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GILSONI MENDONÇA LUNARDI A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE SOB A ÓTICA DE ALUNOS E PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO Criciúma, 2005

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GILSONI MENDONÇA LUNARDI

A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE SOB A ÓTICA

DE ALUNOS E PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO

Criciúma, 2005

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GILSONI MENDONÇA LUNARDI

A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE SOB A ÓTICA

DE ALUNOS E PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO

Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre no Curso de Mestrado em Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense, com área de concentração em Ecologia e Gestão de Ambientes Alterados. Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Milioli

Criciúma, 2005

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LAUDO DE APROVAÇÃO

Banca Examinadora:

________________________________________________________

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Milioli Universidade do Extremo Sul Catarinense

___________________________________________

Dr. Gilson Rocha Reynaldo Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________________

Dr. Álvaro Back Universidade do Extremo Sul Catarinense

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PENSAMENTO

“Apenas quando o homem matar o último peixe, poluir o último rio e derrubar a última árvore, irá compreender que não poderá comer o dinheiro que ganhou!” ����������� ������

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iv

AGRADECIMENTOS

Quando se chega ao final de um trabalho é que se consegue observar a

dimensão do número de pessoas e profissionais envolvidos direta e indiretamente

na realização do mesmo. O que me deixou satisfeito, pois o número de amigos e

conhecidos aumentou à medida que este trabalho foi sendo desenvolvido.

Ao agradecer um ou outro, incorreria no erro de esquecer de alguém,

porém não seria correto também agradecer simplesmente a todos como forma de

gratidão. Na verdade, algumas pessoas se interessaram e participaram de forma tão

efetiva quanto eu nesta atividade.

Agradeço, em especial, a todos os meus familiares, que me incentivaram

a continuar quando pensei várias vezes em desistir.

Aos profissionais do Departamento de Meio ambiente da Prefeitura

Municipal de Tubarão, onde trabalhei durante a realização deste, que muitas vezes

se solidarizaram com minhas angústias e alegrias, reconhecendo a importância

deste trabalho.

Ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar,

pela consideração despensada em relação as minhas solicitações de materiais.

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v

Aos Colégios, alunos e colegas professores, pela paciência e

responsabilidade em responder e devolver os questionários aplicados, e à Gerência

Regional de Educação que os recebia e os enviava a mim.

Fica uma dívida de gratidão e o muito obrigado especial, aos professores

Geraldo Milioli, orientador, e Álvaro Back, pela paciência e incentivo nos momentos

mais difíceis que passei, os quais foram vários.

Aos colegas de curso e professores, por todos os momentos que vivemos.

Foram experiências maravilhosas que contribuíram, e muito, para a realização e

concretização desta dissertação.

E a Deus, por ter dado a força e me acompanhado sempre, nesta

caminhada difícil.

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vi

RESUMO

O presente trabalho descreve as necessidades de uma Região frente à nova forma de analisar as questões sócio-ambientais tendo como unidade de análise a Bacia Hidrográfica e ponto de ligação entre as comunidades, sua complexidade decorrentes das formas de ocupação, o papel do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, com a nova legislação, como Órgão comprometido com as mais variadas atividades nesse universo. O comprometimento da vida no planeta, com a crise dos recursos naturais, fez surgir vários debates em torno da busca de medidas que amenizem os problemas causados pelo desenvolvimento caracterizado pelo comprometimento da sustentabilidade ambiental. Surgem, então, novos conceitos como desenvolvimento sustentável, agenda 21 e educação ambiental como forma de estratégias para alterar os paradigmas existentes dentro da sociedade levando a questão do meio ambiente além do conservacionismo e da ecologia, colocando-o como um problema de toda a humanidade e que para a solução é necessária nova postura das ciências através da interdisciplinaridade. Porém, há comunidades que ainda não alçaram tal entendimento, evidenciando, desse modo, que precisam mudar seus conceitos. Considerando os diversos questionamentos do ponto de vista econômico, social, cultural, ambiental, entre outros, o presente trabalho apontou na direção da pesquisa qualitativa. Feito a pesquisa de campo dentro das unidades de ensino das 5 Sub-Bacias Hidrográficas teve-se a noção de como as questões sócio-ambientais estão sendo trabalhadas nas escolas juntamente com os professores através dos seus programas de ensino e das aulas propriamente ditas, e a participação dos atores sociais ligados diretamente nestes trabalhos. A partir dos dados coletados, e concluído o trabalho, foram feitas recomendações para que os novos conceitos sejam trabalhados e entendidos, buscando a formação de indivíduos comprometidos com a qualidade de vida, que sejam críticos e participativos face ao contexto no qual se inscrevem. Palavras-chave: Bacia hidrográfica, Educação ambiental, Desenvolvimento sustentável

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vii

ABSTRACT

The present study describes the need of region space that has as community of analysis its hydrographic basin, towards a renewed way to analyze the socio-environmental issues and the community link point of hydrographic basin state, its complexity caused by different occupation patterns and the role of River Tubarão hydrographic basin and lake complex committee, together with budding law and as an organ committed to different activities in this field. The impairment of Planet`s living conditions with natural resources crisis, has brought about several debates around the world on the search of measures to mild the problems caused by development characteristic of impairment of environmental sustainability. New concepts arouse such as sustainable development, 21th Agenda and ambient education as a strategy pattern to change paragons adopted by society as (….) “able” to take environmental capacity beyond conservation and ecological view, putting as a mission problem of society by all, demanding new posture of scientific approach through interdisciplinarity. However, they did not reach the several and specific societies that urge to rebuild concepts in practice. The field research inside units of teaching from five subhydrographic basins occurred in the spot, give idea of how the socio-environmental subjects have been worked in schools taking teachers in participations by their programs, and teaching itself and participation of social actors inserted in those works. As conclusion from the joined data and perfomed a conclusion of work, it was recommended suggestions of pointing out and enlarge understanding of new concept, searching the formation of an individual committed to life quality, and questioning and active, in the context he belongs to.

Key words: Hydrographic basins; Ambient education; sustainable development

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viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Atividades econômicas desenvolvidas pelos municípios em suas respectivas sub-bacias ........................................ 35

Tabela 02 – Distribuição espacial dos atores sociais investigados............................96

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Distribuição do uso atual do solo e cobertura vegetal

Identificado na bacia.... .........................................................................................41 Gráfico 02 - Principais problemas..............................................................................42

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ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – O ciclo da água..................................................................................... 15 Figura 02 – Divisão hidrográfica nacional..................................................................25 Figura 03 – Região Hidrográfica do Atlântico Sul.......................................................27 Figura 04 – Bacias hidrográficas catarinenses......................................................... 30 Figura 05 – Bacias hidrográficas e principais sedes municipais no Sul de SC........ 31 Figura 06 - Sub-Bacias Hidrográficas do Rio Tubarão............................................. 36 Figura 07 - Rizicultura Região do Centro de Tubarão........................................................ 37 Figura 08 - Região do Km 63. Tubarão - SC............................................................. 43 Figura 09 - Desmatamento da Mata Atlântica........................................................... 44 Figura 10 - Fotografia dos participantes do Curso Gestão de Recursos Hídricos, realizado em Gravatal (SC)..................................................... 73 Figura 11 - Desenho vencedor do concurso realizado na 1ª Semana da Água........ 74 Figura 12 - Foto de Passeata realizada na 1ª Semana da Água............................. 74 Figura 13 - Produção de mudas nas escolas.............................................................91 Figura 14 - Encontro do GEAMB em Anitápolis (SC)................................................92 Figura 15 - Encontro do GEAMB em Pedras Grandes (SC)..................................... 93

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x

SIGLAS E ABREVIATURAS

ABRH-SC - Associação Brasileira de Recursos Hídricos

ACCS - Núcleo Regional da Associação Catarinense de Criadores de Suínos

ACEIE - Associação Catarinense de Estabelecimentos com Inspeção Estadual em

Produtos de Origem Animal

ACIL - Associação Comercial e Industrial de Laguna

ACIM - Associação Comercial e Industrial de Imbituba

ACIO - Associação Comercial e Industrial de Orleans

ACIT - Associação Comercial e Industrial de Tubarão

ACIVALE - Associação Comercial e Industrial do Vale

ADOCOM - Associação dos Consumidores

AFUBRA - Associação dos Fumicultores do Brasil

ALESC - Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina

AMREC - Associação de Municípios da Região Carbonífera

AMUREL – Associação dos Municípios da Região da Laguna

APIT - Imprensa - Associação dos Profissionais de Imprensa de Tubarão

ÁREA - Associação dos Engenheiros e Arquitetos

CASAN - Companhia Catarinense de Águas e Saneamento

CDL - Câmara dos Dirigentes Lojistas de Lauro Muller

CEAM - Centro de Educação Ambiental

CELESC - Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A

CIDASC - Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina

CINCRES - Centro Integrado de Ciências da Região Sul

CPPA - Companhia de Polícia de Proteção Ambiental

CPRH – Conselho Pernambucano de Recursos Hídricos

CRE - Secretaria do Estado da Educação e do Desporto

CREA -Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura

EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

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xi

EPT - Engenharia, Projetos e Tecnologia

FATMA - Fundação do Meio Ambiente

FEHIDRO - Fundo Estadual de Recursos Hídricos

GEASC - Grupo Ecológico Ativista Sul Catarinense

GERASUL - Centrais Geradoras do Sul do Brasil

GRANFPOLIS - Associação de Municípios da Grande Florianópolis

GRUPERH - Grupo de Pesquisa de Recursos Hídricos

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

MEC – Ministério da Educação e Cultura

MOVET - Movimento Ecológico Tubaronense

ONU – Organizações das Nações Unidas

PRONEA - Programa Nacional de Educação Ambiental

RH9 - Região Hidrográfica Sul Catarinense 9

SALISC -Sociedade Amigos da Lagoa de Imaruí

SDS - Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente

UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina

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xii

SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................VI

ABSTRACT...............................................................................................................VII

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................VIII

LISTAS DE TABELAS e GRÁFICOS........................................................................IX

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.....................................................................X

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................01 1.1 Objetivos ............................................................................................................05 1.2 Justificativa ........................................................................................................ 06 1.3 Estrutura da dissertação ................................................................................... 10 2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 12 2.1 Recursos Hídricos..............................................................................................12 2.1.1 As dimensões e os valores da água .............................................................. 15 2.1.2 Pricipio de Dublin...............................................................................................17 2.1.3 Bacias hidrográficas......................................................................................... 21 2.1.4 Divisão Hidrográfica Nacional...........................................................................24 2.1.5 Bacias hidrográficas catarinenses .................................................................. 25 2.1.6 Gestão dos recursos hídricos no estado.......................................................... 27 2.1.7 Regiões hidrográficas Catarinenses..................................................................28

2.1.8 Bacia hidrográfica do Rio Tubarão e complexo lagunar ................................ 30 2.1.9 Contextualização histórica................................................................................ 33 2.1.10 Sub-bacias hidrográficas................................................................................ 34 2.1.11 As emergências ..............................................................................................37 2.1.12 Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar..............44

2.2 Desenvolvimento Sustentável ....................................................................... 50 2.2.1 Contextualização ........................................................................................... 51 2.2.2 Visão contemporânea: conceitualização ....................................................... 52 2.2.3 Preocupações mundiais ................................................................................ 57 2.2.4 Agenda 21.........................................................................................................67

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xiii

2.2.5 Ações do Comitê Tubarão .............................................................................. 70 2.3 Educação Ambiental ....................................................................................... 76

2.3.1 Histórico da educação ambiental ................................................................76 2.3.2 As dimensões da educação ambiental ............................................................79 2.3.3 A educação ambiental no Brasil .................................................................... 85

2.3.4 Educação ambiental no ensino ....................................................................87 2.3.5 Educação ambiental em Santa Catarina ........................................................ 89

2.3.6 O grupo de educação ambiental da bacia – GEAMB ................................ 93 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................95 3.1 Unidade de análise ...........................................................................................95 3.2 Natureza da pesquisa .................................................................................... ..96 3.3 Coleta de dados ............................................................................................... 98 3.4 Pesquisa de campo ..........................................................................................99 3.5 Organização e análises dos dados .............................................................. 100 3.6 Limitações do estudo .....................................................................................101 4 ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................103 4.1 Resultados obtidos junto aos professores ................................................ 103 4.1.1 Conhecimento sobre a bacia hidrográfica .................................................... 103 4.1.2 Dos problemas sócio-ambientais ................................................................. 110

4.1.3 Educação ambiental ................................................................................... 115

4.1.4 Desenvolvimento sustentável ................................................................... 120 4.2 Resultados obtidos junto aos alunos .......................................................... 127

4.2.1 Conhecimento sobre a Bacia Hidrográfica .........................................127 4.2.2 Dos problemas sócio-ambientais na Bacia do Rio Tubarão ........................ 134

4.2.3 Educação Ambiental .................................................................................. 138

4.2.4 Desenvolvimento Sustentável ................................................................... 142 4.3 Analise comparativa entre os resultados......................................................149 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................. 151 5.1 Conclusões...................................................................................................... 151 5.2 Recomendações ............................................................................................ 154 REFERÊNCIAS ......................................................................................................156 ANEXO.................................................................................................................... 166 Anexo A – Mapa da Região Hidrográfica do Sul Catarinense (RH9).......................166 Anexo B - Conhecendo a Agenda 21 da Bacia do Pirapama...................................171 Anexo C – Informativo – Comitê Tubarão................................................................173

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xiv

Anexo D – Caderno Conheça Mais Sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar – SC.................................................................176 Anexo E– Modelo de Projeto de Lei para Instituir a Semana da Água nos Municípios da Bacia.........................................................................................179 Anexo F – Programa das Disciplinas Curriculares que Incluem Educação Ambiental..................................................................................................................181 Anexo G – Mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegetal............................................189 APÊNDICE...............................................................................................................171 Apêndice 1– Questionário aos Professores.............................................................171 Apêndice 2 – Questionário aos Alunos....................................................................177

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1

INTRODUÇÃO

Inserida na Região Hidrográfica Sul Catarinense – RH9, a Bacia

Hidrográfica do Rio Tubarão nasce na encosta da Serra Geral (confluência dos Rios

Bonito e Rocinha). Apresenta um conjunto lagunar composto pelas Lagoas Santo

Antônio dos Anjos, Imaruí e Mirim, e é formada pelos Rios Rocinha, Bonito, Oratório,

Capivaras e Hipólito. Percorrendo uma distância de 120 km, o Rio Tubarão

desemboca no município de Laguna, que o liga ao Oceano Atlântico pela Barra de

Laguna.

Segundo o diagnóstico geral sobre as bacias hidrográficas catarinenses,

estabelecido em 1997 pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado Santa Catarina,

atualmente a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar está situada

em décimo lugar dentre as mais poluídas do Brasil, constituindo uma das três

regiões consideradas críticas no Estado.1 Atualmente, esta Bacia Hidrográfica

compreende 21 municípios, os quais computam uma população de 354.473

habitantes2, sendo que dentre estes o município de Tubarão se destaca em tamanho

populacional, com 89.338 habitantes3, sendo favorecido por um rico sistema hídrico4.

1 SANTA CATARINA. Secretaria do Estado de Meio Ambiente. Bacias hidrográficas de Santa

Catarina: diagnóstico geral. Florianópolis: SDM, 1997, p. 25. 2 EPT – Engenharia. Plano Integrado dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e

Complexo Lagunar. Porto Alegre: EPT, 2002, v. 1, t. 1. 3 EPT – Engenharia, 2002, v. 1, t. 1. 4 Ver anexo A – Mapa da Região Hidrográfica do Sul Catarinense (RH9).

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2

A Região apresenta complexa relação do homem com o meio, através da

diversidade das atividades econômicas e sua implicação direta com a questão

ambiental. Tais aspectos caracterizam a ocupação humana ao longo do Rio e

revelam a utilização e a exploração do meio de forma irracional, acarretando

problemas que comprometem a qualidade de vida local.

O processo de degradação ambiental da Bacia do Rio Tubarão vem

chamando a atenção dos habitantes desta região. Isso porque, ao longo de sua

ocupação, o homem tem utilizado maneira desordenada os recursos ambientais.

A colonização dessa começou, aproximadamente há 400 anos, com os

portugueses, que ocuparam inicialmente o Complexo Lagunar, fundando a Vila de

Laguna, a qual se tornou pólo de colonização do Estado do Rio Grande do Sul,

litoral de Santa Catarina (Garopaba a Torres) e Planalto Serrano Catarinense.

Os povos indígenas que habitavam as margens do Complexo Lagunar

pertenciam à tribo dos Carijós, quase totalmente extintos pelas campanhas de

extermínio efetuadas pelas autoridades com a justificativa de proteger os novos

colonizadores europeus.

A entrada de imigrantes para ocupar esta Região representou, no início,

uma relação de domínio e exploração da natureza frente à nova terra que lhes foi

dada, implementando, desse modo, sua cultura, seu modo de produção e suas

tradições.

Com o desenvolvimento local, a primeira etapa do processo de

degradação ambiental teve início com o desmatamento da vegetação ciliar que

protege as margens dos rios do processo de erosão, para exploração e ocupação do

solo.

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3

A segunda etapa iniciou-se com a exploração e o beneficiamento do

carvão mineral, a implantação da Ferrovia Dona Tereza Cristina, em 1884,5 e com a

intensificação das atividades agropecuárias, que utilizam como meio de diluição dos

efluentes, dejetos e resíduos, a própria rede hidrográfica. Nessa etapa, destaca-se

também a disposição final inadequada desses resíduos e dejetos no solo, sem

alguma medida de proteção à saúde pública e ao ambiente, que podem provocar a

proliferação de doenças, a poluição do solo, das águas superficiais e subterrâneas.

A terceira etapa desse processo ocorreu através da instalação do

Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em 19656, situado no atual município de

Capivari de Baixo, com utilização da planície próxima ao estuário do Rio Capivari,

para depósitos das cinzas e dos finos do carvão, sendo fontes de poluição contínua

(hídrica e atmosférica).

Por fim, a quarta fase deu-se em função da expansão da suinocultura, a

utilização das planícies inundáveis para a rizicultura, o destino inadequado dos

resíduos sólidos urbanos e hospitalares.

Ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão, há o desenvolvimento de

atividades econômicas do setor primário, secundário e terciário, com uso dos

recursos naturais, originando um passivo ambiental e comprometendo a sua

sustentabilidade.

Surgiram, nesse contexto, conflitos ambientais, advindos das atividades

acima elencadas, dentre os quais destacam-se:

5 VETTORETTE, Amádio. História de Tubarão: das origens ao século XX. Tubarão: Prefeitura

Municipal de Tubarão, 1992, p. 195. 6 Ibid, 1992, p. 216.

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4

• A escassez da pesca, no estuário do Rio Tubarão, provocada pela

mudança das características físico-químicas da água e também pela pesca

predatória, os quais tornaram o Complexo Lagunar insustentável.

• A poluição hídrica e atmosférica provocada pelas atividades da usina

termelétrica do município de Capivari de Baixo.

• Na cidade de Tubarão e nas planícies alagadas ao longo do seu Rio, a

prática intensiva da rizicultura com acentuada utilização de agrotóxicos, como

também outras culturas.

• A montante, nos diversos municípios, a atividade da suinocultura, com

seus dejetos lançados nos cursos d’água, os quais têm causado impactos

ambientais.

• O despejo dos resíduos sólidos urbanos e hospitalares que, por não

terem destinação adequada, comprometem a qualidade da água da região, pois o

chorume e a sua lixiviação pelas águas da chuva contribuem para o contaminação

dessas por substâncias químicas nocivas.

• A carência de políticas de educação ambiental, em nível de região

hidrográfica, faz com que os programas se espalhem no universo da bacia e não

alcancem os objetivos de sustentabiladade.

A degradação ambiental decorrente de atividades dos setores industriais

instalados na região, da devastação da Mata Atlântica e do uso inadequado do solo

se intensificou com o aumento da população, concorrendo para o desequilíbrio do

ambiente.

Diante dessa situação, pretende-se buscar novas formas de compreensão

acerca dos problemas sócio-ambientais desta Região, observando-se as seguintes questões:

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5

- Como se constitui historicamente a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão?

- Como se dinamizaram os aspectos sócio-culturais e sócio-econômicos

na referida Bacia?

- Quais os principais impactos sócio-ambientais?

- Quais as iniciativas do poder público para gestão da Bacia Hidrográfica

do Rio Tubarão?

- Qual contribuição pode oferecer a educação ambiental para a gestão de

bacias?

- Qual a percepção e a importância da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão

para professores e alunos do Ensino Médio das redes pública e particular na região

de influência?

Segundo o magistério de Pelizzoli “o problema agora está em conciliar o

nosso modo de desenvolvimento com a sustentatibilidade sócio-ambiental”7. Através

da educação e da visão reducionista ou cartesiana através da qual aprendemos a

observar o mundo e, por conseguinte, o meio ambiente, é pouco provável que se

construam novos valores capazes de reverter o modelo de desenvolvimento

vigente.8

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Identificar a importância da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão perante a

comunidade, professores e alunos do ensino médio, da área de influência;

7 PILIZZOLI, M. L. A emergência do paradigma ecológico: reflexões ético-filosóficas para o século

XXI. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 64. 8 Ibid, 1999, p. 65.

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6

1.1.2 Objetivos Específicos

- Avaliar a política de gestão governamental para a Bacia Hidrográfica do

Rio Tubarão e Complexo Lagunar.

- Analisar a amplitude dos impactos sócio-ambientais na Bacia

Hidrográfica do Rio Tubarão.

- Contribuir, a partir da educação ambiental, para a sustentabilidade da

Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar.

1.2 Justificativa

Diante das evidências que a atuação do homem interfere nas relações

ambientais, surge a necessidade de uma nova análise às atividades humanas.

Percebe-se que mudar conceitos já adquiridos implica conseqüências. Desse modo,

a relevância deste trabalho reside na busca de contribuição à compreensão do

ambiente, com vistas a garantir a sobrevivência e a qualidade de vida das gerações

presentes e futuras, inserindo uma proposta educativa planejada e sistemática nas

atitudes e na visão de novos conceitos que impliquem a complexidade do ambiente.

Para Leff, a problemática ambiental, chamada por ele crise de civilização,

gerou mudanças globais, interferindo diretamente na sustentabilidade dos

ecossistemas, junto a essa crise existe a necessidade de interferir nos processos de

desenvolvimento e na forma de conhecimento, exigindo visão sistêmica do que se

chama ambiente.9

Tucci diz que:

9 LEFF, Henrique. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001, p. 59.

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[...] o processo de urbanização tem acontecido com impactos significativos sobre o ambiente e sobre a população, devido à falta de sustentabilidade do processo e de ações públicas. Os principais impactos têm sido: • contaminação dos mananciais urbanos, com redução da disponibilidade hídrica; • falta de tratamento e disposição adequada de esgoto sanitário, industrial e de resíduos sólidos; • aumento das inundações e contaminação devido à drenagem urbana; • ocupação de áreas de risco de inundação.10

As bacias hidrográficas desempenham verdadeiro papel de destaque no

que diz respeito à gestão ambiental. No caso deste estudo, é no âmbito da bacia

hidrográfica que ocorrem o desenvolvimento econômico e social, a manifestação

cultural e a atuação política das comunidades (atores sociais) que vivem na região e

imprimiram à mesma determinada feição, refletindo o modo de ocupação e as

características de sua origem.

No contexto da Bacia Hidrográfica em estudo, o Comitê desempenha

papel fundamental, o que veio a ser fortalecido pela nova Política Nacional de

Recursos Hídricos, através da Lei nº 9.433, de 08/01/97, passando a representar um

marco institucional no País, através de um modelo de gestão descentralizada, com

ênfase ao desenvolvimento sustentável.

A sociedade, por sua vez, absorveu as mudanças no ambiente, as quais

estão colocando em risco a própria qualidade de vida. A sustentabilidade virá com a

vontade do homem ou não, por tratar-se de necessidade que impõe novas formas

de consumo, de produção e de ensino.

Nesse alinhamento é que a educação ambiental e a forma de

entendimento sobre o desenvolvimento sustentável nas comunidades vão muito

além de clubes de ciências, de ecologia, de hortas, de programas de reciclagem,

10 TUCCI, Carlos E. Morelli. Desafios em recursos hídricos. In: PHILIPPI JÚNIOR, Arlindo; TUCCI,

Carlos E. Morelli; HOGAN, Daniel Joseph. Interdisciplinaridade em ciências ambientais. São Paulo: Signus, 2000, p. 264.

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que são atividades que devem ser encaradas como motivadoras de um processo

maior, pois nelas residem a diferença entre a ecologia e a forma de se entender a

educação ambiental, haja vista nelas estarem incluídas as questões sócio

ambientais e as inter-relações, devem ser trabalhadas de modo a contribuir para

repensar a sociedade em seu conjunto e não apenas em conservar e proteger a

natureza.11

Há vários entendimentos sobre o que é desenvolvimento sustentável, o

que amarra a educação ambiental à discussão dos limites e à possibilidade de se

adotar o tipo de desenvolvimento sustentável, pois os modelos e as diferenças

existem e precisam ser discutidos e conhecidos.

A crise ambiental não é uma crise ecológica, já que se constitui

fundamentalmente em problemas de conhecimento. O que se tem carência é de

políticas ambientais que passem por políticas de conhecimento e também pela

educação. Valorizar a complexidade ambiental não constitui um problema de

aprendizagem do meio e sim de conhecimento sobre o meio.12

Por outro lado, afirmar a dimensão política da educação não é

propriamente uma novidade, ao contrário, resgata uma tradição, sendo que isso se

aplica ao contexto regional da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo

Lagunar. Destarte, é interessante observar que hoje os educadores têm à disposição

uma diversidade de recursos materiais, tecnológicos e humanos capazes de auxiliar

na transformação da realidade local, conduzindo a situação regional de um para

outro nível superiormente aquilatado.

Para Philippi Júnior e Tucci:

11 ZEPPONE, Rosimeire Maria Orlando. Educação ambiental: teoria e práticas escolares.

Araraquara: JM, 1999, p. 19. 12 LEFF, Henrique. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001, p. 217.

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A percepção de que a gravidade sentida dos problemas ambientais exige urgência para o seu enfrentamento leva a, pelo menos, duas constatações centrais: o conhecimento sobre o funcionamento dos sistemas naturais e suas relações com os sistemas sociais e econômicos é considerado claramente insuficiente, e são precários os mecanismos institucionais necessários para oferecer respostas às questões ambientais colocadas.13

A questão ambiental transformou-se num campo de estudo das mais

diferentes áreas, com enfoque sistêmico para novas políticas e mudanças nos

mecanismos econômicos e nas formas de poder. Na perspectiva de

desenvolvimento sustentável na Bacia Hidrográfica em questão, o trinômio sócio-

econômico-ecológico necessita ser apoiado em visão política e gerencial. Este

entendimento de desenvolvimento exige nova visão dos atores sociais nela inseridos

e políticas públicas que orientem e incentivem a participação da sociedade civil, da

iniciativa privada, do Comitê Tubarão e do poder público, nas decisões e no

acompanhamento da dinâmica dos processos educativos que visem a melhoria da

qualidade de vida local.

Através da revisão da literatura e dos resultados da pesquisa de campo,

será formalizado um novo documento segundo o qual o desenvolvimento

sustentável e a educação ambiental contribuam para a qualidade de vida da Região.

E que o desenvolvimento econômico seja processado dentro de novas dimensões e

de novos paradigmas, segundo os quais a relação com o ambiente não deixe de ser

considerada como unidades interligadas, e que se considere a Bacia Hidrográfica do

Rio Tubarão e Complexo Lagunar como Região de análise.

13 PHILIPPI JÚNIOR, Arlindo; TUCCI, Carlos E. Morelli; HOGAN, Daniel Joseph. Uma visão atual e

futura da interdisciplinaridade em C & T ambiental. In: _____. Interdisciplinaridade em ciências ambientais. São Paulo: Signus, 2000, p. 270.

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10

1.3 Estrutura da Dissertação

Este estudo está estruturado em sete capítulos, sendo que cada um deles

apresenta as seguintes finalidades:

Capítulo 1 - Buscou-se estabelecer os limites desta pesquisa, apresentar

suas intenções e os justificando a importância deste trabalho.

Capítulo 2 – O referencial teórico dividido em Recursos hídricos,

Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental, numa perspectiva sócio-

ambiental educativa, para a Bacia Hidrográfica. O acervo revisado e discutido

reporta-se à caracterização da região em estudo, situando-a no contexto do padrão

de desenvolvimento assumido pela mesma.

Capítulo 3 – O plano metodológico da pesquisa qualitativa adotou

critérios de pesquisa bibliográfica e de pesquisa de campo, sendo que no segundo

caso, foram aplicados questionários quanti-qualitativos a professores e alunos

pertencentes à Região da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar.

Capítulo 4 – Esse capítulo apresenta os dados e também os resultados

coletados nas escolas junto aos seguimentos de professores e aluno do ensino

médio de 10 municípios da Bacia Hidrográfica e Complexo Lagunar, buscando-se,

dessa formar, alcançar o entendimento que os referidos atores têm a respeito dos

problemas sócio-ambientais da região na qual se inscrevem.

Capítulo 5 – Enseja retomada da importância do tema, avalia o trabalho

e observa o sistema a que ele se propõe a desenvolver.

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11

De outro lado, conclui acerca dos objetivos anteriormente apresentados,

especialmente no que pertine ao atingimento dos mesmos, e sobre a resolução dos

problemas de pesquisa levantados.

