a caneta e a enxada - contag · web viewmeu domingo está perdido vou pra casa entristecido dá...

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ÍNDICE 001 - A CANETA E A ENXADA 002 - ADMIRÁVEL GADO NOVO 003 - AMAR COMO JESUS AMOU 004 - AMÉRICA LIVRE 005 - ANUNCIAÇÃO 006 - APESAR DE VOCÊ 007 - ASA BRANCA 008 - AS ANDORINHAS 009 - ASSIM JÁ NINGUÉM CHORA MAIS 010 - A VITÓRIA DO TRIGO LYRICS 011 - BAIÃO DAS COMUNIDADES 012 - BANDEIRA DO DIVINO 013 - XIBOM BOMBOM 013 - CABOCLA TEREZA 014 - CALIX BENTO 015 - CANA VERDE 016 - CANTO ALEGRETENSE 017 - CAVALO ZAINO 018 - CHALANA 019 - DE CHÃO BATIDO 020 - CHICO MINEIRO 021 - CHITÃOZINHO E XORORÓ 022 - CIDADÃO 023 - CIO DA TERRA 024 - COLCHA DE RETALHOS 025 - CORAÇÃO CIVIL 026 - CORAÇÃO LIVRE 027 - COURO DE BOI 028 - DESGARRADOS 029 - DISPARADA 030 - ESPINHEIRA 031 - EU CREIO NA SEMENTE 032 - EU FIZ PROMESSA 033 - EU SÓ PEÇO A DEUS 034 - FELICIDADE. 035 - FIO DE CABELO 036 - FUNERAL DE UM LAVRADOR 037 - GENTE HUMILDE 038 - HERDEIRO DA PAMPA POBRE 039 - A INTERNACIONAL 040 - ISTO É A FELICIDADE 041 - JOÃO DE BARRO 042 - LUAR DO SERTÃO 043 - MÁGOA DE BOIADEIRO 044 - A MAJESTADE, O SABIÁ 045 - MARIA, MARIA 046 - MASSA FALIDA 047 - O MENINO DA GAITA 048 - MEU ERRO 049 - MEU PAÍS 050 - MORENINHA LINDA 051 - NEGRINHO DO PASTOREIO 1

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Page 1: A Caneta e a Enxada - CONTAG · Web viewMeu domingo está perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei

ÍNDICE

001 - A CANETA E A ENXADA002 - ADMIRÁVEL GADO NOVO003 - AMAR COMO JESUS AMOU004 - AMÉRICA LIVRE005 - ANUNCIAÇÃO006 - APESAR DE VOCÊ007 - ASA BRANCA008 - AS ANDORINHAS009 - ASSIM JÁ NINGUÉM CHORA MAIS010 - A VITÓRIA DO TRIGO LYRICS 011 - BAIÃO DAS COMUNIDADES012 - BANDEIRA DO DIVINO013 - XIBOM BOMBOM013 - CABOCLA TEREZA014 - CALIX BENTO015 - CANA VERDE016 - CANTO ALEGRETENSE017 - CAVALO ZAINO018 - CHALANA019 - DE CHÃO BATIDO020 - CHICO MINEIRO021 - CHITÃOZINHO E XORORÓ022 - CIDADÃO023 - CIO DA TERRA024 - COLCHA DE RETALHOS025 - CORAÇÃO CIVIL026 - CORAÇÃO LIVRE 027 - COURO DE BOI028 - DESGARRADOS029 - DISPARADA

030 - ESPINHEIRA031 - EU CREIO NA SEMENTE 032 - EU FIZ PROMESSA033 - EU SÓ PEÇO A DEUS 034 - FELICIDADE.035 - FIO DE CABELO036 - FUNERAL DE UM LAVRADOR037 - GENTE HUMILDE038 - HERDEIRO DA PAMPA POBRE039 - A INTERNACIONAL040 - ISTO É A FELICIDADE041 - JOÃO DE BARRO042 - LUAR DO SERTÃO043 - MÁGOA DE BOIADEIRO044 - A MAJESTADE, O SABIÁ045 - MARIA, MARIA046 - MASSA FALIDA047 - O MENINO DA GAITA048 - MEU ERRO049 - MEU PAÍS050 - MORENINHA LINDA051 - NEGRINHO DO PASTOREIO052 - O MENINO DA PORTEIRA053 - O QUE É, O QUE É?054 - ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO055 - PLANETA AZUL056 - POEIRA057 - POR UM PEDAÇO DE PÃO058 - PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES059 - NO RANCHO FUNDO

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060 - ROMARIA061 - É PRECISO SABER VIVER062 - SAUDADE DE MINHA TERRA063 - SAUDADES DE MATÃO064 - TENTE OUTRA VEZ065 - TERRA TOMBADA066 - TOCANDO EM FRENTE067 - TREM DAS ONZE068 - TRISTEZA DO JECA

069 - BOIADEIRO070 - VIOLA ENLUARADA071 - XOTE DA AGRICULTURA FAMILIAR072 - ASA BRANCA073 - ASSUM PRETO074 - ÚLTIMO PAU DE ARARA075 - SÚPLICA CEARENSE076 - TRANSGÊNICO É VENENO077 - EU SÓ PEÇO A DEUS

001 - A CANETA E A ENXADA

“Certa vez uma caneta foi passear lá no sertãoEncontrou-se com uma enxada, fazendo a plantação.A enxada muito humilde, foi lhe fazer saudação,Mas a caneta soberba não quis pegar sua mão.E ainda por desaforo lhe passou uma repreensão.”

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Disse a caneta pra enxada não vem perto de mim, nãoVocê está suja de terra, de terra suja do chãoSabe com quem está falando, veja sua posiçãoE não se esqueça à distância da nossa separação.

Eu sou a caneta soberba que escreve nos tabeliãoEu escrevo pros governos as leis da constituiçãoEscrevi em papel de linho, pros ricaços e barãoSó ando na mão dos mestres, dos homens de posição.

A enxada respondeu: que bateu vivo no chão,Pra poder dar o que comer e vestir o seu patrãoEu vim no mundo primeiro quase no tempo de adãoSe não fosse o meu sustento não tinha instrução.

Vai-te caneta orgulhosa, vergonha da geraçãoA tua alta nobreza não passa de pretensãoVocê diz que escreve tudo, tem uma coisa que nãoÉ a palavra bonita que se chama.... educação!

002 - ADMIRÁVEL GADO NOVOComposição: Zé Ramalho

Vocês que fazem parte dessa massa que passa nos projetos do futuroÉ duro tanto ter que caminhar e dar muito mais do que receber

E ter que demonstrar sua coragem à margem do que possa parecer

E ver que toda essa engrenagem já sente a ferrugem lhe comer

Ê, ô ô, vida de gado, povo marcado, ê, povo felizLá fora faz um tempo confortável, a vigilância cuida do normalOs automóveis ouvem a notícia, os homens a publicam no jornalE correm através da madrugada a única velhice que chegouDemoram-se na beira da estrada e passam a contar o que sobrouÊ, ô ô, vida de gado, povo marcado, ê, povo felizO povo foge da ignorância apesar de viver tão perto delaE sonham com melhores tempos idos, contemplam essa vida numa celaEsperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabarA arca de Noé, o dirigível, não voam nem se pode flutuar

003 - AMAR COMO JESUS AMOUPadre Zezinho

Um dia uma criança me parouOlhou-me nos meus olhos a sorrirCaneta e papel na sua mãoTarefa escolar para cumprirE perguntou no meio de um sorriso O que é preciso para ser feliz?

Amar como Jesus amouSonhar como Jesus sonhou Pensar como Jesus pensouViver como Jesus viveuSentir o que Jesus sentia Sorrir como Jesus sorriaE ao chegar ao fim do dia Eu sei que dormiria muito mais

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feliz

Ouvindo o que eu falei ela me olhouE disse que era lindo o que eu faleiPediu que eu repetisse, por favorMas não dissesse tudo de uma vezE perguntou de novo num sorriso O que é preciso para ser feliz?

Depois que eu terminei de repetirSeus olhos não saíram do papelToquei no seu rostinho e a sorrirPedi que ao transmitir fosse fielE ela deu-me um beijo demoradoE ao meu lado foi dizendo assimAmar como Jesus amou.

004 - AMÉRICA LIVRE

América Latina de sangue e suorEu quero pra ti um dia melhorEste povo que sofre pela mesma razãoGrita por liberdade numa nova canção.América, América, sou teu filho e digoum dia quero ser livre contigo.América morena do velho e do novoConstruindo a história na luta do povoNuma guerra de força contra o Imperialismoque dos povos da América é o grande inimigo.América minha quero te ver um diaTeu povo nas ruas com a mesma alegria

Gritar a vitória no campo e cidadee empunhar a bandeira da liberdade.

