a cidade pode vencer a violência

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A cidade pode vencer a violência Alberto Kopittke

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A Segurança Pública é uma das principais preocupações dos brasileiros, conforme pesquisa do IBOPE de 2011, com 33% e drogas 29% das avaliações. É o desafio que o novo Brasil tem que vencer no próximo milênio. Uma nova visão de Segurança, já experimentada e com resultados altamente positivos, com base na prevenção e integração com a comunidade é o que esta publicação apresenta. Alberto Kopittke

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A cidade podevencer a violência

A l b e r t oKopittke

Kopittke, Alberto.A Cidade pode vencer a violência / organizado por Alberto

Kopittke. – Porto Alegre/Rio Grande do Sul : Algo Mais, 201244p.

1. Segurança Pública. 2. Cidade. 3. Cidadania. I. Título

www.albertokopittke.com.br

[email protected]

twitter.com/albertolk

facebook.com/kopittke2012

Este trabalho foi licenciado com a Licença Creative Commons

Atribuição - NãoComercial - Compartilha Igual 3.0 Não Adaptada.

Para ver uma cópia desta licença, visite

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/deed.pt_BR

A cidade podevencer a violência

A Segurança Pública é uma das principais

preocupações dos brasileiros, conforme pesquisa

do IBOPE de 2011, com 33% e drogas 29% das

avaliações. É o desafio que o novo Brasil tem que

vencer no próximo milênio.

Uma nova visão de Segurança, já experimentada

e com resultados altamente positivos, com base

na prevenção e integração com a comunidade é

o que esta publicação apresenta.

A l b e r t oKopittke

4

Talvez seja difícil imaginar por que alguém que se diz idea-

lista e utópico escolhe se dedicar a Segurança Pública. Um tema

tão duro, que trata de criminalidade, violência e morte. Talvez ou-

tros temas como cultura, educação ou até mesmo saúde pública

sejam assuntos mais comuns de se ouvir nas rodas de esquerda.

Mas é exatamente por ter visto a dureza e, porque não dizer,

a crueldade envolvida na Segurança Pública do Brasil de nossos

dias, que escolhi dedicar meu ativismo político e minha carreira

profissional a esse tema.

Em nenhuma sociedade onde o medo seja constante, exis-

tem condições de propagar a ideia da solidariedade. Numa socie-

dade com medo, uma violência passa a justificar a próxima vio-

lência. Para proteger a si e sua família, o outro já não existe. Aliás,

A segurançacomo utopia

Alberto Kopittke n

5

o outro é ameaça e a rua espaço de sobrevivência e angústia.

Por isso é preciso sonhar com um país, um estado e uma

cidade mais seguros. Não a falsa segurança das ditaduras (de

esquerda ou de direita), mas a segurança da democracia e dos

direitos; não a falsa segurança da homogeneidade, mas a segu-

rança da diversidade, que celebra as diferenças; não a falsa se-

gurança de presídios cheios e ruas vazias.

Ver a segurança como utopia é sonhar que no lugar de cada

jovem vítima da violência ou perdido(a) para a dependência às

drogas, devemos ter um(a) artista, um(a) esportista ou um(a)

cientista.

Essa nova possibilidade de segurança começa pelas cida-

des, nas ruas e nos bairros onde vivemos, fazendo renascer o

convívio e a confiança, onde hoje existe apenas medo.

Se é verdade que a violência que explode nas ruas das maio-

res nações do mundo é fruto de um modelo de desenvolvimento

mundial injusto e desigual, gerador de insegurança e sem pers-

pectivas de um futuro melhor, também é verdade que será a partir

da mobilização das cidades que esse modelo pode ser revertido.

Minha utopia hoje é que outras cidades, como Porto Alegre,

possam vencer a violência e nossos jovens tenham a oportuni-

dade de viver e ajudar a construir esse novo país que está nas-

cendo.

Pode parecer utopia, mas hoje sabemos que é possível.

n Advogado, especialista em Segurança Pública.Coordenador da ONG RS Mais Seguro.

6

A noção de que a questão da Segurança Pública diz respeito

ao uso da força indiscriminada, sem planejamento e a compreen-

são do significado das corporações na institucionalidade do país

é uma visão que precisa ser superada e deixada de lado para

quem quer uma Segurança Pública adequada a um país demo-

crático e grandioso como é o nosso.

O trabalho que realizamos no Ministério da Justiça, que teve

a importante participação do Alberto Kopittke, desenhou uma

nova concepção de Segurança Pública para o país que não é fá-

cil de ser implementada, pois não é fenomênica, exige mudanças

em profundidade.

A experiência de Canoas e da implantação do Território da

Paz no bairro Guajuviras foi vanguarda e é fundamental porque

Uma nova visão de Segurança Pública

Tarso Genro n

7

é uma demonstração para a população de todo o Rio Grande do

Sul de que o problema da Segurança possui uma solução, sem

que se caia no equívoco de que a saída seria através de uma

atuação truculenta e arbitrária das polícias.

O que se fez em Canoas é uma experiência substantiva de

mudança do modelo de Segurança Pública e precisa ser expandi-

do para outras cidades do Estado. É esse caminho que trará uma

melhoria nas condições de segurança da população.

