscientização de todos os colaboradores da empresa, ligados

de forma direta ou indireta ao processo produtivo, demonstrando a

necessidade de que a firma tinha de conquistar novos mercados, não sendo

possível sem uma atenção maior para a questão da qualidade do produto final.

A qualidade do produto estava diretamente relacionada com a maneira

como o produto era produzido. Desta maneira, através de treinamentos,

palestras e auditorias internas, a Total Consultoria implantou o controle BPF

treinando os gestores e os acompanhando após a implantação, de maneira que

pudesse dar os primeiros passos para adequar a empresa à exportação.

Foi instalado o controle de pragas, executando no primeiro momento,

pelo próprio estabelecimento, sendo a orientação e implantação feitas pela

Total Consultoria, que disponibilizou à empresa o conhecimento técnico

necessário para executar os procedimentos de dedetização e colocação de

armadilhas de roedores e moscas e os registros auditáveis dos controles de

pragas, contemplando a área interna e externa do estabelecimento, como:

pátio, telhados e esgotos.

Porém, a Total Consultoria orientou a empresa que terceirizasse este

serviço a uma empresa especializada, de maneira a reduzir os custos com

funcionários, equipamentos e agentes químicos, demonstrando os benefícios

da terceirização, destacando que a empresa deveria se focar nos produtos,

deixando este controle às empresas especializadas.

A empresa de produtos pet não aceitou a proposta, argumentando que a

possível contaminação por veneno do seu produto poderia comprometer a

Page 74: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

72

imagem da empresa. Desta maneira, pelo alto risco, a empresa preferiu

executar este controle.

3.7 Rastreabilidade do produto

Outro controle implantado e necessário foi a rastreabilidade da matéria

prima e da produção como medida de adequação para habilitar a empresa à

exportação aos países com menores exigências sanitárias, os denominados

pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento como Lista Geral

(LG).

Foi executado pela Total Consultoria um plano de controle da origem da

matéria prima com a separação da produção pelo lote de produção diária,

sendo registrada a cada dia a origem de toda a matéria prima utilizada naquela

data. São separadas durante a produção as amostras para serem

encaminhadas ao laboratório com o objetivo de verificar se o produto fora

contaminado por algum agente químico, físico ou biológico durante o processo

produtivo.

Neste momento, há utilização de máquinas pesadas, podendo ocasionar

no preparo da matéria prima a quebra de engrenagens ou resíduos metálicos

contaminando a mercadoria, comprometendo, assim, a segurança e a

qualidade do produto final.

Com o objetivo de evitar tais contaminações, a Total Consultoria orientou

a empresa na compra de um equipamento denominado detector de metais que

deveria ser instalado após a produção de maneira a identificar resíduos

metálicos no produto final, desta maneira possibilitando uma segurança ao

produto e, consequentemente, qualidade.

3.8 Obtenção de habilitação para exportação

A Total Consultoria novamente representando seu cliente, solicitou ao

Page 75: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

73

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, uma nova vistoria na

fabrica de produtos pet já instalada, e com a produção em andamento para o

acompanhamento de todo o processo produtivo com o objetivo de habilitar o

estabelecimento ao mercado internacional, sendo respeitada uma sequência

onde o estabelecimento primeiramente solicitou a inclusão na lista de fábricas

autorizadas a exportar seus produtos para os países que representam a

classificação junto ao Ministério da Agricultura de LG de países com acordos

bilaterais e comerciais com o Brasil.

A vistoria ao estabelecimento foi executada por dois representantes do

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, os Fiscais Federais

Agropecuários que analisaram as condições técnicas e sanitárias do

estabelecimento, verificando-se os controles obrigatórios e após vistoria

emitiram um documento denominado de Relatório de Supervisão do

Estabelecimento, com o parecer favorável ao comércio internacional para LG.

Documento este que foi encaminhado ao senhor Diretor do DIPOA, o

qual se manifestou com a emissão de uma Circular Interna do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento classificando e autorizando o

estabelecimento à exportação para os países relacionados como LG.

A importância e o objetivo da emissão da circular interna é informar a

todos da esfera de atuação do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento quanto à habilitação da empresa para o comércio internacional.

