a casa ou mundo ao contrario - pierre bourdieu

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('lip 11110 A 'ASA homem e ala.mpada de fora, 1I mulher a liimpada de dentro. IIIl'ri r da casa cabila apresenta a forma de urn rectangulo que uma peque- II I I' II' ' com uma clarab6ia a meia altura divide, a urn terc;:odo comprimen- III, I''') dllas partes: a maior, subida cerca de 50 centimetros e coberta de urn re- III I 'I' d rgila negra e de bosta de vaca que as mulheres polem com uma pe- 11111, I' S rvada aos seres humanos, sendo a mais estreita, lajeada, ocupada Ifl II) 1 \I1imais. 1 Uma porta de dois batentes da acesso as duas divisoes. No IIIIII \ 'I \ d separac;:ao estao dispostos de urn lado os pequenos recipientes de II I II t'()zjda ou os cestos de esparto nos quais se conservam as provisoes de I I III III n imediato - figos, farinha, generos leguminosos -, do outro, junto I 1"" I I, cantaros de agua. Por cima da estrebaria, ha urn desvao ondese I 1111111 Itn, om ferramentas de toda a especie, a palha e 0 feno destinadosa ali- 111 11 11111\; 0 do animais, e onde dormem, a maior parte do tempo, sobretudo 1111 III v ('f! , as mulheres e as crianc;:as. 2 Diante da construc;:aocom nichos e res- )' 1I\lItlill' s, apoiada na parede de empena, chamada muro (ou, mais exacta- 1111 1111', "illdo") decimaou do kanun, que serve para arrumar os instrumentos ,I I I III, II h ( nha, panela,tabuleiro de cozer a bolacha e outros objectos de It I' 1111'Il'W' idos pelo lume) e deumlado e de outro da qual estao postos os I II iii, I I (l' onde se guardam as sementes, fica 0 lar, cavidade circular com 11111 II' II (01 pulli odo m Ecllanges et Communications, estudo dedicado a Claude 1 I V HII'IIIIlIl, MOLlton, J969. \I 1111\111' dO/IOIH) 'doll r -10<; s sexuais parece variar, mas apenas no interior da "parte lilt 1111'fl" Ii 1 ('II n: lodo (nmflio pode dormir no desvao, sobretudo no Inverno, ou ape- IIII i1tl'l\ttllll'I'l'IIIII'r)l mnl'ido (vilivos, divoriadas, etc.) eascrian<;as,ouaindacontraa pa- llid lill I' 11'\11'11, ill! no 1'111'11 lllTI dn pnr 'd d- s pnra<;ao do homem, deitando-se a mulher 11111111111' 11111 hll II, dll Illdo dll I orll, ., In 10 t r 01110 morido a zona escura.

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Casa Cabila

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Page 1: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

('lip 11110

A 'ASA

homem e a la.mpada de fora,1I mulher a liimpada de dentro.

IIIl'ri r da casa cabila apresenta a forma de urn rectangulo que uma peque-II I I' II' ' com uma clarab6ia a meia altura divide, a urn terc;:odo comprimen-III,I''') dllas partes: a maior, subida cerca de 50 centimetros e coberta de urn re-III I 'I' d rgila negra e de bosta de vaca que as mulheres polem com uma pe-11111, I' S rvada aos seres humanos, sendo a mais estreita, lajeada, ocupadaIfl II) 1 \I1imais.1 Uma porta de dois batentes da acesso as duas divisoes. NoIIIIII \'I \ d separac;:ao estao dispostos de urn lado os pequenos recipientes deII I I I t'()zjda ou os cestos de esparto nos quais se conservam as provisoes deI I III IIIn imediato - figos, farinha, generos leguminosos -, do outro, juntoI 1"" I I, cantaros de agua. Por cima da estrebaria, ha urn desvao onde se

I 1111111 Itn, om ferramentas de toda a especie, a palha e 0 feno destinados a ali-1111111111\; 0 do animais, e onde dormem, a maior parte do tempo, sobretudo1111 IIIv ('f! , as mulheres e as crianc;:as.2Diante da construc;:aocom nichos e res-)' 1I\lItlill' s, apoiada na parede de empena, chamada muro (ou, mais exacta-1111 1111',"illdo") de cima ou do kanun, que serve para arrumar os instrumentos,I I I III, IIh ( n ha, panela, tabuleiro de cozer a bolacha e outros objectos deIt I' 1111'Il'W' idos pelo lume) e deumlado e de outro da qual estao postos os

I II iii, I I(l' onde se guardam as sementes, fica 0 lar, cavidade circular com

11111II' II (01 pulli odo m Ecllanges et Communications, estudo dedicado a Claude1 I V HII'IIIIlIl, MOLlton, J969.\ I 1111\111' dO/IOIH) 'doll r -10<; s sexuais parece variar, mas apenas no interior da "partelilt 1111'fl" Ii 1 ('II n: lodo (nmflio pode dormir no desvao, sobretudo no Inverno, ou ape-IIII i1tl'l\ttllll'I'l'IIIII'r)l mnl'ido (vilivos, divor iadas, etc.) eascrian<;as,ouaindacontraa pa-llid lill I' 11'\11'11, ill! no 1'111'11 lllTI dn pnr 'd d -s pnra<;aodo homem, deitando-se a mulher11111111111' 11111 hll II, dll Illdo dll I orll, ., In 10 t r 01110 morido a zona escura.

Page 2: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

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bahdel'ayerachuwahhachchemafdhahNames deacc;;ao:abahdelelbahadlaahachchemthuksa nessarthuksa laqdharthirzi ladqdharthirzi el hurma

00manjedoura jarrosdos ~ inslrumenlosdec~dearar

Iporta

1: rede com forragem verde; 2: jarros de legumes secos; 3: jarros de graos;4: candeia, louga, peneira; 5: jarro grande de reserva de agua

dHlmada parede do tear ou parede da frente (estamos virados para elaquando entramos) ergue-se 0 tear. A parede oposta, a da porta, e chamadapnrede da obscuridade, do sono, da menina ou do tumulo; encostado, umII ncobastante largo para se estender uma manta usada para proteger a vi-1('la ou a ovelha da festa, e por vezes a lenha ou os recipientes de agua. Asv \ timentas, as mantas e os cobertores esUio pendurados, durante 0 dia,Illlma cavilha ou travessa de madeira na parede da obscuridade ou poisa-llt)s no banco da separa<;a,o.A parede de Kanun opoe-se, pois, ao estabulo(Iomo0 alto ao baixo (adaynin, estabulo, proveniente da raiz ada, de baixo),II I parede do tear a parede da porta, como a luz a escurida,o.::fod~r.,i.amos_ "~('r tentados a atribuir a estas oposi<;oesuma explica<;a,oestri tamente tecni-

~ ' •. """"' •••.•J."l, ~,,,.Y"'"' ",,'."".~'~ '.<Il!h .~;..... ~"""~ ~.,p,'iJ; '-.....,'" .\>', .;;;,

i' 't..uma vez que a parede do tear, em frente a porta, ela mesma virada para"lite, e a mais iluminada, enquanto 0 estabulo e, efectivamente, situado emh Iixo (sendo a casa frequentemente construida perpendicularmente as,'II rvas de nivel para facilitar 0 escoamento dos dejectos e das aguas ),_s~nu-III"ltOs<;t~~~2-;i~0~na,9~l!-g~Ii~~,tl.lJq,ue,J<:li~oposi<;oes sa,9? ct;ntr,o cie feixes'Ill' QPE~t<;£~~pax'!lg!as<J41l.e_Q1!Jl.Cag~.veIll_toda~~~ua:'l~cess"!~adej~~em~osl I e!..ati::Q~}¢q:,l¥;OS,n~.:Q1.,;ts-uS!_<:essig~~sf.!!,~Si~is.5

A parte baixa, escura e nocturna da casa, lugar dos objectos humidos,vt'fdes ou crus - recipientes de agua pousados em bancos de um lado e delllltro da entrada do estabulo ou contra a parede do escuro, lenha, forragemc'rde-, lugar tambem dos seres naturais - bois e vacas, burros e mulas -,

dlltl actividades naturais - sono, acto sexual, parte - e tambem da morte,"I ~ e-se, como a natureza a cultura, a parte alta, luminosa, nobre, lugar dos1111 tnanos e em particular do convidado, do fogo e dos objectos fabricados por

"i~"":'"dr::l::~~:~:J':Or~~~~~aO~ei~~t=e';;;:~~r::~z~::~~::fo::. 1 3

1'111 lrl ngu o. 't as mais das vezes, 0Diante da parede que faz frente a porta e que em" . 4' . d

II 'smo nome que a da fachada exterior que da para 0 patio tasga, ou e am a

. _ e mo as mais precisas e mais met6dicas (comoTodas as descnc;oes da casa berbere,.at mes K b re" e "Les Rites de la construction ena de R. Maunier, "Le Culte domeshque en. ~ y 1 . 30 120-177) ou asKabylie", em Melange: de sociologie ;rdt.rzcam:~.P~~:~ ~;c~~~;:sb~~f;es, Paris, 1920,mais ricas em notac;oes (como as e . aou.. 12-15 au as de H. Genevoix,pp 50-53 e Etude sur Ie dialecte berbere dl Chenoua, op. Cl:" P?· b b" 0 46 1955) apre-

