a construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

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A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA Ensino e aprendizagem são processos complementares, mediados pelo uso da linguagem. Ensinar envolve inúmeras variáveis e pode ser considerado como algo estático, tradicional, monólogo, mas também aberto a experiências dialógicas, nas quais questões da comunicação são consideradas como essenciais, pois aprendizagem e construção do conhecimento são dialógicas por si mesmas, como afirma SMOLKA: Os métodos de ensino/aprendizagem podem ser vistos como orientações para que o professor comece a refletir sobre os processos envolvidos, possibilitando construir sua própria visão informada pela prática diária. 1 O professor é, de certa forma, influenciado pela sua experiência anterior como professor ou aluno de Língua Estrangeira, acrescentando também o papel da visão de mundo que o professor detenha, o que o leva a identificar-se mais com um método do que com outro. É possível, então, que o professor (...) demonstre um discurso mais tradicional ou, por outro lado, mais aberto a mudanças, a interações com o outro. O importante é estar disposto a uma reflexividade sobre a complexidade da sala de aula. (SOARES, 1999:108). O aluno também é influenciado por pressupostos do que seja ensinar/aprender e isto também interfere no seu processo de ensino/aprendizagem, levando-o a identificar-se melhor com um ou outro método. O conceito de método aponta para um conjunto sistemático de práticas de ensino que tem como base uma teoria de ensino/aprendizagem. Richards e Rogers (1986) citam vários níveis: abordagem, método, desenho, procedimentos. A abordagem tem a ver com os pressupostos teóricos sobre a natureza da linguagem e da aprendizagem, que servem de ponto de partida para estabelecer práticas e princípios. Para Soares, métodos e abordagens são caminhos, construções no social. Então, é preciso pensar novas propostas tendo em vista as práticas sociais contemporâneas, as questões da modernidade tardia ou pós-modernidade. A globalização, o sistema mundo e o 1 (1989:78)

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Page 1: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NO ENSINO DA

LÍNGUA INGLESA

Ensino e aprendizagem são processos complementares, mediados pelo uso da

linguagem. Ensinar envolve inúmeras variáveis e pode ser considerado como algo estático,

tradicional, monólogo, mas também aberto a experiências dialógicas, nas quais questões

da comunicação são consideradas como essenciais, pois aprendizagem e construção do

conhecimento são dialógicas por si mesmas, como afirma SMOLKA:

Os métodos de ensino/aprendizagem podem ser vistos como

orientações para que o professor comece a refletir sobre os processos

envolvidos, possibilitando construir sua própria visão informada pela

prática diária. 1

O professor é, de certa forma, influenciado pela sua experiência anterior como

professor ou aluno de Língua Estrangeira, acrescentando também o papel da visão de

mundo que o professor detenha, o que o leva a identificar-se mais com um método do que

com outro. É possível, então, que o professor “(...) demonstre um discurso mais tradicional

ou, por outro lado, mais aberto a mudanças, a interações com o outro. O importante é estar

disposto a uma reflexividade sobre a complexidade da sala de aula”. (SOARES,

1999:108).

O aluno também é influenciado por pressupostos do que seja ensinar/aprender e isto

também interfere no seu processo de ensino/aprendizagem, levando-o a identificar-se

melhor com um ou outro método.

O conceito de método aponta para um conjunto sistemático de práticas de ensino que

tem como base uma teoria de ensino/aprendizagem.

Richards e Rogers (1986) citam vários níveis: abordagem, método, desenho,

procedimentos. A abordagem tem a ver com os pressupostos teóricos sobre a natureza da

linguagem e da aprendizagem, que servem de ponto de partida para estabelecer práticas e

princípios.

Para Soares, métodos e abordagens são caminhos, construções no social. Então, é

preciso pensar novas propostas tendo em vista as práticas sociais contemporâneas, as

questões da modernidade tardia ou pós-modernidade. A globalização, o sistema mundo e o

1 (1989:78)

Page 2: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

mercado, as migrações, o turismo e as redes de comunicação precisam ser levadas em

consideração para orientar novas abordagens de ensino-aprendizagem.

Dessa forma, a proposta de trabalho de Língua Inglesa nos ensinos fundamental e

médio, fundamenta-se na preocupação em desenvolver no aluno, não só um domínio

técnico das formas linguísticas, mas também em capacitá-lo a desempenhar

competentemente seu papel de usuário da língua, ou seja, pretende-se que o aluno torne-se

ativo e participante podendo utilizar a língua como instrumento de acesso a informações e

a outras culturas e grupos sociais,

O ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA

Na relação professor-aluno, o diálogo é fundamental. A atitude dialógica no

processo ensino-aprendizagem, parte do professor ao transmitir o que sabe, aproveitando

os conhecimentos prévios e as experiências do aluno.

Aprender uma nova língua na escola, possibilita aumentar a autopercepção do aluno,

sendo capaz de se engajar e engajar outros no modo de agir no mundo social. Percebendo

a importância e a utilidade, torna-se ainda mais necessária a aprendizagem da língua como

forma do aluno agir no mundo para transformá-lo.