Não é através de propostas fenomênicas, autoritárias e pon-

tuais, que comumente surgem após a ocorrência de crimes bár-

baros, que será a solução para a violência.

O que adianta é polícia bem paga, polícia qualificada, tecno-

logias adequadas e, sobretudo, políticas preventivas que promo-

vam o encontro da população com os aparatos de segurança. É

isso que vai mudar a Segurança Pública e consolidar os princí-

pios substantivos da democracia no Brasil.

n Governador do RSDiscurso proferido por ocasião da inauguração da Central

de Polícia em Canoas-RS em 10 de maio de 2012

8

Quando escrevo ou falo sobre o estado atual da Segurança

Pública no Brasil, tenho sido crítico das instituições e das políti-

cas. Contudo, faço sempre algumas ressalvas, por uma questão

elementar de justiça e honestidade intelectual. Um dos tópicos

que enfatizo quando identifico as raras ilhas de excelência na

contramão da avassaladora mediocridade hegemônica, é o caso

Canoas: a experiência inovadora e bem sucedida levada a efeito

no município. Caso por todas as razões excepcional, que justifica

a perseverança dos que cultivamos a esperança, porque reaviva

a confiança na viabilidade e na efetividade das mudanças.

Canoas já prenunciava um experimento virtuoso antes mes-

mo que os resultados notáveis confirmassem as previsões mais

otimistas – e as superassem. O prenúncio alguns o percebíamos

na tríplice decisão política do prefeito Jairo Jorge da Silva: (1) criar

a secretaria municipal de Segurança Pública e Cidadania, dedica-

Uma longa travessia Luiz Eduardo Soares n

9

da a formular e implementar políticas voltadas para a promoção

da Segurança Pública Cidadã, especialmente concentradas na

prevenção da violência. (2) Nomear Alberto Kopittke secretário,

reconhecendo, portanto, o potencial para a gestão pública de um

dos jovens protagonistas do campo da Segurança Pública mais

talentosos, preparados, competentes, criativos e comprometidos

com os valores democráticos e humanistas. (3) Atribuir autono-

mia ao trabalho que a nova secretaria realizaria, não abdicando,

entretanto, de sua participação como autoridade política superior,

sem a qual tenderia a prevalecer a resistência inercial e corpora-

tivista às indispensáveis políticas inter-setoriais.

Na sequência, Alberto Kopittke compôs uma equipe técnica

qualificada, admitindo que o sucesso depende do empenho cole-

tivo. Graças a esse cuidado, o excelente trabalho pôde sobreviver

à sua saída. O atual secretário, Eduardo Pazinato, tem todos os

méritos para garantir a sequência exitosa das iniciativas e inovar.

Os passos, metodicamente empreendidos, incluiram: (1) a

realização de amplo e rigoroso diagnóstico das múltiplas dinâ-

micas em que prosperam atos violentos e criminosos, em sua

diversidade. E mais que isso: (2) a implantação de um sistema

analítico e tecnológico, profissional e funcional, para replicar, con-

tinuamente, o diagnóstico, dotando-o de dinamismo e o colocan-

do a serviço de ações, projetos, programas e políticas públicas

específicas. (3) As etapas do planejamento e da avaliação das

iniciativas adotadas foram ordenadas e inscritas nas rotinas da

secretaria. (4) Desde o primeiro momento, a inter-setorialidade

10

constituiu a matriz das políticas, uma vez que os problemas re-

velaram-se multifacetados e foram, por isso, abordados de uma

perspectiva pluridimensional. (5) A articulação estendeu-se além

das fronteiras do governo e do município: envolveu a sociedade

local, inclusive e de modo especial grupos mais vulneráveis; as

instituições atuantes nas áreas da Justiça e sócio-educativas; e

as instituições do Estado, em particular as polícias, sem cuja coo-

peração permanente teriam sido inviáveis tantas conquistas, tra-

duzidas na pronunciada redução das taxas de criminalidade. (6)

A Guarda Municipal mereceu investimentos dos mais diversos ti-

pos, buscando-se valorizar cada profissional e capacitá-lo(a) para

assumir responsabilidades equivalentes às de gestor(a) local da

segurança, com foco prioritário na prevenção. (7) Foi fundamental

a participação de Alberto no Ministério da Justiça, e foi também a

bandeira do então ministro Tarso Genro (expressa no Pronasci),

erguida com dignidade e coerência por Alberto Kopittke, mesmo

quando essa atitude lhe cobra um preço elevado, por conta das

resistências corporativas e conservadoras, às quais não raro tam-

bém dão a tônica a discursos e posturas da esquerda punitiva.

Refiro-me ao princípio segundo o qual não há Segurança Pública

que mereça esse nome sem respeito aos direitos humanos e não

há respeito aos direitos humanos sem Segurança Pública. Essa

crença que nos move a tantos de nós, em nossa militância e em

nosso pensamento, e que nos une, sempre, a despeito de diver-

gências e diferenças, projeta a temática da Segurança Pública

em planos muito mais amplos, cujos horizontes históricos são

11

mais exigentes e complexos. E, no entanto, essa constelação de

questões e dilemas resume-se, em última instância, a um ponto,

um compromisso ético-político, a um único vértice valorativo e

intelectual: a construção de um contexto prático e institucional

compatível com a disseminação hegemônica do respeito, na re-

alidade vivida, à dignidade do ser humano, em sua inesgotável

diversidade, de tal modo que seja valorizado como uma finalidade

em si mesma e jamais se reduza a meio ou instrumento para

outros fins, por mais nobres que sejam.

