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Universidade Cândido Mendes Pro-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Diretoria de Projetos Especiais Projeto a “Vez do Mestre” A AUTO-ESTIMA E A ARTETERAPIA NO TRABALHO COM TERCEIRA IDADE Por: Luciana Costa Romão da Silva Orientador: Ms. Nilson Guedes de Freitas Setembro/2003

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Page 1: A AUTO ESTIMA E A ARTETERAPIA - avm.edu.br COSTA ROMAO DA SILVA.pdf · o ser humano. O presente trabalho é de cunho bibliográfico e tem como finalidade o resgate da auto-estima

Universidade Cândido Mendes

Pro-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento

Diretoria de Projetos Especiais

Projeto a “Vez do Mestre”

A AUTO-ESTIMA E A ARTETERAPIA

NO TRABALHO COM TERCEIRA IDADE

Por: Luciana Costa Romão da Silva

Orientador: Ms. Nilson Guedes de Freitas

Setembro/2003

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Universidade Cândido Mendes

Pro-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento

Diretoria de Projetos Especiais

Projeto a “Vez do Mestre”

A AUTO-ESTIMA E A ARTETERAPIA

NO TRABALHO COM TERCEIRA IDADE

Setembro/2003

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Agradecimentos:

Aos meus pais que sempre estiveram comigo,

me apoiando e acreditando no meu trabalho.

Aos meus irmãos pela paciência e carinho e ao

meu marido pelo amor, compreensão e

companheirismo dispensado durante a

realização deste trabalho acadêmico.

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Dedico este trabalho a todas as pessoas que

acreditam encontrar nesta idade a “Melhor

idade”, se não deixarem seus sonhos morrerem,

porque envelhecer não é morrer para os sonhos,

envelhecer é acordar para vivê-los intensamente

independente da idade.

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RESUMO O indivíduo ao viver a experiência de criar algo com as próprias mãos, revela todo seu “Eu” desconhecido, sua potencialidade em “ser”, existir. A arteterapia tem sido um facilitador nessa conquista, em poder favorecer o regate a auto-estima e seu processo libertador, assim como o autoconhecimento, que se torna uma alavanca para uma maior compreensão de seu processo interior. A pesquisa utilizada foi à bibliográfica onde podemos obter uma melhor clarificação dos benefícios que a arteterapia pode trazer para uma melhor qualidade de vida aos indivíduos da terceira idade que é a auto-estima, como o autor Christophe André, fala em seu livro (auto-estima) Auto-estima Arte Envelhecimento Autoconhecimento Arteterapia

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SUMÁRIO

Introdução .......................................................................................................................06

1. A arte e seus benefícios terapêuticos ........................................................................08

1.1. Modalidade e materiais utilizados na arteterapia...............................................12

1.1.1. Artes plásticas ...........................................................................................13

1.1.2. Os materiais ..............................................................................................14

1.1.3. Materiais tridimensionais..........................................................................18

1.2. Instituições que incentivam a arte na terceira idade ..........................................21

2. A Arteterapia possibilitando o autoconhecimento....................................................24

2.1. A auto-estima.....................................................................................................27

2.2. O autoconhecimento ..........................................................................................31

3. A arte de envelhecer .................................................................................................33

3.1. Razões biológicas do envelhecer .......................................................................35

3.2. A importância da arte e sua contribuição para auto-estima...............................37

Conclusão........................................................................................................................41

Anexos ............................................................................................................................42

Folha de Avaliação .........................................................................................................43

Bibliografia .....................................................................................................................44

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INTRODUÇÃO

A arteterapia vem sendo a cada dia expandida pela sua potencialidade em

singularizar e valorizar o indivíduo em seu contexto muitas vezes confuso e

desconhecido. A arteterapia é vista como um processo que visa estimular o

crescimento pessoal, aumentando sua auto-estima, modificando sua visão em relação

à vida e contribuindo assim, a um equilíbrio harmônico deste ser tão complexo que é

o ser humano.

O presente trabalho é de cunho bibliográfico e tem como finalidade o resgate da

auto-estima dos indivíduos da terceira idade, oferecendo a oportunidade através da

arte de experimentar sua capacidade criadora, facilitando assim, o processo de

autoconhecimento para uma melhor compreensão de seu desenvolvimento pessoal e

maior entendimento do seu processo de envelhecimento para um viver melhor.

Tendo em vista um grande número de indivíduos de terceira idade ociosos, sem

perspectiva, resolvi desenvolver este trabalho de resgate a auto-estima, sem

perspectiva, para que eles pudessem ter uma nova visão de sua potencialidade e

mostrar que podem superar as perdas do passado e presente e podem encontrar

alternativas para viver melhor e com qualidade.

Quando se fala em viver melhor se pensa em qualidade de vida, em saúde mental. E

pensando nesta idéia, porque não desenvolver atividades que proporcione a essa

classe uma atividade diferente? Por que não, mostrar que existem outras alternativas

para se sentirem produtivos, úteis e com valor na sociedade em que estão inseridos?

Analisando a sociedade brasileira, vemos muitas desigualdades sociais, entre elas o

estereótipo de que o “velho”, o “idoso”, por não estar economicamente ativo, não

tem nela o eu lugar. Porque não favorecer a eles, uma oportunidade de perceberem

que seu valor não está no montante que movimenta?

Temos muito a ensinar e a aprender. Sei que não é uma tarefa fácil, mas tudo começa

com uma idéia...

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No primeiro capítulo serão abordados de uma maneira geral, os benefícios que a arte

proporciona e os materiais utilizados na arteterapia, que possui um papel

fundamental na realização de bom trabalho e alguns exemplos de instituições que

exercem seus “poderes” de cidadania, oferecendo oportunidades para a população da

terceira idade.

No segundo capítulo serão abordados os efeitos modificadores e facilitadores da

arteterapia na estruturação de seus processos psíquicos, onde de uma forma “sutil”,

através do “fazer” do construir com as próprias mãos, o indivíduo pode experimentar

o bem-estar, a sensação de se sentir útil, favorecendo o aumento da auto-estima e

tendo a oportunidade de se conhecer melhor.

No terceiro e último capítulo, fala-se sobre o envelhecer, perspectivas e importância

da arte nesse processo de descoberta do ser.

Diante da nossa realidade como podemos ser agente transformador? Revelando a

sociedade de que ainda podem construir, reinventar uma nova, ou melhor, forma de

viver a terceira idade.

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1. A ARTETERAPIA E SEUS BENEFÍCIOS TERAPÊUTICOS

Ao nos depararmos com a arte, estamos lidando com uma infinidade de significados,

várias imagens, percepção, linguagens, símbolos, ação e principalmente a

subjetividade do sujeito.

A arte implica em criar, modificar, transformar, e tem em sua essência um efeito

modificador, transformador e terapêutico. E arteterapia se mostra um facilitador

nesse processo de autoconhecimento, auto-estima, pois na verdade a arte permite o

revelar, expressar, o sentir e a terapia, que sob a ótica de Morgan, “é o nome usado

para qualquer tentativa de tratar de uma moléstia ou perturbação”, a cura, o

tratamento, a tomada de consciência, a expressão dos sentidos e um estimulo para o

autoconhecimento. Podemos dizer que arteterapia é um processo terapêutico que

transforma materiais em uma arte significativa para o próprio autor.

Em outras culturas e épocas, a arte surge, independente de religião, unicamente como

forma de expressão para quem produz, e como oportunidade de experiência especial

para quem aprecia. Qualquer que seja sua direção, a arte está em toda parte e é um

elemento definidor da identidade de um povo, de um grupo social e de um indivíduo.

O artista pode se manifestar de diversas formas: pelo som (música), pela linguagem

verbal oral ou escrita (literatura), pela imagem visual (pintura, desenho, escultura,

gravura, fotografia) ou pela linguagem corporal (dança). Ou pode, ainda, expressar-

se pela mistura de várias linguagens.

O artista, ou melhor, aquele que faz arte, pode almejar diversos objetivos como:

provocar emoção; proporcionar prazer estético; comunicar aos outros seus

pensamentos; sentir alegria ou satisfação durante o ato criativo; explorar novas

formas de expressão; perpetuar sua existência no mundo; divulgar suas crenças;

ocupar o tempo de forma criativa; documentar seu tempo; entre outros.

Os psiquiatras Kraepelin e Bleuler, conhecidos como mestres da psiquiatria,

mencionaram e valorizaram a arte no seu processo terapêutico. O Doutor Mohr

(1906), Simon (1876 e 1888) e principalmente o psiquiatra Prinzhorn (1922)

enfatizaram na Alemanha, o papel da arte em relação ao tratamento e produções de

doentes mentais.

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No Brasil a psiquiatra Nise de Silveira fundou o Museu da Imagem do Inconsciente,

localizado no Rio de Janeiro, sendo pioneira no uso da arte como parte do processo

terapêutico. Ainda hoje, pacientes com certos tipos de esquizofrenia e outras

doenças mentais são tratados com essa nova terapêutica e os resultados tem sido

satisfatórios.

