a carta aos hebreus e a excelÊncia de cristo · 1 liÇÃo 01 a carta aos hebreus e a excelÊncia...

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1 LIÇÃO 01 A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO 07 de janeiro de 2018 Professor Alberto TEXTO ÁUREO “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho (Hb 1.1)”. VERDADE PRÁTICA Por meio de Cristo, Deus revelou-se de uma forma especial e definitiva ao seu povo.

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Page 1: A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO · 1 LIÇÃO 01 A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO 07 de janeiro de 2018 Professor Alberto TEXTO ÁUREO “Havendo Deus, antigamente,

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LIÇÃO 01 A CARTA AOS HEBREUS

E A EXCELÊNCIA DE CRISTO

07 de janeiro de 2018

Professor Alberto

TEXTO ÁUREO

“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas

maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos

dias, pelo Filho (Hb 1.1)”.

VERDADE PRÁTICA

Por meio de Cristo, Deus revelou-se de uma forma especial e

definitiva ao seu povo.

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COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO

“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas

maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos

dias, pelo Filho” (Hb 1.1)

Nosso primeiro texto áureo deste ano de 2018 é o primeiro versículo da Epístola

aos Hebreus. Nele está a informação divina da maneira adotada pelo SENHOR em

falar com os pais, que foi através dos profetas: “A Lei e os profetas duraram até

João; desde então é anunciado o reino de Deus, ...” (Lc 16.16). Após a encarnação do

verbo, somente no FILHO, temos acesso ao PAI: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho,

e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas

maneiras, aos pais, pelos profetas, ...” – ou seja, no passado o SENHOR falou

muitas vezes e de muitas maneiras, falou através de Moisés, falou antes de Moisés,

falou usando mais de 40 homens até o fechamento do Cânon do Antigo Testamento.

Portanto, houve uma revelação antiga, que veio de muitos modos e de muitas

maneiras, através de várias pessoas, desde um simples camponês, como Amós (Am

7.14) até de um grande rei, como Davi.

Os profetas foram os primeiros de todos os prenunciadores e porta-vozes de Deus.

Abraão, quando recebeu e anunciou a aliança que Deus havia feito com ele a respeito

de sua semente, foi um profeta (Gn 12.1-3; 15.1; 22.15ss.). Moisés o maior de todos

os profetas deveria receber a Palavra diretamente de Deus e transmiti-la a Arão, que

era seu porta-voz (Êx 7.1,2).

É importante salientar, que Abraão, Moisés, e outros profetas do Antigo

Testamento possuíam uma mensagem homogênea apontada para a pessoa do

Senhor Jesus. O Antigo Testamento, bem como toda a Bíblia é cristocêntrica. As

grandes profecias da Bíblia apontavam para o Senhor Jesus, senão vejamos o que diz

as Sagradas Escrituras:

• “O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas Escrituras, acerca de

seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de

Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos,

Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.2-4).

• “Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que

profetizaram a graça que vos foi dada. Indagando que tempo ou que ocasião de

tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando

os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir” (1

Pe 1.10-11).

• “Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas...”

(Mt 26.56a).

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• “E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o

lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu

para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a

pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade

os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e

tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga

estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: hoje se cumpriu esta Escritura em

vossos ouvidos” (Lc 4.17-21).

• “Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na

sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhe o que

dele se achava em todas as Escrituras” (Lc 24.26-27).

• “A Lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de

Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele” (Lc 16.16).

• “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco:

Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés,

e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem

as Escrituras” (Lc 24.44-45).

• “Examinai as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são

elas que de mim testificam; e não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.39-40).

• “Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim

escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas

palavras?” (Jo 5.46-47).

• “Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas

havia anunciado; que o Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e convertei-

vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do

refrigério pela presença do Senhor. E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi

pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo,

dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.

Porque Moisés disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos

irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. E

acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dente o

povo. Sim, e todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram,

também predisseram estes dias. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que

Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas

todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou

a vós, para que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas

maldades” (Atos 3.18-26).

• “A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem

receberão o perdão dos pecados pelo seu nome” (Atos 10.43).

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Portanto os profetas que foram enviados por Deus antes do Senhor Jesus,

profetizaram acerca do Salvador, até que: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus

enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei. Para remir os que estavam

debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4-5).

“..., a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” - a Bíblia Sagrada

declara:

• “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos

pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho. A quem

constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o

resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas

as coisas pela palavra do seu poder havendo feito por si mesmo a purificação dos

nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas” (Hb 1.1-3).