A experiência recente do município de Canoas representa

uma aula sobre como começar uma longa e tormentosa travessia

histórica com pequenos passos, realistas, prudentes, possíveis,

e ainda assim visionários, criativos e audaciosos. Nada disso

se logra realizar sem qualificação cognitiva e engajamento éti-

co na perspectiva humanista. A existência do “case” Canoas e a

sustentabilidade de sua linha política conferem credibilidade às

propostas de mudança na direção democrática. Por isso, os que

trabalhamos e militamos no campo da Segurança Pública e dos

direitos humanos somos gratos aos gestores locais e precisamos

que o processo municipal seja defendido ardorosamente. O su-

cesso de Canoas tem significados e implicações nacionais.

n Antropólogo e escritor, professor da UERJ e ex-secretário nacional de Segurança Pública. Seus livros mais recentes são: Tudo ou Nada (2012, Nova Fronteira); Justiça (2011, idem); Elite

da Tropa (2006, Objetiva) e Elite da Tropa 2 (2010, Nova Fronteira).

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Nos grandes centros urbanos do Brasil, principalmente nas

regiões metropolitanas, a violência é um problema central. A bus-

ca de novas políticas públicas que possam enfrentar a inseguran-

ça é o desafio da atualidade. Em todas as experiências exitosas,

realizadas em várias partes do mundo, segurança e cidadania

andam juntas. Assim se comporta o Pronasci, Programa Nacional

de Segurança com Cidadania, instituído pelo Governo Federal

durante a gestão do Presidente Lula, superando uma velha di-

cotomia e criando o protagonismo das cidades, para enfrentar a

violência urbana. A construção da paz no território do Guajuviras

é parte desta experiência, trabalho realizado com dedicação por

Alberto Kopttike, na implantação do projeto.

O Trabalho sério fez nascer um Território de Paz!

Jairo Jorge n

13

Guajuviras foi um bairro violento, conhecido como a Bagdá

gaúcha, que vivia em meio a uma guerra urbana, onde as vítimas

eram jovens. A comunidade vivia calada pelo medo, pois a morte

havia invadido o cotidiano das pessoas. Em dois anos de implan-

tação do Território de Paz, esta realidade mudou. Hoje a comu-

nidade está unida, a autoestima foi resgatada, e as estatísticas

revelam uma redução de 67 por cento nos homicídios.

O sucesso do Território de Paz está embasado em três pi-

lares: inclusão social; inteligência e tecnologia; e policiamento

comunitário.

Novos projetos sociais reduzem a violência doméstica, fazem

a mediação de conflitos entre vizinhos, apóiam os jovens em si-

tuação de risco, oferecem oportunidades culturais educacionais e

profissionais aos jovens. Motivam para um olhar positivo sobre a

comunidade onde vivem.

A inteligência e a tecnologia permitem usar a informação e o

conhecimento para enfrentar a violência. A instalação de câme-

ras, de um sistema de audiomonitoramento, que detecta tiros e a

criação do Observatório que analisa as informações, constituem

um importante diferencial na luta contra o crime.

O policiamento comunitário e a criação do Gabinete de Ges-

tão Integrada permitiram a união das forças policiais e todas as

agências envolvidas com a promoção da ordem no território. Com

os projetos da Ronda Escolar e Comunitária da Guarda Municipal

foi possível estar mais perto da comunidade e conferir segurança

ao espaço urbano.

14

Hoje o projeto Território de Paz Guajuviras está consolidado.

Alberto Kopttike foi fundamental na equação dos problemas e na

busca de soluções para a construção de uma nova política de

segurança em Canoas, que deverá servir de inspiração para que

outras cidades possam enfrentar o problema da violência e serem

protagonistas da paz. n Jornalista, prefeito de Canoas-RS

15

A Segurança Pública é, cada vez mais, o centro das pre-

ocupações de milhões de brasileiros. Como regra, sempre

que ouvimos falar no tema, as imagens que nos ocorrem são

acompanhadas por uma sensação de impotência. Tudo se pas-

sa como se, diante da escalada de crimes e de atos violentos,

estivéssemos todos diante de uma realidade inexorável onde

poderíamos lidar apenas com a sorte de não sermos as pró-

ximas vítimas. Por conta desta sensação, o medo se amplia e,

com ele, a dificuldade de reflexão que pavimenta o terreno para

as respostas demagógicas e irresponsáveis daqueles que se

nutrem da violência e lucram com ela.

Teríamos outras sensações, entretanto, se experiências

como aquelas que têm sido desenvolvidas em Canoas na área

Uma história diferente

Marcos Rolim n

16

da Segurança Pública fossem mais conhecidas. Naquela cida-

de, graças à determinação do Prefeito Jairo Jorge, o tema da

segurança foi assumido como uma responsabilidade também do

município. Assim, ao contrário do que ainda ocorre na maioria

das cidades brasileiras, deixou-se de ouvir a antiga desculpa:

-“Segurança é com o Estado”. Ao invés do discurso tradicional da

transferência de responsabilidades, se passou a dizer em Canoas

que “Segurança também é responsabilidade do município”. Esta

decisão da Prefeitura de Canoas foi correta e corajosa e quem foi

encarregado de torná-la realidade foi Alberto Kopittke, indicado

como Secretário Municipal de Segurança.

