a broca do café: prevenção e controle - coopfam.agr.br · biológico, pragas e doenças e que a...

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O resultado da infestação é uma sensível perda de peso do grão, além do mau as- pecto e do sabor prejudica- do. Em casos de grande in- festação, a perda de peso pode ser superior a 20%, ou seja, mais de 12 quilos por saca de 60 quilos. O grão brocado também é inferio- rizado na classificação do ti- po do café, que é determi- nado pelo número de defei- tos existentes em amostras. A cada cinco grãos perfura- dos pela broca, é atribuído um defeito. Outro proble- ma, que provoca a redução de produtividade é a queda dos frutos infestados. Originária da África, on- de foi referida como pra- ga em 1901 no Congo, a broca do café atingiu o estado de São Paulo,. No Brasil, a praga foi introdu- zida, através do Estado de São Paulo, por volta de 1913, em sementes importadas da África e de Java. Nessa época o go- verno, face a persistente instabilidade dos merca- dos, instituía uma política de defesa permanente do café, principal item da pauta de exportação bra- sileira. Somente a partir de 1924 foram sentidos os prejuízos causados pe- la praga, constando-se então a sua gravidade. A situação crítica da praga que atingiu os cafezais paulistas na década de 20 levou o Secretário de A- gricultura a solicitar a co- laboração do Ministério da Agricultura, que pron- tamente enviou a Campi- nas Arthur Neiva e Ânge- lo da Costa Lima para rea- lizarem a identificação da praga, objetivo atingido ao classificar o inseto co- mo o Stephanoderes hampei. De São Paulo, a broca do café espalhou- se por todas as regiões cafeeiras do pais. A broca do café: prevenção e controle A praga junho de 2009 Conhecendo um pouco a broca ra onde realiza a postura, que resultará no apareci- mento de larvas. Essas se- rão responsáveis pela des- truição total ou parcial da semente. O ataque do pe- queno besouro pode ocor- rer em qualquer estágio de desenvolvimento do fruto: verde, maduro ou seco. A broca do café, que a- taca o fruto, tem origem através de um besouro escuro brilhante, cuja fê- mea mede cerca de 1,65 milímetro. O macho é um pouco menor, tem as a- sas rudimentares, não vo- ando, vivendo no fruto onde se origina. Ao ser fecundada, a fê- mea perfura o fruto na região da cicatriz floral ou coroa e faz uma galeria de aproximadamente 1 milímetro, até atingir a semente. A larga, então, a galeria, transformando- a em uma pequena câma- Combate e prevenção O controle da praga basei- a-se no uso de inseticidas, principalmente o endosul- fam, mas a sua utilização intensiva e repetida leva ao desenvolvimento de resistência do inseto ao produto além de causar problemas ambientais, contaminação dos alimen- tos e agricultores. Desse modo, é necessário de- senvolver alternativas de controle, dentre as quais, destaca-se o controle bio- lógico através da utiliza- ção de inimigos naturais. As táticas ecológicas pro- postas para o manejo da 1. Controlo biológico Quanto aos inimigos natu- rais da broca-do-café, os mais importantes são os parasitóides de origem a- fricana, Prorops nasuta (Waterston) (Hymenoptera: Bethilida- e), introduzido nas princi- pais áreas produtoras do continente americano, a- lém de Indonésia e Índia; Cephalonomia stephano- deris (Betrem) (Hymenoptera: Bethilida- e), de grande eficiência na regulação desta praga; Heterospilus coffeicola (Schneiderknecht) broca-do-café são: uso de armadilhas modelo IAPAR para a captura das brocas, uso do fungo B. bassiana em formulação granulada produzida artesanalmen- te, colheita no pano e re- passe dos frutos remanes- centes na planta e o uso do endoparasitoide Phy- mastichus coffea que pa- rasita as brocas adultas. Esta última tática propos- ta pode ser considerada como de difícil implemen- tação pelos agricultores por ser muito onerosa.

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Page 1: A broca do café: prevenção e controle - coopfam.agr.br · biológico, pragas e doenças e que a sua utilização deve ser mais um componente no ma-nejo de pragas do cafeeiro. A

O resultado da infestação é

uma sensível perda de peso

do grão, além do mau as-

pecto e do sabor prejudica-

do. Em casos de grande in-

festação, a perda de peso

pode ser superior a 20%, ou

seja, mais de 12 quilos por

saca de 60 quilos. O grão

brocado também é inferio-

rizado na classificação do ti-

po do café, que é determi-

nado pelo número de defei-

tos existentes em amostras.

