a atividade musical na igreja de são josé do rj

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University of Texas Press A Atividade Musical Na Igreja De Sao Jose Do Rio De Janeiro Author(s): Francisco Curt Lange Source: Latin American Music Review / Revista de Música Latinoamericana, Vol. 6, No. 2 (Autumn - Winter, 1985), pp. 201-234 Published by: University of Texas Press Stable URL: http://www.jstor.org/stable/780201 Accessed: 31/03/2009 16:43 Your use of the JSTOR archive indicates your acceptance of JSTOR's Terms and Conditions of Use, available at http://www.jstor.org/page/info/about/policies/terms.jsp. JSTOR's Terms and Conditions of Use provides, in part, that unless you have obtained prior permission, you may not download an entire issue of a journal or multiple copies of articles, and you may use content in the JSTOR archive only for your personal, non-commercial use. Please contact the publisher regarding any further use of this work. Publisher contact information may be obtained at http://www.jstor.org/action/showPublisher?publisherCode=texas. Each copy of any part of a JSTOR transmission must contain the same copyright notice that appears on the screen or printed page of such transmission. JSTOR is a not-for-profit organization founded in 1995 to build trusted digital archives for scholarship. We work with the scholarly community to preserve their work and the materials they rely upon, and to build a common research platform that promotes the discovery and use of these resources. For more information about JSTOR, please contact [email protected]. University of Texas Press is collaborating with JSTOR to digitize, preserve and extend access to Latin American Music Review / Revista de Música Latinoamericana. http://www.jstor.org

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A Atividade Musical na Igreja de São José do RJ.

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Page 1: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

University of Texas Press

A Atividade Musical Na Igreja De Sao Jose Do Rio De JaneiroAuthor(s): Francisco Curt LangeSource: Latin American Music Review / Revista de Música Latinoamericana, Vol. 6, No. 2(Autumn - Winter, 1985), pp. 201-234Published by: University of Texas PressStable URL: http://www.jstor.org/stable/780201Accessed: 31/03/2009 16:43

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Francisco Curt Lange A Atividade Musical Na

Igreja De Sao Jose Do Rio

De Janeiro

Prefambulo O Rio de Janeiro antigo, enquanto se

refere a atividade musical realizada naqueles longinquos tempos, e ainda uma grande incognita. Ate hoje nao foi empreendida uma sistematica

procura concordante com esta necessidade, para saber-se cor alguma exatidao quais foram os musicos estabelecidos na cidade de Sao Sebas- tiao durante os seculos XVII e XVIII. Ate o descobrimento das Minas

Gerais, pelos paulistas, o Rio foi cidade pacata, entregue a um lento crescimento vegetativo. Despertou subitamente com o estouro da pro- ducao do ouro e dos diamantes, procurando-se a via mais direta a beira- mar para engrossar com a frota de navios convenientemente armados, os tesouros do Reino. No principio houve durante tempo o roteiro mais

seguro da Bahia, embora muito extenso; logo encontrou-se o de Parati e finalmente a chamada "estrada nova", tracada pelo filho de Dias Pais, indo para a Bahia de Guanabara, a mais segura na extensa orla mari- tima do Brasil. O subministro de viveres e materiais indispensaveis para manter viva a humanidade de homens famintos e necessitados de re- cursos ao menos nos primeiros tempos o transporte de secos e molhados, a remissao de inumeros escravos para a extracao, trouxeram para o Rio um subito despertar para uma vida nova, agitada e carregada de pros- peridade. Transformando-se no porto de maior transito de mercadorias e humanos, foi necessario o translado da capital em 1763 da Bahia de Todos os Santos para o Rio, experimentando-se uma continuada evolu-

Cao do potencial economico ate a chegada da familia real, em 1808. Em materia musical a afluencia de musicos para as Minas Gerais foi

not6ria e talvez tambem o Rio de Janeiro pagou este tributo, que ofere- cia maior liberdade de acao, ingressos talvez superiores aos habituais, e outras oportunidades para se afirmar na vida. A quantos profissionais ou amadores podia ter chegado esta contribuicao carioca, e uma incognita, tanto mais porque tampouco conhecemos o aporte do Nordeste, sem duvida bem maior, e de Sao Paulo, em grau menor dependendo em

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202 : Francisco Curt Lange

cada caso da importancia de cada populacao. O abandono de posicoes estaveis se produziu em forma espontanea e a afluencia as Minas sem

ordem, numa corrente caotica que o clero e a administra~ao souberam conter e organizar aos poucos.

Foi extraordinaria a fa?anha empreendida por Cleofe Person de Matos, se ocupando exaustivamente da excelsa figura do Padre Jose Mauricio Nunes Garcia, trazendo a uma legitima apreciacao puiblica a ainda hoje vasta obra do vate mestico, por meio de pesquisas profundas, estreias na Associacao de Canto Coral do Rio de Janeiro por ela capitaneada, e

pela sistematica publica?~ao da sua obra. Mas esta personalidade surgiu a vida profissional em fins do seculo XVIII, e cobrou transcendencia de 1800 em diante, na medida que ia forjando a sua personalidade. Todo o

que ele realizou no campo da criacao musical-ou ao menos grande parte-foi possivel estreiar com recursos profissionais do meio, pois toda a sua producao teve o desfgnio de ser apresentada aos poucos de a ter concluida o seu autor, proposito alias comum nos seculos precedentes a nossa era. Este fato nao oferece duvidas e poderia ser amplamente docu-

mentado, mesmo nao contando os compositores em alguns casos cor todos os elementos do instrumental para engrossar os conjuntos que interpretavam a musica religiosa.

