a atuaÇÃo do profissional de secretariado executivo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO NA ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO DA DIRETORIA: O CASO DA PRESIDÊNCIA DA FUNARBE ROSEANY GLORIANE MENDES VIÇOSA / MG Junho de 2008

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Page 1: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE LETRAS

A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO NA ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO DA

DIRETORIA: O CASO DA PRESIDÊNCIA DA FUNARBE

ROSEANY GLORIANE MENDES

VIÇOSA / MG Junho de 2008

Page 2: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE LETRAS

A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO NA ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO DA

DIRETORIA: O CASO DA PRESIDÊNCIA DA FUNARBE Monografia apresentada ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do curso de Secretariado Executivo Trilíngue, tendo como orientador o Professor Magnus Luiz Emmendoerfer, do Departamento de Administração.

ROSEANY GLORIANE MENDES – 51589

VIÇOSA / MG Junho de 2008

Page 3: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

ii

Roseany Gloriane Mendes

A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO NA ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO DA

DIRETORIA: O CASO DA PRESIDÊNCIA DA FUNARBE Monografia apresentada ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do curso de Secretariado Executivo Trilíngue.

Aprovada em ___ de junho de 2008.

Profª. Rosália Beber – DLA/UFV Examinador

Prof. Gustavo Melo Silva – DAD/UFV Examinador

Prof. Magnus Luiz Emmendoerfer – DAD/UFV Orientador

Viçosa / MG Junho de 2008

Nota: _____

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iii

À memória do meu pai, José Vanderney e do

meu amigo, Felipe Soares. À minha mãe,

Maria Cecília, e à minha irmã, Rosemairy.

Page 5: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Universidade Federal de Viçosa e aos professores que partilharam comigo

seus conhecimentos e contribuíram para meu crescimento.

Ao Prof. Magnus Luiz Emmendoerfer, meu orientador, pela atenção e paciência.

Aos colegas de curso, por tantos momentos partilhados.

Ao Prof. Demetrius e à Zilda, pela colaboração.

À minha família, meu alicerce, meu forte. Meus maravilhosos pais, minha irmã-mãe,

meus irmãos, sobrinhos e cunhadas.

Às minhas amigas de sempre: Andréia, Camila e Patrícia.

Aos amigos que mesmo de longe sempre me deram muita força.

À Deus, pelo dom da vida, pelas pessoas maravilhosas colocadas em meu caminho e

pela fé inabalável que me faz prosseguir.

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v

MENDES, Roseany Gloriane; EMMENDOERFER, Magnus Luiz. A atuação do profissional de secretariado executivo na administração do tempo da diretoria: o caso da Presidência da Funarbe. 2008. 48p. Monografia (Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2008.

RESUMO

O presente trabalho propôs uma pesquisa descritiva, em forma de estudo de caso, objetivando-

se verificar a atuação do profissional de Secretariado Executivo na administração do tempo do

Diretor Presidente da Fundação Arthur Bernardes. Para tal, foi realizada entrevista com o

diretor-presidente e com a secretária executiva da presidência da Fundação, e coletados dados

em documentos impressos ou on-line relativos à Funarbe. Utilizando-se o método de análise

de conteúdo, pôde-se verificar como se dá a administração do tempo do Diretor Presidente e

qual a atuação do profissional de Secretariado Executivo nesse contexto. Concluiu-se que o

profissional de secretariado executivo desempenha um importante papel na administração do

tempo do dirigente, dado que suas tarefas são orientadas para este fim. Percebeu-se, a

necessidade de se desenvolver mais pesquisas de mesmo cunho para promover o melhor

entendimento da relação entre profissionais de secretariado executivo e administração do

tempo.

Page 7: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO........................................................................................................... 1

1.1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

1.2. JUSTIFICATIVA............................................................................................................ 2

2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 3

3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS ...................................................................................... 4

3.1. ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO NAS ORGANIZAÇÕES ........................................... 4

3.1.1. Tempo de Trabalho ...................................................................................................... 4

3.1.2. Administração do tempo............................................................................................... 5

3.1.3. Administradores e o tempo ........................................................................................... 6

3.1.4. Empecilhos à administração do tempo ......................................................................... 9

3.1.5. Economizadores de Tempo ......................................................................................... 12

3.2. O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO ............................................ 13

3.2.1. Histórico .................................................................................................................... 14

3.2.2. Regulamentação......................................................................................................... 16

3.2.3. Dirigentes e o Profissional de Secretariado Executivo................................................ 17

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................................. 18

4.1. DELINEAMENTO DA PESQUISA.............................................................................. 18

4.2. MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ...................................... 19

4.3. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS....................................................................... 20

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS............................................................ 22

5.1. A FUNARBE - CONTEXTO ORGANIZACIONAL ..................................................... 22

5.2. COMPETÊNCIAS DO DIRETOR PRESIDENTE........................................................ 25

5.3. A ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO NA PRESIDÊNCIA DA FUNARBE ................... 27

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... 37

7. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 39

ANEXO A – ORGANOGRAMA DA FUNARBE ............................................................ 42

ANEXO B – LEI 7.377....................................................................................................... 43

ANEXO C – LEI 9.261....................................................................................................... 45

APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTA 1...................................................... 47

APÊNDICE B – ROTEIRO PARA ENTREVISTA 2 ...................................................... 48

Page 8: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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1. APRESENTAÇÃO

1.1. INTRODUÇÃO

Atualmente não é difícil ouvir alguém falar que deixou de cumprir um prazo ou de

participar de uma reunião de amigos porque estava sem tempo. Também não é raro ouvirmos

executivos dizerem que o dia deveria ser maior, porque 24 horas não são suficientes para

atender a todas as demandas de trabalho que eles têm. Por motivos como esses que a

organização e o gerenciamento do tempo se tornaram um tema muito debatido nas rodas de

negócios. O domínio da própria rotina de trabalho é um diferencial importante no sucesso

profissional de qualquer pessoa, e com os executivos não é diferente.

Por serem incumbidos de tão complexa atividade que é a tomada de decisão, processo

que engloba fases como criação e avaliação de alternativas para solução dos problemas

diagnosticados, os dirigentes, em qualquer organização, precisam de apoio para facilitar e

viabilizar o alcance de seus objetivos. Com a administração do tempo acontece o mesmo.

Segundo Junqueira (1992), não se pode tentar envolver somente o dirigente na solução do

problema; sua secretária, seus subordinados, seus superiores, são elementos fundamentais

para, em conjunto, resolvê-lo.

O dia a dia de um executivo é envolvido por diferentes demandas no trabalho, como

viagens, reuniões, contratos, acordos. Conciliar todos esses compromissos não é tarefa das

mais banais, imagina-se então que a pessoa que desempenha mais de um papel laboral

enfrente problemas maiores quanto à administração de seu recurso tempo.

A presente pesquisa foi realizada no sentido de avaliar de que forma o profissional de

secretariado executivo pode contribuir para a otimização do uso do tempo do executivo por

ele assistido. Pois, como exposto anteriormente, o dirigente não deve tomar só para si a tarefa

de administrar seu tempo, ele deve poder contar com a ajuda dos profissionais que o

supervisionam, ou o assessoram.

Page 9: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

2

1.2. JUSTIFICATIVA

A administração do tempo é um assunto que vem despertando cada vez mais o

interesse das pessoas, especialmente de administradores, assessores e secretários. O

planejamento e o controle do uso do tempo passaram a ser um diferencial significativo no

processo estratégico das organizações.

Conellan apud Alonso (2002: 107) ressalta a importância do papel do secretário

executivo quanto à administração do tempo do executivo: “A eficácia do gerente é

determinada pela sua boa utilização do tempo. Nenhuma pessoa tem tão grande influência no

tempo do gerente quanto sua secretária. Uma boa secretária faz dobrar o tempo do gerente.

Uma incompetente o reduz pela metade”.

O papel principal do profissional de secretariado executivo é assessorar seu executivo

de maneira a fazer com que ele se ocupe de questões relevantes e problemas que necessitem

de sua atenção para serem solucionados.

Portanto, apontar as potenciais contribuições que um profissional de secretariado

executivo pode oferecer ao dirigente de uma fundação de apoio, como a Fundação Arthur

Bernardes – Funarbe pode abrir precedentes para realização de pesquisas de mesmo cunho em

outras fundações, ou até mesmo em outros tipos de instituição.

Page 10: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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2. OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa é verificar a atuação do profissional de secretariado

executivo na administração do tempo do Diretor Presidente da Funarbe.

Para alcance deste, têm-se como objetivos específicos:

- Descrever, a partir das normas internas, as tarefas do Diretor Presidente;

- Discutir a administração do tempo laboral do Diretor Presidente;

- Descrever as principais atribuições do secretário executivo na assessoria direcionada ao

Diretor Presidente;

- Discutir a relação entre as atribuições profissionais do secretário executivo e suas atividades

na administração do tempo do Diretor Presidente da Funarbe.

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3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Nesta seção será apresentada a base teórica da pesquisa a fim de proporcionar uma

melhor compreensão das temáticas abordadas, sendo elas a administração do tempo e o

profissional de secretariado executivo.

3.1. ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO NAS ORGANIZAÇÕES

3.1.1. Tempo de Trabalho

Tempo é definido como algo que tem a função de organizar internamente o indivíduo,

ou seja, provê-lo de parâmetro para lidar com as noções de passado, presente e futuro. Hoje o

tempo ocupa um papel central na vida dos homens, mas nem sempre foi assim. Na

Antiguidade o tempo era relacionado aos fatores naturais, como o sol, a lua, o dia e a noite.

Isaac Newton foi o primeiro a abordar o tema de forma científica. A idéia de que o tempo é

externo ao indivíduo, absoluto, uniforme, linear, constante e que não pode ser alterado tem

origem no seu trabalho (TANURE et al, 2007).

Outro grande pensador que ajudou a desconstruir a noção de tempo foi Albert

Einstein. A sua teoria da relatividade, que passou a considerar a percepção do observador

acerca do objeto, deu ao tempo uma conotação diferente da que era dada por Newton. Para

Einstein, tudo é relativo, inclusive o tempo, que pode ser percebido de maneiras diferentes em

função do estado e do momento de cada indivíduo (CHAVES, 1992).

O tempo linear de Newton pode assumir a denominação de “tempo de relógio” para se

descrever o tempo absoluto dos relógios e dos calendários. Nesse sentido, ele se relaciona em

uma estrutura mensurável, objetiva, que pode ser dividida e segue um fluxo uniforme e linear.

Segundo esse conceito, o dia tem 24 horas (TANURE et al., 2007).

Para Chaves (1992), tempo é vida, pois, mesmo a mente sendo o equipamento

essencial para vivermos, o tempo é o recurso fundamental da nossa vida, a matéria-prima

básica da nossa atividade. Contudo, contrário à magnitude de sua importância, o tempo é um

recurso irreversível e inelástico, não renovável e perecível, que não usado não pode ser

estocado para uso posterior.

Page 12: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

5

A capacidade mental, a habilidade, a inteligência e as riquezas são desigualmente

distribuídas entre as pessoas. Já o tempo é um recurso democraticamente distribuído, o dia

tem 24 horas tanto para o mais alto executivo como para o mais pobre desempregado.

Kroehnert (2001) diz que o tempo pode ser pensado como um banco que credita,

diariamente, a quantia de 84.600 segundos em nossas contas. No final de cada dia, porém, o

saldo da conta é estornado. Já para Drucker, citado em Kroehnert (2001:13): “Tempo é o mais

escasso dos nossos recursos e, a não ser que seja administrado, nada mais poderá ser”.

3.1.2. Administração do tempo

A palavra administração vem do latim, assim como manejo (que corresponde ao

inglês management) e gestão (que corresponde ao espanhol gestión e ao francês gestion) e

está relacionada ao processo dinâmico de tomar decisões sobre recursos para possibilitar a

realização dos objetivos. A administração também pode ser vista como um conjunto de

princípios, normas e funções que têm por fim ordenar os fatores de produção e controlar sua

produtividade e eficiência, para se obter determinado resultado (MAXIMIANO, 2004).

Kroehnert (2001) adota o conceito que diz que administração é o ato de controlar

eventos relevantes da forma mais eficaz possível. Por isso, pode-se dizer que se algum

processo está sendo administrado é porque suas variáveis estão sob controle.

