a concepção da linguagem como espaço de interação

2
Vanessa Aparecida Ricardo Anastacio Letras - Português Outubro/2012 Dissertação Apresentada ao Curso de Formação de Professores do Estado de São Paulo. A concepção da Linguagem como Espaço de Interação. Competências Cognitivas Necessárias ao Professor para a Prática em Sala de Aula. A concepção de linguagem como espaço de interação, envolvendo um determinado contexto de comunicação, requer uma nova postura diante do ensino do texto em sala de aula. De um lado, convencionou-se trabalhar com tipos textuais; de outro, gêneros textuais. Nesse sentido, que conceitos o professor precisa dominar para realizar tal prática? Primeiramente, é preciso que o professor tenha a compreensão e conceba a linguagem no seu mais amplo e dinâmico sentido; a serviço da comunicação e expressão como mediadora das práticas sociais e do ensino. Através dessa concepção o professor conseguirá trabalhar a linguagem em situação real de isto é, não só ensinar as palavras, mas contextualizá-la a seus significados culturais e/ou sociais. É recorrente nas discussões de ensino o tema tratado no presente módulo, de como trabalhar os textos, a tipologia e os gêneros textuais em sala de aula, quando o que encontramos muitas vezes é uma forte resistência por parte dos alunos em relação à leitura e, principalmente, a produção de textos. Os argumentos alegados para tal resistência é que a ação de expressar concretamente suas idéias, se expressar oralmente em conversa informal ou questionamentos orais por parte do professor, é algo que flui naturalmente, é um processo do qual se sentem à vontade a desenvolver, no entanto, quando têm que fazer isso concretamente, isto é, colocar as idéias no papel, torna-se uma tarefa árdua quase que impossível, desempenhada sempre de má vontade ou ‘sob tortura’ (Qual vai ser minha nota professora? O que você espera que eu escreva, o que eu tenho que escrever?!), essa resistência é humanamente justificável, tendo em vista que o processo da fala é tão espontâneo e de certa forma livre que oferece aos alunos uma certa liberdade em expressar-se sem censuras, quanto ao desenvolvimento do texto, vocabulário, sentido, objetivos do professor, dentre outros.

Upload: vanessa-aparecida-r-anastacio

Post on 20-Jul-2015

302 views

Category:

Education


3 download

TRANSCRIPT

Vanessa Aparecida Ricardo Anastacio

Letras - Português Outubro/2012

Dissertação Apresentada ao Curso de

Formação de Professores do Estado de

São Paulo.

A concepção da Linguagem como Espaço de Interação. Competências

Cognitivas Necessárias ao Professor para a Prática em Sala de Aula.

A concepção de linguagem como espaço de interação, envolvendo um determinado

contexto de comunicação, requer uma nova postura diante do ensino do texto em sala de

aula. De um lado, convencionou-se trabalhar com tipos textuais; de outro, gêneros

textuais.

Nesse sentido, que conceitos o professor precisa dominar para realizar tal prática?

Primeiramente, é preciso que o professor tenha a compreensão e conceba a

linguagem no seu mais amplo e dinâmico sentido; a serviço da comunicação e expressão

como mediadora das práticas sociais e do ensino. Através dessa concepção o professor

conseguirá trabalhar a linguagem em situação real de isto é, não só ensinar as palavras,

mas contextualizá-la a seus significados culturais e/ou sociais.

É recorrente nas discussões de ensino o tema tratado no presente módulo, de

como trabalhar os textos, a tipologia e os gêneros textuais em sala de aula, quando o que

encontramos muitas vezes é uma forte resistência por parte dos alunos em relação à

leitura e, principalmente, a produção de textos. Os argumentos alegados para tal

resistência é que a ação de expressar concretamente suas idéias, se expressar oralmente

em conversa informal ou questionamentos orais por parte do professor, é algo que flui

naturalmente, é um processo do qual se sentem à vontade a desenvolver, no entanto,

quando têm que fazer isso concretamente, isto é, colocar as idéias no papel, torna-se

uma tarefa árdua quase que impossível, desempenhada sempre de má vontade ou ‘sob

tortura’ (Qual vai ser minha nota professora? O que você espera que eu escreva, o que eu

tenho que escrever?!), essa resistência é humanamente justificável, tendo em vista que o

processo da fala é tão espontâneo e de certa forma livre que oferece aos alunos uma

certa liberdade em expressar-se sem censuras, quanto ao desenvolvimento do texto,

vocabulário, sentido, objetivos do professor, dentre outros.

Vejamos, se a comunicação, bem como a interação social se constrói também por

intermédio dos textos, o professor deve possibilitar aos alunos a oportunidade de produzir

e compreender textos, de maneira adequada a cada situação de interação comunicativa.

Para que isso aconteça o professor precisa ter conhecimento das tipologias e dos

gêneros textuais, de como se estruturam, de onde se aplicam, por onde circulam, a quem

e a que se destinam e, qual o mais adequado para a proposta dada. Criando aos alunos

situações-problema, o uso real da língua que desafiem o aluno não só a compreender

como também a identificar e produzir os diferentes tipos e gêneros discursivos.

Isto é, não se trata de apresentar apenas aos alunos que tipologia textual

constituem sequências linguísticas ou sequências de enunciados no interior dos gêneros

que abrangem um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos

lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal, que são denominados; narração,

argumentação, descrição, injunção e exposição; e que gêneros por sua vez constituem

textos realizados cumprindo funções em situações comunicativas, que podem ser;

telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, aula expositiva, romance, conversa

espontânea, cardápio etc. Evidente que seria uma insanidade conceber o ensino dessa

maneira, o professor precisa claro apresentar a matéria de maneira teórica, mas ela deve

sempre estar correlacionada, ou melhor, diretamente relacionada com a prática. Só

através do uso real, isto é, colocados em situações de ‘conflito’ cuja única resolução

possível provenha da produção e compreensão dos tipos/ e gêneros é que esses alunos

perceberão a importância de conhecer e aprimorar-se linguisticamente para poderem

interagir nos mais variados contextos e com diversos objetivos e interlocutores, tirando o

máximo de proveito dessas interações.