Acompanhei o trabalho de Alberto Kopittke ao longo do pri-

meiro ano de sua gestão em Canoas e sou testemunha da revo-

lução que ele colocou em marcha na Segurança Pública daquela

cidade. Muitas foram os acertos desta experiência. Entre eles,

destaco: a decisão de desenvolver uma política de segurança

a partir de um diagnóstico com base científica, a prioridade nas

iniciativas capazes de reduzir os homicídios, o investimento na

organização da Guarda Municipal e na qualificação dos seus

membros, e os esforços na formação e consolidação do Gabinete

de Gestão Integrada (GGI), reunindo as polícias e todas as insti-

tuições com interface na área da segurança.

Nestes e em todos os demais momentos, Alberto Kopittke

se revelou um gestor maduro, capaz de coordenar iniciativas

complexas e de encontrar soluções viáveis para problemas que,

antes, sequer chegavam ao conhecimento da Prefeitura. Soube

17

também formar uma equipe tecnicamente qualificada, inovando

em programas ousados e aglutinando, pela política de segurança,

uma rede social de entidades e instituições parceiras.

Os resultados colhidos especialmente quanto às taxas de

homicídio comprovam que é possível construir uma história di-

ferente na Segurança Pública. Uma história onde se amplia a

participação das pessoas, onde os profissionais da segurança

prestam contas de seu trabalho à cidadania e onde o medo vai

perdendo terreno para a confiança.

n Jornalista, sociólogo, militante dos Direitos Humanos, Professor no Centro Universitário Metodista (IPA),consultor em Segurança Pública.

18

Os estudiosos que se dedicam ao tema consensuam que as

medidas e projetos de Segurança Pública devem ser assumidos

pelo conjunto dos governos (municipais, estaduais e federal)

em parceria com a sociedade. Não há soluções simplistas nes-

te terreno. Ou seja, não basta prender quem praticou crimes; é

preciso prevenir, educar, combater, incluir, reinserir, num trabalho

contínuo e complexo, buscando comprometer os diversos atores

que podem e devem contribuir para criar um ambiente seguro,

agradável e saudável em nossa cidade. Penso que o município

deve assumir plenamente seu papel protagonista nas políticas de

segurança e prevenção da criminalidade e violência.

Considerando, portanto, este debate em nível municipal,

devemos a Segurança Pública a partir de um novo paradigma.

n Adão Villaverde

Um trabalho contínuo e complexo

FOTO

19

mesmo que, do ponto de vista da responsabilidade e do financia-

mento, a segurança não seja incumbência da prefeitura, reforço a

ideia que o município tem que atuar ativamente, seja reformando

a guarda municipal e melhorando a iluminação pública, seja arti-

culando as forças de segurança e coordenando ações da Guarda

do Município, da Policia Civil, da Brigada, unindo as inteligências

contra a insegurança.

Para a área da Segurança, a prefeitura tem que colocar até

recursos orçamentários, se isso for necessário. Mas o foco deve

ser, sempre, as pessoas e seu o bem estar.

n Deputado Estadual PT-RS

20

Até a criação do Programa Nacional de Segurança Pública e

Cidadania- Pronasci, em 2007, passamos muitas décadas redu-

zindo o problema da violência a um problema de polícia, sem um

olhar mais amplo e uma melhor capacidade do Estado em reduzir

os fatores que causam e potencializam a violência.

Temos atuado sem integração, agindo sempre nas conse-

qüências e não nas origens do problema. Falta-nos o hábito do

planejamento, um acompanhamento permanente de indicado-

Uma nova etapa

FOTO

21

res e avaliação técnica, fora das paixões políticas e conjunturas

eleitorais. Por outro lado, se é verdade que Segurança Pública é

muito mais do que apenas polícia, também é verdade que sem

polícia qualificada não há Segurança Pública. Nas últimas déca-

das, o Estado parou de investir nas suas polícias. Temos visto

o efetivo se reduzir, os salários encolherem e as condições de

trabalho deterioraram-se. Não haverá Segurança que garanta

dignidade da população sem que servidores dessa área tenham

a devida dignidade.

Outra característica desse novo modelo é uma visão territo-

rializada da violência, isto é, perceber que, embora imerso num

problema de grandes dimensões, a violência se manifesta em

cada território de maneiras específicas. Portanto, a principal ta-

refa da nova política de Segurança é resgatar a autoestima e o

convívio pacífico naquelas comunidades que mais foram afetadas

por anos de abandono por parte do Poder Público e onde a vio-

lência encontrou um ambiente para se expandir.

O Estado não pode continuar agindo de maneira reativa e

pontual, precisamos passar para um modelo preventivo, onde a

confiança entre a sociedade e a polícia seja reconstruída. Onde

jovens e polícia convivam, um reconhecendo no outro o caminho

para a paz.

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Cada um dos Direitos Sociais inseridos em nossa Consti-

tuição Federal, tais como educação, saúde, assistência social,

trabalho, esporte e cultura, possuem um Ministério no Governo

Federal, um sistema de financiamento partilhado entre municí-

pios, estados e a União, e uma base nacional de informações,

exceto um: a Segurança Pública.