Como afirma Almeida Filho.

Língua estrangeira é (...) um conceito complexo que o professor

precisa contemplar, e sobre ele refletir, no exercício da profissão.

Pode significar língua dos outros ou de outros (...). A compreensão do

termo se aperfeiçoa se o tomarmos como língua que só a princípio é

de fato estrangeira, mas que se desestrangeiriza ao longo do tempo de

que se dispõe para aprendê-la.2

A aprendizagem dessa língua implica entrar em relação com outros numa busca de

experiências mais profundas, capaz de novas compreensões. Conforme Almeida filho,

“aprender Língua Estrangeira é crescer numa matriz de relações interativas na língua alvo

que, gradualmente de desestrangeiriza para quem a aprende”.3

O homem faz uso de uma língua que é “um produto social da faculdade de

linguagem e um conjunto de convenções necessários, adotados pelo corpo social para

2 (1999: 11,12)

3 Idem, p.15.

Page 3: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos”.4

Skinner argumentava que a língua é adquirida através do reforço, afirmando que:

O reforço é um estímulo que segue a ocorrência de uma resposta e

afeta a probabilidade de esta ocorrer novamente ou não. O estímulo,

resposta e reforço, e a aquisição da língua é uma forma de

comportamento condicionado pela formação de hábitos.5

Para o autor, se o estímulo for positivo, aumenta a probabilidade da resposta ocorrer

novamente, se for negativo, esta probabilidade é reduzida.

Segundo McLaughlin, antes dos três anos de idade, a criança adquire as duas línguas

(língua materna e língua alvo) de forma simultânea, e após essa idade, o processo de

aquisição ocorre de forma sucessiva.

A aquisição simultânea ocorre quando a criança tem pais que fala línguas diferentes.

A aquisição sucessiva ocorre quando Skinner (1957) define como interlíngua. A

interlíngua reflete padrões sistemáticos de erros e de estratégias comunicativas. Erros que

desaparecem se o aprendiz receber um imput suficiente e apropriado.

A hipótese do imput se relaciona à aquisição da língua à qual o aprendiz está

exposto. “Quando a aquisição (...) está acontecendo existem estágios nos quais o aluno

está recebendo linguagem – linguagem que de algum, a maneira está sendo posta dentro

do aluno, embora eles decidam se querem ou não recebê-la”.6

De acordo com essa hipótese, o aluno progride de forma natural quando ele recebe o

imput da segunda língua. Segundo Krashen, pode-se dizer que o imput é o entendimento

súbito do que se estava falando ou ensinando.

A aquisição faz com que o aprendiz se comunique de forma espontânea. A função da

aprendizagem, segundo Krashen, postula que seja necessário o aprendiz ser exposto a um

monitor para que possa usar as regras conscientemente. Para isso é necessário pôr em

prática três condições:

1. Tempo: o aprendiz deve ter tempo para pensar no que vai falar, e usar

conscientemente as regras.

2. Enfoque na forma: o aprendiz deve concentrar-se na forma como vai transmitir a

mensagem.

4 SAUSURE, 1975:17.

5 SKINNER, 1957:97.

6 HARMER, 1994:40.

Page 4: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

3. Conhecimento das regras: o aprendiz precisa usar as regras gramaticais. A correção

ocorrerá somente se o mesmo distinguir a forma correta da não correta.

Para a aprendizagem eficaz da segunda língua, é necessário que o aprendiz tenha

afetividade, para torná-la algo que ele goste. A afetividade como um filtro. Esse filtro

afetivo age no sentido de facilitar a aquisição da língua. É preciso também que o indivíduo

esteja motivado, pouco ansioso para não ter bloqueios na aprendizagem da língua alvo.

O filtro afetivo é “um bloqueio mental que impede o indivíduo de utilizar totalmente

o imput compreensível que ele recebe para a aquisição da língua”.7

Portanto, as atividades na sala de aula sempre devem enfocar tópicos interessantes e

relevantes que encoraje o aluno a expressar suas ideias, opiniões e sentimentos.

A LÍNGUA INGLESA E A INTERAÇÃO NO MUNDO SOCIAL

O ensino de Língua Inglesa propicia ao aluno a oportunidade de engajamento e

interação no mundo social, e também faz entrar em contato com outras civilizações e

culturas, competência enfatizada como um dos principais eixos do ensino. Para tanto, é

necessário incentivar o estudante, desde o princípio, a observar as diferenças de valores e

costumes que permeiam a compreensão de textos, diálogos, histórias, mensagens

eletrônicas, etc. Podendo o entendimento dessas diferenças interferir de forma positiva ou

negativamente na comunicação e harmonia entre os povos ou até mesmo entre os grupos

sociais de um país, pois a linguagem é usada no mundo social como reflexo de crenças e

valores.

Esse enfoque interacional do ensino da língua inglesa permite uma melhor

compreensão da importância da percepção da pluralidade cultural que hoje direciona o

ensino de inglês. Além de comunicar-se em inglês, o aluno precisa inteirar-se dos valores

que norteiam outras culturas.

