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Júlia Afonso Pimentel Guimarães RESUMO Este artigo examina a importância das brincadeiras para o desenvolvimento da criança e para a atuação do psicoterapeuta com crianças. Optou-se por direcionar as reflexões, especificamente, para a brincadeira de faz de conta, adotando-se a perspectiva da teoria do desenvolvimento cultural da criança de Lev Semionovitch Vigotski. Para ampliar a discussão sobre o uso dessa brincadeira na clínica, foram realizadas entrevistas com três psicólogas que atuam no atendimento a crianças. Com as entrevistas realizadas foi possível constatar a utilidade da brincadeira de faz de conta na clínica psicológica. Além de propiciar um momento de acolhimento e escuta, o psicólogo utiliza-se de estratégias lúdicas, como a própria brincadeira de papéis, como um recurso de análise e coleta de informações sobre os conteúdos trazidos pela criança. Palavras-chave: Brincadeira; faz de conta; psicoterapia. A experiência do brincar cruza diferentes tempos e lugares, passados, presentes e futuros, sendo marcada ao mesmo tempo pela continuidade e pela mudança. (Borba, 2007). 1 INTRODUÇÃO As brincadeiras ou jogos são atividades que existem há muitos anos em nossa vida social, encontram-se enraizados nas culturas e muito presentes no nosso processo de desenvolvimento individual. Borba (2007) diz que a brincadeira não nos é dada prontamente, é uma atividade aprendida desde cedo, decorrente das nossas relações com o outro e com o mundo. Na infância, as brincadeiras ocupam um espaço privilegiado na vida das crianças, lapidando seu processo de desenvolvimento e enriquecendo sua relação com a cultura. O simples fato de a criança estar inserida em um contexto A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

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Page 1: A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA ......6 A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL pensar, sentir, fazer e de seus processos de constituição de suas

Júlia Afonso Pimentel Guimarães

RESUMO

Este artigo examina a importância das brincadeiras para o desenvolvimento da criança e para a atuação do psicoterapeuta com crianças. Optou-se por direcionar as reflexões, especificamente, para a brincadeira de faz de conta, adotando-se a perspectiva da teoria do desenvolvimento cultural da criança de Lev Semionovitch Vigotski. Para ampliar a discussão sobre o uso dessa brincadeira na clínica, foram realizadas entrevistas com três psicólogas que atuam no atendimento a crianças. Com as entrevistas realizadas foi possível constatar a utilidade da brincadeira de faz de conta na clínica psicológica. Além de propiciar um momento de acolhimento e escuta, o psicólogo utiliza-se de estratégias lúdicas, como a própria brincadeira de papéis, como um recurso de análise e coleta de informações sobre os conteúdos trazidos pela criança.

Palavras-chave: Brincadeira; faz de conta; psicoterapia.

A experiência do brincar cruza diferentes tempos e lugares, passados, presentes e futuros, sendo marcada ao mesmo tempo pela continuidade e pela mudança. (Borba, 2007).

1 INTRODUÇÃO

As brincadeiras ou jogos são atividades que existem há muitos anos em

nossa vida social, encontram-se enraizados nas culturas e muito presentes no

nosso processo de desenvolvimento individual. Borba (2007) diz que a

brincadeira não nos é dada prontamente, é uma atividade aprendida desde

cedo, decorrente das nossas relações com o outro e com o mundo.

Na infância, as brincadeiras ocupam um espaço privilegiado na vida das

crianças, lapidando seu processo de desenvolvimento e enriquecendo sua

relação com a cultura. O simples fato de a criança estar inserida em um contexto

A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

histórico e social, composto e estruturado por valores, crenças, significados,

linguagens e práticas específicas, faz com que incorpore, de forma única, as suas

experiências e vivências no próprio ato de brincar (Borba, 2007, p.41):

Brincar com o outro, portanto, é uma experiência de cultura e um complexo processo interativo e reflexivo que envolve a construção de habilidades, conhecimentos e valores sobre o mundo. O brincar contém o mundo e ao mesmo tempo contribui para expressá-lo, pensá-lo e recriá-lo. Dessa forma, amplia os conhecimentos da criança

sobre si mesma e sobre a realidade ao seu redor.