005 - ANUNCIAÇÃOAlceu Valença

Na bruma leve das paixões que vêm de dentro Tu vens chegando pra brincar no meu quintal No teu cavalo peito nu cabelo ao vento E o sol quarando nossas roupas no varal Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais A voz do anjo sussurrou no meu ouvido E eu não duvido já escuto os teus sinais Que tu virias numa manhã de domingo Eu te anuncio nos sinos das catedrais

006 - APESAR DE VOCÊComposição: Chico Buarque

Hoje você é quem mandaFalou, tá faladoNão tem discussãoA minha gente hoje andaFalando de ladoE olhando pro chão, viuVocê que inventou este temaQue inventou de inventarToda a escuridãoVocê que inventou o pecadoEsqueceu se de inventarO perdãoApesar de vocêAmanhã há de serOutro diaEu pergunto a vocêOnde vai se esconderDa enorme euforiaComo vai proibir

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Quando o galo insistirEm cantarÁgua nova brotandoE a gente se amandoSem pararQuando chegar o momentoEsse meu sofrimentoVou cobrar com juros, juroTodo esse amor reprimidoEsse grito contidoEste samba no escuroVocê que inventou a tristezaOra, tenha finezaDe desinventarVocê vai pagar e é dobradoCada lágrima roladaNesse meu penarApesar de vocêAmanhã há de serOutro diaInda pago pra verO jardim florescerQual você não queriaVocê vai se amargarVendo o dia raiarSem lhe pedir licençaE eu vou morrer de rirQue esse dia há de virAntes do que você pensaApesar de vocêAmanhã há de serOutro diaVocê vai ter que verA manhã renascerE esbanjar poesiaComo vai se explicarVendo o céu clarearDe repente, impunementeComo vai abafarNosso coro a cantarNa sua frenteApesar de vocêAmanhã há de serOutro diaVocê vai se dar malEtc. e tal

007 - ASA BRANCAComposição: Luiz Gonzaga - Humberto Teixeira

Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha Nem um pé de plantação Por falta d'água perdi meu gado

Morreu de sede, meu alazão Até mesmo a Asa Branca Bateu asas do sertão Então eu disse: Adeus, Rosinha Guarda contigo meu coração

Hoje longe, muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Pra eu voltar pro meu sertão

Quando o verde dos teus olhos Se espalhar na plantação Eu te asseguro: não chores, não, viu? Que eu voltarei, viu? Meu coração.

008 - AS ANDORINHAS

As andorinhas voltaram E eu também voltei Pousar, no velho ninho Que um dia aqui deixeiNós somos andorinhas

Que vão e quem vem Á procura de amor, Ás vezes volta cansada,Ferida machucadaMas volta pra casaBatendo suas asasCom grande dor Igual a andorinha

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Eu parti sonhandoMas foi tudo em vão Voltei sem felicidade

Porque, na verdade Uma andorinha, Voando sozinha Não faz verão

009 - ASSIM JÁ NINGUÉM CHORA MAIS

Sabemos que o capitalistadiz não ser precisoter Reforma AgráriaSeu projeto traz misériaMilhões de sem terrajogados na estradacom medo de ir pra cidadeenfrentar favela (1)fome e desempregoSaída nessa situaçãoé segurar as mãosde outros companheiros.

E assim já ninguémchora maisninguém tira o pãode ninguémchão onde pisava o boi (2)é feijão e arroz,capim já não convém.

Compadre junte ao Movimento (3)Convide a comadree a criançadaPorque a terra só pertencea quem traz nas mãosos calos da enxadaSe somos contra o latifúndioda Mãe NaturezaSomos aliadosE viva a vitória no chãoSem a concentraçãodos latifundiários.

Seguimos ocupando terraderrubando cercas (4)conquistando o chão

Que chore o latifundiáriopra sorrir os filhosde quem colhe o pãoE a luta por Reforma Agráriaa gente até párase tiver, enfimcoragem a burguesia agráriade ensinar seus filhos a comer capim.

010 - A VITÓRIA DO TRIGO LYRICS Dante Ramon Ledesma

Não precisa ser heróiPara lutar pela terraPor que quando a fome dóiQualquer homem entra em guerra

É preciso ter cuidadoPara evitar essa lutaPois cada pai é um soldadoQuando é o pão que se disputa

Se somos todos irmãosSe todos somos amigosBasta um pedaço de chãoPara a vitória do trigo

Basta um pedaço de terraPara a semente ser pãoEnquanto a fome faz guerraA paz espera no chão

Basta um pedaço de terraPara a semente ser pãoEnquanto a fome faz guerraA paz espera no chãoHá planicies que se somemDentre o horizonte e o rioE a vida morre de fomeCom tanto campo vazio

Ao longo dessas porteirasDessas marias sitiadasA ambição de erguer trincheirasContra o sonho, das enxadas

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Se somos todos irmãosSe todos somos amigosBasta um pedaço de chãoPara a vitória do trigo

Basta um pedaço de terraPara a semente ser pãoEnquanto a fome faz guerraA paz espera no chão

Basta um pedaço de terraPara a semente ser pãoEnquanto a fome faz guerraA paz espera no chão

Se somos todos irmãosSe todos somos amigos

011 - BAIÃO DAS COMUNIDADESZé Vicente

Somos gente nova vivendo a união,/ somos povo semente de uma nova nação ê, ê..../ Somos gente nova vivendo o amor,/ somos comunidade, povo do Senhor, ê, ê...1.Vou convidar os meus irmãos trabalha-dores: / operários, lavradores, bisca-teiros e outros mais./ E juntos vamos celebrar a confiança/ nossa luta na esperança de ter terra, pão e paz, ê, ê.2. Vou convidar os índios que ainda existem,/ as tribos que ainda insistem no direito de viver./ E juntos vamos reunidos na memória,/ celebrar uma vitória que vai ter que acontecer, ê, ê.3. Convido os negros, irmãos no sangue e na sina;/ seu gingado nos ensina a dança da redenção./ De braços dados, no terreiro da irmandade,/ vamos sambar de verdade, enquanto chega a razão, ê, ê.

012 - BANDEIRA DO DIVINO

Os devotos do divino vão abrir sua morada pra bandeira do menino ser bem-vinda, ser louvada, ai, ai.

Deus nos salve esse devoto, pela esmola em vosso nome dando água a quem tem sede, dando pão a quem tem fomr, ai, ai.

A bandeira acredita que a semente seja tanta,que essa mesa seja farta, que essa casa seja santa, ai, ai.

Que o perdão seja sagrado, que a fé seja infinita,que o homem seja livre, que a justiça sobreviva, ai, ai.

Assim como os três reis magos, que seguiram a estrela guia,a bandeira segue em frente, atrás de melhores dias, ai, ai.

No estandarte vai escrito que ele voltará de novo,que o Rei será bendito, ele nascerá do povo, ai, ai.

013 - XIBOM BOMBOMComposição: As Meninas

Bom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombom

Analisando essa cadeia hereditáriaQuero me livrar dessa situação precáriaOnde o rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre

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E o motivo todo mundo já conheceE que o de cima sobe e o de baixo desce

Bom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombom

Mas eu só queroEducar meus filhosTornar um cidadãoCom muita dignidadeEu quero viver bemQuero me alimentarCom a grana que eu ganhoNão dá nem pra melarE o motivo todo mundo já conheceÉ que o de cima sobe e o de baixo desce

Bom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombomBom xibom, xibom, bombom

013 - CABOCLA TEREZAComposição: Raul Torres-João Pacífico

Há tempo eu fiz um ranchinho Pra minha cabocla morá Pois era ali nosso ninho Bem longe desse lugar.

No arto lá da montanha Perto da luz do luar Vivi um ano feliz Sem nunca isso esperá

E muito tempo passou Pensando em ser tão feliz Mas a Tereza, doutor, Felicidade não quis.

Pois o sonho neste oiá Paguei caro meu amor

Pra mor de outro caboclo Meu rancho ela abandonou.

Senti meu sangue fervê Jurei a Tereza matá O meu alazão arriei E ela eu fui procurá.

Agora já me vinguei É esse o fim de um amor Essa cabocla eu matei É a minha história, doutor.

014 - CALIX BENTO

Ó Deus salve o oratórioÓ Deus salve o oratórioOnde Deus fez a moradaOiá, meu Deus, onde Deus fez a morada, oiáOnde mora o calix bentoOnde mora o calix bentoE a hóstia consagradaÓiá, meu Deus, e a hóstia consagrada, oiá

De Jessé nasceu a varaDe Jessé nasceu a varaE da vara nasceu a florOiá, meu Deus, da vara nasceu a flor, oiáE da flor nasceu MariaE da flor nasceu MariaDe Maria o SalvadorOiá, meu Deus, de Maria o Salvador, oiá

015 - CANA VERDEComposição: Tonico - Tinoco

Abra a porta e a janela Venha ver quem é que eu sô Sô aquele desprezado Que você me desprezô

Eu já fiz um juramento

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De nunca mais ter amô Pra viver penar chorando Por tudo lugar que eu vô

Quem canta, seu mal espanta Chorando será pió O amô que vai e volta Na volta, sempre é mió

Chora viola e sanfona Chora triste o violão Se o que é madeira chora Que dirá meu coração

016 - CANTO ALEGRETENSE

Não me perguntes onde fica o AlegreteSegue o rumo do teu próprio coraçãoCruzarás pela estrada algum gineteE ouvirás toque de gaita e violãoPrá quem chega de Rosário ao fim da tardeOu quem vem de Uruguaiana de manhãTem o sol como uma brasa que ainda ardeMergulhado no Rio IbirapuitãOuve o canto gauchesco e brasileiroDesta terra que eu amei desde guriFlor de tuna, camoatim de mel campeiroPedra moura das quebradas do InhanduyE na hora derradeira que eu mereçaVer o sol alegretense entardecerComo os potros vou virar minha cabeçaPara os pagos no momento de morrerE nos olhos vou levar o encantamento