., . 1 F' h' d ommumeahon er ere, n., ,L'Habitationkabyle,Fort-N.at~o~a, Ie Ier. ~c Micas sobretudonoquesereferealocali-sentam, na sua extrema mmUCla, lacuna~ s~s em .' che am a a reender os ob-zac;ao e a orientac;ao das coisas e das a~hvIdad~s'bP601II.sCOnuSn6c~pos~ulado ~e que cada urn

- artes de urn sIstema sim .jeetos e as acc;oes como p. .d de e 0 seu sentido da sua relac;ao com to-dos fen6rnenos obse.rvados ex:ral a sua neceSSl :0 e a uma interrogac;ao capazes de susci-dos os outros podena cond.uzir a u;ma observac; e esca am a observac;ao desarmada etarem, pela sua intenc;ao sistemahca, .os facto: ~~ament~ pois Ihes parecem 6bvios. Esteque os observadores nao po~em ~efenr e~~o~i~Sresultados da investigac;ao que alicerc;a:Postulado encontra a sua vahdac;ao nosdp p taro-es m~gicas e das praticas rituais

. - . 1 d 0 interior as represen.. a.a pOSIc;aoparhcu:r .a .c~salnor meio da qual foi arrancada ao sistema mais vasto para serjustifica a abstracc;ao mlCla ptratado como sistema. _. s or dois nomes diferentes, conforme se-

~~;~~~:~d;:t~~da:xdreea:bi~rdar~~:~: :~;:~:~~~pa:~:r~~~::~~~~:~~:~~~:~~;:~;:~~to 0 Illtenor <:: pm a 0pont 8 d 'vista e, como veremos, fundamental.

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Page 3: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

III \i do fogo, lamp ada, instrumentos de cozinha, espingarda - simbolo 101)( mto de honra viril (ennif> que protege a honra feminina (hurma) -, tear, sfn -he I de toda a protec~ao,lugar tambem das actividades propriamente cu1tu-I'lli que se realizam no espa~o da casa, a cozinha e a tecelagem. Es~~s;!ela~6csI \ osi£a~~PL~~~~':5!e ~!~~y~sqe .!~.~our.n~o~~~1:.B~ic:~~onye'~gcn-

II's ~sJ~~ma.:o E:$s~<2.t.~mpo...q.1!~:.:~~~b,,~m,~l~R~}1~.~,nqg9.,;,~dl~~t('uo t aTque se senta 0 convidado que se quer honrar, qabel, verbo que slgmfIcDInl bem fazeT frente e fazer frente ao Leste.6 Aquele que foi mal recebido cos-llma dizer: "Fez-me sentar diante da parede do escuro como numa sepultu-

1'1." I\. parede do escuro chama-se tambem parede do doente e a expressao11 'gurar a parede" significa estar doente e, por extensao, ocioso: e ai que cpr para a cama do doente, sobretudo no Invemo. 0 la~o entre a parte escur<lI 1 'f\ a e a morte revela-se ainda no facto de ser a entrada do estabulo que sc

111'1) a lavagem do morto'? Costuma dizer-se que 0 sotao, todo de madci-I'll (, Hllstentado pelo estabulo como 0 cadaver pelos que 0 transportam, d

1',l1nnd tha'richth ao mesmo tempo 0 sotao e a padiola que serve para

1\ 1rn I la n tac;ao da casa no espac;o geografico e no espac;o social, e tambem a sua organ i~o\ () Int 'riOI', san umdos "Iugares" onde se articulama necessidade simb61ica e a neccs~1II 'd \ t{! nica, Talvez seja em casos nos quais, como aqui, os prindpios da organiza ; II

mb61i a do mundo nao podem aplicar-se com liberdade completa e devem de algullI1l1odo oncertar-se com instilncias externas - as da tecnica, pOl' exemplo, que impoern II'(ll1slruc;,o da casa perpendicularmente as curvas de nivel e frente ao sollevante (Oil,lloull'OS casos, as da estrutura social, que querem que qualquer casa nova seja edifi ntll''turn bnirro particular definido pela genealogia) - que 0 sistema simb61ico revela to I , 11HIlOoptidao para reinterpretar segundo a sua 16gica pr6pria os dados que outros sistcmnrl111 pI' poem,

It /\ lposlc;ao entre a parte reservada a recepc;ao e a parte intima (que se encontra tamb '111,'''1 lcnda n6mada, separada pOl' uma cortina em duas partes, uma aberta aos h6spcd"II, I'outl'. r crvada as mulheres) exprime-se em certo rito de auspicio: quando urn ga to, 11111110I b nefico, entra em casa trazendo no p~lo uma pena ou urn pedac;o de la branca f1"II!'ig 'para a lareira, isso pressagia a chegada de convidados aos quais sera of ere Ida 111l1llI'l\( 'loom carne; se 0 gato se dirige para 0 estabulo, isso significa que se compl'o 1', utlill

v 0, Ii S estiver na Primavera, ou urn boi, se for a epoca das lavras,7 1\homologia do sono e da morte exprime-se explicitamente no preceito que qut" lIllIl

11m r 8AOOs deite pOl' urn momenta sobre 0 lado direito e depois sobl'e 0 I. do I'~'III I'do P I'qu a primeira posic;ao e a do morto na turnba, santos flincbr S 1'('1"II1-1110111n S 'pultul'a, "a casa debaixo da terra", omo t1nlll (11ll1lnv 'rtida (bran ,/1'111 II

1'0, Ilo/bolxo, nf itada corn pintul'as/groslll'I"lllllllllllll'Wlld" xpl01'Ondo <1\.I'II~111111'"1IlIlli' homonll1110 OSflO indu n limn Illi 111lf\II III 111111111"1'111'11'11,,(,j P,'H I 11 11"V 11'11'11I 1('1"11111'111om Of! 'nx"dIHlI"llilp III1It 111"1rI, _/111 1'11111111hOlll'OI (tlll,1ill/klil/llI)/1 011111I1l1111l'f',"11111111,111(\11"' 11'"'111 tit 11111'"1111111.VI II 1 /1 I (. II, (:1""VII ,II/I,I'!/"p, 'I),'/'/III,I,IlIhlllll(I'I,lIlillilliI,IIIA"lI/llItI III II 1IIIr 1111III 111'1111111111111111.1Ii'1I, I'PIII"~'jl,,IIlIII' 1111111'1111"I 11"11111111111 I" I II "11" 1111,1,IilIlAtllI),1111I1I11'1111,,11111111,111111111"111111'111,1"1'''" I 11'1111111""1,,1,, 11111,,1111111111(11"'11I11I1t rllllI'"IIIIII'J1"I1'II,II I I 111/ 11",111'1/1//"""1'" I"'1111II" II 1I", '."1 1111"" I' I I I III I' I I I II 1111II III111,111111 I 1111 I

lml1 POI'I'~"' OM1110rl()H, 1'0f' 11111) I I' ('WI\P11'(',l It' tll' . 11' O::l 'p s a, s m 0 of en-I 'I', onvlcJor "n h6HI 'I'd dorml •.11) t 0, qu 11 nt m corn a pare de do

l \flI' < m Sm oposi. 0 qu ' a p. r . I, I. s pullura., tamb· m diantc da par d do tar, fr nte a porta, ern plena luz, que se

P . sentada, ou melhor, se expoe, a maneira das travessas com motivos deco-r, tivos que nele estao penduradas, a recem-casada, no dia do casamento.

l'ando temos presente que 0 cordao umbilical da rapariguinha e enterrado()lr s do tear ~que, para proteger a virgindade de uma jovem, a fazem passarI or ,ntre os flOS~d~ porta ate ~ parede do tear, vemos a fun~ao de protec~aorn Ica.que e ~tnbU1~a ao tear. E de facto, do ponto de vista dos seus parentesIll. :uhnos, toda a VIda da rapariga se resume de certo modo nas posi~6es su-. '8 Ivas que ela ocupa simbolicamente ern rela~ao ao tear, simbolo da protec-

~ \ viril:9 antes do casamento, esta atras do tear, na sua sombra, sob a sua pro-I' . :0,do mesmo modo que se encontra sob a vigilancia do pai e dos irmaos;11 ) dla do ca~amento, esta sentada diante do tear, virando-lhe costas, ern ple-11.1 Iuz, e, malS tarde, sentar-se-a para tecer, corn as costas para a parede da luz111'.8 do tear: 0 genro e chamado"o veu das vergonhas", sendo 0 ponto deIl<lnrado homem a unica protec~ao da honra feminina ou melhor a unica"I) ,orcira"contra a vergonha cuja amea~a toda a mulher ~ontem ("a v'ergonha" I r•.pariga").10

~arte~~~x~,~. eS,cUfil9p6e-s~ tambem a parte alta como 0 feminino e 0III I IITti1o: a ern de a divis'["odo traba1h6~nfre as sexo~(6'aseada rib m~smo1'1'1, pio de separa~ao que a organiza~ao do espa.;o) confiar a mulher 0 en-I Ir/iOda maior parte dos objectos pertencentes a parte escura da casa, 0 trans-1'111'1 'da agua, ?a lenha e do estrume, por exemplo, a oposi~ao entre a parte,IIIII' part baIxa reproduz no interior do espa~o da casa a que se estabeleceI 1111'1I I) ,ntro e 0 fora, entre.o espa~o feminino, a casa e 0 seu jardim, lugar por1 \':;1 11 J(l d ha:am, quer dIzer do sagrado e do interdito, e 0 espa~o masculi-1111 !\ I rt baIxa da casa e 0 lugar do segredo mais intimo no interior do11I1111i11 d. jnLimidade, quer dizer, de tudo 0 que se refere a sexualidade e a111111'I' 11~1o. uas vazia durante 0 dia, quando toda a actividade _ exclusi-