O aluno se tornará mais confiante e participativo ao verificar que pode realmente

utilizar o idioma em situações do dia a dia.

MÉTODOS

1. MÉTODO COMUNICATIVO (“COMMUNICATIVE LANGUAGE

7 KRASHEN, 1985:3.

Page 5: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

TEACHING” OR “COMMUNICATIVE APPROACH”): A unidade básica da língua é

o ato comunicativo ao invés da fala, ou seja, o método tem como foco a realidade da

comunicação do dia a dia dos alunos, tanto dentro como fora da sala de aula.

A meta desta abordagem é tornar os alunos comunicativamente competentes. Assim, a

aprendizagem linguística é vista como um processo de comunicação no qual o simples

conhecimento das formas da língua alvo, seu significado e funções, são insuficientes. É

preciso ser capaz de usar a língua apropriadamente dentro de um contexto social. O falante

tem de saber escolher entre diferentes estruturas a que melhor se aplica às circunstâncias

da interação entre ele e o ouvinte ou, entre o escritor e leitor. Isso envolve o domínio não

só de competência gramatical ou linguística, mas também de habilidades sociolinguísticas,

discursivas e estratégicas. O uso de material autêntico como artigo de revista, jornal,

trechos de programas de rádio e TV também é muito importante para que os alunos

tenham acesso à língua como ela é, usada efetivamente por seus falantes. Exploram-se

muito atividades de conversação em pequenos grupos, dessa forma, maximiza-se o tempo

de uso da língua pelos alunos.

2. MÉTODO AUDIOLINGUAL (AUDIO-LINGUAL METHOD): Esse método

objetiva levar o aluno a comunicar-se na língua alvo através da formação de novos hábitos

linguísticos. O papel do professor é controlar o processo e tentar evitar o erro do aluno. A

grande ênfase é nas estruturas linguísticas; os diálogos apresentam estruturas e vocabulário

para serem aprendidos por interação e repetição. O papel do aluno é passivo, ele não é

encorajado a tomar a iniciativa e deve esquecer, como se fosse possível, da língua alvo.

Portanto, a meta deste método é tornar os alunos capazes de usar a língua alvo

comunicativamente. Há uma constante interação entre aluno-aluno, especialmente nos

jogos de repetição quando estes se revezam nos diferentes papéis do diálogo. Nada deve

ser escrito, tudo é feito oralmente.

3. MÉTODO DA APRENDIZAGEM EM COMUNIDADE (COMMUNITY

LANGUAGE LEARNING): Esse método visa a aprendizagem em grupo. Uma das

principais crenças desse método é a de que os alunos devem ser vistos como “pessoas por

inteiro” 8, onde não só os sentimentos e intelecto de cada um contam, mas principalmente

8 LARSEN FREEMAN, 1986:89.

Page 6: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

o modo como relacionam suas reações físicas, instintivas e sua vontade de aprender entre

si. O professor precisa estar sempre alerta para a necessidade de apoio que seus alunos têm

com relação a seus medos e inseguranças na aprendizagem. Para isso, é fundamental

construir um bom relacionamento comunitário na classe. Para isso, próprio professor

deverá ocupar uma posição menos autoritária e ameaçadora, sentando-se na mesma

posição dos alunos. Estes necessitam estar sempre bem informados quanto ao que deve

acontecer em cada atividade, e suas limitações individuais devem ser levadas em conta na

hora da cobrança. Deste modo, sentem-se mais seguros. É importante que os alunos

sintam-se de certa forma com o controle da interação para tornarem-se mais responsáveis

pelo seu próprio aprendizado. A cooperação, e não a competição deve ser incentivada. A

aprendizagem linguística visa à comunicação e expressão de ideias. A língua nativa pode

ser usada como apoio pelos alunos, que muitas vezes constroem frases a partir de blocos

de palavras traduzidas pelo professor. É costume os alunos gravarem estas frases em

pedaços e depois transcrevê-las por inteiro em textos. Novas frases podem ser criadas a

partir dessas iniciais e pontos gramaticais, de pronúncia ou de vocabulário podem ser

extraídos. Os alunos são constantemente convidados a dizer como se sentem e o professor

deve ser capaz de compreender suas reações e conduzi-los a uma aprendizagem sempre

melhor.

4. MÉTODO DA TRADUÇÃO E GRAMÁTICA (GRAMMAR-

TRANSLATION METHOD): Tem a finalidade ajudar os alunos com relação ao estudo

da literatura estrangeira. A língua literária é superior à língua falada. Nesse método não há

interação entre os alunos e a pronúncia das palavras não recebem atenção. A avaliação é

feita por meio de testes escritos, com exercício de tradução. O aluno não é levado a pensar.

A tradução do texto não é questionada. A aprendizagem só ocorrerá através da

aprendizagem de regras gramaticais. Os passos para a aprendizagem da língua são:

memorização prévia de uma lista de palavras, conhecimento das regras necessárias para

juntar as palavras em frases, exercícios de tradução e versão (tema). O objetivo final é

levar o aluno a apreciar a cultura e a literatura da língua alvo.