A arte faz parte do ser humano como um todo, pois somos seres que a cada dia

estamos criando e recriando nosso habitat, descobrindo novas formas para lidarmos

com o dia-a-dia de maneira criativa. A arte faz parte da história, pois desde a origem

da humanidade, até os dias atuais encontramos o homem utilizando a música, os

pincéis, as tintas, o artesanato, o teatro, os contos, o carvão, como forma de

comunicação e interação com o meio, e, com fins terapêuticos, descobrindo nela uma

melhor harmonia.

Vários estudiosos vêm mostrando o efeito da arte como um elemento modificador, de

interação com o seu “eu” interior, crescimento pessoal, e com isso, percebemos a

necessidade de descobrirmos um pouco mais sobre essa arte que é reveladora, que se

concretiza em um fazer (criação) através de uma linguagem artística. E existem

várias definições que nos fazem refletir sobre sua complexidade que é imensurável:

X Capacidade que tem o homem de por em prática uma idéia, valendo-se da

faculdade de dominar a matéria.

X A utilização de tal capacidade, com vista a um resultado que pode ser obtido por

meios diferentes.

X Atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter

estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem

o desejo de prolongamento ou renovação.

X Capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou

sentimentos.

X Artes plásticas.

X O conjunto das obras de arte de uma época, de um país, de uma escola.

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X Os preceitos necessários à execução de qualquer arte.

X Livro, tratado ou obra que contém tais preceitos.

X Capacidade natural ou adquirida de por em prática os meios necessários para

obter um resultado.

X Dom, habilidade, jeito.

X Ofício, profissão (nas artes manuais, especialmente).

X Artifício, artimanha, engenho.

X Maneira, modo, meio, forma.

A arte enriquece o ser humano a medida em que ele se descobre um ser em potencial,

independente da idade e condição social; seja ele criança ou adolescente, pobre ou

rico, novo ou velho. A arte trabalha com o lúdico que há em cada um de nós, com

criatividade, muitas vezes, até desconhecida; com a auto-imagem, muitas vezes

distorcidas; com a auto-estima, nos fazendo perceber o nosso valor e nos ensinando a

nos estimar a cada dia, enfim, trabalha com nossas emoções e sentimentos nos

fazendo enxergar além de uma imagem construída (pintada em tela), uma nova visão

– um novo paradigma.

“Para Freud a ARTE é um produto de uma neurose que se encontra sublimado”; isto

é, a arte adquire uma característica defensiva bem sucedida de um conflito, que pr

sua própria caracterização de foco de tensão, possibilita uma adequação social ao

ego. A arte seria por sua identidade como agente de criatividade, elemento

propiciador subordinado à vontade egóica dotando-a de liberdade de ação frente aos

impulsos sexuais ou agressivos.

Desse modo, percebe-se que a arte é explicada como sendo a manifestação de um

mero sintoma, e não um ato genuíno de criatividade.

Já Yung por se vincular a Psicologia analítica e considerar os conteúdos simbólicos

originários do inconsciente diz que os mesmos são capazes de serem submetidos à

investigação psicológica e permite o questionamento acerca do sentido dado à sua

obra.

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O inconsciente para Yung guarda conteúdos dos quais a consciência gostaria de se

libertar, dinamiza e cria conteúdos novos. Se o inconsciente é assim postulado como

uma totalidade dos conteúdos psíquicos, pela teoria analítica, visa proporcionar um

fundamento mais aproximativo ao entendimento da criatividade e das ações

expressivas como reveladoras da alma humana.

A criação se traduz para Yung como sendo um possibilitador de reorganização

criativa, onde novos caminhos, como sua linguagem, dão espaço para se unir a

racionalidade, originando novos cenários, novas percepções possíveis à vida humana.

Assim surge a arteterapia possibilitando a expressão ou a comunicação de

representações como fantasias e sentimentos, favorecendo a estruturação e expansão

da personalidade através da criação.

“Estes símbolos, presentes nas criações plásticas, poderiam estar também presentes nas imagens oníricas e até mesmo no próprio corpo, através de alterações no funcionamento do organismo, gerando as chamadas “doenças criativas” que indicam a urgente necessidade de reflexão e transformação de padrões de funcionamento psíquico.” (Ângela Philippini – O Universo Yunguiano e arteterapia)

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1.1. Modalidades e materiais utilizados na arteterapia

Uma as vantagens da arteterapia é poder ser utilizada somente como processo

terapêutico através de técnicas da arteterapia ou ser conjugada com outras técnicas

psicoterapêuticas. Mas em todo processo uma das maiores vantagens é a riqueza dos

signos que podem ser desencadeados através das técnicas utilizadas e que orientarão

o profissional no trabalho arteterapêutico. E as variedades das formas expressivas

contaram com diversas modalidades e materiais para cada situação.

As modalidades expressivas poderão ser tão variadas quanto o processo de criação,

como a criatividade. Para se compreender mais o símbolo é importante intensificar

sua função estruturadora. As estratégias arteterapêuticas devem conduzir a melhor

compreensão dos significados emocionais contido no símbolo, o que vem a conduzir

uma maior inteireza e a um sentimento de plenitude. Os símbolos representam,

revelam e trazem para o indivíduo e a classificação de seus conteúdos inteiros até

então desconhecidos, traz em sua porção a possibilidade de conhecer, compreender,

refazer, recuperar, rememorar, reparar e transcender. Philippini, Ângela (1995).

Essa arte pode ser revelada de várias maneiras expressivas como: desenho, pintura,

modelagem, colagem, música, dança, contos de fadas, dramatização e outros. E cada

modalidade, com sua função terapêutica no indivíduo, a fim de conhecer mais e

descobrir suas potencialidades, muitas vezes até então desconhecida.

Umas dessas formas de manifestações que podemos encontrar são:

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1.1.1. ARTES PLÁSTICAS Manifestam-se por meio de elementos visuais e táteis, como linhas, cores, volumes,

etc., reproduzindo formas da natureza ou realizando formas imaginárias, belas artes.

Compreendem o desenho, a pintura, a gravura, a colagem e a escultura, etc. A sétima

arte é o cinema.

E cada modalidade, com sua função terapêutica no indivíduo, a fim de possibilitar

alternativas para um viver melhor.

Essa arte pode ser revelada de várias maneiras expressivas como: desenho, pintura,

modelagem, colagem, música, dança, contos de fadas, dramatização e outros.

Cada modalidade artística tem revelado seus benefícios no indivíduo de forma

diferente. Assim como cada ser humano se distingue em sua personalidade, caráter,

assim é seu efeito transformador. A música, por exemplo, desde a antiguidade é

reverenciada por sua maneira única de envolver o indivíduo. Além de mexer com

nossa sensibilidade ela envolve todo nosso corpo, pela sua melodia, harmonia e

ritmo. Diz-se que a música curava os doentes. Em várias culturas um relato da ação

da música no indivíduo. A pintura principalmente a dedo, diz-se ser um calmante

para a alma aflita. A colagem uma forma do indivíduo expressar sua percepção de

vida no mundo. A dramatização, o teatro, um meio do indivíduo experimentar a

ousadia muitas vezes escondida por trás de uma timidez, uma insegurança e um meio

dele se revelar como pessoa, e provar seus limites. Enfim, cada modalidade com sua

atuação específica, que reforça categoricamente o desenvolvimento pessoal,

fornecendo ao indivíduo a oportunidade de se descobrir a cada dia.

A pintura – por ser fluída e expansiva, favorece a liberação, o soltar-se e a ultrapassar

limites e barreiras internas. Ir além, avançar.

O desenho – é mais restritivo, ajuda na ordenação, na disciplina, na concentração e

no limite, no conter.

Modelagem – a sua flexibilidade, mabeabilidade e versatilidade permitem maior

expressão “aproxima as pessoas de seus sentimentos, oferece uma ponte entre os

sentimentos e os sentimentos”. Dá forma ao imaginário.

Escultura – possibilita a estruturação e construção, ao acrescentar, e o desapego, ao

retirar partes. Libera a agressividade.

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1.1.2. Os materiais

Em arteterapia os materiais são veículos indispensáveis à expressão de conteúdos

internos que, aparentemente nos são desconhecidos e difíceis de lidar. Não é

necessário conhecimento artístico prévio, já que manipular materiais também é uma

forma de se expressar, assim como a palavra.

A prática das artes plásticas nos leva ao autoconhecimento, todavia, existe a

necessidade de se dar, doar, entregar e se dedicar, uma vez que suscita percepções,

sentimentos e o construir com as próprias mãos que é o realizar.

É importante que o Arteterapeuta possa perceber que cada produção artística vai

proporcionar algumas modificações internas e externas tais como: coragem,

disciplina, adequação, originalidade, essência entre outras.

