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56 Ide Contar a Boa Nova A Conferência em Jerusalém (Atos 15:1-35; Gálatas 2) Começam os Problemas Internos Até este momento, inúmeros gentios tinham se tornado cristãos. Homens como aqueles mencionados em 11:20 começaram a pregar livremente aos gentios, logo depois que Cornélio foi convertido. E, certamente, durante sua primeira excursão de pregação, Paulo e Barnabé haviam pregado sem restrição entre os gentios. Quando converteu Cornélio, Pedro foi questionado sobre seu ato pelos irmãos de Jerusalém. Mas, assim que lhes contou as minúcias do que havia acontecido, foi unânime a concordância entre eles de que “também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para a vida” (11:18). Agora, no entanto, surgem problemas. Havia forte oposição por parte de alguns cristãos judeus a batizar os gentios sem que fossem primeiro circuncidados. Note que este conflito não veio de fontes externas, mas de dentro da própria igreja. Estes são judeus que haviam aceito o evangelho de Cristo. O problema é que eles pensam que as bênçãos de Deus só podem ser dadas a judeus, e que eles são o único povo escolhido de Deus. Portanto, estão dizendo que os gentios precisam primeiro se tornar parte da aliança com Deus (isto é, através do sinal da circuncisão) antes que tenham o direito de ser salvos. Este era um assunto muito importante. Poderia ter dificultado intensamente o progresso do evangelho. Foi a fonte de muitos conflitos nos anos que se seguiram. Paulo trata desta questão freqüentemente em seus escritos. Gálatas 2 acrescenta bastante ao estudo de Atos 15, por isso recorreremos a alguns pontos de Gálatas, nos momentos oportunos. Nota Cronológica Exceto pela breve visita a Jerusalém, para levar o auxílio de Antioquia aos pobres, que é mencionado em 11:30 e 12:25, quatorze anos já se passaram desde que Paulo esteve em Jerusalém, dezessete anos desde sua conversão (veja Gálatas 1:18; 2:1). Se as datas que temos indicado forem corretas, e se ele foi convertido no ano 31 ou 32 d.C., agora seria o ano 48 ou 49 d.C. Esta data combina muito bem com todos os outros fatos conhecidos. Enquanto Paulo e Barnabé ainda estavam em Antioquia, depois de sua primeira viagem de pregação, certos homens vieram da Judéia para Antioquia e ensinaram os irmãos dizendo: “A menos que vocês sejam circuncidados como Moisés ordenou, não poderão ser salvos.” Os homens da Judéia conferiam grande peso a qualquer mensagem que pudessem trazer, porque Jerusalém, na província da Judéia, foi onde o evangelho havia começado a ser pregado. Por um longo tempo depois que outros discípulos foram dispersados, os apóstolos permaneceram em Jerusalém. Alguns ainda estavam lá (Atos 15:4,6,22). Por isso, Jerusalém era ainda considerada a fonte da informação bem valiosa para os cristãos primitivos. Paulo e Barnabé tiveram extensos debates e muitas discussões com esses homens. Depois de algum tempo, ficou determinado que Paulo, Barnabé e alguns outros iriam aos apóstolos e anciãos de Jerusalém para discutir o assunto com eles. Paulo não sentia necessidade de ir a Jerusalém para aprender nada. A resposta já lhe havia sido dada pelo Espírito Santo. Não obstante, o Espírito revelou que ele deveria ir com os homens a Jerusalém (Gálatas 2:2). Em sua viagem para Jerusalém, Paulo e Barnabé visitaram as igrejas na Fenícia e Samaria. Em cada lugar, eles contavam como os gentios haviam sido convertidos. A mensagem deles trazia grande alegria a todos os irmãos. Quando chegaram a Jerusalém, receberam as boas vindas da igreja, dos apóstolos e dos anciãos (Atos 15:4). O primeiro encontro de Paulo foi com Tiago, Pedro e João, para que ele pudesse lhes dizer o que ele esteve pregando entre os gentios (Gálatas 2:2,9). O resultado deste encontro foi o pleno acordo, que é exatamente o que esperaríamos de homens inspirados. Pedro, Tiago e João entenderam plenamente que, como Deus tinha dado a Pedro a responsabilidade de pregar aos judeus, ele tinha dado a Paulo a responsabilidade de pregar aos gentios. Estes três homens estenderam a Paulo e Barnabé “a destra de comunhão” (Gálatas 2:7-9). Não havia ciúme nem discordância. Paulo não se encontrou com estes homens por duvidar que o Espírito desse a mesma revelação a cada homem inspirado, mas porque queria ver o que cada um tinha feito com essa revelação. A história de como Pedro se comportava em Antioquia (Gálatas 2:11-14), só pouco tempo depois desta conferência, mostra que o simples conhecimento da verdade nem sempre determina o que se faz. Depois de encontrarem-se com os três homens, Paulo e Barnabé disseram a toda a congregação tudo o que Deus havia feito através deles. Quando todos os Problemas se originam em uma nova fonte. Em vez desta ser a perseguição pelos incrédulos, é um conflito de crenças entre os próprios discípulos. Paulo e Barnabé sabiam que estes homens não estavam ensinando a verdade, mas os outros em Antioquia precisavam ter essa mensagem confirmada. Olhe seu mapa. Veja a rota terrestre de Antioquia a Jerusalém. Ache a Fenícia e Samaria.

