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Pronome Oblíquo Átono São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca. Por exemplo: Ele me deu um presente. O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado: - 1ª pessoa do singular (eu): me - 2ª pessoa do singular (tu): te - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe - 1ª pessoa do plural (nós): nos - 2ª pessoa do plural (vós): vos - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes Observações: O lhe é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome o ou a e preposição a ou para. Por acompanhar diretamente uma preposição, o pronome lhe exerce sempre a função de objeto indireto na oração.

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Pronome Oblquo tono

So chamados tonos os pronomes oblquos quenoso precedidos de preposio.

Possuem acentuao tnicafraca.

Por exemplo:

Elemedeu um presente.

O quadro dos pronomes oblquos tonos assim configurado:

- 1 pessoa do singular (eu):me

- 2 pessoa do singular (tu):te

- 3 pessoa do singular (ele, ela):o, a, lhe

- 1 pessoa do plural (ns):nos

- 2 pessoa do plural (vs):vos

- 3 pessoa do plural (eles, elas):os, as, lhes

Observaes:

Olhe o nico pronome oblquo tono que j se apresenta na forma contrada, ou seja, houve a unio entre o pronomeoouaepreposioaoupara. Por acompanhar diretamente uma preposio, o pronomelheexerce sempre a funo de objeto indireto na orao.

Os pronomesme,te,nosevospodem tanto ser objetos diretos como objetos indiretos.

Os pronomeso, a, oseasatuam exclusivamente como objetos diretos.

Nota:

Os pronomesme, te, lhe, nos, voselhespodem combinar-se com os pronomeso, os, a, as,dando origem a formas comomo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem:

- Trouxeste o pacote?

- No contaram a novidade a vocs?

- Sim, entreguei-toainda h pouco.

- No, nono-lacontaram.

No portugus do Brasil, essas combinaes no so usadas; at mesmo na lngua literria atual, seu emprego muito raro.

Ateno:

Os pronomeso, os, a, asassumem formas especiais depois de certas terminaes verbais. Quando o verbo termina em-z, -sou-r, o pronome assume a formalo, los, laoulas, ao mesmo tempo que a terminao verbal suprimida.

Por exemplo:

fiz + o = fi-lo

fazeis + o = fazei-lo

dizer + a = diz-la

Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as formasno, nos, na, nas.

Por exemplo:

viram + o: viram-no

repe + os = repe-nos

retm + a: retm-na

tem + as = tem-nas

A colocao dos pronomes tonos

O que diz aNova Gramtica do Portugus Contemporneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, a respeito da colocao dos pronomes tonos:1.Em relao ao verbo, o pronome tono pode estar:

a) Encltico, isto , depois dele:

Ex: Recomendamos-lhe.

b) Procltico, isto , antes dele:

Ex: Nslherecomendamos.

c) Mesocltico, ou seja, no meio dele, colocao que s possvel com formas do futuro do presente ou do futuro do pretrito:

Ex: Recomendar-lhe-emos.

Recomendar-lhe-amos.2.Sendo o pronome tono obje(c)to dire(c)to ou indire(c)to do verbo, a sua posio lgica, normal, a nclise:

Agarraram-naconseguindo, a muito custo, arrast-lado quarto.

Na segunda-feira, ao ir ao Morenal, parecera-lhesentir pelas costas risinhos a escarnec-la.H, porm, casos em que, na lngua culta, se evita ou se pode evitar essa colocao, sendo por vezes divergentes neste aspe(c)to a norma portuguesa e a brasileira.Procuraremos, assim, distinguir os casos de prclise que representam a norma geral do idioma dos que so optativos e, ambos, daqueles em que se observa uma divergncia de normas entre as variantes europeia e americana da lngua.

Regras gerais:

I. Com um s verbo.

1.) Quando o verbo est no futuro do presente ou no futuro do pretrito, d-se to-somente a prclise ou a mesclise do pronome:

Eumecalarei.Eumecalaria.Calar-me-ei.Calar-me-ia.2.) , ainda, preferida a prclise:

a) Nas oraes que contm uma palavra negativa (no, nunca, jamais, ningum, nada, etc.) quando entre ela e o verbo no h pausa:

Nolhesdizia eu?

-Nuncaovi to sereno e obstinado.

Ningummedisse que voc estava passando mal!

b) Nas oraes iniciadas com pronomes e advrbios interrogativos:

-Quemmebusca a esta hora tardia?

Por queteassustas de cada vez?

-Comoajulgariam os pais se conhecessem a vida dela?

c) Nas oraes iniciadas por palavras exclamativas, bem como nas oraes que exprimem desejo (optativas):

-Que o ventoteleve os meus recados de saudade.

-Que Deusoabenoe!

Bons olhosovejam!

d) Nas oraes subordinadas desenvolvidas, ainda quando a conjuno esteja oculta:-Quandomedeitei, meia-noite, os preos estavam altura do pescoo. Prefiro quemedesdenhem, quemetorturem, a quemedeixem s.