Considerando-se as definições dos vocábulos tempo e administração, pode-se dizer

que administração do tempo é o ato de controlar eventos relevantes para maximização do

tempo e dos talentos necessários para atingir objetivos valiosos segundo um sistema de

valores sensato (KROEHNERT, 2001).

Quem administra o tempo, aumenta sua produtividade, fator determinante para se ter

destaque no mundo organizacional. Por este motivo, deve-se ter em mente que ser produtivo

não é a mesma coisa que ser ocupado. O ditado norte-americano que diz “If you want

something done, give it to a busy person”, não está certo, dado que a pessoa pode ser ocupada

e não produtiva. Neste caso, ela não executaria a tarefa adicional que lhe está sendo pedida.

Ser produtivo é fazer certo as coisas certas, isto é, fazer aquilo que se considera importante e

prioritário com a menor quantidade de recursos possível. E o tempo é um recurso

fundamental. Nada pode ser feito sem ele, por isso ele é frequentemente escasso e caro

(CHAVES, 1992).

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Em seu livro Administração do tempo, Chaves (1992) enumera alguns mitos acerca do

tema. O primeiro mito diz que quem administra o tempo torna-se escravo do relógio. A

verdade é que quem administra o tempo o tem sob controle e, quem não o administra acaba

sendo dominado, já que acaba executando as tarefas de acordo com as pressões do momento,

não da forma como gostaria.

O segundo mito afirma que as pessoas trabalham melhor sob pressão. Não há dados

que comprovem este mito, até porque as pessoas não costumam tentar trabalhar sem pressão

para fazer uma comparação dos resultados. Pesquisas comprovam o contrário: Em contexto

escolar, quem estuda ao longo do ano, com calma e sem pressão, sai-se geralmente melhor do

que quem deixa para estudar na última hora. Apesar de que não há nada que permita concluir

que o que vale no contexto escolar valha em outros contextos.

O terceiro mito diz que administrar o tempo é algo que se aplica somente à vida

profissional. Esta afirmação não é verdadeira, considerando-se que a administração do tempo

permite que se organize também a vida pessoal e familiar.

O quarto mito sustenta que ter tempo é questão de querer ter tempo. Neste caso, a

afirmação tem algo de verdadeiro, uma vez que quando se quer realmente fazer algo,

consegue-se tempo. Mas mais que querer ter tempo, há que se saber administrar o tempo que

se tem.

Chaves (1992) diz que, na contramão desses mitos, a verdade é que administrar o

tempo é saber usá-lo para fazer as coisas consideradas importantes e prioritárias, é organizar a

vida de maneira que se obtenha tempo para fazer as coisas que gostaria, profissional e

pessoalmente.

Segundo Kroehnert (2001), o que todas as pessoas bem-sucedidas, ricas, famosas,

poderosas e felizes têm em comum são os 86.400 segundos que elas dispõem todos os dias, e

isso é exatamente igual para todas. O que as difere é a maneira eficaz com que usam esses

segundos. As outras pessoas não fazem isso.

3.1.3. Administradores e o tempo

O mundo organizacional tem se tornado, um dos principais cenários onde é possível

observar a importância que o tempo adquiriu na vida do homem moderno.

Os gerentes – como todas as pessoas de ação – estão particularmente expostos às questões do tempo. Os primeiros europeus a usarem relógios pessoais [...], foram homens de negócio. Portar consigo um relógio não era

Page 14: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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símbolo de posição social; era sim, um símbolo de sabedoria e de virtude. Hoje se sabe que a utilização inteligente do tempo reflete esses atributos tão meritórios [...]. Talvez Marshall McLuhan tivesse razão ao afirmar: “O esquimó é o robô do seu caiaque, o vaqueiro do seu cavalo e o homem de negócios do seu relógio” (WEBBER, 1989:19).

Hindle (1999) salienta a importância de se atentar para o fato de que o tempo é

valioso. Há pessoas e instituições que estão dispostas a pagar dinheiro pelo tempo do outro.

Por isso é que se diz que tempo é dinheiro. Quem administra o tempo, na verdade, ganha não

apenas vida, mas pode também transformar esse ganho de vida em ganho de dinheiro.

Pesquisas realizadas no Brasil demonstram que entre 50% e 60% do tempo da semana

do executivo é destinado ao seu “papel profissional” (TANURE et al., 2007). Entretanto, é

relevante saber como este tempo é gasto.

Das atividades desenvolvidas, sejam elas relacionadas ao papel profissional ou não,

nem todas apresentam o mesmo nível de produtividade. De acordo com o Princípio de Pareto,

apenas vinte por cento do que se faz corresponde a oitenta por cento dos resultados que se

obtém.

Não importa a área ou a atividade, oitenta por cento dos retornos que cada pessoa obtém provêm de vinte por cento de seus investimentos: oitenta por cento dos lucros de uma empresa provêm das vendas de vinte por cento de seus produtos, oitenta por cento dos votos de um candidato provêm de vinte por cento de locais, e assim por diante. (CHAVES, 1992)

Segundo esse princípio, também chamado de Princípio dos 80/20, oitenta por cento do

sucesso de um profissional depende de vinte por cento de suas atividades. Se a pessoa souber

identificar quais são os vinte por cento que correspondem aos oitenta de seu sucesso, ela será

capaz de priorizar o que realmente deve ser priorizado e, desta forma, ela aumentará sua

produtividade.

A habilidade de administrar o tempo ajuda a estabelecer um equilíbrio entre as vidas

profissional, familiar e social. Ajuda a melhorar a qualidade do que se faz, o processo de

tomada de decisão, o controle da explosão de informações e a superação da procrastinação

(deferimento ou adiamento de uma ação), melhora a habilidade gerencial e de liderança, ajuda

a equilibrar as demandas sofridas por parte dos clientes, a alcançar metas e ajuda a pessoa a

tornar-se bem sucedida (CHAVES, 1992).

Tanure et al. afirmam que no meio executivo é cada vez mais presente a sensação de

“estar sempre devendo”, de que não se pode dar conta de tanta demanda, de não ter

competência, capacidade ou governabilidade para lidar com solicitações cada vez maiores e

Page 15: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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mais complexas por parte da empresa. Segundo os autores, tempo é a primeira fonte de tensão

que influi diretamente no grau de (in)felicidade do executivo. A tensão vem da sensação de

que esse recurso é cada vez mais escasso. O indivíduo sente que não há tempo para se fazer o

que é preciso, ainda menos para fazer o que se quer.

Uma pesquisa realizada em 1980, aplicada em vários países, revelou que o executivo,

já naquela época, se mostrava insatisfeito com a falta de tempo, principalmente para se

dedicar à sua vida privada. Até a metade daquela década, quando se focalizava o Brasil,

percebia-se que as estruturas organizacionais ainda eram muito verticalizadas, sem a pressão

da competitividade que o mercado impõe atualmente. A estabilidade do executivo independia

da entrega de resultados, o mercado era menos exigente e menos competitivo, a velocidade da

tecnologia era diferente da atual. Ainda assim, o tempo era considerado escasso. Hoje é

preciso estar disponível full time, ser capaz de acumular funções, fazer inúmeras viagens e

atingir metas cada vez mais ambiciosas e desafiantes, tudo isso no menor prazo possível.

Muitas vezes, essa “corrida maluca” induz as organizações, mesmo as de muito sucesso, a não

terem tempo nem para celebrar as conquistas e os bons resultados. Comparativamente, pode-

se imaginar o tamanho dessa escassez nos dias atuais (TANURE et al., 2007).

O executivo no Brasil trabalha mais horas do que o de países desenvolvidos. Vários

executivos que atuam aqui, em empresas que estão em outras partes do mundo, afirmam que

seus colegas europeus e americanos trabalham menos em relação aos brasileiros. O que eles

constataram coincide com o que foi observado em pesquisas realizadas em determinados

países. A maioria dos executivos trabalha acima de 12 horas por dia, sem considerar os

deslocamentos em viagens, os eventos de negócio fora do horário regular de trabalho e os

contatos por celular e e-mail, fora da empresa ou em casa. Para o executivo estrangeiro, ou os

colegas no Brasil não sabem gerenciar bem o tempo, ou faltam gestores (TANURE et al.,

2007).

Para Tanure et al. (2007), a sensação de dívida e (in)competência como fonte de

tensão é potencializada também por fatores como: alto nível de cobrança, traduzido na carga

de trabalho e nas metas cada vez mais desafiadoras; grande exigências; uma cultura de criar

várias demandas a cada momento; auto-cobrança e auto-exigências exageradas; e ceder à

pressão da urgência e ir no ritmo da demanda do “outro”, muitas vezes escondendo a

dificuldade de se estabelecer prioridades.

Page 16: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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Relacionada ao volume de trabalho, mas também a sintomas de um estilo gerencial

centralizador e da dificuldade de dizer não e eleger prioridades, a sensação de dívida e

(in)competência como fonte de tensão está muito presente na vida do executivo brasileiro

(TANURE et al., 2007).

Apesar de o tempo ser um recurso ligado a todas as esferas da vida do executivo, neste

trabalho será explorado somente a relação tempo versus vida profissional.

3.1.4. Empecilhos à administração do tempo

Para Chaves (1992), a maioria das pessoas encontra uma série de empecilhos de várias

naturezas que dificultam e até mesmo impossibilitam o bom uso do tempo. Os principais

empecilhos são de ordem institucional (administrativa, ambiental) e de ordem pessoal

(tendência à procrastinação, indecisão, tentativa de esconder a verdade de si próprio). Sendo

os últimos os mais difíceis de vencer. Mesmo que os obstáculos institucionais sejam

removidos, as possibilidades de administrar o tempo serão poucas se os empecilhos pessoais

não forem conquistados.

São alguns destes empecilhos:

1. Excesso de Tarefas. O excesso de tarefas freqüentemente paralisa a pessoa que não

sabe por onde começar e acaba ficando imobilizada.

3. Excesso de Interrupções. A maior parte das pessoas não consegue trabalhar por um

período razoável de tempo sem interrupções de colegas ou de estranhos - exceto as pessoas

que, pela sua posição e estilo de trabalho, ou por terem uma secretária ciente de seus deveres,

conseguem controlar o acesso à sua sala. Aqueles que trabalham em locais abertos ou em

empresas que adotam o estilo da "porta aberta" freqüentemente se vêem forçados a dar do seu

tempo a todos aqueles que se julgam no direito de interromper. Como a manutenção de boas

relações pessoais no trabalho é algo que a maior parte das pessoas julga importante, elas

ficam sem saber como lidar com o problema sem ser indelicadas. Acabam se prejudicando,

tendo que ficar trabalhando até mais tarde, levando trabalho para casa, ou não fazendo com a

qualidade desejada o que tinham para fazer.

4. Excesso de Telefonemas. Problema enfrentado principalmente por quem tem que

atender seu próprio telefone, sem o filtro de uma secretária eficiente, por exemplo.

5. Excesso de Reuniões. O problema do excesso no número e na duração das reuniões

no Brasil é dos mais sérios. No geral, são realizadas mais reuniões do que seria necessário,

Page 17: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

10

com duração maior do que a esperada, e com mais gente participando do que preciso. No

Brasil há uma idéia de que a importância de uma pessoa de certa forma se mede pele número

de reuniões para as quais ela é convocada. Além disso, não raramente, as reuniões são

convocadas sem a devida antecedência, seus objetivos não são anunciados com clareza e

antecedência, nem a pauta com a lista de participantes é distribuída previamente; as pessoas

convocadas não sabem o motivo de estarem ali nem o que se espera delas, não podendo,

portanto, se preparar. As reuniões geralmente não começam na hora, e não se tem o costume

fixar um limite para sua duração. Gasta-se tempo discutindo questões paralelas e as

intervenções nem sempre são controladas. Depois das reuniões os participantes não têm idéia

clara do que ficou resolvido, e nem costumam ser informado do andamento dos assuntos que

foram decididos.

6. Tendência à Procrastinação. Poucas são as pessoas que tomam uma decisão de

imediato, assim que confrontadas com uma tarefa ou um problema. A incapacidade de tomar

uma decisão leva muitas pessoas a protelar, na esperança de que o problema se resolva por si

só e a decisão se torne desnecessária. No entanto, é preciso distinguir a tendência à

procrastinação do bom senso, que recomenda não tomar uma decisão no calor de uma

discussão ou quando não há informações suficientes. A tendência à procrastinação aparece

principalmente quando a tarefa a ser realizada é muito difícil, complexa, longa, ou

desagradável.