Após a Constituição de 1988, o país tem vivido um desenvol-

vimento acelerado do Sistema de Justiça (composto pelo Poder

Judiciário e o Ministério Público), mas não tem realizado os mes-

mos investimentos no sistema de Segurança Pública. Especial-

mente pelo fato de que o financiamento da Segurança Pública

ficou sob responsabilidade exclusiva dos Estados, ou seja, o ente

federado que tem sua capacidade orçamentária reduzida a cada

ano.

É fundamental pensar um novo modelo de financiamento

para a área, no qual a União faça aportes substanciais de re-

cursos. Nenhuma política social no Brasil teve sucesso sem que

a União entrasse de maneira consistente no seu financiamento.

Em termos de orçamentos, em 2011 o governo federal inves-

tiu em torno de R$ 88 bilhões na saúde; R$ 62 bilhões na educa-

ção. Para o apoio à Segurança nos estados, os investimentos não

passaram de R$ 400 milhões.

O Maior problema,a menor solução

23

QuaternárioSistema Prisionale egressos

TerciárioInvestigaçãoPolicial

SecundárioPoliciamentoOstensivo e políticassociais de Segurança

PrimárioEscolas e FiscalizaçãoMunicipal

VI

OL

ÊN

CI

A

Desta forma, na base desta pirâmide temos o setor primário

de prevenção, onde estão colocadas as escolas e a fiscalização

municipal. Em seguida o setor secundário através do policiamen-

to ostensivo e políticas sociais de segurança. Na sequência o

setor terciário que contempla a investigação policial, seguido do

setor quaternário que abrange o sistema prisional e egressos.

Assim, Segurança Pública passa a ser um problema não só

de polícia, mas uma expressão multidisciplinar, onde temos que

articular um conjunto de ações a serem implantadas de acordo

com as características de cada território.

24

Nas cidades temos a capacidade de integrar o conjunto de

atores na área da segurança e implantar a ação em um deter-

minado território, liderando um processo de mobilização social

contra a violência.

Na década de 90 houve um equívoco: se acreditava que o

papel do município se resumia em gerir a Guarda Municipal. Por

outro lado, muitos prefeitos (a maioria) preferem não assumir sua

responsabilidade no tema. Hoje descobrimos que a ação do mu-

nicípio é muito mais ampla, definitiva e fundamental para redução

dos índices de violência. Mais do que isso, um modelo de segu-

rança baseado na prevenção à violência depende do município.

Algumas das principais experiências exitosas na prevenção

à violência em todo o mundo confirma esse caminho. Exemplos

como os de Barcelona, Nova Iorque, Bogotá, Medelín, Diadema

e mais recentemente o Rio de Janeiro ou Canoas, aqui no Rio

Grande do Sul. O papel das gestões municipais tem sido decisi-

vos, hoje, a maioria dos países possuem programas para o forta-

lecimento do papel dos municípios na Segurança Pública, o que

ocorreu de maneira mais consistente no Brasil apenas entre 2007

e 2011 com o Pronasci.

O papel dos municípios

25

VELHO PARADIGMA

Apenas Policial

Desintegrado

Reativo

Intervenção pontual

Combate

Polícia do Estado

Repressivo

Comando

Espontâneo

Opinião

NOVO PARADIGMA

Multidisciplinar

Integrado

Pró-ativo

Permanência

Criação de vínculos

Polícia do Cidadão

Preventivo

Liderança

Planejado

Avaliação por resultado

VIOLÊNCIA

VIOLÊNCIA

26

Municípios

Os municípios podem atuar de inúmeras maneiras na Segurança

Pública, tais como:

1. Mobilização política de todos os atores governamentais e da sociedade civil;

2. Gestão integrada;

3. Qualificação e modernização da Guarda Municipal;

4. Intervenção em territórios com altos índices de violência;

5. Qualificação da base de dados sobre violência;

6. Modernização e uso de novas tecnologias de monitoramento e gestão;

7. Implantação de programas sociais de prevenção à violência;

8. Melhoria das praças e parques;

9. Programas de prevenção à violência nas escolas;

10. Implantação de Centrais Integradas de Emergências;

11. Implantação dos equipamentos previstos na Lei Maria da Pe-nha, tais como Casa Abrigo e Centro de Referência;

12. Programa com Centro de Apoio às Famílias de Presos e Egressos;

13. Premiação de policiais por metas de redução de violência.

27

Drogas

Outro tema fundamental para que se compreenda a atual si-

tuação de violência no país é a questão das drogas. É importante

compreender que a forma como o Brasil vem lidando com o pro-

blema das drogas tem como base a doutrina de Guerra às Drogas

iniciada em 1970 nos EUA, no governo Nixon, e que trouxe de vol-

ta a mesma concepção que tinha sido implantada na década de

20 em relação ao álcool, conhecida como Lei Seca. Esta política

de combate ao álcool foi, comprovadamente, um grande fracasso,

e acabou revogada doze anos depois.

Novo modelo deGestão Integrada

Operacional Estratégia Dados

CentralIntegrada GGIM Observatório

28

Voltando à Guerra às Drogas, em 1970 o mundo vivia o auge

da Guerra Fria, e droga era considerada um elemento de subver-

são. Essa concepção priorizou o enfrentamento armado contra

a distribuição e produção de drogas, isto é, na oferta das subs-

tâncias. Os resultados desta política tem sido desastrosos até os

dias de hoje em todo o mundo, especialmente na América Latina

e no próprio Estados Unidos.