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Page 1: A Conferência em Jerusalém - estudosdabiblia.net · Depois que Paulo e Barnabé terminaram sua mensagem, Tiago respondeu: Irmãos, ouçam-me. Simão (refere-se a Pedro)

56 Ide Contar a Boa Nova

A Conferência em Jerusalém(Atos 15:1-35; Gálatas 2)

Começam os Problemas InternosAté este momento, inúmeros gentios tinham se tornado cristãos. Homens como aqueles mencionados em 11:20 começaram a pregarlivremente aos gentios, logo depois que Cornélio foi convertido. E, certamente, durante sua primeira excursão de pregação, Pauloe Barnabé haviam pregado sem restrição entre os gentios.

Quando converteu Cornélio, Pedro foi questionado sobre seu ato pelos irmãos de Jerusalém. Mas, assim que lhes contou as minúciasdo que havia acontecido, foi unânime a concordância entre eles de que “também aos gentios foi por Deus concedido oarrependimento para a vida” (11:18).

Agora, no entanto, surgem problemas. Havia forte oposição por parte de algunscristãos judeus a batizar os gentios sem que fossem primeiro circuncidados. Noteque este conflito não veio de fontes externas, mas de dentro da própria igreja.Estes são judeus que haviam aceito o evangelho de Cristo. O problema é que elespensam que as bênçãos de Deus só podem ser dadas a judeus, e que eles são oúnico povo escolhido de Deus. Portanto, estão dizendo que os gentios precisamprimeiro se tornar parte da aliança com Deus (isto é, através do sinal dacircuncisão) antes que tenham o direito de ser salvos.

Este era um assunto muito importante. Poderia ter dificultado intensamente oprogresso do evangelho. Foi a fonte de muitos conflitos nos anos que se

seguiram. Paulo trata desta questão freqüentemente em seus escritos.

Gálatas 2 acrescenta bastante ao estudo de Atos 15, por isso recorreremos a alguns pontos de Gálatas, nos momentos oportunos.

Nota CronológicaExceto pela breve visita a Jerusalém, para levar o auxílio de Antioquia aos pobres, que é mencionado em 11:30 e 12:25, quatorzeanos já se passaram desde que Paulo esteve em Jerusalém, dezessete anos desde sua conversão (veja Gálatas 1:18; 2:1). Se as datasque temos indicado forem corretas, e se ele foi convertido no ano 31 ou 32 d.C., agora seria o ano 48 ou 49 d.C. Esta data combinamuito bem com todos os outros fatos conhecidos.

Enquanto Paulo e Barnabé ainda estavam em Antioquia, depois de sua primeiraviagem de pregação, certos homens vieram da Judéia para Antioquia e ensinaramos irmãos dizendo: “A menos que vocês sejam circuncidados como Moisésordenou, não poderão ser salvos.”

Os homens da Judéia conferiam grande peso a qualquer mensagem que pudessemtrazer, porque Jerusalém, na província da Judéia, foi onde o evangelho haviacomeçado a ser pregado. Por um longo tempo depois que outros discípulosforam dispersados, os apóstolos permaneceram em Jerusalém. Alguns aindaestavam lá (Atos 15:4,6,22). Por isso, Jerusalém era ainda considerada a fonteda informação bem valiosa para os cristãos primitivos.

Paulo e Barnabé tiveram extensos debates e muitas discussões com esses homens. Depois de algum tempo, ficou determinado quePaulo, Barnabé e alguns outros iriam aos apóstolos e anciãos de Jerusalém para discutir o assunto com eles.

Paulo não sentia necessidade de ir a Jerusalém para aprender nada. A resposta já lhe havia sido dada pelo Espírito Santo. Nãoobstante, o Espírito revelou que ele deveria ir com os homens a Jerusalém (Gálatas 2:2).