Desta maneira, informando outras empresas e os representantes do Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos portos marítimos, aeroportos e

aduanas terrestres, de maneira a não impedirem a exportação dos produtos da

empresa constante na circular interna.

3.9 Primeira exportação

A empresa de produtos pet passou a procurar clientes no mercado

internacional ao qual estava habilitada e passou a negociar com um cliente do

Líbano, que solicitou uma amostra dos produtos industrializados pela empresa.

A Total Consultoria auxiliou a empresa na primeira exportação onde foi

Page 76: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

74

indicado o transporte aéreo, devido a pequena quantidade de produto a ser

exportado e a necessidade de que a empresa tinha de disponibilizar os seus

produtos rapidamente a este possível cliente.

Foram indicados também pela Total Consultoria os trabalhos aduaneiros

do despachante Logimaster especializado em exportação por transporte aéreo

e que hoje atua no aeroporto de Viracopos e Guarulhos e tem estreito

relacionamento de trabalho com a empresa Total Consultoria.

Sendo os pagamentos de taxas de exportação efetuados pela empresa

exportadora, mas sem ônus com o Despachante Aduaneiro que o fez de

maneira gratuita, como uma forma de conquistar este novo cliente apresentado

pela Total Consultoria. E por se tratar de uma amostra sem valor comercial,

não foram necessários os contratos que definem os modelos de fatura, sendo o

frete e os encargos por conta da empresa exportadora.

Os próximos passos da Total Consultoria é adequar a empresa de

produtos pet, para requisitar junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, a habilitação a mercados mais exigentes como Rússia, União

Européia e Estados Unidos da America.

3.10 Parecer final

Durante o acompanhamento da instalação de uma indústria de produtos

pet no Município de Promissão e pesquisa na legislação vigente e bibliográfica,

foi possível verificar a dificuldade de que as empresas industrializadoras de

produtos de origem animal têm de encontrar informações técnicas. Há também,

falta de uma metodologia específica relacionada ao segmento, surgindo a

necessidade de as empresas se adequarem para concorrer no mercado que se

demonstra complexo e com risco acentuado às empresas que não possuem

totais conhecimentos técnicos quanto aos requisitos básicos presentes nas

diversas legislações apresentadas neste trabalho.

Devido à necessidade do mercado em se adequar para produzir e

comercializar os seus produtos, a Total Consultoria se demonstra uma

empresa inovadora, flexível e necessária a toda cadeia produtiva do segmento

Page 77: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

75

de produtos de origem animal. Auxilia as empresas a alcançar a excelência

necessária para concorrer mundialmente, contribuindo com toda a sociedade.

O Brasil participa como grande fornecedor de produtos de origem animal

aos demais países e há necessidade de se atender os mercados com maior

poder de compra por habitante, como os Estados Unidos da America, União

Européia e os demais países europeus.

Todas as etapas de estudo que envolveram a empresa Total Consultoria

deixaram transparecer que toda legislação é rigorosamente seguida, uma vez

que o objetivo maior da empresa é adequar o seu cliente para ser vistoriado

pelos órgãos públicos, com o objetivo principal de conquistar habilitações que

vão, desde a autorização de existência como empresa do segmento, ao

atendimento de mercados internacionais efetivando e controlando as suas

exportações.

Page 78: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

76

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Foi verificada durante o acompanhamento da instalação de uma

indústria de produtos pet no Município de Promissão a necessidade e a

preocupação com o controle de pragas, que é um controle obrigatório a todas

as empresas que manipulam ou industrializam produtos de origem animal. Na

situação estudada, com o suporte técnico da Total Consultoria, o controle foi

executado pela própria empresa produtora de produtos pet que não terceirizou

este serviço a empresas especializadas por falta de confiança.

Durante esta etapa do estudo ficou comprovada a necessidade de que

as empresas do segmento de produtos de origem animal têm de terceirizar o

controle de pragas a uma empresa confiável que esteja interada dos cuidados

necessários e de toda a legislação referente aos produtos de origem animal.

