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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CAROLINA CARVALHO RODRIGUES A CENSURA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR Niterói 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CAROLINA CARVALHO RODRIGUES

A CENSURA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS

DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR

Niterói

2016

CAROLINA CARVALHO RODRIGUES

A CENSURA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS

DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Biblioteconomia e Documentação do departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal

Fluminense como requisito à obtenção do grau de bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Profª Drª Elisabete Gonçalves de Souza.

Niterói

2016

R696 Rodrigues, Carolina Carvalho

A censura em bibliotecas universitárias brasileiras durante a Ditadura

Civil-Militar / Carolina Carvalho Rodrigues. – 2016.

99 f. ; il.

Orientadora: Elisabete Gonçalves de Souza.Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia e

Documentação) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Arte eComunicação Social, 2016.

Bibliografia: f 63-67.

1. Censura. 2. Biblioteca universitária. 3. Ditadura Militar, 1964-1979. 4. Brasil. 5. Bibliotecário. 6. Perfil profissional. I. Souza, Elisabete Gonçalves de. II. Universidade FederalFluminense. Instituto de Arte e Comunicação Social. III. Título.

CDD 027.7

CAROLINA CARVALHO RODRIGUES

A CENSURA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS

DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Biblioteconomia e Documentação do departamento

de Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em Biblioteconomia.

Niterói, _____ de março de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª Elisabete Gonçalves de Souza

Universidade Federal Fluminense Professora orientadora

Profª Drª Lídia Silva de Freitas

Universidade Federal Fluminense

Profª Drª Marcia Heloísa Tavares de Figueiredo Lima

Universidade Federal Fluminense

Niterói

2016

Ao meu pai, meu protetor e grande orgulho.

À minha irmã, ainda em seus primeiros passos acadêmicos.

E à memória dos que se foram lutando por uma sociedade melhor.

AGRADECIMENTOS

Agradeço à professora Elisabete Gonçalves de Souza, minha orientadora, que

também proporcionou meu primeiro trabalho (um ótimo projeto de extensão) pela sua

paciência, confiança, estímulo e carinho; por todas as vezes que internamente me

encontrei perdida e ela sempre calmamente me conduzia à luz neste projeto.

Aos meus pais, José e Jane, pelo já feito por mim – e pelo que ainda farão. Não

sei se teria conseguido trilhar esse caminho sem vocês, pois sei que cheguei até aqui

muito graças à independência e responsabilidade que me ensinaram a ter desde a mais

tenra idade (apesar das constantes fugas do mundo que tenciono).

Aos meus familiares por depositarem sua confiança e torcida em mim, meus

melhores e maiores fãs, tio Álvaro, tia Preta, tia Sandra e em especial à melhor

tia/madrinha, Rita, da vida, do universo e tudo mais! E, claro, à prima-quase irmã,

Paula, que aturava minhas violências desde antes d’eu sair do útero.

Aos amigos de outros momentos de vida acadêmica, Bruna e Guilherme, pois,

apesar da distância e mudanças que a vida nos impõe, estávamos sempre ansiando

pelo bem e sucesso uns dos outros.

Aos colegas de graduação, pessoas que tornaram a vivência na UFF mais

agradável apesar dos obstáculos, pessoas que permitiram que meu auxílio, minha

intromissão e perfeccionismo entrassem em suas vidas, especialmente a Letícia e as

outras duas componentes do “trio ternura” Jéssica e Adrianne. Jéssica, obrigada por

todas as carinhosas mensagens, pois não há palavras para exprimir o quão importante

seu apoio foi e continua sendo para mim. Adrianne, minha dupla dinâmica, agradeço

imensamente sua paciência, sua calma para aturar minhas crises de perfeccionismo

para com trabalhos aos 47 minutos do segundo tempo e, claro, por saber exatamente

como colocar no papel minhas abstrações (e como eu abstraía!). Letícia, nós nos

aproximamos de verdade praticamente no apagar das luzes, mas antes tarde do que

nunca: só tenho a agradecer por suas palavras de incentivo, pela sua cumplicidade e

também pelas trocas de informações sobre jogos, filmes e personagens de quadrinhos.

Aos professores do departamento de Ciência da Informação da UFF pelos

ensinamentos, pela vontade de aprender que me infundiram, pelo amor a mais pela

Biblioteconomia que me proporcionaram, além, é claro, de suas gratificantes aulas,

muitas vezes depois de horas e mais horas vagas, devido aos constantes “buracos” no

horário. Também aos professores de outros departamentos, como Rodrigo, Patrícia e

Nelson que ministraram disciplinas obrigatórias do jeito esperado: sem fazer diferença

para os alunos de Biblioteconomia. Aos professores Gilberto, Ana Motta e Vítor, com

quem cursei disciplinas optativas que sou feliz por ter escolhido, pois não apenas

ampliaram minha visão dentro do saber profissional, mas também como pessoa. Ao

professor Gregório, palestrante do curso de extensão que mudou minha visão para com

a vida, pois ali verifiquei as omissões que me impediam de dar passos imprescindíveis

em meu trajeto.

À equipe da Biblioteca Central do Gragoatá (BCG/UFF), especialmente ao

terceiro andar – Setor de Periódicos –, pois a equipe foi receptiva, paciente e boníssima

comigo desde meu primeiro dia. Ana Cristina, Jussara, Jussiara, Leila, Marcella, Marco,

Michelle e Thiago, vocês foram ótimos colegas de trabalho e só tenho a agradecer

pelas informações, confiança e oportunidades dadas a mim.

Aos que me conheceram de outras formas e, mesmo assim, dedicaram-se a me

estimular, a não me deixar desistir em nenhuma das diversas noites a fio com crises de

ansiedade pensando em desistir de tudo, a mostrar a minha real capacidade além da

importância da serenidade e confiança em mim mesma. Camilla, agora eu se i que “eu

querendo, eu consigo” – e obrigada por ter repetido isso inúmeras vezes até virar um

mantra na cabeça taurina. Mesmo distante, agradeço também à Raquel, que, de

alguma forma, deixou a semente da autoconfiança plantada em mim.

Penso que não poderiam ser poucos os agradecimentos, pois a jornada até esse

instante foi longa e nada na vida conseguimos somente por nós mesmos. Portanto,

meu muitíssimo obrigada a todos aqui citados, nominalmente ou não.

"Não existe militância perfeita.

A gente só consegue se desconstruir até determinado ponto."

(informação verbal)1

1 Citação de Hellen Lobanov em comunicação intitulada “A Solidão da Mulher Negra”.

RESUMO

Trata da censura nas bibliotecas universitárias brasileiras durante a ditadura Civil-Militar

(1964-1985). Contextualiza historicamente a censura e seus aparatos do ponto de vista governamental. Destaca as Constituições brasileiras no que tange a censura e

liberdade de expressão. Pontua a censura a livros no governo militar e a censura no desempenho profissional do bibliotecário. Relaciona o papel do bibliotecário de aquisição com o do censor. Evidencia as mudanças no ambiente universitário e os

reflexos sentidos nas bibliotecas. Identifica o posicionamento profissional ao agrupar excertos de relatos de profissionais atuantes na ditadura. Apresenta pesquisa de campo

para cotejamento entre o acervo de uma biblioteca universitária e a listagem de livros censurados. Compara com o resultado de outros trabalhos em diferentes bibliotecas universitárias do estado do Rio de Janeiro (RJ).

Palavras-chave: Censura. Bibliotecas universitárias. Ditadura Civil-Militar (Brasil).

Bibliotecário. Perfil profissional.

ABSTRACT

This paper aims to discuss the censorship in Brazilian university libraries during Civil-Military dictatorship (1964-1985). It historically contextualizes censorship and its devices from the government’s standpoint. It highlights censorship and freedom of speech

provisions in Brazilian constitutions, as amended, as well as the censorship of books during the military government era. It compares the role of acquisition librarians and

censors, evidencing the censorship in the librarians’ professional activities. It points out the changes in university environment and their impacts in libraries. It also provides the professional positioning at that time by gathering excerpts of narrations of librarians who

worked at that time. It presents a field research for comparison between the archives of a university library and a list of censored books, as well as a comparison of other works

in different university libraries within the state of Rio de Janeiro. Keywords: Censorship. University libraries. Civil-Military Dictatorship (Brazil). Librarian.

Professional profile.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico I – Publicações por cidades ................................................................................... 54

Gráfico II – Publicações por editoras .................................................................................. 56

Gráfico III – Publicações por idiomas ................................................................................. 58

LISTA DE TABELAS

Tabela I – Levantamento no BENANCIB e BRAPCI ....................................................... 44

Tabela II – Levantamento na BDTD ................................................................................... 45

Tabela III – Obras censuradas encontradas no catálogo da Biblioteca do IFCS ........ 50

Tabela IV – Obras censuradas: títulos, editoras, edições e ano .................................... 51

Tabela V – Títulos de cunho político censurados segundo o SNEL .............................. 59

LISTA DE SIGLAS

AI Ato Institucional

ABI Associação Brasileira de Imprensa

ALA American Library Association

BDTD Biblioteca Digital de Teses e Dissertações

BENANCIB Repositório das apresentações e palestras nos Encontros Nacionais de

Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação

BRAPCI Base de dados referencial de artigos de periódicos em Ciência da

Informação

CEDEC Centro de Estudos de Cultura Contemporânea

CMSPV Coleção Marina São Paulo de Vasconcelos

DCDP Departamento de Censura de Diversões Públicas

DIP Departamento de Imprensa e Propaganda

DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos

ECA Escola de Comunicação e Artes

FNFi Faculdade Nacional de Filosofia

ICS Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Brasil

IFCS Instituto de Filosofia e Ciências Sociais

INL Instituto Nacional do Livro

JCI Junta Coordenadora de Informações

JAMP Coleção José Américo Motta Pessanha

LAI Lei de Acesso a Informação

MEC Ministério da Educação

MJ Ministério da Justiça

ONU Organização das Nações Unidas

SCDP Serviço de Censura de Diversões Públicas

SFICI Serviço Federal de Informações

SNEL Sindicato Nacional dos Editores de Livros

SNI Serviço Nacional de Informações

TCC Trabalho de conclusão de curso

UDF Universidade do Distrito Federal

UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UFF Universidade Federal Fluminense

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFPB Universidade Federal da Paraíba

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UnB Universidade de Brasília

UNE União Nacional dos Estudantes

USAID United States Agency for International Development

USP Universidade de São Paulo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14

2 CENSURA: CONCEITO E ABORDAGEM HISTÓRICA ........................................ 18

2.1 CENSURA AOS LIVROS DURANTE A DITADURA ............................................... 29

2.2 A CENSURA NAS BIBLIOTECAS .............................................................................. 34

3 A CENSURA NA UNIVERSIDADE (1964-1985) ..................................................... 38

3.1 CENSURA ÀS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E A DITADURA ..................... 40

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO E CAMPO EMPÍRICO .................................. 44

4.1 A BIBLIOTECA MARINA SÃO PAULO DE VASCONCELOS ............................... 46

4.2 IDENTIFICANDO OS LIVROS CENSURADOS....................................................... 49

4.2.1 Paralelo: identificando a presença dos livros censurados ............................. 58

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 61

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 63

ANEXO A – Decreto-Lei N° 1.077, de 26 de janeiro de 1970 ............................ 68

ANEXO B – Lista de livros proibidos pelo Ministério da Justiça ................... 70

ANEXO C – Lista de livros proibidos de conteúdo político............................. 96

14

1 INTRODUÇÃO

O interesse pela censura já vem de longa data e tornou-se uma inquietação mais

forte ao verificar a pouca discussão desse tema em sala de aula, afinal, configura-se em

um forte obstáculo para o desenvolvimento de nossas funções como profissionais da

informação. Como provocação que faltava, ao desenvolver as atividades concernentes

ao projeto de extensão “Base de dados de monografias do curso de Biblioteconomia da

UFF”, no decorrer do ano de 2014, foi possível constatar que o apagamento do tema se

refletia também nos trabalhos de conclusão de curso (TCCs) de Biblioteconomia e

Documentação da Universidade Federal Fluminense (UFF).

O profissional bibliotecário possui um vasto campo de atuação, considerando a

interdisciplinaridade da área de Biblioteconomia. Aliado a isso, a esse profissional são

atribuídas diversas funções como a preservação da produção documental da sociedade

(independentemente do suporte) e o acesso a ela. No âmbito das bibliotecas

universitárias se destaca também a necessidade da coleção abranger mais de um

ponto de vista sobre as áreas, influenciando diretamente nas atividades desenvolvidas

(seja no ensino, na pesquisa e/ou na extensão).

No âmbito de um regime autoritário, como o instalado no Brasil pós-1964, a

supressão das liberdades de expressão e opinião é uma das atividades centrais a

garantir a permanência e a dominação dos governantes. Nessa direção, os militares

brasileiros lançaram mão da censura, principalmente a partir da promulgação da

Constituição de 67 e, no ano seguinte, do Ato Institucional n° 5 (AI-5). Além dessas

ferramentas, foi baixado o Decreto-Lei n° 1.077, de 26 de janeiro de 1970 trazendo o

caráter prévio para a censura governamental.

Levando isso em conta, surgiu a decisão de pesquisar a censura em bibliotecas

durante o período autoritário mais recente da história brasileira: a Ditadura Civil-Militar2.

2 Encaramos a Ditadura como a junção das forças civis e militares, pois como Germano (1994, p. 102) expõe “[...] o Estado Militar necessita de bases de legitimação, da adesão de uma parte dos intelectuais,

das camadas médias e das massas populares”. De mesma forma, Stampa e Santana (2014, p. 7) apontam que “[...] nenhum regime repressivo se sustenta apenas pelo uso da força”.

15

A censura, por sua vez, impede o desenvolvimento das atividades profissionais

ao proibir a circulação/divulgação de determinadas obras, chegando até mesmo ao

extremo da destruição dos exemplares. Como era instituída no âmbito governamental,

entendemos que a postura dos bibliotecários teve de se transformar, seja para

transgredir as regras ou adequar seu acervo ao que poderia ser disponibilizado.

Considerando os problemas na universidade por conta dos embates entre estudantes e

governo, e as invasões (inclusive dentro das unidades informacionais), foram

escolhidas como foco do estudo as bibliotecas do tipo universitárias.