Desta terra que eu amei com devoçãoCada verso que eu componho é um pagamentoDe uma dívida de amor e gratidão

017 - CAVALO ZAINOComposição: Raul Torres

(refrão)Eu tenho um cavalo zainoQue na raia é corredorJá correu quinze carreirasTodas quinza ele ganhou

Eu solto na quadra e meiaMeu zaino vem no galopeChega três corpo na frentenunca precisa chicoteOh!Oh!Oh! Que cavalo bom

(refrão)

Quizeram comprar meu zainoPor trinta notas de cemNão há dinheiro que pagueO zaino que eu quero bemOh!Oh!Oh! Que cavalo bom

(refrão)Um dia roubaram meu zainoFiquei sem meu pareeiroMeu zaino na mão deo utroNunca mais chego primeiroOh!Oh!Oh! Que cavalo bom

018 - CHALANAComposição: Mario Zn e Arlindo Pinto

La vai uma chalanaBem longe se vaiNavegando no remansoDo rio ParaguaiAh! Chalana sem quererTu aumentas minha dorNessas águas tão serenasVai levando meu amor

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Ah! Chalana sem quererTu aumentas minha dorNessas águas tão serenasVai levando meu amorE assim ela se foiNem de mim se despediuA chalana vai sumindoNa curva lá do rioE se ela vai magoadaEu bem sei que tem razãoFui ingratoEu feri o seu pobre coraçãoAh! Chalana sem quererTu aumentas minha dorNessas águas tão serenasVai levando meu amorAh! Chalana sem quererTu aumentas minha dorNessas águas tão serenas

019 - DE CHÃO BATIDOComposição: J. A. Preto/M. Agnoleto e P. Neves

Em xucras bailantas de fundo de campo O fole e tranco vão acolherados

O índio bombeia pro taco da bota E o destino galopa num sonho aporreado Polvadeira levanta entre o sarandeio E é lindo o rodeio de chinas bonitas Quem tem lida dura e a idéia maduraCom trago de pura a alma palpita (Atávico surungo de chão batido Xucrismo curtido na tarca do tempo Refaz invernadas de ânsias perdidas E encilha a vida no lombo do vento.)Faz parte do mundo do homem

campeiro Dançar altaneiro no fim de semana O gaúcho se arrima nos braços da china E cutuca a sina com um trago de cana Basta estar num fandango do nosso Rio Grande Pra ver que se expande esse elo gaúcho Esta pura verdade que não tem idade É a nossa identidade agüentando o repuxo

020 - CHICO MINEIROComposição: Tonico e Francisco Ribeiro

Cada vez que me "alembro"do amigo Chico Mineiro,das viage que nois faziaera ele meu companheiro.Sinto uma tristeza,uma vontade de chorar,alembrando daqueles temposque não hai mais de voltar.Apesar de ser patrão,eu tinha no coraçãoo amigo Chico Mineiro,caboclo bom decidido,na viola era delorido e era o peão dos boiadeiro.Hoje porém com tristezarecordando das proezada nossa viage motin,viajemo mais de dez anos,vendendo boiada e comprando,por esse rincão sem-fimcaboco de nada temia.Mas porém, chegou o diaque Chico apartou-se de mim.Fizemo a urtima viageFoi lá pro sertão de Goiai.Fui eu e o Chico Mineirotambém foi um capatai.Viajemo muitos diapra chega em Ouro Fino

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aonde noi passemo a noitenuma festa do Divino.A festa tava tão boamas ante não tivesse idoo Chico foi baleadopor um home desconhecido.Larguei de compra boiada.Mataram meu cumpanheiro.Acabou o som da viola,acabou seu Chico Mineiro.Despoi daquela tragédiafiquei mais aborecido.Não sabia da nossa amizade.Porque nós dois era unido.Quando vi seu documentome cortou meu coraçãovim sabê que o Chico Mineiroera meu ligítimo irmão.

021 - CHITÃOZINHO E XORORÓComposição: Athos Campos e Serrinha

Eu não troco o meu ranchinho marradinho de cipóPruma casa na cidade, nem que seja bangalóEu moro lá no deserto, sem vizinho eu vivo sóSó me alegra quando pia lá praquele escafundóÉ o inhambuchitão e o chororó, é o inhambuchitão e o chororó

Quando rompe a madrugada canta o galo carijóPia triste a coruja na cumieira do paióQuando chega o entardecer pia triste o jaóSó me alegra quando pia lá praquele escafundóÉ o inhambuchitão e o chororó, é o inhambuchitão e o chororó

Não me dou com a terra roxa, com a seca larga póNa baixada do areião eu sinto um prazer maiorVer a rolinha no andar no areião

faz carapóSó me alegra quando pia lá praquele escafundóÉ o inhambuchitão e o chororó, é o inhambuchitão e o chororó

Quando sei de uma notícia que outro canta melhorMeu coração dá um balanço, fica meio banzaróSuspiro sai do meu peito que nem bala geveróSó me alegra quando pia lá praquele escafundóÉ o inhambuchitão e o chororó, é o inhambuchitão e o chororó

Eu faço minhas caçadas bem antes de sair o solEspingarda de cartucho, padrona de tiracoloTenho buzina e cachorro pra fazer forrobodóSó me alegra quando pia lá praquele escafundóÉ o inhambuchitão e o chororó, é o inhambuchitão e o chororó...

022 - CIDADÃOComposição: (Lúcio Barbosa)

Tá vendo aquele edifício, moço?Ajudei a levantarFoi um tempo de aflição, era quatro conduçãoDuas pra ir, duas pra voltarHoje, depois dele prontoOlho pra cima e fico tontoMas me vem um cidadãoQue me diz desconfiado:Cê tá ai admirado, ou tá querendo roubar?Meu domingo está perdidoVou pra casa entristecidoDá vontade de beberE pra aumentar meu tédioEu nem posso olhar pro prédioQue eu ajudei a fazer

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Tá vendo aquele colégio, moço?Eu também trabalhei láLá eu quase me arrebentoFiz a massa, pus cimentoAjudei a rebocarMinha filha inocenteVeio pra mim toda contente:Pai, vou me matricularMas me diz um cidadão:Criança de pé no chão aqui não pode estudarEssa dor doeu mais forteNem sei porque deixei o norteEntão me pus a dizerLá a seca castigavamas o pouco que eu plantavatinha direito a colher

Tá vendo aquela igreja, moço?Onde o padre diz amémPus o sino e o badaloEnchi minha mão de caloLá eu trabalhei tambémMas ali valeu a penaTem quermesse, tem novenaE o padre me deixa entrarFoi lá que cristo me disse:Rapaz, deixe de tolicenão se deixe amedrontarfui eu quem criou a terraenchi os rios e fiz as serrasnão deixei nada faltarhoje o homem criou asasE na maioria das casasEu também não posso entrar

023 - CIO DA TERRAComposição: Milton Nascimento e Chico Buarque de Hollanda

Debulhar o trigoRecolher cada bago do trigoForjar no trigo o milagre do pão e se fartar de pão

Decepar a canaRecolher a garapa da canaRoubar da cana a doçura do mel, se lambuzar de mel

Afagar a terraConhecer os desejos da terraCio da terra, propícia estação De fecundar o chão.

024 - COLCHA DE RETALHOSComposição: Raul Torres

Aquela colcha de retalhosQue tu fizesteJuntando pedaço em pedaçoFoi costuradaServiu para nosso abrigoEm nossa pobrezaAquela colcha de retalhos está bem guardada

Agora na vida rica que estás vivendoTerás como agasalhoColcha de cetimMas quando chegar o frioNo teu corpo enfermoTu hás de lembrar da colchaE também de mim

Eu sei que tu não te lembrasDos dias amargosQue junto de mim fizesteO lindo trabalhoE nessa sua vida alegreTens o que queresEu sei que esqueceste agoraA colcha de retalhos

025 - CORAÇÃO CIVILComposição: Milton Nascimento e Fernando Brant

Quero a utopia, quero tudo e maisQuero a felicidade nos olhos de um paiQuero a alegria muita gente felizQuero que a justiça reine em meu paísQuero a liberdade, quero o vinho e o pão

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Quero ser amizade, quero amor, prazerQuero nossa cidade sempre ensolaradaOs meninos e o povo no poder, eu quero verSão José da Costa Rica, coração civilMe inspire no meu sonho de amor BrasilSe o poeta é o que sonha o que vai ser realBom sonhar coisas boas que o homem fazE esperar pelos frutos no quintalSem polícia, nem a milícia, nem feitiço, cadê poder ?Viva a preguiça viva a malícia que só a gente é que sabe terAssim dizendo a minha utopia eu vou levando a vidaEu viver bem melhorDoido pra ver o meu sonho teimoso,um dia se realizar

026 - CORAÇÃO LIVRE Jorge Trevisol

Eu vejo que a juventude tem muito amor Carrega a esperança viva no seu cantar Conhece caminhos novos não tem segredos Anseia pela justiça e deseja a paz Mas vejo também a dor da insegurança Que dói quando é hora certa de decidir Tem medo de deixar tudo então se cansa Diz não ao caminho certo e não é feliz Hei juventude, rosto do mundo

