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www.rffadvogados.pt Praça Marquês de Pombal, 16 – 5º (Recepção)/6º

1250-163 Lisboa • Portugal

T: +351 215 915 220 • F: +351 215 915 244

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TAX & BUSINESS

A presente Informação Fiscal destina-se a ser distribuída entre Clientes e Colegas e a

informação nela contida é prestada de forma geral e abstracta. Não deve servir de base para

qualquer tomada de decisão sem assistência profissional qualificada e dirigida ao caso

concreto. O conteúdo desta Informação Fiscal não pode ser reproduzido, no seu todo ou em

parte, sem a expressa autorização do editor. Caso deseje obter esclarecimentos adicionais

sobre este assunto contacte [email protected].

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Esta Informação Fiscal é enviada nos termos dos artigos 22.º e 23.º do Decreto-Lei n.º

7/2004, de 7 de Janeiro, relativa ao envio de correio electrónico não solicitado. Caso

pretenda ser removido da nossa base de dados e evitar futuras comunicações semelhantes,

por favor envie um email com “Remover” para o endereço email

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01

N º 2 6 / 1 4N º 2 6 / 1 4N º 2 6 / 1 4N º 2 6 / 1 4

A C O N S O L I D A Ç Ã O F I S C A L H O R I Z O N T A L ( A C Ó R D Ã O T J U E , D E 1 2 D E J U N H O )

Best Lawyers - "Tax Lawyer of the Year" 2014

Legal 500 – Band 1 Tax “Portuguese Law Firm” 2013

International Tax Review –"Best European Newcomer" (shortlisted) 2013

Chambers & Partners – Band 1 “RFF Leading Individual “ 2013

Who´s Who Legal – “RFF Corporate Tax Adviser of the Year” 2013

IBFD – Tax Correspondents Portugal, Angola and Mozambique

Por Acórdão proferido no passado dia 12 de

Junho1, o To To To Tribunal de ribunal de ribunal de ribunal de JJJJustiça da ustiça da ustiça da ustiça da UUUUnião nião nião nião

EEEEuropeia uropeia uropeia uropeia pronuncioupronuncioupronuncioupronunciou----se no sentido de que se no sentido de que se no sentido de que se no sentido de que

viola viola viola viola oooo princípio da liberdade de princípio da liberdade de princípio da liberdade de princípio da liberdade de

estabelecimentoestabelecimentoestabelecimentoestabelecimento aaaa legislação de um Estadolegislação de um Estadolegislação de um Estadolegislação de um Estado----

membro que permita a aplicação do regime da membro que permita a aplicação do regime da membro que permita a aplicação do regime da membro que permita a aplicação do regime da

consolidaçãoconsolidaçãoconsolidaçãoconsolidação fiscalfiscalfiscalfiscal2222 a uma sociedadea uma sociedadea uma sociedadea uma sociedade----mãemãemãemãe

(dominante)(dominante)(dominante)(dominante) residente que detenha filiaisresidente que detenha filiaisresidente que detenha filiaisresidente que detenha filiais

(dominadas)(dominadas)(dominadas)(dominadas) residentes, sendo que tal residentes, sendo que tal residentes, sendo que tal residentes, sendo que tal

possibilidade se encontra vedada possibilidade se encontra vedada possibilidade se encontra vedada possibilidade se encontra vedada

relativamente a sociedades irmãs residentes, relativamente a sociedades irmãs residentes, relativamente a sociedades irmãs residentes, relativamente a sociedades irmãs residentes,

sempre que a sociedadesempre que a sociedadesempre que a sociedadesempre que a sociedade----mãe comum não mãe comum não mãe comum não mãe comum não

tenha a sua sede nesse Estadotenha a sua sede nesse Estadotenha a sua sede nesse Estadotenha a sua sede nesse Estado----memememembro, nem mbro, nem mbro, nem mbro, nem

aí disponha de um estabelecimento estávelaí disponha de um estabelecimento estávelaí disponha de um estabelecimento estávelaí disponha de um estabelecimento estável.

Pronunciou-se, ainda, o TJUE, neste Acórdão,

no sentido de que viola, também, o princípio

da liberdade de estabelecimento a legislação

de um Estado-membro que permita a uma

sociedade-mãe beneficiar do regime da

consolidação fiscal conjuntamente com uma

subfilial residente, sempre que esta seja

detida por aquela por intermédio de uma ou

várias sociedades residentes, mas que já não

permita beneficiar desse regime, caso a

subfilial seja detida pela sociedade-mãe por

1 Acórdão proferido no âmbito dos processos apensos n.ºs

C 39/13, C 40/13 e C 41/13 2 Em Portugal, designado por Regime Especial de

Tributação dos Grupos de Sociedades, previsto no artigo

69.º e seguintes do Código do IRC

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intermédio de sociedades não residentes que

não dispõem de um estabelecimento estável

nesse Estado Membro.