No meio científico há um reconhecimento da ideia de que grande parte

das brincadeiras infantis introduzem as crianças nas relações sociais, na

interação com o mundo adulto, ao mesmo tempo em que contribuem para o

desenvolvimento da consciência e da personalidade delas (Marcolino e Mello,

2015).

Na Psicologia, a brincadeira tornou-se fonte importante de pesquisa nos

campos de estudo sobre o desenvolvimento infantil, abarcando diversos

aspectos desse processo dinâmico e as motivações internas para a prática desta

atividade (Cordazzo, Martins, Macarini e Vieira, 2007). Pesquisas discutem a

importância de inúmeras brincadeiras, com objetivos e regras específicas, pois

cada uma delas pode contribuir de forma específica para o desenvolvimento.

Brincadeiras/jogos tem papéis e funções diferentes no desenvolvimento; sua

influência depende da idade pedológica1 da criança e de suas particularidades,

incluindo características do meio social e da hereditariedade (Vigotski, 2018).

No estudo de Cordazzo et al (2007) foi realizado um levantamento

bibliográfico que tinha como objetivo identificar as perspectivas no estudo do

brincar com base em resumos de artigos científicos; em outras palavras, esse

levantamento visava compreender qual lugar era delegado à brincadeira nas

pesquisas científicas. Artigos que datavam de 1980 a 2005 apontaram para o

destaque de estudos sobre uma brincadeira em específico: a brincadeira de faz

de conta.

1 Ao falar sobre idade pedológica, Vigostki (2018) refere-se ao nível de desenvolvimento que a

criança realmente atingiu, o que pode não coincidir com a idade cronológica.

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

Ela é uma atividade bastante estudada no campo da Psicologia,

especialmente no âmbito da perspectiva histórico-cultural, segundo a qual a

brincadeira de faz de conta ou brincadeira de papéis tem como característica

essencial a interpretação de papéis, partindo da criação de um contexto

imaginário elaborado pela própria criança. Ela pode ser realizada

individualmente ou em grupo, possibilitando à criança vivências de situações

não conscientes.

Lev Semionovicht Vigotski trouxe grandes contribuições para a

Psicologia com sua teoria de desenvolvimento cultural da criança e seus

estudos na área da Pedologia que contemplam a brincadeira de faz conta como

a atividade guia do desenvolvimento. Elkonin (1998), seu aluno, baseou-se nas

ideias de seu professor para produzir sua obra Psicologia do Jogo, que aborda o

jogo protagonizado2 como unidade fundamental da brincadeira.

A brincadeira de faz de conta ou jogo protagonizado recebe grande

destaque nos estudos em Psicologia por ser uma atividade muito rica em

conteúdos da própria criança, que também dizem respeito ao contexto social

em que ela se encontra. De acordo com a teoria do desenvolvimento cultural da

criança, o meio ou o contexto social da pessoa é uma das principais fontes do

processo de desenvolvimento de uma criança (Vigotski, 2018). Vê-se, pois, a

importância da brincadeira de faz de conta para o estudo do desenvolvimento,

uma vez que ela é tanto fonte de informação sobre a criança quanto sobre a

situação social em que ela se encontra. No que tange à clínica psicológica, essa

atividade é de uma riqueza ímpar e, por isso, definiu-se como objetivo do

presente estudo investigar o emprego da brincadeira de faz de conta como

recurso do terapeuta na clínica psicológica infantil.

Vigotski (2008) compreende que, por intermédio da brincadeira de

papéis, a criança pode entrar em contato com o que vivencia no seu contexto

real e reconstruir suas experiências de forma ativa pela via da imaginação,

2 Elkonin (1998) utiliza o termo jogo protagonizado para se referir à brincadeira de papéis ou

brincadeira de faz de conta. Essa brincadeira é característica de crianças que se encontram no final da idade pré-escolar e tem como princípio a reconstituição de papéis e das interações com os adultos.

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

visando a satisfazer seus desejos. Para ele, a brincadeira de faz de conta é a

atividade guia do desenvolvimento infantil na idade pré-escolar. Por meio da

brincadeira, principalmente crianças de 3 a 7 anos satisfazem uma série de

impulsos e necessidades que são importantes para o seu desenvolvimento. O

enfoque dado a essa faixa etária é explicado pelo autor por ser uma etapa de

grande mudança no que se refere ao amadurecimento de necessidades. Quando

a criança se encontra na primeira infância, há uma tendência à satisfação e

resolução imediata de seus desejos e, ao atingir a idade pré-escolar, se depara

com impossibilidades reais de que isso aconteça. A brincadeira de faz de conta

surge como forma de atender a essa demanda, pois a vontade de realização

imediata das necessidades presentes na primeira infância se conserva na idade

pré-escolar. (Vigotski, 2008).