Bernhoeft (1985) enumera os dez desperdiçadores de tempo mais comumente

encontrados no dia a dia do executivo brasileiro. Segundo pesquisa de sua autoria, são eles:

1. Interrupções por telefone. Embora o telefone seja um facilitador do processo das

comunicações nas instituições, ele deve ser controlado. Deve-se fazer uma triagem dos

telefonemas que se pode/deve atender.

2. Desrespeito aos horários. Pode acontecer por falta de disciplina, por incorporação

como sendo um fenômeno cultural ou folclórico, ou pelo fato de ser considerado um símbolo

de status. Poucas vezes seus efeitos negativos sobre as pessoas são avaliados. Ele pode gerar

descrédito, ceticismo e comportamentos defensivos por parte dos outros.

3. Falta de hábito na fixação de prioridades. Mesmo quando se trabalha com listas de

coisas a fazer, se as prioridades não forem fixadas, corre-se o risco de gastar mais energia nas

atividades erradas do ponto de vista dos resultados e da eficácia.

Page 18: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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4. Incapacidade para dizer “não”. Esta incapacidade tem um preço muito alto que se

torna perceptível ao longo de insatisfações e frustrações por trabalhos inacabados, resultados

insuficientes ou falta de visão clara do papel do executivo.

5. Uso inadequado da secretária. Para uma boa administração do tempo, a secretária é

uma figura indispensável. Negociar seu grau de autonomia na execução de tarefas e na

resolução de problemas é fundamental.

6. Solicitações da hierarquia. Algumas vezes os superiores sentem-se no direito de

chamar ou interromper a qualquer momento sem se preocupar se tal atitude cria algum

problema. Os colegas sentem-se na liberdade de entrar e sair da sala com base na relação

horizontal. Pesquisas apontam que no Brasil esta informalidade tem um peso significativo no

que se refere ao desperdício de tempo dos executivos.

7. Solicitações de subordinados. Acontece geralmente por falta de treinamento dos

subordinados ou por excesso de centralização do executivo. O primeiro leva um problema

para o último e este o toma para si.

8. Qualidade/Quantidade de reuniões. O problema das reuniões pode assumir

características ligadas à qualidade (reuniões sem objetividade, agenda ou não conclusivas)

como à quantidade (excesso de reuniões). Em qualquer um dos casos o efeito é negativo.

Recomenda-se, para resolver tal problema, treinamento e técnicas para condução de reuniões

e treinamento de pessoas sobre como participar das reuniões.

9. Envolvimento operacional. Tarefas com alguma exigência intelectual, como leitura

e análise, não são para serem levadas para casa, como consideradas por alguns executivos. O

horário de expediente não deve ser utilizado apenas para execução de atividades rotineiras.

Este é um hábito ligado à cultura organizacional que precisa ser repensado.

10. Falta de consciência sobre a importância do tempo como recurso. O tempo não é

comumente listado como um dos recursos determinantes para o sucesso das organizações,

embora o fato de resolver problemas valendo-se da pressa não ser recomendável. Na

realidade, a pressa é uma “disfunção tóxica” que ocorre em função da má administração do

tempo. Esta é, inclusive, um dos maiores “tóxicos” da sociedade moderna.

As novas tecnologias, ao contrário do que se pensa, também podem ser consideradas

empecilhos na vida dos executivos no que diz respeito à questão do tempo. Tanure et al.

(2007) afirmam que as novas tecnologias “seqüestram” não só o tempo do não-trabalho, mas

também o tempo que poderia ser mais bem utilizado dentro da empresa. O uso cada vez maior

Page 19: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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de computadores portáteis, correio eletrônico, telefone celular, entre outras inovações ligadas

ao desenvolvimento das telecomunicações, da microeletrônica e da informática não resultou

em redução de jornada de trabalho do executivo ou em aumento do seu tempo de não-

trabalho. Pelo contrário, acabou por propiciar a “invasão” de outros espaços de sua vida

privada. Como resultado, há muito menos limite entre os espaços pessoal, de trabalho e social,

ou seja, todos eles passam a ser também de trabalho. Dos executivos consultados, 91% espera

que a tecnologia da informação venha, no futuro, facilitar seu trabalho e 12% acredita que a

pressão e o “seqüestro” de tempo irá diminuir, é o que demonstra pesquisa realizada para

evidenciar que há relação direta entre o uso intensivo dessas novas tecnologias e o

“seqüestro” de tempo dedicado à vida privada.

3.1.5. Economizadores de Tempo

Bernhoeft (1985) afirma que existem várias formas de economizar tempo nas

organizações, contudo, ressalta que o mais importante é determinar as causas do desperdício

e, a partir delas, estabelecer ações.

Alonso (2002), Bernhoeft (1985) e Kroehnert (2001) listam em suas obras alguns

economizadores de tempo, tais como:

1. Estabelecimento de prioridade: há que se fazer uma distinção entre o importante e o

urgente. Importantes são as coisas que contribuem para o alcance dos objetivos maiores,

enquanto urgentes são as coisas que precisam ser feitas, mesmo que elas não se encaixem

claramente nos objetivos. Não se deve atacar assuntos pressionado pela caixa de entrada ou

por uma visita inesperada.

2. Delegação de Tarefas: toda pessoa em posição de direção, chefia, supervisão ou

coordenação deve saber delegar tarefas. Delegar exige um investimento inicial de tempo para

explicar ao subordinado as tarefas que ele deve realizar, para deixar claras as expectativas em

relação ao trabalho, para treiná-lo e dar-lhe suporte, se for o caso. Por outro lado, o tempo que

se economiza depois supera o investimento inicial.

3. Aprender a dizer “NÃO”: um elemento essencial para uma melhor administração

do tempo é saber o que se pode ou não fazer. O “sim” deve ser dito àquilo que se sente

segurança em fazer ou que contribui para a melhora dos próprios resultados. Não se deve

dizer “sim” apenas com o propósito de não chatear alguém, há formas de dizer “não” sem

fazê-lo.

Page 20: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

13

4. Encurtar interrupções: se não for possível evitar uma interrupção, deve-se ao menos

encurtá-la. Dizer francamente à pessoa que interrompe que se está fazendo algo importante ou

urgente, ou recebê-la de pé ou na ante-sala pode ajudar.

5. Reuniões objetivas: antes de se convocar uma reunião deve-se examinar outras

possibilidades que a substitua, como um telefonema ou um correio eletrônico. Quando ela

tiver que ser realizada, deve-se estar atento a todas as questões que podem causar problema, e

conseqüente perda de tempo, como os convocados, a clareza da pauta e a duração do

encontro.

6. Uso disciplinado do telefone: uma solução clássica para o problema do telefone

seria a filtragem das chamadas, realizada por uma secretária. Valer-se de outro meio de

comunicação como o e-mail, limitar o número, a duração e o período de realização dos

telefonemas também são ferramentas eficazes.

7. Superar a procrastinação: a principal causa da procrastinação é a falta de vontade

de realizar determinada tarefa. Recomenda-se, neste caso, realizá-la rapidamente e de uma só

vez para que se livre rapidamente dela. Outra causa da procrastinação é o perfeccionismo. O

perfeccionista tende a demorar a desempenhar uma tarefa para a qual não se considera

preparado, contudo, a pessoa deve atentar para o fato de que nem todas as tarefas precisam ser

feitas com o mesmo nível de qualidade, portanto, nem todas precisam receber quotas

equivalentes de tempo.

Os executivos que conseguem seguir estas sugestões alcançam substancial economia

de tempo. No entanto, como já exposto, a responsabilidade de administrar seu tempo não é

tarefa que cabe exclusivamente ao executivo. Para tal, ele pode contar com a ajuda do

profissional de secretariado executivo que o assiste.

3.2. O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

O secretário executivo é um profissional cuja formação generalista abrange as áreas de

conhecimento científico, técnico e social e que pode atuar nas diversas áreas de uma

instituição, privada ou pública, tais como instituições não governamentais, fundações e

associações civis.

Hoje, a grande vantagem competitiva dos profissionais e das empresas é a velocidade com que aprendem. O aprender que passa pela atitude de colocar em prática o que está armazenado no lado intelectual, com coragem de

Page 21: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

14

adaptar, fazer os ajustes à realidade e o recriar constante, fruto de estado de sintonia com o mercado, a empresa, clientes externos e internos. (ALONSO, 2002: 11)

O profissional empregável e com credenciais para o sucesso precisa corresponder a

essa expectativa, e o profissional de secretariado executivo o faz. Sua posição estratégica, ao

lado do poder decisório, confere-lhe maior responsabilidade, aliada à exigência de ser agente

de mudança, otimizando o fazer e o pensar.

3.2.1. Histórico

Natalense (1998) e Alonso (2002) trazem, em suas obras, o histórico da profissão, que

tem como primeiro representante o escriba – profissional de atuação destacada em toda a

Idade Antiga junto aos povos que desenvolveram a escrita e o comércio. Responsáveis pelos

registros das batalhas, guardiões dos pergaminhos, conselheiros de reis e governantes.

O escriba oriental é o homem que domina a escrita, faz as contas, classifica os arquivos, redige as ordens, aquele que é capaz de recebê-las por escrito e, que, por conseguinte, é naturalmente encarregado da sua execução. (MARROU apud NATALENSE, 1998:4)

Na Idade Média, não há muitos registro sobre a profissão, ficando a função de

secretário restrita aos monges. Já no período da Revolução Comercial (1400-1700) houve um

aumento na demanda pelo profissional, que passou a assessorar o capitalismo dinâmico da

época. Com a Revolução Industrial, que ampliou a esfera dos grandes empreendimentos

comerciais e atingiu os domínios da produção, o papel do profissional de secretariado passou

a ser comum, principalmente a partir de 1860 com o advento da máquina de escrever

(NATALENSE, 1998).

A entrada da mulher no mercado de trabalho, causada pelas guerras mundiais, fez com

que a profissão perdesse seu perfil predominantemente masculino, tornando-se

eminentemente feminino. No Brasil, a mulher secretária passou a ser notada a partir da década

de 50 com a chegada da indústria automobilística. Nesta época, a secretária era uma simples

servente, suas atribuições limitavam-se à datilografia, taquigrafia, arquivo de documentos e

atendimento telefônico (NATALENSE, 1998).

Embora Drucker apud Natalense (1998), já defendesse a participação ativa do

profissional de secretariado nas instituições na década de 60, no Brasil isso não acontecia. A

secretária era vista como um símbolo de status gerencial, todo “grande” gerente possuía uma

Page 22: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

15

secretária exclusiva. E por este status que a palavra secretária foi generalizada para qualquer

tipo de serviço. Qualquer pessoa que atendesse ao telefone passava a ser secretária.

Nos anos 70 ocorreu a primeira grande mudança na profissão. Surgiram os

movimentos com associações da classe, e os profissionais passaram a entender seu valor, a ter

treinamento e formação superior. Além disso, algumas formações gerenciais passaram a

praticar as teorias de Drucker e Mackenzie, citados por Natalense (1998), entre outros, que

valorizavam o papel da secretária. Mas, ainda assim, havia confusão entre o papel de

assessoria empresarial e o de secretária particular.

Na década de 80, a profissão passou por mudanças significativas com sua

regulamentação, com o fortalecimento do movimento da classe e com o surgimento do

sindicato das secretárias. Tais mudanças respaldavam-se nos novos modelos gerenciais,

promovidos, sobretudo, pela administração participativa, a reengenharia, a qualidade e a

informática. Neste contexto, a utilização da secretária para assessoria particular tornou-se

inadequada (NATALENSE, 1998).

A partir dos anos 90 as secretárias serventes entraram em extinção. A imagem do

profissional já não estava mais tão atrelada à imagem do executivo. O profissional de

secretariado, que tinha o tempo dedicado totalmente às atividades classificadas como técnicas

secretariais, tais como: atendimento telefônico, anotação de recados, organização e

manutenção de arquivos, preparativos para reuniões, elaboração do follow-up diário, entre

outros, assume um perfil empreendedor ampliando sua área de atuação e passando a criar

condições para produzir resultados para a empresa. As técnicas secretariais deixaram de ser o

centro do trabalho das secretárias e passaram a ser um de seus aspectos. Também nessa

década passou a haver um crescimento no interesse por parte dos homens no que tange à

profissão, talvez pelo motivo de ela ter sido considerada pela ONU (Organização das Nações

Unidas), em 1997, como uma das que mais cresce no mundo (ALONSO, 2002).