Em sua viagem para Jerusalém, Paulo e Barnabé visitaram as igrejas na Fenícia e Samaria. Em cada lugar, eles contavam como osgentios haviam sido convertidos. A mensagem deles trazia grande alegria a todos os irmãos.

Quando chegaram a Jerusalém, receberam as boas vindas da igreja, dos apóstolos e dos anciãos (Atos 15:4). O primeiro encontrode Paulo foi com Tiago, Pedro e João, para que ele pudesse lhes dizer o que ele esteve pregando entre os gentios (Gálatas 2:2,9).O resultado deste encontro foi o pleno acordo, que é exatamente o que esperaríamos de homens inspirados. Pedro, Tiago e Joãoentenderam plenamente que, como Deus tinha dado a Pedro a responsabilidade de pregar aos judeus, ele tinha dado a Paulo aresponsabilidade de pregar aos gentios. Estes três homens estenderam a Paulo e Barnabé “a destra de comunhão” (Gálatas 2:7-9).Não havia ciúme nem discordância.

Paulo não se encontrou com estes homens por duvidar que o Espírito desse amesma revelação a cada homem inspirado, mas porque queria ver o que cada umtinha feito com essa revelação. A história de como Pedro se comportava emAntioquia (Gálatas 2:11-14), só pouco tempo depois desta conferência, mostraque o simples conhecimento da verdade nem sempre determina o que se faz.

Depois de encontrarem-se com os três homens, Paulo e Barnabé disseram a todaa congregação tudo o que Deus havia feito através deles. Quando todos os

Problemas se originam emuma nova fonte. Em vezdesta ser a perseguiçãopelos incrédulos, é umconflito de crenças entre ospróprios discípulos.

Paulo e Barnabé sabiam queestes homens não estavamensinando a verdade, mas osoutros em Antioquiaprecisavam ter essamensagem confirmada.

Olhe seu mapa. Veja a rotaterrestre de Antioquia aJerusalém. Ache a Fenícia eSamaria.

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A Conferência em Jerusalém 57

irmãos ouviram a história deles, alguns da seita dos fariseus que acreditavam levantaram-se dizendo: “Os gentios terão que sercircuncidados e precisam ser ensinados a obedecer à lei de Moisés.”

Observe que estes são os fariseus que acreditavam. Estamos tão habituados aouvir os fariseus fazerem objeção contra o ensinamento de Jesus que seria fácilpara nós pensar que isto era mais oposição de judeus descrentes. Mas estes eramhomens que haviam sido fariseus e que haviam aceito a palavra do evangelho. Oproblema era que não entendiam como os gentios eram aceitos nos mesmostermos em que eles próprios eram aceitos diante de Deus. Eles viveram suas vidassendo muito cuidadosos em se manter separados de todos os costumes dosgentios, sendo assim, para eles, uma lição difícil de aceitar.

Mas Paulo e aqueles que estavam com ele não se renderam a tais exigências, nemmesmo por uma hora, para que a verdade do evangelho pudesse fluir sem restrição (Gálatas 2:4-5). Finalmente, durante uma reuniãona qual houve muito debate, Pedro se levantou e disse:

Irmãos, vocês sabem que algum tempo atrás Deus fez a escolha entre vocês para que, por minha boca, os gentiosouvissem o evangelho e cressem. E Deus, que sabe o que está no coração de cada um, deu seu testemunho a elesdando-lhes o Espírito Santo, assim como fez conosco. Ele não fez distinção alguma entre nós e eles, limpandoseus corações pela fé. Agora, por que testam a paciência de Deus exigindo que os discípulos façam o que nemnós nem nossos antepassados fomos capazes de fazer? Em vez disso, acreditamos que seremos salvos atravésda graça de Deus, exatamente como os gentios.

O argumento básico de Pedro era que, na salvação de Cornélio pela fé, Deus deu um exemplo que mostrava que todos os gentiosseriam salvos, sem ser exigido que fossem circuncidados ou que guardassem a lei de Moisés. Assim, o exemplo apostólico éclaramente estabelecido como um modo pelo qual Deus pode tornar sua vontade conhecida, e pela qual ele pode exigir que oshomens sigam certos procedimentos.

Depois do discurso de Pedro, todos permaneceram em silêncio e ouviram Barnabé e Paulo contando novamente os sinais emaravilhas que Deus tinha feito entre os gentios, através deles.

Não nos é contada nenhuma conclusão que Barnabé e Paulo declararam quando contaram os milagres que Deus tinha feito atravésdeles. E no entanto, não estavam eles afirmando um ponto? O ponto é que Deus abençoava o trabalho que eles estavam fazendo,com sinais e maravilhas. Ele não os teria abençoado se não aprovasse suas ações. Mas Paulo e Barnabé não haviam exigido que osgentios convertidos fossem circuncidados ou que guardassem a lei de Moisés. Portanto, era uma conclusão necessária, que Deus tinhaaprovado que os gentios fossem salvos sem circuncisão e sem guardar a lei de Moisés.