111111'Ill I f'l) il1i I). - s concentra a volta do lar, a parte escura enche-se corn a

I'1I1111!11 ",ilWII, I om p fOr 0 rito magico da ferragem destinado a tornar as mulheres11'11'1111""'111'/11'('III~ "H xuais, fnz-se passar a noiva pelo tear de fora para dentro quer

" III "" ,'",,11111111IIlvl lol tt parede contra a qualastecelast;abalham;amesma~ano_,,, lit ,'11111111111111/1\.,,11<10Illv 'rsodestl'6i a ferragem (cf, W. Marc;ais eA. Guiga, Textesara-"".,1" 1/1~111/1l11/,I'tI' ,1.t'l'()llX, 12 ,p.395).I I 1'1111III III II "I~, :'.1'/1 (Ie 1;1')opoluvra tnzettnt, que, entre os Berberes de Marrocos,ill 1/11111I'"III"~' II 111111'1'111111'11qll Iqu I'indivfdu que viaje em territ6rio estrangeiro111111II II 1111' II IIIII.1i "II 1'1110p'OIO,"Ol' \'111II' 0 da Sua protecc;ao (op. cit., p, 126),I I ,,1,111"

111111111111111111111111"IIIl.hlVII"lllll1llllllilll/I'IHIV'JIIIII bidaeconduzida111111IIII'I,j 11IIIlI

Page 4: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

C,' IIII I c' II V 1('111

t 11111 01 III In 0: t' ",

"lid 1I,t I ot! 'mo,dl~ 'I" III 'n nCI Ill, odll' j1(lII III II I H' 11 ldllllll II, IuanUoII IlllllH'lIf dorm 'm '111ati ~ b ill ') v, 'fll I 11111111'1111110: III I'll,blllo, (':Hili !lU1 vII .'lab'l I'm isdir tam nl'o,l ,I < )(Ill '1111(' 1 'undidcd do,

11(1I1I 11 vdo n p , part escuradacasa,casoprivll I oJ "\ odeequivc-1 Ill' I 'nlr'o~ undidadeeoobscuro,ocheio(ouadilatac; o}eohUmido,atestn-111\ 1)('1) onjunt dosistemamitico-ritual,Comefeito,enquantoocerealdestinadoHI '(HI limo onservado, como vimos, em grandes potes de barro encostados a1 1 IX 'I I,d ima, de urn lado e de outro da lareira, e na parte escura que se guarda 0

11'1\'11,' rvadoparasemente,ouempelesdecarneiroouarcascolocadasjunto111111'( 1(' d curo, porvezes sob a enxerga conjugal, ou em arcas de madeira postas

1/ ,IllI 0 d banco encostado aparede de separac;ao,aonde a mulher, normalmenteII' lido 11mpouco abaixo, do lado da entrada do estabulo, vai ter com 0 marido.

( )lllllltl ) n ideramos que 0 nascimento e sempre renascimento do antepassado,11'('II III I() obre si pr6prio 0 circulo vital (a que se deveria chamar cicio de gera-\' II ill Ir. m tres gerac;6es(proposic;aoque sera demonstrada mais tarde), com-I" t 'c'l It I( 'I)) s que a parte escura possa ser ao mesmo tempo e sem contradic;ao olu-1',111 IIII 111 rt e da procriac;aoou do nascimento enquanto ressurreic;aoY

M . ha mais: e no centro da parede de separac;ao, entre"a casa dos hu-III II It) " ," a casa dos animais" que se ergue 0 pilar principal, sustentando aII I VI' 111'stra e toda a armac;ao da casal Ora esta trave, g.ueJig~ ~s emp,enas e

~,-.~,~~.O ..Pfi'. ' I.

t'/ [('nl! sua p~O!~~c;~Od~ parte .•.m.ascujna·a part~}eFn~na.da ~ilsa (asalasII/I'I/III/CI " termo masculino), e identificada de modo explicIto c;:om0 dono da(' 1 I, D passo que 0 pilar prm2rpa'C'tr~nco de ,~r¥t9reeIlJ.forqu,ilha (thigejdith,I 'rill f minino) eW,Bl,1e",~W~~I)-1a,erelaci<m.9,9ocom a esp()~a (chamando-Ihe() 13 ni Khellili Mas'uda, nome pr6prio feminino que significa "a feliz"), e aHI rticulac;ao figUl;'L9 'tc~salameJ;:ltp (representado nas pinturas murais,("om a uniao da trave e do pilar, por duas forquilhas sobrepostas}Y A travcI l'in ipal, que suporta 0 tecto, e identificada com 0 protector da honra

A nstru~ao da casa, que ocorre sempre pOl'ocasiao do casamento de urn filho e que sim-bol iza 0 nascimento de uma nova familia, e interdita em Maio, como 0 pr6prio casamen-10. transporte das traves, identificadas, como veremos, com 0 dono da casa, chama-sl.'I/w'rich tit, como 0 s6tao e como a padiola onde se transporta 0 morto ou urn animal ferido quI.'H 1\ ,batido longe de casa, e da lugar a uma cerim6nia social cuja significa~ao e pOl' inteiwH rn 'Ihante a do enterro. Pelo seu caracter imperioso, pela forma cerimonial de que se reves-t p la extensao do gropo que mobiliza, este trabalho colectivo (thiwizi) s6 tern equivalenlc"0 'nt r1'o:os homens dirigem-se ao lugar onde a madeira foi cortada, depois de terem sido

OI1VO odos do alto da mesquita como para urn enterro. Espera-se da participa~ao no transpOl'l das t1'aves, acto piedoso sempre efectuado sem contrapartida, tanto hassana (merito)'01\\0 do participa~ao nas actividades colectivas ligadas ao funeral (caval' a sepultura, extrail'It Inl' d p dra ou transporta-Ias, ajudar a carregar 0 caixao ou assistir ao enterro).

I I M,I 'wuld I~"Peinturesmuralesetpratiquesmagiques dansla tribudesOuadhias",Rt'IIIII'I/ rlcl/llIl', 19r.4, pp. 14-15.

II III J II': rOil lill 11111 III VOd I /11'(\ 1'1 lilli' 'nI'l OV'l,(' (Ill C'I 10dt till" 'lid I I I

, 'l', 1'(1111(\ ""11'" "I/1'('1111Inll' \ do h m', taTh...1 '" I( () ( I (' I I; I 1110010 d. p t n jI --HI) 'fll d IIIH)rl \ '{rull)·1 'I" . 'I' por v 'z'~ repr sentada •...( , {j U lIrr lC; , a serpen-

\:>. n r 'gl d 'JJ' .1/ 'I rr, moldados pelas, 11 POl x mplo} em recipientes• mu ler s que gua d -I) z- t mbemqueaserpe%te orve ' r am os graos de semente,

IIIu 1h r esteril e chamando Ih p _ zes entra em casa, descendo ao ventre da111m ntando um anel dep;;:'. edmae, ou que se enrola a volta do pilar central

. ""VIS e cada mamad 14 ED'M umer, a mulher esteril P'~ d ,a. m arna, segundo Rena,vren e 0 seu cmto na tr I 'I) 'l1duram 0 prepticio e a Cata . aYe centra e e nesta que se11111 stalido da trave diz-se ~a qd~eservlU para a circuncisao; quando se ouve

, ~une Iatament " ,III e um pressagio da mor'rte do chefe d e qu.e.seJapor bem", porque se tra-1I?- eo voto de aue "ele seJ'i,;. a familIa. ~~5!.o ~asce um ranaz,~.~". ""'",".,.,~,..""". va a trave mestra d;, cas " d':1l"".•~ .• ~,..:.+-_..I I' 0JeJum rItual pela primA...·,;!:~.".. '''''''•.~., "'. '"" ~'!,e quan 0 0 rapaz cum-I ~Iraveztomaasuapr' . J: ' -IIm no terrac;o da casa querr d' b Imelra re!eIc;aOa seguir ao je-

d ser capaz de transp' ortal\.. IZter,so )re a trave central (a fim, segundo se diz, -{ as raves '

Ha numerosos ditadr...s d' 'nh'lh '._-"f;:,",~e a IVI as Ilue ident'fi I' .Il1U er com 0pI ar ceritraT: 'lii\""'"'"""Il1""'" ,"~' «,1,.. c~~~~p lCltamente a

lima dizer-s~: ''Qu; Deus f'~aar;: , er ~ 0pI1a~centra!." A r~c~m~~asada cas-,< casa." Vma adivinha diz~, ~El h 0 p,Ilar sohdamente implantado no meioI t· >:;. a mantem-se de pe e na-ot '/I FI r a para cIma e nao assel1)t, em pes. orquilhaIII r, fecundavel.15 No Aun.' en.0spes, e a n~tureza feminina, fecunda ou, me-odres cheios de cereal e qu~~ e contra 0 pIlar central (hiji) que se poem os