Atualmente cabe à secretária executiva planejar, organizar e controlar a infra-estrutura

gerencial da organização, por meio do fornecimento de serviços de assessoria. Com o

desaparecimento das gerências de nível médio, tal profissional assume a responsabilidade de

gerenciar as informações da área que assessora; editorar documentos da empresa, intermediar

acontecimentos, facilitando e promovendo as comunicações e o relacionamento interpessoal e

departamental; habilitar clientes internos e parceiros com rotinas e técnicas que lhes permitam

administrar seu tempo e seu trabalho; avaliar as melhores condições para que a equipe sob sua

Page 23: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

16

responsabilidade produza serviços adequados às necessidades dos clientes; e gerenciar rotinas

e serviços de suporte (ALONSO, 2002).

3.2.2. Regulamentação

A Lei nº. 7.377 de 30 de setembro de 1985 dispõe sobre o exercício da profissão de

Secretariado Técnico e Executivo, e foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) pelo

então Presidente da República, José Sarney. Esta foi a primeira lei de regulamentação e

descrição das atribuições da profissão. Já em 10 de janeiro de 1996, alguns aspectos da

referida lei foram atualizados ou complementados com a publicação, no DOU, da Lei nº.

9.261.

A Lei de regulamentação da profissão diz que Secretário Executivo é o profissional

diplomado no Brasil por curso superior de Secretariado, reconhecido na forma de Lei, ou

diplomado no exterior por curso de Secretariado, cujo diploma seja revalidado no Brasil, na

forma de Lei. É também considerado Secretário Executivo o portador de qualquer diploma de

nível superior que, na data de vigência da Lei, houver comprovado, por meio de declarações

de empregadores, o exercício efetivo durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições

mencionadas no Art. 4º da Lei 9.261. Tal artigo dispõe o seguinte sobre as atribuições do

secretário executivo:

Art.4º. São atribuições do Secretário Executivo: I - planejamento, organização e direção de serviços de secretaria; II - assistência e assessoramento direto a executivos; III - coleta de informações para a consecução de objetivos e metas de empresas; IV - redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro; V - interpretação e sintetização de textos e documentos; VI - taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de explanações, inclusive em idioma estrangeiro; VII - versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação da empresa; VIII - registro e distribuição de expediente e outras tarefas correlatas; IX - orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de encaminhamento à chefia; X - conhecimentos protocolares. (LEI DO SECRETARIADO, 1996)

Vale ressaltar que algumas das atribuições expostas na Lei, como a taquigrafia, caíram

em desuso, enquanto outras, como o gerenciamento de equipes, poderiam ser adicionadas à

lista.

Page 24: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

17

De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (Ministério do Trabalho e

Emprego, 2008), o secretário executivo, dentre outras atividades, assessora os executivos no

desempenho de suas funções, gerencia informações, auxilia na execução de suas tarefas

administrativas, coordena e controla equipes e controla a agenda do executivo.

3.2.3. Dirigentes e o Profissional de Secretariado Executivo

As organizações buscam administradores que exerçam o papel de estrategistas focados

em seus objetivos e profissionais de secretariado executivo que atuem como assessores,

gestores de informações, gerenciadores de trabalhos, com iniciativa para dar o respaldo

necessário ao administrador. Daí que o último deve acompanhar continuamente as alterações

tecnológicas, gerenciais e culturais no mundo do trabalho, além de manter-se à frente das

exigências pertinentes para dar o suporte necessário aos dirigentes nas instituições (ALONSO,

2002).

A vida profissional de um administrador, em qualquer organização, precisa de apoio,

para facilitar e viabilizar o processo decisório. O profissional de secretariado executivo deve

estar capacitado a exercer essa assessoria com o profissionalismo necessário para alcançar as

metas estabelecidas. Como ele exerce o papel de interface entre o administrador e os grupos

sociais por ele gerenciados (equipe de trabalho, fornecedores, clientes, comunidade, governo),

dele são exigidas habilidades técnicas, humanas e conceituais que proporcionam as

competências necessárias para atender à adversidade própria das relações humanas versus as

exigências do mundo corporativo. O papel e as atribuições do profissional de secretariado

executivo nas organizações estão intrinsecamente relacionados ao porte da organização, à

posição ocupada no nível hierárquico do administrador e à cultura organizacional (BRUNO,

2006).

O fato de ocupar um cargo de extrema confiança, atuar ao lado de representantes

legais no processo de tomada de decisão das organizações, e de conviver diariamente com

informações confidenciais e situações de conflito, faz com que seja essencial que o

profissional de secretariado executivo adote uma postura de trabalho pautada na ética.

Page 25: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

18

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção apresentam-se os procedimentos metodológicos utilizados para

caracterizar o estudo, os sujeitos da pesquisa, os métodos de coletas de dados, as técnicas de

análise dos dados e as limitações da pesquisa.

4.1. DELINEAMENTO DA PESQUISA

O presente trabalho é uma pesquisa aplicada, de natureza qualitativa. “Na pesquisa

aplicada o investigador é movido pela necessidade de contribuir para fins práticos mais ou

menos imediatos, buscando soluções para problemas concretos”. (CERVO e BERVIAN,

2002: 65). Neste trabalho, pretende-se contribuir para um melhor entendimento da

administração do tempo empregado para a realização das tarefas do diretor de uma fundação.

A pesquisa é do tipo descritiva, que fez uso do método de estudo de caso desenvolvido

na Fundação Arthur Bernardes com o Diretor Presidente da Fundação e sua Secretária

Executiva. Segundo Cervo e Bervian (2002), a pesquisa de caráter descritivo observa,

registra, analisa e correlaciona fatos e fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Ou seja,

trabalha dados ou fatos colhidos da própria realidade. Para Gil (1991), ela busca levantar

opiniões, atitudes e crenças de uma população e possui como uma das características mais

marcantes a utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados.

Em um estudo de caso, pesquisa-se sobre determinado indivíduo, grupo ou

comunidade representativo de seu universo, para analisar os variados aspectos de sua vida.

Segundo Yin (2005: 32), “o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um

fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os

limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. Ele se aplica com o

conhecimento prévio do tema e local pesquisado. Para Gil (1991), dentre as vantagens da

utilização desse método, pode-se citar a flexibilidade do planejamento, a partir do momento

em que é possível modificar o plano inicial da pesquisa, de acordo com as descobertas, a

ênfase no problema como um todo e a simplicidade dos procedimentos de coletas de dados, se

comparado a outros tipos.

Os sujeitos do caso estudado foram escolhidos de forma não probabilística, definidos

por tipicidade. Não probabilística por haverem sido escolhidos de forma intencional (supõe-se

Page 26: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

19

que o diretor-presidente da fundação estudada represente um modelo de executivo

contemporâneo que precisa lidar constantemente com a administração de seu tempo, e para

isso conta com a assessoria de sua secretária executiva) e por tipicidade por haverem sido

escolhidos com a área de atuação na organização.

4.2. MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Foram coletados dados primários e secundários para realização da pesquisa. A

entrevista semi-estruturada constituiu a fonte de obtenção dos dados primários, enquanto a

análise de documentos da fundação forneceu os dados secundários.

A entrevista é uma conversa orientada para um objetivo definido: recolher, por meio

de interrogatório do informante, dados para a pesquisa. Dados estes que não podem ser

encontrados em registros e fontes documentais, que podem ser fornecidos por certas pessoas e

que serão utilizados tanto para o estudo de fatos como de casos e opiniões (CERVO e

BERVIAN, 2002).

O roteiro da entrevista semi-estruturada realizada com o Diretor Presidente

contemplou 12 perguntas relacionadas aos economizadores e desperdiçadores de tempo

citados na fundamentação teórica, tais como a delegação de tarefas e fixação de prioridades

em sua realização. Por sua vez, o roteiro da entrevista semi-estruturada realizada com a

Secretária Executiva também foi composto por 12 perguntas relacionadas ao modo com o

qual a entrevistada lida com suas tarefas de modo a assessorar a gestão do tempo do diretor.

Para tal foram considerados os mesmos fundamentos teóricos. Os roteiros encontram-se nos

apêndices A e B.

A coleta de dados secundários restringiu-se à consulta de documentos da fundação ou

sobre ela. Foram consultados o estatuto, o regimento interno, as normas internas e o site da

instituição, a fim de detectar as disposições sobre as atribuições dos sujeitos da pesquisa.

Na coleta de dados primários foram consideradas duas categorias de análise, a saber:

(1) economizadores de tempo e (2) desperdiçadores de tempo. Tais categorias possuíram nesta

pesquisa os mesmos indicadores: (a) elaboração de planejamento; (b) priorização de tarefas;

(c) delegação de tarefas; (d) forma de realização das tarefas. Esses indicadores serviram de

referência para a elaboração das perguntas expressas nas entrevistas.

Page 27: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

20

4.3. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS

Após o término do levantamento dos dados, iniciou-se a etapa de análise dos mesmos,

buscando emparelhar teoria e prática, usando como elo as informações obtidas com a

literatura exposta nos fundamentos teóricos deste trabalho.

Os dados obtidos foram analisados em caráter predominantemente qualitativo, sendo

utilizada a técnica de análise de conteúdo, a qual é “um conjunto de técnicas de análise das

comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de

conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas

mensagens” (BARDIN, 1977: 42). O principal objetivo dessa análise pode ser definido como

a desconstrução de um conteúdo para obter informações que nem sempre estão explícitas nos

dados coletados.

A análise de conteúdo dos dados foi realizada pela interpretação dos textos transcritos

das entrevistas e dos documentos consultados, tendo em vista o contexto e o processo da

mensagem, de modo a atender os objetivos da pesquisa. Investigou-se os indicadores das duas

categorias de análise (desperdiçadores de tempo e economizadores de tempo) abordadas na

teoria (como excesso de interrupções e delegação) a fim de caracterizar a administração do

tempo do diretor-presidente da organização. Vale enfatizar que o critério utilizado para

distinguir se os indicadores eram negativos, no caso, desperdiçadores de tempo, ou positivos,

economizadores de tempo, foi o sentido ou a conotação expressa no conteúdo das mensagens

dos entrevistados. Assim, a análise permitiu inferir a respeito da aproximação da teoria

estudada com a prática observada na pesquisa na organização.

4.4. LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Como toda pesquisa, esta apresentou algumas limitações durante sua realização.

Segundo Dellagnelo apud Emmendoerfer (2004), uma investigação científica precisa

evidenciar suas limitações, procurando esclarecer a aplicabilidade ou a validade de suas

conclusões. Deste modo, a exposição das limitações propicia melhor entendimento dos

resultados obtidos.

Page 28: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

21

Uma limitação da pesquisa foi a dimensão do método de estudo de caso, que apresenta

dificuldade de generalização, já que o objeto de estudo pode ser muito específico e a pesquisa

pode apresentar resultados equivocados em relação ao todo da espécie (GIL, 1991).

Entretanto, como afirma Yin citado por Emmendoerfer (2004), os estudos de caso são

generalizáveis quanto à proposições teóricas, e não a populações ou frequência.

Outra limitação relaciona-se à quantidade de entrevistados. A princípio pensou-se em

realizar a pesquisa com os três diretores que compõem a diretoria executiva da organização

escolhida, porém, por fatores relacionados à formação acadêmica e ao envolvimento das

secretárias com a pesquisa, isso não foi possível. A secretária da diretoria administrativo –

financeira da organização não possuía formação em secretariado executivo e a secretária da

diretoria científica era a própria pesquisadora. Desta forma, os dados coletados por meio das

entrevistas não puderam ser comparados com outros oriundos de fontes de mesma natureza.

Por fim, o escasso número de publicações científicas que abordam os temas

administração do tempo e secretariado executivo também representou uma limitação para a

pesquisa.

Page 29: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

22

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Nesta seção será apresentada a análise dos dados coletados na Fundação Arthur

Bernardes. A princípio apresenta-se o contexto organizacional da Funarbe, seguido da análise

do papel que a secretária executiva exerce quanto à administração do tempo do diretor-

presidente, sob o prisma dos mesmos.