Isto, devido ao grande risco de uma contaminação química do produto final,

ocasionando alto risco ao consumidor que pode vir a óbito por envenenamento

e provocar sérias consequências ao estabelecimento produtor.

Diante disto, propõe-se que: a empresa Total Consultoria amplie o seu

campo de atuação dentro das empresas de produtos de origem animal,

oferecendo o serviço de controle de pragas aos seus clientes, devido ao

conhecimento técnico que a empresa Total Consultoria possui e o baixo

investimento em equipamentos e mão-de-obra necessária para a execução do

controle.

Desta maneira, agregando valor à empresa Total Consultoria e criando

uma oportunidade de faturamento mensal contínuo devido ao controle de

pragas ser feito permanentemente e obrigatório durante todo o tempo de

atuação das empresas que manipulam, industrializam e comercializam

produtos de origem animal.

Page 79: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

77

CONCLUSÃO

O foco deste trabalho foi demonstrar a necessidade de que as empresas

industrializadoras de produto de origem animal têm em contratar empresas de

consultoria técnica para a devida adequação à legislação e preceitos técnicos

existentes implantando os controles necessários a cada mercado, de maneira

gradativa com o seu auge no atendimento total da legislação e adequação

estrutural, que permita o estabelecimento receber do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento a autorização de exportar seus produtos aos

mercados mais exigentes como, Estados Unidos e União Européia.

Foi ponto relevante nesta pesquisa a importância e a necessidade de

que as empresas brasileiras têm de estarem inteiradas nos procedimentos

legais e sanitários, a fim de evitarem custos desnecessários e se protegerem

contra as barreiras não tarifárias impostas, as quais apresentam objetivos

comerciais dados pelos demais países, tendo como foco o prejuízo entre

fornecedor, cliente e toda a cadeia produtiva.

Ficou demonstrado que o país passa por um período de expansão do

agronegócio e que a maior dificuldade é demonstrar aos demais países a

qualidade e segurança dos produtos brasileiros. Percebe-se, assim, a

necessidade de que o segmento de produtos de origem animal tem em

contratar mão-de-obra especializada e em terceirizar parte dos controles

obrigatórios às empresas de suporte técnico.

Haja vista a necessidade de manter o comércio internacional, o que

resulta em uma maior renda para o Brasil e, consequentemente, ocorre um

aumento no bem-estar social.

Conclui-se que a pergunta-problema foi respondida, porque ficou

demonstrado teoricamente que a atuação de um administrador e consultor na

área de exportação contribui para que empresas tenham redução de custos e

ganhos de competitividade no mercado internacional.

Page 80: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

78

REFERÊNCIAS

ABREU, L. R.; FURTINI, R. L. L.; Utilização de APPCC na indústria de alimentos. Ciência e Agrotecnologia, v. 30, p. 358-363, 2006. AMADO, G.; FAUCHEUX, C.; LAURENT, A. Mudança organizacional e realidades culturais: contrastes franco-americanos. In: CHANLAT, J. F. (org.). O indivíduo nas organizações: dimensões esquecidas. V.II. São Paulo: Atlas, 1994.

ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: Argos Comunicação FNP, 1999.

BLOCK, P. Consultoria: o desafio da liberdade. São Paulo: Makron, 1991.

BRASIL. Circular nº. 263/2008/CGPE/DIPOA, de 10 de março de 2008a. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, DF.

______. Circular nº. 321/2008/CGPE/DIPOA, de 27 de março de 2008b. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, DF.

______. Circular nº. 369/2003/DCI/DIPOA, de 02 de junho de 2003. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, DF.

______. Circular nº. 39/2006/DCI/DIPOA, de 19 de setembro de 2006. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, DF.

______. Decreto-Lei nº. 30.691/1952/DCI/DIPOA, de 29 de março de 1952. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, DF.

______. Lei nº. 1.283/1950/DCI/DIPOA, de 18 de dezembro de 1950. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, DF.

______. Portaria nº. 1428, de 26 de novembro de 1993. Diário Oficial da República do Brasil, Brasília, DF. Seção I. ______. Portaria nº. 46, de 10 de fevereiro de 1998. Diário Oficial da

Page 81: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

79

República do Brasil, Brasília, DF. Seção I.