5. MÉTODO DIRETO (DIRECT METHOD): Método semelhante ao método da

Tradução e Gramática. O professor deve usar a língua alvo na sala de aula, despertando no

aluno o interesse de aprender. A transmissão do significado se dá através de gestos e

Page 7: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

gravuras sem recorrer a tradução. O aluno deve aprender a “pensar na língua”. A ênfase

está na língua oral, mas a escrita pode ser introduzida nas primeiras aulas. O exercício oral

deve preceder o exercício escrito. A técnica da repetição é usada para o aprendizado

automático da língua. O professor é mediador das atividades. Há ênfase no vocabulário e

as quatro habilidades são trabalhadas. Não há interação entre os alunos. Eles podem

conversar entre si, mas através de jogos de pergunta e resposta.

6. MÉTODO SILENCIOSO (SILENT WAY): Consiste fundamentalmente no

ensino da língua através de pequenos bastões coloridos que o professor utiliza para criar as

mais diferentes situações de aprendizagem, juntamente com gráficos coloridos, para o

ensino da pronúncia. A segunda língua é adquirida à medida que o aluno vai manipulando

os bastões e consultando o gráfico. O professor permanece calado a maior parte do tempo.

Neste método, tudo é ensinado através de gestos, gravuras. Não se há fala, usa-se mímica.

Esta aprendizagem visa à expressão do pensamento, percepção e sentimento dos alunos.

Para isso eles precisam desenvolver autoconfiança e independência. É o aluno quem

constrói seu aprendizado, sendo que o professor pode incitar sua percepção, provocar seu

raciocínio. O “silêncio” é uma ferramenta para esse fim. O professor dá uma situação,

propõe uma estrutura, por exemplo, “Take a red...”, (olhando para uma ficha vermelha) e

depois se silencia (os alunos devem perceber que ele pediu a cor vermelha). A todo

momento os alunos são incitados a pensarem e o silêncio do professor os obriga a se

ajudarem mutuamente. Fichas com cores, ou sinais que representem sons ou palavras são

constantemente usados. Os alunos começam seu aprendizado pelos sons da língua, vendo

o professor manipular essas fichas. Cada cor representa um som. Pouco a pouco, os alunos

vão formando palavras com a associação dessas fichas. O professor cria situações que

focalizam a atenção dos alunos para a estrutura da língua. Com o mínimo de pistas faladas,

os alunos são conduzidos a produzir a estrutura.

7. MÉTODO DA RESPOSTA FÍSICA TOTAL (TOTAL PHISYCAL

RESPONSE METHOD): Basicamente consiste no ensino da língua alvo através de

comandos emitidos pelo professor e executados pelo aluno. A premissa fundamental do

método é de que se aprende melhor uma língua depois de ouvi-la e entendê-la. Pratica-se

as quatro habilidades. O aluno aprende primeiro pela associação, não precisando falar para

responder, mas obedecer aos comandos orais. Tem prioridade as ações.

Page 8: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

Um dos enfoques desta abordagem é a aprendizagem prazerosa da língua. Espera-se

que o estudante realmente goze do prazer de aprender. Para isso usa-se muitas atividades

divertidas e engraçadas e, o movimento corporal é um grande recurso para ajudar na

compreensão. Muitas estruturas são aprendidas e praticadas através de comandos. O

professor dá um comando, por exemplo, hands up9, e mostra o gesto para que os alunos

assimilem a ordem e o movimento certo. Quando os alunos já repetiram uma série de

comandos, eles então passam a demonstrá-los ao resto da turma. Após terem domínio de

uma série deles, os alunos aprendem a lê-los e escrevê-los e, somente após uma certa

exposição às novas estruturas, começa-se a falar e ditar outros comandos.

8. MÉTODO DA SUGESTOLOGIA (SUGESTOPEDIA METHOD): O método

parte do princípio de que a aprendizagem linguística é normalmente “atrasada” em

decorrência de “barreiras” que o próprio aprendiz se impõe, por medo ou autossugestão.

Enfatiza os fatores psicológicos da aprendizagem, que devem ser favorecidos até pelo

ambiente físico. A sala de aula deve ser confortável, a fim de proporcionar o ambiente

mais agradável possível para reduzir a ansiedade. As quatro habilidades são ensinadas ao

mesmo tempo, principalmente através de longos diálogos lidos pelo professor com

constantes variações de entonação.

A apresentação do conteúdo é feita em duas etapas. Na primeira, chamada de fase

receptiva, o professor lê um diálogo ao ritmo de uma música de fundo. Este procedimento

não só ajudaria a manter o ambiente relaxante como também ativaria os dois lados do

cérebro dos estudantes. Estes acompanham a leitura do professor e checam a tradução.

Posteriormente, o professor repete a leitura enquanto os alunos apenas ouvem e relaxam.

