a casa dos boswell - perse.com.br · sob o frio inverno de louth, claire nasceu. os marshall eram...
TRANSCRIPT
Sumário Capítulo 1 ............................................................................................................. 5
Capítulo 2 ........................................................................................................... 10
Capítulo 3 ........................................................................................................... 23
Capítulo 4 ........................................................................................................... 27
Capítulo 5 ........................................................................................................... 58
Capítulo 6 ........................................................................................................... 69
Capítulo 7 ........................................................................................................... 79
Capítulo 8 ........................................................................................................... 84
Capítulo 9 ........................................................................................................... 98
Capítulo 10 ....................................................................................................... 108
Capítulo 11 ....................................................................................................... 139
Capítulo 12 ....................................................................................................... 149
Capítulo 13 ....................................................................................................... 162
Capítulo 14 ....................................................................................................... 180
Capítulo 15 ....................................................................................................... 182
Capítulo 16 ....................................................................................................... 199
Capítulo 17 ....................................................................................................... 211
Capítulo 18 ....................................................................................................... 219
Capítulo 19 ....................................................................................................... 222
Capítulo 20 ....................................................................................................... 237
Capítulo 21 ....................................................................................................... 262
Capítulo 22 ....................................................................................................... 297
Capítulo 23 ....................................................................................................... 303
Capítulo 24 ....................................................................................................... 312
Capítulo 25 ....................................................................................................... 319
Capítulo 26 ....................................................................................................... 324
Capítulo 27 ....................................................................................................... 332
Capítulo 28 ....................................................................................................... 346
Capítulo 29 ....................................................................................................... 355
Capítulo 30 ....................................................................................................... 360
Capítulo 31 ....................................................................................................... 365
Capítulo 32 ....................................................................................................... 377
Capítulo 33 ....................................................................................................... 383
Capítulo 34 ....................................................................................................... 385
Capítulo 35 ....................................................................................................... 387
Capítulo 36 ....................................................................................................... 389
Capítulo 37 ....................................................................................................... 391
Capítulo 38 ....................................................................................................... 399
Capítulo 39 ....................................................................................................... 402
Capítulo 40 ....................................................................................................... 407
Capítulo 41 ....................................................................................................... 413
Capítulo 42 ....................................................................................................... 416
Capítulo 43 ....................................................................................................... 435
Capítulo 44 ....................................................................................................... 437
Capítulo 45 ....................................................................................................... 439
Capítulo 46 ....................................................................................................... 448
Capítulo 47 ....................................................................................................... 458
Capítulo 48 ....................................................................................................... 460
Capítulo 49 ....................................................................................................... 469
Capítulo 50 ....................................................................................................... 473
Capítulo 51 ....................................................................................................... 479
Capítulo 52 ....................................................................................................... 486
Capítulo 53 ....................................................................................................... 488
Capítulo 54 ....................................................................................................... 509
Capítulo 56 ....................................................................................................... 521
Capítulo 57 ....................................................................................................... 529
Capítulo 58 ....................................................................................................... 533
Capítulo 59 ....................................................................................................... 539
Capítulo 60 ....................................................................................................... 541
Capítulo 61 ....................................................................................................... 548
Capítulo 62 ....................................................................................................... 553
Capítulo 63 ....................................................................................................... 561
Capítulo 64 ....................................................................................................... 571
Capítulo 65 ....................................................................................................... 576
Capítulo 1
Um ou dois passos e nada mais. Após estender o
braço e apanhar o livro, ele sentou-se na acolchoada
poltrona com desvelo e abriu na página marcada, retirando
um pedaço de papel rabiscado daquilo que seria o limite
de sua leitura na noite anterior, enquanto os dedos
despretensiosos percorriam as linhas de letras miúdas.
Seu cachimbo no canto da boca exalava um fumo
espesso que o envolvia numa espécie de giros repetidos,
num baloiço característico e suave. A perna cruzada sobre
a outra, vestido com uma calça de linho grosso cuja
qualidade logo exibia a distinção de seu dono. Seu bom
conjunto trazia para si um complemento ao aspecto bem
cuidado, contudo, ele não era alguém que precisava
possuir um par de calças para mostrar sua superioridade.
Seu porte garboso, sua fala polida e as gentilezas que
reservava aos velhos e novos amigos faziam dele um
homem de índole especial, tão digna quanto a dos
melhores felizardos que poderiam acompanhar o rei.