Refira-se, desde já, que eeeesta decisão poderá sta decisão poderá sta decisão poderá sta decisão poderá

ter um forte impacto em Portugal, uma vez ter um forte impacto em Portugal, uma vez ter um forte impacto em Portugal, uma vez ter um forte impacto em Portugal, uma vez

que, actualmente, que, actualmente, que, actualmente, que, actualmente, a legislação fiscal a legislação fiscal a legislação fiscal a legislação fiscal

portuguesaportuguesaportuguesaportuguesa3333 aaaapenas permite a consolidação penas permite a consolidação penas permite a consolidação penas permite a consolidação

fiscal, no caso de todas as sociedades fiscal, no caso de todas as sociedades fiscal, no caso de todas as sociedades fiscal, no caso de todas as sociedades do do do do

grupogrupogrupogrupo terem a sua sede ou direcção efectiva terem a sua sede ou direcção efectiva terem a sua sede ou direcção efectiva terem a sua sede ou direcção efectiva

em território Portuguêsem território Portuguêsem território Portuguêsem território Português, não permitindo, por , não permitindo, por , não permitindo, por , não permitindo, por

isso, e contrariamente ao que determinou o isso, e contrariamente ao que determinou o isso, e contrariamente ao que determinou o isso, e contrariamente ao que determinou o

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dominante dominante dominante dominante tenha a sua sede ou direcção tenha a sua sede ou direcção tenha a sua sede ou direcção tenha a sua sede ou direcção

efectiva noutro Estadoefectiva noutro Estadoefectiva noutro Estadoefectiva noutro Estado----membro da União membro da União membro da União membro da União

EuropeiaEuropeiaEuropeiaEuropeia....

A respeito, em concreto, da decisão do TJUE,

importa referir que tem sido entendimento

deste Tribunal4 que o princípio da liberdade de

estabelecimento compreende, relativamente

às sociedades constituídas em conformidade

com a legislação do Estado-Membro de

estabelecimento e que tenham a sua sede

social, a sua administração central, ou o seu

estabelecimento principal, no interior da

União, o direito de exercer a sua actividade no

Estado-membro em causa, por intermédio de

uma filial, de uma sucursal ou de uma agência.

3 Nos termos do disposto no Artigo 69.º, n.º 3, alínea a), do

Código do IRC, a aplicação do regime de tributação

consolidado tem como requisito: “As sociedades

pertencentes ao grupo têm todas sede e direção efetiva

em território português e a totalidade dos seus

rendimentos está sujeita ao regime geral de tributação

em IRC, à taxa normal mais elevada”. 4 Cfr. neste sentido o Acórdão “Felixstowe Dock and

Railway Company”, C-80/12

Em face deste direito, alguns Estados-

membros adoptaram na sua legislação o

regime da consolidação fiscal, o qual permite

que as sociedades-mães residentes e as suas

filiais residentes sejam tributadas como se de

uma única unidade fiscal se tratasse. Este

regime permite que as sociedades mães e

filiais sejam tributadas pelo lucro consolidado,

o que configura uma vantagem de tesouraria

para as sociedades envolvidas –

designadamente, ao permitir consolidar ao

nível da sociedade-mãe os lucros e as perdas

das sociedades integradas na unidade fiscal e

garantir a neutralidade fiscal das transacções

realizadas entre as sociedades do grupo5.

Em alguns Estados-membros

o referido regime de consolidação fiscal é

inclusivamente alargado no sentido de

abranger as sociedades subfiliais.

Ora, em face do Acórdão agora proferido, fica

claro que se encontra violado o princípio da

liberdade de estabelecimento sempre que o

alargamento do referido regime da

consolidação fiscal às sociedades mãe

residentes que queiram ser tributadas

conjuntamente com as suas subfiliais tenha

como condição o requisito de as filiais que

detêm as subfiliais serem residentes ou

disporem de um estabelecimento estável no

Estado-membro em causa.

Refira-se, a este respeito, que a legislação

portuguesa se encontra em linha com esta

decisão, uma vez que permite a aplicação do

5 Cfr. neste sentido o Acórdão “X Holding”, C 337/08

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regime especial de tributação dos grupos de

sociedades, sempre que a sociedade

dominada seja detida pela sociedade

dominante através de uma sociedade

residente num Estado-membro, desde que

esta sociedade seja detida em pelo menos

75% pela sociedade dominante6.

Contudo, o mesmo Acórdão veio, igualmente,

afirmar que se encontra, também, violado o

princípio da liberdade de estabelecimento,

sempre que a lei exclua da aplicação do regime

da consolidação fiscal sociedades irmãs

residentes, sempre que a sociedade-mãe

comum (sociedade dominante) não tenha a

sua sede nesse Estado-membro, nem aí

disponha de um estabelecimento estável.

Conforme acima referimos, Portugal não é

impermeável a esta parte da decisão, uma vez

que a legislação fiscal portuguesa não permite

a consolidação fiscal, sempre que uma das

sociedades do grupo não tenha sede ou

direcção efectiva em Portugal.

Importa, contudo, notar, que, na sequência

desta decisão, foi já aprovada em Conselho de

Ministros uma proposta de Lei que prevê a

alteração ao Código do IRC, no sentido de

“duas ou mais sociedades cuja sociedade

dominante tenha sede ou direção efetiva

noutro Estado-Membro da União Europeia, ou

do Espaço Económico Europeu, poderem

optar pelo regime especial de tributação dos

grupos de sociedades já previsto para as que

tenham sociedade dominante em território

6 Cfr. artigo 69.º, n.º 5, alínea b), do Código do IRC

português” (vd. Comunicado do Conselho de

Ministros, de 25 de Setembro de 2014).

Importa, contudo, aguardar pela publicação da

referida Lei, para que se possa concluir, com

maior precisão, sobre o âmbito da mesma e as

suas implicações fiscais.

Sem prejuízo da entrada em vigor do referido

diploma legal e do respectivo âmbito de

aplicação, a Administração tributária deveria,

doravante, em face da decisão do TJUE ora em

apreço, ser instruída no sentido de aceitar a

consolidação fiscal, independentemente do

facto de a sociedade dominante estar

localizada na União Europeia e todos os

restantes requisitos estarem preenchidos, sob

pena de, não o fazendo, violar o referido

princípio comunitário da liberdade de

estabelecimento.

Lisboa, 30 de Setembro de 2014

Rogério M. Fernandes Ferreira

Marta Machado Almeida

Pedro Saraiva Nércio