A cada cinco grãos perfura-

dos pela broca, é atribuído

um defeito. Outro proble-

ma, que provoca a redução

de produtividade é a queda

dos frutos infestados.

Originária da África, on-

de foi referida como pra-

ga em 1901 no Congo, a

broca do café atingiu o

estado de São Paulo,. No

Brasil, a praga foi introdu-

zida, através do Estado

de São Paulo, por volta

de 1913, em sementes

importadas da África e de

Java. Nessa época o go-

verno, face a persistente

instabilidade dos merca-

dos, instituía uma política

de defesa permanente do

café, principal item da

pauta de exportação bra-

sileira. Somente a partir

de 1924 foram sentidos

os prejuízos causados pe-

la praga, constando-se

então a sua gravidade. A

situação crítica da praga

que atingiu os cafezais

paulistas na década de 20

levou o Secretário de A-

gricultura a solicitar a co-

laboração do Ministério

da Agricultura, que pron-

tamente enviou a Campi-

nas Arthur Neiva e Ânge-

lo da Costa Lima para rea-

lizarem a identificação da

praga, objetivo atingido

ao classificar o inseto co-

mo o Stephanoderes

hampei. De São Paulo, a

broca do café espalhou-

se por todas as regiões

cafeeiras do pais.

A broca do café:

prevenção e controle

A praga

junho de 2009

Conhecendo um pouco a broca

ra onde realiza a postura, que resultará no apareci-mento de larvas. Essas se-rão responsáveis pela des-truição total ou parcial da semente. O ataque do pe-queno besouro pode ocor-rer em qualquer estágio de desenvolvimento do fruto: verde, maduro ou seco.

A broca do café, que a-

taca o fruto, tem origem

através de um besouro

escuro brilhante, cuja fê-

mea mede cerca de 1,65

milímetro. O macho é um

pouco menor, tem as a-

sas rudimentares, não vo-

ando, vivendo no fruto

onde se origina.

Ao ser fecundada, a fê-mea perfura o fruto na região da cicatriz floral ou coroa e faz uma galeria de aproximadamente 1 milímetro, até atingir a semente. A larga, então, a galeria, transformando-a em uma pequena câma-

Combate e prevenção

O controle da praga basei-a-se no uso de inseticidas, principalmente o endosul-fam, mas a sua utilização intensiva e repetida leva ao desenvolvimento de resistência do inseto ao produto além de causar problemas ambientais, contaminação dos alimen-tos e agricultores. Desse modo, é necessário de-senvolver alternativas de controle, dentre as quais, destaca-se o controle bio-lógico através da utiliza-ção de inimigos naturais. As táticas ecológicas pro-postas para o manejo da

1. Controlo biológico

Quanto aos inimigos natu-rais da broca-do-café, os mais importantes são os parasitóides de origem a-fricana, Prorops nasuta (Waterston) (Hymenoptera: Bethilida-e), introduzido nas princi-pais áreas produtoras do continente americano, a-lém de Indonésia e Índia; Cephalonomia stephano-

deris (Betrem) (Hymenoptera: Bethilida-e), de grande eficiência na regulação desta praga; Heterospilus coffeicola (Schneiderknecht)

broca-do-café são: uso de armadilhas modelo IAPAR para a captura das brocas, uso do fungo B. bassiana em formulação granulada produzida artesanalmen-te, colheita no pano e re-passe dos frutos remanes-centes na planta e o uso do endoparasitoide Phy-mastichus coffea que pa-rasita as brocas adultas. Esta última tática propos-ta pode ser considerada como de difícil implemen-tação pelos agricultores por ser muito onerosa.