Em casa, eles releem o mesmo texto antes de dormir e quando acordam a fim de fixarem o

conteúdo. A segunda fase, a fase ativa, visaria à prática das novas estruturas. Nesse

momento, os alunos organizam atividades de dramatização, jogos, música e exercícios de

pergunta-resposta.

A ABORDAGEM COMUNICATIVA E A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

Na Abordagem Comunicativa a unidade básica da língua, é o ato comunicativo ao

9 Mãos para cima.

Page 9: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

invés da frase,

Nesse contexto, a Abordagem Comunicativa surgiu como uma mudança do

paradigma no ensino de Língua Estrangeira. Na verdade, não é um método em si, mas

pressupostos teóricos que orientam o ensino de Língua Estrangeira.

O potencial funcional e comunicativo da linguagem torna-se o centro de discussão.

A palavra e a sentença não devem mais ser pensadas isoladamente, pertencente a um

sistema abstrato, mas pensados como um enunciado pleno de vida e ação. Segundo

Bakhtin, como um conceito de dialogia, de gêneros discursivos, como tipos estáveis de

enunciado, linguagem como atividade, ligada à ação.

Citando os linguistas ingleses Halliday e Widdowson, como as questões do uso da

linguagem devidamente contextualizada, privilegia-se o uso que engloba a forma.

Esses conceitos constituem a base teórica da Abordagem Comunicativa, que surge

na Europa, com a necessidade crescente de ensinar as principais línguas europeias,

O objetivo da Abordagem Comunicativa era desenvolver a competência

comunicativa , diferente da noção de competência de Chomsky que, segundo Lopes-Rossi,

fala de “(...) um falante ideal de uma comunidade de fala homogênea e que não é afetado

por condições momentâneas como distração,falta de interesse e problemas de memória”. 10

A Chomsky interessa esta competência ideal e não o desempenho que seria o uso

real da língua.

Chomsky usa o termo competência para designar o conhecimento que o falante tem

da gramática de sua língua. Segundo ele, a criança, ao adquirir sua língua, desenvolve

também sistemas de desempenho cuja natureza e forma também seriam determinadas

geneticamente. Para Chomsky, tanto o conhecimento quanto o comportamento lingüístico

seriam geneticamente determinadas. Afirma que a língua é uma habilidade criativa e não

memorizada, e que não são as regras da gramática que determina o que é certo e o que é

errado, mas sim o desempenho de um native speaker que determina o que é aceitável ou

inaceitável.

Para Piaget, o conhecimento resulta de uma atividade estruturadora por parte do

sujeito. Esse conhecimento, segundo ele, resulta do próprio comportamento, que gera

esquemas de ação através da interação do sujeito com o objeto da aprendizagem. Cada

aluno constrói seu próprio aprendizado num processo de dentro para fora baseado em

experiências de fundo psicológico.

10 (2002:143)

Page 10: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

Comparando a visão piagetiana à chomskyana, percebe-se que para Chomsky o

sistema da competência e do desempenho são independentes, enquanto para Piaget o

comportamento, ou a ação, é a base para o conhecimento,

Chomsky dá mais atenção à maturação biológica do que à experiência, enquanto

Piaget enfatiza a interação do organismo, como ambiente, da criança com o objeto da

aprendizagem.

Vigotsky, por seu lado, mostra que a criança é capaz de fazer um objeto representar

outro, apenas simulando os gestos do objeto representado. Vigotsky liga o conceito da

consciência à noção de controle, e afirma que esse tipo de consciência surge depois que

esta tenha sido praticada inconsciente e espontaneamente, ou seja, no estágio avançado do

desenvolvimento de uma função.

Stephen Krashen estabelece uma distinção entre estudo formal e assimilação natural

de idiomas e conclui que o ensino de línguas eficiente não é aquele que depende de

receitas didáticas em pacote, de prática oral repetitiva, ou que busca apoio de

equipamento, mas sim aquele que explora a habilidade do instrutor em criar situações de

comunicação autêntica, não necessariamente dentro de uma sala de aula, que enfatiza o

intercâmbio entre pessoas de diferentes culturas.

Para o sociolinguista Dell Hymes, ao adquirir uma competência Comunicativa,

adquire-se o conhecimento e habilidade para o uso da língua. Faz-se necessário citar os

teóricos Canale e Swain, que identificaram quatro dimensões da competência

comunicativa, sendo a gramatical, a sociolinguista que compreende a compreensão do

contexto social no qual ocorre a comunicação, a discursiva que compreende interpretar a

mensagem em termos de coesão e coerência do discurso, e a estratégica.

O domínio linguístico ou competência linguística por si só, não leva a competência

comunicativa. É preciso que se desenvolvam estratégias e habilidades comunicativas a

partir do uso real da língua. Os erros são tolerados, pois são vistos como produtos naturais

do processo de desenvolvimento de habilidades comunicativas. É fundamental que o aluno

se comunique e envolva o uso da língua de forma apropriada, dependendo do contexto. O

aluno precisa dominar as formas, os significados e funções da língua e ser capaz de

adaptá-las aos contextos, levando em consideração o processo de negociação do

significado.