A essa última parte, cumpre, também, recomendações e mostrar

caminhos, observando a necessária sintonia com os novos paradigmas e o

estabelecimento de intercâmbios, enquanto fonte de promoção do aprendizado

socioeconômico cultural e ambiental.

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12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Os Recursos Hídricos

Entender a complexidade dos organismos vivos é fundamental para o

desenvolvimento das atividades relacionadas aos recursos naturais. É neste

contexto que os recursos hídricos despontam como um dos principais bens naturais,

requerendo, portanto, uso racional para que haja sustentabilidade dos ecossistemas.

Para Brüseke “A economia depende da natureza”14 e isto implica

diretamente no modelo de desenvolvimento vigente e na população, o que coloca a

corrente ecológica e o desenvolvimento sustentável em questão a ser completada

com os economistas e com os políticos. O atual modelo de desenvolvimento, põe em

risco a complexidade dos ecossistemas e não permite prever o que pode acontecer

dentro deles.15

Segundo a ONU:

A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.16

14 BRÜSEKE, Franz Josef. A lógica da decadência; desestruturação sócio-econômica o problema

da anomia e o desenvolvimento sustentável. Belém: Cejup, 1996, p. 201. 15 Ibid, 1996, p. 201. 16 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS apud AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 1997, p. 30.

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13

A expressão recursos hídricos, segundo Feldmann, é usualmente

associada à parcela da água possível de ser utilizada pelo homem.17 No entanto,

teoricamente todas as águas da terra também poderiam ter o mesmo fim, sendo que

para isso seria necessário torná-las potáveis, o que, em certos casos, implicaria

retirar os sais dissolvidos na água. Porém, com a tecnologia atual disponível para

tanto, torna-se inviável devido aos custos elevados de processamento.

O grande desafio dos gestores é enfrentar o aumento da demanda pela

água, em uma sociedade que cresce cada vez mais e vive concentrada em grandes

centros urbanos e industriais. Os maiores problemas que envolvem esta questão são

a poluição e a escassez. A premissa é de que a poluição e a diminuição da

quantidade das águas em determinadas regiões decorrem, basicamente, do uso

inadequado da terra, da ineficiência de políticas públicas (não cumprimento da

legislação), da falta de consciência da população no sentido de prevenir a poluição.

Essa substância conhecida como solvente natural, essencial para o

desenvolvimento das atividades mais básicas dos seres vivos e para tantas

finalidades diferentes, é resultado da combinação de dois gases incolores,

hidrogênio e oxigênio.

Dentro de suas funções químicas e biológicas, a água também compõe os

lugares mais belos da natureza e junto com as formas físicas da massa geológica e

dos vegetais formam cenários agradáveis aos sentidos e à imaginação. Sem água

não existe vida. Ela é responsável pelo equilíbrio da comunidade vida, da qual nós,

seres humanos, fazemos parte.

Para Tucci, a hidrologia trata os recursos hídricos dentro dos diversos

cenários, não mais só da qualidade e quantidade, de forma limitada e de seu uso

17 FELDMANN, F. O gerenciamento dos recursos hídricos e o mercado de águas. Brasília:

Ministério da Integração Regional, 1994, p. 22.

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14

exclusivo para a engenharia, como parte da hidráulica. Hoje a hidrologia é entendida

como ciência interdisciplinar.18

Todas as atividades humanas dependem da água. Toda pessoa deve ter

água potável em quantidade suficiente, com custo acessível e fisicamente

disponível, para uso pessoal e doméstico, conforme previsto na legislação brasileira

e na Agenda 21.

Cuidar dela é uma questão de sobrevivência; depende da decisão e da

ação de cada pessoa, comunidade e da sociedade em geral. Somente com

sensibilidade, criatividade, determinação e participação, será possível construir as

respostas técnicas, científicas, ecológicas, sociais, políticas e econômicas para a

gestão da água na perspectiva do desenvolvimento sustentável, com inclusão social

e justiça ambiental.

A dinâmica da água no planeta acompanha aquilo que chamamos ciclo

hidrológico ou ciclo da água (figura 1). Esse ciclo caracteriza-se pelo movimento

constante da água e por sua passagem por diferentes estados físicos (sólido, líquido

e gasoso), dependendo da maior ou menor quantidade de energia (calor) que a

Terra recebe do Sol.

18 JÚNIIOR PHILIPPI, Arlindo; TUCCI, Carlos E. Morelli; HOGAN, Daniel Joseph.

Interdisciplinaridade em ciências ambientais. São Paulo: Signus, 2000, p. 254.

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15

Figura 01 – O ciclo da água. Fonte: PERNAMBUCO. Águas do Pirapama: fonte de vida e desenvolvimento.

Recife: CPRH, 2000, p. 13.

2.1.1 As dimensões e os valores da água

Cada sociedade tem uma relação peculiar com a água e os demais

recursos naturais, que reflete a diversidade de valores e de experiências

acumuladas.

Como referência cultural e social, a água encontra grande expressão nas

artes, nas religiões, na mitologia, no folclore, na ciência e na política.

Ela pode constituir recursos limitantes ou indutores do processo de

desenvolvimento econômico social de determinada área, e sua gestão pode interferir

no uso e na ocupação do solo, e no desenvolvimento de uma região ou nação.

A conservação e as formas de uso da água têm forte relação com

questões de gênero. São as mulheres que, na maioria das vezes, lidam com ela no

espaço doméstico, controlando seu uso e cuidando da manutenção de sua

qualidade. Preliminarmente, a preocupação com os recursos hídricos atingiu

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16

dimensões internacionais, chamando atenção para a necessidade de reforma e

modernização de sua gestão na Conferência das Nações Unidas sobre a Água,

realizada em Mar del Plata, no mês de março de 1977, cujo Plano Ação

recomendava, dentre outras que:

Cada país deve formular e analisar uma declaração geral de políticas em relação ao uso, à ordenação e à conservação da água, como marco de planejamento e execução de medidas concretas para a eficiente aplicação dos diversos planos setoriais. Os planos e políticas de desenvolvimento nacional devem especificar os objetivos principais da política sobre o uso da água, a qual deve ser traduzida em diretrizes e estratégias, subdivididas, dentre do possível, em programas para o uso ordenado e integrado do recurso.19

Mundialmente, a visão brasileira sobre a gestão das águas20 em 1934, é

respalddado na Declaração de Dublin, evento preparatório para a Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro. A

Conferência Internacional sobre Águas e Meio Ambiente em Dublin21, realizada em

janeiro de 1992 constitui um marco na modernização dos sistemas de gestão.

A Declaração de Dublin destaca:

A escassez e o desperdício da água doce representam sérias e crescentes ameaças ao desenvolvimento sustentável e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem-estar do homem, a garantia de alimentos, o desenvolvimento industrial e o equilíbrio dos ecossistemas estarão sob riscos se a gestão da água e do solo não se tornem realidade na presente década, de forma bem mais efetiva do que tem sido no passado.

2.1.2 Princípio de Dublin

19 AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. A evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil.

Brasília: ANA, 2002, p. 54. 20 “A Lei de Direito da Água do Brasil é o Código de Águas de 10 de junho de 1934 que, apesar de

seus mais de 60 anos, ainda é considerada pela doutrina jurídica como um dos textos modelares do direito positivo brasileiro.” BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Educação ambiental. p. 259.

21 ANA, 2002, p.56

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17

Durante a Conferência de Dublin foram estabelecidos os seguintes

princípios:

• As águas doces são um recurso natural finito e vulnerável, essencial

para a sustentação da vida, do desenvolvimento e do meio ambiente. A gestão da

água deve ser integrada e considerada no seu todo, quer seja a bacia hidrográfica

e/ou os aqüíferos.

• As mulheres têm um papel central na provisão e proteção da água.

Com bases nesses princípios fortaleceu-se na população a necessidade

de se preocupar e de legalizar o uso e os cuidados com a água, através da

educação e de legislação específica.

Em 1995, em meio à tramitação do projeto de lei federal sobre recursos

hídricos, é criado o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da

Amazônia legal e, neste, a Secretaria de Recursos Hídricos.

No Brasil, em 8 de janeiro de 1997, foi sancionada a Lei 9.433 que definiu

a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de

gerenciamento de Recursos Hídricos.

Todavia, foi com o advento da Constituição Federal de 1988 que surgiu

uma legislação voltada à proteção dos recursos hídricos considerando-o como bem

de domínio público. Essa lei traz como fundamento da Política Nacional de Recursos

Hídricos a conceituação da água como um bem de domínio público, dotado de valor

econômico, cujos usos prioritários são o abastecimento humano e a hidrografia.

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

estabelecido pela Lei 9.433, deve cumprir os seguintes objetivos:

• coordenar a gestão integrada das águas; • arbitrar administrativamente os conflitos ligados ao uso da água;

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18

• planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; • promover a cobrança pelo uso da água.22

De acordo com a lei acima citada, fazem parte do gerenciamento deste

sistema os seguintes órgãos: o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; os

Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; os Comitês de

Bacia Hidrográfica; os órgãos de governo cujas competências se relacionem com a

gestão de recursos hídricos; as Agências de Água.23

De todos os males ambientais, a contaminação das águas é o que

apresenta conseqüências mais devastadoras. Um terço da humanidade vive em

estado contínuo de doença ou debilidade como resultado de suas impureza; outro

terço está ameaçado pelo lançamento de substâncias químicas nelas, cujos efeitos a

longo prazo são desconhecidos24.

No Estado de Santa Catarina, tutelam os recursos hídricos, dentre outros,

os seguintes diplomas legais: Lei n.º 9.022, de 6 de maio de 1993, que dispõe sobre

a instituição, estruturação e organização do Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos e Lei n.º 9.748, de 30 de novembro de 1998, que dispõe sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos.

Pouco antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, surgiram

duas novas importantes normas de proteção aos recursos hídricos.

No plano do direito processual, dito objetivo, vigora no ordenamento

jurídico brasileiro, desde 1985, a Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985, e a Lei da

Ação Civil Pública, importante e inovador instrumento processual de defesa dos

interesses e direitos difusos. 22 BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Lei do Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos. 23 Ibid, 1997. 24 ANA, 2002, p.58

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19

Ambas tutelam os recursos hídricos de forma indireta. Com base na Lei

n.º 4.771/65, foi editada a Resolução Conama n.º 302/02, que estabelece definições,

critérios e parâmetros das áreas definidas no Código Florestal como sendo de

preservação permanente, de extrema importância para a preservação dos recursos

hídricos.

“Água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial para sustentar a

vida, o desenvolvimento e o meio ambiente”.25

Portanto, concomitantemente à criação de normas ambientais protetivas

há a necessidade de criar instrumentos institucionais e órgãos, públicos e privados,

que atuem na proteção das águas. Passo importante neste sentido foi dado pela

legitimação da sociedade civil em poder aforar Ação Civil Pública em defesa do meio

ambiente e, em particular, em defesa das águas26.

No Brasil, cresce um movimento novo, a luta pela qualidade da água,

buscando cooperação e solidariedade junto à sociedade. Tudo isso é resultado das

mudanças de paradigmas sobre gestão ambiental, onde a participação popular

prevê ações nos diversos campos da luta ambiental à luz da realidade nacional.

O problema da escassez e da degradação da água é de proporção global

e aponta perspectivas negativas para as próximas décadas. Como exemplo citam-se

os princípios da precaução/ prevenção, do poluidor-pagador, da responsabilidade

objetiva e da indenização integral pelo dano causado ao ambiente, da proteção da

diversidade biológica, da cooperação internacional para a preservação do meio

25 SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento e. Direito Ambiental Internacional. Thex Editora, Rio de

Janeiro, 2002, p. 80. 26 O artigo 5.º, da Lei n.º 7.347/85 assim se expressa quanto à legitimidade para o aforamento do

pedido inicial: “A ação inicial e a ação cautelar poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios. Poderão também ser propostas por autarquia, empresa pública, fundação, sociedade de economia mista ou por associação que: esteja constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei civil; e, inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”.

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20

ambiente e o da educação ambiental, incluindo a formação e a informação

ambiental.

Sariego refere o seguinte: “Tornou-se lugar comum a idéia de que o

desenvolvimento é incompatível com a preservação do meio ambiente.”27 Salienta

esse teórico que a prevenção dos problemas ambientais passa pelo que se chama

de planejamento integrado, no qual sejam ponderados tanto o desenvolvimento

quanto a preservação.28

Para Margossi, o desenvolvimento industrial das últimas décadas

contribuiu muito para a qualidade das águas, tanto pelos efluentes sem controle

quanto pela falta de fiscalização ou gestão ambiental. O que está em questão é a

forma de desenvolvimento, que não leva em conta os impactos ambientais e a

relação sociedade-natureza. O que está faltando é buscar equilíbrio entre o poder e

o saber político.29

2.1.3 Bacias hidrográficas

Dentre as regiões hidrológicas de importância prática destacam-se as bacias

hidrográficas ou bacias de drenagem. Por causa da simplicidade, muitos modelos de

estudos de recursos hídricos têm sido conduzidos em áreas desta natureza.

Entende-se por bacia hidrográfica toda a área de captação natural da

água da chuva que escoa superficialmente para o rio ou um tributário seu. Os limites

da bacia hidrográfica são definidos pelo relevo, considerando-se como divisores de

água os terrenos mais elevados.

Para Tucci:

27 SARIEGO, Educação ambiental: as ameaças ao planeta azul. São Paulo: Scipione, 1994, p. 152. 28 Ibid, 1994, p. 152. 29 MARGOSSI, Luiz Roberto. Poluição das águas. São Paulo: Moderna, 1990, p. 23.

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21

O sistema natural é formado pelo conjunto de elementos físicos, químicos e biológicos que caracterizam o sistema natural da bacia hidrográfica e os recursos hídricos formados pelos rios, lagos e oceanos. A complexidade dos diferentes processos que envolvem o seu funcionamento nas diferentes escalas ainda tem muitos mistérios para serem desvendados.30

Em uma bacia hidrográfica percebe-se naturalmente a existência de

diferentes elementos, que recebem diferentes nomes, como: nascentes, divisor de

águas, rio principal, afluentes, subafluentes, foz, curso superior, médio e inferior, e

ainda outros.

A nascente é onde o rio começa a correr e a foz é onde ele deságua.Segundo

Antunes, o rio principal é o que dá nome à bacia31 e, dependendo da sua extensão,

ele apresenta inúmeros afluentes ou tributários (que são os afluentes que também

recebem águas de outros rios). Assim, em uma bacia existem várias sub-bacias e

muitas micro-bacias. Estas últimas são unidades fundamentais para a conservação e

o manejo dos recursos naturais, uma vez que a característica ambiental de uma

bacia reflete o somatório ou a sinergia dos efeitos das intervenções ocorridas no

conjunto desses elementos.32

Dá-se o nome de divisor de águas ao ponto mais elevado de uma bacia e

que, naturalmente, separa-a de outra bacia vizinha. Não se deve confundir bacia

com vale. A bacia é o conjunto de terras banhadas por um rio e seus afluentes; o

vale é o corredor ou a depressão dentro do qual geralmente corre o rio. Diz-se,

30 TUCCI, 2000, p. 255. 31 ANTUNES, Celso. Os rios, os mares e os oceanos. São Paulo: Scipione, 1995, p. 6-7. 32 DIAS, Heloísa; LINO, Clayton F.; KROB, Alexandre José Diehl et al. Águas e florestas da mata

atlântica; por uma gestão integrada. São Paulo: CNRBMA/SOS, 2003, p. 26.

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22

geralmente, porque podem existir vales secos, formados por rios que deixaram de

correr.33

Segundo Cristofoletti, a bacia hidrográfica pode ser definida como “a área

drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial, funcionando como um

sistema aberto”34, em que cada um dos elementos, matérias e energias presentes

no sistema apresentam uma função própria e estão estruturados e intrinsecamente

relacionados entre si.

Tomando esta unidade com área no modelos gestão ambietal, previsto

nas legislação e como região interligada, Gondolo salienta:

Na bacia hidrográfica como um todo, que inclui desde o meio físico e social ao sistema econômico e a tecnologia disponível. Isto implica a análise de um conjunto de inúmeras variáveis inter-relacionadas e que promovem interferências mútuas resultando em um sistema com comportamento difícil de prever a longo prazo.35

O rio principal, recebe uma contribuição dos seus afluentes, sendo que

cada um deles apresenta inúmeros tributários menores, alimentados direta ou

indiretamente por nascentes.

De acordo com Venturim, a bacia hidrográfica é uma área geográfica

drenada por um sistema de cursos d’água considerando cada parcela do espaço

(cada propriedade) em seu todo e, ao mesmo tempo, em sua relação com as demais

parcelas (conjunto de propriedades).36 Portanto, as suas sub-bacias e microbacias

devem ser consideradas nos planos de gestão desenvolvidos.

33 ANTUNES, 1995, p. 6-7. 34 CRISTOFOLETTI apud SOARES, Eliane Maria Foleto. Proposta de um modelo de sistema de

gestão das águas para bacias hidrográficas – SGABH microbacia hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim, a montante da RS 287/Santa Maria/RS. 2003. 207 fl. Tese (Doutorado Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

35 GONDOLO, Graziela Cristina Fernandes. Desafios de um sistema complexo à gestão ambiental; bacia do Gurapiranga, região metropolitana de São Paulo. São Paulo: FAPEP, 2000, p. 87.

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A complexidade dessa área hidrológica se faz observar através de vários

parâmetros, como por exemplo, geológicos, físico-químicos, a dinâmica das

populações e também o seu desenvolvimento dentro da mesma. A qualidade e a

sustentabilidade destes fatores indicam o nível de desenvolvimento e o

comprometimento de uma região.

Para Hidalgo:

A bacia hidrográfica do ponto de vista hidrológico, é um território que apresenta uma rede de drenagem comum num estado e limitado pelos divisores de águas superficiais e subterrâneas [...], são formados por diferentes unidades ecológicas, as quais definem suas características naturais e por unidades sócio-políticas, chamadas de municípios ou estados.37

Nesse contexto, devido à dinâmica que ocorre nas interrelações dentro de

uma bacia hidrográfica, ela se constitui num forte segmento para a implantação da

gestão de recursos hídricos.

No Brasil, como estabelecido nas Leis 10.350/94 e 9.433/97, as bacias

hidrográficas se constituem em unidades físico-territoriais para o planejamento e o

gerenciamento dos recursos hídricos.

2.1.4 Divisão hidrográfica nacional

Com a instituição da lei 9.433/97, definiu-se a bacia hidrográfica como a

unidade territorial para a implementação da Política de Recursos Hídricos e atuação

do Sistema de Gerenciamento dos mesmos. Neste modelo de gestão, a participação

dos órgãos gestores envolvidos acontece de forma integrada, descentralizada e

participativa.

36 VENTURIM, Elaine Charpinel. Uma contribuição aos programas de gestão ambiental aplicados

a bacias hidrográficas: o caso de Santa Maria de Jetiba – ES. 2000. 107 fl. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000, p. ___.

37 HIDALGO, P. Apostilas diversas de metodologia de planejamento ambiental; curso sobre

planejamento ambiental participativo em bacias hidrográficas. Florianópolis: UFSC, 1995, p. 5.

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24

A atual divisão hidrográfica38 nacional (figura 2) considera 12 grandes

regiões hidrográficas, configuradas da seguinte forma: Região Hidrográfica

Amazônica; Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia; Região Hidrográfica

Atlântico Nordeste Ocidental; Região Hidrográfica do Parnaíba; Região Hidrográfica

Atlântico Nordeste Oriental; Região Hidrográfica do São Francisco; Região

Hidrográfica Atlântico Leste; Região Hidrográfica Atlântico Sudeste; Região

Hidrográfica do Paraná; Região Hidrográfica do Uruguai; Região Hidrográfica

Atlântico Sul; Região Hidrográfica do Paraguai.

Para visualização da referida divisão, segue, abaixo, figura ilustrativa.

Figura 02 – Divisão hidrográfica nacional. Fonte: Agência Nacional de Águas, 2002, p. 44.

38 De acordo com a Agência Nacional de Águas, “[...] uma região hidrográfica é uma bacia ou um

conjunto de bacias contíguas onde o rio principal deságua no mar ou em território estrangeiro.” AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. A evolução da gestão dos recursos hídricos no Brasil. Brasília: ANA, 2002, p. 43.

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25

2.1.5 Bacias hidrográficas catarinenses

As bacias hidrográficas catarinenses pertencem à Região Hidrográfica do

Atlântico Sul e do Uruguai, a do sul abrange porções dos Estados de Santa

Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta Região abriga 451 municípios, dentre os

quais destacam-se Joinville e Florianópolis, ambos em Santa Catarina. A população

da Região está concentrada principalmente nas unidades hidrográficas do litoral de

Santa Catarina e Guaíba (RS).

Segundo Dias, Lino e Krob:

Considerar a bacia hidrográfica como importante espaço de planejamento e de gestão ambiental integrada, com ênfase na conservação simultânea do solo, da água e da floresta, visando a manutenção dos ecossistemas naturais, a sustentabilidade dos processos produtivos e a garantia da qualidade de vida para os seus habitantes é considerado um princípio básico para uma política integrada de conservação e gestão.39

Com relação à atuação do Estado de Santa Catarina, durante o ano de

2003 foi criada a Diretoria de Recursos Hídricos – Órgão vinculado à Secretaria de

Estado do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente, sendo que

anteriormente a essa data, a estrutura organizacional voltada à gestão pertinente

contava apenas com a Gerência de Recursos Hídricos.

Os dados dos anos 80-90 revelam que houve um acentuado

deslocamento da população rural para áreas urbanas. Desse modo, aumentou a

densidade populacional das cidades para as quais houve migração, colocando em

risco sua capacidade de suporte das mesmas. Em contrapartida, a população da

zona rural decresceu. Com base nesses dados, visando à resolução de conflitos

39 DIAS; LINO; KROB, 2003, p. 15.

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envolvendo estes recursos, o governo do Estado de Santa Catarina tem focado a

questão dos recursos hídricos e a participação dos atores sociais de modo

prioritário.

Os processos de urbanização têm impactado significativamente o meio

ambiente e também a população, devido à falta de sustentabilidade desses

processos e de ações públicas destinadas à sua condução.40

O Estado possui duas grandes vertentes hidrográficas: a vertente do

interior, que é composta pelo trecho catarinense, dos formadores e afluentes da

bacia do Rio Uruguai, e o trecho catarinense dos afluentes da bacia do Rio Iguaçu,

que drenam para o Oeste, indo desaguar na bacia do Prata; e a vertente do litoral,

que é composta por todas as bacias que drenam para o oceano Atlântico.

Figura 03 – Região Hidrográfica do Atlântico Sul. Fonte: Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente.

Conforme pode ser observado acima, os rios catarinenses se dirigem para

duas vertentes: a do Atlântico e a do Paraná. Os que drenam as Zonas de São

Francisco, Itajaí, Florianópolis e Laguna, tubarão e Araranguá se orientam no

sentido do mar, enquanto os que drenam áreas do Planalto de Canoinhas, Alto Rio

40 TUCCI, 2000, p. 264.

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Negro, Campos de Lajes, Joaçaba e Chapecó estão vinculados à Bacia Platina,

constituindo-se as principais artérias tributárias de grandes coletores, como o Iguaçu

e o Uruguai.

2.1.6 Gestão dos recursos hídricos no Estado

A população catarinense vem apresentando crescente conscientização

em relação à importância, à preservação, ao controle e à recuperação dos recursos

hídricos. Assim sendo, o poder público tem assumido a investidura de protagonista

deste processo e, para tanto, tem buscado se estruturar, visando atuar como

mediador e fiscalizador do mesmo. Em contrapartida, é cada vez maior junto à

sociedade local o número de ONGs voltadas a este tipo de atividade.41

Para a sociedade catarinense, este tipo de estrutura ambiental se

constitui na unidade mais adequada para o planejamento e gestão dos recursos

hídricos, especialmente se, efetivamente, houver verdadeira participação social de

todas as instituições.

Venturim salienta que:

No planejamento dessas regiões não se deve considerar o corpo de água isoladamente, mas como integrante de um ambiente complexo. Nessa área, há uma inter-relação entre os recursos hídricos com outros ambientes naturais, tais como o solo e a vegetação e com o homem.42

41 ROCHA, Ciro Loureiro. Bacias hidrográficas catarinenses. Disponível em: <www.ana.gov.br>.

Acesso em: 12 dez. 2004. 42 VENTURIM, 2000, p. 30.

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2.1.7 Regiões hidrográficas catarinenses

Em face a um novo modelo de desenvolvimento voltado para a

sustentabilidade dos recursos naturais, os principais desafios que Santa Catarina e o

Brasil enfrentarão estão relacionados com o uso dos recursos hídricos, cada vez

mais escassos e necessários. Portanto, o Estado há de empreender soluções

destinadas à supressão ou minimização de problemas fundamentais para o seu

desenvolvimento econômico e social, os recursos naturais ganharam uma nova

conotação, dentre os quais a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social,

Urbano e de Meio Ambiente destaca43:

• controle da poluição das águas, de origem urbana, industrial, agrícola e

da mineração;

• saneamento básico, com abastecimento de água, coleta e tratamento de

esgotos urbanos das populações;

• controle de cheias e prevenção de inundações, notadamente em áreas

urbanas;

• irrigação para elevação da produtividade e da produção;

• Implantação de reservatórios para fins de piscicultura, recreação e

turismo;

• geração de energia elétrica, mediante a construção de usinas

hidrelétricas para a exploração do potencial existente.

43 SANTA CATARINA. Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Urbano e de Meio Ambiente.

Recursos hídricos catarinenses. Dispoível em: <www.sc.sds.gov.br>. Acesso em: 12 dez. 2004.

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Seguindo este vertente Nunes acrescenta: “A visão ampliada de gestão

de bacias hidrográficas, que inclui nas políticas de gestão a preocupação com o uso

do solo, da paisagem, a preservação da biodiversidade é recente”.44

Visando promover o desenvolvimento sustentável nos municípios e no

Estado, a bacia hidrográfica representa a unidade que envolve tanto as

municipalidades quanto os diversos atores sociais que compartilham interesses e

oportunidades no âmbito da mesma.

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio

Ambiente (SDS) caracterizou o Estado em 10 (dez) Regiões Hidrográficas (figura

04).

Figura 04 – Bacias hidrográficas catarinenses. Fonte: Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social,

Urbano e Meio Ambiente, 1997, p. 22.

44 NUNES, Ellen Regina Mayhé. Metodologia para gestão ambiental de bacia hidrográfica com

abrangência para região hidrográfica: um estudo de caso do plano diretor do programa pró-Guaíba, RS. 2001. 135 fl. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

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30

2.1.8 Bacia hidrográfica do Rio Tubarão e complexo lagunar

As bacias dos Rios Tubarão e D’Una drenam a Região Hidrográfica 09

(figura 05), destacando-se neste contexto o complexo lagunar, pela importância

socioeconômica que apresenta. Os 21 municípios da Região desenvolvem ação

integrada através de suas associações, quais sejam 18 municípios pertencem à

Associação dos Municípios da Região de Laguna (AMUREL), vez que São Bonifácio

e Anitápolis pertencem à Associação de Municípios da Grande Florianópolis

(GRANFPOLIS), e Lauro Müller pertence à Associação de Municípios da Região

Carbonífera (AMREC).

O Sul do Estado possui cidades que se destacam dentro de suas bacias,

conforme pode ser observado na figura 05, abaixo, sendo que na Bacia do Rio

Tubarão destacam-se os municípios de Tubarão (Pólo) e Laguna em população e

atividades econômicas como o turismo e a pesca.

Figura 05 – Bacias hidrográficas e principais sedes municipais no Sul de SC. Fonte: SANTA CATARINA, 1997.

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A população total da referida Região é de 344.52345 habitantes, estando

69,5% em domicílio urbano e 30,5% em domicílio rural, sendo que Tubarão com

89.338 habitantes e Laguna com 47.543 habitantes são os municípios mais

populosos.

Para Milioli, Ponpeo e Alexandre destacam:

Nos anos de 1978 e 1979 foram desenvolvidos estudos na região que apontaram

dados quantitativos e qualitativos de extrema importância para o planejamento das

ações governamentais e para o estabelecimento de uma política estadual de meio

ambiente, reforçando a necessidade do imediato enquadramento dessa região como

"área crítica nacional". Após exaustivo trabalho de segmentos organizados na

sociedade e das autoridades constituídas do Estado, no dia 25 de setembro de

1980, na cidade de Tubarão, foi assinado o Decreto n. 85.206, enquadrando a

Região Sul de Santa Catarina como a 14ª Área Crítica nacional em face às praticas

da exploração do carvão mineral.46

A Bacia do Rio Tubarão e o Complexo Lagunar associados formam a

maior Bacia da Região Sul do Estado de Santa Catarina, com aproximadamente

5.640 km2, sendo a mais expressiva da Região. Consiste de 21 municípios, em parte

ou em todo, muitos dos quais se destacam por abrigarem importantes atividades

agrícolas, pesqueiras, industriais e de mineração.47

45 Engenharia e Pesquisas Tecnológicas S. A. Plano integrado de recursos hídricos da bacia

hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar. Porto Alegre: EPT, t. 1, p. 17. 46 MILIOLI, Geraldo; POMPÊO, Marcelo; ALEXANDRE, Nadja Zim et al. Sul do Estado de Santa

Catarina. Disponível em: <http://vivimarc.sites.uol.com.br/aregiao.htm>. Acesso em: 12 dez. 2004. 47 TUBARÃO. Prefeitura Municipal de Tubarão. Dados básicos do município de Tubarão. Tubarão,

2000, p. 133.