Depois que Paulo e Barnabé terminaram sua mensagem, Tiago respondeu:

Irmãos, ouçam-me. Simão (refere-se a Pedro) lembrou-nos de como Deus veio primeiro em auxílio dos gentiospara tirar deles um povo para seu nome. E as palavras dos profetas estão de acordo com isso, como está escrito:“Depois destas coisas voltarei e reerguerei a tenda de Davi que está caída, e levantarei suas ruínas para que orestante dos homens possam buscar ao Senhor e todos os gentios que se chamam pelo meu nome, diz o Senhor,que revela as coisas dos tempos anteriores” (Amós 9:11-12).

Por isso, de minha parte, meu julgamento é que não perturbemos aqueles dentre os gentios que estão seconvertendo ao Senhor. Em vez disso, deveremos escrever a eles, dizendo-lhes que deverão se abster dacontaminação dos ídolos, da fornicação, dos animais que são estrangulados e do sangue. Pois Moisés tem sidopregado em cada cidade por muitos e muitos anos, e é lido nas sinagogas a cada sábado.

Vejam as coisas proibidas. Toda a idolatria era proibida e além de qualquer contaminação relacionada com ídolos. A fornicaçãoera incluída na lista porque era quase universalmente praticada ligada à adoração dos ídolos.

Ainda que alguns ligassem o comer coisas estranguladas com a idolatria, parece muito mais claro ligá-lo com a proibição de comersangue, uma vez que o animal estrangulado não sangra adequadamente e ainda tem sangue.

Já houve questões sobre o porquê a proibição de comer sangue é incluída na lista. Porque esta determinada lei das ordenanças de Moisés? Por que não ordenar que fossemcircuncidados? A resposta mais lógica é que a proibição de comer sangue não erapeculiar à lei de Moisés. O mandamento tinha sido dado a toda a humanidadeimediatamente depois do dilúvio (Gênesis 9:3-4). Esta proibição foi repetida na leide Moisés, mas não se originou nela (Levítico 17:10-16). Portanto, a proibição decomer sangue é encontrada em todas as três épocas principais. Volte e olhe aspassagens no Velho Testamento para ver o porquê a proibição foi feita em cada umadas primeiras épocas. A mesma razão existe sob a nova lei.

Ao mencionar o fato de que a lei de Moisés era lida todos os sábados em todoo Império, parece que Tiago estava tentando assegurar aos judeus de que a leicontinuaria a ser respeitada e lembrada.

Depois que Tiago falou, os apóstolos, os anciãos, e, na verdade, toda a igreja,decidiram escolher homens para ir com Paulo e Barnabé a Antioquia para levarsua conclusão aos irmãos. Eles escolheram Judas Barsabás e Silas, homensinfluentes entre os irmãos, e escreveram uma carta para levarem aos irmãos gentios. A carta dizia:

O Tiago mencionado nestahistória era o irmão doSenhor (Gálatas 1:19). Tiago,o irmão de João, já estavamorto (Atos 12:1-2).

“Porque a vida da carne estáno sangue. Eu vo-lo tenhodado sobre o altar . . .Portanto, tenho dito aosfilhos de Israel: nenhumaalma de entre vós comerásangue, nem o estrangeiroque peregrina entre vós ocomerá” (Levítico 17:11-12).

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58 Ide Contar a Boa Nova

Os apóstolos e os anciãos, como irmãos, para os irmãosgentios que estão em Antioquia, Síria e Cilícia. Saudações.

Ouvimos que alguns homens que saíram dentre nós os têmperturbado com suas palavras, desencaminhando-os. Nãodemos a esses homens tal mandamento. Portanto, pareceu-nos bem, tendo todos chegado à mesma conclusão, escolherhomens e enviá-los a vocês com nossos amados Barnabé ePaulo, homens que arriscaram suas vidas pelo nome denosso Senhor Jesus Cristo.

Enviamos, portanto, Judas e Silas, que lhes dirão as mesmascoisas com suas palavras. Pareceu bem ao Espírito Santo ea nós não sobrecarregá-los com carga maior do que estascoisas essenciais: que se abstenham de coisas sacrificadas aídolos, de sangue, de coisas estranguladas e de fornicação,das quais, se se abstiverem, farão bem.

Tudo de bom para vocês.