O jogo protagonizado ou brincadeira de faz de conta permite à criança

criar uma situação imaginária que lhe possibilita atingir o que, na sua realidade

concreta, já não consegue, a realização de seus anseios e necessidades de forma

imediata (Tunes e Tunes, 2001). As situações imaginárias criadas pela criança

ao brincar, de algum modo, estão relacionadas às vivências dela na realidade

concreta. Do ponto de vista da psicologia histórico-cultural, não existe uma

oposição entre realidade e imaginação na brincadeira, pois a atividade criadora

da imaginação está diretamente relacionada à riqueza e variedade de

experiências acumuladas pelo ser humano (Marcolino e Mello, 2015, p. 465):

“quanto mais rica for a experiência, tanto maior será o material de que dispõe a

imaginação”.

Desconstruindo a visão de que essa atividade promove liberdade

absoluta do comportamento da criança (Vigotski, 2008), é importante indicar a

existência de regras intrínsecas à brincadeira com situação imaginária.

Contudo, essas regras encontram-se ocultas, conforme descreve Vigotski (2008,

p.28):

Se a criança faz o papel da mãe, então ela tem diante de si as regras do comportamento da mãe. O papel que a criança interpreta e a sua relação com o objeto, caso este tenha seu significado modificado, sempre decorrem das regras, ou

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

seja, a situação imaginária, em si mesma, sempre contém regras.

De certa forma, podemos reconhecer que o faz de conta é

fundamentalmente baseado nas interpretações da criança sobre o mundo,

realçadas e enriquecidas pela imaginação e criação únicas de cada uma. Além

disso, também podemos considerar que essa atividade promove certa liberdade

no que diz respeito à expressão de sentimentos, angústias e desejos, pois é

criada pelas crianças, de forma não consciente, para lidar com situações do seu

cotidiano. Prestes (2011, p.4) diz que a criança, “ao criar uma situação

imaginária, desenvolve seu pensamento abstrato, aprende regras sociais e

educa sua vontade”. Além disso, essa atividade guia carrega consigo uma

riqueza de informações sobre a criança, auxiliando muitas vezes a atuação do

psicólogo infantil.

No campo da clínica psicológica infantil, é possível observar e analisar

essa riqueza de conteúdo. Isso pode se dar pelo vínculo próximo entre criança-

terapeuta, permitindo ao profissional ter um olhar mais apurado nas

interpretações de brincadeiras e atividades lúdicas.

O trabalho clínico com base na psicologia humanista, por exemplo,

percebe a psicoterapia como uma prática que possibilita à criança vivenciar e

experienciar certa liberdade e poder de escolha, por meio de um espaço de

escuta, acolhimento, nominação de seus desejos e de respeito à sua

singularidade. Esse espaço é propiciado pelo psicoterapeuta, que deve gerar o

reencontro da criança consigo mesma e a emergência de possibilidades para

que ela possa encontrar recursos para ressignificar seu sofrimento psíquico

(Costa e Dias, 2005).

Além disso, ao observar e participar de uma brincadeira, o

psicoterapeuta infantil consegue obter diversas informações importantes sobre

a criança, assim como pode criar possibilidades de diálogos e diferentes formas

de interação e intervenção. Então, é possível enxergar a brincadeira como uma

abordagem de comunicação com a criança, auxiliando a prática terapêutica,

uma vez que ela “propicia a compreensão de suas lógicas e formas próprias de

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

pensar, sentir, fazer e de seus processos de constituição de suas identidades e

culturas de pares” (Borba, 2007, p.42). É de fundamental importância, contudo,

que, ao usar essa atividade como um recurso terapêutico, o psicólogo não

elimine os requisitos básicos que a configuram como brincadeira. Para Borba

(2007), esses requisitos são: ser livre e espontânea para a criança, partir da

vontade dela e não visar a resultados prévios e determinados.