No entanto, ao olhar para a universidade e sua biblioteca não conseguimos

fazê-lo sem deixar de mencionar o impacto das ações censórias sobre as editoras,

como, por exemplo, a Civilização Brasileira – um dos poucos canais de expressão para

os autores censurados – assim como o posicionamento firme de editores e autores

numa luta contra o governo, como Ênio Silveira e Jorge Zahar, no primeiro caso e Jorge

Amado e Érico Veríssimo, no segundo caso. Afinal, visualizar o panorama editorial é

importante principalmente para nos guiar sobre a ausência de livros censurados nas

coleções das bibliotecas.

Mediante a esses direcionamentos, a questão-problema que norteia este

trabalho é: como a censura ditatorial influenciou o trabalho dos profissionais de

bibliotecas universitárias?

Em busca de respondê-la, os objetivos gerais do trabalho são conhecer como as

ações censórias instauradas após o golpe civil-militar de 1964 atingiram as bibliotecas

universitárias brasileiras e identificar como os bibliotecários agiram diante de tal

situação – as estratégias que usaram para preservar suas coleções mediante as

supressões.

Ao lado desses objetivos, outros mais específicos foram traçados de modo a nos

ajudar a contextualizar todo esse cenário. Esses consistem em: entender o trajeto da

censura como instrumento de poder e supressão cultural, focando a censura a livros

durante a ditadura e a censura nas atividades bibliotecárias; verificar as mudanças

causadas na universidade; e identificar a presença dos livros censurados na coleção de

bibliotecas universitárias.

16

Para atingir esses objetivos, tomamos como referencial teórico os estudos de

Leitão (2011) para contextualizar a censura a bibliotecas e como base aos

acontecimentos brasileiros, de Battles (2003) para compreender a censura às

bibliotecas ao longo da história mundial, de Hallewell (2005) para assimilar o panorama

da indústria editorial durante a ditadura, de Reimão (2005, 2014) para perceber a

censura no governo militar no âmbito mais geral da produção cultural, de Germano

(1994) para entender a reforma universitária de 1968 e seu significado e de Azevedo

(2003) e Bastos (2008) para verificar e cotejar a presença dos livros censurados nas

coleções de bibliotecas universitárias do estado do Rio de Janeiro.

Em termos metodológicos este trabalho consistiu em uma pesquisa do tipo

exploratória, pautada em revisão de literatura e na pesquisa documental, a partir de

levantamento bibliográfico-documental com foco na área de Biblioteconomia e História,

com o intuito de entender a questão da censura no Brasil no período de 1964-1985 e o

impacto causado nas coleções bibliográficas das bibliotecas universitárias.

Para melhor observação do controle e ação da censura no âmbito das

bibliotecas universitárias, escolheu-se como campo empírico a biblioteca do Instituto de

Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Além de verificar como seu acervo foi atingido pelas ações censórias do regime militar,

a intenção da pesquisa foi verificar, de que forma os bibliotecários enfrentaram essas

intervenções e como reagiram, ou, resistiram. Através do cruzamento de lista de livros

censurados (anexos B e C) procuramos identificar quais obras censuradas pelo

governo militar (anexo B) faziam parte do acervo da biblioteca do IFCS/UFRJ e quais

obras listadas como de cunho político e censuradas pelo SNEL (anexo C) estavam

presentes nos acervos das bibliotecas universitárias fluminenses.

Em termos de organização, o presente trabalho foi desenvolvido em cinco

capítulos, a saber. No primeiro capítulo é apresentado o trabalho, a partir de sua

justificativa, questão/problema, objetivos gerais e específicos, referencial teórico-

metodológico e a metodologia de pesquisa.

17

O segundo capítulo trata da conceituação e histórico da censura, da censura a

livros no espaço temporal da ditadura e da censura ocorrente durante o fazer de um

bibliotecário.

No terceiro capítulo é descrito o panorama universitário, principalmente os

motivos e efeitos da contrarreforma3, e os efeitos sentidos nas bibliotecas universitárias,

a partir dos relatos de profissionais atuantes à época.

No quarto capítulo é exposta a pesquisa de campo, demonstrando a relevância

da temática por meio de levantamento e apresentando a biblioteca do IFCS/UFRJ e a

professora homenageada pela unidade (Marina São Paulo de Vasconcelos) antes dos

resultados do cotejamento da lista do anexo B com o acervo da biblioteca Marina São

Paulo de Vasconcelos e da comparação entre os resultados desta pesquisa com os de

Azevedo (2003) e Bastos (2008).

Na quinta seção estão expressas as conclusões alcançadas de acordo com os

estudos arrolados nas seções e os objetivos já apresentados.

3 Entendemos a Reforma Universitária de 1968 como contrarreforma pelo seu caráter contrário aos anseios e propostas estudantis.

18

2 CENSURA: CONCEITO E ABORDAGEM HISTÓRICA

De acordo com Amora (2000, p. 135), censura se constitui na ação de “crítica,

reprovação, repreensão”. É um conceito amplo e seus alvos são dos mais diversos:

livros, filmes e até mesmo pessoas.

A censura do saber é um comportamento antigo, como Báez (2006) traça a

trajetória, intrinsecamente ligado ao poder, pois permite a manutenção de uma

ideologia. Além de trazer a definição do verbete em latim equivalente à censura4,

Vergueiro (1987, p. 22) a conceitua, no contexto de sua época, como “[...] um esforço

por parte de um governo, organização, grupo ou indivíduo de evitar que as pessoas

leiam, vejam ou ouçam o que pode ser considerado como perigoso ao governo ou

prejudicial à moralidade pública”. Encara-se, então, um paradoxo, como Leitão (2011)

aponta, pois ao se destruir consagra-se o saber “perdido”, ao menos provocando a

curiosidade dos leitores para entrar em contato com o que é “proibido”. Em outras

palavras, a destruição finda o objeto, mas o ideal permanece por gerações.

Voltando às conceituações, no dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia

(CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 76) encontramos a seguinte definição para censura,

reiterando os diversos objetos que podem vir a sofrer controle:

1. Proibição de publicar e divulgar ideias, notícias, imagens e conceitos que são considerados, pelas autoridades, como elementos capazes de abalar a autoridade do governo, ou a ordem social e moral. 2 Controle exercido sobre a informação e os livros, com a finalidade de decidir sobre a oportunidade, ou inoportunidade, de sua disseminação. (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 76)

De forma a categorizar o exercício da censura, Bastos (2008, p. 15-16) a divide

em três tipos:

1. Censura prévia (ou preventiva): direito governamental de vigiar

manifestações culturais (livros, peças, filmes, etc.), fora da intervenção de

tribunais;

4 Censere = “ter acesso”. (VERGUEIRO, 1987, p. 22)

19

2. Censura punitiva (ou repressiva): proibição após a apreciação pública

com responsabilidade de autoridade, isto é, censura depois da publicação

do texto, da veiculação de um programa televisivo, etc.;

3. Censura indireta: juízo moral em parâmetros mutáveis e repressivos a

determinados comportamentos.

Uma das mais recorrentes lembranças sobre a proibição de obras nos remete à

Inquisição, à censura religiosa. As Igrejas, tanto Católica quanto Protestante, tem um

papel de destaque na história do controle de informação, apesar do maior foco recair

sobre a Igreja Católica e sua intenção de unificação. Num adendo a essa intenção, é

valoroso saber a etimologia do termo: “a palavra católico tem origem grega e significa

universal. Ela foi adotada desde o Concílio de Trento (1545-1563) para distinguir a

Igreja Romana em relação às Igrejas da Reforma” (LEITÃO, 2011, p. 60, grifo do autor).

Antes mesmo do aparato censório religioso se solidificar e intensificar, a noção de que

os escritos referentes à Igreja eram divinos e, por isso, superiores confirma o plano de

centralização – com a possibilidade de, em longo prazo, suplantar a memória de obras

seculares.

O grande símbolo da censura religiosa foi o Index Librorum Prohibitorum5,

publicado em julho de 1559, pela Sagrada Congregação da Inquisição Romana,

durante o pontificado de Paulo IV. Criado em resposta ao protestantismo e à imprensa,

o Index consistia numa lista de obras heréticas e, com o domínio da Igreja sobre alguns

governos europeus (como o português e o espanhol), o alcance de sua repressão era

enorme. Sua última edição ocorreu em 1948, mas foi suspenso apenas no ano de 1966

(FISCHER, 2006, p. 203). Este foi o mais famoso índice censório, porém existiram

outros, tanto de alcance local quanto mundial, como os emitidos pela autoridade papal

(LEITÃO, 2011, p. 62).

No caso religioso, o aparato da censura era de caráter institucional, apesar da

forte influência da Igreja nos governos. À época, a ideia de Estado não era a mesma

concebida atualmente e a controladora das regras morais era a religião.

5 Índice de livros proibidos.

20

Com a censura forte em Portugal, o mesmo acontecia em suas colônias, como

o Brasil. Para que ideias indesejadas não adentrassem o território eram realizadas

vistorias nos navios e proibida a impressão local de obras. Sendo que, no Brasil, a

impressão só foi permitida com o estabelecimento da Imprensa Régia, após a chegada

da família real em 1808.

Entretanto, o caso português é singular pela sua estruturação censória anterior,

visto que “quando a Inquisição chegou a Portugal, em 1536, o processo de produção de

livros e documentos impressos já conhecia uma rotina de censura” (LEITÃO, 2011, p.

91).

Em 1537 foi instituído o Desembargo do Paço, com o fim de consulta para

deliberação jurídica junto a Casa da Suplicação, e apenas em 1539 a Inquisição tinha

um aparato em eficiente funcionamento no tangente a repressão da liberdade de

expressão. El Far (2006, p. 16) lista tarefas de responsabilidade dos funcionários do

Paço, na colônia:

[...] fiscalizavam tudo o que entrava e saía dos portos brasileiros. Vigiavam também o conteúdo de cada obra, os títulos colocados à venda e a fidelidade das impressões. As publicações aprovadas recebiam a devida autorização, com os dizeres “Com licença do Desembargo do Paço”, e passavam a circular livremente [...] (EL FAR, 2006, p. 16)

Quando da separação da Igreja e do Estado, dentro do processo de formação

dos Estados nacionais, o poder da censura (consonante à regulação social) segue para

as mãos governamentais. Ainda em Portugal, em 1768, com a intenção de reformar o

aparato censório na metrópole e nos seus domínios, a Real Mesa Censória foi

instituída, sendo todos os documentos antes de serem publicados levados à apreciação

no âmbito governamental. Três décadas depois (em 1794) a censura retornou para o

formato tríplice, levando os documentos à apreciação de representantes do poder civil,

ordinário (bispo) e pelo Santo Ofício.

Esse modelo censório foi adequado à colônia da seguinte forma: D. João em

setembro de 1808 dividiu a tarefa com censores para a tipografia oficial, estipulando

como instância decisória o Desembargo do Paço e mais censores a partir da criação da

Intendência da Polícia do Rio de Janeiro. (LEITÃO, 2011, p. 108).

21

Cronologicamente, a restrição lusitana permanecia enquanto iniciava-se a

preocupação com a liberdade de expressão, de forma que “a censura portuguesa

contribuiu para a formação de uma mentalidade conservadora, preconceituosa que

deixou de acompanhar o progresso dos demais países europeus, notadamente a

Inglaterra e a França” (LEITÃO, 2011, p. 99).

A consolidação da liberdade de expressão, marco do fortalecimento da

democracia, se deu no decorrer dos acontecimentos da Revolução Industrial e da

Revolução Francesa. A principal base foi (e continua sendo) a Primeira Emenda da

Constituição estadunidense6, proposta no mesmo ano em que foi anunciada ao público

a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, documento resultante da Revolução

Francesa.

No século XX, de acordo com Battles (2003, p. 157), a preocupação em

controlar a informação voltou em grande intensidade, a partir da eliminação de livros e

bibliotecas, pois “novas maneiras de destruir livros e de instrumentalizar essa

destruição foram testadas e aperfeiçoadas”, principalmente por conta das atividades de

guerra e dos regimes totalitários. Há, inclusive, reincidência na queima de unidades de

informação, como no caso da biblioteca da universidade de Louvain, incendiada por

tropas alemães em 1914 e 1940, datas referentes ao início da I e II Guerras Mundiais.

Mas cabe lembrar que antes da deflagração da Segunda Guerra Mundial,

alemães incineravam livros. Battles (2003, p. 167) contabiliza trinta queimas de livros

universitários durante a primavera de 1933, com a observação de que, na verdade, “[...]

Goebbels jamais havia ordenado a queima de livros. A caça e queima de livros era obra

de um grupo de estudantes pró-nazistas, o Deutsche Studentenschaft” (BATTLES,

2003, p. 165, grifo do autor). Josef Goebbels era grande intelectual nazista e futuro

ministro da Cultura, à época dessas fogueiras.

Tangente à censura propriamente dita, a Alemanha nacional-socialista era, de

certa forma, descentralizada por conta das disputas de poder, no qual quem podia

6 “O Congresso não fará nenhuma lei a respeito do estabelecimento de uma religião, ou proibindo o livre exercício dela; ou cerceando a liberdade de expressão ou de imprensa; ou o direito do povo se reunir pacificamente e dirigir petições ao governo para a reparação de injustiças” (ESTADOS UNIDOS, 2013).

A constituição estadunidense ampara discursos de forma mais livre do que a legislação de muitos países.

22

exercer o papel de censor o realizava de acordo com suas ideologias, muitas vezes

causando conflitos. Realizando o papel de censores, por exemplo, encontravam-se

pessoas de “[...] unidades da polícia estatal, de bandos de membros do partido e de

cidadãos fanáticos” (BATTLES, 2003, p. 168). De forma a enumerar a situação, Battles

(2003, p. 168) expõe:

Em agosto de 1932, o jornal nazista Völkischer Beobachter publicou uma lista de escritores cujas obras seriam banidas, caso os nazistas chegassem ao poder. Em abril de 1933, Alfred Rosenberg, teórico do partido nazista e rival de Goebbels em questões culturais, divulgou uma lista modesta, com apenas doze nomes. Mas a censura expandiu-se com grande velocidade. No final do primeiro ano do regime, vinte e uma repartições separadas haviam, em conjunto, banido mais de mil livros. Um ano mais tarde, quarenta agências uniram-se para banir aproximadamente 4100 publicações (BATTLES, 2003, p. 168).