O que temos visto é o aumento vertiginoso do número de

jovens presos por homicídios e dependentes químicos. Trata-se

de uma concepção que tem se demonstrado totalmente ineficaz

tanto para a diminuição do número de usuários quanto dos núme-

ros indicadores de criminalidade e violência.

Uma nova política sobre drogas deve ter como foco a diminui-

ção da demanda, ou seja, diminuir o número de pessoas, espe-

cialmente jovens, que optam por consumir drogas e/ou se tornam

dependentes delas.

Isso exige a construção de soluções que não sejam moralis-

tas, com base em preconceitos, as quais acabam escondendo o

problema sem enfrentá-lo de fato. A forma como o Estado trata

o grande problema das drogas deve partir de estudos técnicos,

tendo a área da saúde pública a necessária flexibilidade para bus-

car soluções que melhor se ajustam a cada momento e a cada

realidade.

Um bom exemplo deste tipo de política é o que se vem fazen-

do nos últimos anos em relação ao cigarro, uma das drogas que

mais mata e/ou traz danos sérios à saúde. Depois de décadas

29

totalmente liberado, o consumo do tabaco vem sofrendo cada vez

mais restrições, como proibição de consumo em lugares públicos

e de publicidade, aumento dos impostos e diversas campanhas

de esclarecimento sobre os males deste produto, por exemplo.

Com isto tem uma expressiva diminuição do número de jovens

fumantes. Provavelmente se tivéssemos proibido o consumo de

cigarros, não teríamos podido implementar estas políticas de con-

trole, e o consumo iria continuar acontecendo em condições de

total ausência de fiscalização.

O fundamental é que se diferencie o problema das drogas do

problema da violência. Embora associadas, é preciso construir

políticas específicas para cada uma. O problema das drogas é

de Saúde Pública e a violência é assunto da Segurança Pública.

Várias cidades têm demonstrado que é possível diminuir

fortemente os índices de violência, mesmo que o consumo de

drogas, infelizmente não diminua. A confusão geral entre estes

dois temas, e que é a base da Guerra às Drogas, apenas piora os

índices de violência.

30

Quando o Prefeito Jairo Jorge assumiu a Prefeitura no dia 1º

de janeiro de 2009, Canoas já era a segunda cidade mais violenta

do Rio Grande do Sul. Desde 2005, os homicídios aumentavam

30% a cada ano. A Secretaria de Segurança, sediada no sótão

CANOAS: Uma experiência inovadora de Segurança Pública

31

de um conjunto comercial da cidade, era a menor Secretaria do

município, composta apenas de três cargos e a Guarda Municipal

convivia com a constrangedora situação de sequer ter uniformes

adequados para trabalhar. As Delegacias da cidade funcionavam

em prédios de péssimas condições e a Brigada Militar convivia

com a falta de efetivo.

A mudança começou desde a campanha eleitoral, quando

o então candidato Jairo assumiu o compromisso de que o pro-

blema da Segurança Pública seria tratado como uma prioridade

pela Prefeitura. Até então os Prefeitos procuravam não se envol-

ver com o tema, destacando que se tratava de um problema de

responsabilidade dos Governos Estaduais e Federal.

Foi estruturada então a Secretaria Municipal de Segurança

Pública e Cidadania, composta por 18 cargos. Desde o primeiro

mês de gestão foi estruturado o Gabinete de Gestão Integrada

Municipal (GGI-M), coordenado diretamente pelo Prefeito, com

reuniões quinzenais e que contou com a presença constante dos

principais dirigentes dos seguintes órgãos:

- Polícias: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Briga-

da Militar (e Bombeiros), Polícia Civil, Susepe, Instituto Geral de

Perícias.

- Órgãos municipais: Guarda Municipal, Conselho Tutelar,

Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde, Fiscalização Sonora

da Secretaria do Meio Ambiente, Fiscalização de Alvarás da Se-

cretaria de Desenvolvimento Econômico, Fiscalização do Trânsito

da Secretaria de Mobilidade e Procuradoria Geral do Município.

32

Tendo como suporte o marco conceitual do Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Programa

Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), a Se-

cretaria definiu como objetivo estratégico a redução dos índices

de violência na cidade, com especial atenção a redução dos ín-

dices de homicídios, especialmente entre jovens de 14 a 30 anos.

O primeiro passo foi a realização de um diagnóstico deta-

lhado sobre a situação de violência na cidade, através de três

mecanismos: uma pesquisa de vitimização e uma pesquisa so-

bre o perfil dos homicídios e a definição de uma metodologia de

acompanhamento dos homicídios na cidade (integrando – manu-

almente – as informações da Brigada Militar, da Polícia Civil e do

DATASUS).

Foram então definidos três projetos estratégicos:

CANOAS MAIS SEGURA – Esse Programa teve

como objetivo a implantação das mais modernas tecnologias de

Segurança Pública, em todo o território da cidade, com o objetivo

de qualificar os mecanismos de controle, a inteligência e a inte-

gração entre as forças de segurança.