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32

O Rio Tubarão nasce pela junção do Rio Rocinha e do Rio Bonito, em

Lauro Müller (SC), por sua vez, os dois formadores têm origem na Serra Geral,

percorrendo uma distância de 120 km até o mar. Os outros contribuintes importantes

do Rio Tubarão são os Rios: Oratório, Capivaras, Hipólito, Braço do Norte e

Laranjeiras, pela margem esquerda; Palmeiras, Pedras Grandes e Azambuja, pela

margem direita.

No Sistema Lagunar são significativas as seguintes áreas:48

a) Lagoa Santo Antônio, que tem como contribuintes a Lagoa do Imaruí, o

Rio Sambaqui e o Rio Tubarão. Com uma área de 33,85 km2 e deságua no

Oceano Atlântico.

b) Lagoa do Imaruí, que tem como contribuintes a Lagoa do Mirim e os

Rios Siqueiro e Aratingaúba, e ocupa uma área de 86,32 km2.

c) Lagoa do Mirim, que recebe contribuição dos Rios D’Una e Mané Chico,

e apresenta uma área de 63,77 km2.

d) Das Lagoas menores constam Santa Marta, Camacho e Garopaba do

Sul, que se interligam por canais às Lagoas de Santo Antônio e Ribeirão

Grande, ao Oceano Atlântico e ao Rio Tubarão.

e) As Lagoas da Manteiga, Laranjal (ou Jaguaruna) são de água doce,

sendo que ambas têm anal único de fuga.

A região apresenta uma complexa relação do homem com o meio, através

da diversidade das atividades econômicas e sua implicação direta com a questão

ambiental. Todos esses aspectos identificados, que caracterizam a ocupação

humana ao longo do Rio, revelam a utilização e a exploração do meio de forma

irracional, acarretando problemas que comprometem a qualidade de vida local.

48 Ibid, 2000, 133.

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33

2.1.9 Contextualização histórica

A colonização inicial ocorreu através de açorianos que habitavam as ilhas

portuguesas do Atlântico. Tais imigrantes aportaram com suas embarcações às

margens da Lagoa de Santo Antônio, e através de desbravadores enveredaram pelo

maior rio navegável da Região, o Rio Tubarão, fundando colônias em suas margens.

No entanto, o impulso maior ocorreu com os primeiros assentamentos de

imigrantes alemães, italianos e poloneses, na última década do século retrasado.

Vettoretti comenta:

O Rio Tubarão, desde o início do povoamento, desde o momento histórico que completou o caminho de Lages à Laguna, foi, por mais de um século, o único caminho de saída para o mar, isto é, para o porto de Laguna; a única forma de comunicação com os outros centros consumidores do país.49

O povoamento da Região foi pautado em diversos fatores, sendo um dos

principais a exploração do carvão mineral e, por conseguinte, a construção da via

férrea Dona Tereza Cristina, haja vista que ao longo desta foram se formando

povoados e vilarejos, para obtenção de trabalho e comercialização de produtos.50

No século XIX, com a chegada dos imigrantes europeus, ocorreram

significativas alterações nas relações sócio-econômicas. A partir de então, um novo

modelo econômico passou a integrar a realidade local, sendo que o uso da terra

passou a ser intensificado com a agricultura e a agropecuária, ao mesmo tempo em

49 VETTORETTI, Amádio. História de Tubarão: das origens ao séculi XX. Tubarão: Prefeitura

Municipal de Tubarão, 1992, p. 65. 50 FREITAS JÚNIOR, José. Conheça Tubarão: documentário histórico e outros fatos. Tubarão:

Prefeitura Municipal de Tubarão, p. 55.

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34

que a mineração ganhou impulso, assumindo destaque no cenário produtivo. Desse

modo, o processo de desenvolvimento regional assumiu modelo diferenciado em

relação às tendências constatadas no país.

2.1.10 Sub-bacias hidrográficas

Conforme a Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Meio Ambiente

(SDM), visando motivação geograficamente diferenciada e devido a particularidades

no que se refere às potencialidades e tipos de exploração realizadas, bem como aos

problemas que envolvem os recursos hídricos regionais, a Bacia do Rio Tubarão foi

dividida em 5 sub-bacias, segundo a rede hidrográfica. Através dessa divisão foi

possível melhor agrupar os municípios de acordo com suas principais atividades

industriais, econômicas, setores produtivos, potencialidades turísticas e

características étnicas, que se destacam dentro do Estado.

Através desse desenvolvimento foi que cada cidade construiu seu modelo

de progresso,conforme se verifica na figura 06.

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Tabela 01 – Atividades econômicas desenvolvidas pelos municípios em suas respectivas sub-bacias MUNICÍPIOS ATIVIDADES ECONÔMICAS

Sub-Bacia do Rio D’Una e Complexo Lagunar

Imaruí Pesca artesanal, rizicultura, agricultura familiar

Imbituba Portuária, rizicultura

Laguna Pesca artesanal, indústria pesqueira, turística e agricultura

Sub-Bacia do Rio Capivari

Armazém Agricultura, indústria moveleira e de facção, frigoríficos

Gravatal Turismo, indústria de confecções, agropecuária e agricultura

São Bonifácio Agricultura, agropecuária, indústria madeireira e de laticínios

Sub-Bacia do Rio Braço do Norte

Anitápolis Agricultura

Braço do Norte Suinocultura, agricultura, olericultura

Grão-Pará Suinocultura, agricultura

Rio Fortuna Suinocultura, rizicultura, olericultura, fruticultura, mineração

Santa Rosa de Lima Hortigranjeiros, indústria de laticínios, madeireira

São Ludgero Suinocultura, agricultura e hortifrutigranjeiros

Sub-Bacia do Rio Tubarão

Formadores do Tubarão

Lauro Müller Mineração, cerâmica e agricultura

Orleans Suinocultura, agricultura, indústria madeireira, moveleira e plástica

Pedras Grandes Suinocultura, agricultura

Baixo Tubarão

Capivari de Baixo Indústria mineradora, termelétrica, rizicultura

Jaguaruna Rizicultura, agricultura, agropecuária e turismo

Sangão Rizicultura, agricultura, cerâmica

Treze de Maio Agricultura

Tubarão Rizicultura, comércio, serviços, indústria têxtil, madeireira e moveleira

Fonte: Engenharia e Pesquisas Tecnológicas S. A. Plano integrado de recursos hídricos da bacia

hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar. Porto Alegre: EPT, t. 1, p. 19.

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Figura 06: Sub-Bacias Hidrográficas do Rio Tubarão Fonte: EPT - Engenharia (2002).

Conforme se verifica, as sub-bacias encontram-se assim agrupadas:

- Sub-Bacia do Rio D’Una e Complexo Lagunar: Com os municípios de

Imaruí, Laguna e Imbituba, tendo como rio principal o D’Una.

- Sub-Bacia do Rio Capivari: Com os municípios de São Bonifácio, São

Martinho, Armazém e Gravatal.

- Sub-Bacia do Rio Braço do Norte: Com os municípios de Anitápolis,

Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna, Grão Pará, São Ludgero e Braço do Norte. O Rio

Braço do Norte é o principal.

- Sub-Bacia dos Formadores do Tubarão: Com os municípios de Lauro

Müller, Orleans e Pedras Grandes, e tem como Rio principal o Rio Tubarão.

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37

Sub-Bacia do Tubarão Baixo: Com os municípios de Tubarão, Treze de

Maio, Sangão, Jaguaruna e Capivari de Baixo.

Observando o processo histórico-evolutivo da bacia hidrográfica do Rio

Tubarão e Complexo Lagunar, constata-se ele passou por fases distintas que, desde

as primeiras atividades realizadas pelos portugueses e, posteriormente, pelos

imigrantes, quando da efetiva ocupação da bacia até o presente momento, fez com

que neste contexto regional se instalassem os 21 municípios acima elencados, os

quais deram a ela uma nova organização espacial.

Figura 07: Rizicultura Região do Centro de Tubarão.

2.1.11 As emergências

Os temas ambientais têm assumido destacada importância em

congressos, seminários, encontros públicos e privados promovidos por inúmeros

concorrentes. Esses movimentos ambientalistas deram aos atores sociais suporte e

subsídios para uma nova compreensão sobre a sociedade, a natureza e o

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desenvolvimento. Assim sendo, o foco das discussões, em geral, voltava-se para

alertar sobre as emergências, estabelecendo mecanismos propícios à integração,

participação, reflexão crítica, co-responsabilidade, estudo e análise da complexidade

do mundo, para a urgência de se construir uma sociedade sustentável.

“Até a década de 70, o país realizava-se no mito desenvolvimentista e a

questão ambiental, sob a perspectiva de valores predatória, era tratada como a

antítese do desenvolvimento nacional.”51

Muitas fontes de alteração da composição das águas dos rios da Bacia do

Tubarão advém das atividades humanas. Sua influência se dá principalmente pela

urbanização, com conseqüências ligadas ao lixo e ao esgoto.

Para Bortoluzzi, os resíduos sólidos urbanos (RSU) da Bacia, têm “[...]

coleta e destinação realizada sob a forma de serviços prestados pelas Secretarias

Municipais de Obras ou, em menor proporção, terceirizadas, enquanto as áreas

rurais não apresentam coleta.”52

A destinação dos RSU, é feita em lixões junto a terrenos inadequados,

todos situados na Região Hidrográfica. A maioria dos municípios da Bacia trata esta

questão sob a forma de consórcios, como é o caso de Tubarão que, juntamente com

Capivari de Baixo, Gravatal e Laguna, está se adequando à nova realidade

legislativa para destinação e tratamento dos RSU.53

Dentro desse contexto, cumpre frisar que o chorume produzido pela

decomposição do lixo faz com que a lixiviação das águas das chuvas contribuam

51 FERREIRA, Leila Costa. Limites ecossistêmicos, novos dilemas e desafios para o Estado e para a

sociedade. In: HOGAN, Daniel Joseph; VIEIRA, Paulo Freire (Orgs.). Dilemas sócio-ambientais e o desenvolvimento sustentável. Campinas: Unicamp, 1992, p. 15.

52 BORTOLUZZI, Ismael Pedro. Estudos sobre as interações entre a água e o material em

suspensão, na bacia do Rio Tubarão e complexo lagunar-SC/Brasil. 2003. 328 fl. Tese (Doutorado em Ciencias Químicas) – Universidade de Santiago de Compostela, 2003, p. 54.

53 Ibid, 2003, p. 54.

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39

para o enriquecimento dele em substâncias químicas nocivas, normalmente

presentes no lixo, como é o caso dos metais provenientes de pilhas elétricas e

outros objetos domésticos.

Bortoluzzi também comenta que o sistema de esgoto separado, ou seja,

independente da drenagem pluvial, é encontrado na Bacia em apenas 6,87% de sua

extensão.54

É interessante destacar o que observam Marcomin, Albuquerque

e Simon:

Os esgotos contaminam a água principalmente pela falta de sistema adequado para sua captação, transporte e tratamento. Os esgotos contêm, além de detritos orgânicos, restos de alimentos, sabões e detergentes. A contaminação das águas pelos esgotos urbanos resulta em dois problemas muito sérios: a contaminação por bactérias patogênicas e a contaminação por substâncias orgânicas degradáveis por bactérias.55

De acordo com as supracitadas autoras, ambos os tipos de

contaminação apresentam gravidade e contribuem para a compleição ambiental, no

entanto, a segunda modalidade se mostra mais nociva justamente pelo fato de que

na contaminação por substâncias orgânicas degradáveis por bactérias, ocorre uma

superutilização das águas que, via de regra, são lançadas em esgotos, os quais, por

sua vez, “levam para os rios, lagos, mares e represas grandes quantidades de

nutrientes vindos principalmente dos detergentes.”56

Segundo Bertoletti:

54 BORTOLUZZI, 2003, p. 51. 55 MARCOMIN, Fátima Elizabeti, ALBUQUERQUE, Simone A. V. de, SIMON, Yoná Garcia.

Educação ambiental: subsídios básicos. Tubarão: Prefeitura Municipal de Tubarão, 1995, p. 69. 56 Ibid, 1995, p. 70.

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Dependendo da origem, das propriedades físico-químicas, das quantidades introduzidas e, ainda, das características dos ecossistemas, essas substâncias podem ser transportadas e transformadas no ambiente através de diferentes processos. Tais substâncias e seus subprodutos podem causar efeitos adversos ao homem, assim como, danos às biocenoses dos ecossistemas aquáticos ou terrestres, que são constituídas, principalmente, por produtores (algas, vegetais), consumidores (predadores) e decompositores (bactérias, etc.).57

Em excesso, tais nutrientes propiciam, por sua vez, a proliferação de

bactérias, sendo que essas consomem significativa parte do oxigênio contido na

água e, conseqüentemente, fará falta à fauna local, provocando, desse modo, a sua

morte.

A partir da década de 90, principalmente na Bacia do Rio Tubarão e mais

especificamente na sub-bacia do Rio Braço do Norte, emergiu a suinocultura,

despontando como uma nova atividade econômica, alterando o panorama geral da

Bacia Hidrográfica. Junto a este novo contexto ocorreu a intensificação da poluição

das águas, quer pelos dejetos animais, quer pelos produtos químicos empregados

nesta atividade.58

O Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio

Tubarão e Complexo Lagunar destaca como emergências o desmatamento, o uso

inadequado do solo, a exploração desordenada e irresponsável dos recursos

minerais, o uso incorreto de agrotóxicos e a conseqüente degradação dos recursos

hídricos, as quais têm causado profundas alterações no cenário original da Região.

Espinosa argumenta que:

57 BERTOLETTI, Eduardo. Ecotoxicologia aquática. In: MAIA, Nilson Borlina, MARTOS, Henry Kesjak,

BARRELLA, Walter (Orgs.) et al. Indicadores ambientais: conceitos e aplicações. São Paulo: EDUC, 2001. p. 219-220.

58 HADLICH, Gisele Mara. Poluição hídrica na bacia do Rio Coruja-Bonito (Braço do Norte, SC) e

suinocultura: uma perspectiva sistêmica. 2004. 235 fl. Tese (Doutorado em Geografia) – Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina. 2004, p. 37.

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Em Santa Catarina a exploração do carvão data de 1885 e abrange áreas incluídas nas bacias hidrográficas dos rios Tubarão, Urussanga e Ararangua. Embora, gradualmente, as práticas estejam evoluindo para formas menos agressivas ao ambiente e muitas minas tenham sido fechadas, o processo poluidor continua enquanto houver material piritoso exposto à oxidação.59

No que diz respeito ao uso e ocupação do solo, é apresentado o

seguinte gráfico:

Gráfico 01: Distribuição do uso atual do solo e cobertura vegetal identificado na bacia. Fonte: EPT – Engenharia, 2002, t. 3, p. 35.

No Plano anteriormente citado, merece destaque a atividade feita com

atores sociais de todos os 21 municípios da Bacia quando da identificação dos 59 ESPINOSA, Héctor Raúl Muñoz. Impactos e conflitos na gestão de recursos hídricos do sul

de Santa Catarina, Brasil. Disponível em: <http://www.aguabolivia.org/situacionaguaX/IIIEncAguas/contenido/trabajos_azul/TC-049.htm>. Acesso em: 12 jan. 2005.

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principais problemas ambientais. Após discussão do grupo, foram levantados os

seguintes resultados:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Gráfico 02: Principais problemas. Fonte: EPT, 2001, T. 7, p. 4.

Legenda:

1 – contaminação dos rios e lagoas por esgotos domésticos;

2 – contaminação dos rios e lagoas por extração de carvão;

3 – contaminação dos rios e lagoas por dejetos animais;

4 – inexistência de mata ciliar;

5 – contaminação dos rios e lagoas com agrotóxicos;

6 – disposição inadequada de RSU;

7 – desmatamento de áreas de preservação permanente;

8 – expansão de áreas urbanas;

9 – substituição de áreas de matas nativas por reflorestamento;

10 – áreas degradadas por extração de carvão e argila;

11 – assoreamento dos rios;

12 – questões sociais e econômicas críticas;

13 – inundações das áreas ocupadas nas margens dos rios;

14 – desmatamento para obtenção de carvão vegetal;

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15 – pesca intensiva (sem controle) nos rios e lagoas;

16 – possibilidade de falta d’água na bacia em longo prazo;

17 – outros (contaminação dos rios e lagoas por resíduos industriais, uso

inadequado do solo, resíduos de fecularia, poluição industrial, resíduos originários

de postos de gasolina e lavação, resíduos da indústria pesqueira, precária educação

ambiental, excesso de consumo doméstico).

Conforme pode ser observado no decorrer deste capítulo, o uso

desenfreado de recursos naturais e a conseqüente produção de resíduos

provocaram situações de impactos ambientais em nível global, sendo uma delas as

atividades humanas junto aos recursos naturais, alterando os processos ecológicos

e provocando a extinção de espécies. Outra dessas situações diz respeito ao

esgotamento da capacidade de suporte do ambiente humano à medida que se

ultrapassam os limites do desenvolvimento sustentável.

Figura 08: Região do Km 63. Tubarão - SC. Fonte: Projeto Mata Ciliar, 2002.

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Figura 09: Desmatamento da Mata Atlântica. Fonte: Projeto Mata Ciliar, 2002.

2.1.12 Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar

A Conferência de Dublim, estabeleceu como princípios gerais para a

gestão de recursos hídricos: a abordagem integradora – envolvendo a sociedade e a

proteção dos ecossistemas naturais, a necessidade de participação social e o

reconhecimento da água como um bem dotado de valor econômico.

Para o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), a Lei nº 9.433 dá todo o

suporte aos pressupostos estabelecidos em Dublin, dentre os quais estão inclusos

os seguintes: a questão da gestão participativa, através da criação de conselhos,

comitês de Bacias hidrográficas e agências de bacias, e a adoção de bacias

hidrográficas como unidade de planejamento.60

A política de recursos hídricos de Santa Catarina (Lei nº 9748), que

estabelece o papel dos Comitês de Bacia Hidrográfica e data de 1994, visa

60 INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO. Modelo nacional de gestão de recursos hídricos; a

posição do setor mineral na posição do IBRAM. Brasília: IBRAM, 2001, p. 15.

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gerenciar a água de forma descentralizada, integrada e com a participação da

sociedade.

Os comitês são colegiados compostos por representantes de municípios

(prefeitos), de órgãos estaduais e de entidades representativas da sociedade civil

(ONG’S, universidades, associações) em igual número. Os comitês de bacia são

considerados o parlamento das águas.

Em 2001, portanto seis anos após a promulgação da Lei nº 9748,

verificou-se que os Comitês estaduais figuravam no cenário local, porém,

apresentavam pouquíssimos avanços, haja vista que, em geral, as ações

empreendidas acabavam esbarrando no entrave burocrático.

O I Encontro Catarinense dos Comitês de Bacias realizou-se em 31 de

março de 2001, em Florianópolis. Na ocasião foram levantadas as seguintes

necessidades: troca de experiências entre os grupos de trabalho de bacias

hidrográficas de SC, para discutir dificuldades comuns e adotar estratégias

conjuntas; reivindicação de adequação da legislação estadual à legislação federal de

recursos hídricos; solicitação de apoio financeiro do Estado para os comitês de

bacias hidrográficas; reivindicação da participação dos comitês no Conselho

Estadual de Recursos Hídricos; auxílio na formação de comitês, através de

socialização das experiências; realização de reuniões descentralizadas para discutir

as competências dos comitês e para fomentar a capacitação de pessoal técnico para

a gestão dos recursos hídricos.

O Comitê Tubarão foi criado em 1997, como resultado de um processo de

mobilização social com objetivo de resolver e deflagrar campanhas para a

despoluição do Rio Tubarão. O Comitê é constituído por 40% de representantes de

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usuários de água, 40% da sociedade civil organizada e 20% dos órgãos públicos

federais e estaduais.

No seu regimento destaca:

Comitê Tubarão é um órgão colegiado, de caráter consultivo e deliberativo de nível regional, vinculado ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH, nos termos da Lei Estadual n. 9.748, será regido por [...] Regimento Interno e demais disposições legais pertinentes.61

Instituições integrantes do Comitê da Bacia:

a) Usuários da água e dos recursos naturais: um representante e

respectivo suplente designado pelos titulares das entidades representadas (40%);

1) Representação Regional do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de

Tubarão;

2) Associação dos Fumicultores do Brasil – AFUBRA;

3) Cooperativa Agropecuária de Tubarão;

4) Representação Regional das Colônias de Pescadores Z-14;

5) Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A (CELESC);

6) Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN);

7) Centrais Geradoras do Sul do Brasil (GERASUL);

8) Sindicato da Indústria de Extração de Carvão;

9) Núcleo Regional da Associação Catarinense de Criadores de Suínos

(ACCS);

10) Representação dos SAMAEs – São Ludgero;

11) Associação Catarinense de Estabelecimentos com Inspeção Estadual

em Produtos de Origem Animal (ACEIE);

12) Representação Regional das Cooperativas de Eletrificação Rural; 61 COMITÊ TUBARÃO. Regimento interno; capítulo I, seção I, art. 1º. Tubarão: Comitê Tubarão,

1999, p. 1.

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13) Representação Regional da Associação dos Hotéis, Restaurantes,

Bares e Similares.

b) População, organizações e entidades da sociedade civil: um

representante e respectivo suplente designado pelos titulares das entidades

representadas (40%):

1) Associação dos Municípios da Região de Laguna (AMUREL);

2) Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL);

3) Associação Comercial e Industrial de Tubarão (ACIT);

4) Associação Comercial e Industrial do Vale (ACIVALE);

5) Associação Comercial e Industrial de Orleans (ACIO);

6) Associação Comercial e Industrial de Laguna (ACIL);

7) Associação Comercial e Industrial de Imbituba (ACIM);

8) Câmara dos Dirigentes Lojistas de Lauro Muller (CDL);

9) Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC);

10) Associação dos Engenheiros e Arquitetos (ÁREA);

11) Movimento Ecológico Tubaronense (MOVET);

12) Imprensa - Associação dos Profissionais de Imprensa de Tubarão

(APIT);

13) Sociedade Amigos da Lagoa de Imaruí (SALISC);

14) Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA);

15) Grupo Ecológico Ativista Sul Catarinense (GEASC);

16) Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH-SC).

c) Órgãos dos governos federal e estadual: um representante e respectivo

suplente designado pelos titulares das entidades representadas e que,

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prioritariamente, exerçam suas funções em unidades regionais existentes na Bacia

do Rio Tubarão e Complexo Lagunar (20%):

1)Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA;

2) Secretaria do Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

(SDM);

3) Secretaria do Estado da Educação e do Desporto – 2ª CRE;

4) Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa

Catarina (EPAGRI);

5) Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina

(CIDASC);

6) Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (CPPA);

7) Fundação do Meio Ambiente (FATMA);

8) Delegacia da Capitania dos Portos de Laguna.

Embora esteja representado por várias organizações locais, como prevê o

regimento, a efetiva participação do Comitê Tubarão é questionável.

Os representantes nomeados pelas entidades por vezes não são

informados a respeito, haja vista tratar-se de nomeação formal sem a necessidade

de que haja participação efetiva. Não obstante, há casos em que tais nomeações

incidem sobre indivíduos sem ou com pouca afinidade com as atividades do Comitê.

Outro agravante se refere ao fato de ocorrer a indicação de membros que

não dão continuidade a trabalhos já iniciados, sendo que a substituição dos

anteriores faz com que alguns projetos não caminhem ou sejam relegados a

segundo plano.

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Em termos de funcionalidade, cumpre observar que já houve assembléias

do Comitê durante as quais não foi possível o encaminhamento de atividades por

falta de quorum ou por haver quorum mínimo.

Para Espinosa, “os comitês são órgãos que articulam, promovem,

arbitram, deliberam e aprovam ações, mas, não são órgãos executivos.”62

No ano de 1998 foi realizado o I Seminário de Recursos Hídricos da Bacia

Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, quando tomou posse a primeira

diretoria do Comitê.

Durante esse mesmo ano, a Universidade do Sul de Santa Catarina

(UNISUL), a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

(SDM/SC) e a Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente -

SRH/MMA, elaboraram o Diagnóstico dos Recursos Hídricos e Organização dos

Agentes da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, documento

esse que evidenciou as emergências da Bacia.

Em 2001, a SDM/SC, mediante convênio com a SRH/MMA, contratou e

coordenou serviços de consultoria para a elaboração do Plano Integrado dos

Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar

produzido pela Engenharia, Projetos e Tecnologia (EPT).

Nesse mesmo ano o Comitê passou a contar com o Grupo de Apoio

Permanente (GAPP) que reúne professores e pesquisadores de diversas áreas,

visando fornecer apoio técnico e operacional, e também com uma nova diretoria que

estabeleceu diretrizes para o plano de trabalho e teve como meta “a consolidação e

62 ESPINOSA, Héctor Raúl Muñoz. Apreciações sobre o comitê de gerenciamento da bacia do rio

Tubarão e complexo lagunar. In: ___. Comentários e recomendações sobre o comitê Tubarão. Tubarão: UNISUL, 2001, p. 2.

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legitimação social do Comitê, como fórum de discussão e deliberação nos assuntos

referentes aos recursos hídricos da Bacia.”63

Durante a gestão em referência, o projeto Fortalecimento do Comitê

Tubarão, realizado com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos –

FEHIDRO, teve diversas atividades de formação para a gestão participativa de

recursos hídricos, divulgação, realização da Semana da Água, e solidificação da

relação entre Comitê e os 21 municípios da Bacia.

Nesse período, essa Organização apresentou perante a sociedade local

efetiva participação nas questões relacionadas à Bacia. Suas ações, embora não

fossem corretivas, apresentavam caráter mediador e, assim sendo, buscaram

desenvolver junto à sociedade consciência ambiental sobre a complexidade de uma

bacia hidrográfica.

2.2 Desenvolvimento Sustentável

Este capítulo tem por objetivo apresentar, permear e discutir o assunto

desenvolvimento sustentável. No entanto, face às particularidades que o tema

evidencia, torna-se importante destacar que ao mesmo foram agregados dois

tópicos estritamente a ele relacionados, quais sejam: a agregação de novos valores

ao desenvolvimento sustentável e a fundamentação teórica do planejamento

regional sustentável.

63 COMITÊ TUBARÃO. Diretrizes para o plano de trabalho da diretoria do comitê Tubarão;

gestão 2001-2003. Tubarão: Comitê Tubarão, 2001, p. 1.

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2.2.1 Contextualização

A partir das últimas décadas a questão ambiental tornou-se preocupação

mundial. As nações contemporâneas reconhecem a emergência desses problemas.

Entretanto, sua complexidade exige mais do que medidas pontuais que busquem

resolver problemas a partir de seus efeitos, ignorando ou desconhecendo suas

causas.

Não é possível pretender resolver os problemas ambientais de forma

isolada. É necessário introduzir nova abordagem decorrente da compreensão de

que a existência da qualidade ambiental está diretamente condicionada ao processo

de desenvolvimento adotado pelas nações.

Paralelamente a isso, tem-se que a realidade fática apresenta, segundo

Capra, a seguinte contextura: a partir do último decênio do século passado, cresceu,

dentro da sociedade, a percepção de que uma nova ordem mundial estava surgindo,

moldada pelas novas tecnologias, pelas novas estruturas sociais, por uma nova

economia e cultura, chamada de globalização.64

Nesse sentido, é conveniente destacar que essa nova ordem tem impelido

as sociedades no sentido de que o ambiente natural seja contemplado de modo que

a sua preservação seja observada em primeiro plano, em detrimento da exploração

não planejada que tem levado algumas regiões do planeta à exaustão. Portanto, a

prudência ecológica, por óbvio, há que necessariamente acompanhar esta nova

ordem.

64 CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. 2. ed. São Paulo: Cultrix,

2002, p. 141.

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2.2.2 Visão contemporânea: conceitualização

Preliminarmente à conceitualização acima referida, faz-se mister abordar

o entendimento teórico acerca de ecodesenvolvimento, o qual pode ser enquadrado

segundo o posicionamento dos países ricos preocupados com o crescimento

econômico, visando à busca de padrões que levem em conta a sustentabilidade.

Nesse sentido, pode-se dizer que a concepção deste conceito ocorreu no

MIT (Massachussetts Institute of Technology), durante a preparação para os

trabalhos da Conferência de Estocolmo, na década de 70.65

De acordo com o magistério de Brüseke, os textos acadêmicos

consideram o desenvolvimento sustentável herdeiro do ecodesenvolvimento, termo

citado,

[...] em 1973, pelo canadense Maurice Strong e depois formulado pelo economista polonês, naturalizado francês, Ignacy Sachs, que viveu no Brasil durante 14 anos. Sachs definiu os princípios do ecodesenvolvimento: a satisfação das necessidades básicas; a solidariedade com as gerações futuras; a participação da população envolvida; a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; a elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e programas de educação.66

Sachs desenvolveu as cinco dimensões da sustentabilidade dando visão

interdisciplinar sobre desenvolvimento sustentável, dentre as quais se inscrevem as

seguintes67:

65 VIEIRA, Paulo Freire. Meio ambiente, desenvolvimento e planejamento. In: VIOLA, Eduardo J.;

SHERER-WARREN, Ilse; GUIVANT, Júlia S. et al. Meio ambiente, desenvolvimento e cidadania: desafios para as ciências sociais. São Paulo: Cortez, 1995, p. 50.