Ele não poderia ser mais interessante e bonito aos
seus olhos. Ele não poderia ser um habitual plebeu com
toda aquela áurea de dignidade que lhe conferia tal
vantagem. Ele poderia ser mais perfeito que um príncipe
ou qualquer outro ser na terra. Esses eram dias de glória,
dias em que Claire podia calmamente analisar as maneiras
do primo, os modos como ele se conduzia, com suas
roupas tão mais elegantes que aquela região lamacenta e
sombria. Em todos os verãos passados em Spalding, seja
na hora do jantar, seja nos serões ou em gretas da porta,
Claire tomava para si a oportunidade única de apreciar o
sem igual humano, cujas imagens embalavam o sono
durante o resto do ano. Ela o observava de soslaio, no
recolhimento junto à lareira ou na biblioteca, em que ela
espreitava por meio dos livros, de uma maneira livre,
desimpedida e feliz em ver aqueles cabelos charmosos
caírem sobre a testa de Colin.
E era assim que a criança contava a passagem de
tempo, cada vez que o verão ia e chegava, com toda sua
luz, calor e euforia, que atraia os mais jovens, com a
beleza dos campos, bosques e rios. No entanto, somente
um coração apaixonado se voltaria contra a bela estação e
transformaria em alegra apenas os períodos que
compunham à visita que a doce tia fazia, acompanhada do
primo garboso.
Sob o frio inverno de Louth, Claire nasceu. Os
Marshall eram ainda uma família jovem e pequena, com
seis empregados e uma propriedade. O estabelecimento
financeiro aconteceu pouco depois do terceiro filho
nascer, com a herança que Edward Marshall recebeu de
seu rico tio, Sr. William Norwalk II. Mesmo
possibilitando aos filhos melhores condições e educação, a
vida não era uma conquista fácil. Porém Sr. Edward
Marshall de nada reclamava. Conseguira uma posição com
o comércio e tinha uma excelente produção de lã. Seus
esforços o glorificaram com o conforto crescente dos
filhos, com mais criados, carruagens e passeios em
família.
Em Spalding a família passou a viver e Louth
deixou de ser a principal habitação. A vida que Claire
levou em sua cidade natal lhe trazia poucas recordações e
os períodos que lá passava eram limitados a duas vezes ao
ano, em épocas diferentes. Porém, os pensamentos de
maneira frequente se encontravam nos bosques de Louth.
Nessa mesma aldeia vivia sua tia, a viúva de um
importante comerciante, Margareth Boswell. Lá ela
passava parte do tempo, com seu único filho, na
propriedade de Grass Valley.
O unigênito chamava-se Colin e, embora não
possuísse títulos, era um rapaz formoso, educado, de porte
fino e elegante. Dono de um charme sedutor, solteiro e
galanteador, não tendo sido arrebatado por jovem alguma.
Sua mãe mantinha-se em constante busca por um par
elegante e nobre para o filho. Muitas moças se
interessavam. A quantia arrecadada por Colin era
considerável, tornando-o alvo da insistência de mães e
filhas que desejavam com todas as forças contrair
matrimônio com esse rapaz e com sua pequena fortuna.
Entretanto, Colin era capaz de esquivar-se de todas elas
com delicadeza e distinção, aumentando ainda mais a
admiração dessas moças por ele.
Claire observava o primo em suas perfeições muito
antes de trocar os primeiros dentes. Seus olhos e seu
coração o acompanhavam a cada visita que faziam à
Spalding e ela contava o tempo até que fosse para Louth.
O primo nascera mais de uma década antes de Claire e em
muitos lugares estivera enquanto a criança crescia. O
grande carinho surgiu na infância, quando Colin a
apanhava no colo, destinava-lhe beijos brandos, com
muito afeto para com essa linda menininha que era sua
prima.
Os verões foram seguindo e a linda criança tornou-
se uma mocinha de busto farto proporções adequadas e
pouca cintura, porém, o uso de um espartilho tornava sua
aparência favorável. Seus cabelos eram claros e
alcançavam a parte média de seu corpo. O seu rosto era
delicado, os lábios vermelhos e ligeiramente corpulentos
harmonizavam-se com seu pequeno e arrebitado nariz. As
bochechas mantinham-se quase sempre rosadas e à
maneira da família Meredith, parentes de sua mãe. Possuía
olhos azuis tomados pelo mar, arredondados, que
contrastavam com a pupila escura e com o branco límpido
da esclera.