Foi criada a Central de Monitoramento Integrado, que pas-

sou a utilizar diferentes tecnologias a serviço da segurança da

cidade. É composta por nove monitores, 19 computadores, 42

profissionais capacitados para utilizar as 120 câmeras externas

e as 90 câmeras internas de videomonitoramento, detector de

33

tiros, detector facial, identificador de placas, alarmes de prédios

públicos e GPs em 18 viaturas da Guarda Municipal. O servidor

de gravação e visualização de imagens armazenadas tem capa-

cidade 45 terabytes.

Audiomonitoramento; o sistema

ShotSpotter instalado no bairro Gua-

juviras encontra similar apenas nos

Estados Unidos. O sistema é com-

posto por 44 sensores acústicos,

que ao triangular o som de um dis-

paro alarma a sala de monitoramen-

to, o batalhão da Brigada Militar e a

Polícia Civil.

34

GUARDA MUNICIPAL COMUNITÁRIA – A Guar-

da Municipal foi totalmente reestruturada, tendo como foco priori-

tário a prevenção à violência nas escolas do município e atuação

em parques e praças da cidade, recebendo o treinamento, equi-

pamentos e a devida valorização.

TERRITÓRIO DA PAZ – Uma intervenção integral de

Segurança Pública no bairro Guajuviras, de forma multidisciplinar,

que melhor detalhada a partir da página 37.

E a Secretaria ainda criou dois Programas especiais:

PROGRAMA DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA

NAS ESCOLAS – Através da Guarda Municipal, foi criada a

Ronda Escolar, devidamente capacitada para interagir com crian-

ças, adolescentes e jovens, através de técnicas de mediação ju-

venil e integração com toda a rede de proteção. A Guarda criou

ainda o Teatro de Fantoches, com o objetivo de realizar atividades

de prevenção à violência e ao uso de drogas para crianças e o

Projeto Hip Guarda Hop, com o objetivo de realizar o mesmo tra-

balho junto aos jovens. Além disso, foi criado em cada escola a

Comissão de Prevenção a Violência nas Escolas (CIPAVES) e o

Fórum Municipal, que congregava todas as Cipaves. Além disso,

foi criado o Sistema de Registro de Situações de Violência nas

Escolas, no qual cada Diretora tem a responsabilidade de regis-

trar as situações de violência.

35

PROGRAMA DE PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA

CONTRA A MULHER – Em parceria com a Coordenadoria

de Políticas para as Mulheres, e a Polícia Civil, Canoas se tornou

uma das primeiras cidades a implantar dois serviços previstos na

Lei Maria da Penha, como o Centro de Referência para a Mulher

em Situação de Violência e a Casa Abrigo.

O GGI-M desenvolveu ainda três mecanismos

de atuação permanente:

OBSERVATÓRIO MUNICIPAL – através de uma

parceria inédita entre o município de Canoas, o Fórum Brasileiro

de Segurança Pública e o Grupo de Pesquisa Violência e Cida-

dania da UFRGS, o Observatório foi concebido para atuar como

uma ferramenta estratégica do GGI-M, realizando periodicamen-

te diagnósticos e estudos locais para subsidiar a tomada de deci-

são dos gestores públicos.

36

PLANTÃO INTEGRADO – O Plantão foi criado com

o objetivo de aprimorar os mecanismos de fiscalização do mu-

nicípio, relacionados às questões de ordem pública, tais como

problemas de som alto e perturbação do sossego, venda de bebi-

das alcoólicas para menores, alvarás de funcionamento, atuando

especialmente nas noites de sextas e sábados.

BOLSA MUNICIPAL PARA POLICIAIS – através

de um auxílio de R$ 430, a Prefeitura de Canoas tornou-se a

primeira Prefeitura no Rio Grande do Sul a instituir um mecanis-

mo direto de auxílio aos policiais. Para receber o benefício, os

policiais devem atuar nos Territórios da Paz e realizar atividades

de policiamento comunitário.

37

Território de Paz Guajuviras

Em abril de 1987, centenas de famílias ocuparam uma área

na região nordeste da cidade, onde haviam 6 mil moradias de-

sabitadas de um projeto inacabado da extinta Companhia de

Habitação (Cohab). O local se transformou numa das maiores

ocupações de sem-tetos no sul do Brasil. Durante semanas o

bairro foi cercado pela Brigada Militar, mas mesmo assim os no-

vos moradores resistiram e ali passaram a construir sua vida. No

entanto, como nova forma de pressão, a própria prefeitura passou

a não implantar os serviços básicos naquela região.

Com isso, a solidariedade inicial do movimento não foi su-

ficiente para preencher as lacunas deixadas pela ausência do

38

estado. A população de Guajuviras aumentou. Chegou a 70 mil

moradores e as áreas verdes foram tomadas. O local foi domina-

do por gangues e grupos ligados ao tráfico de drogas. O bairro

tornou-se um dos mais pobres e violentos do Rio Grande do Sul.

Na imprensa local, chegou a ser chamado de Bagdá devido

aos elevados índices de homicídio.

Em 2009, o Guajuviras foi escolhido pelo Ministério da Jus-

tiça para receber um Território da Paz, do Pronasci. A Prefeitura

de Canoas, através do secretário de Segurança Pública, Alberto

Kopittke, passou a coordenar a implantação do projeto. Dois anos

depois, o projeto foi escolhido pela UNESCO como “o melhor

exemplo brasileiro de uma bem articulada parceria entre os po-

deres estadual, municipal e federal para a prevenção a violência”.

