a caverna e o ninho - iab spluiz sakata pedro brito santana pedro paulo torggler cabaret, haiti 2019...

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1 2 3 PREMIAÇÃO IABSP 2019 CATEGORIA: escola rural no haiti autores: Luiz Sakata Pedro Brito Santana Pedro Paulo Torggler Cabaret, Haiti 2019 A proposta para a escola rural no Haiti se encontra entre o que é estático e o que é transitório. Ela transita entre a caverna, um espaço indeterminado que é estabelecido por seu uso circunstancial, e o ninho, que é projetado de acordo com o seu uso, onde as circunstâncias precisam ser programadas. A proposta é uma tentativa de estabelecer a descoberta lúdica das crianças como parte da construção e da própria arquitetura. a curiosidade como partido Cinco vigas de concreto se apoiam no chão e funcionam como a fundação que amarra toda a estrutura e os usos programáticos da escola. Essas vigas são eixos que organizam todo o projeto. Ora são bancos ou estantes de apoio às salas, ora são apenas uma demarcação no chão. Porém o que acontece entre os eixos é totalmente variável, e depende do uso e da ocupação dos próprios usuários. construção em duas fases Devido à precariedade de recursos e o difícil acesso de voluntários à região rural de Cabaret, vilarejo situado a 5km da capital, o projeto é pensado de modo a otimizar o trabalho construtivo. Todas as peças são pré-fabricadas e já chegam ao local prontas para a instalação. Primeiramente as vigas são alocadas longitudinalmente em cinco colunas e os pilaretes metálicos instalados em um grid de 6 x 8m. Com os apoios prontos, logo instala-se a leve cobertura do primeiro pavilhão, que já abrigará os voluntários contra o sol escaldante e as chuvas tropicais da região. A partir desse momento, a construção pode continuar em um ritmo mais lento e controlado. espaços dinâmicos e lúdicos Embaixo da cobertura volumes são construidos usando material e peças pré- fabricadas locais, como palha, cerâmica, tijolo e madeira. Tais volumes podem ser abertos, integrados e expandidos usando elementos flexivéis. Cortinas translúcidas no salão multiuso, quadros negros móveis que permitem expandir a sala de aula, e painéis de madeira colorida que retraem e rotacionam, permitem ventilação e visuais com o exterior. O mobiliário também foi desenhado de modo a instigar a curiosidade da criança para ser fléxivel e multifuncional, tais como os banquinhos que funcionam também como mesas ou estante de livros. A sombra como limite Dentro dos limites da cobertura, os pilaretes metálicos servem como elementos estruturais, sustentando tudo acima. Além dos limites do telhado, eles agem como infraestrutura e são a base para qualquer atividade temporária que possa acontecer, além de serem também a materialização dos eixos que organizam o espaço e os limites do exterior. Além dos limites do teto, esses eixos não tem um uso específico, mas representam as inúmeras possibilidades do uso do espaço, e também a capacidade de crescer e expandir a construção posteriormente. Finalmente, a proposta é uma tentativa de servir como apoio. Uma vez que o abrigo além de proteger e oferecer a sombra como limite de espaço util, ele também é um espaço dinâmico e transformador, que deve ser descoberto no dia-a-dia das crianças. A Caverna e o Ninho 9.Estudantes de Arquitetura e Urbanismo - 1.5. Edificação Institucional GRID ESTRUTURAL EIXO CENTRAL EIXO TRANSVERSAL

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Page 1: A Caverna e o Ninho - IAB SPLuiz Sakata Pedro Brito Santana Pedro Paulo Torggler Cabaret, Haiti 2019 A proposta para a escola rural no Haiti se encontra entre o que é estático e

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PREMIAÇÃO IABSP 2019CATEGORIA:

escola rural no haiti

autores:Luiz Sakata

Pedro Brito SantanaPedro Paulo Torggler

Cabaret, Haiti 2019

A proposta para a escola rural no Haiti se encontra entre o que é estático e o que é transitório. Ela transita entre a caverna, um espaço indeterminado que é estabelecido por seu uso circunstancial, e o ninho, que é projetado de acordo com o seu uso, onde as circunstâncias precisam ser programadas. A proposta é uma tentativa de estabelecer a descoberta lúdica das crianças como parte da construção e da própria arquitetura.

a curiosidade como partidoCinco vigas de concreto se apoiam no chão e funcionam como a fundação que amarra toda a estrutura e os usos programáticos da escola. Essas vigas são eixos que organizam todo o projeto. Ora são bancos ou estantes de apoio às salas, ora são apenas uma demarcação no chão. Porém o que acontece entre os eixos é totalmente variável, e depende do uso e da ocupação dos próprios usuários.

construção em duas fasesDevido à precariedade de recursos e o difícil acesso de voluntários à região rural de Cabaret, vilarejo situado a 5km da capital, o projeto é pensado de modo a otimizar o trabalho construtivo. Todas as peças são pré-fabricadas e já chegam ao local prontas para a instalação.