O significado é construído na interação, no dialogia, como afirma Bakhtin, “o

enunciado é dialógico por natureza e busca o outro no discurso”. O professor atua como

Page 11: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

facilitador, um observador participante dos jogos dialógicos na busca de solução de

problemas do uso da linguagem. O aluno tem seu papel como sujeito participante desta

construção de significados.

Segundo LOPES-ROSSI,

A Abordagem Comunicativa é mais uma abordagem do que um

método, no nível da implementação, dos procedimentos, há

divergência e inúmeras propostas. Acredito que enquanto abordagem

(...) ela oferece visões coerentes e boas oportunidades de

aprendizagem real da língua.11

A Abordagem Comunicativa se caracteriza por ter o foco no significado e na

interação entre os sujeitos que estão aprendendo uma nova língua.

O ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de

aprender em termos de atividades/tarefas de real interesse e/ou

necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua-alvo

para realizar ações autênticas na interação com outros falantes

usuários dessa língua.12

Percebe-se que na Abordagem comunicativa é preciso levar em conta a adoção de

uma metodologia que favoreça a motivação aos estudantes a fazerem coisas com a

linguagem que eles estão aprendendo. Sabemos que o ensino tradicional, em que o aluno é

submetido a exaustivos e repetitivos exercícios que o deixam desinteressado e limitado em

sua expressão linguística, não é adequado para que ele adquira a língua escrita, embora ele

possa sabê-la conhecendo a gramática.

Assim, nas palavras de Geraldi (2003), o conhecimento gramatical não é, em seu

todo, necessário para aquele que quer aprender a ler criticamente e a escrever

exitosamente. Portanto, a Abordagem comunicativa baseia-se na hipótese de que a

aprendizagem de uma língua se dá quando os estudantes são orientados pelo professor a

usarem a linguagem de forma pragmática para mediar significados para um propósito.

Torna-se maior a probabilidade de que o aluno se envolva nas tarefa, tenha mais liberdade

de se expressar e, consequentemente, de adquirir a língua escrita.

A expressão “aprendizado de línguas” abrange dois conceitos claramente distintos,

porém, raramente compreendidos. Um deles é o de receber informações a respeito da

11 (2002:82)

12 ALMEIDA FILHO, 1993.

Page 12: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

língua, transformá-la em conhecimento através de esforço intelectual e acumular este

conhecimento pelo exercício da memória. Conceito este denominado language learning,

que depende de esforço intelectual e procura produzir conhecimento consciente a respeito

da estrutura da língua e de suas irregularidades, e preconiza a memorização de vocabulário

fora de situações reais. O outro refere-se ao desenvolvimento da habilidades funcional de

interagir com estrangeiros, entendendo e falando sua língua. Processo denominado

language acquisition, responsável pelo entendimento e pela capacidade de comunicação.

Isso ocorre através da familiarização com a característica fonética da língua, sua

estruturação de frases e vocabulário, tudo decorrentes de situações reais.

Language acquisition refere-se ao processo de assimilação natural, fruto da interação

em situações reais, de convívio humano, em que o aprendiz participa como sujeito ativo. É

semelhante ao processo de assimilação da língua materna pelas crianças, processo este,

que produz habilidade prático-funcional sobre a língua falada e não conhecimento teórico.

Uma abordagem inspirada em acquisition valoriza o ato comunicativo e desenvolve

a autoconfiança do aprendiz.

O ensino comunicativo, conforme argumenta Almeida Filho, implica

(...) a organização das “experiências de aprender em termos de

atividades/tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que

ele se capacite a usar a língua-alvo para realizar ações de verdade na

interação com falantes-usuários dessa língua.13

Portanto, a abordagem de ensinar se compõe do conjunto de disposições de que o

professor dispõe para orientar todas as ações da operação global de ensinar uma língua

estrangeira. Esse conjunto compreende-se o planejamento, a produção criteriosa de

materiais, a escolha e construção de procedimentos para experienciar a língua-alvo e nas

maneiras de avaliar o desempenho dos participantes.

O LÚDICO DA LÍNGUA INGLESA

Sabe-se que, muitas vezes na nossa prática, o ensino de Língua Estrangeira limita-se

a atividades em que a tarefa do aluno é reproduzir, mecanicamente, as formas da língua

descritas nas gramáticas. Essa prática que convencionou chamar de “ensino tradicional”,

13 (1998:47)

Page 13: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

adota o paradigma de interação que “privilegia a fala do professor e oferece poucas

oportunidades de participação do aluno”.14

Entretanto, o aluno deve ser guiado para um pensamento mais adequado, tornando

seu aprendizado mais fácil. Os jogos têm a função de consolidar os esquemas já formados

e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança, tornando-se um agente da aprendizagem.

Segundo Vigotsky, o lúdico influencia o desenvolvimento da criança. É através do

jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e

autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da

concentração.

Através do jogo ou da brincadeira, a criança aprende coisas que ninguém pode

ensinar. A brincadeira contribui para que a criança entenda o mundo a sua volta e como se

relacionar com ele.