Que que desejas quetemande do Rio?

e) Com o gerndio regido da preposioem:

Emseela anuviando, emano vendo ()

3.) No se d a nclise nem a prclise com os particpios. Quando o particpio vem desacompanhado de auxiliar, usa-se sempre a forma oblqua regida de preposio: Exemplo:Dada amima explicao, saiu.

4.) Com os infinitivos soltos, mesmo quando modificados por negao, lcita a prclise ou a nclise, embora haja acentuada tendncia para esta ltima colocao pronominal:Canta-me cantigas parameembalar!

Para no fit-lo, deixei cair os olhos.

A nclise mesmo de rigor quando o pronome tem a formao(principalmente no feminino,a) e o infinitivo vem regido da preposioa:

Se soubesse, no continuaria a l-lo.

Logo os outros, camponeses e operrios, comearam a imit-la.

5.) Pode-se dizer que, alm dos casos examinados, a lngua portuguesa tende prclise pronominal:

a) quando o verbo vem antecedido de certos advrbios (bem, mal, ainda, j, sempre, s, talvez, etc.) ou expresses adverbiais, e no h pausa que os separe:

At a voz, dentro em pouco, jmeparecia a mesma.

Ao despertar, aindaasencontro l, sempresemexendo e discutindo.Nas pernasmefiava eu.

b) quando a orao, disposta em ordem inversa, se inicia por obje(c)to dire(c)to ou predicativo: Tiram mais que na ceifa; issotedigo eu.

A grande notciatedou agora.

-Razovellheparecia a soluo proposta.

c) quando o sujeito da orao, anteposto ao verbo, contm o numeralambosou algum dos pronomes indefinidos (todo, tudo, algum, outro, qualquer, etc.):

-Ambossesentiam humildes e embaraados.

-Algumlhebate nas costas.

d) nas oraes alternativas:

Das duas, uma: ouasfaz ela ouasfao eu.

6. Observe-se por fim que, sempre que houver pausa entre um elemento capaz de provocar prclise e o verbo, pode ocorrer a nclise:

Pouco depois, detiveram-sede novo.

A nclise naturalmente obrigatria quando aquele elemento, contguo ao verbo, a ele no se refere, como neste exemplo:

No, apeio-meaqui.

OBSERVAO:Costumam os escritores do idioma, principalmente os portugueses, inserir uma ou mais palavras entre o pronome tono em prclise e o verbo, sendo mais comum a intercalao da negativano:

-Era impossvel quelhe no deixasseuma lembrana.

-H tanto tempo queo no via!

IICom Uma Locuo Verbal.

1.Nas locues verbais em que o verbo principal est no infinitivo ou no gerndio pode dar-se:

1.) Sempre a nclise ao infinitivo ou ao gerndio:-O roupeiro veio interromper-me.

Que poder dizer-nosaquele rato de biblioteca?

-Ns amos seguindo; e, em torno, imensa, ia desenrolando-sea paisagem.

2.) A prclise ao verbo auxiliar, quando ocorrem as condies exigidas para a antecipao do pronome a um s verbo, isto :

a) quando a locuo verbal vem precedida de palavra negativa, e entre elas no h pausa:

Tempo que navegaremos nosepode calcular.

Ningumohavia de dizer.

b) nas oraes iniciadas por pronomes ou advrbios interrogativos:

Que malmehavia de fazer?

Em quelheposso ser til, senhor Petra?

c) nas oraes iniciadas por palavras exclamativas, bem como nas oraes que exprimem desejo (optativas):

-Comosevinha trabalhando mal!

-Deusnosh-de proteger!

d) nas oraes subordinadas desenvolvidas, inclusive quando a conjuno est oculta:O sufrgio quemevai dar ser para mim uma consagrao.

3.) A nclise ao verbo auxiliar, quando no se verificam essas condies que aconselham a prclise:

-Vo-mebuscar, sem mastros e sem velas ()

-Ia-meesquecendo dela.

2.Quando o verbo principal est no particpio, o pronome tono no pode vir depois dele. Vir, ento, procltico ou encltico ao verbo auxiliar, de acordo com as normas expostas para os verbos nas formas simples:

Tenho-otrazido sempre

Arrependa-se do que me disse, e tudolheser perdoado.

A Colocao Dos Pronomes tonos

A colocao dos pronomes tonos no Brasil, principalmente no colquio normal, difere da a(c)tual colocao portuguesa e encontra, em alguns casos, similar na lngua medieval e clssica.

Podem-se considerar como caractersticas do portugus do Brasil e, tambm, do portugus falado nas repblicas africanas:

a) a possibilidade de se iniciarem frases com tais pronomes, especialmente com a formame:Medesculpe se falei demais.

b) a preferncia pela prclise nas oraes absolutas, principais e coordenadas no iniciadas por palavra que exija ou aconselhe tal colocao:

Se Vossa Reverendssima me permite, eumesento na rede.

A sua prima Jlia, do Golungo,lhemandou um cacho de bananas.

c) a prclise ao verbo principal nas locues verbais:

No, no sabes e no possotedizer mais, j no me ouves.