CONTINI, E. Agricultura e política agrícola comum da União Européia. Revista da Política Agrícola, 2003. Disponível em: <http://www.agronegocios.com.br/agr/down>. Acesso em: 30 out. 2005.

CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro, Marques Saraiva, 1986. EUROPA em 12 Lições. Europa, 2009. Disponível em: <http://europa.eu/abc/12lessons/lesson_1/index_en.htm>. Acesso em: 14 set. 2009. FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 2001. FUKUDA, R. T.; PRATA, L. F. Fundamentos de higiene e inspeção de carnes. Jaboticabal: Funep, 2001. GOMIDE, L. A. M.; RAMOS, E. M. Avaliação da qualidade de carnes: fundamentos e metodologias. Viçosa: UFV, 2007. KEEDI, S. Logística de transporte internacional: veículo prático de competitividade. 3 ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. LEITE, J. E. T. “Nós quem cara pálida?”: a razão depois de Taylor. In: DAVEL, E.; VASCONCELOS, J. (Org.). “Recursos humanos” e subjetividade. Petrópolis: Vozes, 1995. MACEDO, A. A. A Implementação do Sistema HACCP em uma indústria de processamento de carnes. 2005. Monografia (Pós-Graduação em Processamento e Controle de Qualidade em Carne, Leite, Ovos e Pescado) - Universidade Federal de Lavras, Lavras. MAGALHÃES, L. C. Consultoria: profissão de presente e futuro. Revista Foodservice News. Belo Horizonte, 17 jan. 2004, 11.ed. Disponível em: <http://www.foodservicenews.com.br>. Acesso em: 25 jul. 2009.

Page 82: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

80

MIRANDA, S. H. G. de; MOTTA, M. A. B. Exportação de carne bovina brasileira: evolução por tipo e destino. Cepea, Recife, 2001. Disponível em: <http://www.cepea.asalq.usp.br/pdf/expobovino2001.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2005.

NASSAR, A. M. Produtos da agroindústria de exportação brasileira: uma análise das barreiras tarifárias impostas pelos Estados Unidos e União Européia. 2004. Tese (Doutorado em Administração) - Faculdade Economia, Administração e Contabilidade, Universidade Estadual de São Paulo, São Paulo.

OLINQUEVITCH, J. L.; ROSA, J. A. De contador a consultor. São Paulo: IOB Thomson, 2005.

OLIVEIRA, D. de P. R. de. Manual de consultoria empresarial: conceitos, metodologia, práticas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

______. Manual de consultoria empresarial: conceitos, metodologia, práticas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

PAÍSES candidatos. Europa, 2009. Disponível em: <http://europa.eu/abc/keyfigures/candidatecountries/index_en.htm>. Acesso em: 14 set. 2009.

PARDI, M. C. et al. Ciência, higiene e tecnologia da carne. 2 ed. Goiânia: UFG, 2001.

PARREIRA, F. E. Consultoria: consultores e clientes. 10.ed. São Paulo: Érica, 1997. QUAL a importância de uma consultoria na sua empresa? Infonet. 2006. Disponível em: <http://www.infonet.com.br/pergunteaoconsultor/ler.asp?id=494 75&titulo=pergunte_ao_consultor>. Acesso em: 22 jul. 2009.

ROCHA, G. C. M. et al. Fluxograma frozen cooked beef. 2005. Bibliografia disponibilizada para consulta de inspeção federal. ROMAY, C. C. Utilización de subproductos de la industria cárnica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE CARNES, 2001, São Pedro. Anais. Campinas: CTC/ITAL, 2001, p. 270-280.

Page 83: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

81

SEBRAE. Manual básico de comércio exterior. 2.ed. Vitória: 2006. 144 p. ______. Manual de contratação de consultoria empresarial e projetos de financiamento por pequenos negócios. Recife, 2003. SGS. Programa de treinamento: implementação e manutenção do sistema HACCP. São Paulo: 2008. SILVA, J. E. A. da. Manual de controle higiênico-sanitário em serviços de alimentação. 6. ed. São Paulo: Varela, 1995. SOLFA, M. R. et al. Consultoria. 1990. Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Faculdade de Ciências Administrativas e Contábeis de Lins. TOTAL CONSULTORIA. Documentos históricos e empresariais. 2009. Promissão. 2009.