O lúdico na sala de aula faz com que, tanto o aluno quanto o professor sejam

instigado a saber mais, querer mais, procurar algo mais complicado e tentar resolver, testa-

se limites, enfrenta-se desafios, a atividade torna-se mais animada.

Portanto, a atividade lúdica apresenta-se como uma alternativa de facilitar o

aprendizado, e estimular o prazer em aprender, principalmente em Língua Estrangeira.

AS QUATRO HABILIDADES

Quase todas as crianças terão aprendido a falar e a ouvir, na altura em que estiverem

a iniciar a escola - mesmo que algumas delas não tenham tido a experiência com a língua

falada pelas outras.15

As capacidades da fala e da audição são aprendidas gradual e

naturalmente. As capacidades de escrita e leitura podem ser aprendidas da mesma forma.

Nosso grande desafio como professor é preparar os alunos não para o mundo em que

vivemos hoje, mas para o mundo em que eles vão viver amanhã.

O ensino de línguas deve ser orientado para além dos objetivos instrumentais

(compreender, falar, ler e escrever), para os objetivos educativos (contribuir para a

formação da mentalidade, desenvolvimento do hábito de observação e reflexão) e culturais

(conhecimento da civilização estrangeira e capacidade de compreender tradições e ideais

de outros povos, inculcando no aluno noções da própria unidade do espírito humano).

14 PAIVA, 2001:272.

15 LANDERS, 1997

Page 14: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

LISTENING

A habilidade de audição desenvolve a capacidade de entender os falantes nativos do

inglês, sendo fundamental para a obtenção do sucesso no diálogo.

O listening ajuda a melhorar a compreensão da língua inglesa, incluindo a

velocidade da resposta, seleção de informações, facilitando a realização das atividades.

O desenvolvimento das habilidades de compreensão das palavras permite ao leitor

realizar os processos ao nível das palavras. Incluem o reconhecimento de palavras, a

distinção de palavras-chave, o emprego de pistas estruturais para acessar os significados

das palavras de um texto e a predição do significado das palavras recorrendo ao contexto

sintático e/ou semântico.

Para que as habilidades de compreensão das palavras possam ser desenvolvidas, o

leitor deve ter um certo conhecimento de vocabulário. A construção do significado do

texto depende do sucesso na busca dos significados de palavras isoladas.

La Berge e Samuels (1985) acreditam que a compreensão leitora depende não

apenas da ampliação do vocabulário, mas também da facilidade com que ele consegue

acessar os significados das palavras em sua memória. Os significados de palavras isoladas

são difusos e ambíguos e só se tornam definidos quando se interrelacionam no discurso.

Para ser compreensivo, o texto deve ter um tema consistente, constituído de eventos ou

argumentos logicamente organizados, ou seja, deve ser coerente.

Objetivando elaborar os processos ao nível das frases de modo efetivo, o leitor deve

procurar desenvolver as habilidades de compreensão das frases na Língua Estrangeira.

Segundo Berman16

, os leitores devem possuir um certo conhecimento da sintaxe da língua

que lhes permita entender como as palavras interrelacionam-se dentro de um texto.

READING

A habilidade da leitura, ajuda no desenvolvimento da leitura em língua inglesa de

diversas maneira, como a análise das ideias, a leitura rápida, e de textos básicos,

favorecendo uma boa pronúncia da língua inglesa.

Em Língua Estrangeira, o leitor inicia seu processo de aprendizagem de leitura com

16 BERMAN (1984:139-159).

Page 15: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

um conhecimento linguístico bastante diferente daquele do aprendiz de leitura em língua

materna.

No processamento textual interativo, o leitor deve elaborar os processos ao nível das

palavras, das frases, dos conceitos e do texto de modo simultâneo e interativo para que

consiga estabelecer relações de sentido com o texto. Para alcançar esse objetivo, o leitor

precisa desenvolver as habilidades de compreensão das palavras, das frases e do discurso.

Em língua estrangeira, o desenvolvimento dessas habilidades requer um certo domínio do

vocabulário e da estrutura gramatical básica dessa língua. Torna-se necessário, portanto,

que o leitor atinja um limiar de proficiência lingüística para que ele consiga ler textos em

língua estrangeira.

Ao processa-se um texto, não se processam suas letras, palavras e frases

isoladamente. Os processos em cada nível são influenciados pelos processos tanto de

níveis superiores, como de níveis inferiores.

O desenvolvimento das habilidades de leitura das palavras e das frases do texto

asseguram ao leitor o processamento ligado e engloba desde estratégias de leitura flexível

(scanning, skimming, etc.) e as estratégias de estudo para se obter o máximo de toda

informação disponível (título, diagramas, índice, etc.) até as habilidades necessárias para

que o leitor consiga processar as palavras, as frases, os conceitos e o valor comunicativo

do texto.

Ler em Língua Estrangeira pressupõe a familiarização do aluno com os diferentes

tipos textuais, provenientes das várias práticas sociais de uma determinada comunidade

que utiliza a língua que se está aprendendo – literatura, publicidade, jornalismo, mídia.