66 BRÜSEKE, Franz Josef. O problema do desenvolvimento sustentável. In: CAVALCANTI, Clóvis

(Org.). Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 1995, p. 31.

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• Sustentabilidade social. Conduz à melhoria da qualidade de vida,

visando melhor qualificação profissional dos atores sociais e distribuição de renda

digna.

• Sustentabilidade econômica. Objetiva permanentes investimentos em

todas as áreas sociais.

• Sustentabilidade ecológica. Visa à utilização dos ecossistemas de

forma racional, considerando sua capacidade de suporte e o emprego de

tecnologias limpas.

• Sustentabilidade espacial. Busca o equilíbrio entre o êxodo rural e a

concentração populacional em áreas urbanas.

• Sustentabilidade cultural. Considera a formação sócio-cultural, bem

como respeita as diferenças e a pluralidade inerente aos ecossistemas.

O ecodesenvolvimento apresenta um modelo aplicável a todas as áreas,

visando qualidade de vida. Nessa linha de abordagem, Vieira preceitua um enfoque

de planejamento participativo, de estratégias plurais de intervenção adaptadas a

contextos sócio-culturais e ambientais específicos.68

O desenvolvimento sustentável passa por uma estratégia que busca um

crescimento que valorize os diferentes conceitos das mais diversas áreas do

conhecimento, é uma transformação no método produtivo e de evolução que realce

a gestão ambiental. Nesta trilha, tem-se que a interdisciplinariedade é fundamental

para o planejamento sustentável dos recursos naturais, sendo a união dos

conhecimentos uma alternativa para interferir e dar integração aos saberes.69

67 SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente.

São Paulo: Studio Nobel, 1993, p. 14. 68 VIEIRA, In: VIOLA, Eduardo J.; SHERER-WARREN, Ilse; GUIVANT, Júlia S. et al., 1995, p. 55. 69 LEFF, Henrique. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001, p. 63.

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Compartilhando os conhecimentos, podemos encotra soluções mias

eficientes e por que não criativas.

O discurso do desenvolvimento sustentável, segundo Becker, aponta três

princípios fundamentais70, quais sejam:

• A eficácia no uso de recursos através da utilização da informação e de

novas tecnologias, reduzindo o emprego de energia e matérias-primas, bem como

privilegiando o uso de insumos renováveis.

• Valorização da diferença, necessária pela diversidade de mercados,

recursos e condições sociais, carecendo de política que observe o potencial deste

princípio.

• Descentralização de ações privilegiando o envolvimento da comunidade,

com definição de direitos e deveres.

Capra salienta que a natureza vem sendo tratada de modo fracionado, ou

seja, como se fosse composta de partes isoladas a serem exploradas por diversos

atores sociais. Essa visão parcial torna-se ainda mais ampliada quando se chega à

sociedade, totalmente segmentada em classes, grupos étnicos, culturais, políticos e

religiosos.71

Boff refere que com os conhecimentos emergiram várias especialidades,

ganhou-se em saberes particulares, assim como ganhou-se em detalhes também,

porém, perdeu-se a totalidade. A complexidade não desfrutava de reconhecimento.72

“Como não se sabia o que fazer com o sistema, seria mais conveniente estudar as

70 BECKER, Berta K. apud NASCIMENTO, Daniel Trento do. Agenda 21: análise do processo de

implantação da agenda 21 no município de Florianópolis. 2003. 322 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003, p. 23.

71 CAPRA, Fritjof. O tao da física: um paralelo entre a física moderna e o misticismo oriental. São Paulo: Cultrix, 1998, p. 26.

72 BOFF, Leonardo. A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. Petrópolis: Vozes,

1998, p. 73.

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suas partes. [...] A complexidade é uma característica mais visível da realidade que

nos cerca.”73

Para alcançar o desenvolvimento sustentável deve-se chegar a um ponto

onde o conceito dessa modalidade seja compreensível a todos os segmentos

sociaisou seja nas escolas , entidades de classes e principalmente nas comunidades

. Portanto, torna-se necessário entendê-lo, ao mesmo tempo em que se transmite

esta concepção para os atores da sociedade de maneira clara. Para isso é

necessário que haja profunda mudança nos paradigmas relacionados ao

desenvolvimento.

Um paradigma significa um modelo, algo que serve como parâmetro de

referência para uma ciência, como um farol ou estrutura considerada ideal e digna

de ser seguida, é um conceito. Foi o físico Thomas S. Khun que o utilizou como um

termo científico em seu livro A Estrutura das Revoluções Científicas, publicado

primeiramente em 1962. Esse autor define paradigma como: “as realizações

científicas universalmente reconhecidas que, durante um tempo, fornecem

problemas e soluções modelares para a comunidade de praticantes de uma

ciência.”74 Expandindo esse conceito para toda a sociedade, pode-se dizer que

paradigmas são valores e regras sócio-culturais universalmente aceitas, por algum

tempo, por uma sociedade ou grupo cultural, moldando e conduzindo as suas

práticas sociais.

Assim como na ciência, na sociedade também os paradigmas não duram

eternamente, havendo, de tempos em tempos, a transição de um paradigma para

outro. A transição paradigmática ocorre por meio de lutas subparadigmáticas que

73 BOFF, 1998, p. 72.

74 KHUN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000, p. 13.

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trazem em si, por um lado, a crença na hipótese de que o paradigma dominante

possa dar respostas adequadas aos problemas por ele gerados e, por outro, o

surgimento de alternativas a esse mesmo paradigma. Para que ocorra a emergência

de um novo paradigma é necessário que se consolide a ausência das lutas

paradigmáticas e se abdique do paradigma anterior em favor do paradigma que há

de lhe suceder. A morte de um paradigma só pode ser confirmada depois de anos

ou às vezes até mesmo séculos de sua morte. “Ao contrário do que se passa com a

morte dos indivíduos, a morte de um dado paradigma traz dentro de si o paradigma

que lhe há de suceder.”75

Da literatura consultada também foram coletados os seguintes conceitos:

Ehlers considera que o “[...] o desenvolvimento sustentável deve conciliar,

por longos períodos, o crescimento econômico e a conservação dos recursos

naturais.”76

Segundo Moreira esta modalidade de desenvolvimento “[…] está

associado ao uso, equilíbrio e dinâmica dos recursos da biosfera no presente e no

futuro […]”.77

Para Romeiro “[…] o desenvolvimento para ser sustentável, deve ser não

apenas economicamente eficiente, mas também ecologicamente prudente e

socialmente desejável”.78

Seguindo esta linha conceptual, tem-se que Silva faz a seguinte

observação acerca do assunto em referência: “[...] muito mais que um modelo, um 75 SANTOS, Boaventura de Souza. A crítica da razão indolente. São Paulo: Cortez, 2000, p. 15. 76 EHLERS, Eduardo. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. 2.

ed. Guaíba: Agropecuária, 1999, p. 103. 77 MOREIRA, José Roberto. Agricultura familiar: processos sociais e competitividade. Rio de

Janeiro: Mauad, 1999, p. 196. 78 ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Meio ambiente e dinâmica de inovações na agricultura. São Paulo:

Annablume. FAPESP. 1998, p. 248.

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estilo de desenvolvimento e, enquanto tal, necessita ser compreendido e

incorporado ao mundo que cada pessoa constrói, em seu domínio de condutas, com

as demais pessoas com que convive.”79

2.2.3 Preocupações mundiais

A partir da segunda metade do século XIX, começou-se a perceber em

nível planetário a degradação ambiental e suas catastróficas conseqüências,

originando estudos e as primeiras reações no sentido de se conseguir fórmulas e

métodos de diminuição dos danos ao ambiente, chamando a atenção dos

pesquisadores e do mundo científico para intervenção nos métodos produtivos que

estavam comprometendo a estabilidade e a vida no planeta que respondia as

agressões através de tragédias e acontecimento sem muita explicação para aqueles

dias. Resultados disso foram os estudos do Clube de Roma, liderado por Dennis L.

Meadows, culminando com a publicação do livro Limites de Crescimento (The Limits

to Growth), que fez um diagnóstico dos recursos terrestres concluindo que a

degradação ambiental é resultado principalmente do descontrolado crescimento

populacional e suas conseqüentes exigências sobre os recursos da terra, e que se

não houver uma estabilidade populacional, econômica e ecológica os recursos

naturais, que são limitados, serão extintos e com eles a população humana.80

79 SILVA, Daniel. Uma abordagem cognitiva ao planejamento estratégico do desenvolvimento

sustentável. 240 f. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina: Florianópolis, 1998, p. 19.

80 BRÜSEKE, Franz Josef. O problema do desenvolvimento sustentável. In: CAVALCANTI, Clóvis

(Org.). Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 1995, p. 29.

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Para Ferreira o relatório de Meadows contribuiu para despertar a atenção

quanto ao consumo e a necessidade de reciclar as fontes poluidoras que estão

comprometendo o próprio desenvolvimento, havendo a necessidade de visão

interdisciplinar para uma nova concepção de ciência.81

Estes estudos lançaram subsídios para a idéia de se desenvolver, porém

preservando. Com os dramáticos eventos do início da década 70, como a crise do

petróleo, que se mostravam como profecias pessimistas e anunciavam um eminente

colapso energético e dos recursos naturais, cresceu notavelmente a consciência

sobre os problemas ambientais gerados pelo atual modelo de desenvolvimento.

Para Barbosa, “a complexidade ambiental em todas as suas formas atinge a saúde

humana e a qualidade de vida.”82

Sendo assim, mostram-se os limites da concepção tradicional capitalista acerca

do desenvolvimento, como também os desafios a serem superados em sua análise.

Isto sem olvidar das seguintes palavras de Capra:

O problema é que as organizações humanas não são somente

comunidades vivas, mas também instituições sociais projetadas em vista de

um fim específico e que operam no contexto de um ambiente econômico

específico. Hoje em dia, esse ambiente não é favorável à vida, mas cada

vez mais contrário a ela. Quanto mais compreendemos a natureza da vida e

tomamos consciência de que quanto uma organização pode ser realmente

viva, tanto maior é a nossa dor ao perceber a natureza mortífera do nosso

atual sistema econômico.83

81 FERREIRA, Leila Costa. Limites econssistêmicos; novos dilemmas e desafios para o Estado e para

a sociedade. In: HOGAN, Daniel Joseph; VIEIRA, Paulo Freire (Orgs.). Dilemas sócioambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas: UNICAMPI, 1992, p. 15.

82 BARBOSA, Sônia Regina da Cal Seixas. Ambiente, qualidade de vida e cidadania; algumas

reflexões sobre regiões urbanas-industriais. In: HOGAN, Daniel Joseph; VIEIRA, Paulo Freire (Orgs.). Dilemas sócioambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas: UNICAMPI, 1992, p. 195.

83 CAPRA, 2002, p. 136.

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O desenvolvimento sustentável surgiu como conseqüência da crise

ambiental e do reconhecimento da finitude dos recursos naturais. O primeiro a usar

esta expressão foi Robert Allen que, no artigo How to save the World, sinalava: “[...]

é o desenvolvimento requerido para obter a satisfação duradoura das necessidades

humanas e o crescimento (melhoria) da qualidade da vida.”84 Este conceito abriga

uma série de concepções e, assim sendo, há o consenso de que ele está

relacionado às necessidades presentes e futuras, o que se dá pelo uso racional dos

recursos naturais renováveis e não-renováveis.

As Nações Unidas, na Conferência de 1972, em Estocolmo (Suécia),

conceituou como desenvolvimento sustentável “aquele que atende às necessidades

do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem à

suas próprias necessidades.”85

De acordo com Gro Harlem Brundtland, que presidiu a Comissão mundial

sobre meio ambiente e desenvolvimento, em 1972, não se tratou somente da

questão ambiental. Isso teria sido um grande equivoco, pois não era uma comissão

de ambientalistas e também constava o termo desenvolvimento. Esse relatório foi

finalizado em 1987 e denominado Nosso Futuro Comum.86 Durante estes trabalhos

foram feitos vários documentos e a Comissão fez as seguintes recomendações:

retomada do crescimento como condição necessária para erradicar a pobreza;

mudança da qualidade do crescimento para torná-lo mais justo, eqüitativo e menos 84 ALLEN, Robert. How to save the World. Business Journal. Boston, v. 73, n. 28715, ago. 1968, p.

23. 85 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS apud RICHARDS, Brian Jean. Last time. New York :

Quintessence, 1991, p. 46. 86 BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e meio ambiente; as estratégias da mudança da

agenda 21. 3. ed. Petrópolis, Vozes, 1997, p. 24.

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intensivo em matérias-primas e energia; atendimento às necessidades humanas

essenciais de emprego, energia, água e saneamento; manutenção de nível

populacional sustentável; conservação e melhoraria da base de recursos;

reorientação da tecnologia e administração dos riscos; e inclusão do meio ambiente

e da economia no processo decisório.87

No Brasil dos anos 70, o progresso estava começando com um novo governo e

a expansão da indústria posicionava-se com resistência em relação à problemática

ambiental porque havia o pensamento de que os recursos naturais do país eram

quase infinitos e, portanto, deveriam ser explorados para se atingir alta taxa de

desenvolvimento econômico.

Muito embora já tenha se passado quase 30 anos da confecção do relatório

anteriormente citado, os problemas sócio-ambientais ainda se fazem presentes,

sendo que alguns deles assumiram maior gravidade em relação ao antes

apresentado, como é o caso do comprometimento dos rios, por exemplo. Desse

modo, a realização de um novo modelo de desenvolvimento necessariamente há

que passar por debate junto à sociedade, a fim de que se alcance uma nova visão

política de progresso, “a resolução da crise ecológica é difícil e complexa”.88

Para lograr esse desenvolvimento equilibrado é necessário minimizar os

impactos ambientais e fazer o uso racional dos recursos naturais. O

desenvolvimento sustentável não gerou uma teoria econômica social única, mas tem

contribuído na discussão e implantação de princípios norteadores, com um número

considerável de teorias particulares e interpretações desses princípios. Os princípios

87 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum.

Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998, p. 53. 88 LEIS, Héctor Ricardo. Ambientalismo: um projeto realista-utópico para a política mundial. In: VIOLA,

Eduardo J.; SHERER-WARREN, Ilse; GUIVANT, Júlia S. et al. Meio ambiente, desenvolvimento e cidadania: desafios para as ciências sociais. São Paulo: Cortez, 1995, p. 16.

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do desenvolvimento sustentável encontram claras contradições com os modelos de

desenvolvimento pregados pela economia clássica.

Nesse sentido, Derani diz:

A teoria de crescimento hoje dominante, toma por base que a natureza em

nada participa do processo de crescimento. É necessário reinseri-la com o

propósito de transformar o cômputo do crescimento econômico numa

relação de sustentabilidade com o meio ambiente.89

Considerando que a natureza é usada como matéria-prima no processo

produtivo e que não aumenta, ela necessita ser considerada e avaliada

apropriadamente. Os recursos naturais são finitos e o processo produtivo na sua

essência não produz algo. Decerto, o que se realiza verdadeiramente é uma

operação de transformação da natureza e isso deve ser avaliado e inserido em

todos processos produtivos. Até agora, a economia neoclássica falhou por não

considerar os fatores naturais. Na teoria clássica, para os fisiocratas, a natureza, e

em particular o solo, teve um papel central e determinante no desenvolvimento

econômico.

Nesse sentido, cumpre trazer à colação a lição de Malheiros e Philippi Júnior:

Este cenário distorcido norteou o desenvolvimento tecnológico e determinou

relações ambientalmente injustas, seja na dimensão íntima do ser humano,

ele consigo próprio ou na dimensão interativa, ele com o outro e na

dimensão social, ele com a sociedade que o cerca, seja na dimensão física,

ele com o meio físico. Como que por conseqüência, esse mesmo cenário

propiciou também o surgimento de uma sociedade preocupada em garantir

a sobrevivência da biodiversidade do planeta e como corolário, a sua

própria permanência. Surge um grande desafio para o milênio que se inicia:

vencer barreiras sociais, físicas, econômicas, culturais e políticas há tempo

89 DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997, p. 34.

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instauradas, por meio de mudanças de paradigmas, da transformação de

uma visão fragmentada da realidade para uma visão holística.90

Foi então que surgiu o conceito desenvolvimento sustentável, que busca

conciliar o desenvolvimento com os meios de produção, em outras palavras, a lógica

exposta está em sintonia com a preservação ou minimização dos impactos

ambientais.

Segundo a Organização Caring for the Earth, o desenvolvimento sustentável

[...] significa melhorar a vida humana, vivendo dentro da capacidade máxima dos ecossistemas que a suportam. Um desenvolvimento sustentável mantém a sua base de recursos naturais. Pode continuar a desenvolver-se adaptando, através de melhoria de conhecimentos, organizações, eficiência técnica e bom senso.91

Porém, a realidade pode ser outra, visto que uma região ou país que dependa

de recursos naturais em quantidades superiores ao seu crescimento não está de fato

se desenvolvendo, pelo contrário, essa região está decrescendo o seu capital

natural. É justamente aí que reside a premência de se buscar implementar política

de uso racional dos recursos naturais não-renováveis.

Nesse sentido, destaca-se o seguinte comentário de Holthausem:

[...] como proposta geral de valorização dos seres humanos, a

implementação da sustentabilidade ambiental do desenvolvimento, através

da organização social mundial, não tem sido uma tarefa fácil, principalmente

90 MALHEIROS, Tadeu Fabrício; JÚNIOR PHILIPPI, Arlindo. Uma visão crítica da prática

interdisciplinar. In: JÚNIIOR PHILIPPI, Arlindo; TUCCI, Carlos E. Morelli; HOGAN, Daniel Joseph. Interdisciplinaridade em ciências ambientais. São Paulo: Signus, 2000, p. 147.

91 CARING FOR THE EARTH. World conservation strategy. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./snuc/index.html&conteudo=./snuc/programas/uicn.html>. Acesso em: 18 jun. 2004.

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quando se depara com tantas e diferentes posições institucionais e

pessoais pelo caminho.92

A Declaração de Cocoyok, realizada em 1974, também deixou sua contribuição

em relação ao desenvolvimento e ao meio ambiente, destacando as seguintes

observações:

• A explosão populacional tem como uma de suas causas a falta de

recursos de qualquer tipo; pobreza gera o desequilíbrio demográfico.

• A destruição ambiental na África, Ásia e América Latina é também o

resultado da pobreza que leva a população carente à superutilização do

solo e dos recursos vegetais.

• Os países industrializados contribuem para os problemas do

subdesenvolvimento, por causa do nível exagerado de consumo.93

A discussão, entretanto, não termina com esses relatórios. Em junho de 1992,

representantes de 178 países, incluindo 106 chefes de Estados estiveram presentes

para participar da Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e

desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Realizou-se também o Fórum Global das

ONG’s, com a participação de 4.000 entidades de toda a sociedade civil do mundo.

A esse evento denominou-se Eco-92, cujos documentos oficiais aprovados são os

seguintes:

• Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

• Declaração dos Princípios sobre Florestas.

• Convenção sobre a Biodiversidade e Agenda 21.94

92 HOLTHAUSEN, Carlos. Desenvolvimento sustentável. Florianópolis: Cuca Fresca, 2002, p. 27. 93 BRÜSEKE. In: CAVALCANTI, 1995, p. 32. 94 BARBIERI, 1997, p. 46.

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Desde a Eco-92 até a Conferência de Johannesburg, também conhecida por

Rio + 10, admitiu-se que a sustentabilidade ainda não tinha sido atingida. O caminho

da Rio-92 até Johannesburg não foi bem o esperado. Houve altos e baixos, tanto por

parte dos governos como da sociedade civil, haja vista que a sustentabilidade

permanece um objetivo não totalmente alvejado. Nesse contexto, note-se que os

itens que mais preocuparam os participantes da Conferência de Johannesburg foram

a água e o saneamento básico. Assim sendo, foram reiterados os compromissos

firmados quando estabelecida a Agenda 21, especialmente as formas efetivas para

suas metas serem implantadas.

A par disso, apresenta-se a noção de Boff sobre a ética em relação ao modus

vivendi contemporâneo, qual seja:

Sente-se a urgência de um novo ethos civilizacional que nos permitirá dar

um salto de qualidade na direção de formas mais cooperativas de

convivência, de uma renovada veneração pelo Mistério que perpassa e que

sustenta o processo evolutivo.95

Para lograr esses fins, as empresas devem mudar setorialmente os conceitos

de capital, lucro, insumo e economia. Além de revalidar os paradigmas de valores

utilizados nas análises econômicas.

A propósito, destaca-se o seguinte pensamento de Leff:

Hoje se afirma que, graças à modernidade, à Revolução Científica e ao

processo de globalização impulsionado pela revolução cibernética e

informática, o homem entra em uma nova etapa civilizatória: a era do

95 BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano; compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 1999,

p. 26.

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conhecimento. Isso é verdade, porque nunca antes ele havia construído e

transformado o mundo com tanta intensidade sobre a base do

conhecimento. Ao mesmo tempo em que o ser humano superexplora

recursos e desgasta ecossistemas para convertê-los em valor de troca,

“tecnologiza” a vida e coisifica o mundo. A ciência e a tecnologia se

converteram na maior força produtiva e destrutiva da humanidade.96

Decerto, foi assim que o terceiro milênio emergiu exigindo das indústrias maior

preocupação em assuntos de ordem social e ambiental do que de capital.

O conhecimento gerado pelas ciências também deverá apresentar grande

mudança, pois deixará de ser a busca do puro conhecimento para buscar

conhecimento com preocupação social e ambiental. Assim sendo, o princípio do

desenvolvimento deverá estar orientado pelas seguintes considerações:

1. prioridade no alcance de finalidades sociais (satisfação de necessidades

básicas e promoção da igualdade);

2. prudência ecológica (sustentabilidade ecológica); 3. valorização da participação e da autonomia (self reliance); 4. viabilidade econômica.97

As considerações mencionadas levam a estabelecer orientação ao crescimento

econômico, para que a médio e longo prazo não venham trazer custos

elevadíssimos à restauração da qualidade de vida. Se esses princípios forem postos

em prática, estará se realizando uma mudança radical do mero crescimento

econômico para o desenvolvimento sustentável.

96 LEFF, Enrique. Complexidade, interdisciplinaridade e saber ambiental. In: JÚNIOR PHILIPPI;

TUCCI; HOGAN, 2000, p. 23. 97 VIERA, Paulo Freire. Meio ambiente, desenvolvimento e planejamento. In: ____. Meio ambiente,

desenvolvimento e cidadania. São Paulo: Cortez, 1995, p. 218.

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Desenvolvimento sustentável é, portanto, a grande meta da sociedade

moderna, sendo que, para alvejar esse objetivo necessita-se buscar um modelo

econômico diferente que possa melhorar a qualidade de vida da população, dentro

dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas. Note-se que, os limites

variam de região para região e, assim sendo, os impactos dependem diretamente

das indústrias e das populações de cada região, levando-se em conta as

quantidades de alimentos, água, energia e matérias-primas que cada pessoa dessas

comunidades utiliza ou desperdiça.

Segundo leciona Holthausen:

O desenvolvimento sustentável entra exatamente como uma destas

junções, ordenando o que se conhece da materialidade social e propondo

um alinhamento dos agentes ativos da sociedade em benefício do meio

ambiente, da distribuição de renda, da justiça social e dos direitos

humanos.98

Tendo em vista as considerações feitas até o presente momento, deve-se

observar que segundo Santos e Câmara existem dois caminhos a serem seguidos

para que se logre êxito no desafio do estabelecimento de uma estratégia ambiental

para o desenvolvimento sustentável.

Santos salienta:

O primeiro refere-se à cooperação inter-agências e suas respectivas capacidades em orientarem-se para criar oportunidades de investimentos para os fundos privados, de modo a respeitar os princípios de sustentabilidade. Se o momento é de a sociedade exigir mais das agências governamentais, sem que, em contrapartida, maiores recursos não financeiros, de pessoal e de infra-estrutura não sejam disponibilizados, então uma junção de competência e de recursos se coloca como

98 HOLTHAUSEN, 2002, p. 35.

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procedimento necessário para o aumento da capacidade de resposta dessas agências. O segundo refere-se à participação de amplos segmentos da sociedade no processo de tomada de decisões e à composição de fóruns que permitam a discussão entre diferentes atores.99

A gestão ambiental do desenvolvimento sustentável requer novos

conhecimentos caráter interdisciplinar, além do planejamento intersetorial do

desenvolvimento. É, portanto, um ensejo ao efetivo envolvimento do cidadão na

produção das decisões a respeito de suas condições de existência e complexidade,

sobretudo, na sua atuação como protagonista de sua própria história.

Segundo Leff:

O desenvolvimento sustentável é um projeto social e político que aponta para o ordenamento ecológico e a descentralização territorial da produção, assim como para a diversificação dos tipos de desenvolvimento e dos modos de vida das populações que habitam o planeta.100

2.2.4 Agenda 21

Dentre os documentos produzidos na Eco-92, destaca-se a Agenda 21,

excelente instrumento que expressa a visão da sociedade e propõe um modelo de

desenvolvimento. Trata-se de um volume composto de 40 capítulos, detalhando um

programa de ação relacionada ao meio ambiente e ao desenvolvimento.

Nessa trilha, Gadotti preleciona:

99 SANTOS, Thereza Christina Carvalho; CÂMARA, João Batista Drummond (Orgs.).

Geo-Brasil: perspectivas do meio ambiente no Brasil. Brasília: IBAMA, 2002, p. 311.

100 LEFF, Enrique. Saber ambiental; sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder.

Petrópolis: Vozes, 2001, p. 57.

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A Agenda 21 não é uma agenda ambiental. É uma Agenda para o desenvolvimento sustentável, cujo objetivo final é a promoção de um novo modelo de desenvolvimento. A Agenda 21 não é um documento normativo, pois não obriga as nações signatárias, mas é um documento ético que se reduz a um compromisso por parte deles. 101

Dentre os objetivos que o documento em questão apresenta, destacam-

se os seguintes102:

• Promover padrões de consumo e de produção que reduzam as questões

ambientais e atendam às necessidades básicas da humanidade.

• Desenvolver melhor compreensão acerca do papel do consumo e da

forma de se implementar padrões de consumo sustentáveis.

Para May esse documento mantém em seu bojo referências respeitantes

tanto à necessidade quanto à internalização dos custos ambientais, nos preços dos

recursos naturais. Assim, deve-se observar que, caso a internalização seja

desejável, as externalidades devem ser consideradas, ou sejam, não se pode

desconsiderar os efeitos indiretos que as ações individuais acarretam sobre o

ambiente.103

A Agenda 21 foi transformada pela ONU em Programa 21, visando, desse

modo, fazer alusão ao século XXI, posto que as formas de desenvolvimento

empregadas no século passado estavam comprometendo severamente a

capacidade de suporte e regeneração do planeta, pondo em risco, dessa forma, a

vida tanto das gerações presentes quanto das futuras. É um plano de ação que visa

101 GADOTTI, Moacir, Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis, 2000, p. 110. 102 Ibid, 2000, p. 110-111. 103 MAY, Peter. Economia ecológica e o desenvolvimento eqüitativo no Brasil. In: CAVALCANTI,

Clóvis (Org.). Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 1995, p. 235.

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à sustentabilidade dos ecossistemas. É a reunião de diversos relatórios, tratados,

protocolos e outros documentos elaborados durante anos pela ONU.104

Viola e Leis afirmam que a Agenda 21 possui caráter contraditório, haja

vista ser positivo ter-se elaborado documento contendo o regramento que deveria

reger as relações Norte-Sul, mas, ao mesmo tempo, apresenta-se negativa face a

inexistência de compromisso financeiro que leve os países do Norte a investimentos

em áreas menos desenvolvidas.105

Em decorrência da Agenda 21 Global, existe a Agenda 21 Local, esta

destinada a aplicar os princípios e diretrizes aos municípios e comunidades com

estratégia global, que têm nas ações locais a sua principal forma de atingir o

desenvolvimento sustentável.

Nesta perspectiva, durante o ano de 2004, o Estado de Santa Catarina

concluiu os seus trabalhos de produção e lançamento da Agenda 21 estadual.

Sendo que nesse contexto, deve-se notar que na Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão

e Complexo Lagunar os únicos dois municípios que possuem a Agenda 21

efetivamente elaborada são os municípios de Laguna e Imbituba, construída por

profissionais que na época trabalhavam no departamentos ambientais desses

municípios.106

Através de experiência realizada durante o ano de 2004, quando da

participação do I Curso de Aperfeiçoamento em Gestão Participativa da Água

104 BARBIERI, 2000, p. 58. 105 VIOLA, Eduardo J.; LEIS, Héctor R. O ambientalismo multissetorial no Brasil para além da Rio-92:

o desafio de uma estratégia globalista viável. In: VIOLA, Eduardo J.; SHERER-WARREN, Ilse; GUIVANT, Júlia S. et al. Meio ambiente, desenvolvimento e cidadania: desafios para as ciências sociais. São Paulo: Cortez, 1995, p. 139.

106 As informações acima foram obtidas através de contato do pesquisador com os executivos dos 21

municípios que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, conforme pode ser observado no apêndice C – Ofício às Prefeituras da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar.