Claire prometia a si mesma, hilariante com o
sentimento, que no próximo verão, ou na próxima vez que
encontrasse o primo, beijá-lo-ia inesperadamente, como
num momento repentino. Sentiria o calor do seu rosto e a
respiração tão proximamente que lhe causava grande
comoção pensar em seus possíveis encontros e no
romance que ela desenvolvia em sua mente, a ponto de
fazer seu coração acelerar e todo o sangue fugir de suas
pernas.
A promessa parecia aquecer seu coração e deixá-la
muito confortada pela saudade que sentia de Colin. Sua
paixonite era motivada pelo desejo de conquistar o primo,
de tomar seu coração como nenhuma outra moça fizera e
ela bem conheceu algumas que tentaram. As frivolidades
da paquera dominavam-na, porém os rapazes da região
pouco lhe interessavam e seu contato com eles era
mínimo, de maneira a não despertar um interesse
perdurável. Seu encantamento maior era com o parente,
com que fantasiava histórias belíssimas de amor, sem
exceção de um final feliz.
Neste verão, particularmente, mudanças
aconteceram: a filha mais velha dos Marshall, Meredith,
casou-se, tornando o caminho para Claire o mais
licencioso possível. O enxoval e os detalhes que eram
destinados a primogênita foram voltados à segunda filha,
o novo objeto de empenho matrimonial da família. O que
poderia parecer infame para algumas famílias, não
perturbava por completo a mente de Anna. Sua boa
vontade dirigida às suas quatro filhas poderiam garantir o
que havia de melhor na Inglaterra, se fosse exclusiva
dependência de sua vontade. Contudo, Claire e Meredith
embaraçavam-se por vezes, mas cada uma de maneira
diferente. Claire tornava-se introspectiva e dedicava suas
horas aos romances, enquanto Meredith se divertia,
trazendo para a mãe um desalento ao final tarefa.
O casamento de Meredith trouxe mudanças
desagradáveis para Claire: além de perder a amiga para a
cidade de Grimsby, deixou de ter as habituais aulas das
moças e passou a preparar o próprio enxoval, sob a mira
dos pais, que não poupariam trabalho para arranjar-lhe um
par cujo caráter não seria menos que honroso e posses
mais que satisfatórias.
Não mais os Marshall teriam Meredith em casa e
isso doía profundamente o coração da mãe, em perder sua
primeira criatura, que lhe ensinara o que era o sentimento
materno. O pai preferia ver Meredith, dentre todas as
outras, sob a constância dos seus olhos, tamanha era seu
louvor pela primogênita. Entretanto, acreditava que a
moça fizera um bom casamento.
Mesmo sendo evidente a predileção dos pais pelos
atributos de Meredith em face das qualidades inerentes de
Claire, a segunda mais bela não guardava qualquer
ressentimento da irmã, mesmo com as memórias da
infância regrada pelas virtudes de Meredith e das
constantes comparações entre ela e Claire, que não obtinha
pra si mais que um elogio ou outro, para não desencorajá-
la por não ter as mesmas maneiras da irmã.
Claire jamais ultrapassara essa resistência. Em
Meredith não se colocava defeito. Ela sempre frequentara
os serões, obtinha os melhores lugares nas conversas e era
amiga de todos. Em Claire, contudo, havia em seu
comportamento descuidado, em seu trato simples e na
grande timidez algo de menos grandioso que na irmã. Ela
saberia dizer que seus pais a moderavam para que se
assemelhasse à primogênita e, por mais que ficasse triste
por ser privada das companhias como forma de castigo ou
repreendida por qualquer de seus modos sociais, não
deixava seu amor fraterno ser substituído por qualquer
sentimento desgraçado, tamanha era sua indulgência.
Não havia em Spalding moços irresolutos quanto à
doçura do sorriso de Meredith, ou de seus cachos
anelados. Dentre as principais moças a serem cortejadas
na cidade, Meredith rendia a três ou quatro delas algo
como um ou dois atributos em desvantagem. Sua
vivacidade, seu bom gênio e generosidade eram
espantosos a quem observasse e, era agora, oficialmente, a
dona dos olhos de Merton.
Capítulo 2
- Meredith? Alguma vez conheci uma dama com
esse nome? – o Sr. Merton medita por alguns instantes.
- Creio eu que conhece a Sra. Marshall, de
Spalding, apenas.