Reafirmando a prática de reprimir o saber quando se deseja suplantar

determinadas ideias e/ou sociedades, não apenas na Alemanha foram realizadas

medidas de desmantelamento de bibliotecas e acervos. Na Espanha em 1934 mais de

duzentas e cinquenta bibliotecas populares foram destruídas e em 1937 a Biblioteca

Nacional de Madrid foi bombardeada. Outra forma de censura, constituindo não na

destruição e sim na ocultação, acontecera em bibliotecas portuguesas, durante a

ditadura de Salazar (1932-1968), onde algumas obras não eram catalogadas, enquanto

fichas de outras eram retiradas dos catálogos.

Uma observação a ser feita é a constante utilização de incêndios para a

destruição de livros e também de bibliotecas. Battles (2003, p. 46) divide os incêndios

intencionalmente provocados a livros em dois tipos: o primeiro consistindo na tentativa

de revisar algo falho e o segundo “com a finalidade de apagar seus autores e leitores”

(BATTLES, 2003, p. 46).

Focando no segundo estilo, podemos inferir que não basta a proibição de

circulação das obras, sequer, em relação às bibliotecas, lacrar o edifício outrora

mantenedor do saber: é necessário extirpar a existência física e minimizá-la ao

passado, uma remota memória dos mais velhos. Nesse sentido, “a destruição de uma

biblioteca é, muito frequentemente, o resultado do medo, da ignorância e da cobiça de

seus supostos benfeitores e patronos” (BATTLES, 2003, p. 37).

23

No pós-Segunda Guerra, precisamente em 1948, a Organização das Nações

Unidas (ONU) adota a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), como

forma de resposta às atrocidades cometidas e respaldo para suprimir sua repetição. Na

DUDH, o artigo 19 versa sobre liberdade de expressão ao apontar que

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, este direito implica a liberdade de manter as suas próprias opiniões sem interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por qualquer meio de expressão independentemente das fronteiras. (ONU BRASIL, 2009)

No que tange ao Brasil, temos como grande referência da censura durante a

república o governo Washington Luís (1926-1930), mas a repressão não iniciou ali,

como pudemos ver, muito menos se dissipou, tendo prosseguido a perseguir a

imprensa e o movimento operário de forma intensa ceifando liberdades políticas e

ideológicas. Leitão (2011, p. 115) vai além, expondo que

o movimento de censura ao pensamento só foi se intensificando no Brasil, independentemente do regime que assumisse o poder. A gestão do presidente Artur Bernardes, entre 1922 e 1926, ficou conhecida pela repressão violenta aos opositores do governo [...] [com] penalização de quatro anos de prisão para quem escrevesse ou editasse material considerado subversivo. (LEITÃO, 2011, p. 115)

Diferentemente dos governos anteriores, foi no governo Vargas que os livros

voltaram a ser foco da censura (LEITÃO, 2011, p. 116). Para a autora, Vargas foi o

governante que “deu início ao uso e abuso de formas violentas de coerção e repressão

para coibir e controlar a difusão de ideias e de críticas ao governo, assim como ao

conhecimento e ao saber” (LEITÃO, 2011, p. 142), piorando o quadro visto na década

anterior com Bernardes.

Durante o Estado Novo (1937-1945) Getúlio Vargas criou o Departamento de

Imprensa e Propaganda (DIP). Para além de um projeto de propagação o DIP dedicou

grande parte de seus recursos à vigilância e censura da comunicação de massa e da

produção artística e intelectual, assim como o controle das publicações impressas.

Contudo, a atuação no campo dos livros foi uma forma de superar a “fragilidade de

estruturação administrativa” (LEITÃO, 2011, p. 155) do Instituto Nacional do Livro (INL).

24

O INL foi outro mecanismo criado durante o governo Vargas e que, ao controlar a

difusão de livros, exercia uma forma de censura.

Segundo Leitão (2011, p. 144), a repressão ao conhecimento na era Vargas se

tratava de um problema de saúde pública, consonante ao proposto pelos ditadores

europeus, e, não à toa, Gustavo Capanema era ministro da Educação e Saúde.

Capanema explicitou essa visão em carta para Getúlio Vargas, citada por Leitão (2011,

p. 146): “[...] o Instituto [INL] dará aos brasileiros leituras de suaves tendências

espirituais, para a serenidade psíquica, o controle dos êxitos individuais, das energias

aproveitadas, das utilidades conseguidas e dos ideais mais nobres”.

No período entre o governo Vargas e o governo Militar, apesar da estrutura

democrática no país,

[...] não houve qualquer determinação oficial que promovesse alguma transformação favorável do cenário do direito à liberdade de expressão. Longe disso, as medidas tomadas somente mantiveram ou confundiram, sobrepondo novos mecanismos à estrutura burocrática de censura existente. (LEITÃO, 2011, p. 158)

Já no primeiro governo seguinte ao Estado Novo, o do presidente Gaspar Dutra

(1946-1951), foi instituído um aparato censório em nome da moral e bons costumes,

distanciando-se da censura política feita pelo DIP, chamado de Serviço de Censura de

Diversões Públicas. Leitão (2011, p. 159) aponta uma irônica justificativa para o elevado

grau de censura artística: “[...] no projeto civilizatório do Estado, a população brasileira

era considerada despreparada e manipulável em todos os sentidos”.

Uma novidade ocorreu durante o governo JK (1956-1961), por conta das

medidas de abertura econômica para o capital internacional: houve renovação do

maquinário da indústria editorial e expansão da mesma, até que as taxas de inflação

dispararam e brecaram este desenvolvimento, principalmente pelo alto valor que o

papel alcançou.

Diferentemente da censura inquisitória, documentada de tal forma a se

configurar como memória da produção da época (com a ajuda do index, por exemplo),

a censura durante os governos militares era desconexa e obscura. Medidas afirmando

essa característica foram tomadas, como:

25

Em 5 de junho de 1973, por exemplo, a Polícia Federal fez saber subitamente (aliás, medida muito conveniente) que, a partir daquela data, ficava proibida qualquer referência crítica aos fundamentos, legitimidade ou funcionamento da censura, ou ao trabalho individual de censores ou às atividades dos órgãos de censura. (HALLEWELL, 2005, p. 586)

Dessa forma, as pessoas de fora da estrutura dificilmente sabiam quem fazia a

engrenagem funcionar, resumindo-se a aceitar ou rebelar-se contra as ordens. Um dos

principais problemas verificados durante o governo militar por conta da censura foi de

viés econômico, pois se forçava as empresas a desassociarem seu capital de certos

nomes, fossem investimentos ou publicidade.

Para caracterizar a censura realizada pelos regimes autoritários brasileiros do

século XX, Leitão (2011, p. 128) explica que

apesar do aparato estrutural, a operacionalização da censura se efetivou de forma ambígua, contraditória e indiferente às demandas públicas contrárias às determinações oficiais. Um outro fato relevante: o papel do censor se transformou de funcionário público intelectualizado para autoridade policialesca no exercício do autoritarismo gratuito: repressão, delação, impedimento da liberdade de expressão contrária aos ideais oficiais. (LEITÃO, 2011, p. 128)

Mediante ações censórias em que exagerada força física era despendida, essa

transferência de perfil do censor é nítida.

Hallewell (2005, p. 520), versando sobre a constância da restrição de formas de

expressão no Brasil, como outrora citamos Leitão sobre o mesmo teor, diz que

[...] existia, e sempre continuou a existir, a aceitação implícita da interferência administrativa na disseminação da informação e da opinião como se fosse uma coisa normal no governo da sociedade. Por maior que seja a amplitude dada às fronteiras da liberdade, a mentalidade legal brasileira admite, automaticamente, a necessidade da definição de algumas dessas fronteiras por parte da autoridade. (HALLEWELL, 2005, p. 520)

De forma a tentar identificar essas fronteiras da liberdade, ou uma preocupação

com a liberdade de expressão no âmbito nacional, verificamos as constituições

brasileiras já promulgadas comparando os artigos referentes à temática. Na

Constituição de 1824, o artigo 179, n° IV expõe:

Todos podem communicar os seus pensamentos, por palavras, escriptos, e publical-os pela Imprensa, sem dependencia de censura;

26

com tanto que hajam de responder pelos abusos, que commetterem no exercicio deste Direito, nos casos, e pela fórma, que a Lei determinar. (BRASIL, 1824)

Apesar das quase sete décadas que as separam e a mudança de império para

república, o artigo 72, § 12 da Constituição de 1891 só se difere pela proibição do

anonimato (BRASIL, 1891). Na Constituição de 1934, o artigo 113, n° 9 apresenta

algumas alterações ao retirar os espetáculos e diversões públicas da independência da

censura e incluindo que “é segurado o direito de resposta. A publicação de livros e

periódicos independe de licença do Poder Público. Não será, porém, tolerada

propaganda, de guerra ou de processos violentos, para subverter a ordem política ou

social” (BRASIL, 1934). A menção de guerras e processos violentos demonstra a

preocupação em garantir o Estado de direito e o pleno funcionamento das instituições

democráticas, em um contexto marcado pelas lembranças da I Guerra Mundial e pelo

episódio da Revolução de 1917 na Rússia.

Previsivelmente, na Constituição de 1937 (conhecida como Constituição do

Estado Novo), o artigo 122, n° 15 garante, no papel, o direito de manifestação da

expressão, lista os seus possíveis meios (isto é, oral, escrito, impresso e/ou por

imagens) assim como elenca pormenores das possíveis medidas de censura:

A lei pode prescrever: a) com o fim de garantir a paz, a ordem e a segurança pública, a censura prévia da imprensa, do teatro, do cinematógrafo, da radiodifusão, facultando à autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou a representação; b) medidas para impedir as manifestações contrárias à moralidade pública e aos bons costumes, assim como as especialmente destinadas à proteção da infância e da juventude; c) providências destinadas à proteção do interesse público, bem-estar do povo e segurança do Estado. A imprensa reger-se-á por lei especial, de acordo com os seguintes princípios: a) a imprensa exerce uma função de caráter público; b) nenhum jornal pode recusar a inserção de comunicados do Governo, nas dimensões taxadas em lei; c) é assegurado a todo cidadão o direito de fazer inserir gratuitamente nos jornais que o informarem ou injuriarem, resposta, defesa ou retificação; d) é proibido o anonimato; [...] (BRASIL, 1937)

27

A Constituição de 1946, no artigo 141, § 5º retoma o previsto na Constituição

de 1934, acrescentando os preconceitos de raça ou de classe como itens intoleráveis

(BRASIL, 1946).

De certa forma mantendo a disposição anterior, tentando manter a imagem

democrática, ainda que em uma ditadura, a Constituição de 1967, no artigo 150, § 8°

apresenta mudanças nas especificações iniciais do texto, ao assegurar “[...] a

manifestação de pensamento, de convicção política ou filosófica e a prestação de

informação sem sujeição à censura [...]” (BRASIL, 1967), mantendo os outros dispostos.

No entanto, por ser fruto de um período autoritário que logo recrudesce, apenas dois

anos depois o artigo 153, § 8º da Emenda Constitucional de 1969 reintroduz ao fim da

redação, o veto às “publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons

costumes” (BRASIL, 1969), de forma a cercear a liberdade.

A Constituição de 1988, vigente atualmente, expõe no artigo 5, n° IV que “é

livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” (BRASIL, 1988) e no

n° XIV do mesmo artigo “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o

sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional” (BRASIL, 1988). Podemos

verificar três mudanças, anteriormente não vistas: a citação nominal do “acesso à

informação”, a relação do sigilo com a atividade laboral – e não uma imposição

governamental – e a nova posição do título “Dos direitos e garantias fundamentais”,

culminando no assunto liberdade de expressão aparecer logo no artigo de número 5,

sendo que anteriormente surgia próximo ou acima de uma centena.

Devido às disposições expressas nos artigos 5, 37 e 216 da Carta Magna

vigente, o prognóstico atual é animador no que se refere à legislação ao direito de

acesso à informação.

Nessa direção, em 18 de novembro de 2011, foi decretada e sancionada a Lei

n° 12.527/2011, popularmente conhecida como Lei de Acesso a Informação (LAI), que

regulamenta o acesso às informações dos órgãos públicos, obrigando-os a criar

mecanismos necessários para tal ação.

28

Concluímos que as alterações na ótica da liberdade de expressão dentro das

constituições brasileiras são consequência do contexto sócio-político, num movimento

constante entre abertura e supressão da democracia nacional.

Também a partir da análise das cartas magnas, percebemos que quando

grupos políticos chegam ao poder utilizam de subterfúgios para exercer medidas de

exceção, nos casos de autoritarismo, principalmente através dos estados de

sítio/emergência. Em vista disso, destacamos três artigos: o primeiro da Constituição de

1934, o segundo de 1937 e o terceiro da Emenda Constitucional de 1969.

A constituição de 1934, para além de seus avanços em prol da democracia, foi

fruto de uma sociedade que passara pelas mazelas de uma Guerra Mundial e por isso

ao legislar pensou medidas a serem aplicadas caso fosse instaurado um estado de

exceção e incluiu, no artigo 175, n° 2, letra c “a censura de correspondência de

qualquer natureza, e das publicações em geral” (BRASIL, 1934) e no §5° “não será

obstada a circulação de livros, jornais ou de quaisquer publicações, desde que os seus

autores, diretores ou editores os submetam à censura” (BRASIL, 1934).

Já na constituição de 1937, outorgada durante o Estado Novo, uma das

medidas previstas na vigência de um estado de sítio era a “censura da correspondência

e de todas as comunicações orais e escritas” (BRASIL, 1937), listada na letra b do

artigo 168, crescendo suas “garras” para quantos campos possíveis, independente da

viabilidade das ações.

A Emenda Constitucional de 1969 acirra as medidas coercitivas da Constituição

do governo militar, datada de 1967. No artigo 156, § 2°, letra f é prevista, na vigência do

estado de sítio, a “censura de correspondência, da imprensa, das telecomunicações e

diversões públicas” (BRASIL, 1969).

Sendo assim, enquanto virtualmente deveriam ser respeitados os direitos à

informação e à liberdade de expressão, a reiterada vigência de medidas extremas como

estados de sítio e de emergência os suspendiam.

Verificamos, ao longo das conceituações e histórico, que a censura é exercida

pelos mais variados vieses, mas ao se tornar legal – instituída governamentalmente –

29

as suas consequências são ainda mais graves, principalmente pelo grau de violência

utilizado. A seguir, focamos na censura a livros durante o governo militar.