5.1. A FUNARBE - CONTEXTO ORGANIZACIONAL

O presente trabalho foi desenvolvido na Fundação Arthur Bernardes, fundação de

apoio à Universidade Federal de Viçosa (UFV). Para melhor entender o funcionamento da

fundação, faz-se necessário conhecer um pouco da legislação que a regulamenta.

Os artigos 62 a 69 do Código Civil regulamentam que Fundação é um patrimônio que

alguém, por escritura ou testamento, transforma em pessoa jurídica e que somente pode

constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Fundações de apoio são instituições criadas com a finalidade de dar apoio a projetos

de pesquisa, ensino, extensão e de desenvolvimento institucional, científico e tecnológico, de

interesse das instituições federais de ensino superior e também das instituições de pesquisa.

Devem ser constituídas na forma de fundações de direito privado, sem fins lucrativos e são

regidas pelo Código Civil Brasileiro. Sujeitam-se, portanto, à fiscalização do Ministério

Público, nos termos do Código Civil e do Código de Processo Civil, à legislação trabalhista e,

em especial, ao prévio registro e credenciamento nos Ministérios da Educação (MEC) e do

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), os quais devem� reconhecer se a fundação de

direito privado é uma Fundação de Apoio, de acordo com o estabelecido nos moldes da Lei nº

8.958, de 20 de dezembro de 1994��Fundações não são criadas por lei nem mantidas pela

União.

A posição dos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia é requerida em

razão da relação entre as instituições federais e as fundações de apoio ser de fomento ao

desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa e extensão, sendo responsabilidade das

fundações dar suporte administrativo e finalístico aos projetos institucionais.

Além de o serviço, o objeto do ajuste das fundações deve ser obrigatoriamente

relacionado com a pesquisa, o ensino, a extensão ou com o desenvolvimento institucional, ele

Page 30: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

23

deve inserir-se nas finalidades estatutárias da entidade contratada. É dever das fundações

demonstrar inquestionável reputação ético-profissional.

A Fundação Arthur Bernardes foi instituída no ano de 1979 pela Universidade Federal

de Viçosa, com aprovação do Conselho Diretor e do Conselho Universitário, com o objetivo

de agilizar a gestão de recursos e assessoria, na busca de parcerias entre a UFV e Órgãos

Públicos ou Empresas Privadas, além de industrialização e comercialização de bens, com base

na difusão da tecnologia gerada no campus da universidade, bem como o escoamento com

grande proveito e benefício para a UFV, do excedente da produção não consumida pelo

refeitório universitário.

Com alteração do Estatuto em 1988, passou a existir o Conselho Fiscal, para dirigir a

fundação junto com o Conselho de Administração e Diretoria Executiva. Todos os integrantes

destes órgãos de direção são eleitos pelo Colégio Eleitoral, formado pelos Chefes de

Departamentos, Diretores de Centros e Presidentes dos Conselhos de Pesquisa e Extensão da

UFV. Estatutariamente nenhum dirigente da fundação pode ser remunerado pelo exercício do

seu cargo e deve ser do quadro funcional ativo da UFV.

A Diretoria Executiva é composta pelo Diretor Presidente, Diretor Científico e pelo

Diretor Administrativo - Financeiro que, em colegiado, comandam os destinos da Fundação,

sob o planejamento do Conselho de Administração, em total consonância, transparência e

harmonia com a Universidade Federal de Viçosa. O Conselho de Administração é composto

por seis membros titulares e seis suplentes mais o Pró-Reitor de Pesquisa da UFV. O

Conselho Fiscal é composto por três membros titulares e três suplentes.

A Funarbe visa ser um referencial na prestação de serviços às entidades científicas e

tecnológicas, de pesquisa, ensino e extensão e a outras fundações de apoio. Sua estrutura

organizacional pode ser representada pelo organograma presente no Anexo A.

A Fundação é composta por três unidades: Administração, Laticínios Viçosa e

Supermercado Escola com o intuito de promover o crescimento e o desenvolvimento da UFV

e, como conseqüência, da cidade de Viçosa.

A Administração é responsável pela gestão dos convênios celebrados entre a UFV e

outras instituições de pesquisa com os órgãos de fomento e empresas financiadoras de

projetos. Cuida também da supervisão das gerências do Supermercado e do Laticínios e

possui o seguinte posicionamento:

Page 31: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

24

Visão de Futuro

Ser um referencial na prestação de serviços às entidades científicas, tecnológicas, de pesquisa,

de ensino, de extensão e agências de fomento à pesquisa.

Negócio

Viabilizar a gestão de projetos visando ao desenvolvimento institucional da Universidade

Federal de Viçosa e de outras entidades públicas e privadas.

Missão

Prestar serviços de apoio às comunidades científica e acadêmica, atuando na gestão de

convênios e contratos, de forma ágil, eficiente e transparente, dentro dos preceitos legais, em

benefício das inovações tecnológicas e para o desenvolvimento do país.

Política de Qualidade

A Funarbe, dentro da sua política da qualidade, se compromete a:

- Manter a satisfação de seus clientes, esforçando-se para superar-lhes as expectativas,

buscando inovações para melhoria do seu desempenho.

- Realizar treinamentos, incentivar a manifestação de novas idéias e estimular a

criatividade, proporcionando o aprimoramento do potencial humano de seus colaboradores em

um relacionamento participativo.

- Gerenciar, de forma ética e integrada, os processos que envolvem os clientes,

usuários e fornecedores, com a finalidade de atender os objetivos de sua missão.

O Laticínios Funarbe - Produtos Viçosa foi criado em 1971 como a "Usina Piloto de

Laticínios" vinculada ao Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV, com o objetivo

de auxiliar as aulas práticas. Com o passar dos anos, o Laticínios passou a ser administrado

pela Funarbe, cresceu, se reposicionou no mercado e realizou investimentos para aumentar a

sua variedade de produtos e escala de produção. Atualmente, ele busca elevar a qualidade dos

seus produtos e serviços por meio da aquisição de novos equipamentos e da adoção de novas

tecnologias desenvolvidas pela própria Universidade, atendendo ao consumidor.

O Supermercado Escola nasceu em 1979 com o objetivo de apoiar a comunidade

acadêmica da Universidade Federal de Viçosa. Nos primeiros momentos após sua fundação, o

Supermercado funcionou como um armazém onde professores, alunos e funcionários da

Universidade podiam comprar produtos essenciais com preços mais acessíveis. O

desenvolvimento institucional trouxe crescimento e a necessidade de ampliar o suporte aos

seus clientes, o que fez com que o Supermercado passasse a comercializar também, o

Page 32: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

25

excedente de produção proveniente das pesquisas desenvolvidas na UFV, além dos produtos

não consumidos no Restaurante Universitário.

Com a estabilização da economia nacional e uma conseqüente mudança nas

características de consumo, o Supermercado começou a crescer e acompanhar as novas

exigências, buscando preços cada vez mais baixos, qualidade nos produtos e no atendimento e

maior variedade. Hoje, o Supermercado Escola figura-se como modelo na cidade de Viçosa.

Sua estrutura bem desenvolvida permite garantir o suporte as atividades de ensino, pesquisa e

extensão da UFV. Nesse sentido, orgulha-se de seu programa de estágio e das parcerias de

apoio firmadas com a comunidade universitária.

5.2. COMPETÊNCIAS DO DIRETOR PRESIDENTE

Para melhor entender o contexto organizacional vivenciado pelos indivíduos da

pesquisa, faz-se necessário conhecer, além da estrutura da instituição, já exposta, as

atribuições dos atores da pesquisa, expressas pelas normas e regulamentos da fundação.

A seção 3 do estatuto de constituição da Fundação traz:

Das atribuições do Diretor Presidente e Diretores

Art. 19 – Compete ao Diretor Presidente:

I. administrar todas as atividades da Fundação;

II. cumprir e fazer cumprir o Estatuto, o Regimento Interno e as noras em vigor na Fundação e

oriundas do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e da Diretoria Executiva;

III. convocar e presidir reuniões da Diretoria Executiva;

IV. designar o Diretor que o substituirá em suas ausências e impedimentos eventuais;

V. assinar os contratos de convênio, consórcios, serviços, ajustes ou quaisquer modalidades

de acordos com entidades públicas e privadas ou com pessoas físicas, com intuito de

assegurar a plena realização dos objetivos da Fundação, observada a orientação estabelecida

pelo Conselho de Administração e pela Diretoria Executiva;

VI. manter contatos e desenvolver atividades junto a entidades públicas e privadas, para

obtenção de recursos, doações, empréstimos e estabelecimento de acordos e convênios que

beneficiam a Fundação;

VII. admitir, promover, punir, transferir e dispensar empregados da Fundação, bem como

designar os dirigentes de seus órgãos, de acordo com o Regimento Interno;

Page 33: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

26

VIII. Representar a Fundação em juízo ou fora dele, podendo delegar essa atribuição em casos

específicos, e construir mandatários e procuradores;

IX. submeter, mensalmente, os balancetes e, anualmente, a Prestação de Contas e o Relatório

das Atividades do exercício do ano anterior ao Conselho Fiscal;

X. decidir, ouvido o Conselho de Administração, sobre a divulgação dos resultados de estudos

realizados na Fundação, bem como a respeito de comercialização ou transferência e

“knowhow” para terceiros.

De acordo com o art. 26 da seção II do Regimento Interno da Fundação:

Art.26 – Ao Diretor Presidente, cabe representar a Fundação, presidir e coordenar os trabalhos

da Diretoria Executiva, além das atribuições listadas no artigo 21 do Estatuto, tendo a

Diretoria comum autorizada para:

I. obter os dados necessários à elaboração dos seus programas e planejamentos a curto, médio

e longo prazo;

II. obter os recursos humanos, materiais e serviços constantes de programas e planos

aprovados;

III. tomar medidas corretivas sempre que necessários, observando-se os limites de sua alçada;

IV. aprovar manuais de normas internas ou de funcionamento das Divisões da fundação;

V. movimentar contas bancárias, aceites em duplicatas, cheques, saques, ordens, recibo e

outros documentos necessários ao exercício de suas atividades, em numero de 02 (dois), ou

com outro funcionário autorizado pelo Diretor-Presidente, conforme Estatuto da Fundação;

VI. indicar assessores especiais da Diretoria, chefes das Divisões e outros cargos considerados

de confiança na Fundação;

VII. prestar esclarecimentos ao Conselho de Administração e Conselho Fiscal, quando

solicitados.

Encontram-se nas Normas Internas os seguintes posicionamentos quanto à Diretoria e

as Secretarias.

Diretoria

Os três diretores executivos são eleitos pelo colégio Eleitoral da Fundação, por quatro

anos. São responsáveis diretos pela execução das ordens do conselho, crescimento e

estabilidade político-econômico da Fundação e a representam legalmente em todos os

sentidos. Dois diretores ou um diretor com um procurador assinam juntos os documentos de

Page 34: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

27

responsabilidade social e financeira da Fundação. O Diretor-Presidente baixa atos

administrativos para nomeação, revogação e decisões da Diretoria.

Secretarias

Os arquivos, controles, correspondências, atos e demais documentações dos conselhos

são feitos pela secretária do Diretor-Presidente. A secretária do Diretor Administrativo-

Financeiro assume os serviços de liquidação e triagem para a Tesouraria. A secretária do

Diretor Científico auxilia os controles do Setor de Convênios e Projetos.

Observa-se, com base nas regulamentações acima, que as atribuições referentes ao

diretor – presidente estão mais explicitadas do que as do profissional de secretariado. O que

permite pensar que as atribuições do secretário são demarcadas na prática do desenvolvimento

do seu trabalho.

5.3. A ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO NA PRESIDÊNCIA DA FUNARBE

A partir de agora, serão apresentados e analisados os dados coletados nas entrevistas,

realizadas na primeira semana do mês de junho de 2008, a fim de apresentar como se dá, na

prática, a administração do tempo do diretor – presidente.

As questões da entrevista basearam-se, principalmente, nas categorias de análise da

pesquisa, estabelecidas tomando como base alguns dos principais desperdiçadores e

economizadores de tempo expostos na fundamentação teórica.

O seguinte quadro ilustra a identificação dos entrevistados.