Teu dinamismo logo encanta quem te vê A liberdade aposta tudo Não perde nada na certeza de vencer Vai, vende tudo que tens Dá a quem precisa mais Vem e segue-me depois Vem comigo espalhar a paz Jesus convida, conta comigo Mas é preciso ter coragem de morrer Coração livre, comprometido Partilha tudo sem ter medo de perder

027 - COURO DE BOI

Conheço um velho ditado, que é do tempo dos agáis. Diz que um pai trata dez filhos, dez filhos não trata um pai.Sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar, o velho, peão estradeiro, com seu filho foi morar. O rapaz era casado e a mulher deu de implicar. "Você manda o velho embora, se não quiser que eu vá". E o rapaz, de coração duro, com o velhinho foi falar:Para o senhor se mudar, meu pai eu vim lhe pedirHoje aqui da minha casa o senhor tem que sairLeve este couro de boi que eu acabei de curtirPra lhe servir de coberta aonde o senhor dormirO pobre velho, calado, pegou o couro e saiuSeu neto de oito anos que aquela cena assistiuCorreu atrás do avô, seu paletó sacudiuMetade daquele couro, chorando ele pediu O velhinho, comovido, pra não

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ver o neto chorandoPartiu o couro no meio e pro netinho foi dandoO menino chegou em casa, seu pai foi lhe perguntando.Pra quê você quer este couro que seu avô ia levandoDisse o menino ao pai: um dia vou me casarO senhor vai ficar velho e comigo vem morarPode ser que aconteça de nós não se combinarEssa metade do couro vai dar pro senhor levar

028 - DESGARRADOSMário Barbará

Eles se encontram no cais do porto pelas calçadasFazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganasE são pingentes das avenidas da capitalEles se escondem pelos botecos entre cortiçosE pra esquecerem contam bravatas, velhas históriasE então são tragos, muitos estragos, por toda anoiteOlhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudadeViram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais seráCevavam mate,sorriso franco, palheiro acesoViraram brasas, contavam casos, polindo esporas,Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,Arreios firmes e nos pescoços lencos vermelhos

Jogo do osso, cana de espera e o pão de fornoO m ilho assado, a carne gorda, a cancha retaFaziam planos e nem sabiam que eram felizesOlhos abertos, o longe é perto, oque vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudadeViram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será

029 - DISPARADA Geraldo Vandré e Jair Rodrigues

Prepare o seu coração prás coisas que eu vou contarEu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo Estava fora do lugar, eu vivo prá consertar

Na boiada já fui boi, mas um dia me montei Não por um motivo meu, ou de quem comigo houvesse Que qualquer querer tivesse, porém por necessidade Do dono de uma boiada cujo vaqueiro morreu

Boiadeiro muito tempo, laço firme e braço forte Muito gado, muita gente, pela vida segurei Seguia como num sonho, e boiadeiro era um rei Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo E nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando As visões se clareando, até que

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um dia acordei

Então não pude seguir valente em lugar tenente E dono de gado e gente, porque gado a gente marca Tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente Se você não concordar não posso me desculpar Não canto prá enganar, vou pegar minha viola Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi, boiadeiro já fui reiNão por mim nem por ninguém, que junto comigo houvesseQue quisesse ou que pudesse, por qualquer coisa de seuPor qualquer coisa de seu querer ir mais longe do que eu

Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo já que um dia montei agora sou cavaleiroLaço firme e braço forte num reino que não tem rei

030 - ESPINHEIRAComposição: Manoelito Nunes e Dalvan

Eta espinheira danadaQue pobre atravessa pra sobreviverVive com a carga nas costasE as dores que sente não pode dizer;

Sonha com as belas promessasDe gente importante que tem ao redorQuando entrar o fulanoSair o ciclano será bem melhorMas entra ano e sai anoE o tal de fulano ainda é pior

Esse é meu cotidianoMais eu não me dano pois Deus é maior.

O mundo não acaba aquiO mundo ainda está de pé

Enquanto deus me der a vidaLevarei comigo esperança e fé!

Eta que gente danadaQue esquece de vez a palavra cristãAh, eu queria só verSe Deus se zangasse e voltasse amanhã;

Seria um ?Deus nos Acuda?Um monte de Judas querendo perdãoCom tanta gente graúdaImplorando ajuda com a bíblia na mão

Mais a esperança é miúdaE a coisa não muda não tem solução:Nem tudo que a gente estuda,Se agarra e se gruda, rebenta no chão

031 - EU CREIO NA SEMENTE Osmar Coppi

Intr.: Eu creio sim! (3x)Ref.: Eu creio na semente, lançadana terra na vida da gente.Eu creio no amor. (bis)1. No canto sonoro da ave que voa, aliberdade é um grito, bem alto ressoa.No jovem que luta a esperançase faz. A semente que nasceé vitória da paz.2. Na voz dos pequenos reunidos em

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prece. No serviço e louvor vida novaacontece. Na força do povo um novodia já brilha. Na mesa de todos, eiso pão da partilha.3. Nas mãos que semeiam o sonho deDeus. Na terra de todos, presente docéu. Renasce a alegria no rosto dopovo, com certeza veremos um mundomais novo.

032 - EU FIZ PROMESSA

Eu fiz promessa, pra que Deus mandasse chuvaPra crescer a minha roça e vingar a criaçãoPois veio a seca, e matou meu cafezalMatou todo o meu arroz e secou todo algodãoNessa colheita, meu carro ficou paradoMinha boiada carreira, quase morre sem pastarEu fiz promessa, que o primeiro pingo d´águaEu molhava a flor da santa, que tava em frete do altarEu esperei, uma semana o mês inteiroA roça tava tão seca, dava pena até de verOlhava o céu, cada nuvem que passavaEu da santa me alembrava, pra promessa não esquecerEm pouco tempo, a roça ficou viçosaA criação já pastava, floresceu meu cafezarFui na capela, e levei três pingos d´água

Um foi o pingo da chuva, doi caiu do meu olhar

033 - EU SÓ PEÇO A DEUS

Eu só peço a Deus Que a dor não se seja indiferente Que a morte não me encontre um dia Solitário sem ter feito o que eu queria Eu só peço a Deus Que a injustiça não se seja indiferente Pois não posso dar a outra face Se já fui machucado brutalmente Eu só peço a Deus Que a guerra não se seja indiferente É um monstro grande e pisa forte Toda pobre inocência desta gente Eu só peço a Deus Que a mentira não se seja indiferente Se um só traidor tem mais poder que um povo Que este povo não esqueça facilmente Eu só peço a Deus Que o futuro não se seja indiferente Sem ter que fugir desenganado Pra viver uma cultura diferente

034 - FELICIDADE.Lupicínio Rodrigues

Felicidade foi se emboraE a saudade no meu peito ainda moraE é por isso que eu gosto lá de fora

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Porque sei que a falsidade não vigora.

A minha casa fica lá detrás do mundoOnde eu vou em um segundo quando começo a cantar,O pensamento parece uma coisa à toaMas como é que a gente voa quando começa a pensar.

035 - FIO DE CABELO

Quando a gente amaQualquer coisa serve para relembrarUm vestido velho da mulher amadaTem muito valorAquele restinho do perfume dela que ficou no frascoSobre a penteadeiraMostrando que o quartoJá foi o cenário de um grande amorE hoje o que encontrei me deixou mais tristeUm pedacinho dela que existeUm fio de cabelo no meu paletóLembrei de tudo entre nósDo amor vividoAquele fio de cabelo compridoJá esteve grudado em nosso suorQuando a gente amaE não vive junto da mulher amadaUma coisa à toaÉ um bom motivo pra gente chorarApagam-se as luzes ao chegar a horaDe ir para a camaA gente começa a esperar por quem amaNa impressão que ela venha se deitar

E hoje o que encontrei me

deixou mais tristeUm pedacinho dela que existeUm fio de cabelo no meu paletóLembrei de tudo entre nósDo amor vividoAquele fio de cabelo compridoJá esteve grudado em nosso suor

036 - FUNERAL DE UM LAVRADORComposição: João Cabral de Melo Neto

Esta cova em que estás com palmos medidaÉ a conta menor que tiraste em vidaÉ de bom tamanho nem largo nem fundoÉ a parte que te cabe deste latifúndioNão é cova grande, é cova medidaÉ a terra que querias ver divididaÉ uma cova grande pra teu pouco defuntoMas estás mais ancho que estavas no mundoÉ uma cova grande pra teu defunto parcoPorém mais que no mundo te sentirás largoÉ uma cova grande pra tua carne poucaMas a terra dada, não se abre a bocaÉ a conta menor que tiraste em vidaÉ a parte que te cabe deste latifúndioÉ a terra que querias ver divididaEstarás mais ancho que estavas no mundoMas a terra dada, não se abre a boca.

037 - GENTE HUMILDE

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Tem certos diasEm que eu penso em minha genteE sinto assimTodo o meu peito se apertarPorque pareceQue acontece de repenteFeito um desejo de eu viverSem me notarIgual a comoQuando eu passo no subúrbioEu muito bemVindo de trem de algum lugarE aí me dáComo uma inveja dessa genteQue vai em frenteSem nem ter com quem contarSão casas simplesCom cadeiras na calçadaE na fachadaEscrito em cima que é um larPela varandaFlores tristes e baldiasComo a alegriaQue não tem onde encostarE aí me dá uma tristezaNo meu peitoFeito um despeitoDe eu não ter como lutarE eu que não creioPeço a Deus por minha genteÉ gente humildeQue vontade de chorar

038 - HERDEIRO DA PAMPA POBREComposição: Gaucho da Fronteira - Vaine Darde

Mas que pampa é essa que eu recebo agoraCom a missão de cultivar raízesSe dessa pampa que me fala a estóriaNão me deixaram nem sequer matizes?