Para Costa & Dias (2005, p.45), é necessário que o profissional esteja

atento ao seu próprio comportamento dentro da brincadeira, atentando para a

linguagem e os julgamentos, permitindo-se “sair do mundo adulto e

intelectualizado para alcançar o mundo lúdico da criança, com todo seu

simbolismo”, de forma a se abrir aos conteúdos trazidos pela criança, muitas

vezes não verbais, para que ela possa se sentir compreendida. Entretanto, é

importante relembrar que, para Vigotski (2008), a brincadeira não trata

estritamente de simbolismos:

A criança não simboliza na brincadeira, mas deseja, realiza vontades, vivencia as principais categorias da atividade. [...] Ao desejar, a criança realiza; ao pensar, age; a não separação entre a ação interna e a ação externa é a imaginação, a compreensão e a vontade, ou seja, processos internos numa ação externa (p. 33).

O psicoterapeuta se depara com um grande desafio ao tentar se inserir

no mundo de uma criança e permitir ser conduzido por ela juntamente com

conteúdos incrementados pela imaginação. É exigida do terapeuta a habilidade

de aproveitar e criar oportunidades na brincadeira para desenvolver uma

conversação com a criança em torno dos seus interesses, particularidades,

conhecimentos e dificuldades, de modo a gerar alternativas de mudança (Costa

e Dias 2005).

O estudo de caso desenvolvido por Windmöller (2012) é um exemplo da

importância que a brincadeira de faz de conta pode vir a ter para uma criança e

para o seu processo psicoterapêutico. Windmöller (2012) discorre sobre o

atendimento psicoterápico que realizou com Ana, uma criança de quatro anos

que lhe foi encaminhada com uma queixa de ansiedade.

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

A autora relata que, durante as brincadeiras de faz de conta

desenvolvidas durante as sessões, Ana demonstrou regular seu comportamento

de acordo com as vontades da mãe, que parecia educar a filha visando a atender

expectativas sociais. Por exemplo, era vontade da mãe que a filha não se sujasse

ou fizesse bagunça enquanto brincava, o que pode ser observado pela psicóloga

pelas ações de Ana nas brincadeiras. Em algumas brincadeiras, ela interpretou

o papel de mãe exigente e o papel de filha que agia para agradá-la. Entre as

ações da filha estavam: evitar brincar com itens que poderiam sujá-la, organizar

e arrumar a sala da sessão antes de ir embora, e reafirmar-se como uma filha

obediente, organizada e que não fazia bagunça.

Entretanto, no decorrer das sessões a psicóloga percebeu que, em

algumas representações de Ana, ela demonstrou o desejo de contrariar a mãe,

pois, em determinados momentos, ela interpretou a filha que não obedecia e

que fazia bagunça. Esse fato levou Windmöller (2012) a elaborar duas

hipóteses. A primeira delas seria a de que a ansiedade de Ana estaria associada

à quantidade de regras que ela deveria cumprir para ser considerada uma boa

filha, exigências que eram impostas frequentemente pela mãe. A sua segunda

hipótese relacionava a ansiedade ao esforço que a criança fazia para adiar seu

desejo imediato, exposto em algumas situações, de contrariar a mãe: “para

educar a própria vontade, vivenciou seu drama na brincadeira de faz de conta”

(Windmöller, 2012, p. 35).

Uma das conclusões do trabalho de Windmöller (2012) foi a de que essa

atividade pode ser utilizada como recurso para análise em psicoterapia apenas

se a iniciativa de brincar for da criança. Ressaltam-se, assim, os requisitos

básicos apontados por Borba (2007) para empregar o jogo protagonizado como

recurso de análise: ser livre e espontâneo para a criança, partir da vontade dela

e não visar a resultados prévios e determinados.

Pelo que se disse até aqui, vê-se a importância da brincadeira de

desempenhar papéis como fonte de informações para o psicoterapeuta no

processo psicoterápico.

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

2 A BRINCADEIRA DE PAPEIS NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

Para ampliar a discussão sobre a atividade guia do desenvolvimento da

criança, foram entrevistadas três profissionais de psicologia que atuam na

clínica infantil. As participantes são todas mulheres e exercem a profissão há

mais de cinco anos. O primeiro contato com elas estabeleceu-se via rede social,

quando foram informadas dos objetivos da entrevista e convidadas a participar.