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promovido pelo Instituto Internacional de Educação no Brasil, pode-se entrar em

contato com uma nova modalidade de Agenda 21, a qual foi elaborada pelos sete

municípios que compõem a Bacia do Pirapama. Durante os trabalhos ocorreu

envolvimento do Comitê da Bacia e dos atores sociais que produziram o documento

em questão.107

Dentro de tal perspectiva, toda a sociedade assume que ela é o lugar

onde efetivamente existem condições para contensão, prevenção e solução da

maioria dos problemas sócio-ambientais. Dessa forma, é imprescindível a

participação de todos os segmentos envolvidos em todos os processos sociais.

2.2.5 Ações do Comitê Tubarão

As alterações antrópicas verificadas em toda a Região da Bacia

Hidrográfica e Complexo Lagunar, tais como desmatamento, uso e ocupação

indevida do solo, urbanização desregulada e poluição dos recursos hídricos têm

gerado graves problemas ambientais em toda a Região. Vários diagnósticos foram e

estão sendo realizados, porém as ações concretas ainda não são suficientes para

amenizar a complexidade das emergências. Nesse sentido, Lanna considera que “É

suficientemente claro que a Gestão das Águas e a Gestão Ambiental são atividades

inter-relacionadas.”108

107 Ver anexo B – Conhecendo a Agenda 21 da Bacia do Pirapama. 108 LANNA, Antonio Eduardo. A gestão dos recursos hídricos no contexto das

políticas ambientais: a inserção da gestão das águas na gestão ambiental. In: MUÑOZ, Héctor Raúl (org.). Interfaces da gestão de recursos hídricos: desafios da Lei de Águas de 1997. 2. ed. Brasília: Secretaria de Recursos Hídricos, 2000, p. 75.

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A participação da sociedade contra a degradação na Bacia vem se

articulando crescentemente com as lutas democráticas e denúncias obrigando os

órgãos públicos a tomarem providências quanto ao nível de poluição. A preocupação

com os direitos ambientais das populações unifica as reivindicações sociais.

Para a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, “[...] a

capacidade de suporte é definida pela condição mínima do sistema para manter a

vida, e não pela condição média.”109 O meio ambiente, que está vinculado

diretamente a um processo natural, para manter sua estabilidade ou capacidade de

suporte, requer que as atividades desenvolvidas pelo homem sejam devidamente

gerenciadas, observando as características que lhes são peculiares. Justamente

para que haja tal preservação é que as leis que regulam esta relação foram criadas.

Nessa linha de raciocínio, Muñoz e Bortoluzzi argumentam:

As experiências de intervenções visando o desenvolvimento regional, planejadas setorialmente e implementadas sem suficiente articulação entre os setores e atores envolvidos, têm deixado marcas preocupantes no cenário dos recursos hídricos da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, no Sul de Santa Catarina, com influência direta na qualidade de vida da população.110

Manifestações visando o desenvolvimento sustentável na Região da

Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão remetem ao princípio da década de 90, conforme

se constata da participação de algumas entidades como o Centro Integrado de

Ciências da Região Sul (CINCRES), Grupo de Pesquisa de Recursos Hídricos

109 SÃO PAULO, 1997, p. 63. 110 MUÑOZ, Héctor Raúl; BORTOLUZZI, Ismael Pedro. Desenvolvimento regional e

gestão de recursos hídricos; o cenário na bacia do Rio Tubarão, SC. In: MUÑOZ, Héctor Raúl (org.). Interfaces da gestão de recursos hídricos: desafios da Lei de Águas de 1997. 2. ed. Brasília: Secretaria de Recursos Hídricos, 2000, p. 257.

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Gruperh, Associação dos Consumidores (ADOCOM), Coordenadoria Regional de

Ensino (CRE), Associação dos Municípios da Região de Laguna (AMUREL), foi

criado o Centro de Educação Ambiental (CEAM), mais tarde transformado em

Departamento que hoje cuida especificamente de assuntos ambientais ligados

apenas ao município de Tubarão.

Nas outras prefeituras da Bacia Hidrográfica, as questões ambientais são

acompanhadas por órgãos ligados, geralmente, às Secretarias de Agricultura de

cada município e pela Fundação de Tecnologia e Amparo ao Meio Ambiente

(FATMA), que é um órgão estadual.

Durante este período foram realizados alguns trabalhos na Bacia

Hidrográfica, desenvolvidos pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)

em convênio com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio

Ambiente de Santa Catarina (SDM). O “Diagnóstico dos Recursos Hídricos e

Organização dos Agentes da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar” foi o

primeiro documento resultante do trabalho ou estudo realizado de forma técnica e

científica, voltado para a Bacia Hidrográfica, tendo foco centrado nas questões de

desenvolvimento e saneamento da Bacia.

Nesse relatório destaca-se:

A Bacia do rio Tubarão e Complexo Lagunar encontra-se, atualmente, seriamente degradada, o que implica na redução da capacidade produtiva e reprodutiva dos ecossistemas naturais como resultado do consumo irracional de recursos naturais renováveis e não renováveis e pelo despejo de efluentes sem tratamento. Esta Região tem uma importância fundamental no desenvolvimento e limitações sócio-econômicas do Sul do Brasil, já que dessas dependem o abastecimento elétrico, viário, industrial e agro-pecuário.111

111 ESTADO DE SANTA CATARINA; UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA. Grupo de

Recursos Hídricos. Diagnóstico dos recursos hídricos e organização dos agentes da bacia hidrográfica do Rio Tubarão – SC; documento síntese. Tubarão: GRUPERH, 1997, p. 21.

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A partir do ano de 2000 o Comitê Tubarão realmente atuou como Órgão

promotor de debates para a sustentabilidade dos recursos hídricos e à educação

ambiental na Bacia. Foram realizados vários cursos de aperfeiçoamento visando à

capacitação de multiplicadores para tentar organizar e conscientizar os moradores

da Região sobre a complexidade de uma bacia hidrográfica. Dentre os cursos

realizados citam-se: Mata Ciliar; Educação Ambiental; e Gestão Participativa dos

Recursos Hídricos.

Figura 10. Fotografia dos participantes do Curso Gestão de Recursos Hídricos, realizado em Gravatal (SC).

Fonte: Comitê Tubarão, 2002.

No período em comento, o Comitê também produziu quatro

informativos112, os quais alcançaram tiragem de 4.000 exemplares, tendo sido os

mesmos distribuídos em toda a Região da Bacia Hidrográfica.

Em outra ocasião, também foi produzido o Caderno Conheça Mais Sobre

a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar – SC, o qual foi distribuído

entre escolas da rede de ensino da Bacia.113

112 Ver anexo C – Informativo nº 3 – Comitê Tubarão. 113 Ver anexo D – Caderno Conheça Mais Sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo

Lagunar – SC.

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O Comitê Tubarão também realizou manifestações durante a Semana da

Água, que contaram com atividades simultâneas em todos os municípios da Região

Hidrográfica, todas com vistas ao desenvolvimento sustentável dos recursos

naturais, como por exemplo, houve, nas escolas, concursos de desenhos e de

redação sobre a água. Durante o encerramento, aconteceram passeatas nos

municípios da Região. Foi um período no qual os atores sociais da Bacia puderam

conhecer o seu vínculo com a mesma, bem como a influência que sobre ela

exercem.

Figura 11. Desenho vencedor do concurso realizado na 1ª Semana da Água.

Fonte: Comitê Tubarão, 2002.

Outras atividades também foram realizadas como: Fórum de Águas

Subterrâneas; Fórum de Carcinicultura; Fórum de Carvão Mineral; Fórum de

Microbacias; Fórum de Mata Ciliar.

Figura 12: Foto de Passeata realizada na 1ª Semana da Água.

Fonte: Comitê Tubarão, 2002.

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Aconteceram reuniões convocando os municípios para mostrarem o que

pretendiam e quais ações que estavam sendo realizadas com vistas à

sustentabilidade dos recursos, as quais foram chamadas de Encontros Sub-Bacias e

aconteceram nas seguintes localidades: Capivari de Baixo (Baixo Tubarão), Orleans

(Formadores do Tubarão), Rio Fortuna (Braço do Norte), São Martinho (Capivari).

Também durante o ano de 2002, outro trabalho relativo aos recursos

hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar foi iniciado, o

qual foi denominado Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Tubarão

e Complexo Lagunar, que contou com a coordenação geral e técnica da Secretaria

de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Estado de Santa

Catarina, e foi produzido pela empresa Engenharia e Pesquisas Tecnológicas (EPT).

Este documento apresenta a caracterização dos aspectos fisiográficos,

sócio-econômicos, agro-climáticos, hidrológicos e hidro-geológicos, enfim, compõe a

total caracterização dos recursos hídricos da Bacia.

As conclusões e os dados coletados desse trabalho foram finalizados no

ano de 2002 e entregues ao comitê de bacia que os levou a todos os municípios.

Entre as conclusões podemos citar:

A baixa qualidade da água se deve aos problemas crônicos da bacia, quais sejam: existência de passivos ambientais provenientes da atividade carbonífera na sub-bacia dos formadores do Tubarão; ativos ambientais referentes à atividade agropecuária nas sub-bacias dos rios Braço do Norte e do Rio Capivari; utilização de pesticidas na atividade agrícola; a inexistência de tratamento de esgotos em praticamente toda a bacia e a destinação inadequada dos resíduos sólidos. Vale ressaltar também que estes problemas são de percepção geral da sociedade que se sente angustiada por resolvê-los.114

114 SANTA CATARINA. Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Estado de Santa

Catarina. Plano integrado de recursos hídricos da bacia hidrográfica do Rio Tubarão e complexo lagunar. Porto Alegre: EPT, 2002, v. 3, p. 195.

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As ações referentes ao desenvolvimento sustentável na Bacia vêm

acontecendo de forma modesta. Porém, já existe movimentação quanto à

necessidade de se trabalhar as questões ambientais dentro deste ambiente. Nesse

sentido, Postel e Vickers comentam: “Uma sociedade sustentável e segura é uma

que atenda suas necessidades hídricas sem destruir os ecossistemas dos quais

depende ou as perspectivas das gerações futuras. A boa notícia é que é possível

atingir esse objetivo”.115

2.3 Educação Ambiental

2.3.1 Histórico da educação ambiental

A preocupação com o ambiente restringia-se, até determinado momento

histórico, a um pequeno número de estudiosos e apreciadores da natureza –

espiritualistas e naturalistas.

A década de 60 começou exibindo ao mundo as conseqüências do

modelo de desenvolvimento econômico adotado pelos países ricos, traduzido em

níveis crescentes de poluição nos grandes centros urbanos, Los Angeles, Nova

Iorque, Berlim, Chicago, Tóquio, Londres, Cidade do México e São Paulo,

principalmente – em rios envenenados por despejos industriais, como era o caso do

Tâmisa, Sena, Danúbio, Mississípi e Tietê, dentre outros. Outro problema ambiental

observado na ocasião diz respeito à perda da cobertura vegetal da terra, que

ocasiona erosão, perda da fertilidade, assoreamento dos rios, inundações e

alterações crescentes na biodiversidade. Os recursos hídricos, sustentáculo e

115 POSTEL, Sandra; VICKERS, Amy. Incrementando a produtividade hídrica. Estado do mundo,

2004: estado do consumo e o consumo sustentável. Salvador: Universidade do Meio Ambiente, 2004, p. 56.

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derrocada de muitas civilizações, estavam sendo comprometidos a uma velocidade

sem precedentes. Não obstante isso, a imprensa mundial registrava tais fatos em

matérias dramáticas.

De acordo com Layrargues, deve-se considerar que:

Não é a natureza que se encontra em desarmonia, é a nossa sociedade, e tal consideração simplesmente nos serve como um reforço à necessidade de priorizar nos conteúdos educativos as relações político-econômicas e sócio-culturais nas práticas pedagógicas [...].116

Descrevendo minuciosamente esse panorama e enfatizando o descuido e

irresponsabilidade com que os setores produtivos espoliavam a natureza, sem algum

tipo de preocupação com as conseqüências geradas, Rachel Carson lançou, em

1962, o livro Primavera Silenciosa, que se tornou um clássico na história do

movimento ambientalista mundial.117

Assim, as primeiras preocupações internacionais com a educação

ambiental, segundo Medina118, datam da década de 70; quando então o conceito

pertinente apresentava relação com o modelo de desenvolvimento ligado ao meio

ambiente.

Da Conferência de Estocolmo, em 1972, foram produzidos muitos

documentos e teve uma participação considerável de todos os povos, tem-se o

princípio 19, o qual faz menção a um trabalho de educação em questões ambientais,

qual seja: o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA). 116 LAYRARGUES, Philippe Pomier. A resolução de problemas ambientais locais deve ser um tema-

gerador ou atividade-fim da educação ambiental? In: REIGOTA, Marcos (Org.); CAMINHA, Pêro Vaz de; RAMINELLI, Ronald. Verde cotidiano: o meio ambiente em discussão. Rio de Jnaeiro: PD&A, 1999, p. 140.

117 Hector Ricardo Leis, José Luis D´Amato. O ambientalismo como movimento vital:analise de suas

dimensões histórica, ética e vivencial. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. In: Clóvis Cavalcanti (Org.). Recife: Cortez, 1995, p. 80.

118 MININI-MEDINA, Naná. Histórico da educação ambiental. In: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.

Educação ambiental. Brasília: MMA, 2000, p. 19.

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Medina destaca:

[...] de enfoque interdisciplinar e com caráter escolar e extra-escolar, que envolva todos os níveis de ensino e se dirija ao publico em geral, jovem ou adulto, indistintamente, com vistas a ensinar-lhes medidas simples que, dentro de suas possibilidades, possam tomar para ordenar e controlar o seu meio.119

A Carta de Belgrado, de 1975, escrita por vinte e cinco especialistas,

chamava o mundo para uma nova ética, indicando sobre a necessidade de se:

Desenvolver um cidadão consciente do ambiente total, preocupado com os problemas associados a esse ambiente e que tenha conhecimento, as atitudes, motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar individual e coletivamente em busca de souluções para resolver os problemas atuais e prevenir os futuros.120

Para Zeppone, “A educação ambiental é citada como um dos elementos

mais críticos para que se possa combater, com mais velocidade, a crise ambiental

do mundo”121.

A Conferência de Tbilisi (Geórgia – ex-URSS, em 1977) considerou o meio

ambiente como:

[...] o conjunto de sistemas naturais e sociais em que vivem os homens e os demais organismos, e de onde obtém sua subsistência. Este conceito abarca os recursos, os produtos naturais e artificiais com os quais se satisfazem as necessidades humanas. O meio natural se compõe de quatro sistemas estreitamente vinculados, a saber: Atmosfera, Biosfera, Hidrosfera e Litosfera. Sem nenhuma intervenção humana este conjunto de elementos está em constante mutação, ainda que a natureza e o ritmo desta mutação sejam bastante influenciados pela ação do homem. O meio social compreende os grupos humanos, as infra-estruturas materiais construídas pelo homem, as relações de produção e os sistemas institucionais por ele

119 Ibid, 2000, p. 19. 120 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Conceitos para se

fazer a educação ambiental. São Paulo: SEC, 1997, p. 22. 121 ZEPPONE, Rosimeire Maria Orlando. Educação ambiental: teoria e práticas escolares.

Araraquara: JM, 1999, p. 18.

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79

elaborados. O meio social expressa o modo como as sociedades humanas estão organizadas e funcionam para satisfazer as necessidades de alimentação, educação, saúde, moradia e trabalho.122

A Conferência de Tbilisi foi a primeira a tratar sobre educação ambiental, sendo

que durante a mesma foi adotado um conceito de meio ambiente que engloba os

aspectos naturais e aqueles decorrentes de ações entrópicas. Portanto,

[...] para se compreender a questão ambiental, torna-se necessária a ruptura com aproximações particularizadas e fragmentadas da realidade, que escamoteiam as causas da problemática ambiental e levam a adoção de soluções equivocadas e prejudiciais às populações. 123

O evento foi um prolongamento da Conferência das Nações Unidas sobre

o Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), que havia estabelecido necessidades de se

mudar o comportamento humano em relação a natureza, através da educação

ambiental.

Em 1987 aconteceu, em Moscou, o Congresso Internacional de Educação

e Formação Ambiental, no qual foi elaborado o documento Estratégia Internacional

de Ação em Matéria de Educação e Formação Ambiental para o Decênio de 90.124

Na Grécia, em 1997, aconteceu a Conferência Internacional sobre

Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientizarão Pública para a

Sustentabilidade. Essa conferência ocorreu na cidade da Tessalônica, e apontou “As

recomendações e planos de ação da Conferencia em Educação Ambiental (1975) e

Tbilisi (1977), Moscou (1987) e Toronto (1992), as quais ainda não totalmente

exploradas”.125

122 SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO, 1994, p. 11. 123 QUINTAS, João S. A questão ambiental. Brasília: IBAMA, 1993, p. 25. 124 ZEPPONE, 1999, p. 18. 125 MININI-MEDINA, 2000, p. 81.

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80

È conveniente registrar que outros eventos focando a educação ambiental

ocorreram em diversas partes do mundo, quer em forma de seminário, conferências,

fóruns ou palestras.

2.3.2 As dimensões da educação ambiental

As ações sociais estão de toda maneira condicionadas cultural e

historicamente às percepções, experiências e conhecimentos acumulados das

interações homem/natureza. Para Gadotti, “o conhecimento é o grande capital da

humanidade”126, deve ser disponibilizado a todos sem exclusão para melhor ser

difundido, é o desafio da educação nesses novos tempos.

Tendo em vista que a vida humana depende inteiramente da

disponibilidade de numerosos elementos extraídos da natureza, um dos aspectos-

chave da organização coletiva é precisamente o modo de apropriação social dos

recursos que são essenciais à sobrevivência da sociedade, o que determina, em alto

grau, as relações dos indivíduos, grupos e classes dentro da sociedade.

Nestes termos, trabalhar a conceituação de meio ambiente que inter-

relacione ambiente-social e ambiente-natural, mediada pelo direito à qualidade de

vida, é aspecto relevante para a referência de ações em educação, com questões

ambientais, que considere os elementos fundamentais da relação sociedade-

natureza.

Sobre isto, Carvalho acrescenta que há:

[...] nos diferentes setores sociais, uma forte tendência de reconhecer o processo educativo como uma possibilidade de provocar mudanças e alterar o quadro de degradação do ambiente com o qual nos deparamos.127

126 GADOTTI, Moacir. Um legado de esperança. São Paulo: Cortez, 2001, p. 102. 127 CARVALHO, Luiz Marcelo. Conceitos, valores e participação política. In: TRAJBER, Rachel;

MANZOCHI, Lucia Helena (Coords.). Avaliando a educação ambiental no Brasil. São Paulo: Gaia, 1996, p. 77.

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Acrescenta ainda o citado autor que foi a partir da década de 60, no mundo, e

na década de 70, no Brasil, que emergiu uma série de propostas educativas na rede

formal de ensino, sendo que isso se estendeu a outras instituições.

Para Oliveira, neste contexto:

A educação ambiental busca um novo ideário comportamental, tanto no âmbito individual quanto coletivo. Ela deve começar em casa, ganhar as praças e as ruas, atingir os bairros e as periferias, evidenciar as peculiaridades regionais, apontando para o nacional e o global. Deve gerar conhecimento local sem perder de vista o global, precisa, necessariamente, revitalizar a pesquisa de campo, no sentido de uma participação pesquisante, que envolva pais, alunos, professores e comunidade. É um passo fundamental para a conquista da cidadania.128

Silva acrescenta: “A grande missão da educação ambiental é a capacitação das

pessoas para o desenvolvimento sustentável local”.129

Através da educação ambiental pode-se conseguir avanços nas conquistas de

querer-se mudar o mundo, considerando a qualidade de vida das gerações

presentes e futuras, com a melhoria da qualidade ambiental, não comprometendo ou

alterando os ecossistemas.

Nesse aspecto, Hennig faz a seguinte assertiva:

A Educação Ambiental deve ter o propósito de mostrar com clareza a interdependência ecológica do mundo moderno e que as decisões e comportamentos dos diversos países podem ter alcance internacional. Isso contribuiria para desenvolver o espírito de responsabilidade e solidariedade entre os países e as regiões, determinado uma nova ordem internacional que garanta a conservação e melhoria do ambiente.130

128 OLIVEIRA, Elísio Márcio de. Educação ambiental uma possível abordagem. 2. ed. Brasília:

IBAMA, 2000, p. 88. 129 SILVA, Daniel. Metodologias de capacitação em educação ambiental. In: Iª Conferência

Catarinense de Educação Ambiental. Florianópolis, 1997. Anais... Florianópolis: IBAMA, 1997, p. 32.

130 HENNIG, G. J. Metodologia do ensino de ciências. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986, p. 399.

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Sendo então uma transição que pode mudar o conceito de

desenvolvimento praticado, compartilhando com todas as esferas sociais.

Nunes afirma que a educação ambiental apresenta três finalidades, quais

sejam:

1º) Ajudar a compreender claramente a existência e a importância da interdependência ecológica, econômica, social e política nas zonas urbanas e rurais. 2º) Proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as aptidões necessárias para proteger o meio ambiente. 3º) Apontar novas pautas de conduta aos indivíduos, aos grupos sociais e à sociedade em seu conjunto de respeito ao meio ambiente.131

Neste contexto, essa forma de educar inova por não ser reducionista e

sim holística onde abrange todos os conhecimentos, não se limitando a uma

disciplina, um educador ou uma comunidade, ou a grupos exclusivos de intelectuais.

A interação entre os atores sociais para as resoluções dos conflitos se torna um dos

primeiros requisitos necessário para se obter o êxito esperado.

Por meio da educação ambiental também se busca resgatar a cidadania

através de consciência ética, baseada em valores sociais, dando novo entendimento

às relações do homem com o ambiente. Esse novo método deve ser amplo, aberto e

subsidiar questões locais e globais. Logo, é papel de cada cidadão cuidar do planeta

e não apenas procurar culpados pelos danos ambientais. Valendo destaque ao fato

de que o compromisso com o novo mundo começa, necessariamente, com as

gerações que antecedem as futuras.

131 NUNES, Hellem R. M. A educação ambiental e o papel do professor de biologia na formação da

consciência ecológica. In: Boletim Técnico do PROCIRS. Porto Alegre, ano 2, n. 6, p. 24, abr./jun. 1988.

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Devemos abandonar a visão de um homem dono e senhor da natureza, não só porque conduziu a violência destrutiva e danos irreparáveis sobre a complexidade viva, mas também porque essas violências e danos retroagem de modo nocivo e violento sobre a própria esfera humana. O mito bárbaro de ‘conquistar’ a natureza, longe de ‘humanizá-la’, instrumentaliza e degrada aquele que a degradadou.132

O trabalho a ser feito no processo incessante de consumo e exploração

dos recursos naturais necessita de intervenção de cunho educativo, com nova

proposta de ensino, pois segundo Lerípio:

[...] a degradação ambiental é, na verdade, um modelo de organização político-social e de desenvolvimento econômico, que estabelece prioridades e define o que a sociedade deve produzir, como deve produzir e como será distribuído o produto social. Isto implica no estabelecimento de um determinado padrão tecnológico e de usados recursos naturais, associados a uma forma específica de organização do trabalho e de apropriação das riquezas socialmente produzidas. [...] A solução para tais problemas, por conseguinte, exige mudanças nas estrutura de poder e da produção e não nas medidas superficiais e paliativas sobre os seu efeitos.133

Como em todo campo em construção, o campo da educação voltado ao

meio ambiente e desenvolvimento, projeta, nos dias atuais, para o ensino e à

pesquisa, um novo espaço conceitual e metodológico.

Portanto, um conjunto de fatores de ordem cultural, política, social,

econômica e pedagógica têm de ser considerados para introduzir-se no terreno da

inovação educacional, que exige estudo e pesquisa permanentes.

A evolução dos conceitos de educação ambiental esteve diretamente

relacionada à evolução do conceito de meio ambiente e ao modo como esse era

percebido. O conceito de meio ambiente, reduzido exclusivamente a seus aspectos

132 MORIN apud PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. A educação no Contesto Escolar.

Curitiba, 1991, p. 13. 133 LERÍPIO, Alexandre.O Despertar da Consciência Ecológica. TCC.UFSC.Florianópolis, 1999, p.

43.

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naturais, não permitia apreciar as interdependências ou a contribuição das ciências

sociais, dentre outras, à compreensão e melhoria do ambiente humano.

Para Genebaldo, a educação ambiental é um processo que consiste em

propiciar às pessoas compreensão crítica e global a respeito do ambiente, para

elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar posição consciente

e participativa, sobre questões relacionadas à conservação e adequada utilização

dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminação da

pobreza extrema e do consumismo desenfreado.134

A interpretação pertinente à educação ambiental vai além do estado

conservacionista, como tem sido observada por educadores como Dias:

De qualquer forma, a evolução dos conceitos de Educação Ambiental tem sido vinculada ao conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido. O conceito de meio ambiente reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais não permitia apreciar as interdependências, nem a contribuição das consciências sociais à compreensão e melhoria do meio ambiente humano.135

Complementarmente, tem-se o seguinte comentário do Comitê da Bacia

Hidrográfica do Rio Piracicaba, Capivari e Jundiaí:

Entende-se por educação ambiental o processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento de habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus biofísicos; a educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida.136

134 GENEBALDO, Dias. F. apud MININI-MEDINA, 2000, p. 25. 135 DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e praticas. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo:

Gaia, 1992, p. 64-65. 136 COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ. Art. 15 do

modelo de projeto de lei. Piracicaba: CBHRPCJ, 2004.

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Entre os objetivos da educação ambiental, Zeppone também salienta ser

extremamente importante “Colocar as pessoas em contato direto com o mundo em

que vivem; sensibilizá-las para a importância do ecossistema que as envolve”.137

De acordo com Oliveira:

Educação ambiental deve, sim, ser encarada como um processo voltado para a apreciação da questão ambiental sob sua perspectiva histórica, antropológica, econômica, social, cultural e ecológica, como educação política, na medida em que são as decisões políticas todas as que, em qualquer nível, dão lugar às ações que afetam o meio ambiente.138

Para Gadotti e Floriane a educação ambiental vai muito além do

conservacionismo e de um enfoque naturalista como, por vezes, é praticada, envolve

uma profunda transformação na sociedade e na cultura.139

Leff acrescenta que a educação ambiental entra na educação tradicional

com a interdisciplinaridade, dirigindo esta para uma racionalidade social, mudando

os rumos do desenvolvimento.140

Estas definições e objetivos se completam. Acredita-se que a educação

ambiental seja um processo por meio do qual as pessoas apreendam como funciona

o ambiente, como é afetado e como se promove a sua sustentabilidade. Os objetivos

da educação ambiental não se alcançam com o ensino de métodos sistêmicos ou

com uma matéria integradora como a ecologia. A educação ambiental exige a

criação de saber ambiental e sua assimilação transformadora às disciplinas que

deverão gerar os conteúdos concretos de novas temáticas ambientais.

137 ZEPPONE, 1999, p. 21. 138 OLIVEIRA, 2000, p. 89. 139 FLORIANI, p. 51, GADOTTI, 2000, p. 96. 140 LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade,racionalidade, complexidade poder. 2. ed.

Petropolis: Vozes, 2001, p. 253.

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86

2.2.3 A educação ambiental no Brasil

Em solo nacional não se vislumbrava nos anos 60 e 70, a mais remota

possibilidade de ações de apoio à educação ambiental, quer pelo desinteresse que o

tema despertava entre os políticos dominantes, quer pela ausência de uma política

educacional definida para o país, como reflexo do próprio momento que atravessava

e pela qualidade dos especialistas nacionais na época, pois estava-se frente a um

novo governo.

Percebendo essa situação e sabendo da urgência ditada pela perda de

qualidade ambiental amplamente discutida na comunidade internacional, os órgãos

estaduais brasileiros de meio ambiente tomaram a iniciativa de promover a

educação ambiental no Brasil. Começaram a surgir parcerias entre as instituições

de meio ambiente e as Secretarias de Educação dos Estados. O governo federal

criou, em 1973, a Secretaria de Meio Ambiente vinculada ao Ministério do Interior.

Nos anos 80, com a nova Constituição Federal, a educação ambiental

conquistou direitos e passou a ser uma obrigação de poder público, conforme

Zeppone cumpre ao Estado “Promover a educação ambiental em todos os níveis de

ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”141.

A Rio-92, em termos de educação ambiental, corroborou as premissas de

Tbilisi e Moscou e acrescentou a necessidade de concentração de esforços para a

erradicação do analfabetismo ambiental e para as atividades de capacitação de

recursos humanos para a área.

No citado evento, com a participação do Ministério da Educação e Cultura

(MEC), foi produzida a Carta Brasileira para a Educação Ambiental, que reconhece

141 ZEPPONE, 1999, p. 23.

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ser a educação ambiental uma das alternativas mais importantes para viabilizar a

sustentabilidade como estratégia de sobrevivência do planeta e, conseqüentemente,

de melhoria da qualidade de vida.

O MEC promoveu, também em 1992, em Foz de Iguaçu, o 1º Encontro

Nacional de Centros de Educação Ambiental (CEA’s). Em dezembro de 1994 foi

criado o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), em função da Carta

Magna e dos compromissos internacionais assumidos com a Eco-92.