No processo arteterapêutico são utilizados diferentes materiais plásticos, tais como:

lápis (grafite, colorido, aquarelável e cera), pastéis (seco e a óleo), tintas (óleo,

acústica, aquarela, guache, nanquim, etc.), sucatas (diversos tipos de potes, panos,

espumas, palitos, isopores, fios, etc.), papéis (cartolina, seda, celofane, camurça,

etc.), massas (argila, papier-mâché, biscuit, etc.) entre outros tantos, cabendo ao

arteterapeuta ser um facilitador, estimulando, auxiliando e esclarecendo sobre o uso e

os recursos destes materiais que deverão ser oferecidos um de cada vez para que a

pessoa ao lida com os mesmos o faça da forma mais prazerosa possível. Também

poderá ser feito uso de recurso de artes cênicas, através de dramatização, da música,

da literatura (contos de fadas, poesias, etc.) entre outros, conforme mencionado

anteriormente. Alguns materiais comumente utilizados são:

X Material seco – entende-se como a utilização de todas as modalidades de lápis,

pastéis, marcadores, canetas hidrográficas, etc. Estes são mais fáceis de controlar

do que material úmido ou fluido. Isso pode ser importante para pessoas com

deficiências que tornem a ação mecânica de usar os materiais fluidos muito

difíceis. Também podem ser úteis para iniciantes se esses estiverem temerosos

de usar tinta e precisarem ter controle sobre o material para se sentirem seguros.

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Num nível prático, muitas situações só permitem o uso de materiais seco, por

exemplo: visitas domiciliares com materiais, salas que necessitem ficar limpas ou

que não tenham acesso à água, sessões muito curtas em que não haja tempo

suficiente para expor os materiais no início ou para limpá-los no final, e assim por

diante. Por ser facilmente controlável, transmite segurança, onde reforça a sensação

de equilíbrio e de bem estar. E tanto os materiais secos ou úmidos através do

grafismo revelam um significado quando ao tipo de linha e consistência do traçado

revelando seu estado emocional interno. E o desenho, por sua vez, trabalha a

ordenação dos conteúdos e disciplina, na medida que o desenho requer, uma certa

intelectualização e ordenação dos conteúdos.

X Lápis - É o material mais fácil de controlar, mas é difícil conseguir um efeito

intenso ou massas de cores com ele. Lápis de boa qualidade podem ser caros.O

lápis permite efeitos de gradação de cor produzindo o contato com elementos de

luz e sombra, claro ou escuro. A gradação possibilita um encontro, um destaque,

um realce. Com misturas de cores novas surgem novas possibilidades, novas

transformações.

X Canetas hidrográficas e marcadores - São fáceis de usar. Têm cores nítidas e

fortes. Tornam possíveis os efeitos intensos, mas a expansão das cores é difícil.

Material de boa qualidade não é barato. Existe a possibilidade de ser obter

canetas grandes, fáceis de segurar e que deslizam na folha. É um material que

expande e libera afetos e impulsos. Fornece ao terapeuta excelentes indicativos

dos processos psíquicos em atuação.

X Lápis de cera - Relativamente fácil de controlar, não gasta rapidamente, é barato,

e podem ser encontrados em tamanhos grandes. Às vezes é difícil obter

profundidade de cor com eles. É um bom material para crianças e adultos, por

lhes proporcionar mais firmeza e segurança no seu manuseio, porém apesar de

sua aparência dura e firme, ele se ajusta à intenção e a pressão de seu condutor;

dotando-o simbolicamente de sensações de domínio e firmeza. Em contrapartida,

diz ser um instrumento representativo de defesa pessoal, por facultar a sensação

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de domínio no real, facilitando a aproximação de sentimentos isolados, frios,

distantes.

X Pastel oleoso - É relativamente fácil de se controlar, possui cores fortes, e

possibilita várias texturas e massas de cores. Podem apresentar resistência ao

trabalho, pois requerem mais esforço para sua utilização, podendo provocar em

resistência por parte de clientes ansiosos, impacientes ou com baixa auto-estima.

X Pastel seco - Relativamente fácil de usar, mas os efeitos podem borrar com

facilidade e precisam ser fixados. Devido à possibilidade de borrar, podem

provocar frustrações pela impressão de desfazer, ao mesmo tempo podem

promover sensações de exaltação, manifestando sentimentos idealizados, pueris,

sutis ou mais elevados.

X Carvão ou bastão de grafite - O carvão é bem difícil de usar, borra facilmente,

mas é muito bom para se conseguir efeito intenso e para desenhos grandes,

favorecendo a projeção de intensidade e de afirmação de um afeto.

X O bastão produz o mesmo efeito do carvão sem quebrar ou sujar o trabalho. A

limpeza ou a sujeira surgida na utilização do material provoca manifestações de

sentimentos pessoais de ajuste a situações complexas de adaptação ao

instrumento e conseqüentemente ao meio cultural.

X Tintas - As tintas são muito mais fluidas e, portanto, mais difíceis de controlar do

que o material seco, mas também são muito mais gratificantes pelos efeitos que

permitem e muitas pessoas gostam de usá-las.

X A pintura favorece a liberação do criar, ou seja, a partir da iniciativa de pintar, o

sujeito prontifica-se a se deparar com conteúdos mais internos e assumi-los. O

principal objetivo da pintura está em poder experimentar seus afetos e reconhecê-

los melhor, aumentando o conhecimento de si mesmo.

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X AQUARELA - É A TINTA MAIS FLUIDA E MAIS DIFÍCIL DE SER MANIPULADA, OS

ERROS NÃO PODEM SER CORRIGIDOS. ISSO PODE SER AMEAÇADOR, MAS TAMBÉM

PODE AUXILIAR AS PESSOAS A ACEITAR SEUS ERROS E VIVER COM ELES. É UM

MATERIAL CARO, FORNECE EFEITOS DE LUZ, SOMBRA.

X Tinta em pó - Barata, mas é difícil de se obter a consistência desejada, pode fazer

sujeira se não for pré-misturada. Não é muito fácil de usar com consistência

grossa nem de corrigir os erros.

X Tinta em pó instantânea - Grossa, fácil de usar, relativamente barata. Disponível

em recipientes de plástico. Pode-se obter efeitos intensos com ela. Muda de tom

quando seca.

X TINTA ACRÍLICA - FÁCIL DE USAR PERMITE UMA VARIEDADE DE TEXTURAS. SECA

COM MUITA RAPIDEZ E ERROS SÃO FACILMENTE CORRIGÍVEIS. PODE-SE OBTER

EFEITOS INTENSOS COM ELA. É CARA. QUANDO SECA, NÃO É SOLÚVEL EM ÁGUA,

E, PORTANTO, É PRECISO TOMAR CUIDADO COM OS PINCÉIS.

X TINTA PARA PINTURA A DEDO - GROSSA, TEM UMA BOA QUALIDADE TÁTIL, É BOA

PARA TRABALHOS DE REGRESSÃO E PARA CRIANÇAS. É CARA.

Obs: Muitas tintas de alta qualidade artística são tóxicas, portanto use material

escolar.

X Pincéis - É importante ter pincéis de vários tamanhos e, principalmente, os

maiores.

Pincéis de pêlo de porco, de cerdas e de náilon: podem ser encontrados em todos os

tamanhos e nos formatos redondos ou quadrados; são de uso geral.

Pincel de pêlo de marta, de búfalo e de esquilo: tenha alguns pincéis finos para

trabalhar os detalhes.

Pincéis de decoração: para trabalhos de grandes dimensões.

Esponjas presas em bastões: alternativa interessante.

Adaptações (se necessárias): use pregadores, bandagens ou bolas de plástico para

facilitar a empunhadura.

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X Papel - Esse pode ser um item caro, mas vale a pena tentar assegurar a

disponibilidade de tamanhos variados, inclusive de folhas grandes. A variedade

de cores também é útil, mas se o dinheiro for limitado, os papéis branco, cinza e

amarelo-claro servem para a maioria dos casos. O papel deve ser suficientemente

grosso para que o uso seja agradável.

Papel absorvente -Relativamente barato, bom para a maioria das tintas, carvão e

pastéis.

Papéis para aquarela - Bom para aquarelas e desenhos. Bem caro. Disponível em

gramaturas diferentes.

Papel jornal - Fino e barato. Algumas vezes é possível conseguir finas de rolos em

gráficas de jornais ou em papelarias. Disponível em folhas grandes.

Papel-arroz - Barato. Vem em rolos de fornecedores de material de decoração,

portanto precisa ser cortado no tamanho desejado. Um tanto quando estreito. Rasga-

se facilmente.

1.1.3. MATERIAIS TRIDIMENSIONAIS Materiais tridimensionais maleáveis são bons para temas que envolvam sentimentos

fortes, principalmente raiva, porque as pessoas podem utilizar parte da energia

associada ao sentimento para trabalhar o material.

X Massa de modelar industrializada - A modelagem, em geral, trabalha a

flexibilidade e a aceitação. Para se trabalhar com massas é necessário estar

ciente do limite, da flexibilidade do material e, assim, e aceitar. As massas são

fáceis de usar, são baratas e leves, além de não fazerem sujeira. São ótimas para

crianças. Alguns adultos têm dificuldade por considerá-las “coisa de criança”.

Não é pratica para trabalhos em grandes proporções.

X Argila - A escultura visa estruturação e constituição, ou seja, refere-se à

construção de algo com valor subjetivo que requer estruturação. A argila, ao

mesmo tempo em que ajuda a lidar com os limites do real, do sólido, também

permite trabalha a própria flexibilidade. A argila faz sujeira, não é facilmente

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transportável e precisa ser queimada em um forno para dar durabilidade ao

trabalho. Apesar dessas dificuldades, o trabalho com argila oferece muito mais

possibilidades do que com a massa de modelar e propicia uma experiência

completamente diferente quanto a sensações e texturas. Também é excelente

para projetos de grandes proporções e para liberar tensões.