A ' '. consumado 0 casamento 16sSlm, resumo slmbo1lico da cas ._ .I'Htende a sua protecc;ao fecl.\J.d :' a umao de asalas e de thigejdith queI()modo 0 casamento primQ) ~. af~ so re todo 0 casamento humano, e d~ cer-vI'<lrdo campo, a uniao do ce~ ~' os a~tepassad~s que e tambem, como o la-

e a terra. AmuIher e 0alicerce, 0homem, a trave

No dia de tharurith wazal (8:lde Abril d . . .gem do ana agricola, entre '%le t _ h ,0 ~~Iendano JulIano), momento decisivo de vira-manha, buscar agua ao po~C0 s a~ao . uml a e a esta~ao seca, 0 pastor vai muito cedo deultimo molho de espigas c, etasdPerglrcom ela a trave central; pOl'ocasiao das colheit;s 0

d ' or a 0 segundo um't I . ,pen urado na trave centra4 d f n ua especial (ou uma espiga dupla) eDa recem-casada que se ad,,' on e Icara durante 0 ano todo. 'sentidos (cf, nota 29), "ela ~ft~ b:~~, n~;~ casa, diz-se tha'mmar, quer dizer, entre outrosEntre os Berberes do Aure!% c ela e e a enche",quinta-feira ou no sabado \l,a c~nsuma~ao do casamento decorre na segunda-feira nalham contra 0 pilar central: ~t~Sse~:tos, Na ~espera, as jovens da familia do noivo e~pi-(representando a noiva) e u~ 'er odres pmtado~ de vermelho, verde, amarelo e violetado lziji,uma velha deita sal n. sh_Imobranco (0 noIVo), cheios de graos de cereal. Na b. . -,OC aoparaaume t . 'l'd aseIra onentada para leste, que sera 0 I . n ar a Vl1'lI ade do marido e abre uma este-lheres da parentela do noiV\o erfu:to dos r~~em-casados durante uma semana. As mu-m~nto de lavrar os campos" ~nhadoam 0 ~lJl, enquanto a s~a mae lan~a, como no mo-gumte, a esposa e levada po:/ s de tan:aras que as cnan~as disputam. No dia se-a deitar no chao farinha, ta~ urnpa1'~nte pr6~lmo do marido ate ao hiji, onde a mae volt

aras, tngo germmado, a~ucar e mel. a

Page 5: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

.•..•" 'IV'II~I~d ·fin· onl )"n,1 i IOIHl'bi I\snlns I" III "'" , ,.IIH' 11'1I",dlzolllro I mv,,' o. d .f· ,'lith implanta <n;)1'1'1",Iu '>'(lrdO,;)llle11'"'Il'I'nl'rl'lldono 'u,f UI < IlIg J. , 17

d t d fccLlndidndc, c ab rta para Ll.II11tllldo", ('I hor 'f-! 0 n. , to de posi s hom6logn, :

'. c cgundo Ul11con)un1\ '" n or!?nl'llza.-, baixo luz/sombra, dia/noitc, mas ul.ino/fl'

IOl',o/,gll., oZldo/ Iu,alto/ ,. davel cultura/natureza.Masdcfn11\ Ilillo,Hij/I'IIIrlna, fecundante/fecun" con)'untoeorestodo uni,- .stem entre a casa no seu10II rn'Rm< 0poSlc;oesexl _ ndo exterior propriam nIl'

, 'd' da na sua relac;ao com 0 I):'\U !('I' n. on '_ e~a .~.'~;..•........- ~d .abalho a ricola, a,casa, unive~'so d,Esml1

IIIii II in da vIda :e,~£hca ~_0 tr ," d g /..haram 'uer dizer, ao 0•• ..1 .•• 'dd dosegreoe,9. ,-

Ih('l"fl,mundoualI~tlml <:Le~._ " ~d':'l n~a-o'farap'arte(dafa x'1' 't todo 0 homem que e a .•

((IIlI[0 H gr,ad~~,;'lc.Iw(;l,P,~;-'d ;, "·ame;t~. "Qu~a minha mulher - Oll nI 1'(''" usual nas prestac;oes. e }~r. h ' ") ef cap. I p. 52, e1.1mlmlhclta- aram-se ... ,. ,III nh, .sa-setornepara d dahurma aqueseligamtod;,I'll 'l!ofrancesa.Lugardosagradoesquer °d' a e'p'ostasobaprotc <;:fHI

. d . d s a parte escura a cas , .I 11I'oprl da es aSSOCla a (if) arte escura da casa fica a caq')oIIll p11l11(d homa masc~lino _'/'lld'como ~ ~agrado toma a partir dessc 1110dllil IV('1l1' tra.Todaavlolac;ao oesPl~c;.. l'm oroubonumacasah hi

, J f' - .al de urn sacn egio. ass ,11\1 11(0 II 11',1lIcac;aoSOCI a falta gravfssima a titulo dl't d' riamente como urn '111111 II IIHI~t: onlsufee~:~:mflia e de ultraje a hurma da casa e, pOl' isso, dl'lilllI tIO/II C1e

'd d 18Illd I II'OIl\\lnl a e. d' portanto que a mulher estn ellN 0 pod mos justificadamente Izer, 0' tempo que 0 home 11\ I

- que observemos ao mesmI I II III Ill) a nao ser d' M 10 Sol nasce 0 homem deve, 1111

I t'lilldo d 'L , pelo menos durante °bl~~~.:a lnverno, s~ nao for ao <I11pll,

VI'I' \11,I' t r no campo ou na as~em ; l' se nos bancos abrigados peln IIdl'Vt' r <ra 0 local da assemblelao~s~ a ,-tio Ate durante anoite, P In n\I'

I I lId1"que encima a porta de entra a 0 pa d'epois de circuncidad s, dlll- homens e os rapazes,

I) ,no tac;ao seca, os d' 0 lado do burro e da n ulll pi. to das me as na erra, aIII 'm f ra de casa, ou Jun . d I 1 0 campo e ate 0 quc a (1I111'"\d08, ou no passal dos figos, ~~ am a em p en "

ramente, na thaj,,;,a'th. . d asa durante 0 dia torna-s ,ll I) 11' IIIhomem ue esta ~~.?!~~_?,eT...s_ .._ ..•.·,·_·,..... ,- -"...~.."-,,

lilli' I '11l1l:(,lIuhul1l(1l1dI') \",1'1111101\'I \I,do' I rYOllll'fi ~nmel.'?~sIllIlilwl'l'/!(: "no cho '01'11\ '0 ) 'Olll{)111111p,lIillllll 110"Ll ninhp".,6 hom~m(!Il' I: "I' p'i \ d 'v 'foz 'r-f<! • V 'r,! r-R' t I,,? in~t<nt~ f~ l~teao .?Jhaf,."'i.os~)u-

!1'llrl, ',dl'l'l1l' -IO.,£e:(, rff x).t (qnbel),Boh mementreoshomens(argazyerir-Sl/~"('/I):'d I a n imp rt<ncia qu assumem os jogos de honra, especie de acc;ao11'11,'I r ,••liz, da diante dos outros, espectadores avisados que conhecem 0

1\110 todo:'! os jogos de cena e sao capazes de apreciar as suas mais pequenas\dIn t 'H. ompreende-se que todas as actividades biol6gicas - comer, dor- . I

III 1',pI' I'i,r - sejam banidas do universe propiiamente cultural e relegadas ,1'11'11'fig silo da intimidade e dos segredos da natureza que ea casa,21mun-dll dn l11ulhcr,votado a gestao da natureza e exclufdo cla.vida publica. POl'11I

'II j. 0 trabalho do homem, real.izad()po exterior, o.,9.am.E.lheresta vota-

"I) 11 I'm. n cer obscuro e escondido ("Deus esconde-o", diz-se): "La dentro,1 II II t 111descanso, debate-se como uma mosca no coalho; la fora (acima),II II III V do seu trabalho." Dois ditados muito semelhantes definem a con-.1 () da mu U1erque nao pode conhecer outro lugar pr6prio a nao ser a sepul-III' I III I' t rrestre que e a casa e a casa subterranea que e a sepultura: "A tua• I I tua sepultura" e "A mulher tern s6 duas moradas, a casa e aH III 11111I'/1."

A 1m, oposic;ao entre a casa e a assembleia dos homens, entre a vidaI" III I t' l V id a publica, ou, se se quiser, entre a plena luz do dia e 0 segredo.liI III 11<" 1'1' bre muito exactarnente a oposic;ao entre a parte baixa, escura e.'--~I I II 1111'11III I < a a sua parte alta, nobre e luminosa.22 A oposic;ao que se esta-II. lilt IIIr' 0 mundo exterior e a casa s6 assume 0 'seu sentido completo1I111ldiIlll I,m ::;conta de que urn dos termos,desta relac;ao; quer dizer, aI II, (1II vI I, 1 pr6prio segundo os mesmos principios que 0 opoem ao ou-

II III 1111\1,1(,P I't<nto, aomesrnotempovercladeiroefalsodizerqueomundo-II I 11 " 01 \ < • sa orno 0 masculino ao feminine, 0 dia a noite, 0 fogo aII, "\I " 11I1IU v Z quc 0 gundo termo destas oposic;oes se divide a cada

• 111 pl'l prio no Ii u oposto.231,11\111111,1101L i" maisaparentemasculino(oudia,fogo,etc.)/femi-

, 1111(111111111\', 1\" 1, 't .) t m risco de dissimular a oposic;ao masculino / 1/,.'I .