2.1 CENSURA AOS LIVROS DURANTE A DITADURA

Pouco mais de dois meses depois de 1° de abril de 1964, primeiro dia após o

Golpe Militar, foi criado um importante mecanismo governamental de controle: o Serviço

Nacional de Informações (SNI) que tinha como objetivo superintender e coordenar as

atividades de informação e contra informação e “[...] absorveria e centralizaria o Serviço

Federal de Informações (SFICI) e a Junta Coordenadora de Informações (JCI)”

(LEITÃO, 2011, p. 162). Neste panorama inicial dos mecanismos de controle, destacou-

se também a Lei n° 5250, de 09 de fevereiro de 1967, a “Lei da Imprensa”. Percebe-se,

assim, que o domínio sobre os veículos de comunicação era ferrenho, enquanto a

leitura de livros, felizmente, era relegada ao segundo plano – provavelmente por seu

alcance mais singular7.

Reimão (2005) aponta que nos primeiros anos após o Golpe Militar (ainda na

década de 1960) a censura acontecia de forma irregular e pontual, ao que Hallewell

(2005, p. 583) acrescenta que “[...] os livros continuavam a sofrer apenas confiscos

intermitentes sem estrita justificação legal”. Os autores convergem ao indicar o AI-5

como a divisa entre a censura desorganizada e a estabelecida governamentalmente.

Na época pregressa, a maior incidência de atos censórios em relação a livros acontecia

em editoras, sendo notório o caso da Civilização Brasileira, pela figura de Ênio Silveira.

Ênio Silveira foi personalidade importante na indústria editorial brasileira, tanto

pela coragem de enfrentar o establishment, quanto pelo seu tino comercial – Hallewell

(2005, p. 538) cita a preocupação do editor com a divulgação do livro “Lolita”, fato

incomum na época8. Além disso, Silveira foi vice-presidente da Câmara Brasileira do

7 De acordo com o censo demográfico do IBGE (BRASIL, 2003, p. 6), na década de 1960 a taxa de analfabetismo para pessoas com 15 anos ou mais era de 39,7%, na década seguinte diminuindo para 33,7%.

8 “[...] um levantamento feito pelo Snel, em 1967, sobre editoras do Rio de Janeiro e de São Paulo revelou que 40% delas sequer possuíam um orçamento para publicidade”. (HALLEWELL, 2005, p. 545)

30

Livro e, de 1952 a 1954, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros

(SNEL), posições que comprovam seu bom trabalho e relacionamento com os pares.

Mas, por conta de seu posicionamento político e para não prejudicar a empresa,

“em outubro de 1965, pressões do governo Castelo Branco obrigaram Ênio a retirar-se

da direção nominal tanto da Revista como da editora” (HALLEWELL, 2005, p. 578).

Hallewell (2005) lista sete prisões sofridas por Silveira em diversos momentos da

ditadura, entretanto, pensar que o editor abrandaria seu posicionamento é errado e um

sinal disso era sua recusa em submeter qualquer obra à censura prévia (HALLEWELL,

2005, p. 585).

A livraria da Civilização Brasileira, por sua vez, “[...] tornou-se o conhecido

ponto de encontro dos escritores e outros intelectuais contrários ao governo [...]”

(HALLEWELL, 2005, p. 576), ainda em 1965, portanto, é lógica a incidência de

repressão nesta editora.

O AI-5 surgiu como forma de repressão às manifestações e levantes da

população de ideia contrária ao regime, principalmente no meio estudantil. Leitão

(2011) ressalta que a partir do decênio seguinte (1970) foram instituídas normas para

censura de livros, sendo o decreto-lei n° 1077, de 26 de janeiro de 1970, o principal

subsídio para a formalização da censura na década, pois instaurava a censura prévia.

A mudança marcante foi justamente o caráter inicial que a censura ganhava, não mais

aguardando a chegada dos livros às estantes para obter-se a avaliação dos censores9.

Autores como Jorge Amado e Érico Veríssimo se opuseram publicamente ao novo

caráter de censura para livros, recusando-se a fornecer seus originais (REIMÃO, 2014,

p. 78).

Em contraponto a história de censura pregressa, ressalta-se a afirmação de

Leitão (2011, p. 161) que, a partir do golpe militar de 1964, “[...] os processos censórios

ficaram ainda mais rígidos”, ao mesmo tempo em que muito se produzia no campo

cultural – como rememora Ortiz (2006, p. 83), dizendo-nos que, mesmo vivendo um

clima adverso, houve “[...] expansão, a nível da produção, da distribuição e do consumo

de bens culturais” o que, pensando na mesma direção, Germano (1994, p. 116) 9 Censor: “funcionário incumbido de censurar obras literárias ou artísticas ou de impor censura aos veículos de comunicação de massa.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 76)

31

chamou de “[...] efervescência cultural, notadamente na área da música popular e do

teatro”.

O responsável pela censura oficial era o Ministério da Justiça (MJ), que agia

através do Serviço de Censura de Diversões Públicas (SCDP), órgão ligado ao

Departamento de Censura de Diversões Públicas (DCDP). Podemos correlacionar o

nome desses setores com o fato de que o ato censório recaía mais nas atividades

teatrais e musicais do que na produção literária, pois a leitura é uma ação geralmente

individual e privada. Porém, verificar a repressão por esta hierarquia se configura num

erro, visto que “O Estado era (e continua a ser, durante a Nova República) composto

por diferentes setores com grau variável de autonomia” (SOARES, 1989, p. 8) e,

consequentemente, destoam entre si.

Ressalta-se também a subjetividade da prática da censura, dado que mesmo

com diretrizes para ações censórias pessoas diferentes podem interpretar obras de

óticas diversas. Além das diferentes formas de interpretação, existiam outros objetivos

escusos na prática repressiva, como a passagem a seguir demonstra:

Milhares de livros foram sumariamente confiscados de livrarias e editoras pelas mais diversas razões: por falarem do comunismo (mesmo que fosse contra), porque o autor era persona non grata do regime, por serem traduções do russo, ou simplesmente porque tinham capas vermelhas. Muitos policiais contentavam-se com qualquer coisa que tivesse a marca Civilização Brasileira, enquanto outros demonstravam especial preferência por dicionários, obras de referência ou qualquer coisa que se vendesse rapidamente como livro usado. (HALLEWELL, 2005, p. 575-576)

Ademais, a necessária submissão das publicações em geral para avaliação

supunha uma quantidade de censores muito além do possível, o que causou críticas a

ponto de ser expedida a Instrução 01 – de 24 de fevereiro de 1970 limitando a ação da

seguinte forma:

Para os fins da Portaria 11-B, de 6 de fevereiro de 1970, estão isentas de verificação prévia as publicações e exteriorizações de caráter estritamente filosófico, científico, técnico e didático, bem como as que não versarem temas referentes ao sexo, moralidade pública e bons costumes. (BRASIL, 1970b)

Verifica-se, então, maior preocupação com obras atentando à moral e aos bons

costumes, a literatura mais sexual e não necessariamente subversiva no viés político,

32

similar ao observado na listagem de títulos censurados (anexo B). De forma a

padronizar os títulos censurados por época, Hallewell (2005, p. 588) expõe que “[...] a

ação oficial contra os clássicos do socialismo teórico foi uma característica

predominante dos anos de 1960. Na década de 1970, a sensibilidade política do

governo limitava-se, de modo geral, a obras de crítica direta à situação do Brasil”.

Diferentemente do DIP, o INL continuava a funcionar durante os anos 70 e,

mais uma vez, auxiliava na censura de livros. Pelo regime de coedições, o Estado se

eximia da editoração de forma a se limitar a subsidiar o setor privado, o que era

atraente tanto pelo viés econômico quanto pelo político, pois ganhava a possibilidade

de vetar as obras com as quais colaborava (LEITÃO, 2011, p.173). Talvez por esse

motivo a censura de livros contrários ao governo tenha se destacado e sido mais fácil

de detectar.

Mesmo com a restrição ao estilo das obras, “a maioria da atividade de censura

em relação a livros dava-se, na prática, por denúncias” (REIMÃO, 2014, p. 78).

Entretanto, apesar do parecer oficial e das denúncias de cidadãos comuns, existiam

editoras contrárias ao Golpe (como a Brasiliense, a Vozes e a Paz e Terra, além da já

mencionada Civilização Brasileira), que mesmo recebendo a “etiqueta” de censurado

em algumas de suas publicações conseguiram alavancar as vendas, como no caso do

romance “Zero”, de Ignácio de Loyola Brandão, mencionado por Wasserman (2014). El

Far (2006, p. 43) reitera essa visão, também mencionando a importância de Ênio

Silveira para o mercado editorial durante o regime autoritário:

Empresários de diferentes perfis, cada um a seu modo, procuraram estabelecer laços com pesquisadores, literatos e professores que pudessem divulgar ideias originais nos diferentes campos de estudo de nosso país, como também trazer do exterior projetos e coleções inovadoras. Nesse sentido, vale a pena mencionar a atuação de Jorge Zahar e de Ênio Silveira, da editora Civilização Brasileira, que diversas vezes desafiou os limites impostos pela ditadura militar com o intuito de levar ao mercado obras capazes de estimular a reflexão crítica sobre a realidade brasileira. (EL FAR, 2006, p. 43)

As figuras supracitadas – Zahar e Ênio –, ainda no ano de 1964 se uniram a

Carlos Ribeiro (da Livraria São José), e auxiliaram na elaboração do Manifesto dos

33

Intelectuais, “um protesto contra as ameaças revolucionárias à liberdade de expressão”

(HALLEWELL, 2005, p. 541).

Fioratti (2012, p.85) aponta que de 1976 em diante diminuiu-se a quantidade de

livros censurados e levanta como uma das prováveis justificativas “[...] a morte do

jornalista Vladimir Herzog em decorrência de tortura praticada pelos militares, em

1975”, pois a partir daquele momento houve uma maior cobrança da sociedade como

um todo dos atos dos generais-presidentes. Mas a repressão continuou, pois, em

contrapartida, segundo Reimão (2014, p. 85-87) a atividade da censura foi

extremamente forte ao longo do Governo Geisel (1974-1979) e, consonante aos

documentos encontrados no arquivo do DCDP, três hipóteses são levantadas para

justificar essa alta atividade:

1) Os parâmetros censórios recaíam mais ao aspecto moral que ao político,

sendo a censura moral de alta volubilidade;

2) O DCDP acreditava na extinção da atividade censória, portanto, precisava

justificar a sua existência;

3) Durante os anos de chumbo10, as ações dos censores eram mais rígidas,

logo, os autores, músicos, compositores, etc. exerciam a autocensura.

Sendo visível o impedimento da disseminação de informação, protestos a favor

da liberdade de expressão seriam plausíveis. Araújo (2014, p. 44) aponta o lançamento

de um manifesto contra a censura, em junho de 1977, na sede da Associação Brasileira

de Imprensa (ABI), por mais de dois mil jornalistas. No mesmo ano, no mês de janeiro,

foi entregue ao ministro da Justiça o “Manifesto dos 1046 intelectuais contra a censura”,

assinado por nomes como Lygia Fagundes Telles e Nélida Piñon (REIMÃO, 2014, p.

77). Seguindo o apresentado por Fioratti (2012), podemos supor a diminuição das

estatísticas de censura como causa para as oposições públicas no ano de 1977.

Contudo, acordando ao proposto por Reimão (2014), essas oposições seriam muito

mais rebeldes, indo de encontro ao ápice da censura.

Por fim, visto que até a década de 1970 a censura se pautava por diretrizes

difusas e confusas, há casos de livros submetidos mais de uma vez e/ou com títulos 10

A designação “anos de chumbo” corresponde à época mais repressiva da Ditadura Civil -Militar, entre os anos de 1968 e 1974, tendo como marco inicial o AI-5.

34

diferentes. Por isso, as listagens de obras censuradas ao decorrer da Ditadura são

incompletas, variando de entre duzentos e quinhentos livros, como Reimão (2014, p.

79-80) explana, estimativa esta que Hallewell (2005, p. 591) quase supera, ao afirmar

que “em fins de 1978, perto de quinhentos livros eram proibidos no Brasil”.

2.2 A CENSURA NAS BIBLIOTECAS

Sobre a censura em bibliotecas, primeiro se faz necessário ressaltar que

[...] a instituição biblioteca não é uma entidade independente, capaz de declarar quais e como serão oferecidos seus serviços, ou quais serão os seus objetivos. Depende inteiramente de uma série de circunstâncias e está sujeita a pressões existentes no ambiente onde atua, muitas das quais conflitantes. (MUELLER, 1984, p. 49)

A censura é uma dessas pressões conflitantes no desempenho das funções de

uma biblioteca, dado que temos a necessidade de preservar, disseminar e organizar o

conhecimento. No âmbito das bibliotecas universitárias, a situação se agrava pelo seu

acervo ter como característica o fornecimento de “infraestrutura bibliográfica e

documental aos cursos, pesquisas e serviços mantidos pela universidade” (LEITÃO,

2011, p. 75), fazendo-se necessária a presença de obras atendendo a incontáveis

linhas de pensamento.

O bibliotecário, consonante à diversidade de pontos de vista, precisa ter em

mente que

Contrapondo-se ao conceito de censura, deve-se colocar o de liberdade intelectual, podendo esta ser definida como o direito dos usuários de ter acesso a todos os aspectos de todas as informações, sem que este

acesso seja restrito sob hipótese alguma. (VERGUEIRO, 1987, p. 22, grifo do autor)

Sendo assim, o profissional, em nenhum momento, pode compor as coleções

apenas na linha de pensamento agradável a si: não é necessária a sua aprovação

ideológica de toda a informação tornada acessível. Cabe a ressalva de que, em

determinadas situações e instituições, o acesso pode ser dificultado pelo tipo de

informação contida no suporte (como relatórios reservados e com informações

estratégicas, comuns em algumas instituições de pesquisa). Também podemos sofrer

35

pressão dos usuários, discorrendo sobre os assuntos necessários ou não ao acervo,

acordando a uma possível heterogeneidade do público ou também a mudanças de

mentalidade que os próprios podem sofrer. Ainda, a censura pode partir de esferas

superiores dentro da própria instituição; problemas de ordem econômica também

podem disfarçar um controle de obras.