Cabe ao professor criar condições para que o aluno seja um leitor crítico e que reaja aos

diferentes textos com que se depare. Para isso, o aluno deverá perceber que por trás de

cada texto há um sujeito, com uma história, com valores particulares e próprios da

comunidade em que está inserido e sempre carrega uma intenção. Além disso, o aluno

deverá ser capaz de perceber que as formas lingüísticas não são sempre idênticas, não

assumem sempre o mesmo significado, mas são flexíveis e variam dependendo do

contexto e da situação em que a prática social de uso da língua ocorre. Não se pode

esquecer que a leitura se refere também aos textos não-verbais – estejam eles combinados

ou não com os textos verbais.

É claro que o leitor de língua estrangeira será um leitor diferente do leitor de língua

materna, não se pode esperar a mesma fluência, mas o que se deve garantir é que o aluno

Page 16: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

receba subsídios para que consiga, gradualmente, compreender os enunciados na língua

alvo.

WRITING

A habilidade da escrita ajuda a identificar e expressar ideias através da escrita e de

atividades práticas desenvolvidas de forma a contribuir para que os alunos desenvolvam o

estilo de escrita e aprimorem sua capacidade de redação necessária no dia a dia e no

serviço.

Com relação a escrita não podemos esquecer que ela deve ser vista como uma

atividade sociointeracional, ou seja, deve ser significativa.

O aluno deve perceber que, entre outras coisas, há a necessidade de adequação ao

gênero, planejamento, articulação das partes, seleção da variedade linguística adequada

(formal/informal). Ao realizar escolhas que dependem da sua intenção, do interlocutor a

que se dirige e da construção de um estilo, o aluno estará desenvolvendo a sua identidade e

se constituindo como sujeito crítico. Também na escrita, é fundamental que o professor

proporcione ao aluno subsídios para que ele consiga expressa-se na Língua Estrangeira.

SPEAKING

A habilidade da fala focaliza as funções gerais da língua inglesa como a conversação

geral, incluindo a pronúncia e o uso efetivo do inglês em situações reais.

O speaking enfatiza o desenvolvimento da habilidade de comunicação oral

necessária para uma participação efetiva em discussões em sala de aula.

É preciso levar o aluno a desenvolver a sua capacidade de expressar-se oralmente e

compreender enunciados orais. Para se atingir esse objetivo é necessário que se criem

condições de prática significativa, que o aluno pratique a sua oralidade para compreender e

produzir enunciados que sejam realmente plenos de significado – perguntar a um aluno “o

que é aquilo?”, apontando para um quadro que está na parede não é significativo;

significativo seria perguntar qual a sua impressão sobre o quadro, por exemplo.

É preciso que o aluno perceba que, mesmo oralmente, há uma diversidade de

gêneros, que existe a necessidade de adequação da variedade linguística para as diferentes

situações, tal como ocorre na escrita e em língua materna.

Page 17: A construçao do conhecimento no ensino da língua inglesa

Enfim, se o objetivo é que o aluno consiga interagir na Língua Estrangeira para

ampliar seu conhecimento de mundo e ser capaz de interferir criticamente na sociedade, é

necessário que ele desenvolva a sua capacidade de ler, escrever, produzir e compreender

enunciados orais.

Se o discurso, em seus infinitos gêneros e diferentes modalidades é o eixo do estudo,

esses conhecimentos deverão ser utilizados simultaneamente. Além disso, é preciso levar

em conta, que esse conjunto de conhecimentos perpassará as quatro práticas fundamentais

da realização da língua.

Essas práticas podem ser trabalhadas juntas, simultaneamente, ou pode enfatizar-se

uma ou duas delas, dependendo do discurso (verbal-oral/escrito ou não-verbal) com que o

aluno interage, do interesse dos aprendizes e das condições em que acontece a prática de

ensino-aprendizagem.

Tendo em vista a formação do aluno crítico e capaz de interferir na sociedade, o

ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira deverá assumir uma nova perspectiva. O eixo

central deverá ser o discurso nas suas infinitas possibilidades e propiciar aos alunos

subsídios para que sejam capazes de compreender e produzir significados na língua alvo,

superando as práticas tradicionais que fixavam o foco em regras gramaticais ou estruturas

específicas.

Para tanto, as práticas fundamentais da realização da língua – ler, escrever, falar e

compreender auditivamente – e os conhecimentos necessários para a sua efetivação

deverão ser trabalhados sempre juntos, pois são indissociáveis. Pode-se sim, enfatizar um

ou outro, dependendo do contexto, mas nunca estudar uma única prática ou um único

conhecimento isolado.

A apreensão simultânea desses elementos garantirá uma aprendizagem efetiva de

Língua Estrangeira, pois propiciará a interação do aluno, através do discurso, com a

cultura e os valores da língua alvo.

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8. SOARES, Magda Becker. Aprender a escrever, ensinar a escrever. In: DP&A: SEPE,

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