II III II 111111\I ,i1ll1o/f'minil -f rnininol, e no mesmo acto a homologia'11111111/111111ItillO: f 'rninino-masculino/feminino-feminino. Vemos aqui

II II I ,"illll 111111111'1'11/dl'vI'm 'nlnbulor-se no exterior: "05 amigos sao os amigos01" I I I III , II 1111 1111Alllllltl."

t ,11111111",III 11111111d ~I'I' 11',"n /I P (. no 111 r ado,"

"1'" I ",",1" II I II II11I1 1//II111I1I'liI I Ill' 11I·llt'n nl:' no diferen<;a entre os pIanos das1111 111111111 I'~ "11111'111111111'111111\·lh''\'I'I·II'lol'l'n lofochndo,odilassembleiaapre-

1111,1 ""111111111111111111',11JlIIMIIIII'"1 "Olh"II1, IlIlell'lll'll'nle nberlo nos duos 'mpcnas, po-,1"101" "11111 " "'11111d, 11111111111111110111I.I 111111111111111111111111111111111111dlllllllill till lrll'llll III I 1'0 1""11,1 PI' • \'111110 'HI ('s-11111111\ 1111011111till \1111

Page 6: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

24 "Os dias bran os" desir,nom ONtllnlCl.1 :11',111111dll (1111 , dll/I I tilt tli '{l1Il 'nto 'tor-nor (l mulhcr "bron 'II" (nHpol' I II d., III Ill, I "

ttVi' I d I dll 111111 IllIill dud•• III,. I • I II 011 I "e'/I"'V II "~I'JIIIIlo I " 11111III OOlJIIII l' ".11'.1(' I'O~ 111111 ,'(I

, 1/1 I I 1{lI' III1Id'H'l' II) I I I 'o qllt'(l III 1)1(1111,V Ido P 1/'101' t '/' 0' I I I II I/" , , i ,lO JIll'Illd lvi 1, 'II lodo 0 l'ilo 1). I [" 'Ollie 110111\' I)d I livlo ()tIll) pi I I

I 'III{' l1l"'V m olll't'lj JII I mlYl Ii'll! 'i .• h In (Ii '1 ' I ' "IlHqU'O /,0111' 1111

I ' (>, , q U 'I' H • lr t' d •pI' l ", I\ Oi'll Ll II d. /lUH it I' bo t ./ (0 11111l1-olhudo(' II II ',m "fl1pO /:j lors J ,2(> A '

\ 1 I LImadupla signi{i a ' ' d' d I. J~pr pn dlO' Inl I. ' vcr a qu pea d'i om 011, tur Z ultura tamb m I 1111111 0 publicoi'dizd chacal,cncarna~~oda nature~~~~J~aSOburn outro asp' to, c ~Uf il'l, 0

, A casa e, pOl' extensao, a aldeia 27 ,?em, q,ueel~ nao consl1'61 as I,

IIII/Gran), a veda~ao povoada d h ' a reglao chela (ia mmara ou lhal/l II1'1Ii, e omens opoe-se sob ce t

IHIli vazlO~de homens, chamados iakhia o'es a ,r 0 a~pect? aos cam-do Maumer, os habitantes de Tadder:el-D? d\;O,VazlOe~stenl;asslm,segLln_I Pi: onstruiam fora da cerca da aId ' le dId acredltavam que aquel H

II I f. milia; a mesma cren\;a apa ela se expunham ao risco de extin\;ao da11'/t; 0 para a horta, ainda ue a;:~:a~~~ros lugares e,apenas se abre uma ex-/I/Ilzirth) ou 0 passal dos fig~s (t h) I a casa (thabhlrth), para 0 pomar (tha-I! I [)Id ia e da sua fecundidad aMra , ugares que de algum modo participam

, e, as a oposi\;ao nao excl . hI·I undidade dos homens e a do cam _ UIa omo ogia entre11111 do principio masculino e do rin~o~ q~e s.a~uma e outra produto daI II d d terrestre, Ecom efeito esta to PI~ em1l11l1~,d? fog? solar e da hu-IIII i I tinados a assegurar a fecundid ~l~gla Jue subJaz a malOr parte dos ri-I, /, ozinha, estritamente sUbmeti~a ea os u~~nos e da terra, quer se tra-If',' do e pOl' isso aos ritmos do calend' . s OP,OSI\;OeSque organizam 0 ana

I I I) 10lar e das pedras (ini en) a~lOagncola, quer dos ritos de renova-I III~< humida ou 0 com~o d que ass1l1alam a passagem da esta\;ao seca aI 1111IImados no interior da ~ ano, e, mais geralmente, de todos os ritosIIj 11/11'r s intervem nos rito~asr~ I~:~em redu~i~a d~ t~pocosmo: quando asI", I • undidade agraria eat p fente agranos, e amda a homologia en-.I Idi', que funda as suas ac _um~~" ormaporexcelenciadetodaafecundi_~~r1111(' bariamos de enume~~es n 't alS e lhes confere a sua eficacia magica,

_ I'os n os consumados no interior da casa que s6

Orl'l'rcil'oeOhomemque comoamulher '"0111' lugal' de um certo'numero d 't' pass~odlamtelronointerior, pertodofogod b en os e obJecto de interd' t '

1 po I't SCUl'a,POl'exemplo e interdit t ' I os que 0 tornam 0 oposto1'1'1'1,tJ ixar la cail' agua ou nel~ derrama~laoc~r nast1l1zaS,durante a noite; cuspir na la-d" II.I dos a obler uma mUdan~a de te g~lmaS Maumer~, Do mesmo modo os ritos,10 '111t'C(lllll'lesc acapartehumid mdPoe aseadosnumamversaoutilizamaoposi_

1'1'1) , / a a casa: pOl' exemplo,CUo I-S ump'ntedecardar(ob'ect f b' ,parapassardohumidoao

11ll! 1/I'II1ll1(ll'd nl.' no limiar da casa d~ra~t a nc~d~ao fogo e associ ado iitecelagem) eII h1iI111110, sp 'm 'm-s de 6g ea nOIte; mversamente, para passardo seco

I 0 , ua os pentes de cardaI' d' d '1111101111011(', ' elxa osnohmiartambem,du_nil Ii lillt'lllllllilh m a Ntr. II/trlllfl qu d

1111'11110,,,"lIol/llI' no d 'VemO/lct'\'$ nl e:-eserrespeitada pOl' todososquea visitam, Do11'11,/1111111111111/1111dc.v '1110all'I1I'_I~ot;alporOdnlrOl'l1l1macasa,umamesquitaou uma

IIquail 0 nil' mOilnumo nld io,

III \ !ilt· (III iii II III /11111111II II 1 n",tlll Ill, Illl'lip i'lllllH./un 'iHt "I. r'f'r 11'(11101,'11111111II/lid, dl' Id 'op rO

11111llillO- 'minin .0 f m10in -m s ulll10 p I 101'01 () I01\1111110III osti-1t1('11111urn I r irot rmo:feminino-mas ulil1o/f'"111 110 f'l1tinlno/(=f mi-II Ill) 11)01::1ulin -I- f minino-feminino)/masculin ,

M j 'I' osmo organizado segundo as mesmas opo i s as mesmas ho-IIIOlon, A q IC orden am todo 0 universo, a casa mantem uma rela\;ao de homo-logil om resto do universo, mas, de um outro ponto de vista, 0 mundo da

III tom do no seu conjunto esta com 0 resto do mundo numa rela\;ao deOp() i < 0 cujos principios nao sao outros senao os que organizam tanto 0 es-1111'0 Intrior da casa como 0 resto do mundo e, mais geralmente, todos os do-III nloR da existencia, Assim, a oposi\;ao entre 0 mundo da vida feminina e 0

1\111 nd da cidade dos homens assenta nos mesmos principios que os dois sis-t('Il)) oposi<;oes que opoe, Decorre daqui que a aplica\;ao a domfnios opos-III d principium divisionis que constitui a sua pr6pria oposi<;ao garante umaI'('onomia e um acrescimo de coerencia, sem acarretar em contrapartida a con-III I ntre estes dominios, Aestrutura do tipo a: bl: b2 e sem duvida uma dasnwl. imples e mais poderosas que pode utilizar urn sistema mitieo-ritual,II In vez que nao po de opor sem unir simultaneamente, sendo, pOl' outroI , capaz de integral' numa ordem uniea um numero infinito de dad os,< traves da simples aplica\;ao indefinidamente reiterada do mesmo principiode divisao, Segue-se ainda que cad a uma das duas partes da casa (e, no mes-mo acto, cada um dos objectos que nela SaD depostos e cada uma das activida-des que nela se realizamH ge certo modo.gualifi<:~da em dois graus, ou seja,em primeiro lugar como feminina (nocturna, escura, etc.) na,.!ll~dida em gue

I _~tlc_il?.~ d~ universo da casa, e secundariamente como mas'culina ou'femini-t. na na p:!'~dida em que pertence a uma ou outra das divisoes desse universo.- - ssirn, pOl'exemplo, quando 0 proverbio diz"o homem e a lampada de fora,

a mulher e a lampada de dentro", devemos entender que 0 homem e a verda-deira luz, a do dia, e a mulher a luz da obscuridade, a obscura claridade; e sa-bemos que, por outro lado, a mulher esta para a Lua como 0 homem para 0

Sol. Do mesmo modo, pelo trabalho da la, a mulher produz a protec<;ao bene-fica da tecelagem, simbolizando a brancura da pe<;a tecida a felicidade;24 0

tear, instrumento pOl' excelencia da actividade feminina, erguendo-se £renteao leste como 0 arado, seu hom610go, e ao mesmo tempo 0 leste do espa\;o in-terior de tal maneira que tern, no interior do sistema da casa, urn valor mascu-lino enquanto simbolo de protec\;ao, Do mesmo modo ainda, 0 lar, umbigo dacasa (ela pr6pria identifieada com 0 ventre de uma mae), onde se conservamas brasas, fogo secreta, dissimulado, feminino, e 0 domfnio da mulher,