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normas legais. O transporte deve ser em condições refri-geradas (50C) e nunca trans-portar o produto quando a temperatura for superior a 250C e recebendo luz direta. O armazenamento na propri-edade também devera ser feito sempre em ambiente de geladeira (abaixo de 50C). Se isto não for possível, devem-se utilizar locais sombreados e arejados, onde a tempera-tura ambiente não seja muito elevada. Nestes casos o pro-duto deve ser aplicado o mais rápido possível, evitando a queda da viabilidade deven-do o fungo ser adquirido so-mente próximo à época de a-plicação. b.2. MANUTENÇÃO DA VIABI-LIDADE DO INÓCULO NA LA-VOURA (CONSERVAÇÃO). Mesmo em situações onde o produto não e aplicado, mas está presente na lavoura, es-tas medidas devem ser sem-pre adotadas, pois o fungo permanece no campo multi-plicando-se sobre os insetos infectados. A conservação no campo pode ser realizada pe-la manipulação do ambiente, procurando minimizar a ação dos fatores que matam o fun-go, como a radiação e a tem-peratura elevadas como pelo cultivo adensado e pelo som-breamento ou arborização. Outro aspecto importante na manutenção do inoculo na la-voura e a utilização de produ-tos fitossanitários que não di-minuam a viabilidade de B.

bassiana, principalmente quando pulverizados, pois vão atingir a parte aérea da planta onde a broca e os co-nídios estão presentes. Na cultura do cafeeiro os produ-tos mais utilizados são os fun-gicidas, principalmente para o controle de doenças como a ferrugem Hemileia vastatrix e Cercospora coffeicola. Estes produtos são importantes fa-tores de redução da viabilida-

B. bassiana é utilizado como simples substituto do contro-le químico, esperando-se que o fungo sozinho tenha níveis de eficiência semelhantes aos obtidos pelos inseticidas, com uma simples substituição do produto químico pelo biológi-co. Também, na maioria dos casos, não se leva em consi-deração que o fungo é um or-ganismo vivo e que pode ser eliminado ou perder sua via-bilidade. Assim, e primordial que o fungo seja utilizado co-mo mais uma ferramenta no manejo das populações de broca-do-café num sentido holístico e não linear conside-rando que qualquer ação dentro do manejo fitossanitá-rio e cultural vai influenciar em maior ou menor grau to-dos os agentes de controle biológico, pragas e doenças e que a sua utilização deve ser mais um componente no ma-nejo de pragas do cafeeiro.

A. Modo de ação de B. bassi-

ana O fungo B. bassiana tem um estágio de desenvolvimento, os conídios, especifico para disseminação e para inicio da infecção. Na maioria dos ca-sos o fungo penetra nos inse-tos por contato. Quando viá-vel germina sobre o inseto e por ação química e física atra-vessa a cutícula e penetra na cavidade geral do corpo. Pos-teriormente, com o objetivo de se reproduzir, o fungo a-travessa o corpo do inseto e produz conídios em grande quantidade que vão ser res-ponsáveis pela disseminação e infecção completando o ci-clo. Pelo modo de ação do fungo pode-se observar que a fase mais exposta e vulnerá-vel é a de formação de coní-dios. No período entre sua produção e a germinação so-bre um novo hospedeiro po-dem ser desativados por dife-rentes fatores como os agro-

químicos, a radiação solar, a temperatura, a umidade e a chuva entre outros. Assim, os conídios do fungo, tanto apli-cados como os de ocorrência natural devem ser protegidos da ação deletéria desses a-gentes desativa dores o que é chamado de controle biológi-co conservativo. As brocas mortas pelo fungo, que esporulou, ficam geral-mente na coroa do fruto e com o corpo branco. Uma broca morta dessa forma po-de produzir mais de um mi-lhão de conídios, que devem ser mantidos vivos para que façam o controle sem custos para o produtor. Os avanços dos estudos e experimenta-ções com B. bassiana têm permitido que o próprio cafe-icultor seja capaz de produzir seu próprio fungo a custos re-duzidos. Para que ocorra es-porulação e necessário que o ambiente esteja úmido. As-sim, a observação do número de insetos com sintomas de morte pelo fungo (coloração branca) nem sempre e um bom parâmetro para avaliar a sua eficiência de controle, que é melhor avaliada atra-vés da quantificação do dano por amostragem de frutos a-tacados e com presença de broca.