Argila com reforço de náilon - Não precisa ser queimada e pode ser pintada ou

envernizada depois de secar, mas não tem uma textura tão boa quanto à da argila

comum. É mais cara e útil em lugares onde não haja forno disponível.

X Sucata - Possibilita uma variedade de texturas e métodos para fixá-las, assim

como diversificados projetos de grandes dimensões. É um bom material par ao

uso de energia se forem utilizadas ferramentas como serras, martelos e pregos. O

trabalho com sucata (papéis, caixas, isopor, potes, fios, purpurinas, palitos, cola,

tesoura, etc.) favorece o encontro com o lúdico, com o primário, com o

primordial. O sujeito, através desta técnica, tem a possibilidade de criar algo que

o represente ou que represente alguma coisa importante sobre a sua história,

através de sua identificação com alguns destes materiais e posterior construção.

X Materiais de máscaras - Algo fascinante para todos, objeto que disfarça, que

simula e transforma o próprio vocábulo “persona” provém do latim persona, que

originalmente significa máscara, a pessoa que se transforma em outro ser. A

máscara pode ser definida como uma cobertura, um disfarce, colocada sobre o

rosto para dissimulá-lo ou substituído por outro artificial, criando assim a ilusão.

A máscara corresponde ao estado rudimentar da consciência em que não há

distinção absoluta entre ser e parecer e em que a modificação da aparência

determina a modificação da própria essência. A máscara está freqüentemente

associada aos princípios básicos do teatro. Como o teatro, a máscara amplia

conceitos, exagera fatos, amplia a vida, mostra algo além do que aparenta.

Através da confecção de máscaras em ATT, com suas inúmeras possibilidades,

surgirão os símbolos necessários para a compreensão e transformação dos

conteúdos inconscientes que representam. Os símbolos inconscientes transitarão

para a consciência. Deste modo, contribuirão para a expansão de toda a estrutura

psíquica do ser humano, objetivando resgatar a qualidade de vida do indivíduo.

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X Outros materiais - Gesso, fita vinílica, fibras e outros materiais.

X MATERIAL PARA COLAGEM - O MANUSEAR GRAVURAS, MUITAS VEZES, FAZ COM

QUE O SUJEITO, ATRAVÉS DE UM MATERIAL ESTRUTURADO COMO AS FIGURAS,

ENCONTRE UM POUCO DE SI E, A PARTIR DISSO, FALE SOBRE SUA HISTÓRIA. A

FOTOGRAFIA ATUA SOBRE A MEMÓRIA NA MEDIDA QUE REMETE A LEMBRANÇAS.

Escolher imagens e organizá-las pode ser um primeiro passo, menos assustador do

que fazer imagens, já que reduz a ansiedade de se “atuar como um artista”. A

colagem também tem um efeito de “distanciamento” no qual as imagens escolhidas

podem ter ou não uma relação direta com a pessoa que as escolheu. Por exemplo,

pode ser mais fácil escolher “figuras furiosas” de revistas do que fazer um desenho

da própria raiva. Algumas vezes, tópicos difíceis podem ser abordados de forma

indireta dessa maneira.

Outros materiais para colagem como tecidos, papel de seda, objetos da natureza,

sucata, etc. podem ser usados como outros materiais, ou na pesquisa das texturas e

dos efeitos dos vários materiais.

X MATERIAL ADESIVO

COPYDEX - EMULSÃO DE BORRACHA, BOA PARA TECIDOS.

Cow gum - Emulsão de borracha, boa para papel. Facilmente removível, portanto é

útil para alterar posições.

PVA - Emulsão à base de água. Não é solúvel em água depois de seca. É boa para

papel, tecido, madeira. É útil para colagens e uso geral. Pode ser também misturada

com tinta em pó para fazer tinta plástica.

Cola branca tipo cascorez - Bom para papel, papier-mâché etc. Não use a variedade

para serviços pesados que contém fungicida.

Cola de benzina - Boa para colar madeira e outros materiais rapidamente.

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1.2. Instituições que incentivam a arte na 3º Idade Em 1999, a Organização das Nações Unidas (ONU), declarou o Ano Internacional

do Idoso. Foi um marco para a sociedade, pois foi unânime a mobilização em vários

estados do Brasil, com a promoção de várias atividades direcionadas a esse público,

como: ginástica, hidroginástica, artesanato entre outros. As empresas despertaram

um novo olhar para esse público. E várias iniciativas deste tipo temos hoje como

exemplo de cidadania, solidariedade e respeito.

Empresas como o Banco Real, estimularam um incentivo à produção cultural da

população com 60 anos ou m ais, o “Talentos da Maturidade” que tem como objetivo

provocar uma reflexão sobre a questão do envelhecimento e estimular trabalhos de

qualidade relacionados ao idoso. O “Talentos da Maturidade” foi pioneiro, na

iniciativa privada, nesse trabalho de valorização do idoso, incentivando a produção

artística e cultural de pessoas com mais de 60 anos. Ele está ajudando a sociedade a

se organizar, a se mobilizar, a combater o preconceito contra a velhice, destaca Laura

Machado, vice-diretora do Instituto de Gerontologia da Universidade Cândido

Mendes do Rio de Janeiro, e Assessora do Concurso Banco Real Talentos da

Maturidade.

Neste ano, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) elegeu o idoso

como tema de sua Campanha da Fraternidade. Ao mesmo tempo, a novela das oito,

exibida pela Rede Globo, tem um núcleo com um casal de idosos vivendo em família

– trabalho que também tem assessoria do Instituto de Gerontologia da Universidade

Cândido Mendes.

O Banco iniciou um movimento de sensibilização – a de valorizar o idoso em si,

incentivando-o a produzir; a de provocar a reflexão sobre a questão do

envelhecimento, que está ajudando o Brasil a despertar para o potencial dessa

população esquecida.

Outro exemplo a destacar é o da UNATI, projeto da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, que tem como objetivo a valorização do idoso, no que diz respeito a

investimento e mais investimento para a melhoria da qualidade de vida, com projeto

Oficina da Memória, eles desenvolvem atividades que estimulam o cérebro a cada

dia produzir mais. Apresentam técnicas de memorização e outros. Atualmente a

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UERJ, tem curso superior para idosos que querem tornar seus sonhos realidade, onde

por vários motivos tiveram que abandonar seus sonhos, cuidar de filhos, maridos que

não permitiam que estudassem e agora podem contar com essa oportunidade tão rica

e que não pode ser deixada para mais tarde, pois no realizar precisar ser o hoje e não

mais o amanhã, pois o amanhã, pode ser tarde demais.

Tudo começou a partir de uma idéia, do Professor Américo Piquet Carneiro que, com

suas características, capacidade de antevisão, começou a reunir no Hospital

Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ, um grupo pioneiro de profissionais

interessados nas questões da terceira idade. A partir dos debates e trocas de

experiências profissionais e institucionais, implantou-se o núcleo de atenção do idoso

do HUPE, que se propunha a oferecer atenção integral à saúde do idoso, numa ação

multiprofissional e interdisciplinar, vendo o idoso como ser humano integral e sua

saúde inserida em um processo amplo de aprimoramento da qualidade de vida.

Estava assim constituído o embrião da UNATI – UERJ.

A UNATI iniciou suas atividades no segundo semestre de 1995. Atualmente, um

diversificado número de profissionais vem tornando reais os ideais do professor

Américo Piquet Carneiro, expressos numa concepção de U3A (University of Third

Age), um dos mais avançados experimentos de uma micro-universidade temática.

Desde que os primeiros esboços do projeto foram estabelecidos os seguintes

conjuntos de metas para suas ações nas áreas de “ensino, pesquisa e extensão”.

X Promover estudos, debates, pesquisas e assistência à população idosa do estado

do Rio de Janeiro.

X Assessorar órgãos governamentais na formulação de políticas específicas para o

grupo etário de mais de 60 anos.

X Prestar consultorias e serviços a órgãos governamentais se não governamentais

em assuntos que envolvam a terceira idade.

X Contribuir para a elevação dos níveis de saúde física e mental de pessoas idosas,

utilizando os recursos e alternativas existentes na Universidade.

X Promover cursos para idosos, visando atualizar seus conhecimentos e integrando-

os à sociedade contemporânea.

X Prestar assistência à saúde, jurídica e física a população idosa.

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X Oferecer a população idosa uma unidade de excelência, fazendo da UNATI uma

instituição de saúde pública e, igualmente, de socioterapia, serviços comunitários,

pesquisas e ações gerontológicas de um modo geral.

X Capacitar profissionais de várias áreas de conhecimento a lidar com os problemas

da população idosa.

X Promover análises comparativas entre os estudos sobre terceira idade realizados

no Brasil e nos diferentes países.

X Realizar seminários, publicações, documentos e quaisquer outras modalidades

que tornem públicas as informações e os estudos desenvolvidos pela UNATI.