• “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus

Cristo. Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai,

esse o revelou” (Jo 1.17-18).

• “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,

para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque

Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para

que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não

crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo

3.16-18).

• “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao

Pai, senão por mim” (Jo 14.6).

• “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8).

Portanto, por meio do Filho, o verbo que se fez carne, a revelação de Deus é tanto

superior quando é final, e podemos seguramente concluir, que após o Senhor Jesus

não houve e não há necessidade de outros profetas.

Sendo assim, não devemos aceitá-los, mesmo porque são “profetas” com

mensagens totalmente diferentes da do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:

“Porque surgiram falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e

prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho

predito (Mt 24.24-25).

Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas...” (Mt 7.5).

“E então se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo; ou: Ei-lo ali; não acrediteis.

Porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão sinais e prodígios,

para enganarem, se for possível, até os escolhidos. Mas vós vede; eis que de

antemão vos tenho dito tudo” (Mc 13.21-23).

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O FILHO, Jesus Cristo é o herdeiro de tudo (Rm 8.17). Ele é o criador de tudo (Cl

1.16). Ele é o resplendor de Deus e a sua glória (2 Co 3.18). Ele é a exata expressão da

substância divina do Pai (Ef 3.19; Cl 2.9-10; 2 Pe 1.4). Ele é o sustentador de todas as

coisas (Ef 1.23; Cl 1.16). Ele é quem nos purifica de todo pecado (Ef 2.1-6).

INFORMAÇÕES INICIAIS

1º Trimestre - 2018

(Janeiro, fevereiro e março)

Título: A Supremacia de Cristo – Fé, esperança e ânimo na Carta dos

Hebreus

Comentarista: Pastor José Gonçalves é pastor em Água Branca, Piauí,

graduado em Teologia pelo Seminário Batista de Teresina e em Filosofia pela

Universidade Federal do Piauí. Ensinou grego, hebraico e teologia sistemática na

Faculdade Evangélica do Piauí. É comentarista de Lições Bíblicas da Escola

Dominical da CPAD e autor dos livros: Missões – o mundo pede socorro (Ed

Halley); Por que Caem os Valentes (CPAD); As Ovelhas Também Gemem (CPAD);

Defendendo o Verdadeiro Evangelho (CPAD); A Prosperidade à Luz da Bíblia

(CPAD); Rastros de Fogo – o que diferencia o pentecostes bíblico do

neopentecostalismo (CPAD); Porção Dobrada (CPAD); Sábios Conselhos para um

Viver Vitorioso (CPAD) e co-autor do livro: Davi – as vitórias e derrotas de um

homem de Deus (CPAD, prêmio ABEC). É presidente do Conselho de Doutrina da

Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Piauí e membro da Comissão de

Apologética da CGADB.

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Capa:

Estudaremos na revista Lições Bíblicas CPAD: A Supremacia de Cristo:

Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus

SUMÁRIO:

Lição 1 - A Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo

Lição 2 - Uma Salvação Grandiosa

Lição 3 - A Superioridade de Jesus em relação a Moisés

Lição 4 - Jesus é Superior a Josué - O meio de entrar no Repouso de Deus

Lição 5 - Cristo é Superior a Arão e à Ordem Levítica

Lição 6 - Perseverança e Fé em Tempo de Apostasia

Lição 7 - Jesus — Sumo Sacerdote de uma Ordem Superior

Lição 8 - Uma Aliança Superior

Lição 9 - Contrastes na Adoração da Antiga e Nova Aliança

Lição 10 - Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança

Lição 11 - Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja

Lição 12 - Exortações Finais na Grande Maratona da Fé

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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Hebreus 1.1-14

INTERAÇÃO Prezado (a) professor (a), iniciaremos mais um trimestre pela graça de Deus.

A carta de Hebreus é o objeto do nosso estudo nestes próximos três meses.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

I. Pontuar a autoria, o destinatário e o propósito da Carta de Hebreus;

II. Expor a superioridade de Cristo em relação aos profetas;

III. Mostrar a superioridade de Cristo em relação aos anjos.

INTRODUÇÃO

Nesta lição introdutória do nosso estudo da Carta aos Hebreus, queremos iniciar

dizendo que assim como todos os escritos da Bíblia, esta carta é um documento

especial.

Em nenhum outro documento do Novo Testamento encontramos um apelo

exortativo tão forte.

Isso possuía uma razão de ser — os crentes hebreus davam sinais de

enfraquecimento espiritual e até mesmo o risco de abandonarem a fé!