Passam as mãos da minha geraçãoHeranças feitas de fortunas

rotasCampos desertos que não geram pãoOnde a ganância anda de rédeas soltas

Se for preciso, eu volto a ser caudilhoPor essa pampa que ficou pra trásPorque eu não quero deixar pro meu filhoA pampa pobre que herdei de meu pai

Herdei um campo onde o patrão é reiTendo poderes sobre o pão e as águasOnde esquecidos vive o peão sem leisDe pés descalços cabresteando mágoas

O que hoje herdo da minha grei chiruaÉ um desafio que a minha idade afrontaPois me deixaram com a guaiaca nuaPra pagar uma porção de contas ...refrão

Eu não quero deixar pro meu filhoA pampa pobre que herdei de meu pai

Eu não quero deixar pro meu filhoA pampa pobre que herdei de meu pai

039 - A INTERNACIONAL

De pé, ó vitimas da fome!De pé, famélicos da terra!Da idéia a chama já consomeA crosta bruta que a soterra.Cortai o mal bem pelo fundo!

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De pé, de pé, não mais senhores!Se nada somos neste mundo,Sejamos tudo, oh produtores!

Bem unido façamos,Nesta luta final,Uma terra sem amosA Internacional

Senhores, patrões, chefes supremos,Nada esperamos de nenhum!Sejamos nós que conquistemosA terra mãe livre e comum!Para não ter protestos vãos,Para sair desse antro estreito,Façamos nós por nossas mãosTudo o que a nós diz respeito!

Bem unido façamos,Nesta luta final,Uma terra sem amosA Internacional

Crime de rico a lei cobre,O Estado esmaga o oprimido.Não há direitos para o pobre,Ao rico tudo é permitido.À opressão não mais sujeitos!Somos iguais todos os seres.Não mais deveres sem direitos,Não mais direitos sem deveres!

Bem unido façamos,Nesta luta final,Uma terra sem amosA Internacional

Abomináveis na grandeza,Os reis da mina e da fornalhaEdificaram a riquezaSobre o suor de quem trabalha!Todo o produto de quem suaA corja rica o recolheu.Querendo que ela o restitua,O povo só quer o que é seu!

Bem unido façamos,Nesta luta final,

Uma terra sem amosA Internacional

Nós fomos de fumo embriagados,Paz entre nós, guerra aos senhores!Façamos greve de soldados!Somos irmãos, trabalhadores!Se a raça vil, cheia de galas,Nos quer à força canibais,Logo verrá que as nossas balasSão para os nossos generais!

Bem unido façamos,Nesta luta final,Uma terra sem amosA Internacional

Pois somos do povo os ativosTrabalhador forte e fecundo.Pertence a Terra aos produtivos;Ó parasitas deixai o mundoÓ parasitas que te nutresDo nosso sangue a gotejar,Se nos faltarem os abutresNão deixa o sol de fulgurar!

Bem unido façamos,Nesta luta final,Uma terra sem amosA Internacional

040 - ISTO É A FELICIDADE

Andar sem temor pela vidae sentir o valor de se ter liberdadepoder abraçar um amigoe sentir o valor de uma grande amizade.Isto é a felicidadeIsto é a felicidadeSem ter amor nesta vidaNão há quem sejaFeliz de verdade.Sentir que se está sempre perto de Deus

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E nele encontrar a verdadesorrir com a paz de um meninoao olhar pelo sol que começa a brilhar.Saber que jamais se perdeu a ilusãosaber perdoar com bondade.Andar sem temor pela vidae sentir o valor de se ter liberdade.

041 - JOÃO DE BARROComposição: Teddy Vieira - Muibo Cury

O João de Barro, pra ser feliz como euCerto dia resolveu, arranjar uma companheiraNo vai-e-vem, com o barro da biquinha Ele fez sua casinha, lá no galho da paineira Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiála, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiáToda manhã, o pedreiro da florestaCantava fazendo festa, pra aquela quem tanto amavaMas quando ele ia buscar o raminhoPra construir seu ninho seu amor lhe enganavaLaiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiála, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá Mas como sempre o mal feito é descobertoJoão de Barro viu de perto sua esperança perdida Cego de dor, trancou a porta da morada Deixando lá a sua amada presa pro resto da vida Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiála, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiá Que semelhança entre o nosso fadárioSó que eu fiz o contrario do que o João de Barro fez

Nosso senhor, me deu força nessa horaA ingrata eu pus pra fora por onde anda eu não sei

042 - LUAR DO SERTÃOVicente Celestino

Ah que saudade Do luar da minha terraLá na serra branquejandoFolhas secas pelo chão

Este luar cá da cidade tão escuroNão tem aquela saudadeDo luar lá do sertão

Não há oh gente oh nãoLuar como este do sertãoNão há oh gente oh nãoLuar como este do sertão

A gente friaDesta terra sem poesiaNão se importa com esta luaNem faz caso do luar

Enquanto a onçaLá na verde da capoeiraLeva uma hora inteiraVendo a lua derivarNão há oh gente oh nãoLuar como este do sertão

Ai quem me dera Que eu morresse lá na serraAbraçado à minha terraE dormindo de uma vez

Ser enterrado numa grota pequeninaOnde à tarde a surubinaChora a sua viuvez

Não há oh gente oh nãoLuar como este do sertãoNão há oh gente oh nãoLuar como este do sertão

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043 - MÁGOA DE BOIADEIRO

Antigamente nem em sonho existia tantas pontes sobre os rios nem asfalto nas estradas A gente usava quatro ou cinco sinuelos pra trazer o pantaneiro no rodeio da boiada Mas hoje em dia tudo é muito diferente com o progresso nossa gente nem sequer faz uma idéia Que entre outros fui peão de boiadeiro por este chão brasileiro os heróis da epopéia

Tenho saudade de rever nas currutelas as mocinhas nas janelas acenando uma flor Por tudo isso eu lamento e confesso que a marcha do progresso é a minha grande dor

Cada jamanta que eu vejo carregada transportando uma boiada me aperta o coração E quando olho minha traia pendurada de tristeza dou risada pra não chorar de paixão

O meu cavalo relinchando pasto a fora que por certo também chora na mais triste solidão Meu par de esporas meu chapéu de aba larga uma bruaca de carga um berrante um facão O velho basto o sinete e o apero, o meu laço e o cargueiro, o meu lenço e o gibão, Ainda resta a guaiaca sem dinheiro deste pobre boiadeiro que perdeu a profissão.

Não sou poeta, sou apenas um caipira e o tema que me inspira

é a fibra de peão. Quase chorando embuído nesta mágoa rabisquei estas palavras e saiu esta canção Canção que fala da saudade das pousadas que já fiz com a peonada junto ao fogo de um galpão Saudade louca de ouvir o som manhoso de um berrante preguiçoso nos confins do meu sertão.

044 - A MAJESTADE, O SABIÁComposição: Jair Rodrigues

Meus pensamentosTomam formas e viajo Vou pra onde Deus quiserUm vídeo - tape que dentro de mimRetrata todo o meu inconsciente De maneira natural Ah! Tô indo agora Prá um lugar todinho meuQuero uma rede preguiçosa pra deitar Em minha volta sinfonia de pardaisCantando para a majestade, o Sabiá

Tô indo agora tomar banho de cascata Quero adentrar nas matas Aonde Oxossi é o Deus Aqui eu vejo plantas lindas e cheirosas Todas me dando passagem perfumando o corpo meu

Está viagem dentro de mim Foi tão lindaVou voltar a realidade

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Prá este mundo de Deus Pois o meu eu Este tão desconhecido Jamais serei traído Pois este mundo sou eu

045 - MARIA, MARIAComposição: Milton Nascimento e Fernando Brant

Maria, Maria, é um dom, uma certa magiaUma força que nos alertaUma mulher que merece viver e amarComo outra qualquer do planetaMaria, maria, é o som, é a cor, é o suorÉ a dose mais forte e lentaDe uma gente que ri quando deve chorarE não vive, apenas aguentaMas é preciso ter força, é preciso ter raçaÉ preciso ter gana sempreQuem traz no corpo a marcaMaria, Maria, mistura a dor e a alegriaMas é preciso ter manha, é preciso ter graçaÉ preciso ter sonho sempreQuem traz na pele essa marcaPossui a estranha mania de ter fé na vida

046 - MASSA FALIDA

Eu confesso já estou cansado de ser enganado com tanto cinismo Não sou parte integrante do crime e o próprio regime nos leva ao abismo. Se alcançamos as margens do incerto foram as decretos da incompetência Falam tanto sem nada de novo e levam o povo a grande falência!

Não aborte os seus ideais No ventre da covardia Vá a luta empunhando a verdade Que a liberdade não é utopia! Os camuflados e samaritanos nos estão levando a fatalidade, Ignorando o holocausto da fome, tirando do homem a prioridade. O operário do lucro expoente e a parte excedente não lhe é revertida, Se aderirmos os jogos políticos seremos síndicos da Massa falida! Não aborte os seus ideais............