O PRONEA previu três ações: (a) capacitação de gestores e educadores;

(b) desenvolvimento de ações educativas; e (c) desenvolvimento de instrumentos e

metodologias. Tais questões contemplam sete linhas de ação, quais sejam:

educação ambiental através do ensino formal; educação no processo de gestão

ambiental; campanhas de educação ambiental para usuários de recursos naturais;

cooperação com meios de comunicação e comunicadores sociais; articulação e

integração comunitária; articulação intra e interinstitucional; rede de centros

especializados em educação ambiental em todos os Estados da União.

Em 1997, durante a 1ª Conferência de Educação Ambiental, realizada em

Brasília, foi produzido o documento Carta de Brasília para a Educação Ambiental.

Como não se viu outro caminho no Brasil e no mundo para a

sustentabiliade do planeta em relação à crise que foi instaurada, começou, conforme

visto, uma nova dinâmica no ensino e na cultura brasileira.

2.3.4 Educação ambiental no ensino

O saber ambiental promove a construção do conhecimento, discute a

necessidade de institucionalizá-lo abrindo espaços para a investigação e formação

de profissionais em meio ambiente. Isso requer novos objetivos para a educação na

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busca do desenvolvimento sustentável, com a produção do saber que possa ser

incorporado às novas estruturas curriculares. É necessário formar profissionais em

educação com visão de mundo e preparação teórico-prática para abordar os

problemas ambientais nas diversas disciplinas do ensino (formal e não formal).

Floriani afirma:

[...] a práxis pedagógica, por meio de conteúdos e práticas integradas bem como da investigação e do ensino, remete o professor às atuais dificuldades educacionais e suas confrontações, destacando-se aí um ponto crucial: o da prática pedagógica interdisciplinar vir com maior razão ao encontro das necessidades da educação que leva em conta o ambiente.142

Na educação ambiental confluem os princípios da sustentabilidade, da

complexidade e da interdisciplinaridade. Entretanto, suas orientações e conteúdos

dependem das estratégias de poder que emanam dos discursos da sustentabilidade

e se transferem para o campo do conhecimento. A transição para a sustentabilidade,

fundada numa racionalidade ambiental, implica pensar a complexiade no processo

de produção.

Oliveira não vê outra saída para as questões ambientais senão a

educação, mudando sua visão reducionista e sua forma ortodoxa de ambiente, e

entendo a complexidade dos sistema e suas relações.143

No entanto, Morin considera que “os indivíduos conhecem, pensam e

agem segundo paradigmas inscritos culturalmente neles”144.

A incapacidade de reconhecer, tratar e pensar a complexidade é

resultado do sistema educativo praticado.145

142 FLORIANI, Dimas. Educação ambiental, epistemologia e metodologia. Curitiba: Cortez, 2003,

p. 76. 143 OLIVEIRA, 2000, p. 89 144 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários paras educação do futuro. 3. ed. São Paulo:

Cortez, 2001, p. 25. 145 MORIN, Edgar; MOIGNE, Jean-louis le. A inteligência da complexidade. Petrópolis: Vozes,

2000, p. 90.

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89

Para Guimarães, o campo da educação ambiental vem se definindo

especificamente como uma área de estudo interdisciplinar e transdisciplinar, que

está sendo direcionada à resolução de problemas locais.146 Isso pode ser observado

no desenvolvimento de palestras e cursos da rede escolar nos trabalhos para

sensibilizar e conscientizar os participantes sobre questões ambientais e suas

relações com o conhecimento de diferentes áreas, bem como na troca de

experiência e na elaboração de projetos com a população.

No Brasil, houve a necessidade urgente de mudar os paradigmas na

educação que não apresentavam os resultados esperados frente a nova realidade.

Os modelos de educação conservadora foram aos poucos se moldando, novos

profissionais foram surgindo e, com isso, uma nova escola foi se formando. As

mudanças foram acontecendo em todos os seguimentos do ensino e da sociedade.

Por isso, a educação ambiental não pode ficar somente dentro da escola, faz parte

também da educação informal, ou seja, também diz respeito a todo e qualquer

trabalho fora do âmbito escolar.

No contexto escolar, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s, 1997)

elaborados pelo Ministério da Educação foram reorientado a estrutura curricular, na

qual aparecem os temas transversais. Flexibilizando, desse modo, os programas de

ensino para a inserção de temas relevantes como a educação ambiental.147

146 GUIMARÃES apud BUSTOS, Myriam Ruth Lagos. A educação ambiental sob a ótica dos

recursos hídricos. 2003. 194 fl. Tese (Doutorado em Engenharia Hidráulica e Sanitária). São Paulo: EPUSP, 2003, p. 47.

147 SEGURA, Denise de Souza Baena; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Educação ambiental na escola pública: da curiosidade ingênua à consciência crítica. São Paulo: Annablume, 2001.

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2.3.5 Educação ambiental em Santa Catarina

A Constituição Catarinense dispõe o seguinte sobre educação ambiental:

[...] promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino público e privado, bem como promover a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, assegurando a atual conjuntura dos órgãos de educação e de atuação na área do meio ambiente.148

No Estado, durante o ano de 1989, aconteceu uma nova proposta

curricular que, segundo Hentz, “parte do pressuposto de que o conhecimento das

ciências e das artes deve ser socializado, numa perspectiva de universalidade”.149

Nesse período entraram os temas transversais e, assim sendo, a

educação ambiental começou a ser discutida e trabalhada nas escolas. Foi iniciado

em 1995 o fortalecimento da política ambiental e foi desencadeado o Programa

Estadual de Educação Ambiental (PEEA), no qual foi realizado o Projeto Viva a

Floresta Viva.

Em 1996, aconteceu em Florianópolis a lª Conferência Catarinense de

Educação Ambiental, denominada CONCEA, através da qual foram realizados vários

debates e mesas redondas, num dos quais foi destacado o seguinte comentário de

Anderle: “A escola precisa cultivar o comportamento ambientalmente correto, mais

do que transmitir informações”.150

148 ESTADO DE SANTA CATARINA. Constituição (1989). Constituição do Estado de Santa

Catarina de 1989. Disponível em: <http://200.192.66.7/alesc/docs/especial/constituicao.doc>. Acesso em: 22 fev. 2005.

149 HENTZ, Paulo et al. Proposta curricular de Santa Catarina. In: Iª Conferência Catarinense de

Educação Ambiental. Florianópolis, 1997. Anais... Florianópolis: IBAMA, 1997, p. 147. 150 ANDERLE, Jacó. Educação ambiental: papel e desafios. In: Iª Conferência Catarinense de

Educação Ambiental. Florianópolis, 1997. Anais... Florianópolis: IBAMA, 1997, p. 24.

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Para a Secretaria de Educação a escola existe na e para a comunidade e

é seu centro atrativo, devendo sempre estar aberta a ela e a seus programas.

Igualmente lhe compete não só educar sua clientela imediata, mas também toda

comunidade dentro de uma nova filosofia de ensino, além de diagnosticar os seus

problemas e promover iniciativas para resolvê-los. Os projetos inserindo questões

sócio-ambientais vêm ganhando espaço nesses últimos anos. O Projeto de

educação ambiental e alimentar (AMBIAL) é uma dessas iniciativas. Tem por

finalidade dar apoio ao programa de combate à fome, assegurando a qualidade

alimentar de toda a população e a sustentabilidade ambiental.

Figura 13: produção de mudas nas escolas. Fonte: Secretaria de Educação e Inovação do Estado de

Santa Catarina. Relatório de apresentação do projeto AMBIAL, 2004, p. 25.

Vinculado à Secretaria de Educação do Estado existe o Núcleo de

Educação Ambiental da Diretoria de Educação Básica – Órgão responsável pela

elaboração e implantação das políticas públicas de educação ambiental em Santa

Catarina. A legislação referente a essa prática de ensino está, no momento, sendo

desenvolvida por grupos (multidisciplinares) pertencentes às Secretarias de Estado.

A alternativa encontrada pelos educadores no Estado foi a implantação na

grade curricular das disciplinas chamadas diversificadas, que são disciplinas que

tratam de temas de ordem social e regional, onde as questões sócio-ambientais são

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92

muito discutidas. Foram criadas disciplinas como Estudos Regionais, Atualidades,

Projetos Ambientais e Educação Ambiental151.

A capacitação de multiplicadores é outra alternativa que está sendo muito

bem desenvolvida. Na Bacia do rio Tubarão foi realizado nos últimos anos o Projeto

Nascente 2000, com objetivo de aproximar não só alunos, mas também toda a

comunidade escolar a conhecer as áreas de nascentes dos rios, a necessidade de

sua preservação, coletando material e água para analisar a sua qualidade. Essas

medidas são modestas frente aos problemas encontrados, porém merecem ser

respaldadas, pois aproxima comunidade e escola, mobilizando ambas para que

possam efetivamente participar nos projetos desenvolvidos.

2.3.6 O grupo de educação ambiental da bacia – GEAMB

Durante o gerenciamento do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e complexo

Lagunar, na gestão 2000-2003, foi criado o Grupo de Educação Ambiental da Bacia

– GEAMB, que era constituído de um representante de cada município da rede

hidrográfica. Os encontros aconteciam mensalmente em cada município de forma

itinerante, com objetivo de trocar experiências frente ás questões ambientais e as

preocupações com os recursos hídricos.

151 Ver anexo F – Programa das Disciplinas Curriculares que Incluem Educação Ambiental.

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93

Figura 14: Encontro do GEAMB em Anitápolis (SC). Fonte: Comitê Tubarão, 2002.

O intuito da equipe acima citada, segundo as diretrizes do Comitê, era:

[...] formular e deflagrar um programa de educação ambiental para toda a bacia, objetivando a conservação e aproveitamento sustentável dos recursos hídricos, a partir do qual possa ser discutida a interligação e o reflexo das atividades exercidas em qualquer ponto da bacia, sobre a quantidade e qualidade destes recursos.152

Dentre as várias atividades, merece destaque a criação de um projeto de

lei criando a Semana da Água nos municípios153, que acontece sempre nos meses

de setembro. Através desse grupo estabeleceu-se uma ligação entre as prefeituras e

o Comitê. Foi um período que o comitê da bacia conseguiu aparecer e mostrar suas

metas e suas funções pouco conhecidas. As atividades referentes a educação

ambiental, e a capacitação de multiplicadores dentro das questões sócioambientais

nesta região foram amplamente discutidas, pois os profissionais que representavam

152 COMITÊ TUBARÃO. GEAMB – grupo de educação ambiental da bacia. Informativo Comitê

Tubarão, Tubarão, ano 1, n. 2, p. 3, nov. 2002. 153 Ver anexo E – Modelo de Projeto de Lei para Instituir a Semana da Água nos Municípios da Bacia.

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os municípios eram das mais diversas áreas do conhecimento e de níveis de

formação diferentes.

Figura 15: Encontro do GEAMB em Pedras Grandes (SC). Fonte: Comitê Tubarão, 2002.

Nesse período de funcionamento do comitê vários informativos, cursos

de educação ambiental e cartilhas já mencionados eram levados por esses

representantes aos seus municípios de origem. fazendo com que os municípios

tomassem conhecimento dos trabalhos realizados e da função dessa equipe dentro

do contexto de uma bacia hidrográfica, muita vezes confundido com um órgão de

poder político ou jurídico.

Atualmente o GEAMB, funciona timidamente, não há mais reuniões

mensais. A gestão atual do comitê não priorizou a continuidade deste grupo por falta

de recursos e de conhecimento de seu funcionamento. Os representantes, em

alguns casos, por falta de afinidade e outros por troca de função dentro dos órgãos

municipais, tiveram que parar o trabalho de representação do GEAMB.

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95

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Unidade de análise

A pesquisa foi realizada na Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e

Complexo Lagunar, a qual é composta por 21 municípios da Região Sul do Estado

de Santa Catarina. Considerou-se a abrangência total, ou seja, uma área de 5959,97

km² e a soma dos 354.473 habitantes, aproximadamente.

O recorte da pesquisa de campo considerou como população investigada

53 professores e 211 alunos de ambos os sexos, das 3º séries do ensino médio,

tanto da rede pública quanto da particular, localizados na abrangência das cinco

sub-bacias. Destinou-se particular ênfase a dois municípios de cada sub-bacia,

caracterizados por serem os de maior e menor densidade populacional, levando em

conta também à posição geográfica, potencial sócio-econômico e problemas sócio-

ambientais que apresentam, dentro deste contexto que é a bacia do rio Tubarão,

conforme evidenciado na tabela abaixo.

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96

Tabela 02 – Distribuição espacial dos atores sociais investigados

SUB-BACIA MUNICÍPIO ESCOLA PROFESSOR ALUNO

Formadores do Rio Tubarão

Orleans e Pedras Grandes 02 07 19

Baixo Tubarão Tubarão e Treze de Maio 12 21 115

Rio Capivari Gravatal e São Bonifácio 02 07 09

Rio Braço do Norte Braço do Norte e Santa Rosa de Lima 03 08 28

Rio D’Unas Laguna e Imaruí 05 10 40

TOTAL 24 53 211

3.2 Natureza da pesquisa

Considerando os diversos questionamentos do ponto de vista econômico,

social, cultural, ambiental, entre outros, o presente trabalho aponta na direção da

pesquisa qualitativa.

Segundo Neves:

Dela faz parte a obtenção de dados descritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação do objeto em estudo. Nas pesquisas qualitativas é freqüente que o pesquisador procure entender o fenômeno segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí situe sua interpretação dos fenômenos estudados.154

Neste tipo de trabalho se tem como princípio que existe uma relação

dinâmica entre os atores sociais e o seu mundo, que não considera a complexidade

154 NEVES, José Luiz. Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades. Disponível em:

<www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/C03-art06.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2005.

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do sistema e das suas relações vivas, proveniente de uma visão cartesiana155

própria de uma escola tradicional na nossa Bacia, o que obriga o pesquisador a viver

diversas situações e entendê-las, levando-o a vários caminhos e considerando todos

os pontos relevantes dessas descobertas.

Teixeira entende que na pesquisa qualitativa:

[...] o pesquisador procura reduzir a distância entre a teoria e os dados, entre o contexto e a ação, usando a lógica da análise fenomenológica, isto é, da compreensão dos fenômenos pela sua descrição e interpretação. As experiências pessoais do pesquisador são elementos importantes na análise e compreensão dos fenômenos estudados.156

De acordo com a autora supra citada, as características da pesquisa

qualitativa são:

• O posicionamento do pesquisador, enquanto observador dos fatos é o de alguém interno à organização. • É objetivo da pesquisa alcançar amplo entendimento acerca do contexto observado. • Neste tipo de pesquisa a ênfase está voltada à dinâmica dos fenômenos, ou seja, o desencadeamento dos acontecimentos num dado espaço de tempo. • O enfoque da pesquisa é mais desestruturado, não há hipóteses fortes no início da pesquisa. Isso confere à pesquisa bastante flexibilidade. • A pesquisa geralmente emprega mais de uma fonte de dados.157

Ressaltando, ainda, a importância do trabalho qualitativo, que evolve as

mais diferentes formas de relações que se pode encontrar numa Bacia Hidrografia,

vale destacar as palavras de Chizzoti, pois, segundo esse autor “as pesquisas nas

ciências humanas e sociais têm valorizado mais os aspectos qualitativos, expondo a

complexidade da vida humana e evidenciado significados ignorados na vida

155 Entende-se por visão cartesiana o formato educacional segundo o qual há busca de resultados

práticos quantitativos, que não considera a externalidades. 156 TEIXEIRA, Elizabeth. As três metodologias. 2. ed. Belém: Grapel, 2000, p. 42. 157 TEIXEIRA, 2000, p. 42.

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98

social.”158 Esta abordagem transcende limites e problemas, com a pretensão de

sugerir formas de equacioná-los.

3.3 Coleta de dados

Esta parte da pesquisa foi planejada em função dos objetivos do estudo,

desta forma foram realizadas coletas de dados tanto junto à fontes primárias quanto

às secundárias. Foram levados as escolas e com o auxilio dos professores os alunos

eram escolhidos de forma aleatória tanto na idade, quanto ao gênero sendo que a

forma de responder era tranqüila e expontanea.

Os dados secundários se constituíram num levantamento bibliográfico e

documental cujos autores e fontes estão listados em referências.

Buscando-se nesta etapa realizar análise reflexiva, objetivou-se identificar

os problemas encontrados, visando estabelecer relação entre os problemas sócio-

ambientais e o modelo de desenvolvimento essencialmente centrado no crescimento

econômico.

Para a obtenção dos dados primários foram aplicados questionários a 53

professores159 do ensino médio e a 211 alunos das 3as séries160, também do ensino

médio, de 24 escolas pertencentes à Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo

Lagunar. Na primeira etapa foram aplicados 15 questionários pilotos em 5 cidades,

uma em cada sub-bacia, sendo 1 professor e 2 alunos, para se fazer uma analise

dos resultados antes de da pesquisa oficial. Note-se que o trabalho de campo

158 CHIZZOTI, A. apud LERÍPIO, Denize Longaray. Educação ambiental e cidadania: a abordagem

de temas transversais. 2000. 82 fl. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção e Sistemas). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2000, p. 43.

159 Ver apêndice A – Questionário aos Professores. 160 Ver apêndice B – Questionário aos Alunos.

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99

ocorreu durante a segunda quinzena do mês de novembro de 2004, tendo sido sua

execução processada pelo próprio pesquisador, o que contribuiu, sobremaneira,

para que se obtivesse 100% de retorno quanto ao preenchimento do instrumento de

pesquisa.

Segundo Klockner, “a pesquisa de campo visa proporcionar um estudo

acerca do modo como vem sendo tratado o tema da pesquisa numa realidade

prática, a fim de corroborar os resultados obtidos a partir da pesquisa

bibliográfica”161. A opção nesta etapa é por métodos qualitativos que exponham a

questão estudada em toda a sua complexidade, no sentido de visualizar a essência

das mais variadas situações, na esperança de apontar caminhos para a

sustentabilidade.

3.4 Pesquisa de campo

A pesquisa de campo, com caráter qualitativo, deve captar os

acontecimentos em estudo a partir da relação das pessoas envolvidas, observando

todos os pontos-de-vista consideráveis.

Ao sujeito da pesquisa se imprimem significados, sendo que através de

busca-se compreender os fenômenos abraçados pelo estudo, e isso, decerto,

configura-se numa interpretação da realidade. Assim, a coleta de dados representa

o diálogo que o pesquisador estabelece com os pesquisados, a fim de descrever os

fenômenos por eles vivenciados.

161 KLOCKNER, Karen Silvia Salles Silva apud LERÍPIO, Denise Longaray. Educação ambiental e

cidadania: a abordagem de temas transversais. 2000. 82 fl. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2000, p. 43.

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100

De acordo com Minayo a estratégia para o estabelecimento de contato

com o contexto do estudo há que prever detalhadamente o primeiro impacto da

pesquisa, ou seja, necessariamente há que se previsar como apresentá-la, como se

apresentar, a quem se apresentar, através de quem, com quem estabelecer os

primeiros contatos. Para o processo de investigação prevê-se idas ao campo antes

do trabalho mais intensivo, o que permitirá o fluir da rede de relações e possíveis

correções preliminares dos instrumentos de coleta de dados.162

3.5 Organização e análises dos dados

Para Lüdke e André [...] “analisar os dados qualitativos significa ‘trabalhar’ todo o

material obtido durante a pesquisa, buscando destacar os principais achados da pesquisa”163.

Gomes aponta três finalidades complementares da fase de análise dos dados no que

tange à pesquisa social:

[...] estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder as questões formuladas, e ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural do qual faz parte.164

Na leitura dos dados procurou-se entender o sentido do todo. Os dados

foram tabulados e extraídos seus percentuais de respostas relacionadas a cada

etapa da pesquisa nos grupos. Obedecendo-se os critérios da pesquisa qualitativa,

162 MINAYO, Maria Cecília de Souza. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In:

MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1998, p. 103.

163 LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo:

EPU, 1986, 45. 164 GOMES, R. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, M. C. de S. Pesquisa

social: teoria, método e criatividade. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1998, p. 69.

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101

procurou-se observar o conteúdo de cada uma das perguntas efetuadas, a fim de

que se pudesse, através dos resultados obtidos, responder a questão de pesquisa.

Neste sentido é que se entende que ao interrogar a realidade do meio

ambiente em questão surge a necessidade de se compreender e de saber como os

diferentes elementos inseridos no contexto estão relacionados uns com os outros.

3.6 Limitações do estudo

As limitações deste trabalho estão relacionadas à sua própria natureza. Todas

as análises sócio-econômicas ambientais e culturais, fundamentadas em apenas

uma perspectiva, são parciais e, portanto, incompletas, uma vez que implicam em

redução dessa realidade a um ponto de vista subjetivo.

A interpretação do desenvolvimento da Bacia Hidrográfica é, na

atualidade, um dos temas que geram muitas discussões, em particular, o

entendimento sobre como inserir-se, no sentido de adequação, da melhor forma, em

uma economia cada vez mais competitiva e globalizada. Juntamente com tal

questão, surgem os impactos sócio-econômicos que, cada vez mais, têm e terão

importância na tomada de decisões.

Na qualidade de estudo, o presente trabalho propõe uma proposta sócio-

ambiental educativa fundamentada nos princípios do desenvolvimento sustentável.

Desse modo, encontra limitações teóricas e práticas relacionadas à complexidade do tema, assim como ao fato de também estar baseado em fontes primárias.

Observa-se também que, por definição, uma pesquisa desta natureza

possui caráter interdisciplinar e, como estudo, foi desenvolvida com base disciplinar

individual, portanto, isso reflete nas conclusões alcançadas, sendo que a sua área

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102

de concentração encampa uma diversidade de etnias e emergências circunscritas na

região em estudo, o que colabora para que situações pertinentes e, ao mesmo

tempo, relevantes não sejam abordadas face à amplitude do universo investigado.

Contudo, a presente pesquisa busca oferecer um instrumento que possa

contribuir às discussões sócio-políticas-ambientais acerca da Bacia Hidrográfica do

Rio Tubarão e do Complexo Lagunar.

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103

4 ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Resultados obtidos junto aos professores

4.1.1 Conhecimento sobre a bacia hidrográfica

GRÁFICO 01

CONHECIMENTO SOBRE A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR (RH 9)

14,2

50

28,5

7,3

0

10

20

30

40

50

%

Da nascente à foz Boa parte Muito pouco Não conheço

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Os dados ilustrados no gráfico 01 revelam que 14,2% da amostra

populacional conhece a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e o Complexo Lagunar

(RH 9), enquanto que 50,0% conhece boa parte desta região, 28,5% conhece muito

pouco e 7,3 % não conhece.Esse fato confirma que o conceito de hidrologia citado

por TUCCi (2000) não é mais exclusividade de engenheiros e especialistas e sim

preocupação de todos. Também fortalece a percepção de DIAS (1994) como uma

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104

área importante para o planejamento ambiental, e são formados por diferentes

unidades sejam elas ecológicas, sóciopolíticos e com desenvolvimentos próprios de

da sua ocupação (HIDALGO,1995).

GRÁFICO 02

PARTICIPAÇÃO EM ALGUMA ATIVIDADE ORGANIZADA PELO COMITÊ DA

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

46,1

53,9

42

44

46

48

50

52

54

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Questionados se participaram de alguma atividade organizada pelo

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, 46,1% dos

professores registraram que sim. De outro lado, 53,9% dos docentes questionados

responderam que não. Observa-se que o Comitê não tem conseguido deliberar

suas ações em nível regional, como prevê seu regimento (1998), pois uma

representação significativa na sua formação incluindo todas as entidades de classe,

sem descriminação, nos remete ao que foi colocado capitulo sobre recursos hídricos

quando da indicação de seus membros para a sua formação.

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105

GRÁFICO 03 EFICIÊNCIA DO PAPEL DO COMITÊ NAS QUESTÕES SÓCIO-AMBIENTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

30,7

53,8

25,5

0

10

20

30

40

50

60

%

Sim Não Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto ao papel do Comitê Tubarão ser eficiente nas questões sócio-

ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, os

investigados destes segmentos se manifestaram da seguinte forma: 30,7% disseram

que sim; 53,8% afirmaram que não; e 25,5% não responderam ao questionamento.

Nesse contexto, as justificativas apontadas foram: falta de divulgação; está parado; e

tem tentado fazer sua parte. Com a nova legislação federal, lei 9.433 e estadual lei

9748, quando os comitês têm uma nova fase de estruturação e funcionamento, o

nosso comitê não apontou para esses novos tempos. Há de se considerar que

através do projeto FEHIDRO citado nas diretrizes do comitê (2001) o trabalho nesse

período foi muito bem feito em relação aos outros anos devido ao investimento feito

através desse projeto, como foi observado no resultado da pesquisa.

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106

GRÁFICO 04 CONHECIMENTO SOBRE ALGUMA POLÍTICA DE GERENCIAMENTO RELATIVA

ÀS QUESTÕES SÓCIO-AMBIENTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

23,1

76,9

0

20

40

60

80

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Os resultados do questionamento 04 trilharam no sentido de que 23,1%

dos professores responderam que conhecem alguma política de gerenciamento

relativa às questões sócio-ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e

Complexo Lagunar, enquanto que a maioria absoluta, 76,9% dos docentes, inferiram

resposta negativa. Os investigados que responderam sim, apontaram que conhecem

o Projeto Nascente 2000.O Este trabalho que foi citado no capítulo da Educação

Ambiental desta dissertação, atua na capacitação de professores e comunidade nas

questões sócioambientais da gerência regional de ensino de Tubarão e não ao nível

de bacia hidrográfica. Os órgãos responsáveis pela sustentabilidade dos recursos

naturais e promoção ambiental na Bacia como o Comitê, as secretaria de estado, O

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107

GEAMB, não alcançaram seus objetivos. Ferindo inclusive a constituição estadual

no que diz respeito a educação ambiental em todos os níveis.

GRÁFICO 05

EFICIÊNCIA DAS AÇÕES POLÍTICAS NO COMBATE À DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

53,8

46,2

42

44

46

48

50

52

54

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

De acordo com os resultados da pergunta 05, para uma parcela deste

segmento, 53,8% dos professores, as ações políticas são eficientes no combate à

degradação ambiental, sendo que para os demais, 46,2% dos docentes, tais

políticas não apresentam eficiência. Complementarmente, tem-se a seguinte

indicação: a população ainda não atingiu maturidade para essas questões; é preciso

que haja participação de todos; com a ajuda dos governantes o uso de poluentes

pode diminuir; a ação política é fundamental; e, falta empenho por parte dos órgãos.

Convém aqui observar CAPRA (1998) que essas políticas não podem ser tratado de

forma isolada, ou fracionada e sim como responsabilidade dos órgãos públicos.

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108

GRÁFICO 06 PARTICIPAÇÃO EM ALGUMA ENTIDADE AMBIENTALISTA

39

61

010

2030

405060

70

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Em termos de participação em alguma entidade ambiental, o segmento

dos professores está assim distribuído: 39,0% está vinculado a alguma entidade;

61,0% não possui tal vínculo.Neste resultado nos reporta a idéias de paradigmas de

KHUN (2000), pois é necessário uma nova concepção de participação social na

entidades pela população.

GRÁFICO 07

CONSIDERAÇÃO SOBRE A FORMA DE DISCUSSÃO A RESPEITO DOS TEMAS SÓCIO-AMBIENTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA

DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

15,3

84,7

0

20

40

60

80

100

%

Sim Não

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109

15,3% dos professores julgaram que os temas sócio-ambientais da Bacia

Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar são discutidos de forma

adequada. Em contrapartida, 84,7% afirmaram o oposto. Ao responderam sobre o

porquê, os docentes listaram os seguintes motivos: faltam profissionais habilitados,

falta objetividade; falta continuidade dos projetos iniciados; os problemas não são

conhecidos; não são divulgados; e, falta de dedicação.Como se observa, através

das respostas, as entidades que visam o desenvolvimento sustentável descritos nas

ações do comitê na bacia atuam de forma modesta perante o publico pesquisado e

suas intervenções precisam ser revistas, com participação de toda a comunidade e

não só de representantes como acontece até o momento.

GRÁFICO 08

ATUAÇÃO DA ESCOLA EM ALGUM PROJETO PERTINENTE À BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

30,7

69,3

010

2030

405060

70

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto à atuação da escola em algum projeto pertinente à Bacia

Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, 30,7% dos professores

assinalaram a opção sim, enquanto que os demais, 69,3% dos docentes, indicaram

a alternativa não. Questionado sobre quais atividades a Escola atua, o segmento

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110

elencou estes itens: feira de ciências; viagem de estudos; Projeto Verde Água; e,

plantio de árvores. Os projetos desenvolvidos em caráter escolar tem efeitos

corretivos e não são sistemáticos, atuam em determinados períodos com prazos

estipulados para inicio e final. Vários projetos desta natureza são reportados no

capitulo da educação ambiental e não tem o caráter que leciona GENEBALDO

(2000) que é propiciar uma visão global e critica de EA.