Tudo iaseescurecendo.

Justificando esta ltima colocao, escreve Martinz de Aguiar:

Numa frase comoele vem-me ver, geral em Portugal, literria no Brasil, o fa(c)tor lgico deslocou o pronomemedo verbovem, para adjudic-lo ao verbover, por ser ele determinante, obje(c)to dire(c)to, do segundo e no do primeiro. Isto : deixou a lngua falada no Brasil de dizervem-me ver(factor histrico por ser mera continuao do esquema geral portugus), para dizervem me-ver, que tambm vigia na lngua, ligando-se o pronome ao verbo que o rege (factor/fator lgico).

Esta colocao de tal maneira se estabilizou, que pouco se dizvem ver-mee trouxe consequncias/conseqncias imprevistas:

1.) Pde-se juntar o pronome ao particpio procliticamente:Aqueles haviamse-corrompido.

2.) Pode-se pr o pronome depois dos futuros (do presente e do passado):Poderse-reduzir, poderiase-reduzir.

Deixando de ligar-se aos futuros, para unir-se ao infinitivo, deixou igualmente de interpor-se-lhes aos elementos constitutivos.

3.) Em frases comovamo-nos encontrar, deixando o pronome de pospor-se forma verbal pura, para antepor-se nominal, deixou igualmente de determinar a dissimilao das slabas parafnicas/parafnicas, podendo-se ento dizervamos nos-encontrar.

COLOCAO PRONOMINAL (PRCLISE, MESCLISE, NCLISE)

o estudo da colocao dos pronomes oblquos tonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relao ao verbo.

Os pronomes tonos podem ocupar 3 posies: antes do verbo (prclise), no meio do verbo (mesclise) e depois do verbo (nclise).

Esses pronomes se unem aos verbos porque so fracos na pronncia.

PRCLISE

Usamos a prclise nos seguintes casos:

(1) Com palavras ou expresses negativas: no, nunca, jamais, nada, ningum, nem, de modo algum.

- Nada me perturba.

- Ningum se mexeu.

- De modo algum me afastarei daqui.

- Ela nem se importou com meus problemas.

(2) Com conjunes subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.

- Quando se trata de comida, ele um expert.

- necessrio que a deixe na escola.

- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos sinceros.

(3) Advrbios

- Aqui se tem paz.

- Sempre me dediquei aos estudos.

- Talvez o veja na escola.

OBS: Se houver vrgula depois do advrbio, este (o advrbio) deixa de atrair o pronome.

- Aqui, trabalha-se.

(4) Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.

- Algum me ligou? (indefinido)

- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)

- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)

(5) Em frases interrogativas.

- Quanto me cobrar pela traduo?

(6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).

- Deus o abenoe!

- Macacos me mordam!

- Deus te abenoe, meu filho!

(7) Com verbo no gerndio antecedido de preposio EM.

- Em se plantando tudo d.

- Em se tratando de beleza, ele campeo.

(8) Com formas verbais proparoxtonas

- Ns o censurvamos.

MESCLISE

Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer amarei, amars, ...) ou no futuro do pretrito (ia acontecer mas no aconteceu amaria, amarias, ...)

- Convidar-me-o para a festa.

- Convidar-me-iam para a festa.

Se houver uma palavra atrativa, a prclise ser obrigatria.

- No (palavra atrativa) me convidaro para a festa.

NCLISE

nclise de verbo no futuro e particpio est sempre errada.

- Tornarei-me....... (errada)

- Tinha entregado-nos..........(errada)

nclise de verbo no infinitivo est sempre certa.

- Entregar-lhe (correta)

- No posso receb-lo. (correta)

Outros casos:

- Com o verbo no incio da frase: Entregaram-me as camisas.

- Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.

- Com o verbo no gerndio: Saiu deixando-nos por instantes.

- Com o verbo no infinitivo impessoal: Convm contar-lhe tudo.

OBS: se o gerndio vier precedido de preposio ou de palavra atrativa, ocorrer a prclise:

- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.

- Saiu do escritrio, no nos revelando os motivos.

COLOCAO PRONOMINAL NAS LOCUES VERBAIS

Locues verbais so formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerndio ou particpio.

AUX + PARTICPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa, o pronome dever ficar antes do verbo auxiliar.

- Havia-lhe contado a verdade.

- No (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.

AUX + GERNDIO OU INFINITIVO: se no houver palavra atrativa, o pronome oblquo vir depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.

Infinitivo

- Quero-lhe dizer o que aconteceu.

- Quero dizer-lhe o que aconteceu.

Gerndio

- Ia-lhe dizendo o que aconteceu.

- Ia dizendo-lhe o que aconteceu.

Se houver palavra atrativa, o pronome oblquo vir antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.

Infinitivo

- No lhe quero dizer o que aconteceu.

- No quero dizer-lhe o que aconteceu.

Gerndio

- No lhe ia dizendo a verdade.

- No ia dizendo-lhe a verdade.