O Hospital psiquiátrico Pedro II, atualmente conhecido como Hospital Nise da

Silveira, também tem oferecido oportunidades para essa população de terceira idade,

“O Projeto Clube da terceira Idade”, onde através de atividades como de culinária,

bordados, poesia, dança, ginástica e também revelam sua preocupação e tem se

mostrado ativo com inovações. Hoje eles possuem uma rádio local que permite que

todos os departamentos trabalhem, coloquem seus talentos para fora, se revelando

com sua voz, seu calor humano, seus sentimentos. Esse grupo de terceira idade

também tem seu horário marcado, e muitas participantes estão tendo a oportunidade

de se expressar, de se afirmar como pessoa. E esse trabalho vem favorecendo uma

energia diferente, a auto-estima melhorando, a visão pessimista de mundo tem

mudado para um foco diferente que é a de “Viver e não ter a vergonha de ser feliz”,

com o programa da Feliz Idade.

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2. A ARTETERAPIA POSSIBILITANDO O AUTOCONHECIMENTO

O ser humano passa por diversos estágios de desenvolvimento ao longo de sua vida.

Primeiro é a infância para a adolescência e a idade adulta até a idade mais tenra. E

em todos esses estágios, e, em qualquer idade, reconhecemos em nós, várias

necessidades intrínsecas.

Estudiosos em comportamento humano destacam diversas necessidades inerentes ao

ser humano, como: necessidade de significado, segurança, aceitação, elogios, amor,

disciplina, enfim, necessidades estas que perduram por toda nossa vida.

A necessidade de significado refere-se a essa necessidade em todos os seres humanos

quer necessitam serem notados, apreciados e amados. Por vezes achamos que são só

as crianças que sentem essa carência. Mas os adultos, jovens e até mesmo os idosos

também chamam atenção para si mesmos e desejam ser reconhecidos como pessoas,

mas no geral de maneira menos visível, tal como mostrando algo que fizeram ou

descrevendo algum lugar que visitaram, os adultos procuraram dominar a conversa,

vestir-se de modo chamativo, exigir cargos de liderança, ou empenhar-se como locos

para obter uma honraria ou diploma, merecido ou não. Chamar o outro pelo nome

também nos faz importante, ter valor, esse sentimento faz com que tenhamos senso

de dignidade. A personalidade desenvolve à medida que se tomam decisões, decidir

o que queremos, ter tempo para ouvir o outro traduz-se em auto-respeito, e isso nos

faz gostar de nós mesmos, se sentir aceito, e é a aceitação que estabelece uma base

sólida para o crescimento e autoconfiança.

A aceitação está ligada a respeitar os sentimentos do outro, mostrando-lhe que o

comportamento negativo é inaceitável. Ouvir é realmente uma das melhores

maneiras de dizer “aceito você”.

Amar e ser amado também vêm a ser uma necessidade básica, pois a partir do

momento em que nascemos, queremos, precisamos de afeto, vivemos sozinhos,

precisamos do outro. Se uma dessas necessidades de amar e ser amado não forem

satisfeitas, as pessoas tendem a apresentar problemas emocionais. A criança

pequena, maiorzinha, o adulto, o solteiro, os idosos – enfim, todos necessitam de

expressões de amor.

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Podemos descobrir mais a nosso respeito. Muitas vezes pensamos que já sabemos

tudo, pensamos que sabemos que reação teremos em determinada situação e quando

acontece algo, percebemos que a nossa reação foi extremamente diferente do que

pensávamos. Porquê isso acontece? Será que nos conhecemos completamente?

Um filósofo existencialista já dizia: “Somos seres incompletos”. Porquê será que

disse isso? A cada dia vamos nos completando, pois temos sempre algo a descobrir,

a experimentar e, teremos sempre necessidades a serem saciadas e é isto que nos faz

caminhar. Daí o auto-conhecimento ser um processo permanente em nossa vida.

Podemos fazer muito mais do que imaginamos, podemos ser muito mais do que

pensamos ser, podemos ter muito mais do que temos. Porém não nos conhecemos

por completo. A cada experiência que vivenciamos, cada desafio que encontramos

na vida, é que vai nos mostrando o quanto ainda temos a trilhar. O quanto

precisamos aprender a aprender. Nos conhecemos a medida em que experimentamos,

a medida em que ousamos, em que fazemos acontecer. E através da arte podemos

encontrar uma linguagem diferente de vivenciar o concreto e associar a nossa vida.

Acredita-se que “a arte desperta os afetos, ao mesmo tempo em que trabalha as

coordenações sensório-motoras e o corpo. E o corpo constitui o lugar do “eu”

corporal que á a primeira identificação do sujeito com ele mesmo. Toda

representação assinala, ao mesmo tempo, um eu – proprietário (do corpo enquanto

causa) e um eu autor (da obra enquanto efeito)”.

Pode-se dizer que o autor da obra vai se descobrindo ao longo do processo de

construção, completando-se a medida em que vai ultrapassando barreiras, e

vivenciando as alternativas que encontra na vida.

As coisas belas que possuímos não podem ser medidas com base em nossos bens

materiais: carro, casa própria, roupas elegantes, etc. Devemos avaliar essas coisas

como recursos materiais que as pessoas possuem, e que tem direito, possibilidade de

adquirir e de utilizar para desfrutar uma qualidade de vida confortável. Mas o que

adianta se não sabemos o que queremos, o porque temos e não gostamos?

Precisamos descobrir dentro de nós os recursos que possuímos como pessoa.

Construímos ao longo de nossa vida inúmeras convicções, aonde grande parte não

vem de nós e sim do outro. Trazemos para nós crenças que são do outro sem

perceber. E o que eu penso, eu acho? O que será que é mais importante? Existe um

valor dentro de nós seres humanos enorme, porém às vezes deixamos nos levar pela

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verdade do outro. Tenho como recurso a capacidade de me comunicar, pensar, ouvir,

falar e tudo isso é extraordinário. Como seres humanos podemos planejar algo para

o futuro, pois não somos limitados, porém faz-se necessário aprender a descobrir a

cada dia nossa capacidade. Através da arteterapia pode-se aprender a “fazer” através

de materiais plásticos como já citado no capítulo anterior.

Através da arteterapia podem-se adquirir experiências novas, de construção e não

limitação, pois a arteterapia permite mergulhar no desconhecido mundo que há

dentro de cada um de nós. À medida que me permito experimentar, vivenciar a arte

descubro novas possibilidades de construção, realização e encantamento. Torno-me

arquiteto de minha obra, posso me conhecer mais e melhor. Torno-me possuidor de

minha obra e gerando em mim uma energia vital que garante o crescimento e o

equilíbrio dentro de mim. Reconhecer limitações, erros e aceitá-los faz com que

tenha maior compromisso comigo mesmo e desejo em me realizar, me completar

como pessoa.

A partir do momento em que construo algo, seja ele um desenho, um poema, uma

música, eu acredito mais em mim, na minha força, na minha capacidade e isso é me

conhecer.

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2.1. A auto-estima

Auto-estima está ligada ao sentimento de ser amado e o sentimento de ser

competente, sentir-se satisfeito, ter impressão de ter alcançado o sucesso em algo. A

auto-estima não pode ser entendida senão como um olhar global sobre si mesmo. Se

esse olhar é benevolente e positivo, ele nos fará minimizar nossos defeitos e

permitirá que tiremos proveito de nossas qualidades que se traduz no sentimento de

valor pessoal. (Em quase todas as atividades que fazemos, estamos sempre

buscando satisfazer duas grandes necessidades: sentirmo-nos amado, apreciados,

simpáticos, populares, desejados, etc.) E sentimo-nos competentes (com um bom

desempenho datado, hábil). Em todos os domínios, esperamos a satisfação e o ego

precisa desse alimento, porém estudiosos informam que a auto-estima não é um dado

definitivo, precisa ser alimentada regularmente, se valorizar. Quanto mais nos

estimamos, melhor agimos: tomamos decisões e as mantemos. E quanto mais nos

comportamos dessa regularidade, mais nos estimamos...

Em geral, pessoas com baixa auto-estima têm dificuldades de tomar decisões. Às

vezes, entregam-se mesmo à procrastinação, deixando para amanha o que poderiam

fazer hoje: preciso fazer regime, mais vou começar amanhã; preciso ligar para um

amigo, mais já está muito tarde, ele não dever estar acordado. Essa atitude, que os

psiquiatras conhecem bem, pode ser o sintoma de distúrbios psicológicos mais sérios,

como uma tendência depressiva ou um distúrbio obsessivo compulsivo. Mas pode

ser igualmente que não seja mais que um traço de caráter ligado à auto-estima. Outra

questão que envolve a auto-estima é o dilema da escolha, agir ou não agir? A

pessoa com baixa auto-estima encontra o mesmo tipo de dificuldade quando,

confrontada com uma alternativa, pois precisa tomar uma decisão. O escolher é

difícil, escolher é eliminar: a dificuldade para se decidir está relacionada à baixa-

autoestima, e como experimenta constantemente dificuldade para se decidir, prefere

quase sempre deixar-se influenciar por pessoas de seu convívio, do seu círculo, como

pais, parentes, amigos, ou más companhias, dizem os estudiosos.