Até para lidar com o volume de doações, é importante a elaboração de

parâmetros para o processo de desenvolvimento de coleções, permitindo o

conhecimento geral daquele acervo e de forma a não cair num grave erro, apontado por

Briquet de Lemos em entrevista: “[...] o mais sério, que é o que existe e a gente não vê,

é essa história da censura dentro da seleção e da aquisição. Eu não compro, eu jogo

fora, eu não ponho na estante, porque eu não gosto, porque é feio, porque é

pornográfico, porque é isso e aquilo...” (LEITÃO, 2011, p. 184)

Por conta do processo de seleção, Leitão (2011, p. 209) assemelha a atividade

do bibliotecário com a do censor, não sem fazer ressalvas: o critério do bibliotecário

deve ser ético e ter como norte para o desenvolvimento do acervo as necessidades

informacionais dos consulentes, além de por definição possibilitar e incentivar o acesso

à informação, enquanto o censor trabalha em busca de vetar algo, protegendo a

informação por crer na insuficiência da formação do leitor, que não saberá usá-la de

forma “adequada” (LEITÃO, 2011, p. 218).

Destacamos a posição da American Library Association (ALA) em relação à

censura, pois, ao levar em conta os obstáculos encontrados, reafirma a postura ideal do

bibliotecário em um dos pontos da Declaração para o Direito às Bibliotecas: “[...] o

nosso direito de ler, buscar informações, e falar livremente não deve ser tomado como

garantido. As bibliotecas e os bibliotecários defendem ativamente esta liberdade mais

básica [...]” (AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION, 2013). Com a garantia do acesso à

informação unida à preservação da memória, proporcionam-se fundamentos e

questionamentos sobre os mais diversos assuntos. Podemos, então, entender as

bibliotecas como um dos símbolos de uma sociedade livre, com grande potencial de

transformação.

36

Correlacionando o exposto sobre a destruição de bibliotecas e o quanto a

atitude do bibliotecário também pode ser nociva, citamos Battles:

Destruir uma biblioteca, porém, é apenas o modo mais grosseiro de expressar certas opiniões. Bibliotecas intactas também podem transformar-se em instrumentos de opressão e de genocídio, na medida em que disponibilizem os cânones que alimentam anseios de pureza étnica e fantasias de um nacionalismo mítico. Naquela que é, talvez, a cena mais dramática de sua autobiografia, Black Boy, Richard Wright lembra que as bibliotecas no Jim Crow South não se contentavam em proibir a circulação de certos livros, como também apoiavam a tese de que a leitura não era adequada para certo tipo de gente. As novas bibliotecas ofereciam grandes esperanças de progresso pessoal, mas também podiam ser veículos de grande sofrimento quando resolviam negar essa esperança a alguém. (BATTLES, 2003, p. 179-180)

Justamente por seu significativo papel de liberdade e guardiã de

conhecimentos, “as bibliotecas sempre foram alvos de destruição em situações de

guerra ou estratégias de controle” (LEITÃO, 2011, p. 58), como o caso clássico da

biblioteca de Alexandria11, incendiada algumas vezes antes de sucumbir às chamas em

sua totalidade – inclusive, Battles (2003, p. 30-31) indica como provável motivo para a

destruição final de Alexandria a expansão do cristianismo, dado ser a biblioteca fruto de

tradição helenística, portanto pagã.

No decorrer da Ditadura, nosso recorte histórico, as ações de censura pelo

governo centraram-se na criação de políticas para a publicação de obras, não se

preocupando em atuar fisicamente dentro das bibliotecas (LEITÃO, 2011, p. 165).

Sendo assim, constituía-se um simulacro de democracia: os livros chegavam às

bibliotecas, pois a censura já era realizada na fonte de publicação e, assim, não havia

necessidade de determinações diretas para as unidades de informação. Aliás, segundo

Bastos (2008, p. 20), “[...] no Brasil, poucas informações se possuem sobre as práticas

de censura em bibliotecas”.

Em relação ao papel da biblioteca e do bibliotecário, acreditamos que a

possibilidade de tornar os usuários cidadãos críticos, superando visões preconceituosas

contra as ditas minorias ao intencionar o acesso democrático, é riquíssima e, por isso, o

11

Sobre essa biblioteca Battles (2003, p. 29) informa, na verdade, a existência de duas bibliotecas

geograficamente próximas e, por isso, tidas como uno.

37

profissional deve reconhecer o seu papel político e imparcial, posicionando-se em

relação à censura. Escolhemos o termo “político”, pois, como Almeida Júnior (1997, p.

90) ressalta, ao se reportar a fala de João Ubaldo Ribeiro “política tem a ver com o

processo de formulação e tomada de decisões que afetem, de alguma maneira, a

coletividade”. Para justificar sua posição, o mesmo autor vai além, pois

Como pode o bibliotecário se considerar imparcial se os materiais do seu acervo são parciais? Como pode o bibliotecário se considerar imparcial se a própria localização da biblioteca onde trabalha serviu a interesses políticos e que não exprimem a real necessidade da comunidade? (ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p. 92)

Retomamos, assim, o disposto por Mueller (1984) e acreditamos ser preciso

nos libertar das fortes amarras do tecnicismo excessivo e nos conscientizar sobre a

nossa parcialidade e a de nossa atividade, dado que “[...] os bibliotecários [...] sempre

estarão a serviço de algum grupo” (MATTOS, 2001, p. 76), afinal a biblioteca é “[...] um

espaço de busca, criação e produção de conhecimentos, mas nunca dissociado das

políticas econômicas e da estrutura de poder do sistema social mais amplo” (MATTOS,

2001, p. 100).

Por isso, é essencial compreender o papel social da nossa profissão e, nos

aliarmos à visão da Universidade de Chicago – que já nos idos de 1960 “[...] entendia

as bibliotecas como unidade essencial de organização social” (LEITÃO, 2011, p. 132) e

por isso inseriu a pós-graduação em Library Science nas Ciências Sociais.

38

3 A CENSURA NA UNIVERSIDADE (1964-1985)

Com a instauração de um governo ditatorial reestruturações se fizeram

necessárias e, por seu potencial crítico, o campo educacional foi afetado: a

universidade passou por grandes alterações durante o governo militar, notadamente a

ação de maior impacto foi a Reforma Universitária de 1968.

Uma das principais preocupações do governo era suprimir a Reforma era

suprimir o movimento estudantil, pois este era articulado e tinha potencial crítico para

realizar questionamentos inclusive sobre os rumos do país, culminando em prováveis

contestações à Ditadura. Todavia, antes de efetuarem ações contra os estudantes, já

no primeiro mês do novo governo houve mudanças no posto mais alto das

universidades, como a destituição do reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

(GERMANO, 1994, p. 108).

A reforma universitária não era novidade, pelo contrário, era solicitada no meio

acadêmico há algum tempo, mas o projeto capitaneado pelos estudantes através da

União Nacional dos Estudantes (UNE) defendia outra proposta de reforma, pautada na

autonomia, na liberdade de expressão, no incentivo ao ensino e à pesquisa. Entretanto,

a Reforma Universitária de 1968, outorgada pelo governo militar, foi na contramão

desse projeto, sendo apropriadamente denominada de contrarreforma.

Ancorada na experiência da inovadora Universidade de Brasília (UnB) e no

modelo de educação estadunidense, acordos foram firmados entre o Ministério da

Educação (MEC) e a agência americana USAID (United States Agency for International

Development) visando à implantação da reforma. O principal objetivo do governo era

disciplinar a vida acadêmica, numa equação entre menos críticas e mais respeito às

hierarquias e autoridades; outra forte característica era a privatização, visando tornar

similar a estrutura universitária à estrutura de uma empresa. Esse panorama seguia as

tendências de fora do ambiente acadêmico, afinal “[...] toda universidade é, no plano

ideológico, o reflexo da política e da economia de uma dada sociedade” (MATTOS,

2001, p. 19).

39

Estendendo a repressão na universidade a Lei n° 4464, de 6 de abril de 1964,

foi sancionada, proibindo as atividades políticas nas organizações estudantis e

regulamentando essas entidades; a UNE foi proibida; a Portaria n° 25 do MEC, de

janeiro de 1968, foi baixada, determinando a obrigatoriedade de aprovação prévia do

Ministro de Estado para a realização de eventos acadêmicos na universidade, além de

seu conteúdo ser repassado ao governo através de relatório; o decreto-lei 477/69

reprimia a possibilidade de crítica política no sistema educacional; o ato complementar

n° 75, de 21 de outubro de 1969, impedia a realização de pesquisas por intelectuais

atingidos pelos Atos Institucionais em instituições subsidiadas direta ou indiretamente

pelo governo; o Decreto-Lei n° 869, de 1969, inseria a Educação Moral e Cívica nos

três níveis de ensino; o aviso ministerial n° 596, de 2 de junho de 1972, procurava

regulamentar a escolha de paraninfos, homenageados e patronos dos formados, dado

que a escolha destas triagens poderia ser uma resposta contestatória ao regime, na

figura de militantes da esquerda, revolucionários, etc.

Antes da UNE ser proibida, seu XXX Congresso foi desmobilizado e foram

presos pela polícia “[...] cerca de 800 estudantes e toda a direção nacional do

movimento” (LEITÃO, 2011, p. 164), em outubro de 1968. No mesmo ano, o AI-5 foi

baixado como uma resposta aos movimentos da classe estudantil, que, por exemplo,

havia realizado a Passeata dos Cem Mil. Em consonância ao que ocorria no mundo,

1968 foi um ano extremamente fértil, de lutas e resistências aos abusos do poder

instituído, instigando as mobilizações estudantis.

No que diz respeito à repressão, pode-se dizer que as ações eram verticais,

não envolvendo diretamente a participação civil – ainda assim, grupos civis

conservadores apoiavam as práticas autoritárias. No âmbito universitário, reforçando a

ideologia desejada, a partir da supressão das críticas, não configura uma surpresa a

depreciação dos estudos nas áreas de Ciências Humanas e Sociais principalmente a

partir dessa nova universidade, acarretando num modelo burocrático demais ao invés

de intelectualizado.

Das universidades mais visadas, a UnB foi uma das principais dada a sua já

mencionada inovação e posição geograficamente estratégica (próxima a capital

40

federal), tendo sido ocupada por intervenção militar em três momentos (em 1964, 65 e

68). Por outro lado, a Universidade de São Paulo (USP), apesar de ter sofrido duas

invasões (em 1964 e 1968, ambas com destruição do patrimônio e a última resultando

em morte), vivia um clima de delação, visto que o próprio reitor incentivou uma

comissão secreta e especial com a finalidade de investigar atividades subversivas, de

cunho político contrário ao regime. Com isso, o ensino era prejudicado pela

autocensura realizada pelos docentes, temerosos com a perda do cargo. Pode-se dizer

que ali, na que já era a melhor universidade do país, se aceitava o proposto pelo regime

militar (GERMANO, 1994).

Ao tratar de uma das invasões na UnB, Hallewell (2005, p. 582-583) retrata o

perfil da autoridade policialesca, que age de forma e com força desmedida.

Em 29 de agosto, a Polícia Federal, a mando do Exército, invadiu a Universidade de Brasília para efetuar a prisão preventiva de cinco estudantes, o que fez de maneira mais provocadora possível, cometendo atos gratuitos de violência, destruindo instalações e agredindo deputados presentes, o que pareceu tentativa deliberada de fazer o Congresso protestar – e desse modo demonstrar sua impotência. (HALLEWELL, 2005, p. 582-583)

Esse posicionamento contra os estudantes custou caro ao governo, pois a

sociedade, inicialmente compactuando, passou a reprovar as medidas intencionadas

contra os líderes estudantis, dado seu alto grau de violência.

Apesar de toda a tentativa de repressão vinda do governo, Germano (1994)

classifica como notável a participação da comunidade acadêmica na resistência à

ditadura.

3.1 CENSURA ÀS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E A DITADURA

Inseridas num cenário de efervescência como a universidade durante o governo

militar, as bibliotecas universitárias não passaram intactas pela ação policial. Em geral,

se confrontado, o bibliotecário precisava justificar a presença de livros censurados em

seu acervo ou a razão de não disponibilizar determinada obra, mas o medo

disseminado impedia questionamentos, assim como os livros censurados não ficavam

41

expostos nas prateleiras. Em outros casos, mais comuns, apenas se invadiam as

bibliotecas – destruindo o acervo e até mesmo depredando as instalações físicas.

Para verificar o posicionamento dos profissionais e o quanto a repressão

influenciou no funcionamento das bibliotecas universitárias, recorremos à literatura,

principalmente a textos com entrevistas de bibliotecários atuantes à época.

Identificamos a ocorrência de invasões policiais, como nas bibliotecas Professor

Mário Schemberg e da Faculdade de Filosofia de Rio Preto, ambas no âmbito da USP e

na biblioteca central da UnB, acontecimento relatado por Antonio Agenor Briquet de

Lemos – bibliotecário, editor/livreiro e professor aposentado da UnB (LEITÃO, 2011).

Pesquisa realizada por Rodrigues (2013) sobre a censura na UnB vão ao

encontro dos relatos de Briquet de Lemos. Segundo essa autora, a censura na

biblioteca central durante o governo militar fez com que documentos ali encontrados

fossem armazenados. Isso ocorreu após a primeira invasão ao espaço universitário,

mantendo-se a unidade informacional lacrada mesmo com a liberação do campus.

Azevedo (2003) ao apresentar o relato de Alba Costa Maciel12, bibliotecária da

USP durante a ditadura, confirma a lacração de uma biblioteca universitária e

encaixotamento dos livros.

Concernente a proibições expressas para a coleção, Flávio Suplicy de Lacerda,

à época reitor da Universidade do Paraná, ordenou a retirada de páginas “de obras de

Zola, Pérez Galdós e Eça de Queirós na biblioteca da universidade, de onde baniu

também obras de Sartre, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Guerra Junqueira, além da

revista Anhembi, de São Paulo” (HALLEWELL, 2005, p. 575, grifo do autor). Jussara

Pereira dos Santos – professora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS) – narra o recolhimento de livros encapados em vermelho da Faculdade de

Arquitetura, por receio de os considerarem livros comunistas (CHAFFE, 2009).

Azevedo (2003, p. 33), por sua vez, expõe a existência de recomendações

contra a assinatura de periódicos provindos da União Soviética. Acordando a essa

explanação, Mitsy Taylor – diretora da biblioteca central da Universidade Federal de

Santa Catarina (UFSC) nos anos de 1972-1973 – comenta que um professor “[...] pediu 12

Alba Costa Maciel também foi professora do Departamento de Documentação da UFF – Universidade Federal Fluminense, aposentando-se no início da década de 2000.