B. Manutenção da viabilidade

do fungo. A manutenção dos conídios viáveis, ou seja, vivos é essen-cial para a eficiência de con-trole. Assim, o produtor ou técnico devera adotar todas as medidas possíveis para conservar o fungo vivo. Estas medidas podem ser de dois tipos: b.1. MANUTENÇÃO DA VIABI-LIDADE DO PRODUTO CO-MERCIAL. Somente devem ser adquiridos produtos com qualidade (registrados). Deve-se observar se o rotulo e completo e esta dentro das

(Hymenoptera: Braconidae), e, Phymastichus coffea (La salle) (Hymenoptera: Eulophi-dae), também introduzido no Brasil e demais áreas produ-toras das Américas; além do fungo entomopatogênico Be-

auveria bassiana, de ocorrên-cia naturalmente em muitas regiões do país. Hoje no Brasil somente o fun-go Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. está disponível para o controle deste inseto. Assim, principalmente nos sistemas de produção orgânicos, esta e a única alternativa de contro-le biológico a ser inserida no manejo das populações de broca. O uso do fungo Beauveria

bassiana

Entre os diferentes agentes naturais de controle da broca está o fungo Beauveria bassi-

ana que foi observado em muitos países atacando H.

hampei. No Brasil, ocorre en-zooticamente (baixa preva-lência) em diversas regiões do país, sendo considerado o mais eficiente agente de con-trole microbiano desse inseto praga. Existem vários estudos des-crevendo a eficiência de B.

bassiana no combate à broca em campo. Os resultados são muito variáveis e estão influ-enciados por condições cli-máticas e dos cultivos. Os ní-veis de controle podem flutu-ar entre 20% e 75%! Atual-mente, o fungo e comerciali-zado, principalmente, na for-ma de pó molhável (WP) e u-tilizado principalmente em la-vouras orgânicas e a área tra-tada vem aumentando a cada ano, com boa aprovação dos cafeicultores. Nessa modali-dade de cultivo, o produtor rural tem disponível poucas ferramentas para o controle de pragas, e o fungo B. bassi-

ana passa a ser indispensável. Porém, na maioria das vezes,

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água com detergente basta retirar a tampa da garrafa. As armadilhas podem ser modi-ficadas para utilização com o fungo com o objetivo de con-taminar e liberar os insetos. Neste caso a armadilha e construída do mesmo modo, entretanto, na parte interna da região inferior da armadi-lha “gargalo” ate ao inicio da abertura, que ficaria com á-gua para a captura massal, deve-se passar uma lixa gros-sa (N0 80 para pinturas). A re-gião lixada deve então ser im-pregnada com os conídios do fungo utilizando um pedaço de esponja limpo e seco. As-sim, os insetos atraídos ao ca-írem no fundo da armadilha entram em contato com o fungo e são contaminados. Neste caso também, a tampa devera ser retirada quando da colocação da armadilha no campo para que os insetos sejam liberados e venham a morrer na lavoura. Ocorrendo esporulação sobre os insetos o fungo estará sen-do disseminado, aumentando o inoculo no campo. Estudos mostraram que de 99% a 100% dos insetos capturados e contaminados em armadi-lhas morrem pela ação do fungo. No caso de chuvas ou renovação do fungo, que tem de ser feita semanalmente, a armadilha devera ser limpa de preferência com álcool, na região onde e aplicado o fun-go, e após completamente seca, deverá ser passado o fungo novamente, como des-crito. Recomenda-se o uso de 25 armadilhas/ha espaçadas 20 metros na linha e entre ru-as. c.3. Armadilhas na lavoura. Na lavoura as armadilhas po-dem ser utilizadas durante toda a safra fazendo parte de um sistema de manejo para o controle da broca. Na entres-safra, após a colheita, elas

mais velhos, em baixadas mais úmidas, mais adensadas são mais infestados por bro-ca. Estas são também as con-dições mais favoráveis a ocor-rência do fungo facilitando a sua eficiência e estabeleci-mento apos as aplicações. c.1. Aplicação direta na lavou-ra. As aplicações do fungo po-dem ser feitas pulverizando toda a planta, durante o perí-odo de “trânsito da broca”, o-casião em que os insetos pro-venientes dos frutos rema-nescentes da safra anterior a-tacam os frutos novos, e quando o índice de infestação atingir entre 1% e 2% de fru-tos atacados. Na aplicação do fungo a campo e importante que o produtor consiga que a calda atinja os locais da plan-ta com maior concentração de broca. Estes locais são os mais internos e mais baixos na planta, justamente por se-rem os mais sombreados e ú-midos e preferidos pelo inse-to. Assim, deve-se utilizar u-ma pressão de pulverização que possibilite atingir o interi-or da planta. Neste caso, os pulverizadores costais moto-rizados são mais eficientes, sendo empregado um volume de calda suficiente para mo-lhar, principalmente os frutos da parte interna, sem ocorrer escorrimento. É muito impor-tante também que a calda fi-que sob agitação. Assim, evi-ta-se a deposição dos coní-dios no fundo do tanque de pulverização. O tanque do pulverizador devera ser mui-to bem lavado para evitar a morte dos conídios por resí-duos de produtos prejudiciais ao fungo, principalmente fun-gicidas. No preparo da calda pode ser necessário fazer u-ma pré-mistura em balde ou outro recipiente, devendo-se seguir as recomendações do fabricante. No caso de haver necessidade de se utilizar um