Cargo Tempo no Cargo Formação

Diretor Presidente (DP) 20 meses Agronomia

Secretária Executiva (SEC) 19 anos Letras e Secretariado

Executivo Trilíngue

Ilustração 1 - Identificação dos entrevistados. Fonte: Elaboração própria.

Inicialmente, em termos de elaboração de planejamento, observou-se que este é feito

em relação à realização das tarefas da presidência. Os sujeitos da pesquisa definem o tipo de

atividade que deve ser realizada em cada período do dia e, mesmo não sendo uma tarefa

Page 35: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

28

considerada fácil, se empenham em seguir o planejado, deixando de fazê-lo apenas quando

surgem questões verdadeiramente urgentes a serem tratados. Desta forma, o indicador em

questão contribui de forma positiva à administração do tempo do diretor.

Olha, eu faço uma previsão, mas é difícil seguir o planejamento previsto. [...] Tem coisas que acabam sendo feitas durante todo o dia, coisas que são consideradas urgentes. Na verdade, como lidamos com órgãos públicos e eles são muito burocráticos, tudo aqui é para ontem, porque os professores acham que os trâmites aqui têm que ocorrer muito rapidamente, então temos que fazer as coisas com a rapidez de uma empresa privada, que é o que somos. Por isso, para nós, trabalhar planejamento não é tão fácil. (DP)

Tanto o dirigente quanto a secretária define uma ordem de prioridades para execução

de suas tarefas, e sua seqüência é interrompida apenas quando se trata do surgimento de um

assunto urgente. Cabe salientar que tal atitude é positiva quando se considera o tempo, pois,

segundo Bernhoeft (1985), fazer lista sem fixar prioridade pode levar ao gasto de energia nas

coisas erradas do ponto de vista dos resultados e da eficácia. Neste caso, a pessoa estaria

dedicando-se aos 80% das atividades que levam a apenas 20% dos resultados, considerando-

se o Princípio de Pareto.

Eu gosto de trabalhar cedo, chego aqui por volta das 5h30min, 5h40min, então as ações que demandam um raciocínio maior eu faço pela manhã e as ações mais mecânicas faço durante a noite. [...] As mais urgentes se faz ao longo do dia. (DP) Ordem de prioridade. Tem o fator tempo também, porque o que é urgente, coloca-se na frente. Eu coloco os documentos em ordem. As pessoas me trazem os documentos e eu os classifico, resolvo o que posso e passo os demais para o diretor. [...] E sim [meu chefe me informa sobre as prioridades que ele define na realização de suas tarefas]. Só faço agenda externa à tarde, porque de manhã são tratados apenas assuntos internos. (SEC)

Vale ressaltar que acordar cedo é um hábito pessoal do dirigente, ou seja, ele não o faz

devido ao seu volume de trabalho. A secretária, por sua vez, trabalha em horário comercial.

Em se tratando de delegação, as tarefas delegadas pelo diretor-presidente à sua

secretária não são apenas as de rotina secretarial, o que evidencia que a formação

multidisciplinar do profissional de secretariado executivo faz com que ele esteja apto a

participar de variados processos administrativos, podendo assim, assessorar de maneira mais

eficiente, deixando a cargo de seu executivo apenas assuntos que realmente necessitam de sua

atenção.

Page 36: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

29

Olha, minha secretária tem um papel muito importante aqui. A principal tarefa que ela tem pra mim é a conciliação da agenda. Outra coisa é a triagem de toda documentação, e isso me poupa bastante trabalho. [...] Ela também faz os feedbacks do Conselho Administrativo e do Conselho Fiscal porque ela é secretária deles, o que dá bastante trabalho. Ela não tem cadeira nos Conselhos para que o trabalho seja feito de forma ética. Então ela faz esse meio de campo de forma ótima. Ela também nos ajuda muito na parte de elaboração e preparo de documentações, cartas, tudo isso ela tem controle. E ainda tem como função, agora, a organização e renovação dos documentos que tem data de validade [...], antes isso não era feito. Outra função dela é ajudar na elaboração do Relatório de Atividades da Fundação, filtrando os planejamentos dos setores. Todas as demandas que dou a ela faço com o objetivo de economizar tempo. Demando muito dela, mas faço isso porque sei que tenho resposta. Demando basicamente para sobrar tempo para eu fazer outras atividades. [...] Um diferencial dela é a maneira como ela atende o cliente, ela facilita muito a vida da diretoria. Ela sabe negar o atendimento sem que as pessoas saiam contrariadas, insatisfeitas. Se você não tiver uma pessoa para te auxiliar nessas coisas do dia a dia você não tem tempo para fazer o que importa. (DP)

O diretor delega à sua secretária todas as tarefas as quais ele considera que o possam

ser. O que se justifica pelo fato de ele ter confiança nela e de obter respostas positivas sempre.

Não [não há nenhuma tarefa que possa ser delegada e que não é]. Com relação à secretária não. [...] Eu tenho por natureza ser centralizador, no sentido de só aceitar descentralizar quando tenho confiança na pessoa. Tudo que tenho de demanda eu repasso se sou atendido. Se eu delego uma vez e não obtenho resposta, acabo tomando a tarefa pra mim. Com relação a minha secretária não, delego tudo que creio que devo delegar. Há muitas coisas que fazemos de maneira compartilhada e outras que ela faz sozinha. (DP) �

Acho que não [não há nenhuma tarefa que possa ser delegada e que não é], porque acho que ele me pede tudo que ele acha que posso fazer. Às vezes estou tão atarefada que ele percebe e acaba realizando ele mesmo a tarefa. (SEC)

A questão da delegação com relação à secretaria está bastante clara, não há tarefa que

deva ser delegada e não é, fator positivo na economia de tempo. Tanto no fragmento anterior

quanto no que segue, o diretor aborda a questão da delegação/centralização. Se uma tarefa

delegada não for realizada, ele não insiste em delegá-la, tomando-a para si, o que revela uma

dicotomia vivida pelo dirigente que, mesmo sabendo que uma atividade pode ser delegada, a

realiza. Este é um posicionamento que deveria ser revisto, porque enquanto ocorre a

centralização de tarefas delegáveis, as que dependem dele são proteladas.

Page 37: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

30

Tal comportamento, que influi negativamente no uso do tempo por causar desperdício

deste recurso, pode ser explicado pela preocupação do diretor em dar exemplo, como expresso

no trecho “[...] É uma questão pessoal de dar exemplo. Tudo que consegui foi com muito

trabalho”. Também por crer que as outras pessoas agem como ele, o que, naturalmente, não

acontece.

[...] Sou muito rápido e espero que as pessoas com as quais me relaciono sejam assim também. Então se a pessoa corresponde eu demando coisas para ela, do contrário, assumo tarefas que não seriam minhas. (DP)

Quanto à forma de realização das tarefas, elas, na sua maioria, são executadas

concomitantemente, por ambos os sujeitos da pesquisa, o que pode resultar no não-término de

todas. Os entrevistados, entretanto, afirmam não enfrentar este problema. No caso da

secretária, um dos motivos que causa a sobreposição de tarefas é o fácil acesso de

colaboradores e visitantes à sua sala.

Várias. Eu particularmente faço várias coisas simultaneamente. Isso é até um defeito meu. Sou muito rápido, pego as coisas muito rápido, faço várias coisas ao mesmo tempo; enquanto converso com uma pessoa posso fazer outra coisa e isso não significa que eu não esteja prestando atenção no que a pessoa me diz. [...] Sou muito rápido e espero que as pessoas com as quais me relaciono sejam assim também. (DP) O tempo todo [realizo tarefas ao mesmo tempo], porque a gente, por exemplo, não trabalha de porta fechada, então posso estar fazendo uma ata e ser interrompida pelo telefone ou por alguém. (SEC)

Um dos desperdiçadores de tempo citados por Chaves (1992) é o excesso de

interrupções. O diretor, com a ajuda da secretária, trabalha no sentido de evitar que isso

ocorra por considerar que interrupções são uma barreira à fluência do trabalho, o que tende a

resultar na queda do desempenho alcançado na realização das tarefas.

[...] Ela me alivia muito e sabe quando me interromper. Eu não gosto de ser interrompido a todo momento para assinar documentos, eu deixo pra assinar tudo de uma só vez. (DP) Não passo os documentos o dia todo, mas se tem prioridade eu o interrompo e ele assina para mim. (SEC)

A incapacidade de dizer “não” é um problema, pois aumenta a lista de coisas a serem

feitas sem que haja necessidade. Também nesta situação, o tempo de realização de tarefas

Page 38: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

31

relevantes é tomado por outras desnecessárias, prejudicando sua boa utilização. Tal problema

é enfrentado pelo diretor-presidente da Funarbe, colaborando negativamente para o uso do seu

tempo.

A questão do tempo pra mim é um problema. Eu tenho o problema de não saber negar determinadas demandas com relação ao serviço. Coisas que, se se analisar profundamente não deveriam ser atendidas, porém acabam sendo e há que se assumir as responsabilidades depois. (DP)

De acordo com a secretária, o diretor costuma respeitar seus horários e compromissos,

fator determinante para o alcance de bons resultados relativos à administração do tempo.

Quando se cumpre o que está agendado, a probabilidade de ocorrer desperdício de tempo é

pequena, dado que esta é uma das variáveis que se deve ter em mente no momento em que se

organiza uma agenda. E, em se tratando da agenda do diretor-presidente da Funarbe, sua

secretária é quem a controla, desfrutando de total autonomia. Mesmo assim, demonstrando

bom senso, característica primordial para uma secretária executiva, assim como para qualquer

outro profissional, ela diz que há situações nas quais o diretor é consultado antes que algum

compromisso importante seja agendado.

Eu sou uma pessoa muito desorganizada nessa parte, nunca trabalhei com agenda, mas tenho uma memória muito boa; marco compromissos e depois repasso para a secretária, e ela registra na agenda. Ela tem duas agendas, uma que fica com ela e outra que fica na minha mesa, mas que ela atualiza todos os dias. Ela marca minhas viagens, confirma reuniões, prepara todo o material que utilizarei nelas, como documentações e brindes. (DP) O tempo todo eu tenho autonomia para marcar compromissos, mas dependendo da solicitação eu o consulto. Ele se comunica muito por e-mail. Ele é muito organizado nesse sentido de me encaminhar os e-mails para que eu agende. Raramente ele adia alguma coisa, então o que eu faço é cumprido. E hoje, as pessoas quando não podem vir, ligam dizendo que não virão. Hoje quase não tem atraso, o que é muito bom, porque atraso complica, né? (SEC)

Ao contrário do que diz a literatura consultada, as novas tecnologias, como internet e

telefonia móvel causam mais economia do que desperdício de tempo no caso em questão. O

e-mail é um recurso amplamente utilizado, principalmente quando o diretor não se encontra

na sede. Não bastasse ser um meio de comunicação rápido e eficiente, é também barato.

Ah não, agora gasto bem menos tempo [para realizar as tarefas] pela experiência. A não ser que a gente seja muito interrompida. E hoje, com a

Page 39: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

32

facilidade do computador, que tem as coisas pré-montadas, já agiliza muito. (SEC)

Trabalho muito por e-mail; mando e-mail pra ela com as dicas do que quero, ela filtra, me devolve o que ela fez e eu dou a resposta. (DP)

Pôde-se observar que o diretor-presidente da Funarbe, como a maioria dos executivos

brasileiros, possui uma carga horária de trabalho muito grande (das 5h30min às 20h,

aproximadamente), valoriza seu tempo e busca empregar ferramentas que o auxiliem a

otimizar sua gestão. Assim como recomenda Bernhoeft (1985) e Chaves (1992), ele planeja

tanto suas atividades quanto o tempo que empregará em cada uma delas e evita ser

interrompido para que o planejamento não seja prejudicado. A ordem de prioridade

estabelecida é interrompida em casos de urgência e tarefas são delegadas com o propósito de

se ganhar tempo para realizar as que não o podem ser.

Por outro lado, o dirigente apresenta certa tendência à centralização, característica que

vai de encontro aos objetivos da delegação, pois faz com que ela perca sua finalidade

economizadora de tempo. Entende-se que o diretor prime por um trabalho bem executado e

queira fazê-lo caso ninguém mais o faça, porém, insistir com a delegação pode trazer-lhe

benefícios como maior quantidade de tempo para se dedicar às questões mais relevantes.