42

uma doação da Hungria, um país da Cortina de Ferro e para onde era proibido enviar

qualquer tipo de correspondência" (SOUZA et al., 2002, p. 84).

Em relação ao posicionamento dos bibliotecários, nos excertos de entrevista

realizada com Briquet de Lemos, Leitão (2011) traz a confirmação da ocultação de

livros por parte dos funcionários, mas com a finalidade de preservar as obras para um

futuro retorno às estantes. Rodrigues (2013, p. 39), na análise de entrevistas, cita,

convergindo à ação de ocultar livros: “[...] teve bom senso entre os bibliotecários. Tudo

era censurado”. Outro de seus entrevistados descreve uma situação que reitera a fala

de Briquet de Lemos, sobre a guarda de livros, e traz à tona o cofre nas instalações da

biblioteca:

[...] então fomos à biblioteca, ela tinha um vão em baixo. Chegando lá ele [Honestino Guimarães] disse “vocês me seguram pela mão que eu vou entrar lá dentro”. [...] Depois de uns dez ou quinze minutos, ou um pouco a mais, volta Honestino, e antes de subir ele entrega um bocado de livros, “segura, segura, segura”. E todos os livros eram sobre a esquerda, relativos à política “o que é o comunismo”, “movimento da união soviética”, tudo nesse sentido. A Universidade de Brasília tinha esses livros, [...] mas estavam lá escondidos. Provavelmente por ordem do Reitor, que era o Caio Benjamim Dias, que era um homem extremamente conservador. (RODRIGUES, 2013, p. 40)

Sobre esse bom senso, é interessante destacar o posicionamento das duas

entrevistadas13 por Chaffe (2009), incisivas em classificar como alienado o

comportamento dos bibliotecários mediante a Ditadura Civil-Militar. Por outro lado, a

legalização da profissão bibliotecário no Brasil acontecera no decorrer do governo

militar14, o que pode ter influenciado fortemente esse posicionamento defensivo.

Entretanto, a neutralidade não era privilégio dos bibliotecários, mas sim uma

atitude generalizada da sociedade, sobre a qual Jussara Pereira dos Santos muito se

ressente:

Eu acho que o mal que a revolução fez ao Brasil, eu não sei se tem retorno, porque isso que eu fiz pessoalmente de calar para me defender, todos os da minha geração fizeram e ensinaram aos filhos através do

13

A primeira entrevistada de Chaffe (2009) é Jussara Pereira dos Santos, anteriormente citada, e a segunda é Evangelina de Azevedo Veiga, que foi bibliotecária na Biblioteca Pública Estadual (RS) e é professora aposentada da UFRGS.

14 A Lei 4.081/62 regula a profissão de bibliotecário, porém apenas três anos depois saiu o decreto regulamentando a lei (o Decreto n° 56.725, de 16 de agosto de 1965).

43

exemplo a ficar de boca fechada e não batalhar por suas coisas e virou a indiferença que nós temos hoje no país. Disso tudo eu acho a pior coisa. (Trecho da entrevista de Jussara citada por CHAFFE, 2009, p. 52)

Percebemos que os problemas sentidos nas bibliotecas eram mais reflexos dos

problemas universitários em geral, como as cassações e aposentadorias compulsórias

instituídas a partir dos Atos Institucionais, além da própria reforma universitária do que

exatamente impedimentos nas funções de um bibliotecário.

Percebe-se, a partir dos relatos aqui citados, que publicamente, o profissional

bibliotecário possuía uma atitude neutra, favorecendo sua integridade física e

provavelmente visando à consolidação da profissão. Mas, ainda que “por baixo dos

panos”, os bibliotecários se posicionaram contra a censura dos livros, cumprindo seu

papel de preservação da memória, afinal, o destino final das obras censuradas

costumava ser nas chamas. Sendo assim, se por um lado retiravam as obras de

circulação, dificultando o acesso, ao guardá-las preservaram suas coleções e

garantiram para a posteridade essas fontes de informação.

44

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO E CAMPO EMPÍRICO

Nessa seção discutiremos de que forma as ações censórias atingiram a

biblioteca do IFCS e a presença ou não de livros censurados no acervo.

Antecedendo esse estudo, a fim de ressaltar a relevância da temática,

realizamos uma pesquisa exploratória em algumas bases de dados, com o objetivo de

mensurar a presença da temática da censura entre 1964-1985 no âmbito da Ciência da

Informação.

O levantamento bibliográfico no meio virtual foi feito a partir de busca no

Repositório “Questões em Rede” (Benancib15), na Base de dados referencial de artigos

de periódicos em Ciência da Informação (Brapci16) e na Biblioteca Digital de Teses e

Dissertações (BDTD17).

As tabelas a seguir apontam os resultados dessa busca, pela relação entre

termo de pesquisa e artigos recuperados. A primeira mostra o levantamento realizado

no Benancib e na BRAPCI com base no uso de palavra-chave individual. A separação

justifica-se por essas serem plataformas específicas da área de Ciência da Informação.

Tabela I – Levantamento no BENANCIB e BRAPCI

Palavra-chave BENANCIB BRAPCI

Censura 1 10

Ditadura Militar 3 5

Ditadura Civil-Militar 0 0

Fonte: a autora.

A segunda tabela, por sua vez, aponta a busca realizada na BDTD feita pelo

parâmetro “assunto”, mantendo os mesmos termos.

15

Disponível em: <http://repositorios.questoesemrede.uff.br/repositorios/handle/123456789/2>. 16

Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/search_result.php>. 17

Disponível em: <http://bdtd.ibict.br/>.

45

Tabela II – Levantamento na BDTD

Assunto BDTD

Censura 68

Ditadura militar 145

Ditadura civil-militar 25

Fonte: a autora.

Ainda na BDTD foi feita a busca por assunto cruzando os termos “biblioteca” e

“censura” para verificar se alguma das teses e/ou dissertações levantadas era fruto de

pesquisa no campo da Ciência da Informação. Como resultado, apenas duas teses da

USP foram recuperadas. Entretanto, somente uma foi submetida à Escola de

Comunicação e Artes (ECA), escola a qual pertence o Departamento de

Biblioteconomia e Documentação da USP. Inclusive, o livro base para desenvolvimento

deste trabalho (Leitão, 2011) é produto desta tese.

Para verificar a pesquisa dessa temática no curso de Biblioteconomia da UFF, foi

realizado um levantamento no catálogo online18 da rede de bibliotecas da faculdade,

utilizando o termo “censura” como assunto e o tipo de obra limitado a trabalhos de

conclusão de curso. Foram recuperados sete trabalhos versando sobre a temática,

porém, apenas três debruçam-se sobre os acontecimentos no decorrer do governo

militar brasileiro.

Os três TCCs referem-se ao impacto nas coleções de determinadas bibliotecas

causados pela censura governamental, perceptível até os dias de hoje por conta da

ausência de obras proibidas. Araújo (1999) investiga o catálogo da Biblioteca Nacional

e da biblioteca estadual Celso Kelly, ambas localizadas na cidade do Rio de Janeiro;

Azevedo (2003) pesquisa sobre o efeito na UFF e, tendo como campo empírico, a BCG;

e Bastos (2008) segue as explorações de Araújo e Azevedo, mas acrescentando a rede

de bibliotecas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Podemos nos apropriar da fala de Stampa e Santana (2014, p. 08) sobre a

criação de políticas de memória, verdade e justiça a fim de averiguar as violações dos

direitos humanos e inserir as pesquisas sobre censura, pois não ocorrera apenas a

18

Disponível em: <https://sistemas.uff.br/pergamum/biblioteca/index.php>.

46

censura intelectual – como vimos, houveram intervenções físicas. Os autores expõem

que

[...] a adoção de políticas de memória, verdade e justiça específicas para enfrentar o legado histórico de violações sistemáticas dos direitos humanos – como as que tiveram lugar entre 1964 e 1985 – tem por objetivo não somente garantir a compreensão do que ocorreu, mas também reforçar o entendimento coletivo de que são necessárias estratégias para combater no presente, essas violações, que persistem como parte da realidade social brasileira. (STAMPA; SANTANA, 2014, p. 08)

Mediante estas verificações, torna-se claro o apagamento da temática na

produção da área. Essa constatação provoca mais inquietação, como outrora exposto

sobre a quase invisibilidade do papel político-social da profissão bibliotecário, pois em

outros países há esse movimento e curiosidade não encontrados na sociedade

brasileira. Para um profissional da informação, entender momentos em que o

instrumento de seu trabalho é controlado significa ter subsídios para enfrentar situações

adversas.

Na subseção a seguir, encontra-se uma breve descrição da biblioteca do

IFCS/UFRJ, campo empírico de nossa pesquisa, além de um breve recorte histórico-

biográfico sobre a homenageada, a professora Marina São Paulo de Vasconcelos.

4.1 A BIBLIOTECA MARINA SÃO PAULO DE VASCONCELOS

A biblioteca do IFCS/UFRJ tem seu acervo composto por periódicos e

monografias (livros, obras de referência, monografias de alunos de graduação, teses e

dissertações), apresentando também obras raras e, atualmente, cinco coleções

especiais: Coleção Marina São Paulo de Vasconcelos (CMSPV), Coleção José Américo

Motta Pessanha (JAMP), Coleção Eduardo Prado de Mendonça, Coleção Oracy

Nogueira e Coleção Vital Brazil. Localizada no andar térreo do IFCS, no n° 1 do Largo

de São Francisco de Paula, a biblioteca é disposta de antessala para guarda de

materiais e uma sala para estudo livre oposta ao lado do acervo, dividido em quatro

andares correspondentes a sua classificação, estando o material de referência e

formatos variados (como folhetos) no andar térreo.

47

Ressalta-se que o acervo, em partes, é provindo da Faculdade Nacional de

Filosofia (FNFi) e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Brasil (ICS) que

tiveram seus cursos reunidos no IFCS em 1968, bem em meio a Ditadura, quando a

reforma do ensino superior foi implantada na UFRJ19. O nome “Marina São Paulo de

Vasconcellos” foi dado à biblioteca em 1979 pela congregação do IFCS, levando em

conta os serviços prestados e a lealdade da professora para com a instituição.

Marina Delamare São Paulo de Vasconcellos (1912-1973), nascida na cidade do

Rio de Janeiro, foi uma figura importante pela sua inserção no campo das Ciências

Sociais, principalmente no âmbito acadêmico, de acordo com Ribeiro (2008). Esse

destaque converge com a visão dos catedráticos, que davam prioridade à sala de aula,

não se preocupando tanto com a produção escrita. Podemos apontar como motivo

disso a falta de bibliografia, como a professora Moema Toscano alega para Fávero

(2003) ao abordar as Ciências Sociais no âmbito da FNFi.

Formou-se em Direito, em História e Geografia20 e também no curso de

aperfeiçoamento de Antropologia e Etnografia, todos na atual UFRJ21. Ao tempo de sua

segunda graduação conheceu seu mestre, Arthur Ramos. Lecionou em escolas como o

Colégio Souza Aguiar e o Colégio de Aplicação do Rio de Janeiro, assim como na

Faculdade de Filosofia do Instituto La-Fayette antes de se tornar a primeira mulher no

corpo docente do curso de Ciências Sociais na FNFi e uma das poucas a ocupar uma

cátedra, a de antropologia e etnografia, nessa Faculdade. A professora manteve-se

como catedrática interina, mas, na prática, era vista como catedrática efetiva.

(RIBEIRO, 2008)

Em relação à vida pessoal casou-se duas vezes: à época de sua primeira

graduação com o colega Antônio Andrade Pacheco, falecido no primeiro ano de união; 19

A reforma universitária desse período autoritário foi determinada com os decretos -lei n° 53, de 1966, e n° 252, de 1967 que foram baseados no relatório de uma Comissão Especial da UFRJ, criada em 1962, para tratar da demanda pela reforma universitária. (UFRJ, 2015)

20 No tempo de sua fundação, a FNFi agrupava as duas disciplinas formando um único curso. (RIBEIRO, 2008)

21 Em 1920 foi criada a UFRJ, sob o nome de Universidade do Rio de Janeiro. Teve seu nome alterado

pela primeira vez em 1937, quando se reorganizou e recebeu a alcunha de Universidade do Brasil. O atual nome só foi recebido em 1965. (A UFRJ – História) Observa-se que Marina iniciou o curso de História na Universidade do Distrito Federal (UDF), porém, devido à nova legislação introduzida com o

Estado Novo, a Universidade foi fechada e seus cursos (e, consequentemente, os alunos) redirecionados para a Universidade do Brasil. (RIBEIRO, 2008)

48

e em 1945 com Isacir Telles Ribeiro, capitão do Exército, de quem se separou no início

de 1950. (RIBEIRO)

Foi conselheira do ICS, fundado em 1958, ascendendo à presidência do Instituto

em 1965, sendo este cargo de rodízio obrigatório e eleito pelos pares. Em 1967, antes

das alterações causadas pela Reforma Universitária, tornou-se chefe do departamento

de Ciências Sociais, também por voto. Em janeiro do ano seguinte, após a realização

das mudanças, como a extinção do ICS, Marina foi a primeira representante do corpo

docente do IFCS escolhida para o conselho universitário e em menos de um mês foi

indicada como diretora do Instituto. Antes de completar um ano no cargo, em janeiro de

1969, a professora solicitou dispensa alegando problemas de saúde. Ausentou-se da

posição no mês seguinte, quando da notificação em Diário Oficial. (RIBEIRO, 2008).

Apesar de não ser membra de nenhum partido, Marina era uma figura de

oposição para o governo militar: mulher, dona de personalidade forte, intelectual,

defensora da instituição e solidária aos membros da mesma, independente do discurso

consonante ou não, chegando a enfrentar a polícia a fim de evitar danos físicos. Sobre

essa postura, Ribeiro inclusive chama a professora de “guardiã da autonomia

universitária”. Assim, em 28 de abril de 1969, o nome da professora estava dentre a

lista de cassados publicada no Diário Oficial da União, levando em conta as regras

dispostas pelo AI-5. Dois meses depois chegou a ser presa por seis dias em um

presídio feminino.

Esses fatos contribuíram para a debilitação da saúde de Marina São Paulo de

Vasconcellos, hospitalizada em 1973 com diagnóstico de aneurisma cerebral, vindo a

falecer no mesmo ano. A seguir, duas fotografias da professora:

49

Fonte: RIBEIRO (2008).