047 - O MENINO DA GAITA

Era um rapazOlhos claros bem azuis Andava sóCom uma gaita em sua mão Ouça sua linda cançãoOlhos tristes no chão E cami...nha sozi....nho Ouça lá vai ele a tocarNotas tristes no ar É assim que pede amor

Caminha só, ninguém sabe de onde vem Triste a tocar, pela rua sem ninguém Sente uma lágrima vem, o seu rosto molhar Como a chu...va que ca...i

Ouça lá vai ele a tocarNotas tristes no ar É assim que pede amor (toca toca só pra mim)

Ouça sua linda canção Olhos tristes no chão E cami . . .nha sozi . . .nho Ouça lá vai ele a tocar Notas tristes no ar

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É assim que pede amor (toca, toca só pra mim)

048 - MEU ERROComposição: Herbert Vianna

Eu quis dizerVocê não quis escutarAgora não peçaNão me faça promessasEu não quero te verNem quero acreditarQue vai ser diferenteQue tudo mudou(chorus)Você diz não saberO que houve de erradoE o meu erro foi crer que estar ao seu lado bastariaOh meu deus era tudo o que eu queriaEu dizia o seu nomeNão me abandone jamais

Mesmo querendo eu não vou me enganarEu conheço os seus passosEu vejo os seus errosNão há nada de novoAinda somos iguaisEntão não me chameNão olhe pra trás(chorus)

049 - MEU PAÍS

Aqui não falta sol Aqui não falta chuva A terra faz brotar qualquer semente Se a mão de Deus Protege e molha nosso chão Por que será que tá faltando pão? Se a natureza nunca reclamou da gente Do corte do machado, a foice, o fogo ardente Se nessa terra tudo que se planta dá

Que é que há, meu pais? O que é que há? Se nessa terra tudo que se planta dá Que é que há, meu pais? O que é que há? Tem alguém levando o lucro Tem alguém colhendo o fruto Sem saber o que é plantar Tá faltando consciência Tá sobrando paciência Tá faltando alguém gritar Feito um trem desgovernado Quem trabalha tá ferrado Nas mão de quem só engana Feito mal que não tem cura Estão levando a loucura O país que a gente ama Se a natureza nunca reclamou da gente Do corte do machado, a foice, o fogo ardente Se nessa terra tudo que se planta dá Que é que há, meu pais? O que é que há? Se nessa terra tudo que se planta dá Que é que há, meu pais? O que é que há? Tem alguém levando o lucro Tem alguém colhendo o fruto Sem saber o que é plantar Tá faltando consciência Tá sobrando paciência Tá faltando alguém gritar Feito um trem desgovernado Quem trabalha tá ferrado Nas mão de quem só engana Feito mal que não tem cura Estão levando a loucura O Brasil que a gente ama

050 - MORENINHA LINDA

Meu coração tá pisadocomo a flor que murcha e caiPisado pelo desprezoDe um amor quando desfaz

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Deixando triste a lembrançaAdeus para nunca mais

Moreninha linda do meu bem quererÉ triste a saudade longe de vocêO amor nasce sozinho não é preciso plantarO amor nasce no peito, falsidade no olharVocê nasceu para outro, eu nasci pra te amar

Moreninha linda do meu bem quererÉ triste a saudade longe de você

Eu tenho meu canarinhoque canta, quando me vêEu canto por ter tristeza, canário por padecerDa saudade da floresta, e eu saudade de você 051 - NEGRINHO DO PASTOREIOComposição: Barbosa Lessa

Negrinho do Pastoreio, Acendo esta vela pra ti E peço que me devolvas A querência que perdi. Negrinho do pastoreio, Traze a mim o meu rincão.

Eu te acendo esta velinha, Nela esta meu coração. Quero ver meu lindo pago Coloreado de pitanga. Quero ver a gauchinha A brincar n’água da sanga.

/:Quero trotear pelas coxilhas, Respirando a liberdade, Que eu perdi naquele dia. Que me embretei na cidade. :/

Negrinho do pastoreio, Acendo esta vela pra ti

E peço que me devolvas A querência que perdi. Negrinho do pastoreio, Traze a mim o meu rincão. A velinha está queimando, E aquecendo a tradição.

052 - O MENINO DA PORTEIRAComposição: Teddy Vieira/luizinho

Toda vez que eu viajavaPela estrada de Ouro FinoDe longe eu avistavaA figura de um meninoQue corria abria a porteira,E depois vinha me pedindo:"Toque o berrante, seu moço,Que é pra eu ficar ouvindo"

Quando a boiada passavaE a poeira ia baixando,Eu jogava uma moedaE ele saía pulando:"Obrigado boiadeiro,Que Deus vá lhe acompanhando"Praquele sertão a fora,Meu berrante ia tocandoNo caminho desta vida,Muito espinho encontreiMas nem um calou mais fundoDo que isto que passeiNa minha viagem de volta,Qualquer coisa eu cismeiVendo a porteira fechada,O menino eu não avistei

Apeei do meu cavalo,No ranchinho beira-chãoVi uma mulher chorandoQuis saber qual a razão"Boiadeiro, veio tarde,Veja a cruz no estradãoQuem matou o meu filhinhoFoi um boi sem coração"

Lá pras bandas de Ouro Fino,Levando gado selvagem

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Quando eu passo na porteira,Até vejo a sua imagemO seu rangido tão tristeMais parece uma mensagemDaquele rosto trigueiro,Desejando-me boa viagem.

A cruzinha do estradão,Do pensamento não sai.Eu já fiz um juramentoQue não esqueço jamaisNem que o meu gado estoure,E eu precise ir atrásNeste pedaço de chãoBerrante eu não toco mais.

053 - O QUE É, O QUE É?Composição: Gonzaguinha

Eu fico com a pureza das respostas das criançasÉ a vida, é bonita e é bonitaViver e não tenha a vergonha de ser felizCantar (e cantar e cantar)a beleza de ser um eterno aprendizAh meu Deus!, eu sei, eu sei que a vida devia ser bem melhor e serámas isso não impede que eu repitaé bonita, é bonita e é bonita(simbora todos)

Viver, e não ter a vergonha de ser felizCantar (e cantar e cantar) a beleza de ser um eterno aprendizeu sei que a vida devia ser bem melhor e serámas isso não impede que eu repitaé bonita, é bonita e é bonita.

E a vida?e a vida o que é diga lá, meu irmão?

ela é a batida de um coração?ela é uma doce ilusão?mas e a vida?ela é maravilha ou é sofrimento?ela é alegria ou lamento?o que é, o que é meu irmão?Há quem fale que a vida da genteé um nada no mundoé uma gota, é um tempoque finda num segundo,há quem fale que é um divinomistério profundoé o sopro do Criadornuma atitude repleta de amorvocê diz que é luta e prazer;ele diz que a vida é viver;ela diz que o melhor é morrer,pois amada não ée o verbo sofrer.

Eu só sei que confio na moçae na moça eu ponho a força da fésomos nós que fazemos a vidacomo der ou puder ou quiser

Sempre desejadapor mais que esteja erradaninguém quer a mortesó saude e sorte

E a pergunta rodae a cabeça agitafico com a pureza da resposta das criançasé a vida, é bonita e é bonita

Viver, e não ter a vergonha de ser felizCantar (e cantar e cantar) a beleza de ser um eterno aprendizeu sei que a vida devia ser bem melhor e serámas isso não impede que eu repitaé bonita, é bonita e é bonita.

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054 - ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO

Senhor, fazei-me instrumento da vossa pazOnde houver ódio, que eu leve o amorOnde houver ofensa, que eu leve o perdãoOnde houver discórdia, que eu leve a uniãoOnde houver dúvida, que eu leve a féOnde houver erro, que eu leve a verdadeOnde houver desespero, que eu leve a esperançaOnde houver tristeza, que eu leve a alegriaOnde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consoladoCompreender do que ser compreendidoAmar que ser amadoPois, é dando que se recebeÉ perdoando que se é perdoado;E morrendo que se vivePara a vida eterna

055 - PLANETA AZULComposição: Aldemir e Xororó

A vida e a natureza sempre à mercê da poluiçãose invertem as estações do anofaz calor no inverno e frio no verãoos peixes morrendo nos riosestão se extinguindo espécies animaise tudo que se planta, colheo tempo retribui o mal que a gente faz

Onde a chuva caía quase todo diajá não chove nadao sol abrasador rachando o leito dos rios secossem um pingo d'águaquanto ao futuro inseguroserá assim de norte a sula terra nua semelhante à lua

O que será desse planeta azul?O que será desse planeta azul?

o rio que desse as encostas já quase sem vidaparece que chora um triste lamento das águasvão perdendo a estrada, a fauna e a floraé tempo de pensar no verderegar a semente que ainda não nasceudeixar em paz a Amazônia, perpetuar a vida

056 - POEIRAComposição: Serafim Colombo Gomes e Luís Bonan

O carro de boi lá vai Gemendo lá no estradãoSuas grandes rodas fazendoProfundas marcas no chãoVai levantando poeira, poeira vermelhaPoeira, poeira do meu sertãoOlha seu moço a boiadaEm busca do ribeirãoVai mugindo e vai ruminandoCabeças em confusãoVai levantando poeira, poeira vermelhaPoeira, poeira do meu sertãoOlha só o boiadeiroMontado em seu alazãoConduzindo toda a boiadaCom seu berrante na mãoSeu rosto é só poeira, poeira vermelhaPoeira, poeira do meu sertão