No que diz respeito a alcançar os objetivos pessoais, vemos que as pessoas com

baixa auto-estima têm a tendência a renunciar assim que se deparam com

dificuldades ou opiniões contrárias à deles. E a auto-estima quando é reforçada com

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atitudes positivas tem a chance de alcançar o sucesso. Quando não, dificulta um

pouco mais as chances na próxima tentativa.

O nível de investimento pessoal conta muito. Não adianta ter o desejo, o sonho e não

tomar atitude e não tentar. A pessoa com alta auto-estima darão certamente prova de

mais perseverança nas escolhas que são realmente as deles – querer seduzir uma

pessoa que lhe agrada, ter êxito em uma atividade que os apaixona – e revelarão

menos perseverança os que investirem pouco.

As pessoas com baixa-auto-estima se sentem presos às escolhas que fazem e muitas

vezes persistem nas escolhas que lhes foram ditadas pelo conformismo social. Pode

ser revelado por relacionamento afetivo nada gratificante, um almoço com alguém

que não acha interessante. Geralmente tem dificuldade de “voltar atrás” nas suas

decisões, mesmo sendo elas incoerentes com seu próprio desejo. Dizem que não há

nenhum masoquismo nisso, mas sim uma dificuldade com os processos de decisão,

ao contrário de uma pessoa com boa auto-estima, “vou parar, não é isso que eu

quero”.

Todo mundo tem seus fracassos, decepções, dificuldades, mas a maneira com que

lidamos com o “problema” é que vai nos sensibilizar a tomar ou não atitudes para

passar por eles e não se “deixar” influenciar ao desânimo e depressão, como é o caso

de muitas pessoas com baixa-auto-estima. É difícil recuperar-se de um fracasso, sua

recordação se mantém inalterável, torna-se uma seqüela dolorosa, “difícil de digerir”.

Vemos que em face de uma nota indesejada na escola, uns resultados não

satisfatórios em seu trabalho, se suicidam, estragam a própria vida, pois o fracasso

para essas pessoas acarreta uma “reação depressiva”. (André, Chistophe, 2003). Tal

fenômeno pode ser explicado de três maneiras.

“Do ponto de vista comportamental, as pessoas com alta auto-estima lançam-se

rapidamente em novas ações que as distraem do fracasso, contribuindo para seu

esquecimento”.

Do ponto de vista psicológico, uma alta-estima ajuda a relativizar a situação e a não

se sentir globalmente desvalorizado por um único revés.

Do ponto de vista emocional, “aqueles com baixa auto-estima são mais

freqüentemente habitados por emoções negativas que a decepção devida ao fracasso,

com toda a evidência, alimenta e reproduz”. (André, Christophe, 2003).

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Quando falamos em críticas, vemos o quanto o indivíduo com baixa auto-estima é

suscetível a ela, inclusive sua intensidade e duração, mas do que outros. Seu

comportamento é revelado pelo sentimento de rejeição, menos valia, pois são

suscetíveis a qualquer mensagem negativa e, no entanto, a crítica acaba ganhando

espaço entre os que alimentam emoções de tristeza e de confusão. Ninguém gosta de

críticas, as vezes pode até ser desproporcional a mensagem mais as vezes captura

somente a mensagem negativa.

Existe em geral um consenso, entre todas as escolas da psicologia moderna, de que a

auto-estima é o elemento mais crítico que afeta todo o desempenho humano.

(Staples, Walter Doyle, 1984)

O quanto você gosta de si mesmo, ou quão bem você se sente a respeito de ser você,

isso é auto-estima, o julgamento que faz de si mesmo. Portanto, a auto-estima reflete

o julgamento implícito da nossa capacidade de lidar com os desafios da vida

(entender e dominar os problemas) e o direito de ser feliz (respeitar e defender os

próprios interesses e necessidades). Pode-se dizer que consiste de competência

pessoal e o sentimento de valor pessoal, soma da autoconfiança com o auto-respeito!

Desenvolver a auto-estima é desenvolver a convicção de que somos capazes de viver

e somos merecedores da felicidade, portanto, capazes de enfrentar a vida com mais

confiança, boa vontade e otimismo, e isso nos ajuda a atingir nossa meta e sentirmo-

nos realizados.

Temos a capacidade de desenvolver uma autoconfiança e auto-respeito saudável,

pois a capacidade de pensar é a fonte básica de nossa competência, o fato de

estarmos vivos, é a fonte básica do nosso direito de lutar pela felicidade, e lutar é

expandir nossa capacidade. Sabemos que muitas pessoas vivem de fachada,

desajustadas, inquietas, outras estão tão preocupadas até o grau de confusão mental,

com sensações desagradáveis de grande infelicidade. Contudo precisamos

compreender que o maior tesouro que temos somos nós mesmos, e devemos aprender

a nos amar mais, em vez de odiar, não é preciso nos sentirmos inferiores para que

queiramos nos sentir mais confiantes. Miseráveis para sentir alegria. Quanto maior

a auto-estima, mais bem equipados estaremos para lidar com as adversidades da vida,

quando mais flexíveis formos, mais resistiremos à pressão de sucumbir ao desespero

ou à derrota. A insatisfação consigo mesmo às vezes torna um hábito e não deixa a

pessoa desfrutar as coisas boas que acontecem em sua vida. E aprendendo a se amar,

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logo começará a amar e aceitar os outros, o que tornará a vida muito mais agradável

e produtiva.

Quanto maior a nossa auto-estima, mais criativos seremos em nosso trabalho, mais

ambiciosos tenderemos a ser. Maiores serão as nossas possibilidades de manter

relações saudáveis, em vez de destrutivas, pois assim como o amor atrai o maior,

saúde, e a vitalidade e comunicabilidade atraem mais do que o vazio e o

oportunismo.

“Cada um tem de aprender suas lições. Amar a si mesmo é o primeiro passo para se aprender sozinho, sem se deixar abater pelos comportamentos destrutivos dos que o cercam (Louise L. Hay, 1993)”.

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2.2. O autoconhecimento

A cada dia passamos por diversas experiências diferentes. E sempre existe uma

oportunidade para nos conhecermos melhor. A vida é um desafio onde

constantemente somos acometidos por situações inesperadas, comportamentos não

previstos, que nos fazem tomar atitudes; sejam elas certas ou erradas. A

autoconfiança, a auto-segurança, o autocontentamento, a baixa-estima e a auto-

estima nos fazem reconhecer-nos como seres vivos que pensam, criam, executam,

tem desejos, erra, aceita e é isso que torna a vida interessante.

Todos têm seu caminho, e há milhares de caminhos para descobrir, para tornar-se

você. E precisamos nos observar mais, procurar nos compreender, nos perdoar, nos

criticar menos e amar-nos mais. Porque precisamos ser amados, sentidos, tocados,

precisamos de alguma manifestação de amor. Investir no autoconhecimento é

investir na modificação, é investir na vida. A modificação e o crescimento se dão

quando a pessoa se arriscou e ousa fazer experiências com sua própria vida. E fazer

experiências com sua própria vida envolve a confiança em si, experimentar com sua

vida, é a cada dia se descobrir, saber que pode ou não conquistar, mais busca no seu

próprio caminhar o aprendizado. E a vida se encontra dentro de nós, é o essencial.

Com todas as inibições, com todos os receios, com toda confusão e solidão somos

nós mesmos o – “EU”, onde encontramos o “EU” força, “Eu” existo?, “Eu” posso, o

“Eu” vou, o Eu existo, enfim encontramos dentro de nós respostas onde muitas vezes

procuramos fora.

O autoconhecimento nos fornece uma visão melhor de nós mesmos. E esta, é uma

busca permanente, que perdura por toda nossa vida. Aguça nosso perceber, observar,

e é isso que faz sentido – esse buscar . O homem é capaz de mudar, ver a vida de um

outro ângulo, pois tudo depende da forma como vemos o mundo.

Cada vez que aprendemos alguma coisa nova, nós nos tornamos uma coisa nova.

Novas experiências, novas atitudes, um ser novo também. Talvez isso é que nos faz

sermos uma pessoa dinâmica, a cada dia descobrindo algo diferente e nos

completando com as situações experimentadas. A cada livro que lemos, nos leva a

outros, a cada música uma sintonia diferente, que nos conduz a volta de si mesmo.

Se descobrir é uma viagem que dura a vida toda, queremos e precisamos realizar, ser

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reconhecido, necessidade de liberdade, mais para isso tem que se experimentar,

tentar, ser livre para errar e lucrar com os erros. O segredo está em não cometer o

mesmo erro duas vezes. É preciso dar-se essa oportunidade. Permitir que tenha a

liberdade de ser eu mesmo – aprender que tudo se aprende. O amor se aprende, a

preocupação se aprende, a responsabilidade se aprende, o ódio se aprende, a

dedicação se aprende, o respeito se aprende, a bondade se aprende, tudo isso se

aprende na sociedade, no lar, num relacionamento, até mesmo sermos nós mesmos.

Além disso, o conceito de si – quem somos – aprendemos principalmente com a

família. Mas é preciso tirar a máscara, se desnudar para se ver realmente,

experimentar para descobrir; devo existir, porque fiz alguma coisa, porque essa

criação foi eu que fiz. Mas muitas vezes temos medo porque queremos que as coisas

sejam perfeitas. Somos fracos, vulneráveis, nos assustamos com facilidade, mais

temos mecanismos de defesa que construímos para nos proteger do outro, nos

proteger de si mesmo. Negamos uma situação para não nos sentirmos inferiores.