4.2 IDENTIFICANDO OS LIVROS CENSURADOS

O primeiro contato com o campo empírico deu-se pela consulta do catálogo

online da UFRJ22 para saber quais livros presentes na listagem de censurados (Anexo

B) estão presentes no acervo da biblioteca e, se presentes, quando foram adquiridos.

Essa lista é produto da comparação entre as listas de mesmo cunho apresentadas por

Otero (2003) e Reimão (2014) em seus trabalhos, a fim de conseguir uma lista mais

completa para subsidiar essa pesquisa.

Otero (2003) elaborou sua lista a partir do livro de Dionísio da Silva (“Nos

bastidores da censura”), da lista de livros proibidos do Arquivo Nacional de Brasília:

Série Publicações e do Diário Oficial da União (1964-1979). Reimão (2014) listou os

títulos proibidos a partir de fontes bibliográficas (destaca mesmo livro de Dionísio da

Silva e “A ditadura escancarada”, de Elio Gaspari) e do arquivo de pareceres do DCDP,

porém o destaque é para obras de autores nacionais.

22

Disponível em: <http://www.minerva.ufrj.br>.

50

Apesar do terror disseminado contra os “comunistas”, percebe-se nessas listas a

predominância de publicações versando sobre literatura erótica ou que iam de encontro

com a moral e bons costumes vigentes à época do que os de viés político.

Na consulta ao catálogo online da UFRJ (base Minerva) foi utilizada a busca

avançada, usando o título como campo-chave e o IFCS como local/biblioteca. Em

seguida, para conferir e mapear de forma satisfatória os itens listados (Anexo B) foi

realizada nova busca a partir do nome do autor. Trinta e um23 títulos foram recuperados

e listados na tabela a seguir:

Tabela III – Obras censuradas encontradas no catálogo da Biblioteca do IFCS

Título Autoria

A revolução brasileira Caio Prado Jr.

A universidade necessária Darcy Ribeiro

Autoritarismo e democratização Fernando Henrique Cardoso

Logos e práxis François Chatelet

Les damnés de la terre Frantz Fanon

Os condenados da terra Frantz Fanon

O modo de produção asiático Giani Sofri

Contradições urbanas e movimentos sociais José Álvaro Moisés

Classes médias e política no Brasil José Augusto Guilhon Albuquerque

Movimento estudantil e consciência social José Augusto Guilhon Albuquerque

U.S.A.: A crise do estado capitalista James O’Connor

América Latina: ensaios de interpretação econômica José Serra

A ditadura dos cartéis Kurt Ulrich Mirow

A catástrofe iminente e os meios de a conjurar Lenin

Esquerdismo, doença infantil do comunismo Lenin

El imperialismo y la escision del socialismo Lenin

La filosofia como arma de la revolución Louis Althusser

Marxismo segundo Althusser Louis Althusser

Citações do presidente Mao Tsetung Mao Tsé-tung

Obras escolhidas de Mao Tsetung Mao Tsé-tung

O despertar da revolução brasileira Márcio Moreira Alves

23

A lista contem trinta e três itens, pois as obra de Frantz Fanon e Ronald H. Chilcote foram encontradas no original e traduzidas.

51

Torturas e torturados Márcio Moreira Alves

Método dialético e teoria política Michael Löwy

História militar do Brasil Nelson Werneck Sodré

A crise das ditaduras: Portugal, Grécia e Espanha Nicos Ar Poulantzas

Memórias: a verdade de um revolucionário Olympio Mourão Filho

A união popular e o domínio da economia Phillipe Herzeg

Concepção das “superpotências” Pierre Maes

Revolução na revolução Régis Debray

The brazillian communist party Ronald H. Chilcote

O partido comunista brasileiro Ronald H. Chilcote

O cobrador Rubem Fonseca

O relatório Hite Shere Hite

Fonte: a autora.

Não houve necessidade de conferência das obras nos catálogos de fichas, dado

que o catálogo online da biblioteca foi atualizado também de forma retroativa. Para uma

identificação mais profunda, a tabela a seguir expõe, a partir do título, os dados de

publicação das obras censuradas, elencando suas respectivas edições, editoras e ano

de publicação.

Tabela IV – Obras censuradas: títulos, editoras, edições e ano

Título Local/Editora Ed./Ano

A revolução brasileira São Paulo, SP: Brasiliense 2. ed. (1966)

3. ed. (1968)

A universidade necessária Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra 1. ed. (1969)

2. ed. (1975)

Autoritarismo e democratização Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra 3. ed. (1975)

Logos e práxis Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra 1. ed. (1972)

Les damnés de la terre Paris, FR: F. Maspero (1968)

Os condenados da terra Rio de Janeiro, RJ: Civilização

Brasileira 2. ed. (1979)

O modo de produção asiático Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra 1. ed. (1977)

Contradições urbanas e movimentos

sociais

São Paulo, SP: Centro de Estudos de

Cultura Contemporânea

Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra

1. ed. (1977)

2. ed. (1978)

52

Classes médias e política no Brasil Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra (1977)

Movimento estudantil e consciência

social Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra 1. ed. (1977)

U.S.A.: A crise do estado capitalista Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra 1. ed. (1977)

América Latina: ensaios de interpretação

econômica Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra

1. ed. (1976)

2. ed. (1979)

A ditadura dos cartéis Rio de Janeiro, RJ: Civilização

Brasileira (1978)

24

A catástrofe iminente e os meios de a

conjurar Coimbra, PT: Centelha 2. ed. (1974)

Esquerdismo, doença infantil do

comunismo São Paulo, SP: Escriba

2. ed.

(1960?)

El imperialismo y la escision del

socialismo

Moscú: Ediciones en Lenguas

Extranjeras (1916)

La filosofia como arma de la revolución Argentina: Pasado y Presente 5. ed. (1972)

Marxismo segundo Althusser São Paulo, SP: Sinal 1. ed. (1967)

Citações do presidente Mao Tsetung Pequim: Ed. em línguas estrangeiras (1972)

Obras escolhidas de Mao Tsetung Pequim: Ed. em Línguas estrangeiras

Lisboa, PT: Alfa-Omega

2. ed. (1975)

(1979)

O despertar da revolução brasileira Lisboa, PT: Seara Nova 1. ed. (1974)

Torturas e torturados Rio de Janeiro, RJ: [s.n.] 1. ed. (1974)

Método dialético e teoria política Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra 1. ed. (1975)

3. ed. (1985)

História militar do Brasil Rio de Janeiro, RJ: Civilização

Brasileira

2. ed. (1968)

3. ed. (1979)

A crise das ditaduras: Portugal, Grécia e

Espanha Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra 1. ed. (1976)

Memórias: a verdade de um

revolucionário Porto Alegre, POA: LPM

2. ed. (1978)

5. ed. (1978)

A união popular e o domínio da

economia Lisboa, PT: Prelo 1. ed. (1974)

Concepção das “superpotências” Lisboa, PT: Prelo 2. ed. (1975)

Revolução na revolução São Paulo, SP: Centro Editorial Latino Sem

24

Foi encontrada inconsistência na representação descritiva deste item no catálogo, visto que foram indicadas três edições diferentes (2ª, 6ª e 14ª) para o mesmo ano (1978).

53

Americano indicação

The brazillian communist party New York, US: Oxford University Press 1. ed. (1974)

O partido comunista brasileiro25

Rio de Janeiro, RJ: Graal 1. ed. (1982)

O cobrador Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira 1. ed. (1979)

O relatório Hite Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil (1992)26

Fonte: a autora.

A partir da ficha de bolso, do número de registro27 e de carimbos marcando a

data de entrada das obras, foi possível identificar o ingresso de quase a totalidade das

obras. Apenas do título “A catástrofe iminente e os meios de a conjurar”, de Lenin, não

foi possível identificar a data, visto que nenhum dos três itens supracitados estava

indicado.

Entretanto, o que pode parecer interessante à primeira vista, mostrou-se

desanimador, pois apenas seis títulos foram integrados ao acervo durante a Ditadura:

na década de 60, “A Revolução Brasileira” (em 1969); na década de 80, “Memórias: a

verdade de um revolucionário” (em 1982), “Autoritarismo e democratização” (em 1982 e

em 1983), “Revolução na Revolução” (em 1983), “Contradições urbanas e movimentos

sociais” (em 1983) e “Movimento estudantil e consciência social na América Latina” (em

1983). Logo, excetuando a obra de Caio Prado Jr., os títulos começaram a chegar ao

acervo já ao final do governo militar. Apesar de sabermos que houve censura a livros

nas universidades, infelizmente não há registros documentados na biblioteca do IFCS

comprovando qualquer ação censória. Todavia, a retração na compra de livros, seja por

falta de verba ou por obstáculos para encontrar essas obras, demonstra que os livros

censurados tiveram dificuldade a adentrar o acervo.

Analisando o acervo, é sintomática a predominância de doações em detrimento

da compra (pouquíssimas pela biblioteca e algumas pelo mestrado de História), por isso

a entrada mais tardia dessas obras no acervo: alega-se que muitas delas chegaram

com a morte de figuras proeminentes da universidade, como o professor José Américo

– em sua coleção está os títulos “Marxismo segundo Althusser” e “O cobrador”. Outras

obras vieram de doações, de pessoas que, provavelmente, pediam anonimato. 25

A biblioteca dispõe tanto da obra original quanto da traduzida. 26

Na listagem presente no Anexo B esse título era publicado por outra editora. 27

Os dois números após a barra “/” nos registros das obras significam o ano de entrada no acervo.

54

Apesar de a amostra recuperada ser pequena, é interessante traçar um

parâmetro da resistência intelectual. O gráfico a seguir aponta as cidades nas quais

foram publicadas as obras proibidas encontradas no catálogo da UFRJ, com

porcentagem aproximada:

Gráfico I – Publicações por cidades28

Fonte: a autora.

A predominância de publicações censuradas da cidade do Rio de Janeiro nos

trazem alguns questionamentos. Por exemplo, a cidade fora realmente um destaque no

cenário de insubordinação das décadas de 1960 a 80?

A hipótese que sustenta essa questão é a expressiva resistência de editoras

sediadas na cidade, como a conceituada Civilização Brasileira, que, apesar de sofrer

dura censura dos governos militares, lutou para manter suas publicações abertas à

intelectualidade de esquerda que ainda resistia ao Golpe. O esforço era notório, visto

Hallewell (2005, p. 536) apontar que “[...] a Civilização Brasileira se tornou o canal mais

importante para a literatura moderna brasileira nos anos de 1960”.

28

Um dos títulos foi publicado concomitantemente por uma editora paulista e outra carioca e outro em

Pequim e em Lisboa. Ademais, a categoria “outras” inclui as seguintes localidades, todas com uma só entrada: Coimbra, Moscou Nova Iorque, Paris, Porto Alegre e uma publicação atribuída à Argentina.

55

No entanto, o limite de resistência de editoras29 foi posto à prova com as sanções

econômicas impostas pelo governo. De forma similar aos problemas ocorridos com os

jornais, a situação econômica da editora, como a Civilização Brasileira, começou a

patinar quando “Costa e Silva concordou [...] que se pressionassem os bancos no

sentido de não concederem facilidades de crédito à Civilização Brasileira”

(HALLEWELL, 2005, p. 580). Dificilmente credores se arriscariam numa empresa

reincidente em desentendimentos com o governo, principalmente no âmbito de um

regime de exceção, e o problema fica nítido ao compararmos a quantidade de edições

produzidas, que caiu quase à metade em dois anos30. Não obstante, próximo ao fim do

ano de 1970 os escritórios centrais da editora e a principal livraria foram consumidos

por um incêndio enigmático, o qual se assemelhava as chamas provocadas dois anos

antes na Livraria Freitas Bastos e “acreditava-se em geral, entre os simpatizantes da

esquerda, que ambos os incêndios tinham sido obras de terroristas políticos, que, por

ocasião do primeiro atentado, haviam confundido as livrarias” (HALLEWELL, 2005, p.

587).

Convergindo ao apresentado em nosso gráfico, o mesmo autor indica que a

censura era mais forte na capital carioca do que em São Paulo:

nos primeiros anos de revolução isso se deveu principalmente ao zelo do então governador da Guanabara [...] Quatro anos mais tarde, as queixas de que a censura era mais rigorosa no Rio do que em São Paulo foram atribuídas ao fato de estas cidades estarem situadas em regiões militares diferentes. Sizeno Sarmento, comandante do I Exército, cuja jurisdição abrangia o Rio de Janeiro, foi mencionado pela revista Newsweek como um dos mais importantes linhas-duras que apoiavam Costa e Silva (HALLEWELL, 2005, p. 576).

Partindo do levantamento feito na base Minerva, foi feito um mapeamento das

editoras que tiveram livros censurados. Conforme o gráfico abaixo, as editoras Paz &

Terra e Civilização Brasileira, ambas criadas por Ênio Silveira, destacam-se.

29

Por conta de Ênio Silveira a Civilização Brasileira foi a editora que mais sofreu com as sanções dos governos militares. Mas outros editores como Jorge Zahar também se mostraram contra a censura e resistiram, levando a diante sua linha editorial.

30 “O efeito dessa medida é perceptível na produção da editora que, de 56 edições em 1964, subira para

80 em 1968, mas caiu para 67 em 1969 e apenas 46 em 1970.” (HALLEWELL, 2005, p. 580)

56

De acordo com Hallewell (2005) a Editora Paz & Terra, criada por Ênio Silveira e

pelo poeta Moacir Félix em 1966 era subsidiária, mas legalmente separada, da editora

Civilização Brasileira, destacando-se por publicar opiniões dos progressistas religiosos

de todas as igrejas cristãs, sendo a responsável por divulgar no Brasil o ideário da

Teologia da Libertação.

Gráfico II – Publicações por editoras31

Fonte: a autora.

As duas principais casas (Paz & Terra e Civilização Brasileira) estavam sediadas

à época na cidade do Rio de Janeiro, o que explica a alta presença de publicações

cariocas na listagem. E, em vista do gráfico acima, percebemos principalmente o papel

subversivo da Paz & Terra, fazendo-se necessário uma breve explanação sobre a

mesma.