Page 7: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

I III 1 II ,lr Iwi I I, rilo, ItWI ,'U Of! lor III 'l 'n I III in 1l"IJ~):IIV:1I11('11l(' 1,1il'l',III'II'II("Ullli I, I'do <I11pO of undi~ad' Cl.a'n,E~)r(' lAO,,1~1~1ell:Itl,\llI(' 1'1 n 'I'll jn heiap, r. gu 0 ampofJqu h 10 qu nnlul.h I onlllIHI,IIllrll 1 prosp ridad d ampo d dicando- , nlr Ol1lrn~.' lSd',.' '.l'II,11\ldlr I"onomizar acon rvarosbensqu ohommproduzlLl a(lxnldt

, '01 "d'('('rlo '110I no asa qualquer bem que nela possa entrar.' 'omem, IZ-Ht',Ill" como I' '0 de agua, a mulher COlno0 tangue", urn leva, n outra:: 'l 'Ill I'

'OI1H'l'Vt, homem e "0 gancho do qual estao pendurados os cestos, qUI'

101"11', orno 0 escaravelho, a aranha ou a abelha, Aquilo que 0 ~10~ern tr~)11I', 111LJlhr guarda-o, protege-o e poupa-o, E a mulher quem dlZ: Man 'P 0

\t'li I '111como um tic;ao. Ha hoje, ha amanha e ha a sepultura; Deus p rdo.t\III I' que deixou e nao aquele que comeu", Mai~,vale, diz-,~eta.~bem,. L~~1hl

1I1111h'I' poupada que uma junta de bois no campo, Como a reglao chew ill'1Ij! •no "e pac;o vazio" (lakhla), 0 "cheio da casa" (la'mmara ukh~m), qu ~:dt'I'" 11111aiorpartedoscasos,"a velha" que poupa e acumula, opoe-se ao VII

"II/dol nsa" (lakhla ukham), as mais das vezes a nora,28 No Verao, a port. dllI I 1tll'V 'p rmanecer aberta 0 dia todo para que a luz fecundante do So~~()I

I" 1\ II 1" (', m ela, a prosperidade, Aporta fechada e a esc~sse~ ~a esten II L,III 1'111111'. n limiare,obstruindo-o,fechar a passagema fehCldade e a.1 It'I! IlIdl' 1'111',1H desejara prosperidadea alguem, diz-se: "que a tua porta (~1"1'IIIII I" 1111" ILl a tua casa esteja aberta como uma mesquita", ,0homem net II'

I',111iIII II I ItlU ledequemsediz:"Acasadeleeumarr:esqu,lt~,est~ab 1'~'111

1111111, Pllltl' ' ricos, e feita de biscoito e de cuscuz, esta chela (tha mll/II~), II/.1111'1(1/d I I cumamanifestac;aodaprosrer~dade~uegarante~prosp ,:ldIJdl III dol' parte das acc;oes tecnicas e ntuals que m,cumbe~ a mull~ ',/ IIIII 'Ill I 10 pela intenc;ao objectiva de fazer da casa, a manelra de, tll1gCJtlll1Iljlll' "I' a sua forquilha a asalas alemmas, 0 receptaculo da prospendad 'qlll

III ' v '111do exterior, 0 ventre, que, como a terra, recebe a semente que 0 mil( 'Iii I11'I, ( z penetrar e, inversamente, pela intenc;ao de contrariar a acc;aode lOll \)t ()r, os centrifugas capazes de desapossarem a c~sa do de~6sito qu 1111'IIIcon (j < d . POl'exemplo, e interdito fazer fogo n~ dl~ do nasCll~ento.d ' 11111IIho Oilde um vitelo ou ainda pOl' altura das pnmelras lavras; no fJm t~t1l1lht rIh, , nnda deve sail' de casa e a mulher faz voltar para casa todos os ObJI:I'lIl"1111I' 'litndos; 0 leite dos tres dias que se seguem ao parto nao deve :JlIII.II

I Ii 1110v 1/lllOpod"II'IIIIIH'I'olllld II 1I11"/ldo/I'lllIud JCJll'S'1:J gueno1111111~IIIH'"lo;II III II'qlll' dt'II'~ 11IzII IIdl'Vl' 1111'11(''II, c) Llnl'S do quadrage-11I10III,liOllldlllll'Il, od 'VI'I1IIII'IIIlII'HdoA'id.'q;llir;OI11 inhodebrac;osnao

tlIIVI' 'r 'l))pr'Hln/ol' leix,-Iovllzi\) nlrnirnfo01 sobreacasa;naosedeveI I'dll '11n nJ1l'Iid nt' ,In' m t 'I' sido l rrninada; tal como os emprestimos

tI" 111111',0 varr '1~a to de expulsao, e interdito durante os primeiros quatroII 1/ III I, VI'.; a safda do morto e "facilitada" para que ele nao leve consigo aI Illllp 'ridnd ;JO as "primeiras saidas", pOl' exemplo, a da vaca, no quarto diaIIIHIt) 1 I1rto,OUa do coalho sac assinaladas pOl'sacrificios,31°"vazio" podeII till1r d ' urn acto de expulsao e pode tambem introduzir-se com certosI tI, ",'10" mo 0 arado, quenao pode entraremcasa entre do is dias detraba-11111,'Hi () < l~ado do agricultor (arkassen), 0 qual se associa a lakhla, ao espac;o

I, ()/ Oil om certas pessoas, como as velhas, porque trazem consigo a esteri-I lillI" (I~klrla) e P?rque sac numerosas as casas que fizeram vender ou aque-II 011I 'II l,.·oduzlram ladroes, Pelo contra rio, uma grande quantidade de ac-III I 1l1111'lv1sam,garantiro "preenchimento" dacasa, como os que consistem, 'II III\~' I'n s ahcerces, sobre a primeira pedra, depois de derramado 0 san-Iii ,I,. (II)) nimal, os fragmentos de uma lampada de casamento (cuja forma

II I" I\ 1'l1ll1urn acasalamento e que desempenha urn certo papel na maior par-II ,It 1,1 dlos d fecundidade), ou em fazer sentar a recem-casada, pOl' ocasiaoII II11\llll'odana casa, numodre cheio de graos, Qualquer primeira entrada

111111 '( IIlY1aameac;a para a plenitude do mundo interior que os ritos do li-III III 11011\ 'SI110,tempo propiciat6rios e profilacticos, devem esconjurar: aI' I III)III f, bOl e recebida pela dona de casa - tamgharth ukham _, querII 'I (IHIIOv11110,",a plenitude da casa",la'mmara ukham-, que colocano li-II lllllllll·d· rn Iroondesedepoeomoinhodebrac;osequerecebeafari_,III (I/llIli/ II~ hom~do tambem a "porta dos generos", bab errazq), A maior

tli dp "10 I stmadosatrazerafecundidadeaoestabuloe,porisso,acasa11111II II 'I ('111va", segundo se diz, "uma casa vazia") tendem a reforc;ar

\1'1 '"lllt'lIlt 11'," o estrutural que une 0 leite, 0 verde-azul (azegzaw,queeIIII" 11111,"'1',lit IZI',,?zawlh), a erva na Primavera, a infancia do mundo naturalI lllllllil'lll: 1\0l'qui.I1?CiOda Primavera, pOl'altura do regresso de azal, 0jo-

1 III 11'/lilli', Ol'll Ipa duplamente no crescimento do campo e do gado,II till llllid\ j, d suafunc;ao,colhe,paraopendurarnolinteldapor_

111111111/1\1 dt· "III 10 0 que 0 vento agita no campo" (a excepc;ao do';1/11111111'',Irntando-se de uma mulher, ser poupadn e boa dona de ens;]c I.nmh(lI\ 1111,,111IIlnlnr '\'Nlnrr'pl'l·o.A'nlllllllll'op c-s ,qu I d rJ1I,IN'dizikl"II,I~om'mgrllllld,",111111l1l!J("II (' I I'll 'i '(lIndo, 011uindD GI/SI'I; \,111)111do l' I'll l'Il, (Jill'!' d,z "; 'm CI'I'IIII,,"11t I"11"lvllf\('ll1/ 1I'lIl1nz, '()I'll(lO elt" ,11,dl' r'"ldlll Hllll" 1/1111'ldll('Ollll' I'll, II l'l1ll'lldn ('III l'llrll dl\ll IIl1vllrj l'I'dlll dllllll, ""I d ,llIrl II \11)',111',11" I"' 'IIl'IillIl""10,IIIII'odlll;lo.lOlJllllll'doh'll11'11I "'"I,II~I'"' II ,,~I,.IIII 11I'IIIIIIl'It'("11H111111,II' d"IIIrol""II'"llllllll'ljdlldllllll"llIllilld"dl I 111111111111111111Illlllll!JI'IIIHI"I"I'11

dl,!lllIllIllIlIl'"dlllll/lIllV'"1 111111111",111"111111111tllII Iltllllf' 'II I "II , 1111111hOIlI 111111'III I",1111'"11111111"IIIII"IOIIIII,II'lIll1dl' 11111II I IiII III '"'111 1111'I I lh,' II" II. fllldil, ,

1111111"1'111,"1111111III,dlz·~,"\'1 vnid ixar-teabnrnka",sesetratardeumapessoagran_I 1111II /II/ilIA" II 1i/1Il1t1<fl' ell,()", S 'S t!'ntarde um bebe. 0 mortoecoloeadojuntoa por-