4.1.2 Dos problemas sócio-ambientais

GRÁFICO 09

OPINIÃO SOBRE OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

DA BACIA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

20,2

8,5 6,3

14,510,8

30,7

5 0,905

101520253035

%

Atividades econômicas Desmatamento AgrotóxicosMineração Dejetos suínos SaneamentoFalta de tratamento d'áua Lixo

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Com relação ao questionamento 09, que é de múltipla escolha, na opinião

dos professores questionados, os principais problemas de degradação ambiental na

Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar são os seguintes: 20,2% atividades

econômicas; 8,5% desmatamento; 6,3% agrotóxicos; 14,5% mineração; 10,8%

dejetos suínos; 30,7% saneamento; 5,0% falta de tratamento de água; 0,9%

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111

lixo.Fortalece o trabalho feito pela UNIUSL em 1988 e mais recentemente o

diagnóstico da bacia realizado pela EPT / SDM 2002. Também vão de encontro ao

que os atores sociais levantaram no seminário realizado para o diagnóstico acima

citado.

GRÁFICO 10

INDICAÇÃO DE CASO DE PESSOA CONTAMINADA POR POLUIÇÃO AMBIENTAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO

E COMPLEXO LAGUNAR

23

77

0

20

40

60

80

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Conforme demonstra o gráfico 10, 23,0% dos investigados deste

segmento afirmaram que sabem de algum caso de pessoa contaminada por poluição

ambiental na Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, sendo que os

outros 77,0% registraram desconhecer algum caso. Os professores que

responderam afirmativamente, indicaram que a contaminação conhecida foi por

agrotóxicos.

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112

GRÁFICO 11

ENTENDIMENTO SOBRE A CONSCIÊNCIA DA POPULAÇÃO LOCAL SOBRE OS PROBLEMAS SÓCIOS AMBIENTAIS EM QUE VIVE

15,3

84,7

0

20

40

60

80

100

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

No entendimento de 15,3% dos professores, a população local está

consciente dos problemas sócioambientais, porém, para 84,7% dos docentes essa

conscientização inexiste, sendo que para estes últimos os motivos da falta de

conscientização decorrem dos seguintes fatores: falta divulgação e não existência

de tantos problemas. A complexidade disto parte de obter um desenvolvimento que

não é conhecido no ambiente escolar,pois em muitas situações algums problema

que dizem respeito ao amniete são tratados de forma local e ate mesmo dentro da

própria cominidade enão visto como uma questão global, com conseqüências em

outros setores ,segundo LEFF (2000).

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113

GRÁFICO 12

CONSIDERAÇÃO SOBRE A ATUAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL QUANTO À CONTRIBUIÇÃO DESSA NA MUDANÇA DO CURSO

DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

53,8

46,2

42

44

46

48

50

52

54

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

O gráfico 12 revela que os resultados obtidos, em relação à atuação da

sociedade civil na contribuição para mudar o curso da degradação ambiental,

distribuem-se da seguinte forma: 53,8% dos professores consideram que há tal

contribuição; 46,2% dos docentes não consideram existir a citada contribuição.

Reiterando esta dualidade, ao justificarem suas respostas, os investigados

notificaram: em muitas situações a sociedade civil faz vistas grossas; e, existe uma

certa preocupação com as questões ambientais.Neste caso a de considerar a

citação de SANTOS (2002) quando ele insiste na participação de todos os

seguimentos nas discussões sociambientais, não tratando esta, como uma situação

própria para especialista e entendidos na área ambiental e políticos e empresários.

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114

GRÁFICO 13 OPINIÃO SOBRE OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE

PROVOCADOS PELA DEGRADAÇÃO DA BACIA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

53,4

6,5 8,116,3 15,7

0

10

20

30

40

50

60

%Problemas respiratórios Cólera VerminosesIntoxicação alimentar Câncer/metais pesados

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004

A bacia hidrográfica do rio tubarão e complexo lagunar, vem conforme

observado na revisão bibliográfica sofrendo alterações antrópicas proveniente de

praticas de cultivo e manejo das áreas e dos recursos naturais, não sendo

acompanhados ou mudado seu comportamento ao longo dos anos dentro de uma

visão condizente com as leis ambientais e com novas tecnologias disponíveis onde a

produção pode ser melhorada e com uma qualidade ambiental bem diferente da

atual. Como as praticas industrias e agropecuárias geram resíduos das mais variadas

formas, e prejudicam todos os organismos vivos que cercam esta complexo

ecossistema. Desta forma, não poderia ser diferente que a qualidade de vida das

pessoas e do ambiente que nos cercam seja abalado de forma acentuada,

interferindo diretamente na saúde dos nossos moradores que vivem diariamente em

contato direto com este ambiente e que cada vez mais são denunciados pelos orgtão

de imprensa desta região.

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115

Na pergunta de número 13, os professores foram questionados sobre a

opinião que têm a respeito dos principais problemas de saúde provocados pela

degradação da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar. Os docentes relataram os

seguintes aspectos: 53,4% problemas respiratórios; 6,5% cólera; 8,1% verminoses;

16,3% intoxicação alimentar; 15,7% câncer provocado por metais pesados. Os dois

planos dando o diagnóstico, feitos pela UNISUL (1988) e pela SDM / EPT (2002)

prevendo a sustentabilidae na bacia hidrográfica não chegaram a ser divulgados nas

escolas, pois eles reportam muito a importância de se manter a relações entre o

ambiente e a forma como ocorre o desenvolvimento e suas conseqüências diretas na

saúde humana e no equilíbrio dos ecossistema da bacia hidrográfica.

4.1.3 Educação ambiental

GRÁFICO 14

MODO DE ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO REGULAR

7,6

92,4

0

20

40

60

80

100

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

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116

Questionados sobre o modo pelo qual a educação ambiental é abordada

no ensino regular, 7,6% dos professores indicaram que o tema é abordado de maneira

adequada, mas 92,4% assinalou que não. No contexto da pergunta 14, foram

apresentados os seguintes motivos: falta tempo; falta de pessoal e de material; falta

de empenho; falta de comprometimento com a questão ambiental. Para o conceito

de EA, segundo ZEPPONE (1999), como um mecanismo crítico para mudar a crise

socioeconômica em que vivemos não são destacados elo profissionais de ensino

nas escolas.

GRÁFICO 15

ENTENDIMENTO QUANTO À NECESSIDADE DE UMA DISCIPLINA ESPECIFICA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

38,4

61,5

010

2030

405060

70

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto ao entendimento sobre a necessidade de uma disciplina

especifica para a Educação Ambiental, as respostas foram distribuídas deste modo:

responderam sim 38,4% dos professores; indicaram não 61,5% dos docentes. Os

comentários tecidos a respeito foram: como tema transversal ela é mais eficiente;

nas séries iniciais; deve ser trabalhado em todas as disciplinas. As respostas

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117

fortalecem o que diz OLIVEIRA (2000) a EA tem que estar presente em todas a

situações e ambientes e não especifica a uma disciplina ou projeto.

GRÁFICO 16

DIFICULDADES RELEVANTES PARA SE TRABALHAR EDUCAÇÃO AMBIENTAL

20,616,5

42,2

8,2 8,24,3

05

1015202530354045

%

Item 1 Item 2 Item 3 Item 4 Item 5 Item 6

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Em relação às dificuldades do trabalho com EA, 20,6% responderam falta

de conhecimento sobre o tema; 16,5% tempo insuficiente, devido aos conteúdos da

grade curricular; 42,2% alegaram falta de capacitação dos professores para tal

abordagem nos cursos de graduação; 8,2% apontaram o desinteresse dos docentes;

8,2% indicaram a ausência de recursos; e 4,3% assinalaram a opção outros.Nestes

resultados convem reafirmar o que esta implícito no que diz HENNING a respeito de

EA que deve melhorar o ambiente e desenvolver o espírito de responsabilidade e

solidariedade.

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118

GRÁFICO 17

REQUISITO CONSIDERADO MAIS IMPORTANTE PARA SE

TRABALHAR EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM SALA DE AULA

19,4

40,3

28,6

11,7

00

10

20

30

40

50

%

Item 1 Item 2 Item 3 Item 4 Item 5

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

19,4% dos professores questionados indicaram a necessidade de

disciplinas específicas sobre o tema, durante a graduação; 40,3% assinalaram

cursos de capacitação que promovam prática pedagógica reflexiva; 28,6% promoção

de atividades que demonstrem a relevância do tema; 11,7% disseram ser necessário

criar disciplina específica para trabalhar a Educação Ambiental; e outros, que não

computou registro. Dai o entendimento de GADOTTI (2000), FLORIANI (2003) e

LEFF (2001) onde descrevem que a EA vai muito alem das questões ambientais,

entram na transformação da sociedade para mudar os rumos do desenvolvimento e

mudar as formas de ensino com novos métodos e estratégias, que de forma efetiva

posso mudar o atual quadro político educacional dentro das ambientes escolares em

relação a EA tanto para alunos quanto para o corpo discente.

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119

GRÁFICO 18

PARTICIPAÇÃO EM ALGUM CURSO DE CAPACITAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

23

77

0

20

40

60

80

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Com relação a terem participado de algum curso de capacitação sobre

Educação Ambiental, 23,0% dos professores responderam sim e os outros 77,0%

assinalaram não. Os indivíduos que responderam afirmativamente indicaram o curso

Nascente 2000, já os demais apontaram à falta de convite. È lamentável que as

ações do comitê (2002) não tenham contemplado e os professores da rede de

ensino, por falta de entendimento de seus representantes municipais, que não viam

a escola como um dos mecanismo para a multiplicar essa corrente de informações.

Como os programas visando a EA tem recomeçado com um novo enfoque nesses

anos através do comitê (2002) e da Secretaria através do projeto AMBIAL (2004)

certamente teremos outro resultados adiante.

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120

4.1.4 Desenvolvimento sustentável

GRÁFICO 19 A

OPINIÃO SOBRE ESTE CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

40

30,5 29,5

0

10

20

30

40

%As gerações futuras terão problemas É necessário preservar a naturezaÉ possível desenvolver sem agredir

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Com relação à opinião que os professores têm sobre o conceito de

Desenvolvimento Sustentável, foram emitidas as seguintes respostas: 40,0%

disseram que as gerações futuras terão problemas; 30,5% revelaram ser necessário

preservar a natureza; 29,5% responderam ser possível desenvolver sem agredir.

Nestas linha destaco a opinião de DERANI (1997) onde é necessário rever a teoria

de desenvolvimento onde o ambiente não faz parte dele, e que é possível inseri-lo

neste modelo, através de uma visão holística, onde todas as forma de

conhecimentos e ações, possam ser contempladas, como cita MALHEIROS (2000).

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121

GRÁFICO 19 B

ENTENDIMENTO QUANTO À POSSIBILIDADE DE SE ATINGIR O OBJETIVO CONTIDO NO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

69,2

30,8

010

2030

405060

70

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Sobre a possibilidade de atingimento do objetivo contido no conceito de

desenvolvimento sustentável apresentado, 69,2% dos professores inferiram resposta

positiva, enquanto que os outros 30,8% acusaram o contrário. Os comentários

efetuados a respeito foram os seguintes: deveria existir mais campanha educativa;

com participação de todas as entidades. Nesta situação o conceito de DS deve ser

reforçado através da EA preconizada por LEFF (2001) onde deve mudar os rumos

do desenvolvimento econômico, dando um novo entendimento aos valores e

praticas sobre os recursos naturais e sua forma de exploração, entendendo a

capacidade de suporte da natureza e suas conseqüências relação direta para a

sustetabilidade do planeta e nossa sobrevivência.

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122

GRÁFICO 20

PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA EM PROJETOS/AÇÕES QUE VISEM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

76,9

23,1

0

20

40

60

80

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Os resultados obtidos através do questionamento 20 dividem este

segmento da população desta forma: 76,9% dos professores notificaram que a

escola a qual estão vinculados participa de projetos/ações que visam o

desenvolvimento sustentável. Por outro lado, 23,1% dos docentes responderam que

suas escolas não participam de tais atividades. No primeiro caso, foram relacionadas

as seguintes atividades: palestras e, Feiras de Ciências. É difícil se valorizar o que

não se conhece e que os conceito de EA e DS não são discutidos e ficam apenas

distribuídos em projetos ambientais visando a conservação da natureza localizada,

como salienta LAYRARGUES (1999) em suas observações.

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123

GRÁFICO 21

APLICABILIDADE DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA BACIA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

69,2

23

7,8

0

10

20

30

40

50

60

70

%

Sim Não Não sabe responder

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto à aplicação do desenvolvimento sustentável na Bacia do Rio

Tubarão e Complexo Lagunar obteve-se estas indicações: 69,2% dos professores

entendem ser viável; 23,0% dos docentes consideram não haver probabilidade; e os

demais, 7,8% registraram não saber responder. Os investigados que responderam

positivamente disseram que o desenvolvimento sustentável pode ser aplicado na

região através da seguinte forma: investindo no tratamento de resíduos, fiscalização e

educação. Os trabalhos realizados pelas entidades não são conhecidos, por isso, os

resultados ficam muito vagos. Se o cenário de degradação vem através de uma

política de ocupação é a EA que tem o poder de alterar esse quadro

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124

GRÁFICO 22

CONHECIMENTO SOBRE O DOCUMENTO AGENDA 21

30,8

69,2

010

2030

405060

70

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Com relação ao conhecimento a respeito do documento Agenda 21 e o

modo pelo qual o mesmo se estabeleceu, obteve-se estas afirmações: 30,8% dos

professores responderam que conhecem o referido documento; 69,2% dos docentes

assinalaram que não o conhecem; sendo que o meio pelo qual os primeiros

obtiveram conhecimento a respeito da Agenda 21 foi: imprensa e palestras. Talvez a

forma como este documento foi realizado deixou a desejar como comenta GADOTTI

(2000) e MAY (1995), por tratar–se de um documento ambiental e feito por

especialistas, não houve um envolvimento das classes sociais das bases como a

própria agenda previa e como deveria acontecer, porem vale destacar que o

documento feito não foi em vão e que agora precisa ser conhecido pela

comunidade,pois seu principio prevê que não é um documento pronto e sim que

precisa constantemente ser atualizado.

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125

GRÁFICO 23

IMPORTÂNCIA DA AGENDA 21 LOCAL

30,1

69,9

010

2030

405060

70

%

Sim Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto à consideração a respeito da importância que os professores

atribuem à Agenda 21 local, 30,1% dos investigados afirmaram positivamente,

enquanto que os demais, 69,9%, não responderam ao questionamento.Destas

respostas se observa a importância dos atores sóciais evolvidos em projeto como o

desse documento de divulgar e envolver as comunidades e os órgãos sociais para a

sua elaboração e sua divulgação.

GRÁFICO 24 EXISTÊNCIA DE AÇÕES MUNICIPAIS BASEADAS NA AGENDA 21

50 50

0

10

20

30

40

50

%

Sim Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

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126

Questionados sobre a existência de ações municipais baseadas na

Agenda 21, considerando-se apenas os respondentes do questionamento anterior

(16 professores, 30,1% do total deste segmento), tem-se que, deste total, 50,0%

indicaram que em sua municipalidade há ações baseadas na Agenda 21, enquanto

que os demais, 50,0%, não responderam. Este resultado é proveniente de só dois

municípios da bacia terem concretizados a mesma como foi descrito no capitulo que

trata do DS.

GRÁFICO 25

COMO A AGENDA 21 PODERÁ SER APLICADA NO MUNICÍPIO DOS PROFESSORES

5,110,2

34,5 32,8

17,4

0

5

10

15

20

25

30

35

%

Coleta seletiva Fiscalização Educação ambiental Educação Aplicação da legislação

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Os resultados do questionamento 25 apontaram que as seguintes ações

podem ser implantadas no município: 5,1% coleta seletiva; 10,2% fiscalização;

34,5% educação ambiental; 32,8% educação; 17,4% aplicação da legislação.Como

já era previsto através da revisão de literatura a idéia de agenda 21 estão

condicionadas a ações corretivas e não a sustentabilidade da região hidrográfica,

por ser uma discussão feita longe do ambiente escolar.

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127

4.2 Resultados obtidos junto aos alunos

4.2.1 Conhecimento sobre a Bacia Hidrográfica

GRÁFICO 01

CONHECIMENTO SOBRE A BACIA HIDROGRÁFICA DO

RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR (RH-9)

2,7

30,5

55,5

11,10

10

20

30

40

50

60

%

Da nascente à foz Boa parte Muito pouco Não conheço

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Observando os resultados obtidos através do questionamento 01,

percebe-se que a opção muito pouco foi a que registrou maior pontuação, 55,5%

dos alunos. Em contrapartida, o item da nascente até a foz foi o que computou

menor número de respondentes, 2,7%. Tendo em vista os dados relativos ao

questionamento em análise, pode-se afirmar que a maior parte dos alunos

questionados possui pouco conhecimento sobre a Bacia Hidrográfica. Não

conhecendo a Região, como ficou caracterizado, torna-se difícil o efetivo

estabelecimento de trabalho de recuperação ambiental dentro do contexto da Bacia

Hidrográfica, pois só se preserva aquilo se conhece considerando a citação de DIAS

(2003) como um espaço importante para uma política de gestão ambiental.

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128

GRÁFICO 02

PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES ORGANIZADAS PELO

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO

E COMPLEXO LAGUNAR

2,7

97,2

0

20

40

60

80

100

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

De acordo com os resultados obtidos, tem-se que a maioria absoluta dos

questionados deste segmento, 97,2% dos alunos, indicaram não ter participado de

alguma atividade organizada pelo Comitê Tubarão, sendo que os motivos alegados

para tanto foram: não possuir conhecimento; não haver divulgação; não ser

convidado. Por outro lado, apenas 2,7% dos pesquisados afirmaram ter participado

de alguma dessas atividades. Entende-se, dessa forma, que a participação dos

escolares junto às atividades promovidas pelo Comitê Tubarão é, sobremaneira,

acanhada. O Comitê teve trabalho destacado entre os anos de 2000 a 2002, quando

se pretendia construir a consciência de Bacia Hidrográfica nos 21 municípios,

segundo MUÑOZ (2001), porém, conforme anteriormente observado, ainda não

conseguiu atingir às escolas.

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129

GRÁFICO 03

EFICIÊNCIA DO PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS E ONG’S NAS QUESTÕES SÓCIO-AMBIENTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA

DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

11,2

72,2

16,60

20

40

60

80

%

Sim Não Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

De acordo com os dados ilustrados no gráfico acima, os resultados do

questionamento 03 apontam no sentido de que, segundo a maioria absoluta dos

alunos, o papel das ONG’s e das organizações governamentais é ineficiente, haja

vista que dos 211 questionados 72,2% afirmaram isso. Em outra instância, é

interessante de ser observado que 16,6% dos investigados não responderam à

questão em tela, enquanto que os outros 24 dos 11,2% indivíduos registraram que o

papel das ONG’s e das organizações governamentais é eficiente.

Através destes resultados percebe-se que há falta de divulgação a

respeito das citadas atividades, haja vista o índice de afirmações neste sentido e

também o número de abstenções obtidas, o que revela, ao seu turno, falta de

conhecimento sobre tais atividades. Note-se que os respondentes alegaram dois

motivos básicos que justificam os posicionamentos assumidos, quais sejam: não se

tem conhecimento e não se vê resultado. Estas justificativas reiteram os resultados

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130

obtidos no questionamento anterior. Não obstante, a eficiência das políticas de

gerenciamento apresentam cunho preventivo e não corretivo contrariando as

observações de BECKER (2003), o que, por si só, contribui para que tais ações

passem despercebidas por uma significativa parcela de moradores locais. Bom

exemplo disso é o fato de o Comitê (1999) ter realizado seminários, no período

acima citado, visando a sustentabilididade dos recursos hídricos da Bacia, e note-se,

que tal ação é de caráter educativo.

GRÁFICO 04 EFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS DE GERENCIAMENTO DA

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

5,7

77,7

16,60

20

40

60

80

%

Sim Não Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Os resultados do questionamento 04 indicam que somente 5,7% dos

escolares consideram eficientes as políticas de gerenciamento da Bacia Hidrográfica

do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, enquanto que 77,7% afirmaram o contrário,

16,6% dos alunos se abstiveram de resposta ao questionamento em linha. Através

destes resultados pode-se dizer que se as políticas de gerenciamento da Bacia

Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar apresentassem eficiência,

basicamente este segmento teria inferido o oposto do que afirmou a sua maioria,

sendo que as principais justificativas para as negativas registradas foram as

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131

seguintes: faltam políticas de manejo eficientes, não tem conhecimento; e o rio ainda

está poluído.

GRÁFICO 05

FORMA DE DISCUSSÃO ACERCA DOS TEMAS SÓCIO-AMBIENTAIS SOBRE

A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

19,4

66,6

110

10

20

30

40

50

60

70

%

Sim Não Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Este segmento da população investigada registrou a seguinte distribuição

como resultados para o questionamento 05: 19,4% dos estudantes afirmaram que os

temas sócio-ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar

são discutidos de forma adequada; 66,6% dos pesquisados entendem que esses

temas não são discutidos de forma adequada; e 11% dos elementos não

manifestaram opinião a respeito. Percebe-se, neste contexto, que há inadequação

quanto à discussão dos referidos problemas. Em algumas situações as questões

discutidas não são colocadas de forma que o público ou a comunidade possa

entendê-los e sinta-se à vontade para discuti-los, observando o que salienta Santos

(2002). Conseqüentemente, a discriminação intelectual passa a fazer parte do

contexto, sendo que isso faz com que os atores sociais se distanciem das tomadas

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132

de decisões, remanescendo, portanto, uma parcela de sujeitos em menor número

que a totalidade.

GRÁFICO 06

ATUAÇÃO DA ESCOLA EM ALGUM PROJETO ENVOLVENDO A BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

13,8

80,5

5,70

20

40

60

80

100

%

Sim Não Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Dentre os alunos questionados, 13,8% afirmaram que a escola na qual

estudam atua em algum projeto envolvendo a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e

Complexo Lagunar, tendo sido apontados os seguintes projetos: Verde Água; feira

de ciências; conscientizações. Em contrapartida, 80,5% dos investigados

responderam o oposto dos primeiros, 5,7% dos indivíduos não emitiram resposta. A

escola, em relação às ações pertinentes à Bacia Hidrográfica, não executa projeto

algum, pois os ora citados são de natureza educativa, inseridos nos projetos das

escolas dentro dos conteúdos programáticos das disciplinas curriculares.

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133

GRÁFICO 07

FREQÜÊNCIA DA CONTEXTUALIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR NAS DISCIPLINAS

33,3

66,7

0

10

2030

40

50

60

70

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto à freqüência da contextualização da Bacia Hidrográfica do Rio

Tubarão e Complexo Lagunar nas disciplinas da grade curricular do ensino médio,

as respostas dos alunos ficaram distribuídas desta forma: afirmaram que sim 33,3%

dos estudantes; responderam que não 66,7% dos educandos. Os alunos que

indicaram afirmativamente apontaram a contextualização junto às seguintes

disciplinas: Geografia; Biologia; e Química. Assim sendo, percebe-se que há

carências quanto à contextualização da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e

Complexo Lagunar nas disciplinas, bem como há ausência de sintonia e, por

conseguinte, intercâmbio entre elas no que se refere ao tema. Observa-se, ainda,

que em relação ao número de disciplinas constantes da grade escolar, a freqüência

com que o assunto é tratado não condiz com a importância da qual o tema se

reveste. Considero a observação por GADOTTI (2000) quanto ao conhecimento,

como política para mudar os rumos do desenvolvimento.

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134

4.2.2 Dos problemas sócio-ambientais na Bacia do Rio Tubarão

GRÁFICO 08

INDICAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS SÓCIO-AMBIENTAIS EXISTENTES NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO

E COMPLEXO LAGUNAR

3641,7

13,78,6

0

10

20

30

40

50

%

Poluição, lixo e esgoto Não responderam Não sabem Outros

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Os resultados obtidos através da pergunta 08 revelam que 36,0% dos

alunos considera a poluição e o lixo os principais problemas sócio-ambientais

existentes na Região em estudo. Porém, 41,7% dos estudantes entendem que o

esgoto é o principal problema da Região. Já, outros 13,7% dos educandos não

responderam ao questionamento. Por outro lado, 8,6% deste segmento não sabe.

Por intermédio destes dados há a confirmação, no sentido de reiteração, quanto aos

trabalhos realizados na Bacia pelo Comitê, como por exemplo, o Diagnóstico dos

Recursos Hídrico e a Organização dos Agentes da Bacia Hidrográfica do Rio

Tubarão (SC), documento de 1997, além do Plano Integrado de Recursos Hídricos

da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, documento realizado em

2002. Nesse sentido, é importante destacar que os problemas relacionados ao

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135

saneamento básico não se restringem à área em estudo, mas sim apresentam

configuração nacional.

GRÁFICO 09

CONSIDERAÇÃO SOBRE A CONSCIÊNCIA DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS QUE SE VIVE NA REGIÃO

30,5

69,4

0

10

2030

40

50

60

70

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

A respeito da consideração dos questionados sobre a consciência que a

comunidade tem sobre os problemas ambientais vivenciados na Região, 30,5%

inferiram que a comunidade local tem consciência acerca de tais problemas. Já os

demais, 69,4%, responderam que essa população não possui tal consciência. As

observações feitas foram: a população não tem conhecimento e a população não se

preocupa. Estes resultados nos remetem ao que conceitua PHILIPPI JUNIOR (2000)

sob urgência de perceber as crises sócioambientais e do comprometimento dos

ecossistemas e de suas relações com a vida no planeta.

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136

GRÁFICO 10

CONSIDERAÇÃO SOBRE A ATUAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL QUANTO À MUDANÇA DO CURSO DA DEGRADAÇÃO (POLUIÇÃO) AMBIENTAL

38,9

61,1

0

10

2030

40

50

60

70

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Conforme se percebe dos resultados ilustrados no gráfico 10, 38,9% dos

estudantes consideram que a sociedade civil tem mudado o curso da degradação

ambiental no contexto da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, sendo que as

justificativas para esta opção foram: algumas empresas atuam e a questão

ambiental está se tornando mais relevante. De modo diferente, 61,1% dos

investigados consideram não existir tal mudança, tendo sido justificado esse

posicionamento com estas frases: tudo está poluído ainda; e a população não ajuda.

Por linhas gerais, pode-se dizer que a sociedade civil observada pelos alunos, não

se organiza em relação às emergências da Bacia Hidrográfica, contrariando o que

salienta ROCHA (2004) sobre o planejamento nesta esfera e a política nacional de

recursos hídricos a Lei Nº 9.433, sobre o que contribui sobremaneira, para que este

quadro venha a se agravar paulatinamente. Outro aspecto que pode ser destacado,

diz respeito ao fato de que os alunos consideram que toda a comunidade regional

apresenta sua parcela de contribuição no que se refere à degradação ambiental,

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137

mas ao mesmo tempo se mostra passiva quanto à tomada de decisões e atitudes

efetivas.

GRÁFICO 11

PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS QUE A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO EXERCE SOBRE O COMPLEXO LAGUNAR

22,2

8,3

50

8,3 11,20

10

20

30

40

50

%

Poluição, lixo e esgoto Atividade de lazer e pescaNão responderam Não sabemOutros

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Para o segmento de alunos, as principais influências ambientais que a

Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão exerce sobre o Complexo Lagunar são: poluição

da Bacia afeta Complexo Lagunar, foi o que afirmou 22,2% dos alunos; atividades

de lazer e pesca, foi a opção indicada por 8,3% dos estudantes; 50% dos

educandos não respondeu; 8,3% dos questionados não sabem; 11,2% dos

pesquisados indicaram outras influências. Cumpre ressaltar que estes resultados

refletem diretamente o conhecimento que os alunos têm acerca da Bacia

Hidrográfica. Mesmo tais sendo moradores da Região hidrográfica, não apresentam

noção acerca do Complexo Lagunar e dos problemas que esse enfrenta Reforço a

conceito de bacia hidrográfica feito por GUERRA E CUNHA (1996) quanto as ações

em determinados pontos podem ter impacto em outras áreas da mesma.

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138

4.2.3 Educação ambiental

GRÁFICO 12

ENTENDIMENTO SOBRE A FORMA DE ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO REGULAR

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Percebe-se nos cômputos registrados no gráfico 12, que o entendimento

de 27,8% dos educandos aponta que a Educação Ambiental é abordada de maneira

adequada no ensino regular. Porém, para a maioria dos pesquisados deste

segmento, 66,6% dos estudantes, a educação ambiental não é abordada de maneira

adequada no ensino regular. Observa-se, também, que 2,8% dos alunos não

responderam ao questionamento, enquanto outros 2,8% dos pesquisados não

sabem dizer se a Educação Ambiental é abordada adequadamente no ensino

regular. Note-se que, os indivíduos que responderam afirmativamente, comentaram

que alguns professores falam no assunto, assim como realizam palestras e projetos.

Já para os inquiridos que emitiram resposta negativa, há falta de qualificação dos

27,8

66,6

2,8 2,80

10

20

30

40

50

60

70

%

Sim Não Não sabem Não responderam

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139

educadores e as escolas não trabalham o assunto. Conforme revelam os resultados

apresentados, a Educação Ambiental ainda não ocupa o lugar de destaque e a

relevância que lhes são devidos, especialmente no meio escolar, o que se apresenta

como contra-senso ao que preceituam os órgãos oficiais, como a Secretaria da

Educação e Inovação através da Proposta Curricular para o Estado de Santa

Catarina, o Ministério da Educação por intermédio dos PCN’s, além de outras

entidades como a Organização das Nações Unidas, Banco de Desenvolvimento

Interamericano e a própria Agenda 21.