Além de divulgar a literatura cristã de esquerda, a editora Paz & Terra, desde sua

criação esteve voltada para difundir o pensamento crítico na sociedade, tendo entre

seus títulos publicados grandes expoentes da área de Humanas. No catálogo estão

31

A categoria “outras” inclui as seguintes casas, todas com uma só entrada: Alfa Ômega, Bertrand Brasil, Brasiliense, Centelha, Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC), Centro Editorial Latino

Americano, Ediciones en Lenguas Extranjeras, Escriba, Graal, LPM, Maspero, Nova Fronteira, Oxford University Press, Pasado y Presente, Seara Nova e Sinal.

57

presentes livros como “Os trabalhadores” (de Eric Hobsbawn), a biografia de “Brizola”

(escrita por Clóvis Brigagão e Trajano Ribeiro), “Pedagogia da tolerância” (de Paulo

Freire), “O Estado, o poder, o socialismo” (de Nicos Poulantzas) e “Isto não é um

cachimbo” (de Michel Foucault).

No ano de 1975, foi efetuada a venda da editora Paz & Terra para Fernando

Gasparian. Em 1996, foi a vez da Civilização Brasileira e da Bertrand Brasil serem

compradas pelo Grupo Editorial Record. Já em 2012, nova venda: a Paz & Terra foi

vendida para o mesmo conglomerado das duas últimas. Do ponto de vista

mercadológico, a compra é plausível pela completude oferecida para o catálogo, como

Cazes (2012) cita o caso de mesmos autores com obras publicadas pelas diferentes

casas. Mas, do ponto de vista ideológico, ter linhas editorias distintas dava a essas

editoras identidades próprias, cujo alinhamento com o debate em torno das questões

sociais era suas marcas.

Logo, concluímos a constância de alguns nomes (como Ênio Silveira nos

principais cargos das casas), reiterando sua posição contra governo. Num nítido

posicionamento, Reimão (2014, p. 76) menciona o requerimento de um mandado32 de

segurança contra o Departamento Federal de Segurança Pública feito pela editora

Civilização Brasileira em maio de 1966, portanto anterior ao AI-5, no referente ao

confisco de livros. Esse requerimento demonstra-nos que as ações censórias já

ocorriam antes do AI-5, vindo apenas a recrudescer com a publicação do Ato, em 13 de

dezembro de 1968, durante o governo do General Costa e Silva.

Apesar de destacarmos aqui editoras e localidades, não podemos esquecer de

que “foram muitos os atos de resistência protagonizados por uma legião de anônimos –

pequenos e médios editores, impressores e livreiros que, no limite de seus campos de

ação, atuaram com dignidade e em prol da liberdade, mesmo em tempos sombrios”

(REIMÃO, 2014, p. 88).

Em primeira instância, nitidamente a censura limita o acesso, mas o idioma da

obra também dita quem tem acesso à informação ali disposta. O gráfico a seguir expõe

os idiomas e sua predominância na lista da UFRJ: 32

Esse mandado está publicado na edição de setembro/novembro de 1966 da Revista Civilização Brasileira.

58

Gráfico III – Publicações por idiomas

Fonte: a autora.

Inferimos, então, que as obras disponíveis no acervo e censuradas são

realmente acessíveis, visto que em sua maioria são publicações nacionais, sendo

produção de autores nacionais ou traduções.

4.2.1 Paralelo: identificando a presença dos livros censurados

Nesta seção faremos uma comparação entre as listas de obras censuradas

levantadas em estudos anteriores – TCCs da área de Biblioteconomia e Documentação

da UFF. Para o objetivo deste trabalho, que tem como campo empírico uma biblioteca

universitária, a comparação só pode ser realizada com os trabalhos de Azevedo (2003)

e Bastos (2008), autores que investigaram os catálogos da BCG/UFF (ambos) e no da

rede de bibliotecas da UERJ (Bastos), ambas bibliotecas universitárias.

Considerando que Bastos (2008) atualizou a pesquisa de Azevedo (2003) e

restringiu-se a setenta e um títulos de cunho político (Anexo C), retirados da listagem do

SNEL, limitamo-nos a esses títulos, ainda que na biblioteca Marina São Paulo de

Vasconcelos tenha-se encontrado três títulos além dessa listagem (“Logos e Práxis”, de

François Chatelet, “O cobrador”, de Rubem Fonseca e “The brazilian communist party”,

de Ronald H. Chilcote).

59

A tabela a seguir, alfabetada por título, corresponde apenas aos trinta e cinco

títulos da lista do SNEL por cunho político e que foram encontrados nas coleções das

bibliotecas estudadas, a saber: BCG/UFF, UERJ (rede Sirius) e na biblioteca do

IFCS/UFRJ.

Tabela V – Títulos de cunho político censurados segundo o SNEL

Título BCG/UFF UERJ IFCS/UFRJ

América Latina: ensaios de interpretação econômica Consta Consta Consta

A automação do homem Consta

Autoritarismo e democratização Consta Consta Consta

A catástrofe iminente e os meios de a conjurar Consta

Citações do presidente Mao-Tse-Tung Consta Consta

Classes médias e política no Brasil Consta Consta Consta

Concepção das "superpotências" Consta

Os condenados da terra (em original ou traduzido) Consta Consta Consta

Contradições urbanas e movimentos sociais Consta Consta Consta

A crise das ditaduras: Portugal, Grécia e Espanha Consta Consta Consta

O despertar da revolução brasileira Consta

A ditadura dos cartéis Consta Consta Consta

Esquerdismo, doença infantil do comunismo Consta Consta Consta

Feliz Ano Novo Consta Consta

La filosofia como arma de la revolución Consta

O gênio nacional da história do Brasil Consta

El imperialismo y la escision del socialismo Consta

História militar do Brasil Consta Consta Consta

Marxismo segundo Althusser Consta

Memórias: a verdade de um revolucionário Consta

Método dialético e teoria política Consta Consta

O modo de produção asiático Consta Consta Consta

Movimento estudantil e consciência social na América Latina Consta Consta Consta

A mulher na construção do mundo futuro Consta Consta

O mundo do socialismo Consta Consta

Obras escolhidas de Mao Tsetung Consta

Opções da revolução na América Latina Consta

60

O relatório Hite Consta Consta Consta

A revolução brasileira Consta Consta Consta

Revolução na revolução Consta

Socialismo em Cuba Consta

Torturas e torturados Consta

A união popular e o domínio da economia Consta

A universidade necessária Consta Consta Consta

U.S.A.: A Crise do estado capitalista Consta Consta

Fontes: Azevedo (2003), Bastos (2008) e a autora.

Poderíamos pensar linearmente, que, apesar de atender a uma gama muito

menor de cursos em comparação à BCG/UFF e, obviamente, a toda a rede de

bibliotecas da UERJ, a biblioteca do IFCS/UFRJ desponta com maior número de itens

censurados em seu acervo. Porém, é necessário relativizar, levando em consideração a

data de criação dessas instituições: a data considerada de fundação da UFRJ é de

1920, da UERJ é 1950 e a UFF – a mais nova das três universidades – 1960.

Podemos inferir que seja pela antiguidade da instituição, seja pela forma de sua

criação, suas coleções se desenvolveram por meios distintos. Sem deixar de levar em

consideração esses parâmetros, nesse cotejo, de forma a visualizar quantos livros

censurados cada biblioteca (ou rede, no caso da UERJ) possuía, verificou-se que a

UFRJ apresenta vinte oito obras, a UERJ vinte e duas e a UFF dezenove.

61

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos ao longo do trabalho, a censura é um instrumento uti lizado de

forma recorrente ao longo da história, sendo as medidas relacionadas muito mais

violentas no âmbito de um regime autoritário. Nessa direção, verificamos o

recrudescimento da censura ao longo do governo militar, inicialmente com diretrizes

difusas e posteriormente ganhando o caráter prévio. Aferimos, ainda neste panorama

mais inicial, a similaridade entre a função de um bibliotecário no setor de aquisição e a

atividade de um censor, dada as devidas proporções.

Apuramos a irregularidade no referente à documentação em bibliotecas sobre

os resquícios da censura militar e também sobre pesquisas nessa temática. A

dificuldade de registros em papel foi suprida pelos registros da história oral, graças aos

bibliotecários conscientes da importância de se conhecer as ações da classe nesse

período histórico.

O número ainda pequeno de pesquisas na área sobre a censura no decorrer do

último período autoritário da história brasileira após trinta anos de seu fim nos faz

questionar o processo de transição democrática: essa ausência de curiosidade sinaliza

uma visão ainda entrelaçada ao antigo regime? Não será um panorama ilusório,

acreditando-se que tudo ocorreu bem quando a realidade fora o contrário?

Da mesma forma, a falta de documentação sobre a censura nas bibliotecas

universitárias, limitando-se a informações verbais obtidas através de alguns

profissionais atuantes à época corrobora para acreditarmos que ainda pode existir

medo e por isso muitos se calam sobre as ações militares. Esquecem, assim, o nosso

dever de informar, de disponibilizar as informações, ainda que não sejam de nosso

agrado.

Percebemos ao analisar os livros censurados presentes no acervo do

IFCS/UFRJ e, depois, na comparação desses com o acervo da BCG/UFF e da UERJ

que ainda hoje é notável a influência da censura de décadas atrás na coleção, seja pelo

baixo número de obras presentes, seja pela maioria delas terem chegado por doações.

A censura governamental não possuía sanções legais diretamente voltadas para as

62

bibliotecas, mas influenciou indiretamente o desenvolvimento das coleções, fosse

reduzindo as verbas para as aquisições ou ao censurar as obras na fonte, dificultando a

obtenção das mesmas.

Mediante a ausência de informações, traçamos um paralelo com a ausência de

posicionamento da classe bibliotecária, identificada justamente a partir dos

profissionais. As tarefas profissionais eram realizadas, porém os bibliotecários

recolhiam-se e sujeitavam-se ao governo. Agiram no silêncio, de forma a não se

declarar, mesmo quando eram contra as intervenções, receosos de represálias.

A lacuna de pesquisas e a dependência de informações orais marcam que

devemos ir à busca dessa temática, enquanto ainda podemos encontrar vivos

profissionais atuantes no período entre 1964-1985 para montar o quebra-cabeça. Isso

passa pela consciência da dimensão social de nossa profissão e, nesse âmbito,

fazemos uníssono às necessidades postas por Almeida Júnior (1997, p. 92), ao que diz:

“nós precisamos de uma Biblioteconomia subversiva. Nós precisamos de uma

Biblioteconomia guerrilheira, que subverta a ordem das atuais prioridades; que procure,

busque, constantemente, os interesses populares, que esteja voltada para os

oprimidos” e tentamos busca-las, mesmo que em pequena escala, a partir deste

trabalho.

63

REFERÊNCIAS

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julho de 2013. Disponível em: <http://www.ala.org/advocacy/sites/ala.org.advocacy/files/content/ala%20declaration%2

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65

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esquerda-ou-zero-a-direita.shtml>. Acesso em: 03 jun. 2015.

68

ANEXO A – Decreto-Lei N° 1.077, de 26 de janeiro de 1970

Presidência da República

Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO-LEI Nº 1.077, DE 26 DE JANEIRO DE 1970.

(Vide Constituição de 1967)

Dispõe sobre a execução do artigo 153, § 8º, parte final, da Constituição da República Federativa do Brasil

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 55, inciso I da

Constituição e

CONSIDERANDO que a Constituição da República, no artigo 153, § 8º dispõe que não serão

toleradas as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos costumes;

CONSIDERANDO que essa norma visa a proteger a instituição da família, preserva-lhe os valôres

éticos e assegurar a formação sadia e digna da mocidade;

CONSIDERANDO, todavia, que algumas revistas fazem publicações obscenas e canais de

televisão executam programas contrários à moral e aos bons costumes;

CONSIDERANDO que se tem generalizado a divulgação de livros que ofendem frontalmente à

moral comum;

CONSIDERANDO que tais publicações e exteriorizações estimulam a licença, insinuam o amor

livre e ameaçam destruir os valores morais da sociedade Brasileira;

CONSIDERANDO que o emprêgo dêsses meios de comunicação obedece a um plano subversivo,

que põe em risco a segurança nacional.

DECRETA:

Art. 1º Não serão toleradas as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons

costumes quaisquer que sejam os meios de comunicação.

Art. 2º Caberá ao Ministério da Justiça, através do Departamento de Polícia Federal verificar,

quando julgar necessário, antes da divulgação de livros e periódicos, a existência de matéria infringente

da proibição enunciada no artigo anterior.

Parágrafo único. O Ministro da Justiça fixará, por meio de portaria, o modo e a forma da verificação

prevista neste artigo.

69

Art. 3º Verificada a existência de matéria ofensiva à moral e aos bons costumes, o Ministro da

Justiça proibirá a divulgação da publicação e determinará a busca e a apreensão de todos os seus

exemplares.

Art. 4º As publicações vindas do estrangeiro e destinadas à distribuição ou venda no Brasil também

ficarão sujeitas, quando de sua entrada no país, à verificação estabelecida na forma do artigo 2º dêste

Decreto-lei.

Art. 5º A distribuição, venda ou exposição de livros e periódicos que não hajam sido liberados ou

que tenham sido proibidos, após a verificação prevista neste Decreto-lei, sujeita os infratores,

independentemente da responsabilidade criminal:

I - A multa no valor igual ao do preço de venda da publicação com o mínimo de NCr$ 10,00 (dez

cruzeiros novos);

II - À perda de todos os exemplares da publicação, que serão incinerados a sua custa.

Art. 6º O disposto neste Decreto-Lei não exclui a competência dos Juízes de Direito, para adoção

das medidas previstas nos artigos 61 e 62 da Lei número 5.250, de 9 de fevereiro de 1967.

Art. 7º A proibição contida no artigo 1º dêste Decreto-Lei aplica-se às diversões e espetáculos

públicos, bem como à programação das emissoras de rádio e televisão.

Parágrafo único. O Conselho Superior de Censura, o Departamento de Polícia Federal e os

juizados de Menores, no âmbito de suas respectivas competências, assegurarão o respeito ao disposto

neste artigo.

Art. 8º Êste Decreto-Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em

contrário.

Brasília, 26 de janeiro de 1970; 149º da Independência e 82º da República.

EMÍLIO G. MÉDICI

Alfredo Buzaid

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.1.1970

70

ANEXO B – Lista de livros proibidos pelo Ministério da Justiça

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1979

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1976

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1975

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1975

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1979.

96

ANEXO C – Lista de livros proibidos de conteúdo político

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