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Era, portanto, urgente admoestá-los a perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra

ser maior do que os profetas, maior do que todas as hostes angélicas, maior do que

Arão, Moisés, Josué e até mesmo os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada.

I.- AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO

1. Autoria.

A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor.

Esse fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria.

É certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia, já por

volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a isso.

Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo Paulo a sua

autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que Lucas a teria

traduzido para o grego, passou a ser duramente questionado.

As razões são basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do

Novo Testamento grego, não parece ser uma tradução.

Por outro lado, o estilo usado na carta não parece ser de forma alguma de Paulo.

Outros nomes surgiram como possíveis autores de Hebreus: Barnabé, Apoio, Lucas,

Clemente Romano, etc.

O certo é que somente Deus sabe quem é o seu autor.

Por outro lado, o fato de ter sua autoria desconhecida em nada diminui a sua

autoridade.

2. Destinatários.

Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita para cristãos judeus.

Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma comunidade específica de

cristãos e não a um grupo indeterminado.

O autor conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo

encontrar-se com eles (Hb 13.19,23).

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Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos teólogos.

Baseados na expressão "os da Itália vos saúdam" (Hb 13.24), muitos eruditos

argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma, capital do Império

Romano.

A data da carta é motivo de disputa, mas as evidências internas permitem-nos situá-

la antes da destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C.

3. Propósito.

O escritor I. Howard Marshal, observa que Hebreus combina instrução com

exortação.

De fato, essa carta possui uma grande carga exortativa.

Ela exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo marcado pela

apostasia.

Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a nova fé vinha sofrendo e

em razão disso estavam voltando às antigas práticas judaicas.

A carta, portanto, exorta esses crentes a suportarem as pressões e perseguições,

lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé (Hb 12.4).

Essas palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes demonstram

apatia e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil.

SINOPSE DO TÓPICO I

A autoria de Hebreus é desconhecida; seus destinatários

eram cristãos judeus; seu propósito, exortar os cristãos a

terem ânimo e fé.

SUBSÍDIO DIDÁTICO

Professor(a), para introduzir o primeiro tópico desta lição, se possível, reproduza o

quadro-resumo que se encontra acima.

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O objetivo é pontuar as questões de autoria, destinatário e propósito da carta em

estudo.

AUTORIA

Desconhecida,

DESTINATÁRIO

Cristãos judeus, provavelmente.

PROPÓSITO

Exortar os cristãos a terem ânimo e fé em tempos de

apostasia.

II.- CRISTO – A PALAVRA SUPERIOR A DOS

PROFETAS

1. A revelação profética e a Antiga Aliança.

Ao falar da supremacia de Jesus, o autor de Hebreus primeiramente o faz em relação

aos profetas.

Deus falou no passado pelos profetas e no presente pelo Filho (Hb 1.1).

A revelação profética no antigo Israel fez com que esse povo se distinguisse dos

demais.

O autor mostra um Deus que se revela, que se comunica com os seus.

Ele fala de uma forma direta a seu povo, não é um Deus mudo!

Os advérbios gregos polymerôs ("muitas vezes") e polytropos ("muitas maneiras"),

que modificam o verbo falar, mostram a intensidade dessa comunicação.

Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação. Ele fala,

e fala sempre o que é necessário.

2. A revelação profética e a Nova Aliança.

Aos cristãos da Nova Aliança, Deus falou por intermédio do seu Filho (Hb l.l).

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O uso das expressões "havendo falado" ou "depois de ter falado" (Hb 1.1,2) por parte

do autor mostra que essa ação de Deus foi um fato consumado.

Isso tem levado alguns intérpretes a dizer que a partir daquele momento.

Deus não falaria mais diretamente com ninguém.

Mas isso é ir além daquilo que o autor tencionava dizer.

O uso dessa expressão é mais bem entendida como significando que Deus falou de

forma completa nos dias do autor, todavia, sem a conotação temporal de que não

falaria mais no futuro.

O Espírito profético, que é o Espírito de Cristo (1 Pe 1.11; Rm 8.9,10), continua dando

à Igreja hoje a percepção do plano e vontade de Deus para o seu povo (Jo 14.26;

15.26; 16.13).

E isso sempre em consonância com as Escrituras.

3. Cristo: a revelação final.

O objetivo do autor aqui, evidentemente, é mostrar que Cristo é o clímax da revelação

profética.

Ele é a revelação final! O ministério profético na Antiga Aliança era de importância

ímpar.

O Senhor disse que falaria por intermédio de seus profetas: "Certamente o Senhor

Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os

profetas" (Am 3.7).