II 1"" III I 1I1'IlI,11V "Idll plll'l I pOl'ln; n 6gua e aqueeida do lado do estabulo e a lavagem eI 110111111111'11.1111""!lltlOil1ldll'l1HIIN • H-il1znsdofogosaoespalhadasforadeeasa;ata_I '10 'I"' 'Ill. V II JIllI II Ii'VIII' Ollllll'lo (j '0 II' ~ dins diante da porta; depois do enterro, pre-

till III ""'1\'" 1111pOIIII dllNi' III fl'il'dnl. DO s6bndoscguinte."I II"" pIt 111111pili " 11111d"'"1111 flll'lI i' ChINfnvns dopostas no limiar; gotas de leite

I ", 1111111/1111111III111",1,,1I 11111III Ill',

Page 8: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

Poe-se tambem algumas vezes no vasa que recebera 0 leite uma pedra que 0 jovem pastorapanhou ao ouvir 0 cuco pela primeira vez e que colocou entao em cima da sua cabe<;:a.Do mesmo modo acontece que se ordenhe 0 leite fazendo-o passar pelo anel da enxada ouque se atire uma pitada de terra para dentro do recipiente.A recem-casada pode tambem ser aspergida com agua ou levada a beber agua e leite.Na porta san pendurados diferentes objectos que tern em comum manifestar a dupla fun-,;ao do limiar, barreira selectiva, encarregada de deter 0 vazio e 0 mal, e de, ao mesmotempo, deixar entre 0 cheio e 0 bern, predispondo para fecundidade e para a prosperida-de tudo 0 que transpoe 0 limiar na direc<;:aodo exterior.

1110 11(' , 11111 () ('11111,1 VI'1.<Iii '0 /llllv nwnt . d

III Il'plirl0 In', Ih, onlp l' 01 I;)u ;6 Jill .Illr, {ll I' flz I

10 Illovll11'nto p, I'U fora nun as t P_ Pbn 1l10Vln,\nto. Asignt~ I. mos ra tao em omon ,'t ,J.''II (, 110 I) tlmo dia do nascimento da'" 0 n 0 reahzaNI \ d cnanc;a, para que 0 filh . \.l Ihl' /l pon 0 0 limiar pousa 0 pe d' 't 0 seJa Cor I'

IH\1' om 0 primeiro'rapaz que en:~~ltr°anAope!"'dte~e card~r e simula UI\~ III ' I' . sal a e 0 mOVllne t .'{j I~• l110sU 1110,que conduz para os outr h n 0 propri II, . os omens e tambe:m \<1 II1" ova oes a que lmporta fazerfrente como h para os pe\.. III 'N d h ' urn omem tao asp 'q)", onra, como as pontas do pente de card 35S . ~ro, eIl'\ 1\,.1(', I bnr lfatah) e 0 equivalente de "e t ar~, aIr Oll, mals exact~ 11

\,.. 'd' s ar na manha' (sebah) 0h "\1.1\'

r ( • p Ita eve salr de casa ao nascer d d' . ome:m h II-111 i, a.importancia das coisas que entaO la, sendo essa saida um nascir0-111~,

l' d lose encontram e que . \l.e~II Ira, eta maneira que mais vale e d pressagJ.a~ 1\:

111 'I,' portadora de urn odre vazio gritom ca~ e mau enCOntro (ferreir~ Olio1. 'r a manha" ou a "saida" P' sloU lsputas, seres disformes) ': ~\_

. or exemp 0, um homem di ' ,riIt responsabilidades, deve levantar-se ced . "Q _gtlo, conscien~ )-IIntos de manha cedo nunca os co I . 'II O. "uem~ao conclui os se\~ ~

1/ d nc Ulra ,ou 0 suq e a In nh-" 'Y.s~quem orme ate ao meio de azal (mo t. a a, ou" ',')m 0 mercado deserto" Em todas m~n 0 malS quentet a meio do di :iJ\I~

. , . as COlsas,a manha e 0 In '<\)1, a segUlr a noite consagrada ao re A _ omento da ~III 10giacomasorte,obem aluz "APo~:" manhate~umarelac;aOd~llLII '," Levantar-se cedo e te: res~a io~~av a ~co~tuma dlzer-se, "e a faci .~,Ig iro). Aquele que se levarfta ced~ esta a::~V~IS ~aftah, a abertura de ~~,,I 'desgrac;a; 0 ultimo a por-se a caminho elo ngo ,o.sen?ontros porta~ ~I llnheiro 0 zarolho que espera pela plen~ fuz d~o~~a~~, so P~de ter par ~ ~,( rrasta. Quem se levanta ao cant dIP a P~thr ou 0 coxo ~~\

dns anjos da manha e da-Ih ar o_ga 0 coloca 0 seu dla sob a proteC\q~es grac;as; poe-se por assim d' \: 'I'''' c;a,fazer com que os "anJ'os decid ' I IZer, em estitdC\ oc;'!l

C am em seu ugar e sua v" \) 4ompreende-se a partir daqUi a importancia u' ez .

, 10 da fachada da casa principal a lb q e e coneedida a orie~porta umestabulo,aqualestaqu~se~~~a erg~ 0 c~fe de fatnilia e que c~ t.I I principal - por oposic;ao a porta estr~~; on~n~a a para leste, sendo a1\ III

'I'I abre para 0 jardim, nas traseiras da casa ~ alxa, reservada as mUlhe~ \}J.

I Ide leste (thabburth thacherqith) ou ainda d corr~ntemente ~hamada Q p. '€~

r ronde. 36 Dada a exposiC;aodas aldeias e a a p.o:,ta. ~ r~a, de elma, ou a po' ~JI ' < Ita da casa, com 0 lar, encontra-se a no;Oslc;ao In enor do estabulo, q p~'l:'tiIe' r a oeste. Segue-se que 0 deslocamento e~ ~. esta~u:o ao sl.1.1e a pared.e ~r" rienta de leste para oeste ao contrario d lr~c~ao a casa para entrar n~CI 'acordo com a orientac;ao ;or excelenci 0mO~lmento p~lo qual dela SeS"l~l~

a, para este, ou seJa, hara cima .'C::ll:---- J:' ,pa .....

,\"aEnquanto ao nascer a rapariga e embrulhade enfaixado com os la<;:ossecos e rugosos queas:~n;~~<;:o~: seda, maciQe flexfvel, 0 rap'"gas da colheita, am "m para atarosmolhos dees;:~.z

, 1),1-

HII. 10 '0 I, III 11.1 10 I 1111 II I V(',,"\' '0111(II IHIlI I l'I ('0 1I0 I'to d'Ilid 0, t' d • \1111 1111 "II, 111'111 II' I I 'P r I 0 'nll't') '11111 0:); nl,'"

, ,I IIllb 11111l1ltkquillho onl n 0 ominh , b nj 1m 'nlll! no limi rdo .Illldo,vlI(lIlllnlo diz:" v rd -azul (nze zaw)faz omqucL mant inn 0

I " !'t'llull I' n'l-s n r ipi ntc dc bat r a manteiga plantas olhidas de",'\)(' '/4 reg. n -I'; omelasosutensfliosdestinadosareceberoleite.J2/\ nHI \ do '" rn- asada e, entre todas, cheia de consequencias para a fecund i-ld '( pi nilud dacasa:quandoestaaindasentadaemcimadamulaquc<III portoll da asa do seu pai, apresentam-Ihe agua, graos de trigo, figos,

11ZI'H,OVS cozidos ou pash~is, outras tantas coisas (sejam quais forem as va-,lillI' I ais) associadas a fecundidade da mulher e da terra, e ela lanc;a-asId Ii' G 0 a casa, fazendo-se assim, de algum modo, preceder pela fecundi-

lId" la plenitude que deve introduzir na casa.33 Transpoe 0 limiar as cos-I 11(' III parente do esposo ou por vezes, segundo Maunier, as costas de urn'J',J'I) (I S nunca, seja como for, as costas do esposo), que, interpondo-se, in-I' \ "I I, s forc;asmas capazes de afectarem a sua fecundidade, cuja sede e 011\ Ii', I ont de encontro entre mundos opostos: uma mulher nunca devc,I! II' \ junto ao l~miar com 0 filho ao cola; a crianc;a pequena e a esposa re-III.' 110 d vem pisa-Io com demasiada frequencia.