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Barulho de trovoadaCoriscos em profusãoA chuva caindo em cascataNa terra fofa do chãoVirando em lama a poeira, poeira vermelhaPoeira, poeira do meu sertãoPoeira entra meus olhosNão fico zangado nãoPois sei que quando eu morrerMeu corpo irá para o chãoSe transformar em poeira, poeira vermelhaPoeira, poeira do meu sertãoPoeira do meu sertão, poeiraPoeira do meu sertão

057 - POR UM PEDAÇO DE PÃOComposição: Pe. Zezinho

Por um pedaço de pão e por um pouco de vinhoEu já vi mais de um irmão se desviar do caminhoPor um pedaço de pão e por um pouco de vinhoEu também vi muita gente encontrar novamente o caminho do céuEu também vi muita gente voltar novamente ao convívio de Deus

Por um pedaço de pão e um pouquinho de vinhoDeus se tornou refeição e se fez o caminhoPor um pedaço de pão, por um pedaço de pão (Bis)

Por não ter vinho nem pão, por lhe faltar a comidaEu já vi mais de um irmão desiludido da vidaE por não dar do seu pão, e por não dar do seu vinhoVi quem dizia ser crente, perder de repente os valores morais

Vi que o caminho da paz só se faz com justiça e direitos iguais

Por um pedaço de pão e por um pouco de vinhoEu já vi mais de um irmão tornar-se um homem mesquinhoPor um pedaço de pão e por um pouco de vinhoVejo as nações em conflito e este mundo maldito por não partilharVejo metade dos homens morrendo de fome, sem Deus e sem lar

058 - PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORESComposição: Geraldo Vandré

Caminhando e cantando e seguindo a cançãoSomos todos iguais braços dados ou nãoNas escolas, nas ruas, campos, construçõesCaminhando e cantado e seguindo a canção

Vem, vamos embora que esperar não é saberQuem sabe faz a hora, não espera acontecerPelos campos a fome em grandes plantaçõesPelas ruas marchando indecisos cordõesAinda fazem da flor seu mais forte refrãoE acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem, vamos embora que esperar não é saberQuem sabe faz a hora, não espera acontecer

Há soldados armados, amados

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Page 28: A Caneta e a Enxada - CONTAG · Web viewMeu domingo está perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei

ou nãoQuase todos perdidos de armas na mãoNos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem, vamos embora que esperar não é saberQuem sabe faz a hora, não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas, campos, construçõesSomos todos soldados, armados ou nãoCaminhando e cantando e seguindo a cançãoSomos todos iguais, braços dados ou nãoOs amores na mente, as flores no chãoA certeza na frente, a história na mãoCaminhando e cantando e seguindo a cançãoAprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora que esperar não é saberQuem sabe faz a hora, não espera acontecer

059 - NO RANCHO FUNDOComposição: lamartine babo

No rancho fundoBem pra lá do fim do mundo Onde a dor e a saudade Contam coisas da cidade...

No rancho fundo De olhar triste e profundo Um moreno conta as "mágua" Tendo os olhos rasos d'águaPobre moreno Que de noite no sereno Espera a lua no terreiro

Tendo o cigarro por companheiro

Sem um aceno Ele pega a viola E a lua por esmola Vem pro quintal desse moreno

No rancho fundo Bem pra lá do fim do mundoNunca mais houve alegria Nem de noite nem de dia

Os arvoredosJá não contam mais segredosE a última palmeiraJa morreu na cordilheira

Os passarinhosInternaram-se nos ninhosDe tão triste esta tristezaEnche de trevas a natureza

Tudo por que?Só por causa do moreno Que era grande, hoje é pequeno Para uma casa de sapê Se Deus soubesseDa tristeza lá serraMandaria lá pra cimaTodo o amor que há na terra

Porque o moreno Vive louco de saudade Só por causa do veneno Das mulheres da cidade

Ele que era O cantor da primavera E que fez do rancho fundo O céu maior que tem no mundo

Se uma flor desabrochaE o sol queimaA montanha vai gelandoE lembra o cheiro da morena 060 - ROMARIAComposição: Renato Teixeira

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É de sonho e de pó, o destino de um sóFeito eu perdido em pensamentosSobre o meu cavaloÉ de laço e de nó, de gibeira o jiló, Dessa vida cumprida a sol

RefrãoSou caipira, Pirapora NossaSenhora de AparecidaIlumina a mina escura e fundaO trem da minha vida

O meu pai foi peão, minha mãe solidãoMeus irmãos perderam-se na vidaEm busca de aventurasDescasei, joguei, investi, desistiSe há sorte eu não sei, nunca viMe disseram porém que eu viesse aquiPra pedir de romaria e precePaz nos desaventosComo eu não sei rezar, só queria mostrarMeu olhar, meu olhar, meu olhar

061 - É PRECISO SABER VIVERComposição: Roberto Carlos

Quem espera que a vidaSeja feita de ilusãoPode até ficar malucoOu morrer na solidãoÉ preciso ter cuidadoPra mais tarde não sofrerÉ preciso saber viverToda pedra do caminhoVocê pode retirarNuma flor que tem espinhosVocê pode se arranharSe o bem e o mal existemVocê pode escolherÉ preciso saber viver

É preciso saber viverÉ preciso saber viverÉ preciso saber viverSaber viver, saber viver!

062 - SAUDADE DE MINHA TERRA

De que me adianta viver na cidadeSe a felicidade não me acompanharAdeus paulistinha do meu coraçãoLá pro meu sertão eu quero voltarVer a madrugada quando a passaradaFazendo a alvorada começa a cantarCom satisfação, eu arreio o burrãoCortando o estradão, eu saio a galoparE vou escutando o gado berrandoSabiá cantando no jequitibá

Por Nossa Senhora, meu sertão queridoVivo arrependido por ter te deixadoEssa nova vida aqui na cidadeDe tanta saudade eu tenho choradoAqui tem alguém, diz que me quer bemMas não me convém, eu tenho pensadoEu vivo com pena, pois essa morenaNão sabe o sistema que eu fui criadoTô aqui cantando, de longe escutandoAlguém está chorando com o rádio ligado

Que saudade imensa do campo

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e do matoDo nosso regato que corta as campinaAos domingo eu ia passear de canoaNas lindas lagoas de águas cristalinasQue doce lembrança daquela festançaOnde tinha dança e muitas meninasEu vivo hoje em dia sem ter alegriaO mundo judia mas também me ensinaEu tô contrariado, mas não derrotadoEu sou bem guiado pelas mãos divinas

Pra minha mãezinha já telegrafeiE já me cansei de tanto sofrerEssa madrugada estarei de partidaPra terra querida que me viu nascerJá ouço sonhando o galo cantandoO inhambu piando no escurecerA lua prateada clareando as estradasA relva molhada desde o anoitecerEu preciso ir pra ver tudo aliFoi lá que eu nasci, lá quero morrer

063 - SAUDADES DE MATÃOComposição: J. Galati, A. Silva e R. Torres

Neste mundo eu choro a dorPor uma paixão sem fimNinguém conhece a razãoPorque eu choro tanto assimQuando lá no céu surgirUma peregrina florPois todos devem saber Que a sorte me tirou foi uma

grande dor Lá no céu junto a DeusEm silêncio minh’alma descansaE na terra, todos cantamEu lamento minha desventura nesta grande dor Ninguém me dizQue sofreu tanto assimEsta dor que me consomeNão posso viverQuero morrerVou partir prá bem longe daquiJá que a sorte não quisMe fazer feliz

064 - TENTE OUTRA VEZComposição: Raul Seixas/ Paulo Coelho/ Marcelo Motta

VejaNão diga que a canção está perdidaTenha em fé em Deus, tenha fé na vidaTente ou...tra vez

BebaPois a água viva ainda está na fonteVocê tem dois pés para cruzar a ponteNada aca...bou, não não não não

TenteLevante sua mão sedenta e recomece a andarNão pense que a cabeça agüenta se você parar,Há uma voz que canta, uma voz que dança, uma voz que giraBailando no ar

QueiraBasta ser sincero e desejar profundoVocê será capaz de sacudir o mundo, vai

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Tente ou...tra vez

TenteE não diga que a vitória está perdidaSe é de batalhas que se vive a vidaTente outra vez

065 - TERRA TOMBADAComposição: José Fortuna

É calor de mês de agosto, é meados de estaçãoVejo sobras de queimadas e fumaça no espigãoLavrador tombando terra, dá de longe a impressãoDe losânglos cor de sangue desenhados pelo chão

Terra tombada é promessa, de um futuro que se espelhaNo quarto verde dos campos, a grande cama vermelhaOnde o parto das semente faz brotar de suasa covasO fruto da natureza cheirando a criança nova

Terra tombada, solo sagrado chão quenteEsperando que a semente, venha lhe cobrir de florTambém minha alma, ansiosa espera confianteQue em meu peito você plante, a semente do amor

Terra tombada é criança, deitada num berço verdeCom a boca aberta pedindo para o céu matar-lhe a sedeLá na fonte ao pé da serra, é o seio dos sertãoA água e o leite da terra que alimenta a plantação

O vermelho se faz verde, vem o

botão vem a florDepois da flor a semente, o pão do trabalhadorDebaixo das folhas mortas, a terra dorme seguraPois, nos dará para o ano, novo parto de fartura

066 - TOCANDO EM FRENTEComposição: Almir Sater e Renato Teixeira

Ando devagar porque já tive pressalevo esse sorriso porque já chorei demaisHoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabeSó levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei..