- Oh, é mesmo. – ele sorri e medita mais um
pouco. – Meredith nunca foi um nome muito masculino,
não é mesmo?
Robert sorri.
- Sorte a sua não se chamar Ashley... Sempre achei
Ashley um nome feminino... – o Sr. Merton torna a beber
seu chá.
- Que combinação daria, não? – Robert ri.
- Espero que escolha um bom nome para seus
filhos. – o Sr. Merton emenda, com diversão. – Os
Marshall não teriam outra filha com as mesmas qualidades
e um bom nome?
- Teriam outra filha que aprendeu a montar como
um rapaz, mesmo usando um vestido. – ele sorri ao tomar
do pai um belo susto. – Porém, seu nome é Claire.
- Oh, muito francês...
- Bem, o estrangeiro está na moda.
- O estrangeiro sempre esteve na moda, mas receio
que essa moda nunca pega. – eles sorriem.
- Espero que sua sorte seja a melhor... De qualquer
maneira, existe algo muito errado com esses nomes...
Os preparativos antecederam meses à data. O
jovem rapaz de Grimsby, Robert Merton, após alguns
encontros, tomou coragem e pedira a mão da jovem
Marshall em casamento. O pai dela, Edward, obviamente,
foi o receptor de tal proposta, mas já sabia que sua filha há
meses aguardava o momento em que Robert Merton
ficaria corado perante o dono da casa. As meninas
escutavam atrás da porta cada conversa que Edward e
Robert tinham no escritório, ansiosas pelo tal pedido.
Quando o grande dia chegou, as moças quase derrubaram
a porta, num silêncio inquieto e congratulador.
O casamento foi uma comemoração típica, com
música, dança e jogos. As moças todas bem vestidas, com
suas melhores indumentárias, apertadas por espartilhos
bem seguros, tornando dificultosa em demasiado a
respiração, mas assegurando a formosura esperada. Claire
sentia-se viva, era uma de duas primeiras festas depois de
findada a ingenuidade infantil. Quando era criança, não
lhe era permitido participar dos serões. Apenas escutava o
som da música da janela de seu quarto ou pela porta de
uma das galerias, sempre imaginando o quanto os
convidados estariam a divertir-se com taças nas mãos,
participando de animadas cirandas muito bem executadas,
conversando com entusiasmo e participando de jogos. As
garotas pouco participavam da vida social. Seu pai
acreditava que assim manteriam a reputação ilibada e, para
moças como elas, pretendentes não iriam faltar. Era
permitido a Meredith participar de eventos apenas na
companhia da mãe e do irmão e, quando Claire foi
apresentada a sociedade, passou a frequentar as festas, que
não ultrapassaram três pares de serões.
Edward era muito zeloso, por vezes hiperbólico em
suas decisões de pai Portanto, para Claire o casamento era
um acontecimento especial, único, que marcaria sua vida
social. Agora, estava ali, vivendo um daqueles momentos
que ela apenas imaginava em seus anos anteriores e nunca
desfrutara completamente.
O salão estava encantador. A mãe de Claire, Anna,
preparou diligentemente cada detalhe. Era uma mulher
cuidadosa e bastante amável, que se mostrou muito
ansiosa por um casamento da família, mesmo não
desejando que fosse de sua filha preferida. O único filho,
Adam, era mais velho que Claire poucos anos e, por sorte,
o herdeiro dos Marshall. Infelizes seriam os pais se vissem
sua fortuna transferida para outro parente, que não um
afetivo de sangue.
Anna e a irmã de Edward, Margareth, eram boa
companhia uma para a outra, a fim de trocar confidências
e alcovitar. Ambas já havia instruído Claire de que era
essencial manter-se esmerada durante o casamento e que
deveria utilizar à festa para mostrar-se uma moça de
qualidades apreciáveis a fim de atrair um bom
pretendente, ou mais de um, vaticinavam com convicção
infalível. Porém, Claire pouco interessada estava nos
possíveis arranjos das mulheres. Dançou alegremente com
o irmão coreografias que lembram uma quadrilha ou
dança em roda. Soltava pernas e braços em movimentos
desprendidos de acanhamento, utilizando-se dos seus tons
não tão infantis de se locomover, porém pouco dotados
dos ares das grandes donzelas.