Primeiramente as vigas são alocadas longitudinalmente em cinco colunas e os pilaretes metálicos instalados em um grid de 6 x 8m. Com os apoios prontos, logo instala-se a leve cobertura do primeiro pavilhão, que já abrigará os voluntários contra o sol escaldante e as chuvas tropicais da região. A partir desse momento, a construção pode continuar em um ritmo mais lento e controlado.

espaços dinâmicos e lúdicosEmbaixo da cobertura volumes são construidos usando material e peças pré-fabricadas locais, como palha, cerâmica, tijolo e madeira. Tais volumes podem ser abertos, integrados e expandidos usando elementos flexivéis. Cortinas translúcidas no salão multiuso, quadros negros móveis que permitem expandir a sala de aula, e painéis de madeira colorida que retraem e rotacionam, permitem ventilação e visuais com o exterior. O mobiliário também foi desenhado de modo a instigar a curiosidade da criança para ser fléxivel e multifuncional, tais como os banquinhos que funcionam também como mesas ou estante de livros. A sombra como limiteDentro dos limites da cobertura, os pilaretes metálicos servem como elementos estruturais, sustentando tudo acima. Além dos limites do telhado, eles agem como infraestrutura e são a base para qualquer atividade temporária que possa acontecer, além de serem também a materialização dos eixos que organizam o espaço e os limites do exterior. Além dos limites do teto, esses eixos não tem um uso específico, mas representam as inúmeras possibilidades do uso do espaço, e também a capacidade de crescer e expandir a construção posteriormente. Finalmente, a proposta é uma tentativa de servir como apoio. Uma vez que o abrigo além de proteger e oferecer a sombra como limite de espaço util, ele também é um espaço dinâmico e transformador, que deve ser descoberto no dia-a-dia das crianças.

A Caverna e o Ninho

9.Estudantes de Arquitetura e Urbanismo - 1.5. Edificação Institucional

GRID ESTRUTURAL EIXO CENTRAL EIXO TRANSVERSAL

Page 2: A Caverna e o Ninho - IAB SPLuiz Sakata Pedro Brito Santana Pedro Paulo Torggler Cabaret, Haiti 2019 A proposta para a escola rural no Haiti se encontra entre o que é estático e

PREMIAÇÃO IABSP 2019CATEGORIA:

fachada dinâmica

quadro negro móvel

painéis dinâmicos

cobertura leve de zincocabo de aço

horta orgânicaespelho d’água

viga | fundação concreto viga | fundação concreto

cobertura tensionadapilarete metálico

balanços

mobiliário fléxivel

calha reuso água pluvial

banco | estante livros banco | estante livros

estrutura metálica painéis

viga metálica

clarabóia

fundações/vigas e pilaretes metálicos 1ª fase construção 2ª fase construção

playgroundáreas de recreação

campinho

salão multiusoanfiteatro | sala de leitura

sala dos professores | cozinhaáreas molhadas

pátio coberto

pátio coberto

salas de aula2 x 48m² or 1 x 96m² or 4 x 24m²

salas de aula2 x 48m² or 1 x 96m² or 4 x 24m²

eixo centralhorta orgânicacalha reuso água pluvial espelho d’água

eixo centralhorta orgânica

calha reuso água pluvial espelho d’água

pilares metálicos multiuso

balanço e jardim vertical cabo de aço

painel de exposiçãotecido

banco | trave de esportesrede

o programa enquanto partidoO primeiro pavilhão - vermelho - abriga duas salas de aula para 20 alunos cada, que podem ser expandidas para uma grande sala de 40 alunos, ou subdivididas para quatro salas de 10 alunos. Um volume circular de tijolos cerâmicos vazados é concebido de modo a quebrar a linearidade e ortogonalidade do grid. Ali todos os programas que envolvem áreas molhadas, como banheiros, cozinha e refeitório - e que normalmente são programas fixos - são instalados.

O segundo pavilhão - azul - abriga também duas salas para 20 alunos cada, que podem ser expandidas para uma grande sala de 40 alunos, ou subdivididas para quatro salas de 10 alunos. O volume circular no entanto, é concebido em forma de anfiteatro escavado e salão multiuso, fechado e aberto por cortinas movéis.

Os dois pavilhões são conectados através de de um jardim central em nível. Ali há uma horta orgânica, espaços de convivência, bancos e brinquedos infantis. As coberturas dos pavilhões são conectadas entre si através de uma série de cabos de aço, que permitem uma apropriação diversa através da instalação de adereços como jardins verticais, balanços, painéis expositivos ou redes de esportes. Nesse espaço entre os eixos, outra atmosfera é criada. A água das chuvas torrenciais é captada através de drenos abaixo do jardim e do espelho d’água, que quando cheio, permite brincadeiras e o uso para regar plantas e cultivar a horta que eventualmente pode alimentar os estudantes e a própria comunidade.

9.Estudantes de Arquitetura e Urbanismo - 1.5. Edificação Institucional