O silêncio profético, portanto, era a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo

Israel.

Os profetas eram importantes, mas a relevância deles estava muito longe daquela

possuída por Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Os profetas eram apenas servos, mas o Filho era o herdeiro de Deus e o agente da

Criação (Hb 1.2).

Ele é o redentor do mundo! Nenhum profeta morreu de forma vicária pelo povo de

Deus.

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SINOPSE DO TÓPICO II

Da Antiga à Nova Aliança, Cristo é a revelação plena

de Deus Pai, por isso, Ele é superior aos profetas.

SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO

"REVELAÇÃO - [Do gr. apokalupsis; do lat. revelatio, tirar o véu] .

Manifestação sobrenatural de uma verdade que se achava oculta.

Tendo em vista o caráter e a urgência das profecias do último livro da Bíblia,

Apocalipse é considerado a revelação por excelência (Ap 1.1-3).

REVELAÇÃO BÍBLICA - Conhecimento divino preservado nas Sagradas

Escrituras, e posto à disposição da humanidade.

Consta do Antigo e do Novo Testamento. É a nossa única regra de fé e prática.

REVELAÇÃO PROGRESSIVA - Evolução progressiva e dispensacional das

verdades divinas que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se

completaram no Novo.

O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus 1.1,2"

(ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD,

1999, pp.255,56).

III.- CRISTO – SUPERIOR AOS ANJOS

1. Cristo: superior em natureza e essência.

Devemos ter sempre em mente que o autor de Hebreus tenciona mostrar a

superioridade de Cristo em relação às demais ordens da criação.

O seu foco aqui são os anjos.

A cultura judaica via os anjos como seres de uma ordem superior e mediadores da

revelação divina (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2).

Mesmo cercados de força e poder, os anjos eram inferiores ao Filho (Hb 1.4).

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Jesus é o reflexo da glória de Deus e possuidor da mesma essência divina (Hb 1.3).

O autor usa dois vocábulos gregos que deixam isso bem definido: apaugasmae

character, que significam respectivamente "radiância" e "reflexo", traduzidos aqui

como resplendor e "caráter", com o sentido de expressão exata do seu ser.

Embora sendo pessoas diferentes, tanto o Filho como o Pai possuem a mesma

essência. Cristo é o Deus revelado!

2. Cristo: superior em majestade e deidade.

O autor passa então a mostrar a supremacia de Cristo em relação aos anjos por meio

de vários fatos documentados nas Escrituras.

Os anjos são criaturas, o Filho é Criador. O filho é gerado, não criado. C. S. Lewis

observa que o que Deus gera é Deus; assim como o que o homem gera é homem.

O que Deus cria não é Deus; da mesma forma que o que o homem faz não é homem.

Daí a razão de os homens não serem filhos de Deus no mesmo sentido que Cristo.

Eles podem assemelhar-se a Deus em certos aspectos, mas não pertencem à mesma

espécie.

O mesmo se pode dizer dos anjos.

Eles não possuem a mesma essência divina que o Filho.

É por essa razão que o autor destaca que o Filho é chamado de "Deus" (v.8) e que por

isso merece adoração (v.6).

A Ele toda honra e glória!

SINOPSE III

Jesus Cristo é superior aos anjos em relação à

natureza, essência, majestade e deidade.

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SUBSÍDIO BIBLIOLOGICO

"ANJOS. A palavra 'anjo' (hb. Malak; gr. angelos) significa 'mensageiro'.

Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13.14), criados por

Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; SI 148.2,5; Cl 1.16).

(1) A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos

foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31).

Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez

28.12-17; 2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de

graça corno servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.

(2) A Bíblia fala numa vasta hostes de anjos bons (1Rs 22.19; SI 68.17; 148.2; Dn

7.9,10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas Escrituras:

Miguel (Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26).

Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é

chamado de arcanjo (lit.: "anjo principal', Jd 9; 1Ts 4.16); há serafins (Is 6.2),

querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as

miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11)".

(Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.386).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O autor de hebreus não quis se identificar, mas isso em nada compromete a

autoridade desse documento.

Desde os primórdios, a igreja valeu-se dos ensinos dessa carta para fortalecer a fé

dos crentes.

Clemente de Alexandria fez amplo uso das exortações encontradas nessa carta e, ao

assim fazer, reconhecia o profundo valor espiritual de Hebreus.

Nesses últimos dias, onde os joelhos de muitos cristãos parecem vacilantes, faz-se

necessário atentarmos diligentemente para o conselho encontrado em Hebreus, "se

ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração" (3.7).