Após consentirem, foi marcado o encontro com cada uma, individualmente,

para a realização da entrevista, no local em que escolhessem.

As entrevistas tiveram duração aproximada de 25 minutos. Em todos os

encontros foi discutida a temática proposta, permitindo-se às entrevistadas que

fizessem livremente suas reflexões. Foram-lhes dirigidas as seguintes questões:

1. Você utiliza das brincadeiras de faz de conta como um recurso para sua

prática clínica?

2. De que forma você maneja esse tipo de brincadeira com a criança dentro

do consultório?

3. Em sua opinião, qual a importância dessa brincadeira para a criança?

4. Que tipos de informações podem ser obtidos sobre a criança por

intermédio da brincadeira de faz de conta?

5. De que maneira você usa as informações obtidas na brincadeira com a

criança na psicoterapia?

6. Em sua opinião, como deve ser a postura do psicólogo nas brincadeiras

com a criança?

7. Como deve ser relação terapeuta e criança dentro do consultório, em sua

opinião?

8. Você acredita que a relação da criança com o brincar tem mudado com o

tempo? Se sim, o que mudou? Por quê?

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

3 COMPREENDENDO A BRINCADEIRA E O OBJETIVO TERAPÊUTICO

As três psicólogas expuseram que utilizavam estratégias lúdicas durante

o processo de atendimento às crianças. Entre essas estratégias estão os jogos de

tabuleiro, brinquedos, fantoches, livros infantis, desenhos e a brincadeira de faz

de conta. Entretanto, ao perguntar especificamente sobre esta atividade a uma

das psicólogas, ela não soube identificá-la, confundindo-a com a atividade de

contar histórias. Isso pode indicar que a compreensão das características e

peculiaridades da brincadeira de faz de conta não é necessariamente

compartilhada por todos os psicólogos da área.

Ao explicarem o manejo dessa atividade na psicoterapia, todas as

participantes compartilham da ideia de que toda brincadeira realizada nas

sessões tem algum objetivo terapêutico, dependendo da demanda, da queixa, da

idade e, acima de tudo, da singularidade de cada paciente. Ou seja, a psicóloga

deve desenvolver uma conversação com o paciente em torno dos seus

interesses, particularidades, conhecimentos e dificuldades, de modo a gerar

alternativas de mudança diante do sofrimento por que passa, como ilustrado na

seguinte fala:

É que a brincadeira ela é programada, a brincadeira em psicoterapia ela

tem uma função, ou seja, muitas vezes o psicólogo confunde a brincadeira como

brincar por brincar [...] Então assim, a brincadeira tem que ter um contexto, ou

seja, vou fazer aquela brincadeira com tal objetivo para trabalhar tal tema.

Na fala da psicóloga, é perceptível que ela não se refere especificamente à

brincadeira de faz de conta, como é o caso de outra psicóloga:

Até quando, por exemplo, a criança escolhe uma brincadeira que não fui

eu quem planejei, no set terapêutico, tudo precisa ter um objetivo, um

propósito. Não que eu controle e domine o ambiente; o ambiente é deles, o

processo é deles, eles conduzem o processo, mas eu como terapeuta, eu

aproveito, eu tenho que aproveitar todas as oportunidades para de alguma

maneira eu estar trabalhando aquilo que é importante para eles, não é uma

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

coisa solta. Então, isso é difícil, assim, eles têm o controle do processo, mas eu

vou junto conduzindo para que a gente possa cumprir os objetivos. Não é uma

brincadeira pela brincadeira, não é solto, embora eles tenham liberdade, mas é

uma brincadeira com propósitos específicos que são os objetivos terapêuticos.

Então, a gente vai ajustando e conduzindo.

Como bem pontuado por essa psicóloga, o processo terapêutico é da

criança, o seu espaço, sua liberdade, seus conteúdos e, principalmente, as suas

brincadeiras devem ser respeitadas pelo profissional. O ato de brincar por si só

pode colaborar de infinitas formas para o desenvolvimento da criança, como

ocorreu com a menina Ana (Windmöller, 2012): a brincadeira para ela era um

meio para educar a sua vontade de contrariar a mãe. Ao brincar, tinha a

liberdade de expressar sua angústia e ansiedade em relação às exigências da

mãe e, assim, adiar seu desejo imediato de contrariá-la.