Sublinhamos algo que gostaríamos muito com outras que muitas vezes não nos

fazem bem. Compensamos uma necessidade em outra.

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3. A ARTE DE ENVELHECER

Envelhecendo desde quando nascemos, nascemos para vida, para as oportunidades,

para as chegadas e partidas. Esse efeito é de ganhos e perdas, mortes e nascimento.

Quando nos referimos à vida de uma pessoa, vemos que é fundamentalmente um

processo de crescimento interior. O valor da vida, portanto, está justamente no fato

de ela ser limitada e transitória. A imortalidade, caso fosse possível, provavelmente

faria de nossa vida, em que em muito tempo, algo sem graça e sem vida, por

paradoxal que possa parecer a afirmativa. Todos nós precisamos para sobreviver de

algum grau de ilusão de que a morte não nos pegará, nem aos que amamos – ou pelo

menos que não nos pegará tão cedo. Por mais que tentemos negá-la e por mais que o

nosso inconsciente, talvez, a noção de morte nem exista, ao nível consciente sabemos

que ela virá, inexoravelmente, um dia. Mas é vivendo que aprendemos a amar, é

vivendo que encontramos resposta que nos faz acreditar que a felicidade existe e por,

conseguinte, nossa saúde se vinculam intimamente à qualidade das relações que

conseguimos manter com as outras pessoas. Aos laços de amor, enfim, que com elas

estabelecemos em casa, no trabalho, nas ruas.

Múltiplas razões pelas quais é a velhice associada ao sofrimento, constituem ao

menos em nossa sociedade ocidental, fonte de depressão e angústia. Muitas crenças,

ditos populares, tem sido reflexo de uma sociedade que tem cultivado a beleza, a

jovialidade, o dinheiro, o poder, tudo em prol de uma imagem, onde o velho é

deixado para trás, e dessa forma o fazendo a cada dia desacreditar no seu valor

pessoal. O social tem incurtido na cabeça de muitos que, a velhice devido às

limitações impostas pela involução física e intelectual, ou, ainda a aposentadoria,

causam inaptidão e o pior aspecto da velhice, e ao mesmo tempo uma das facetas

mais dolorosas da trajetória normal da vida, é a sensação angustiante e melancólica

que tem assaltado o idoso, é de não ser capaz de inspirar amor a quem quer que seja.

Os muitos poucos anos de vida fornece ferramentas necessárias para visualizar o que

gostaríamos de alcançar. Saber que o tempo é o hoje e o aqui-e-agora que é o

importante. O passado passou, tem como modificar? Não, e o presente, tem como

modificar? Sim e o futuro, mais ainda então o presente e o futuro dependem do

agora, do refletir, do agir, do que eu defino para mim hoje, o futuro eu posso

planejar, definir metas.

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A fé em minhas metas é o combustível que gera energia. Independente da idade

podemos sonhar, podemos acreditar que possamos viver intensamente cada período

de nossa vida adulta, meia-idade e até mesmo a velhice, basta percebermos de forma

diferente, olharmos de um outro ângulo, mudarmos o foco da visão. Têm-se idéias

de que é difícil ser feliz na terceira-idade. Porém em que idade não se encontra essa

dificuldade? Em todas as etapas em que vivemos encontramos dificuldades sim, mas

soluções, e são estas que nos impulsionam e nos fazem acreditar em um dia melhor.

Nos fazem acreditar que o amor, a lealdade, a felicidade existe e não somente fora de

nós onde geralmente a procuramos e sim dentro de nós onde raramente a

procuramos.

Uma das oportunidades que toda pessoa tem é a possibilidade de começar de novo.

Tudo na vida está em um constante processo de mudança. Muitas vezes, reagimos à

mudança por medo do desconhecido. Somos mais resistentes ainda quando se trata

de mudanças internas. Em vez de resistir ao inevitável, devemos reconhecer que o

progresso, o crescimento e a mudança são leis da vida e que precisamos nos preparar

para elas constantemente.

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3.1. Razões biológicas do envelhecer

Para alguns psicólogos a velhice divide-se em dois segmentos: velhice inicial e

velhice avançada. Nos Estados Unidos à idade tradicional é marcada aos 65 anos de

Idade, onde geralmente a maioria da população está aposentada. A primeira

categoria, ou seja, a velhice inicial diz estar associada à idade de 65 a 75 anos.

Mentalmente costumam ser alerta, tem muito tempo livre, o qual desejam usar de

forma significativa, quando outros estabelecem outras formas de se ocupar até

conseguindo outra forma de trabalho informal a fim de se ocupar. Embora a maioria

das pessoas com mais de 65 anos sofra ao menos de uma doença ou mal crônico, isto

não interfere necessariamente nas atividades normais. As limitações aumentam com

a idade e ainda aos 85 anos, ou seja, um terço das pessoas não se sentem restritos por

absolutamente nada (Neugarten, 1982). Dizem que algumas pessoas na fase inicial

da velhice sentem-se “propensas à aventura”. Dizem os estudiosos que essa fase

mais tardia da vida oferece liberdade para viver uma “segunda vida” com mais

qualidade. A velhice avançada, que cobre o período dos 75 anos traz novos desafios,

como a de doenças que podem gerar incapacidade, declínio das capacidades e mais

tarde a morte, e ao mesmo tempo tirar satisfação da vida. (Davidoff, Linda F, 2001)

“A compreensão, a aceitação, do envelhecimento e da morte imbicam-se, de forma muito íntima, com a própria compreensão da vida. E, abstraindo qualquer conotação religiosa, é difícil compreender a razão de ser da vida. Do ponto de vista estritamente biológico, todavia, tanto o envelhecimento como a morte fazem sentido, e não poderia ser diferente. Vistas as coisas sob a ótica da biologia e da natureza, o que interessa é a sobrevivência da espécie, e não do indivíduo. Todo esforço da natureza com relação ao indivíduo parece dirigido no sentido de fazê-lo atingir a idade reprodutiva e, a partir daí, sobreviver apenas o bastante para assegurar sua descendência, ou seja, criar os filhos”.

Tem-se o conhecimento em que outras espécies de animais indicam que poucas são

as que sobrevivem muito além da idade fértil. Alguns exemplos são consideráveis na

espécie animal como o macho das abelhas e das formigas que morre

obrigatoriamente após fecundar a fêmea, e nisto parece resumir-se sua missão na

vida, assim como o salmão do Pacífico, que somente reproduz uma vez na vida,

envelhece e morre rapidamente após a reprodução. Percebe-se que todo esforço da

natureza parece dirigir-se à sobrevivência da espécie, neste sentido podemos dizer

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que a seu aperfeiçoamento. Tanto a vida quanto a morte são essenciais a vida, e

jamais nos livraremos dessa continuidade. O homem a cada dia tem se dedicado ao

estudo genético para que consiga descobrir a longevitude e alguns dizem que é a

forma como o indivíduo se alimenta, o tipo de vida que leva, alguns falam que é

fazendo exercícios que estimulam o corpo a produzir mais. Enfim, são muitos

estudos e muitas considerações a esse respeito, porém a juventude eterna e a

imortalidade são ao que tudo indica inalcançáveis. A vida é simples, muitas vezes é

que complicamos, a vida é para todos e o importante é fazermos da nossa passagem

por esta vida algo agradável, algo que tenha valor para nossa existência para que

possamos torná-la duradoura quanto possível, que possa valer a pena acreditar no

tempero das nossas relações interpessoais, no tempero do amor a vida e com certeza

o amor a si próprio nos despertará a ter um cuidado maior com nossa essência e

vivermos o máximo que pudermos com qualidade de vida, sucesso e felicidade.

Embora o envelhecer traga algumas dificuldades, no plano dos afetos, o corpo é o

lugar de ressonância da emotividade independente da idade... A própria atividade

plástica desperta afetos latentes ligados aos vestígios mais antigos da memória. O

esforço de criação imaginária, tudo contribui para a emergência da emoção. No

plano da constituição do “eu”, podemos dizer que ao mesmo tempo em que aquele

das coordenações sensório-motoras e dos afetos, o corpo constitui o lugar do “eu”

corporal que é a primeira imagem de identificação com do sujeito com ele mesmo.

Portanto, toda representação assinala, ao mesmo tempo, um eu proprietário (do corpo

enquanto causa) e um eu – autor (da obra enquanto efeito). (Sara Paiin, 1990).

Nesse processo de envelhecimento o indivíduo passa várias crises que o fazem

refletir sobre sua vida de um modo geral. Tem-se apresentado, o receio de perder

autonomia e a liberdade, de ficar dependente das outras pessoas, o medo de ser

“peso” para as outras pessoas, e um outro aspecto está relacionado com a perda de

perspectiva do futuro e a possibilidade de sonhar. E sobre este “último” aspecto que

é o de possibilitar sonhos, é que a arte proporciona um papel fundamental para a

busca interior de seus conteúdos intrínsecos, que vão se apresentando como forma de

exprimir seu desejo e reconhecer sua existência como algo mais precioso a ser

encontrado assim como a pérola dentro da ostra.