Entre danças, Claire retirava-se da ciranda com a
desculpa de que cansara e aguardava sentada, observando
o festejo no salão e procurando a presença de Colin. Por
momentos, apreciava a irmã, em sua felicidade completa e
um sentimento triste e saudoso tomou seu ânimo num
arrebatamento vagaroso e distraído. Lembrara-se dos
cuidados da mais velha em ocasiões felizes e de sua
animação após os jantares. Os dias não seriam mais os
mesmos. Meredith iria mudar-se para Grimsby após o
casamento, com chances de visitas reduzidas, exceto
quando dedicassem uma temporada à Louth, cidade mais
próxima do futuro lar da irmã.
Claire mantinha-se incutida em seus pensamentos.
Retornara a pensar em Colin, quando o avistou cruzando o
fundo do salão, servido de uma taça de bebida. Ele estava
perfeito em sua esbelta elegância. Imaginou-se com ele,
numa dança do próprio casamento. Sorri sozinha. Queria
ser a dona daqueles olhos, o toque daquelas mãos. Fazê-lo
seu de uma maneira tão ingênua que apenas seus braços
em torno dele a satisfaria.
Breve se tornaram seus pensamentos amorosos
com a aproximação de seu fiel par de dança que, cansado,
determinou-se a fazer-lhe um pouco de companhia:
- Parceira, onde está o seu vigor? - indagou o
irmão, com a testa molhada de suor. Sua franja estava aos
líquidos que escorriam sua face e sua respiração, ofegante.
- Ora, parceiro! Tenho de recompor minhas
energias! Abusara em demasiado das minhas extremas
habilidades - exclama a irmã, servindo-lhe uma taça. -
Está pouco garboso com essa ar cansado! - Claire instiga o
irmão, numa brincadeira ausente de provocações
maldosas, como se poderia pensar.
Eles riem.
- Poderia conceder uma dança a Srta. White! -
Adam não controla o trago e destila a bebida em sua boca,
tentando conter o riso. A Srta. White não era
generosamente bonita, mas era, contudo, generosamente
corpulenta e dona de uma voz que soava de uma maneira
rouca e aguda. Porém, nada era comparável ao o principal
motivo de manter os senhores afastados: as reclamações
que fazia de seu tornozelo empenado.
- Pare com isso, Adam! - Claire ri do irmão, que
desobstrui a garganta com tosses e mais bebida. - Está
embaraçando-nos! Cuidado! Ela olhou para nós, não olhe,
vire-se.
Ele recompõe-se, sem perder o rubor extremo da
face:
- Estou aqui para acompanhar minhas gentis
damas! Eis tu a próxima que devo casar para livrar-me
logo da triste insatisfação de amparar-lhe na idade que já
avança! - ambos riem.
Adam brinca com a situação das irmãs. A família
considera que Meredith casou tarde. Deveria ter se casado
com a idade de Claire ou até um par de anos antes. As
caçulas Vitoria e Elizabeth, mal têm idade para contrair
matrimônio, e a ansiedade que tomou a mãe e a tia, faz
com que Adam transforme as irmãs em comédia para sua
vida.
- Comporte-se então, senhor. - afirma Claire. - Do
contrário, sabe o que o espera. Uma bengala não me faria
mal, poderia usá-la em seus fracos pés por todos os dias de
nossas vidas.
- Oh não! Não diga isso! - Adam mostra-se
enfático em sua encenação de desespero e eles se
divertem, até serem interrompidos por Colin. Claire o
observa, contendo a empolgação e controlando a
respiração, embora seus olhos a denunciassem nesse
sentido. Ele aproxima-se com seu elegante fraque e uma
taça na mão. Os cabelos claros ainda bem arrumados, seu
andar era charmoso e muitas moças cortejavam-no durante
sua passagem:
- Vejo que o irmão da noiva está banhado em suor!
- sorri, com distinção.
- Numa hora tão avançada como essa, primo,
apenas quem não dança mantém-se! - ri. - Olhe Claire! -
suspende o braço da irmã, exibindo o estado da irmã. Ela
puxa o braço imediatamente:
- Adam! - o repreende, envergonhada.
- A Srta. Claire jamais marinaria no próprio
líquido! - Colin diz para Adam, faceto. - E se o fizesse,
seria como um deleite em pétalas, tamanho é o seu exalar!
- ele sorri para a prima, sentando-se próximo a eles.
Claire sorri, incrédula. Seu coração dispara e o
rosto parece estar em fogo. Tenta controlar-se, mas sente o
corpo levemente adormecido.