GRÁFICO 13

ENTENDIMENTO SOBRE A NECESSIDADE DE UMA DISCIPLINA ESPECÍFICA PARA O TEMA AMBIENTAL

75

25

0

20

40

60

80

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Questionados sobre a necessidade de uma disciplina específica para o

tema ambiental: 75% dos alunos afirmaram que sim; enquanto que os outros 25%

estudantes indicaram que não. No primeiro caso, o das respostas afirmativas, as

justificativas apontadas foram: para conhecer o ambiente; poder ajudar nos

problemas ambientais; o tema é muito importante; e obter conscientização. Das

respostas negativas, os educandos as justificaram dizendo que o tema deveria ser

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140

contemplado nas disciplinas já existentes. Tendo em vista os resultados

apresentados, percebe-se que o método interdisciplinar não vem apresentando os

resultados desejados, pois observa-se que a questão ambiental não é tratada, no

meio escolar, da forma indicada pelos PCN’s e, segundo REIGOTA:

A educação ambiental, como perspectiva educativa, pode estar presente em todas as disciplinas quando analisa temas que permitem enfocar as relações entre a humanidade e o meio natural e as relações sociais, sem deixar de lado as suas especificidades.165

GRÁFICO 14

FORMA DE COLOCAÇÃO DOS TEMAS AMBIENTAIS NAS AULAS (COMPREENSÃO E REFLEXÃO)

38,8

61,1

010203040506070

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto ao fato de os temas ambientais serem colocados de maneira

compreensível e de forma reflexiva, 38,8% dos alunos responderam

afirmativamente, sendo que os outros 61,1% dos estudantes indicou negativamente.

A respeito das justificativas que acompanharam as respostas emitidas, aqueles que

responderam sim, justificaram suas respostas indicando: muito pouco e alguns

professores realizam debates e trabalhos. Já os que responderam não,

165 REIGOTA, Marcos apud LERÍPIO, Denise Longaray. Educação ambiental e cidadania: a

abordagem dos temas transversais. 2000. 79 fl. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000, p. 49.

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141

apresentaram suas justificativas da seguinte forma: falta de material; falta de

conhecimento dos educadores; e não há aulas sobre meio ambiente.

GRÁFICO 15

REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES NA ESCOLA QUE CONTEMPLEM A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

30,5

69,4

0

10

2030

40

50

60

70

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Em resposta ao 15º questionamento, 30,5% dos pesquisados deste

segmento assinalaram a opção sim, sendo que os outros 69,4% dos investigados

registrou não. Sobre as atividades realizadas na Escola que contemplam a

educação ambiental, foram apontadas as seguintes: dia da água, dia da árvore,

atividades em sala. Através destes resultados a pratica educacional voltada para

uma EA deve ter um caráter interdisciplinar como o sugerido por FLORIANI (2003).

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142

4.2.4 Desenvolvimento sustentável

GRÁFICO 16 A OPINIÃO SOBRE O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

11,8

50,7

31,2

6,2

0

10

20

30

40

50

60

%

Não sabem É muito importante para o futuro Não responderam Outros

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto à opinião sobre o conceito de desenvolvimento sustentável,

questionamento (A) da pergunta 16, conforme indica o gráfico de mesmo número,

11,8% dos estudantes não sabem, 50,7% dos educandos responderam que é muito

importante para o futuro, 31,2% dos alunos não responderam e os demais

questionados, 6,2% dos indivíduos, indicaram outros aspectos.

GRÁFICO 16 B

OPINIÃO SOBRE A POSSIBILIDADE DE ALCANCE EM RELAÇÃO AO CONTEÚDO PROPOSTO PELO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL APRESENTADO

44,5

25

5,5

25

0

10

20

30

40

50

%

Sim Não Não sabem Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

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143

O gráfico 16 B revela que 44,5% dos pesquisados assinalaram que é

possível o alcance do que se propõe o conceito de desenvolvimento sustentável.

Todavia, 25,0% dos inquiridos registraram alternativa oposta à anterior, sendo que

outros 5,5% dos investigados não sabem e 25,0% dos alunos não responderam a

este questionamento. As justificativas para o primeiro caso foram a de que a escola

é o melhor local para isto e que deve haver interação, respeito e consciência. No

entanto, para o segundo caso foram: não há mobilização e sempre haverá alguma

poluição.

GRÁFICO 17

PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA EM PROJETOS OU AÇÕES QUE VISEM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

25

75

0

20

40

60

80

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto à participação da escola em projetos ou ações que visem o

desenvolvimento sustentável apenas ¼ dos alunos (25%) emitiram resposta

afirmativa. Projeto Verde Água; muito pouco; e horta escolar. De outro lado, a

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144

maioria absoluta, 75,0% dos educandos apontou que suas escolas não participam

de tais projetos ou ações.

GRÁFICO 18 APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR

8,3

58,3

5,5

27,7

0

10

20

30

40

50

60

%

Sim Não Não sabem Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Em resposta ao questionamento 18, os cômputos relativos às opções

ficaram distribuídos da seguinte forma: afirmaram que sim 8,3% dos alunos; 58,3%

desses apontaram que não; não sabem foi o que indicou 5,5% dos estudantes; e

não responderam 27,7% dos educandos. Os primeiros notificaram que conhecem

alguns projetos de preservação, enquanto que os demais afirmaram que não têm

conhecimento.

GRÁFICO 19

CONHECIMENTO SOBRE A AGENDA 21

13,8

86,1

0

20

40

60

80

100

%

Sim Não

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

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145

No que se refere ao conhecimento acerca do documento Agenda 21

apenas 13,8% dos estudantes indicaram que o conhecem, sendo que estes ficaram

conhecendo o referido documento através da imprensa. De outro lado, 86,1% alunos

reconhecem não ter conhecimento a respeito do mesmo.

GRÁFICO 20

IMPORTÂNCIA DA AGENDA 21 LOCAL

19,4

36,144,4

0

10

20

30

40

50

%

Sim Não Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Quanto à importância da Agenda 21 local, 19,4% dos alunos

responderam que ela é importante, enquanto que outros 36,14% dos estudantes

registraram que não, e 44,4% dos educandos não emitiram resposta. As justificativas

levantadas pelos questionados que responderam afirmativamente foram: estabelece

normas ambientais e encontram-se soluções para os problemas; sendo que para os

que responderam negativamente foi: não possui conhecimento. Os objetivos deste

documento proposto para um novo modelo de desenvolvimento segundo BARBIERI

(2000), não são apontados nas discussões e capacitação para o entendimento da

construção da agenda 21 local.

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146

GRÁFICO 21 EXISTÊNCIA NO MUNICÍPIO DE AÇÕES BASEADAS NA AGENDA 21

2,7

41,6

55,5

0

10

20

30

40

50

60

%

Sim Não Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

Os indicadores do questionamento 21 apontam no sentido de que 2,7%

dos alunos afirmaram que no município em que moram existem ações baseadas na

Agenda 21. De outro modo, 41,6% dos estudantes inferiram o oposto dos primeiros.

Não obstante, 55,5% dos educandos, ou seja, a maioria absoluta, não responderam

ao questionamento. Sobre as ações desenvolvidas, este segmento notificou que

algumas empresas estão evitando poluir, o que em certa forma devido as investidas

das entidades públicas e ONGS, sobre a necessidade de uma consciência

ecológica, alguns empresários e empresas, mesmo que de forma modesta estão

investindo no controle dos poluentes e na EA.

GRÁFICO 22

COMO A AGENDA 21 PODERIA SER APLICADA NO MUNICÍPIO

11,1 8,3

25

55,5

0

10

20

30

40

50

60

%

Dimunuição da poluiçã Pelos governantes Não sabem Não responderam

Fonte: Pesquisa de Campo, 2004.

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147

Quanto ao modo como a Agenda 21 poderia ser aplicada no município do

segmento investigado, obteve-se a seguinte distribuição de respostas: 11,1% dos

alunos indicaram a diminuição da poluição; 8,3% dos estudantes registraram pelos

governantes; 25,0% dos educandos não sabem; e não responderam 55,5% dos

investigados deste segmento. Considera-se aqui que a noção de agenda 21

conhecidas pelos alunos é de medidas voltadas puramente as questões ambientais,

diferente do entendimento preconizado na ECO-92 e citado por GADOTTI (2000).

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148

4.3 Analise comparativa entre os resultados No tópico sobre o conhecimento da região, os dois grupos pesquisados

demonstraram conhecimento sobre a bacia hidrográfica motivando o ambiente

escolar a se relacionar melhor com as questões ambientais. Ficou claro que a

questão dos recursos hídricos chama a atenção dos pesquisados, considerando-se

a complexidade do ambiente em que vivem. Também se observou que enquanto os

professores conhecem as entidades e participam dos eventos que visam a

sustentabilidade dos recursos naturais e das tomadas de decisão, os alunos pouco

conhecem e participam destes, e não conhecendo julgam ineficientes suas ações e

formas de trabalho. A qualidade de vida está associada ao tipo de relação que

mantemos com a nosso ambiente; então, conhecendo o nosso lugar, nossas

práticas e modos de ocupação podem ser mensurados. Reforço, através desta

comparação, o que já havia descrito na participação dos representantes no comitê

da bacia, e em outras entidades que se indicam tais representantes por formalidade

e não como multiplicadores como deveria acontecer dentro de uma escola. Os dois

grupos também afirmam que os temas, formas e conteúdos envolvendo as questões

socioeconômicas não são abordadas de maneira adequada dentro do ambiente

escolar e também pela sociedade civil.

Das questões socioambientais, os professores, reconhecem vários fatores

que levam à degradação ambiental, enquanto os alunos citaram apenas dois fatores:

o lixo e o esgoto como agentes poluidores.Porém os dois segmentos afirmaram que

a população da qual eles fazem parte não têm consciência sobre a degradação

ambiental dentro da nossa bacia e que as escolas pouco participam destes projetos

para amenizar a situação. Os dois grupos consideram a atuação da sociedade civil

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149

ineficientes. Infelizmente, em alguns casos é citado até uma certa conivência da

sociedade com os agentes poluidores.

Na parte que questiona a educação ambiental, os dois segmentos concordam

que esta não esta sendo tratada de forma adequada como instrumento para uma

nova visão de mundo e combate aos problemas de degradação que nossa região há

muito vem sofrendo. A educação ambiental nas escolas é confundida com

preservação ambiental e contrária ao desenvolvimento social, atrapalhando o

progresso da região. No entanto, quando se questionou sobre uma disciplina

específica sobre o assunto, os professores e alunos tiveram opiniões diferentes.Os

alunos acreditam que com uma disciplina específica, esses temas seriam tratados

de forma correta e com a atenção merecida. Por outro lado, os professores

argumentam que a aplicação destes conteúdos pode ser colocada dentro de

qualquer disciplina, pois este modelo de disciplina específica já foi feito em outras

épocas como projeto piloto e não apresentou os resultados esperados sendo

retirado da grade curricular. A questão da EA é de significativa relevância e deve ser

aberta para um novo entendimento, tratado agora como uma questão de

sobrevivência, pois, talvez a forma como estes temas estão sendo discutidos, não

está despertando interesse nos alunos e respondendo as dúvidas Quanto à

participação em capacitação da comunidade escolar em atividades envolvendo a

educação ambiental, a grande maioria dos pesquisados não participou. Ficou clara a

necessidade de investimento nos profissionais, alunos e na comunidade escolar. O

Ensino da EA é possível de ser trabalhado em todas as disciplinas, como previsto

pelos temas transversais, porque trata-se da formação de cidadãos, preparação para

elaboração de valores e atitudes, habilidades e procedimentos. Os PCNs e a nova

Proposta Curricular do Estado de Santa Catarina que tratam a sustentabilidade, a

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150

diversidade e as questões socioambientais, não são muito bem trabalhadas dentro

das escolas como mostrou a pesquisa.

No tópico que relaciona o desenvolvimento sustentável e suas práticas na

nossa bacia hidrográfica, os dois grupos acreditam que é possível existirem, mas

chamam a atenção quanto a determinados modelos e a forma de desenvolvimento

praticado na nossa região. Sabendo-se da nossa herança social, reconhecida como

um fator condicionante da forma de progresso que nos foi colocado através dos

tempos e repassadas à nossa geração, acredita-se que podem desenvolver-se sem

agredir, respeitando a capacidade de suporte do ambiente. Mas há a necessidade

também de mudar os conceitos e prevalecer a leis que visam o controle do

desenvolvimento praticado nessa região. Em relação às práticas sustentáveis

realizadas dentro das unidades escolares e através da sociedade, prefeituras e

ONGS, na produção de documentos e leis para uma melhor qualidade de vida, os

dois segmentos mostram-se alienados na participação e no conhecimento de tais

atividades e na construção das mesmas. O resultado aponta para uma mudança

completa na forma de abordagem dessas práticas que ficam dentro de grupos e

entidades deixando a verdadeira população e públicos envolvidos fora do processo

que eles deveriam estar inserido. Como se observou durante a pesquisa, não existe

um só movimento contrário às práticas sustentáveis e todos que existem a seu favor

são muito bem assimilados pela população. O que se lamenta é que tais atitudes e

ações ainda são modestas dentro dos ambientes escolares, bem como suas

conseqüências, que não são vistas ainda como uma questão social. A necessidade

de investimento em capacitação para os novos conceitos de educação ambiental e

desenvolvimento sustentável fica evidente nos dois grupos pesquisados.

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151

5 CONCLUSÕES e RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

O presente trabalho foi desenvolvido face à necessidade de se alcançar

entendimento e compreensão a respeito dos conflitos sócioambientais que vêm

ocorrendo nesta unidade.

Neste sentido, pretendeu-se também constatar quais as necessidades de

mudanças institucionais que venham a facilitar a inserção da variável ambiental,

resultado da racionalidade econômica para o desenvolvimento regional, e a

importância de novas práticas interpondo-se entre o crescimento econômico e a

preservação ambiental para a construção de práticas sustentáveis à Região, objeto

deste estudo.

Durante as últimas décadas, a Região Sul do Estado de Santa Catarina

vem sendo acometida por questões sócioambientais, dentre as quais, insta dizer, se

inscrevem: o desenvolvimento da mineração; as atividades agropecuárias

impactantes; a ocupação e o uso indevidos do solo;166 como também o

comprometimento dos recursos naturais; que fogem ao controle dos órgãos

166 Ver anexo G – Mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegetal.

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152

responsáveis que, ao seu turno, padecem tanto pela carência de recursos quanto

pela necessidade de pessoal qualificado para atuar nesta área.

Tendo em vista os resultados alcançados através da pesquisa de campo,

e a comparação entre os grupos pesquisados, tem-se que dentre os problemas

perceptíveis destacados pela comunidade regional, os recursos hídricos se mostram

em evidência, tanto por sua escassez e quanto pela contaminação.

A preocupação com tais recursos levou a classe política a mudar sua

postura criando legislação nova e reconhecendo as bacias hidrográficas como

unidade de gestão para controle e acompanhamento do seu desenvolvimento. A

bacia hidrográfica é a unidade descentralizada de gestão em que participam o poder

publico, os usuários e a comunidade. Esses recursos refletem a forma como os

outros setores estão interferindo no meio ambiente através da sua quantidade e

qualidade. Esses recursos estão diretamente ligados ao estilo de crescimento e a

sua importância frente aos habitantes de uma região.

Os comitês de bacias alcançaram nestes últimos anos função estratégica

frente à preocupação com a sustentabilidade dos recursos hídricos, previsto e

reforçado pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, com os Estados adequando a

legislação pertinente às suas próprias emergências.

No Brasil, experiências com os referidos comitês surgiram no Alto Tietê –

Cubatão, em 1976.167 Os comitês catarinenses, atualmente, estão ensaiando

participação efetiva junto às dez bacias hidrográficas do Estado. O Comitê da Bacia

Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, nos últimos cinco anos, têm

167 SCARE, Roberto Fava. Escassez de água e mudança institucional: análise da regulação dos

recursos hídricos no Brasil. 2003. 135 fl. Dissertação (Mestrado em Administração) São Paulo: Universidade do Estado de São Paulo, 2003, p. 73.

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153

atuado com destaque, no que lhe pertine, especialmente em questões sócio-

ambientais da Bacia.

O trabalho de campo evidenciou que a consciência comunitária, com

vistas a sustentabilidade da Bacia Hidrográfica como Região interligada pelos

recursos hídricos e com influência direta no seu desenvolvimento, ainda não foi

alcançada nos níveis desejados. Enquanto os professores participam da atividades

que buscam a sustentabilidade, os alunos pouco conhecem estas ações e

raramente participam, realçando que a forma como os multiplicadores de educação

ambiental, vem sendo treinados não esta sendo eficaz.

Passaram se décadas deste a conferência de Estocolmo quando surgiu o

conceito de desenvolvimento sustentável e a necessidade de praticas sustentáveis

visando à harmonia entre o crescimento econômico e o meio ambiente. A Eco-92

traz também a Agenda 21 como um novo documento para se buscar e reforçar os

princípios do relatório de Brundtland, denominado Nosso Futuro Comum, e a

Educação Ambiental como forma de entendimento destes novos paradigmas. Este

novo modelo de mudança passa necessariamente pela dimensão educativa.

Os resultados obtidos pelo pesquisador, frente às unidades de ensino na

no universo pesquisado, constatam que esses novos conceitos não chegaram às

escolas e muitos poucos são discutidos, porém que todos acreditam que é possível

a sua implantação. Os programas de ensino regular não os abordam e se o fazem,

são de forma aleatória e de interesse próprio do professor, pois muitos alegam não

ter conhecimento específico sobre os temas em questão, e que existem disciplinas

específicas para estes e que há projetos que discutem a situação ambiental dentro

das escolas, dando e transferindo as responsabilidades deste para outros e assim

por diante. Desta forma sempre acaba passando o tempo e muito pouco sendo feito,

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154

ou quase nada, prática muito comum que aconteçe dentro dos estabelecimentos de

ensino regular da nossa região. A falta de tempo e a forma de abordagem destes

assuntos são os maiores obstáculos encontrados pelos professores e alunos, que

sofrem com falte de planejamento dentro destas unidades. Os resultados obtidos

mostraram que a necessidade de capacitação é urgente e primordial para esses

temas. A integração entre a educação formal e informal que acontece dentro das

comunidades que fazem parte deste contexto é fundamental para o êxito de práticas

sustentáveis dentro de nossa Bacia Hidrográfica.

5.2 Recomendações

• O desenvolvimento sustentável e a educação ambiental não é uma

panacéia, portanto, não devem ser implementadas de uma só vez, como uma

revolução, mas como uma evolução, de forma gradual, passo a passo.

• A bacia Hidrográfica como unidade de gestão dos recursos naturais é

uma das melhores formas de se integrar uma região, e o Comitê pode e deve agir

como órgão estratégico nas suas ações, e não como articulador político e vitrine

para os meios de comunicação e autoridades cobrarem resultados.

• Todos os órgãos envolvendo-se no processo de gestão que atuam nesta

Região, devem reavaliar as metodologias e a forma de abordagem para conseguir

alcançar seus objetivos dentro de uma comunidade com etnias muito distintas;

• Os planos, trabalhos e a Agenda 21, feitos pelas Universidades e órgãos

públicos referentes a nossa Bacia, que foram muitos bem produzidos, não foram

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155

divulgados e encontram-se nas prateleiras e sites, servem para a pesquisa e

consulta de um público específico, quando deveriam fazer parte dos conteúdos das

disciplinas nas escolas regulares.

• A importância de uma nova prática interdisciplinar dentro das unidades

escolares, envolvendo todos os profissionais e a comunidade escolar rompendo a

fragmentação dos saberes e comprometendo todos os atores sociais com o

Desenvolvimento Sustentável e a Educação Ambiental.

• Num universo de mais de 33.000 alunos e professores, 168 a escola é o

melhor lugar para a transmissão e mudanças de comportamentos de nossas práticas

de desenvolvimento. É fundamental que se construam relações mais dinâmicas,

participativas e mobilizadoras.

E necessário e urgente que se promova abordagem sobre a Bacia

Hidrográfica, desenvolvimento sustentável e educação Ambiental, não de forma

pontual, e sim sistêmica, de forma que se entenda a complexidade desta unidade,

para percepção e amplo entendimento das relações com os atores sociais e os

conflitos existentes.

168 Ver anexo H – Ofício da 20ª Gerência Regional de Ensino, em resposta à Correspondência

Solicitando Dados Pertinentes à Educação – Ver apêndice D.

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166

Anexo A – Mapa da Região Hidrográfica do Sul Catarinense (RH9)

Anexo B - Conhecendo a Agenda 21 da Bacia do Pirapama

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167

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168

Anexo C – Informativo – Comitê Tubarão

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169

Anexo D – Caderno Conheça Mais Sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar – SC

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170

Anexo G – Mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegeta

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171

Apêndice 1– Questionário aos Professores UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC

DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBINETAIS

Mestrando: Gilsoni Mendonça Lunardi

Orientador: Prof. Dr Geraldo Milioli

PROFESSORES

I PERFIL Idade: ____________________________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Municipio: _________________________________________________________________ Escolaridade: ( ) Ensino Médio ( ) Graduação ( ) Pós-graduação ( ) Especialização Área de Formação: _________________________________________________________ Tempo de exercício no magistério: ____________________________________________ Disciplina que Leciona: ______________________________________________________ Escola: ____________________________________________________________________ Pública ( ) Particular ( ) Tempo de residência no município: ___________________________________________ Se não for natural do município indique o local de origem: _______________________ Religião: ___________________________________________________________________ Descendência(s): ___________________________________________________________ Renda Salarial: ( ) 1 – 3 salários ( ) 7 – 10 salários ( ) 4 – 6 salários ( ) > 10 salários II CONHECIMENTO SOBRE A BACIA HIDROGRÁFICA (01) Você conhece a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e o Complexo Lagunar (RH 9)?

( ) Da nascente à foz ( ) Boa parte ( ) Muito pouco ( ) Não conheço

(02) Você participou de alguma atividade organizada pelo Comitê da

Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar? ( ) Sim ( ) Não

Por que? _______________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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172

(03) O papel do Comitê é eficiente nas questões sócio-ambientais da Bacia

Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar? ( ) Sim ( ) Não

Por que? _______________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(04) Você conhece alguma política de gerenciamento relativa às questões sócio-

ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar?

( ) Sim ( ) Não Quais? ________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(05) Você acredita que as ações políticas são eficientes no combate à degradação ambiental?

( ) Sim ( ) Não Comente: ______________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(06) Participa de alguma entidade ambientalista?

( ) Sim ( ) Não Se afirmativo, qual? _____________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(07) Você considera que os temas sócio-ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar são discutidos de forma adequada?

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(08) A sua Escola atuou ou atua em algum projeto pertinente à Bacia

Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar? ( ) Sim ( ) Não

Quais? ________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

III DOS PROBLEMAS SÓCIO-AMBIENTAIS

(09) Na sua opinião quais os principais problemas de degradação ambiental na

Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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173

(10) Você já soube de algum caso de pessoa contaminada por poluição

ambiental na Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar? ( ) Sim ( ) Não

Em caso afirmativo, indique qual foi o agente poluidor: ______________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

(11) No seu entendimento a população local está consciente dos problemas sócios ambientais em que vivemos?

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(12) Você considera que a atuação da sociedade civil tem contribuído para mudar o curso da

degradação ambiental?

( ) Sim ( ) Não

Por que? _______________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(13) Na sua Opinião quais os principais problemas de saúde provocados pela degradação da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

IV EDUCAÇÃO AMBIENTAL (13) A educação ambiental é abordada de maneira adequada no ensino regular?

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(14) No seu entendimento é necessária uma disciplina especifica para a Educação Ambiental?

( ) Sim ( ) Não Comente:

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

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174

_____________________________________________________________

_____________________

(15) Entre as dificuldades para se trabalhar Educação Ambiental qual você

consideraria relevante? ( ) Falta de conhecimento sobre o tema ( ) Tempo insuficiente, devido aos conteúdos da grade curricular. ( ) Falta de capacitação dos professores para tal abordagem nos cursos

de graduação ( ) Desinteresse dos docentes ( ) Ausência de recursos

( ) Outros ________________________________________________________ (16) Para se trabalhar a Educação Ambiental em sala de aula, qual o requisito

abaixo que você considera mais importante? ( ) Disciplinas especificas sobre o tema durante a graduação ( ) Cursos de capacitação que promovam prática pedagógica reflexiva ( ) Promoção de atividades que demonstrem a relevância do tema ( ) Criar disciplina especifica para trabalhar a Educação Ambiental ( ) Outros __________________________________________________

(17) Você já participou de algum curso de capacitação sobre Educação Ambiental?

( ) Sim ( ) Não Quais? ________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

V DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (18) O Relatório Nosso Futuro Comum define desenvolvimento sustentável

como sendo “[...] aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades.”169

(A) Qual sua opinião sobre este conceito?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(B) Você acha isso possível?

( ) sim ( ) Não

169 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro

comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988, p. 9.

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175

Comente: ______________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

(19) A sua Escola participa de projetos/ ou ações que visem o

Desenvolvimento Sustentável? ( ) Sim ( ) Não

Quais? ________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(20) O desenvolvimento Sustentável pode ser aplicado na Bacia do Rio Tubarão

e Complexo Lagunar? ( ) Sim ( ) Não

Como? ________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

( 21) Você conhece o documento Agenda 21?

( ) Sim ( ) Não Como conheceu? ______________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

(22) Você acha importante a agenda 21 local?

( ) Sim ( ) Não

Por que? ______________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

(23 ) Em seu muninicpio existem ações baseados na agenda 21 ?

( ) Sim ( ) Não Quais? _______________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

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176

(24) Como a Agenda 21 poderia ser aplicada em seu município?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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177

Apêndice 2 – Questionário aos Alunos

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE-UNESC DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBINETAIS

Mestrando: Gilsoni Mendonça Lunardi Orientador: Prof. Dr Geraldo Milioli

ALUNOS

I PERFIL Idade: ____________________________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Município: _________________________________________________________________ Tempo de residência no município: ___________________________________________ Se não for natural do município indique o local de origem: _______________________ Religião: ___________________________________________________________________ Descendência(s): ___________________________________________________________ Escola: ____________________________________________________________________ Pública ( ) Particular ( ) II CONHECIMENTO DA BACIA HIDROGRÁFICA (01) Você conhece a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar (RH-9)?

( ) Da nascente até a foz ( ) Boa parte ( ) Muito pouco ( ) Não conheço

(02) Você participou de alguma atividade organizada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do

Rio Tubarão e Complexo Lagunar?

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(03) O papel das organizações governamentais e ONG’s é eficiente nas questões sócio-

ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar?

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178

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(04) Você considera eficientes as políticas de gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio

Tubarão e Complexo Lagunar?

( ) Sim ( ) Não Comente: ______________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(05) Os temas sócio-ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar

são discutidos de forma adequada?

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(06) A sua Escola atuou ou atua em algum projeto envolvendo a Bacia Hidrográfica do Rio

Tubarão e Complexo Lagunar?

( ) Sim ( ) Não Quais? ________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(07) A Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar é contextualizada com

freqüência nas disciplinas?

( ) Sim ( ) Não Em qual(is) disciplina(s)? ____________________________________________________ _____________________________________________________________________________

III DOS PROBLEMAS SÓCIO-AMBIENTAIS NA BACIA DO RIO TUBARÃO

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179

(08) Na sua opinião quais são os principais sócio-ambinetais existentes na

Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar? ________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(09) Você considera que a comunidade está consciente dos problemas ambientais que

vivemos em nossa Região?

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(10) Você considera que a atuação da sociedade civil tem mudado o curso da degradação

(poluição) ambiental?

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(11) Quais as principais influências ambientais que a Bacia Hidrográfica do Rio

Tubarão exerce sobre o Complexo Lagunar? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

IV EDUCAÇÃO AMBIENTAL (12) No seu entendimento a Educação Ambiental é abordada de maneira adequado no ensino

regular?

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(13) No seu entendimento é necessária uma disciplina específica para o tema ambiental?

( ) Sim ( ) Não

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180

Por que? ______________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(14) Esses temas ambientais são colocados de maneira compreensível e de forma reflexiva nas

aulas?

( ) Sim ( ) Não Por que? ______________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(15) Em sua Escola são realizas atividades que contemplem a Educação Ambiental?

( ) Sim ( ) Não Quais atividades? ______________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

V DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (16) O Relatório Nosso Futuro Comum define desenvolvimento sustentável

como sendo “[...] aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades.”170

(A) Qual sua opinião sobre este conceito?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(B) Você acha isso possível?

( ) Sim ( ) Não

Comente: _______________________________________________________________

________________________________________________________________________

170 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro

comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988, p. 9.

Page 197: A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E ...livros01.livrosgratis.com.br/cp028124.pdfGILSONI MENDONÇA LUNARDI A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR: EDUCAÇÃO AMBIENTAL

181

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

(17) A sua Escola participa de projetos ou ações que visem o Desenvolvimento

Sustentável? ( ) Sim ( ) Não

Quais? ________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(18) O Desenvolvimento Sustentável é aplicado na Bacia Hidrográfica do Rio

Tubarão e Complexo Lagunar? ( ) Sim ( ) Não

Por que? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(19) Você conhece o documento Agenda 21?

( ) Sim ( ) Não Como ficou conhecendo? ________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

(20) Você acha importante a Agenda 21 local?

( ) Sim ( ) Não

Por que? ______________________________________________________________

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_______________________________________________________________________

(21) Em seu município existem ações baseadas na Agenda 21?

( ) Sim ( ) Não Quais? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________

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(22) Como a Agenda 21 poderia ser aplicada em seu município?

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