Um dos “alguns outros” que foram de Antioquia com Paulo e Barnabé (Atos 15:2) era um homem chamado Tito, um discípulogrego que foi, nesta ocasião, como uma espécie de prova. Quando a discussão terminou, Tito não foi compelido a ser circuncidado,como prova de que Paulo havia sido correto em seu ensinamento (Gálatas 2:1-3).

Paulo, Barnabé e SeusCompanheiros Retornam a Antioquia (Atos 15:30-35)

Quando foram dispensados, Paulo, Barnabé e seus companheiros (Tito, Judas, Silas e outros não mencionados especificamente masincluídos entre os “alguns outros” que os tinham acompanhado a Jerusalém) foram todos para Antioquia. Tendo reunido a multidãodos discípulos, eles leram a carta. Todos se regozijaram quando ouviram a leitura da carta por causa do seu encorajamento.

Judas e Silas também eram profetas e exortavam os irmãos com muitas palavrase os fortaleciam. Depois de passar algum tempo com os discípulos, Judas voltoupara casa, mas Silas decidiu continuar em Antioquia pregando a palavra doSenhor junto a muitos outros.

Quando Paulo conta a história desta reunião em Jerusalém, ele acrescenta maisum fato que não está incluído pelo historiador Lucas. Quando Pedro, João eTiago lhes deram “a destra da comunhão” e os encorajaram a levar o evangelhoaos gentios, como Deus tencionava, eles pediram a Paulo e Barnabé para que selembrassem dos pobres (presumivelmente entre os judeus, uma vez que esteseram aqueles com quem estes três homens lidavam mais). Paulo disse quecontinuava a manter esta meta daquele tempo em diante (Gálatas 2:10).

Por que havia tanta discussão no primeiro século sobre a questão da circuncisão?Por que a circuncisão? Por que não uma das outras leis de Moisés?

Para entender o raciocínio dos judeus, olhe, em Gênesis 17, quando a lei da circuncisão foi dada pela primeira vez. Naquele tempo,Deus ordenou a Abraão que fosse circuncidado, como um sinal da aliança que tinha sido feita entre eles. A Abraão foi ordenadoque todos os homens em sua casa fossem circuncidados, tanto nascidos em sua família como escravos. Daquele dia em diante,qualquer homem que não fosse circuncidado tinha que ser separado e não mais ser contado como herdeiro das promessas que Deustinha feito a Abraão. Era, portanto, um assunto sério se alguém se recusasse a ser circuncidado.

Mas vejamos as promessas que faziam parte da aliança da qual a circuncisão era o sinal. Houve três promessas feitas a Abraãoquando Deus o trouxe para a terra de Canaã: Deus prometeu que faria uma grande nação dos descendentes de Abraão; ele prometeudar a terra de Canaã a esses descendentes; e prometeu abençoar todas as nações através daquele que viria dos descendentes de Abraão(Gênesis 12:1-7).

Os judeus pensavam que todas as três promessas estavam ligadas ao sinal da circuncisão. Mas olhemos cuidadosamente Gênesis 17.Deus repetiu sua promessa de fazer uma grande nação da semente de Abraão nesse trecho. De fato, ele aumentou a promessa para

dizer que Abraão seria o pai de “muitas” nações. Deus também repetiu apromessa de que daria a terra de Canaã a essa nação (veja Gênesis 17:4-8). MasDeus não repetiu aqui que ele abençoaria todas as nações através da semente deAbraão (compare Gênesis 12:3 com o que é dito em Gênesis 17).

Os judeus estavam certos ao pensar que o sinal da circuncisão era uma partenecessária para ser da raça escolhida de Abraão, para ser herdeiro da terra deCanaã. Porém não estavam corretos ao pensar que o direito de compartilhar dasbênçãos que viriam através de Cristo, o descendente de Abraão, dependia doritual da circuncisão. Eles achavam que os gentios tinham que ser circuncidadospara mostrar que eram herdeiros das promessas a Abraão, antes que pudessemfazer parte do povo escolhido de Deus.

Os homens em Jerusalémpediram que Paulo e Barnabése lembrassem dos pobresentre os santos judeus e quenão esquecessem destaincumbência. Paulo nãoesquece e, mais tarde,recolhe a dádiva dos gentioscristãos para levar aJerusalém.

A circuncisão era um sinal daaliança entre Deus e Abraãoe seus descendentes. Sealguém não era circuncidado,não era mais um herdeiro

das promessas. Mas somenteas promessas de nação eterra estavam ligadas ao

ritual da circuncisão.

Os judeus pensavam que abênção espiritual tambémestava ligada à circuncisão.Era por isso que pensavamque os gentios não poderiamser herdeiros da salvaçãosem o sinal da aliança.

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