Uma das participantes relatou um caso no qual a criança chegou à sessão

de terapia cansada e indisposta a conversar sobre assuntos que geravam

incômodo e desconforto. Então, ela propôs brincadeiras com a ideia de trazer

relaxamento, como um instrumento para propiciar um espaço para dialogarem

quando ela se sentisse confortável. É possível ressaltar aqui, mais uma vez, o

respeito à criança e ao seu processo. De acordo com a psicologia humanista,

quando é propiciado à criança um espaço em que ela pode vivenciar sua

liberdade de escolha, um espaço de escuta e acolhimento, a brincadeira vem de

forma quase espontânea para a realização do trabalho do profissional de

Psicologia.

4 ANALISANDO OS CONTEÚDOS QUE APARECEM NA BRINCADEIRA

As psicólogas realçaram a grande quantidade de informações que podem

surgir na brincadeira de interpretação de papeis. Ao discorrer sobre as

situações imaginárias, Vigostki (2008) compreendia que estas eram questões

particulares da criança, que correspondiam às suas vivências do meio social,

assim como às suas angústias, anseios e vontades. Contudo, esses conteúdos

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

são incrementados ou modificados pela imaginação e criações da criança e, por

isso, é fundamental desenvolver um olhar cuidadoso ao se analisar as

informações, uma vez que, conforme Marcolino e Mello (2015, p. 465), não há

uma oposição entre realidade e imaginação na brincadeira: “quanto mais rica

for a experiência, tanto maior será o material de que dispõe a imaginação”.

Duas psicólogas, cientes do cuidado que se deve ter ao analisar as

informações provenientes da brincadeira de faz de conta, alertaram que o olhar

técnico e não generalizador é essencial para a atuação do psicólogo com público

infantil, assim como o trabalho simultâneo com a família: É claro que a gente

tem que tomar cuidado para não generalizar, porque ali tem aspectos que são

da criação da criança. Claro que ela pega aspectos da realidade, mas existe aí um

mundo muito grande por trás disso; então, nem tudo o que a criança fala na

brincadeira de faz de conta é o que acontece na realidade. É a criação dela

envolvida ali. A psicóloga deixa claro que as interpretações dos profissionais a

respeito dos conteúdos que aparecem nas brincadeiras devem ser elaboradas

com bastante cuidado, pois nessa atividade aparecem tanto elementos da

realidade da criança quanto elementos criados por ela.

Já outra psicóloga, além de também comentar sobre o cuidado que o

terapeuta deve ter ao interpretar os conteúdos das brincadeiras, expõe a

importância do trabalho conjunto com os pais da criança em atendimento e a

escola na qual frequenta. O trabalho junto aos pais é fundamental para a

psicoterapia infantil, possibilitando ao psicólogo ter um conhecimento sobre a

criança, o que facilita a compreensão e interpretação dos conteúdos trazidos

por ela: Mas você consegue entender muita coisa da criança, do mundo da

criança, só que você tem que tomar muito cuidado, você tem que investigar,

você tem que perguntar para a criança, você talvez tenha que ir lá à escola e

observar ou ir à família e observar, fazer outras sessões talvez com os membros

da família para poder entender quais são os elementos que são da criação da

criança e quais são os elementos que são realmente mais da realidade ali; mas

dá pra você entender muita coisa.

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

5 A CRIANÇA E A BRINCADEIRA

Acerca do papel da brincadeira no desenvolvimento da criança, as

profissionais responderam sobre o rico valor que tem essa atividade, por

exemplo, sua importância para o desenvolvimento do pensamento abstrato, o

que inclui o exercício da imaginação e da capacidade de criação. Também

salientou-se a importância dessa atividade para a criança entrar em contato

com seus sentimentos, vontades, necessidades e angústias de forma indireta ou

até direta. Isso corrobora o que afirmam Costa e Dias (2005): o psicoterapeuta

deve proporcionar, por meio da brincadeira de faz de conta e de outras

atividades lúdicas, o reencontro da criança consigo mesma para que ela possa

encontrar recursos para ressignificar seu sofrimento psíquico. Congruente com

essa ideia, uma psicóloga deixou clara sua opinião sobre a importância da

brincadeira na clínica: Ah, para a criança é de ela tocar e falar de temas

importantes para ela sem lidar diretamente com o discurso adulto, né [...] Então,

por meio do faz de conta, a gente consegue acessar todos esses assuntos de uma

forma indireta e a criança consegue falar daquilo, muitas vezes de forma direta,

e lidar com aquele problema.