Page 84: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

82

APÊNDICES

Page 85: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

83

APÊNDICE A - Roteiro de estudo de caso

I IDENTIFICAÇÃO

1 Cliente: ......................................................................................................

2 Serviço prestado: ......................................................................................

3 Seguimento: ...............................................................................................

II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

1 Quais as exigências do seguimento?

2 Quais os maiores obstáculos que a empresa identifica na prestação na

prestação de serviço ao cliente?

3 Como a empresa mantém o controle das informações do cliente?

4 Como a empresa Total Consultoria mantém arquivo dos documentos

referente às exportações executadas por seu cliente?

Page 86: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

84

APÊNDICE B - Roteiro de observação sistemática

I IDENTIFICAÇÃO

1 Cliente: ......................................................................................................

2 Seguimento: ...............................................................................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 Qual o volume de exportações executadas de fevereiro a outubro de

2009 pela empresa contratante da Total Consultoria?

2 Quais os documentos necessários para efetivar uma operação de

exportação?

3 Qual o meio de transporte mais utilizado no período?

4 Como a Total Consultoria protegeu a empresa exportadora de

inadimplência no período?

Page 87: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

85

APÊNDICE C - Roteiro de entrevista com o proprietário

I IDENTIFICAÇÃO

1 Formação: .................................................................................................

2 Tempo de atuação na área: .......................................................................

3 Profissão: ...................................................................................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 Quais as perspectivas de mercado futuro na terceirização dos processos

administrativos sobre a exportação de produtos?

2 Quais os maiores obstáculos que a empresa identifica na prestação de

serviços a seus clientes?

3 O produto a ser exportado influencia nos custos da empresa?

4 O que é mais vantajoso para o cliente terceirizar ou ter o seu próprio

departamento?

5 Como a empresa mantém o controle das informações de seus clientes?

6 Qual o perfil do quadro de funcionários da empresa?

Page 88: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

86

APÊNDICE D - Roteiro de entrevista com o consultor

I IDENTIFICAÇÃO

1 Formação: .................................................................................................

2 Tempo de atuação na área: .......................................................................

3 Profissão: ...................................................................................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 Quais as perspectivas de mercado futuro na terceirização dos processos

administrativos sobre a exportação de produtos?

2 Quais os maiores obstáculos que a empresa identifica na prestação de

serviços a seus clientes?

3 O produto a ser exportado influencia nos custos da empresa?

4 O que é mais vantajoso para o cliente terceirizar ou ter o seu próprio

departamento?

5 Como a empresa mantém o controle das informações de seus clientes?

6 Qual o perfil do quadro de funcionários da empresa?

Page 89: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

87

APÊNDICE E - Roteiro de entrevista para o profissional da área de

exportação

I IDENTIFICAÇÃO

1 Formação: .................................................................................................

2 Tempo de atuação na área: .......................................................................

3 Profissão: ...................................................................................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 Quais as perspectivas de mercado futuro na terceirização dos processos

administrativos sobre a exportação de produtos?

2 Quais os maiores obstáculos que a empresa identifica na prestação de

serviços a seus clientes?

3 O produto a ser exportado influencia nos custos da empresa?

4 O que é mais vantajoso para o cliente terceirizar ou ter o seu próprio

departamento?

5 Como a empresa mantém o controle das informações de seus clientes?

6 Qual o perfil do quadro de funcionários da empresa?

Page 90: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

88

ANEXOS

Page 91: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

89

ANEXO A – Relação de países que exigem rastreabilidade

Fonte: Brasil, 2006.

Page 92: A CONTRIBUIÇÃO DA CONSULTORIA NO PROCESSO DE … · CREA-SP: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo DIPOA ... UNIMAR: Universidade de Marília

90

ANEXO B – Relação de países que exigem rastreabilidade

Fonte: Brasil, 2006.