espalhante, óleo mineral ou vegetal deve-se escolher pro-dutos compatíveis com o fun-go. A aplicação via liquida de-vera ser feita logo apos o pre-paro da calda, pois a partir dai pode iniciar-se a germina-ção dos conídios, comprome-tendo a eficiência do contro-le. Com relação às doses a se-rem utilizadas a campo, estas devem ser as recomendadas pelo fabricante do produto, pois dependem da concentra-ção de conídios por mL/grama de formulação, da via-bilidade e da virulência da ra-ça do fungo. Entretanto, deve-se sempre utilizar a dose por litro de calda, e não por área, uma vez que diferentes la-vouras poderão ter diferentes números de plantas em fun-ção de espaçamento, idade, cultivar, etc. Entretanto, de-pendendo da infestação da á-rea e da recomendação do fa-bricante, doses maiores po-dem ser empregadas. Assim, por exemplo, para o Produto X que tem 100.000.000 coní-dios viáveis/grama (1 x 108) devemos utilizar, no mínimo, 10 gramas/L (1 x 109) 1 Kg-/100 L ou 2Kg/200 L. O polvilhamento, para produ-tos na forma de pó, é outro modo de aplicação que pode ser empregado. Nesse caso pode-se associaraos conídios do fungo talco ou outro iner-te que seja compatível com o patógeno. c.2. Utilização das armadilhas de cairomônio. As armadilhas de cairomônio podem ser uti-lizadas na lavoura e no terrei-ro, neste ultimo caso na co-lheita, para o controle e con-taminação da broca pelo fun-go. Para captura massal re-comenda-se colocar água e detergente liquido, na parte de baixo da armadilha onde as brocas cairão e morrerão afogadas. Para renovação da

de de B. bassiana. Alem dos fungicidas, os inseticidas e herbicidas eliminam também os fungos entomopatogeni-cos. Isto e valido tanto para os produtos utilizados em a-gricultura convencional como em orgânica, em que caldas empregadas com diferentes objetivos podem também ser deletérias para os conídios do fungo. Além da escolha de produtos compatíveis, a seletividade pode ser conseguida evitando-se o contato dos produtos com o fungo ou espaçando a aplicação do fungo da aplica-ção destes produtos.

C. Modos de utilização do

fungo no MIP-BROCA O produtor deve, juntamente com o técnico, observar e testar em sua propriedade quais as técnicas que têm melhores resultados na dimi-nuição das populações. De-vem também considerar que a lavoura não é homogênea devendo ser dividida em gle-bas e estas em talhões homo-gêneos sendo cada um moni-torado e manejado de forma específica. Dessa forma, os recursos serão otimizados e os gastos minimizados. É importante que o produtor e o técnico tenham em men-te que existem talhões e á-reas de maior incidência da broca. Assim, o produtor de-ve concentrar seus esforços de controle nestas áreas em-pregando todos os métodos e técnicas disponíveis, alem das aplicações do fungo. Pode-se também, aumentar o numero de aplicações do fungo e a concentração de conídios nas caldas de pulverização bem como, em áreas convencio-nais, aplicar inseticida sintéti-co para diminuição da popu-lação antes de iniciar o mane-jo da broca utilizando o fun-go. Geralmente, os talhões

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Controle biológico da broca do café – História, 2006. Disponível em <http://www.revistacafeicul tura.com.br >. Acesso em 17 de junho de 2009.

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anterior. Estas armadilhas de-vem ser mantidas no terreiro, na tulha, no secador e no la-vador ate ao final da colheita. Nos dias mais quentes e úmi-dos as coletas são maiores. Poderão ser utilizadas arma-dilhas para captura e morte dos insetos e para inoculação e disseminação do fungo.