Detector de tiros

Casa da Juventude

Polícia comunitária

Biblioparque

5 Centro de videomonitoramento

6 Programa família da paz

7 Centro de mediação de conflitos

1

2

3

4

5

6

7

CASA DA JUVENTUDE

POLÍCIA COMUNITÁRIA

DETECTOR DE TIROS

CENTRO DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

PROGRAMA FAMÍLIA DA PAZ

CENTRO DE VIDEOMONITORAMENTO

BIBLIOPARQUE

Território da Paz

1

4

23

6

1

2

3

4

5

5

6

7

7

2

4

6

1

3

5

7

39

1) MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE

A preparação do Território ocorreu através de um mapea-

mento de todas as formas de organização da comunidade, desde

atividades esportivas, religiosas, culturais e econômicas.

2) INTERVENÇÃO POLICIAL

Através de uma inovadora integração entre a Brigada Militar,

a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio Grande do Sul, com o

apoio da SMSPC, realizaram se algumas das maiores operações

de inteligência da história do estado, tendo como alvo a redução

de homicídios. Foram frutos dessa integração a Operação Cova

Rasa e a Operação Guajuviras I e Guajurivas II.

3) OCUPAÇÃO POLICIAL

A chegada de 150 novos soldados na cidade foi aproveita-

da para realizar um período de saturação policial que durou três

meses.

40

4) PROJETOS SOCIAIS DE SEGURANÇA PÚBLICA

Casa das Juventudes: através de uma busca ativa entre os

jovens que haviam evadido das escolas, que tinham passagem

pela Fase, pelo Sistema Penitenciário, a Prefeitura identificou os

jovens em situação de vulnerabilidade em relação à violência. A

Casa das Juventudes é um grande centro de formação e convi-

vência, onde os jovens recebem noções de direitos e cidadania,

além de oficinas de teatro, artes plásticas, música e informática.

A casa conta com três telecentros e o primeiro estúdio público de

música, totalmente equipado.

Núcleo de Mediação Comunitária: com o apoio de uma equi-

pe multidisplinar, uma rede de lideranças comunitárias capacita-

das informa e orienta sobre direitos dos cidadãos e colabora para

que a comunidade resolva seus conflitos ou questões pendentes

com vizinhos, familiares, amigos, órgãos públicos e privados, en-

tre outros, sem precisar recorrer ao judiciário.

Agência da Boa Notícia: projeto pioneiro de jornalismo cida-

dão. Realiza oficinas de comunicação cidadã, com objetivo de

despertar os jovens para o direito à informação, buscando divul-

gar os aspectos positivas realizadas no bairro.

Mulheres da Paz: atuam na redução das violências, princi-

palmente aquelas cometidas contra as mulheres e juventude.

Realizam atividades comunitárias como campanhas, seminários,

encontros, caminhadas e festas.

Educadores Populares em Direitos do Consumidor: oficinas

para alunos de escolas do bairro e proximidades. Os jovens realizam

41

fiscalização educativa nos estabelecimentos comerciais, em parce-

ria com o PROCON Canoas e o Núcleo de Justiça Comunitária.

Saúde: implantação da Unidade de Pronto Atendimento –

UPA 16 horas, UBS Guajuviras 2, da Farmácia Distrital e do Cen-

tro de Atendimento Psicossocial – CAPS Nordeste e contratação

de agentes comunitários de saúde para Unidade de Equipe de

Saúde da Família da Vila Comtel.

5) REURBANIZAÇÃO

Asfaltamento e saneamento: O Guajuviras foi um dos bairros

mais beneficiados com asfaltamento na cidade. Também foram

implantados 13,94 quilômetros de encanamento de esgoto.

Regularização fundiária: o loteamento CAIC conquistou a

primeira regularização fundiária da cidade. No total 170 famílias

foram beneficiadas com escritura pública e doação dos terrenos

em que vivem. Outras 30 que viviam em áreas de risco ganharam

novas moradias.

Ajardinamento: o programa Canoas Mais Bela beneficia o

Guajuviras com recuperação de áreas degradadas. Locais usa-

dos para depósito de lixo se transformaram em áreas para lazer

e prática de esportes e os canteiros de flores dão mais colorido

ao bairro. As praças foram revitalizadas e foram criados novos

espaços de convivência.

Ecoponto e iluminação: Foi instalado no Guajuviras o pri-

meiro Ecoponto do Estado, que recebe materiais como madeira,

restos de construção e plástico. Também foram implantados 527

pontos do novo padrão de iluminação no bairro.

42

Depois de significativa redução no 1º trimestre de 2010

para o 1º trimestre 2011, passando de 45 para 29 homicídios

observa-se uma redução de 29 para 26, no mesmo período, de

2011 para 2012.

Número de vidas salvas desde 2009 (2009 como parâmetro):

53 vidas (soma dos três primeiros trimestres - 2010 a 2012). A

letalidade juvenil, que compreende a faixa etária entre 15 e 24

anos, foi reduzida a 52,9%.

Redução de homicídios no bairro Guajuviras

Redução dos homicídios em Canoas (anual)

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