Tanure et al. consideram o tempo como uma fonte de tensão que influi na vida dos

executivos. A tensão vem da sensação de que esse recurso é cada vez mais escasso e que não

há tempo para se fazer o que é preciso, muito menos para fazer o que se quer. Esta sensação

de dívida e (in)competência como fonte de tensão é potencializada também por fatores como

o alto nível de cobrança, característica apresentada pelo diretor. Estes fatores, no entanto, não

têm trazido grandes prejuízos ao bom uso do tempo laboral do dirigente. De qualquer forma,

recomenda-se trabalhar estes aspectos no sentido de melhorar a qualidade de vida pessoal.

Olha, às vezes acho que não [consigo administrar bem o meu tempo], mas as pessoas que convivem comigo dizem que sim. No trabalho consigo desempenhar minhas funções, mas na vida pessoal não. Acabo cumprindo minhas tarefas profissionais, mas abrindo mão de ter mais tempo pra lazer, praticar esporte. [...] Minha carga horária é longa; às vezes me acho não muito eficiente O trabalho me consome muito tempo, mas é uma questão pessoal de dar exemplo. Tudo que consegui foi com muito trabalho. Quem pensa que vai chegar a algum lugar trabalhando oito horas por dia está enganado. [...] Não acredito que ninguém seja melhor, saiba mais ou seja melhor preparado que ninguém, entende? Acredito que, com trabalho e dedicação, supera-se todas as dificuldades. Quando chegamos à Fundação, não sabíamos nada sobre seu funcionamento, agora não digo que sou a

Page 40: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

33

pessoa que mais entende de fundações, mas sou a que mais entende em menor tempo.

Segue quadro com os desperdiçadores (indicadores negativos) e economizadores

(indicadores positivos) de tempo presentes no cotidiano do Diretor Presidente da Funarbe.

Desperdiçadores de Tempo Economizadores de Tempo

- Bom uso de Novas Tecnologias;

- Definição de Prioridade;

- Delegação;

- Elaboração de Planejamento;

- Evita Interrupções;

- Respeito aos horários.

- Incapacidade de dizer “não”;

- Tendência à centralização.

Ilustração 2 - Desperdiçadores e economizadores de tempo presentes no cotidiano do Diretor Presidente. Fonte: Elaboração própria

Tendo em conta os desperdiçadores e economizadores de tempo, percebeu-se que os

indicadores positivos exercem maior influência na administração do tempo do dirigente do

que os indicadores negativos analisados. Desta forma, conclui-se que o tempo do diretor-

presidente da Funarbe é bem administrado.

Como mencionado, a responsabilidade de administrar o tempo de um executivo não é

só dele, cabe a seus superiores e subordinados colaborarem para tal.

Assim como o controle de agenda (importante ferramenta de controle do tempo) já

citado, cabe à secretária executiva da presidência da Fundação desempenhar as seguintes

tarefas:

Atendimento telefônico, [...], recebo os visitantes, confiro documentos para assinatura, distribuo os documentos, escrevo alguma coisa todos os dias, respondo e-mails, faço atas, assisto reuniões, colaboro com os colegas. Acho que é só, né? Tem também a parte da limpeza, cuido da organização das salas. (SEC)

É interessante observar as atribuições do profissional de secretariado executivo

expressas na lei de regulamentação da profissão encontrada na seção 3.2.2 e as atribuições

Page 41: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

34

demandadas à secretária executiva da presidência, citadas pelos entrevistados, tal como

exposto na ilustração seguinte.

Atribuições do Profissional de Secretariado Executivo, segundo Lei de

Regulamentação da Profissão

Atribuições Desempenhadas pelo Profissional de Secretariado Executivo da

Presidência da Funarbe - Planejamento, organização e direção de

serviços de secretaria;

- Assistência e assessoramento direto a

executivos;

- Coleta de informações para a consecução

de objetivos e metas de empresas;

- Redação de textos profissionais

especializados, inclusive em idioma

estrangeiro;

- Interpretação e sintetização de textos e

documentos;

- Taquigrafia de ditados, discursos,

conferências, palestras de explanações,

inclusive em idioma estrangeiro;

- Versão e tradução em idioma estrangeiro,

para atender às necessidades de

comunicação da empresa;

- Registro e distribuição de expediente e

outras tarefas correlatas;

- Orientação da avaliação e seleção da

correspondência para fins de

encaminhamento à chefia;

- Conhecimentos protocolares.�

- Atendimento telefônico;

- Controle de agenda;

- Recepção de visitantes;

- Triagem de documentos para assinatura e

distribuição de documentos assinados;

- Redação de relatórios, atas e e-mails;

- Suporte à reuniões, principalmente dos

Conselhos;

- Colaboração com os colegas;

- Limpeza e organização de salas.

Ilustração 3 – Atribuições do profissional de secretariado executivo. Fonte: Elaboração própria.

Comparando-se os dados da ilustração, percebeu-se que as atribuições da secretária

executiva entrevistada estão em consonância com as que, legalmente, se demanda de um

profissional da área. Ela presta assessoria direta ao diretor-presidente e aos Conselhos da

Page 42: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

35

Fundação, os serviços de secretaria são, por ela, planejados e dirigidos, destacando-se a

orientação da avaliação e seleção de correspondência para fins de encaminhamento à chefia,

que é citada pelo dirigente como sendo uma das atribuições mais importantes na otimização

da administração do seu tempo. O trabalho de acompanhamento dos Conselhos

Administrativo e Fiscal corresponde à coleta de informações para a consecução de objetivos e

metas da organização. Ela recebe grande demanda relativa à redação e revisão de documentos,

em idioma nacional. Na execução das tarefas é exercido o registro e a distribuição de

expediente. Os conhecimentos protocolares, indispensáveis para o cotidiano de uma secretária

executiva, dela exigidos são atendidos e empregados em tarefas como recepção de visitantes e

organização de reuniões.

A secretária executiva da presidência da Funarbe exerce destacado papel na

administração do tempo do seu chefe direto. O fato de ela ter total autonomia para controlar

sua agenda, assim como de fazer o elo entre os Conselhos e a presidência demonstra que suas

competências relativas à gestão do tempo vão desde as rotinas secretariais (triagem de

documentos e telefonemas, controle de agenda, elaboração de cartas e atas) até a

representação do dirigente. Destaca-se o espaço e o respaldo destinados à profissional que

pode exercer suas múltiplas competências atuando como planejadora e executora de tarefas,

empreendedora, comunicadora e líder de grupos.

Nota-se, por meio da seguinte citação, que o trabalho da secretária executiva é

reconhecido como importante suporte ao trabalho do dirigente.

Não posso deixar de dizer que a secretária é fundamental, se eu não tivesse uma secretária eficiente eu jogaria a tolha. Geralmente aparece mais quem está na ponta da corda, quem está nas diretorias. No entanto, o suporte e a tranqüilidade que o profissional de secretariado executivo nos dá permite que usemos o tempo com ações importantes. [...] A secretária executiva possui um papel muito importante numa organização. Já fui chefe de departamento na UFV; no começo tinha uma pessoa que me assessorava e as coisas iam bem, depois passei um tempo sem ninguém e fiquei meio perdido. [...] Então, também é importante a relação que se estabelece, e a Zilda sabe perfeitamente o meu time, o que é ótimo. O ambiente da Fundação é diferente, é mais profissional, e isso me fez perceber ainda mais o que eu já sabia sobre a importância do profissional, que ter ou não uma secretária executiva competente faz toda diferença no trabalho do gestor.

Nota-se, no caso estudado, a forma como as atribuições da secretária executiva são

empregadas no sentido de apoiar a administração do tempo do diretor-presidente da

Page 43: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

36

instituição. Por meio da triagem de documentos e telefonemas a secretária executiva busca

resolver todas as questões que estiverem ao seu alcance para que cheguem às mãos do diretor-

presidente apenas as questões mais relevantes. No caso da recepção de visitantes, ou até

mesmo colaboradores internos, que não tenham horário marcado com o diretor, a secretária os

recebe e verifica a necessidade destes serem atendidos por seu chefe; desta forma ela resolve

o que lhe couber e impede interrupções desnecessárias. No que tange ao controle de agenda,

destacada pelo dirigente com sendo tarefa de assessoria de grande importância, o trabalho da

secretária visa conciliar as atividades de caráter laboral desempenhadas pelo diretor, sendo

elas desenvolvidas na sede da Fundação ou não, como é o caso das viagens e das atividades

de docência. A redação de documentos economiza o tempo do gestor, assim como a

substituição do mesmo em reuniões com posterior repasse de informações.

Não se pode perder de vista que todas as atividades desempenhadas pelo profissional

de secretariado executivo visam maximizar os resultados alcançados pela pessoa à qual ela

assessora. Neste contexto, concluiu-se que todas as atividades de assessoria direta

desempenhadas pela secretária executiva da presidência ao diretor-presidente visam, de forma

direta ou indireta, auxiliá-lo na administração eficiente do uso de seu tempo. A secretária

executiva atua como assessora da administração do tempo.

Page 44: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A motivação para a realização desta pesquisa tendo como base o tema Administração

do Tempo tem como raiz os vários relatos presenciados pela pesquisadora, quando ela ouvia

as pessoas dizerem que não tinham tempo para nada e que o dia estava demasiado curto.

A iniciativa de ter a Funarbe como unidade de estudo veio da inquietação de saber

como, nesse contexto de tempo escasso, os dirigentes da Fundação conseguem conciliar todas

suas atividades profissionais e pessoais, e qual seria o papel do profissional de secretariado

executivo neste contexto. Daí que a pesquisa iniciou-se com o objetivo geral de verificar a

atuação do profissional de secretariado executivo na administração do tempo do Diretor

Presidente Fundação Arthur Bernardes. Para o alcance deste objetivo, foram traçados como

objetivos específicos: descrever, a partir das normas internas, as tarefas do Diretor Presidente;

discutir a administração do tempo das tarefas do Diretor Presidente; descrever as principais

atribuições do secretário executivo na assessoria direcionada ao Diretor Presidente e discutir a

relação entre as atribuições profissionais do secretário executivo e suas atividades na

administração do tempo do Diretor Presidente da Funarbe.

O primeiro objetivo específico foi alcançado no item 5.2 onde são descritas as

atribuições do diretor-presidente, tendo como base as normas e os regulamentos internos da

organização.

A discussão da administração do tempo das tarefas do diretor-presidente, segundo

objetivo, foi realizada no tópico 5.3 valendo-se da análise de conteúdo da entrevista e da

fundamentação teórica para realizá-la. Observou-se que o tempo laboral do diretor é bem

administrado, dado que seus compromissos dificilmente precisam ser desmarcados e que o

planejamento realizado apenas deixa de ser seguido quando se depara com um assunto

urgente a ser tratado.

A descrição das principais atribuições do secretário executivo na assessoria

direcionada ao diretor-presidente encontram-se na seção 5.3, onde elas são apresentadas nos

próprios fragmentos das entrevistas e em ilustração elaborada para tal fim. Percebeu-se que o

profissional desempenha atribuições previstas em lei, como a redação de textos profissionais

especializados e a orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de

encaminhamento à chefia. Dos atributos decorrentes das necessidades da atividade da

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38

Fundação, cabe ao profissional assistir as reuniões dos Conselhos Administrativo e Fiscal.

Atendendo ao objetivo terceiro.

Por fim, atendendo ao quarto objetivo específico, discutiu-se, ainda na seção 5.3, a

relação entre as atribuições profissionais do secretário executivo e suas atividades na

administração do tempo do Diretor Presidente da Funarbe. Constatou-se que tais atribuições

estão sendo realizadas de forma satisfatória, tendo em vista os resultados elucidados pelos

respondentes. A secretária executiva encontra espaço e respaldo para a realização do seu

trabalho.

Após a realização da pesquisa, pôde-se concluir que o objetivo de grande parte das

atividades de assessoria direta desempenhadas pelo profissional de secretariado executivo,

desde a triagem de correspondência até a substituição em reuniões, é a otimização do tempo

laboral do dirigente. Tempo, recurso raro e caro que não deve ser desperdiçado.

Como sugestão, pesquisas mais abrangentes e mais aprofundadas sobre o tema são

válidas, tanto para o melhor entendimento da relação entre profissionais de secretariado

executivo e administração do tempo, quanto para produzir material de consulta na área, que se

encontra carente de produções.