Conhecer as manhas e as manhãso sabor das massas e das maçãsÉ preciso amor pra poder pulsarÉ preciso paz pra poder sorrirÉ preciso a chuva para florir

Penso que cumpri a vida seja simplesmentecompreender a marcha ir tocando em frentecomo um velho boiadeirolevando a boiada eu vou tocando os diaspela longa estrada eu vou, estrada eu sou

Conhecer as manhas e as manhãso sabor das massas e das maçãsÉ preciso amor pra poder pulsarÉ preciso paz pra poder sorrirÉ preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora

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Um dia a gente chega em outro vai emboracada um de nós compõe a sua históriacada ser em si carrega o dom de ser capazde ser felizConhecer as manhas e as manhãso sabor das massas e das maçãsÉ preciso amor pra poder pulsarÉ preciso paz pra poder sorrirÉ preciso a chuva para florir

Ando devagar porque já tive pressalevo esse sorriso porque já chorei demaiscada um de nós compõe a sua históriacada ser em si carrega o dom de ser capazde ser feliz

067 - TREM DAS ONZE

Faz, faz, faz faz faz faz, faz carinho dumdum,Faz carinho dumdum, faz carim dumdumNão posso ficarNem mais um minuto com vocêSinto muito amorMas não pode serMoro em JaçanãSe eu perder esse tremQue sai agora às onze horasSó amanhã de manhãAlém disso mulherTem outra coisaMinha mãe não dormeEnquanto eu não chegarSou filho únicoTenho minha casa pra olharFaz,faz, faz faz faz faz,faz carinho dumdum,Faz carinho dumdum, faz carim dumdum...Faz dum dum

068 - TRISTEZA DO JECAComposição: Angelino de Oliveira

Nestes versos tão singelosMinha bela, meu amorPrá você quero cantarO meu sofrer e a minha dorSou igual a um sabiáQue quando canta é só tristezaDesde o galho onde ele estáNesta viola canto e gemo de verdadeCada toada representa uma saudadeEu nasci naquela serraNum ranchinho beira-chãoTodo cheio de buracosOnde a lua faz clarãoQuando chega a madrugadaLá no mato a passaradaPrincipia um barulhãoNesta viola, canto e gemo de verdadeCada toada representa uma saudade

Lá no mato tudo é tristeDesde o jeito de falarPois o Jeca quando cantaDá vontade de chorar

E o choro que vai caindoDevagar vai-se sumindo BISComo as águas vão pro mar.

069 - BOIADEIROLUÍZ GONZAGA

Vai boiadeiro que a noite já vemGuarda o teu gado e vai pra junto do teu bemDe manhazinha quando eu sigo pela estrada Minha boiada pra invernada eu vou levarQuando as cabeça é muito pouco é quase nada mas não

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tem outras mais bonitas no lugarVai boiadeiro que o dia já vem Levo o teu gado e vai pensando no teu bem De tardezinha quando eu venho pela estrada A fiarada ta todinha a me esperarSão dez fiinha é muito pouco é quase nada mas não tem outros mais bonitos no lugarVai boiadeiro que a tarde já vem Leva o teu gado e vai pensando no teu bemE quando eu chego na canssela da moradaMinha Rosinha vem correndo me abraçarÉ pequenina é miudinha é quase nada mas não tem mais bonita no lugarVai boiadeiro que a noite já vemGuarda o teu gado e vai pra junto do teu bem 070 - VIOLA ENLUARADAComposição: Marcos ValleA mão que toca um violão Se for preciso faz a guerra, Mata o mundo, fere a terra. A voz que canta uma canção Se for preciso canta um hino, Louva à morte. Viola em noite enluarada No sertão é como espada, Esperança de vingança. O mesmo pé que dança um samba Se preciso vai à luta, Capoeira. Quem tem de noite a companheira Sabe que a paz é passageira, Prá defendê-la se levanta E grita: Eu vou! Mão, violão, canção e espada E viola enluarada

Pelo campo e cidade, Porta bandeira, capoeira, Desfilando vão cantando Liberdade. Quem tem de noite a companheira Sabe que a paz é passageira, Prá defendê-la se levanta E grita: Eu vou! Porta bandeira, capoeira, Desfilando vão cantando Liberdade. Liberdade, liberdade, liberdade...

071 - XOTE DA AGRICULTURA FAMILIARFrana

Eu sou da roça, colho e planto a vida,O direito de todos em poder se alimentar.Por isso, canto, faço um novo diaCom Agroecologia e Agricultura Familiar.

Lê, lê, lê, lê, ô, ô, ô (bis)

Em minhas mãos, os calos da história,As marcas de luta, suor, o sangue derramando.Por isso, canto, e essa é a riqueza,Pra sempre a certeza: Deus ao nosso lado.

Venha comigo, entre nessa dança,Plante a liberdade, um sindicalismo novo.Por isso, cante, a Terra é Solidária,É minifundiária e liberta o povo.

Sonhamos juntos e é pra romper barreiras,

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Solidariedade contra o grande mercado.Por isso, canta toda a RegiãoNa Federação que uni os três estados.

072 - ASA BRANCAComposição: Luiz Gonzaga - Humberto TeixeiraQuando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha Nem um pé de plantação Por falta d'água perdi meu gado

Morreu de sede, meu alazão

Até mesmo a Asa Branca Bateu asas do sertão Então eu disse: Adeus, Rosinha Guarda contigo meu coração

Hoje longe, muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Pra eu voltar pro meu sertão

Quando o verde dos teus olhos Se espalhar na plantação Eu te asseguro: não chores, não, viu? Que eu voltarei, viu? Meu coração.

073 - ASSUM PRETOComposição: Luiz Gonzaga / Humberto TeixeiraTudo em vorta é só belezaSol de Abril e a mata em frôMas Assum Preto, cego dos óioNum vendo a luz, ai, canta de dor (bis)Tarvez por ignorançaOu mardade das pióFuraro os óio do Assum Preto

Pra ele assim, ai, cantá de mió (bis)Assum Preto veve sortoMas num pode avuáMil vez a sina de uma gaiolaDesde que o céu, ai, pudesse oiá (bis)Assum Preto, o meu cantarÉ tão triste como o teuTambém roubaro o meu amorQue era a luz, ai, dos óios meusTambém roubaro o meu amorQue era a luz, ai, dos óios meus.

074 - ÚLTIMO PAU DE ARARAComposição: Venâncio / Corumba / J.Guimarães

A vida aqui só é ruim,Quando não chove no chão,Mas se chover dá de tudo,Fartura tem de porção,Tomara que chova logo,Tomara, meu Deus, tomara,Só deixo o meu Cariri,No último Pau de Arara.

Enquanto a minha vaquinhaTiver o couro e o osso,E puder com o chocalhoPendurado no pescoço,Eu vou ficando por aqui,Que Deus do Céu me ajude,Quem sai da terra natal,Em outros campos não pára,Só deixo o meu Cariri,No último Pau de Arara.

075 - SÚPLICA CEARENSEComposição: Gordurinha e Nelinho

Oh! Deus, perdoe este pobre coitadoQue de joelhos rezou um bocadoPedindo pra chuva cair sem parar

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Oh! Deus, será que o senhor se zangouE só por isso o sol se arretirouFazendo cair toda chuva que há

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinhoPedir pra chover, mas chover de mansinhoPra ver se nascia uma planta no chão

Meu Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe, Eu acho que a culpa foiDesse pobre que nem sabe fazer oraçãoMeu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de águaE ter-lhe pedido cheinho de mágoaPro sol inclemente se arretirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o invernoDesculpe eu pedir para acabar com o infernoQue sempre queimou o meu Ceará

076 - TRANSGÊNICO É VENENOAutor: Ailton Soares - CE

Refrão: Transgênico é venenoAlerta povo pra o que está acontecendo (bis)

Há muito tempo prepararam essa invençãoPara dominar a área o meio de produçãoMas já sabemos o que pode acontecerSe engolir essa droga você pode até morrer

Os transgênicos também podem acabar

Com a biodiversidade ter impacto ambientalComprometendo a segurança alimentarConseqüência nós teremos, fique alerta pessoal

Alerta povo não deixe se confundirDiga não a tudo isso a Monsanto e outras maisNós precisamos delas para produzirLutaremos firmemente contra esse monstro voraz

077 - EU SÓ PEÇO A DEUSMercedes Sosa e Beth Carvalho

Eu só peço a DeusQue a dor não me seja indiferenteQue a morte não me encontre um diaSolitário sem ter feito o q’eu queria

Eu só peço a DeusQue a dor não me seja indiferenteQue a morte me encontre um diaSolitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a DeusQue a injustiça não me seja indiferentePois não posso dar a outra faceSe já fui machucada brutalmente

Eu só peço a DeusQue a guerra não me seja indiferenteÉ um monstro grande e pisa forteToda fome e inocência dessa gente

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Eu só peço a DeusQue a mentira não me seja indiferente Se só um traidor tem mais poder que um povoQue este povo não esqueça facilmente

Eu só peço a DeusQue o futuro não me seja indiferenteSem ter que fugir desenganadoPra viver uma cultura diferente

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