A 1m, a mulher, atraves da qual a fecundidade chega it. casa, contri-II, p.'I( " U lado, para fecundidade do mundo agrario: votada ao mundoI III('ri r, age sobre 0 exterior garantindo a plenitude do interior e contro-'" (0, n. sua qualidade de guardia do limiar, essas trocas sem contraparti-

a 16gica da magi a pode conceber e atraves das quais cada uma dasuniverse entende s6 receber da outra 0 cheio, nao the oferecendo

n 0 vazio.34Mas urn ou outro dos dois sistemas de oposic;oes que definem a casa

I 'I' na sua organizaC;ao interna, quer na sua relaC;aocom 0 mundo exterior: 1 a pOl'ser trazido para primeiro plano conforme consideremos a casa domt de vista masculino ou do ponto de vista feminino: enquanto, para 0 ho-I m, la e menos urn lugar onde se entra que um lugar donde se sai, a mulhero pode senao conferir a estes dois deslocamentos, e as definic;oes diferentes

sa que deles sac solid arias, uma importancia e uma significaC;ao inver-I. , uma vez que 0 movimento para fora consiste antes do mais, para elas, em

"'IIOI[(:~ UrNeS,"I,f .'Ie'

I "1m,' I' II

Page 9: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

a ill;,';, p. ra b mob m: 0 I VI' lor ri nln 'II 101 pili" 1,1.' (' 110 lIin

mentodeosatrelared osdesatr lar m nl VI'L1r I'QI ['pll'ul' ('idomesmo modo, os ceifeiros dispoem-se frente qiblCl, vil'ndo I'llm 111pl1l' I

leste que e degolado 0 boi do sacrificio, Nao acabarfamotl de n11m 1'. I'MI (H'

<;oesque SaDrealizadas em conformidade com a orienta<;ao fund. m 11[[11,

quer dizer, todas as ac<;6esde importancia que se ligam a fe dndidad 1 (' 11.prosperidade do grupO.37Se voltarmos a considerar agora a organizac;ao in[('rior da casa, observamos que a sua orienta<;ao e exactamente a inversa de doesp<;t~oexterior, como se tivesse sido obtida por meio de uma meia rota<;<0 "II

. torno da parede de fachada ou do limiar tornados como eixo. A pared tI(,.tep,r,que fica pela frente assim que e transposto 0 limiar, e que e directam 'n It'ilum,inada pelo sol da manha,~ aluz do interior (como a mulher e a lam pm I I

do interior), quer dizer 0 leste do interior, simetrico do leste exterior, ao qUill

_ toma de emprestimo a sua luz.38A face interna e escura da pare de de fa h, d I~••~....-4"-representa 0 oeste da casa,lugar do sono, que fica para tnis quando se avail 'jl

da porta para 0 kanun, a porta correspondente simbolicamente it "porte dlt

ano", principio da esta<;ao hl.imida e do ana agrario. E do mesmo mod I If

duas paredes de empena, a parede do estabulo e a parede do lar, recebem d (I

sentidos opostos conforme consideremos uma ou outra das suas fac :-I: III

norte exterior corresponde 0 sui (e 0 Verao) do interior, isto e, 0 lado de '.' I

que se tern pela frente e it direita quando se entra na direc<;aodo teari ao sui (\terior corresponde 0 norte (e 0 Inverno) interior, quer dizer, 0 estabulo, sililit

do atrase aesquerda quando seavanc;:a da porta para alareira.39 Adivis ()III

36 E 6bvio que uma orienta~ao inversa (a que vemos olhando ii transparencia 0 ,1111/1' Ii \

cas a) epossivel, ainda que rara. Diz-se explicitamente que tudo 0 que vem do 0 '~It· JIllItador de desgra<;a e que uma porta virada nessa direc<;aonao pode receber sent 0 Ollil 1111dade e esterilidade. De facto, se 0 plano oposto ao plano "ideal" e raro, e em pri 111(' II I IIIgar porque as casas secundarias, quando se disp5e do canto direito do patio, R (l 11111 III

vezes simples salas de estar, desprovidas de cozinha e de estabulo, e porquc 0, ' 1101 11111

itas vezes fechado, do lade oposto ii fachada casa principal, pelas traseiras do ellr 1 Inha, ela pr6pria virada para leste.

37 Sabe-se que os dois suf, ligas polfticas e guerreiras que se mobilizavam quando /11' III I Irava um incidente (e que mantinham rela<;5esvariaveis, indo da sobrcpo. i<;, ill: ~III I 1

~ao completa, com as unidades sociais baseadas no parentesco), se chamavnnlllllilioldl(ulella) e suI do baixo (buadda), ou suI de direita (ayafus) e suI d esqu rdo (lIzrlll/l/iIIi) • IIainda suI de leste (acherqi) e suI de oeste (aghurbi), tendo sido conservodo e, II 1I1IIII IIsigna<;ao, menos usual, mas que ainda hoje sobrevive, no vocabul:'irio d ), J( P,ll/I 1111,11111para designar os campos dos jogos rituais (donde os combatcs trodi i()nnll! ,",11. II Iextrafam a sua l6gica).

38 Recorde-se que e do lade do tear, parte nobre da casa, quc 0 dono d nlll11"','1,1 III (11,,/1' IIseu h6spede.

39 E, portanto, necessario acrescenlnr 0$ quolro ponlO ord 'nl$l' 1111qll,)! 1'01'11111, lIH II Idas oposi~5es e das hornologiOIl "dllll1 01 r '/('lIlnL!Otl (Ml'n(itl,/loll lltlt 1'01 11/111'1 Iii Imonstr:'iveis lamb 'm n I cr!l'n,I' "l1ll1lllljllll' II dl'I'I(I fill r 1'11\' i' HI 11'"11' 111111, I

tual no $('1I onjlllllll)i .. ,nilllll'j" IIlIlplI'"I, VII' 1I,lilVi"'IIiI

III I" I 1111//1l' Ilin I pilI II 111111 IHI 1 1 ,till111111 1IIlIIIIIIII 1II

Page 10: A Casa Ou Mundo Ao Contrario - Pierre Bourdieu

norte baixoInverno

,,1111' 11'111' IIlplldl(/11101I'idl'/1l'fil •

11111(1111)II 'ford'll d p" ' II,,,. 'H'lllll'n , nlllH 1I11ll0(enl II IIiI ' I d" I • I JI' Ido,' I J J . I,

I 1,,/III'l'dl:1: Ii od'i do /'"" I ill' lIZdiurn ,[I 'HI) dldi), f < 1.1", 1i111'01'p' 01'10 do homelll" "a Inu'!'11er"d" . • .l m us, a mu/" 'I'I'/I/)i',. I

.' , Iz-se [lInda "e .o If InOIS djr itll destas natur ' cluva como urn. (01'('''i POI'

, lid /'(·1[0 I, . A mulh r casada enco~~C::~:~uerdas nunca l~a'iBqu' 1/11""1

II'i 1/ n 10 II m, m, mas esse orient e m~do 0 seu on nt n In[,,1' 01'd, III " e nunca e malS que a . d

1. n 0 0 tuma dizer-se que" . . mYers 0 1111locI I d 10 10 movim nto para 0 eta. rapanga e 0 oCldente"? 0 privil gio 'Oil

I I . x enol' pOl' meio do 1 h111111 1 v1ralldocostasacasa' qua 0 Om 1118 (l"1111

III 1'11[1' I l11undo e para enfrentar os homens escolhcndo ' /, apenas uma forma da " _ Vll I ()'" /\I'III!n vitavel do moviment d 1 reJelc;:aocateg6l'ica da IlOIII I' 'zo

o que ease afaste. '

Outonooeste

Estes do is espa<;os simetricos e invel'sos nao san intercambiaveiA, IH.I

hierarquizados, nao sendo 0 espa<;ointerior precisamente mais que a 'imfll\l'IIIinvertida, ou 0 reflexo num espelho, do espa<;omasculino.44 Nao e pOl' .1('111 II

que s6 a orienta<;ao da porta e explicitamente prescrita, nunca sendo a 01'1\1111

za<;aointerior do espa<;oconscientemente apl'eendida e menos ainda q III" III,como tal pelos sujeitos.45 Aorienta<;ao da casa e primol'dialmente definid I dl'exterior, do ponto de vista dos homens e, se assim se pode dizer, p Iw III I

mens e para os homens, como 0 lugar donde estas saem. "Vma casa PI'OI p'" I

pela mulher; 0 seu exterior e belo pelo homem." A casa e um imperio <li'llllI

doutro, mas urn imperio para sempre subordinado porque, ate m mo q II III

do apresenta todas as propriedades e todas as rela<;6esque definem ( 111111" I,arquetipico, continua a ser um mundo ao contrario, um reflexo in v 'rlii" 1

111 "l I

'-homeme a Himpada do exterior, a mulher a do interior. II Aapar n 'J, di I 1111

tria nao deve enganar-nos: a lampada do dia s6 aparentement d '(in d 11"1'

Tentaremos mostrar noutro lugar que a mesma estrutura apare C no orul'1l1 d" " "'1'Mas para fazer vel' que estamos aqui diante, sem duvida, dc uma f rn J"1 11111III III I ,1,1pensamento magico, bastara urn outro exemplo muito am\1 g : Oil AI' I"'M dll M'II'consideravam urn born sinal, segundo refere Ben Cheneb, qu' 1II11 Vullli v,,~ I II II'anterior direita e a pata posterior esquerda de cor branca; 0 donu I' u m ('IIvl1ll1l1~~Itillpodedeixardeserfeliz,umavezquemontaemdirec~ oaobrnn lle'lJwlll /1"1111111,,IIIdirecr;ao ao branco (sabe-se que os cavaleiros arabes montnm un ludll d 1'1'III II"''''I'' Ido esquerdo) (d. Ben Cheneb, Proverbes arabes rI'A Igar at rill MII8111'1''', '1', 111,1'111• I , Ill"

1905-1907, p. 312).Oespelho desempenha urn ,impnrlnnl 'I IIpel nONrilOll dl1ll1vi'r 1111'\I"11i11111111,"1111tos destin ados a obtcrcl11 bom ho'lI1pO,

o que cxpli a quc ten". /:1('1111)1"(' "'IlI1I/1111111111/oil I\I'VHIIII" 1" II 11111""1111111"111111",t06.

I h" "1111II IIIl, III II'lilt, '" I dill I I';111;11,'"dl I ~ II ",1," fill/I,ll fI 1111111'!.'~n" ~:';" 1'1 I I 1111111111"11., lIll I, V,,/" /1", II p II d,

I "11111 / lillI/I)", 11'1,I " ~"" ", IIndl' '" 111111'I'll 1"",.1, I, hll/II' 11I4'III, 111111\'I'"