Page 46: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

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7. BIBLIOGRAFIA

ABREU, Fernanda Moura de; EMMENDOERFER, Magnus Luiz. O Secretariado Executivo Trilíngüe e as Empresas Juniores na Universidade Federal de Viçosa -Viçosa – MG. 2007. 76p. Monografia (Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngüe) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2007. ALONSO, Maria Ester Cambréa. A arte de assessorar executivos. São Paulo: Pulsar, 2002. 207p. AUGUSTO, Gabriela Pires; EMMENDOERFER, Magnus Luiz. Estudo da viabilidade da atuação empreendedora de um secretário executivo na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da UFV. 2007. 75p. Monografia (Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngüe) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2007. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 226p. BERNHOEFT, Renato. Administração do tempo. São Paulo: Nobel, 1985. 88p. BRASIL. Lei nº 7377, de 30 de setembro de 1985. Dispõe sobre o exercício da profissão de Secretário e dá outras providências. Diário Oficial (da República Federativa do Brasil), Brasília, DF, 1º out. 1985, p. 14314, Seção 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7377.htm>. Acesso em: 7 abr. 2008. BRASIL. Lei nº 9261, de 10 de janeiro de 1996. Altera a redação dos incisos I e II do art. 2°, o caput do art. 3°, o inciso VI do art. 4° e o parágrafo único do art. 6° da Lei n° 7377, de 30 de setembro de 1985. Diário Oficial (da República Federativa do Brasil), Brasília, DF, 10 jan. 1996, p. 393. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9261.htm>. Acesso em: 7 abr. 2008. BRUNO, Ivone. M. O poder de influência do profissional de secretariado no processo decisório das organizações. 2006. 137p. Dissertação (Mestrado em Administração) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006. p.11-33. Disponível em: < http://www.secretariado.ufv.br/pdf/TRABALHO%20-%20Ivone%20Maria%20Bruno.pdf>. Acesso em: 5 mar. 2008. CERVO, Amado; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. 242p. CHAVES, E. O. C. Administração do tempo. 1992. Disponível em <http://www.chaves.com.br/TEXTSELF/MISC/timemgt.htm>. Acesso em: 14 mar. 2008. EMMENDOERFER, Magnus Luiz. Controle do tempo: a percepção dos atores gerenciais da Usiminas S.A. Florianópolis, 2004. 204f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Curso de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina. FUNARBE - Fundação Arthur Bernardes. Estatuto. Viçosa: UFV/ FUNARBE, 2008.

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FUNARBE - Fundação Arthur Bernardes. História e Missão. Disponível em: <http://www.funarbe.org.br/missao.asp> Acesso em: 22 abr. 2008 FUNARBE - Fundação Arthur Bernardes. Laticínios Viçosa: a empresa. Disponível em: <http://www.produtosvicosa.org.br/empresa.asp>. Acesso em: 22 abr. 2008-06-09 FUNARBE - Fundação Arthur Bernardes.. Supermercado Escola: a empresa. Disponível em: <http://www.supermercadoescola.org.br/view/index.php?acao=aempresa>. Acesso em: 22 abr. 2008 HINDLE, Tim. Como administrar o tempo. Publifolha, 1999. 72p. JUNQUEIRA, Luiz. Augusto. Costacurta. Gestão do tempo e organização do trabalho. Disponível em <http://www.institutomvc.com.br/Apresentacoes/Gestao_do_Tempo_e_Organizacao_do_Trabalho.ppt#265,10,Slide 10>. Acesso em: 1º abr. 2008. KROEHNERT, Gary. Domando o tempo: Como devorar um elefante? São Paulo: Manole, 2001. 196p. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. 270p. NATALENSE, Liana. A secretária do futuro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998. 104p. MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 434p. MAY, TIM. Pesquisa social: questões, métodos e processos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 288p. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task=category&sectionid=11&id=96&Itemid=302>. Acesso em 22 abr. 2008 Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task=view&id=724&Itemid=302>. Acesso em 22 abr. 2008 Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações. Disponível em <�http://www.mtecbo.gov.br/busca/descricao.asp?codigo=2523-15>. Acesso em 1º abr. 2008 OLIVEIRA, Silvio Luiz. Tratado de metodologia científica. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 320p. ORGANIZE SUA VIDA. Administração do tempo. Disponível em: <http://www.organizesuavida.com.br/si/site/5001>. Acesso em: 10 mar. 2008.

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41

Professor Cezar. Administração. Disponível em: http://www.professorcezar.adm.br/Textos/O%20que%20e%20administracao.pdf. Acesso em: 28 abr.2008. QUIVY, Raymond; CAMPENHOUDT, LucVan. Manual de investigação em ciências sociais. Lisboa: Gradiva, 2005. 281p. RIBEIRO, Marly W. Mendes. Profissão: Secretária. 2. ed. Porto Alegre: Ortiz,1990. 237p. TANURE, Betânia; NETO, Antônio Carvalho; ANDRADE, Juliana. Executivos Sucesso e (In)Felicidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 180p. VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2005. 287p. WEBBER, R. A. Um guia para a administração do tempo. São Paulo: Maltese. 1989. 190p. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

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ANEXO A

Organograma da Funarbe. Fonte: Funarbe (2008)

Conselho Administrativo

Conselho Fiscal

Diretor Presidente

Comitê de Gestão Econ.

Assessoria Jurídica

Diretoria Científica

Diretoria Adm-Financeira

Convênios e Projetos

Contratos e Serviços

Compras e Importações

FINANCIAR Recursos Humanos

Patrimônio e Transportes

Informática Contabilidade Tesouraria Supermercado Laticínios

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ANEXO B

LEI Nº 7.377, DE 30 DE SETEMBRO DE 1985.

Dispõe sobre o Exercício da Profissão de Secretário, e dá outras Providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - O exercício da profissão de Secretário é regulado pela presente Lei.

Art. 2º - Para os efeitos desta lei, é considerado:

I - Secretário-Executivo o profissional diplomado no Brasil por Curso Superior de

Secretariado, reconhecido na forma da lei, ou diplomado no exterior por curso superior de

Secretariado, cujo diploma seja revalidado no Brasil, na forma da lei;

II - Técnico em Secretariado o profissional portador de certificado de conclusão de curso de

Secretariado, em nível de 2º grau.

Art. 3º - Fica assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não habilitados

nos termos do artigo anterior, contem, pelo menos, 5 (cinco) anos ininterruptos, ou 10 (dez)

intercalados, de exercício em atividades próprias de secretaria, na data de início de vigência

desta lei, e sejam portadores de diplomas ou certificados de alguma graduação de nível

superior ou de nível médio.

Art. 4º - São atribuições do Secretário Executivo:

I - planejamento, organização e direção de serviços de secretaria;

II - assistência e assessoramento direto a executivos;

III - coleta de informações para a consecução de objetivos e metas de empresas;

IV - redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro;

V - interpretação e sintetização de textos e documentos;

VI - taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de explanações, inclusive em

idioma estrangeiro;

VII - versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação

da empresa;

VIII - registro e distribuição de expedientes e outras tarefas correlatas;

IX - orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de encaminhamento à

chefia;

X - conhecimentos protocolares.

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Art. 5º - São atribuições do Técnico em Secretariado:

I - organização e manutenção dos arquivos de secretaria;

II - classificação, registro e distribuição da correspondência;

III - redação e datilografia de correspondência ou documentos de rotina, inclusive em idioma

estrangeiro;

IV - execução de serviços típicos de escritório, tais como recepção, registro de compromissos,

informações e atendimento telefônico.

Art. 6º - O exercício da profissão de Secretário requer prévio registro na Delegacia Regional

do Trabalho do Ministério do Trabalho e far-se-á mediante a apresentação de documento

comprobatório de conclusão dos cursos previstos nos incisos I e II do Art. 2º desta lei e da

Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS.

Parágrafo único. No caso dos profissionais incluídos no art. 3º desta lei, a prova de atuação

será feita por meio das anotações da Carteira de Trabalho e Previdência Social ou por

qualquer outro meio permitido em Direito.

Art. 7º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 8º - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 30 de setembro de 1985; 164º da Independência e 97º da República. JOSÉ SARNEY Almir Pazzianotto

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ANEXO C

LEI Nº 9.261, DE 10 DE JANEIRO DE 1996.

Altera a redação dos incisos I e II do art. 2º, o caput do art. 3º, o inciso VI do art. 4º e o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º A Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985, passa a vigorar com a seguinte redação

para os incisos I e II do art. 2º, para o art. 3º, para o inciso VI do art. 4º e para o parágrafo

único do art. 6º:

"Art. 2º ......................................................................

I - Secretário Executivo:

a) o profissional diplomado no Brasil por curso superior de Secretariado, legalmente

reconhecido, ou diplomado no exterior por curso superior de Secretariado, cujo diploma seja

revalidado na forma da lei;

b) portador de qualquer diploma de nível superior que, na data de início da vigência desta Lei,

houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante

pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no art. 4º desta Lei;

II - Técnico em Secretariado:

a) o profissional portador de certificado de conclusão de curso de Secretariado, em nível de 2º

grau;

b) o portador de certificado de conclusão do 2º grau que, na data da vigência desta Lei, houver

comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos

trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no art. 5º desta Lei.

Art. 3º É assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não habilitados nos

termos do artigo anterior, contém pelo menos cinco anos ininterruptos ou dez anos

intercalados de exercício de atividades próprias de secretaria, na data da vigência desta Lei.

Art. 4º ...........................................................................

.....................................................................................

VI - (VETADO) .....................................................................................

Art. 6º ............................................................................

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Parágrafo único. No caso dos profissionais incluídos no art. 3º, a prova da atuação será feita

por meio de anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social e através de declarações

das empresas nas quais os profissionais tenham desenvolvido suas respectivas atividades,

discriminando as atribuições a serem confrontadas com os elencos especificados nos arts. 4º e

5º."

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 10 de janeiro de 1996; 175º da Independência e 108º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Paulo Paiva

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 11.1.1996

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APÊNDICE A

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI ESTRUTURADA - DIRETOR PRESIDENTE

Nome: Formação: Tempo na Fundação:

1. Quais as tarefas que você realiza durante seu tempo de trabalho?

2. Você costuma planejar o tempo que gastará em cada uma delas?

3. Você realiza mais de uma tarefa ao mesmo tempo?

4. Como são decididas quais tarefas deverão ser realizadas primeiro?

5. Você informa suas prioridades à sua secretária?

6. Que tipo de tarefas você delega à sua secretária? [Desdobramento] Com quais objetivos?

7. Você informa sua secretária sobre suas expectativas em relação à tarefa delegada?

[Desdobramento] Elas costumam ser alcançadas?

8. Das tarefas delegadas, você supervisiona sua execução?

9. Há alguma tarefa que poderia ser delegada, mas não é? [Desdobramento] Que tipo de tarefa? Por que não é delegada?

10. Como é feito o controle da sua agenda?

11. Você considera que seu tempo seja bem administrado? [Desdobramento] O que você acha que falta para que ele o seja? Crê que alguém

poderia ajudá-lo? Como?

12. Você gostaria de comentar mais alguma coisa sobre a administração de seu tempo laboral?

Muito obrigada pela colaboração!

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APÊNDICE B

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI ESTRUTURADA - SECRETÁRIA EXECUTIVA Nome: Formação: Tempo na Fundação:

1. Quais as tarefas que você realiza durante seu tempo de trabalho?

2. Quais são as atividades de assessoria direta que você desempenha?

3. Há quanto tempo você realiza essas tarefas?

4. Como são decididas quais tarefas deverão ser realizadas primeiro?

5. Com relação ao tempo, suas tarefas sempre foram realizadas da mesma forma ou houve mudanças?

[Desdobramento] Em que sentido?

6. Você realiza mais de uma tarefa ao mesmo tempo?

7. Quando seu chefe lhe delega uma tarefa ele deixa claro seus objetivos?

8. Há alguma tarefa que poderia lhe ser delegada, mas não é?

9. Seu chefe lhe informa sobre as prioridades que ele define na realização de suas tarefas?

10. Como você controla a agenda do seu chefe?

11. Como você aprendeu a organizar o tempo para realização de cada tarefa?

12. Você gostaria de comentar mais alguma coisa sobre a administração de seu

tempo laboral?

Muito obrigada pela colaboração!