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3.2. A importância da arteterapia e sua contribuição para a autoestima

Na história da humanidade a arte sempre ficou em evidencia pela forma em que os

indivíduos se expressavam através dos seus feitos. Revelavam-se através da arte, se

descobriam seres dinâmicos a medida em que buscavam solucionar problemas de seu

cotidiano muitas vezes para “liberar toda sua ansiedade” através da pintura,

escultura, desenho, mosaico, textura, cor, forma, e harmonia. A arte tem uma

utilidade imediata que é de estimular o pensamento, a sensibilidade e até mesmo

causar prazer estético. Provoca uma certa inquietação no observador, uma sensação

especial, uma vontade de contemplar, uma admiração a essa sensibilidade do artista.

Em outras culturas e épocas, a arte surge, independente de religião, unicamente como

forma de expressão para quem produz, e como oportunidade de experiência especial

para quem aprecia. Qualquer que seja sua direção, a arte está em toda parte e é um

elemento definido da identidade de um povo, de um grupo social e de um indivíduo.

O artista pode se manifestar de diversas formas como pela música, pela dança, enfim

de diversas formas e na verdade esse revelar-se acontece através de várias

linguagens.

De tudo que observamos, pensamos e refletimos, temos a tendência de reproduzir

nossas inquietações ao social. A arte tem várias funções na sociedade e na cultura:

interpretar o mundo; provocar emoção e reflexão como foi dito anteriormente; além

de explicar e refletir a história humana, questionar a realidade; representar crenças e

homenagear deuses, idéias, pessoas, entre muitas outras. E estende-se a entender o

ser humano a medida em que se percebe que via o mundo diferente, a medida em que

a arte o faz organizar e compreender os próprios sentimentos e emoções o faz

vivenciar outras realidades e conhecer outras forma de ver o mundo.

Na verdade a arte proporciona uma forma especial, porque ela é transformadora.

Para interagir e apreciar a arte usamos muitas vezes experiências anteriores,

percepção, habilidades comunicativas, visuais, espaciais, informações, sensibilidade,

imaginação. Assim, quanto mais desenvolvermos essas capacidades, competências e

habilidades, mais nos aproximaremos do mundo da arte. Precisamos vivenciar essas

experiências como se elas fossem alimentos para as nossas almas e o ser humano está

sempre em busca de algo que traduza seu mundo interno. O nosso inconsciente está

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sempre enviando-nos mensagens e símbolos, que precisam ser apreciados pela

consciência para que o nosso crescimento aconteça de forma saudável e o mais

valioso não é sermos reconhecidos como artistas, o mais valiosos nessa busca, é essa

relação com nossas imagens internas, fonte inspiradora da vida. Criar é dar forma.

Dar forma a algo disforme, ampliar, usar criatividade que até mesmo não sabemos

que o temos. Ousar, para descobrir toda nossa potencialidade.

A arteterapia nos ajuda nesse processo de descoberta. Descobrir o nosso potencial

criativo é nos permitir, é tornarmos abertos a novas experiências, a novas conquistas,

a novos espaços. É construir algo, é modificar, e dar um significado, é revelar-se.

Os recursos, expressivos em arteterapia poderão permitir a esse indivíduo que fatos

inconscientes se tornem conscientes, pois a medida em que o símbolo vai sendo

materializado, produz reflexão, por levar a compreensão, transformação, estruturação

e expansão de toda sua personalidade, seus sentimentos de autovalor formam o

núcleo da sua personalidade e determinam o uso que ela faz de suas aptidões e

capacidades. Sua atitude a respeito de si mesma tem uma relação direta com a

maneira, pela qual vive todas as partes de sua vida e está ligado a sua auto-estima. O

julgamento que a pessoa faz de si mesma influencia os tipos de amigos que ela

escolhe, como ela se relaciona com os outros, o tipo de pessoa com quem ela se casa,

afeta até sua criatividade, integridade e estabilidade. A partir do momento em que o

indivíduo percebe que o que ele faz tem valor, o que ele constrói tem um significado,

ele começa a agir de modo diferente, começa a descobrir que existe algo intrínseco

que quer falar, se revelar, e a arte se torna um facilitador nessa descoberta de si

mesmo. A cada encontro arteterapêutico o indivíduo vai encontrando sua

complexidade e pontecialidade e é nesse momento em que começa a se valorizar

mais, “se dar” mais atenção.

As sensações de inferioridade, insegurança, começam a tomar um rumo diferente, as

conexões perceptivas são aguçadas e o indivíduo começa mais. As pessoas idosas

geralmente já passaram por diversas perdas, diversas experiências negativas, e

trouxeram muitas vezes, muitas mágoas e rancores, decepções que fizeram diminuir

sua auto-estima. Tornam-se pessoas difíceis de lidar, às vezes de escutar, pessoas

dos mais diferentes níveis sociais, porém com uma questão: de não se sentir aceito

pela sociedade e pelo outro em geral.

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Quando descobrem na arte a possibilidade de ampliar seus horizontes, é como se

fosse a mola que faltava para se viver melhor. Descobrem na arteterapia um novo

significado, começa a construir uma imagem positiva de si mesma muitas vezes

perdida. E começa a aceitar os novos desafios da vida com mais naturalidade,

elevam sua auto-estima pouco a pouco, auto-respeito torna-se mais constante e

genuíno. Sua auto-imagem é percebida de forma sutil, se valoriza e começa a

perceber sua importância apesar de suas diferenças.

Através da arteterapia o idoso, o indivíduo em geral pode experimentar o sentimento

de inclusão social, já que a arteterapia não considera o nível de experiência pessoal

anterior com os materiais plásticos. Fatos muito importantes para a estruturação de

uma identidade. Na arteterapia a produção do indivíduo é considerada como algo

facilitador no processo de construção do “eu”, o indivíduo experimenta o “fazer”

através de um simples rabisco na folha, através do uso de uma tinta, através de um

“novo fazer”, mais que se torna harmonizante para esse indivíduo muitas vezes

marcado pelas exigências sociais. Contudo, o processo torna-se o de singularização

do indivíduo, independente da idade, credo ou raça, o autor da obra se torna

possuidor, pois exerce o “poder” de ação, ir, tornar-se, querer, desejar, arriscar,

precisar, poder enfim existir.

Criar, deste modo, por dar liberdade afetiva, propicia segurança para enfrentar

dificuldades frente às situações de vida. Viabiliza maior entendimento acerca de

suas questões mais íntimas, modulando o presente através da associação do criar, a

utilização dos recursos da arteterapia.

“E sentindo-se humano como o humano que o sujeito tem a viabilidade de desenvolver as qualidades humanas”. (Edgar Morim, 1980).

A arte-terapia tem contribuído muito nesse processo de individuação do sujeito, seja

ele velho ou novo, pequeno ou grande. A cada dia vem sendo encontro para os

“perdidos” em si mesmo, favorecendo uma maior compreensão de seus processos

psíquicos, o reconhecimento como pessoa de valor apesar da idade, dando a eles a

oportunidade de inventar, descobrir e criar com as próprias mãos, percebendo a sua

importância em cada trabalho. Mãos estas que muitas vezes esqueceram de sua

utilidade por não acharem úteis como foram um dia. Mostrando que o passado não

temos como apagar, mais que teve sua importância para aprendermos que hoje

podemos fazer diferença, pois o hoje é presente, é o aqui-e-agora, e é justamente

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este, que dará uma nova razão para viver, lutar e prosseguir em frente. Incentivando-

os a descobrirem que sua capacidade criadora não morre. Que envelhecer não é

morrer para os sonhos, para o novo, que o mundo não pára aí, que há uma maneira de

se viver melhor, que é apostando nas suas novas conquistas e amar que é o melhor da

vida.

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CONCLUSÃO Diante das diferentes visões, opiniões abordadas aos indivíduos da terceira idade,

podemos perceber que existe uma gama enorme de alternativas que favorecem um

viver melhor com saúde mental e qualidade de vida. Isso porque a arte possibilita o

indivíduo experimentar o contexto consigo mesmo, com sua produção. E em sentido

mais amplo, a representação plástica permite a construção do pensamento desde o

momento em que ele seleciona um objeto e cria algo novo, ele está transformando,

criando possibilidades, gostando de suas descobertas e conseqüentemente gostando

ainda mais de si, pois começa a ser valorizar mais tornando essa experiência

significativa. A auto-estima torna-se um fator organizador desse indivíduo, enfim,

encontra espaço para desenvolver todo seu potencial muitas vezes até desconhecido.

Um dos temas que poderia ser trabalhado como novo pesquisa é a importância da

saúde mental para uma melhor qualidade de vida, o segundo são as motivações que

envolvem a sua auto-realização e o terceiro são as alternativas para se viver mais e

melhor.

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ANEXOS

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Universidade Cândido Mendes

Pro-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento

Diretoria de Projetos Especiais

Projeto a “Vez do Mestre”

A auto-estima e a Arteterapia

No trabalho com Terceira Idade

Autor: Luciana Costa Romão da Silva

Orientador: Ms. Nilson Guedes de Freitas

Setembro/2003

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BIBLIOGRAFIA

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