2. Uso de armadilhas para

captura em massa

As armadilhas podem ser uti-lizadas no manejo da broca-do-café para controle em massa da praga e também para mapear os locais, ou ta-lhões, nas lavouras onde exis-tem as maiores populações da broca, ou seja, caracteriza-se a infestação no espaço. Sua confecção é feita com garrafas PET de 2l com aber-tura na região central para entrada da broca. No seu in-terior, na parte mediana da garrafa, é colocado um frasco plástico com isca de agrega-ção e na parte inferior da gar-rafa coloca-se água e deter-gente líquido para o afoga-mento das brocas. Os atraen-tes são geralmente produzi-dos pela mistura de alcoóis, principalmente etanol e me-tanol (normalmente em pro-porção 1:3), com extratos de café, como óleo de café tor-rado. As armadilhas devem ser fixadas em estacas a 1,0-1,5m do solo, próximas aos pés de café. A quantidade de armadilhas por hectare varia de acordo com o nível de in-festação e com as caracterís-ticas de manejo do cultivo, como uso de outros métodos de controle da broca.

3. Outras medidas para evi-

tar e combater a broca

Cuidados na hora da colheita ajudam a reduzir os prejuízos com a broca. Abaixo estão lis-tados alguns deles: 1. É importante colher o café

maduro. Deixá-lo por mais

tempo na planta favorece a ação dos insetos.

2. A retirada de todos os fru-tos do cafeeiro evita que a broca permaneça na la-voura e infeste a safra se-guinte.

3. Retirar os frutos de café caídos no solo também re-duz a quantidade de abri-go e locais de reprodução das brocas.

4. Outro detalhe importante é iniciar a colheita pelos talhões mais afetados, pois a praga tem grande poder de infestação.

5. Deve-se também armaze-nar o café contaminado de forma a isolá-lo, já que após armazenado, o café brocado pode contaminar os cafés sadios.

Referências

Manejo da Broca-do-Café, 2004. Londrina, Paraná. Anais... Londri-na: IAPAR, 2007. 282 p.

Pragas do Café. Disponível em <http://www.agrobyte.com.br/cafe.htm>. Acesso em 17 de ju-nho de 2009.

também são eficientes na co-leta dos insetos que perma-neceram nos frutos caídos ou que ficaram nas plantas. Nes-ta época as armadilhas têm maior poder de atração, pois não tem “concorrência” com os frutos que estão presentes durante a safra. Poderíamos fazer uma analogia com uma lâmpada acesa durante o dia (armadilha na safra) e duran-te a noite (armadilha na entre safra). Assim, as armadilhas podem, parcialmente, fazer as vezes do repasse que e u-ma das principais praticas cul-turais de controle da broca. Entretanto, as capturas na entressafra somente ocorrem quando existe umidade e temperatura adequadas para o vôo das fêmeas. Geralmen-te, dependendo da região, es-ta e a época mais seca do a-no. É importante que as ar-madilhas sejam colocadas no campo logo apos a colheita e ali fiquem ate ao inicio da sa-fra seguinte. Em áreas muito grandes, o produtor pode movimentar as armadilhas a cada três a quatro dias “varrendo” toda a lavoura. A-pós cobrir toda a área, volta em sentido contrário “varrendo” até ao final da la-voura, repetindo esse vai-vem até aos 90 dias após a principal florada. c.4. Armadilhas no terreiro. Quando no terreiro de seca-gem, pela ação do calor e pe-la diminuição da umidade no grão, muitas brocas morrem, principalmente nos estágios i-maturos. Entretanto, uma grande quantidade de fêmeas adultas pode deixar os frutos e voltar para a lavoura. As-sim, a colocação das armadi-lhas no terreiro visa evitar que elas voltem para a lavou-ra, capturando e matando as fêmeas adultas ou contami-nando-as para que morram na lavoura e disseminem o fungo, como descrito no item

Figura 1 – Desenho de uma armadilha para a broca do café. 1. Arame

para fixação da armadilha; 2. Garrafa PET de 2L com tampa; 3. Aber-

tura de 11cm por 20cm sobre a garrafa para permitir a entrada da

broca; 4. Água com gotas de detergente para afogar a broca; 5. Iden-

tificação da armadilha; 6. Difusor do atraente preso com arame à

garrafa; 7. Perfurações na garrafa para servir como ladrão em caso

de chuva e evitar que as brocas capturadas saiam da garrafa.

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