Não foi comentada por nenhuma psicóloga a diversidade das influências

da brincadeira de papéis no desenvolvimento da criança. Em outras palavras,

nenhuma profissional ressaltou que o tipo de influência que essa atividade terá

no desenvolvimento depende das particularidades da própria criança, de como

ela vivenciou determinada situação, assim como depende da etapa de

desenvolvimento em que ela se encontra (Vigostki, 2018). As psicólogas

ativeram-se a informar que essa atividade é importante para o

desenvolvimento como um todo, impulsionando aspectos como o pensamento

abstrato, o que inclui o exercício da imaginação e da criação.

6 A BRINCADEIRA FORA DA CLÍNICA

As entrevistas com as psicólogas trouxeram questões relacionadas ao

brincar fora da clínica, contribuindo para o debate acerca da mudança dessa

atividade ao longo dos anos. Uma das psicólogas expôs seu pensamento sobre a

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

instituição escolar como algo que está diretamente ligado ao fato de as crianças

não brincarem na mesma frequência que antigamente, alegando que cada vez

menos elas são incentivadas a brincar de forma livre e espontânea: Primeiro

que eu acho assim, hoje em dia, as crianças são muito dirigidas. Então, elas têm

poucas oportunidades de fazerem brincadeiras livres, criadas por elas mesmas.

Então, elas são muito direcionadas o tempo inteiro, com muitas regras...e até

por que os jogos são direcionados, eles têm regras claras. Então, assim, eu acho

que as crianças têm poucas oportunidades de inventarem as regras, de fazerem

livremente do jeito que elas querem, e isso faz até com que elas tenham

dificuldade nessas brincadeiras. [...] As crianças passam muito tempo na escola,

eu acho que escola é um lugar onde se tem brincadeiras mais estruturadas.

Além da escola, outro elemento reconhecido pela maioria das

profissionais entrevistadas, que também possui uma parcela de

responsabilidade pela mudança no brincar ao longo dos anos, é a tecnologia,

especificamente os jogos eletrônicos. Assim como na escola, é possível perceber

conteúdos estruturados e as excessivas regras inflexíveis nos jogos eletrônicos.

A respeito da mudança da brincadeira, uma psicóloga pontuou: Eu acho que são

muitos fatores, assim...eu acho que, por exemplo, a tecnologia é uma coisa que

pode ter uma participação nisso. Que são brincadeiras que, por

exemplo...games. Você tem etapas a cumprir, assim, tem um processo, tem um

procedimento já estabelecido. Então você cumpre tarefas.

As críticas feitas pelas profissionais dizem respeito ao excesso de tarefas

direcionadas, regras estruturadas que são impostas às crianças, que não deixam

espaço para uma vivência com mínima liberdade. Entende-se que há uma série

de fatores envolvidos na mudança do modo de brincar, e que muitas vezes estes

podem estar fortemente interligados, o que dificulta identificar e separar todos.

Diante das questões trazidas pelas psicólogas, talvez seja possível

considerar que as situações de privação da brincadeira nas escolas, o excesso de

regras inflexíveis e a influência dos jogos eletrônicos resultem em uma futura

dificuldade para a criança desenvolver sua capacidade de imaginar e criar, o

que já é percebido dentro da clínica psicológica, de acordo com as

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A BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA CLÍNICA PSICOLÓGICA INFANTIL

entrevistadas. Porém, esse é um tema muito complexo que exige ainda muitos

estudos e pesquisas com enfoque na escola e na tecnologia em sua construção

no tempo.

7 CONCLUSÃO

Com as entrevistas realizadas foi possível constatar a utilidade da

brincadeira de faz de conta na clínica psicológica. A teoria do desenvolvimento

cultural da criança elaborada por Vigotski entende a brincadeira de papéis

como uma atividade guia do desenvolvimento, daí o porque de sua importância

na clínica psicológica infantil. Além de propiciar um momento de acolhimento e

escuta, o psicólogo utiliza-se de estratégias lúdicas, como a própria brincadeira

de papéis, como um recurso de análise e coleta de informações sobre os

conteúdos trazidos pela criança.

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