Isto significa que no Rio existiam musicos em numero maior do que

podemos suspeitar, inclusive suficientes para se poder estabelecer a Ir- mandade de Santa Cecilia, segundo o modelo lisboeta. Tambem sabe- mos que o Principe Regente nao veio inicialmente acompanhado dos cantores e instrumentistas da sua Capela Real e elencos do Teatro Real de Sao Carlos que na sua precipitada fuga das hostes napoleonicas, nao foi possivel traze-los de uma vez, embarcando-se estes aos poucos em varias levas. Teve que conformar-se, por conseguinte, o futuro Dom

Joao VI, cor elementos locals que nao chegariam ao virtuosismo dos seus famosos conjuntos, mas foram suficientes para o inicio de uma nova

etapa, e devem te-lo surpreendido pela sua apreciavel qualidade, nao

apenas sustitutiva, pois foram mantidos em boa parte dentro dos seus

organismos sonoros lusitanos. Fora dos trabalhos de Cleofe Person de Matos, numerosos demais

para serem citados nesta contribuiQco hist6rica, e amplamente difundi- dos no meio e no exterior, e de uma pesquisa do Aires de Andrade sobre a primeira metade do seculo XIX,1 o Rio ainda oferece as maiores lacunas em materia de informagao, sobre a atividade musical durante o seculo XVIII. Mesmo o seculo XIX ainda nao foi suficientemente vas- culhado em forma sistematica como procedi no meu trabalho sobre a "Vida y Muerte de Louis Moreau Gottschalk en Rio de Janeiro. El ambiente musical en la Mitad del segundo Imperio".2 A maior con- centracao de esfor(os nas minhas pesquisas no Brasil foi necessaria para

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revelar a atividade musical no periodo colonial de Minas Gerais, care- cendo de tempo e de recursos para praticar pesquisas sistematicas na Hist6ria musical do Rio de Janeiro. Somente no tempo que dediquei a dificil elaboracao do volume VI do Boletz'n Latino-Americano de Musica e do seu Suplemento musical,3 e que coincidiu tambem com o descobrimento da musica colonial mineira (1944-1946), foi possivel realizar exaustivas

pesquisas em torno ao estagio de Gottschalk, e outras levadas a cabo na Biblioteca Nacional, Biblioteca da Escola Nacional de Musica, Arquivo do Instituto Hist6rico e Geografico Brasileiro, Arquivo e Museu Na- cionais e outras. A maioria destes trabalhos encontrou lugar na Revista de Estudios Musicales da Universidade Nacional de Cuyo, Mendoza (1944- 1957), dependente do Departamento de Musicologia que tinha criado nesta alma mater.4 Outros permanecem ainda ineditos. O trabalho sobre Gottschalk ainda hoje espera uma versao portuguesa, ap6s 30 anos de

publicado. Em posteriores passagens pelo Rio nao foi possivel empreender pesqui-

sas sistematicas para o desvendamento da atividade colonial nesta capi- tal. Por esta mesma razao intitulei o meu breve estudo do arquivo do Santissimo Sacramento na Igreja da Candelaria, durante uma curta estada no Rio, "Pesquisas esporadicas no Rio de Janeiro",s realizado, como este de Sao Jose, no meio das maiores dificuldades possiveis. Con- fesso que gostaria, cada vez que fosse possivel, dedicar minuciosas pesqui- sas as numerosas igrejas e conventos que jamais receberam a visita de um historiador musical disposto a vasculhar nas sujeiras dos arquivos abandonados, comidos sem impedimento pela traca e o cupim, em pro- cura de uma verdade ainda desconhecida sobre a situacao musical no Rio colonial. Acho que nao pode ser somente meta de um bosquejo panoramico de grandes figuras do seculo XIX, que deixaram abundante

producao, tarefa facil e empreendida por varios, a nossa obrigacao fun-

damental, senao a procura sistematica de criadores e musicos de menor renome que contribuiram, precisamente, na possibilidade de se poder apresentar os compositores de destaque.

A presente pesquisa foi financiada com os recursos do Instituto Na- cional de Musica, oferecidos espontaneamente pelo ilustre compositor e notavel diretor desta instituicao, Professor Edino Krieger. A ele expresso aqui o meu mais sincero reconhecimento.

Hist6ria da igreja e irmandade de Sao Jose

0 culto do Glorioso Patriarca Sao Jose, cujo templo se levanta impo- nente e majestoso na cidade de Sao Sebastiao do Rio de Janeiro, se acha na rua da Miseric6rdia, entre a rua Sao Jose e a travessa da Natividade,

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no quarteirao tumultuoso que todos conhecemos por "Castelo", lugar antigamente ocupado por um morro de apreciaveis dimensoes, desmon- tado para um nivel ligeiramente superior ao da Bahia de Guanabara.

Em 1605 levantou-se neste lugar uma modesta Ermida, feita de pa a

pique, remodelada e reconstruida varias vezes e afinal transformada em suntuoso templo. Nao se conservam dados positivos deste primeiro periodo, mormente pelo saque a que se entregaram as forgas de Dugay Trouin na invasao de Rio de Janeiro, em 1711, perdendo-se no assalto

alfaias, vasos sagrados e toda a documentacao que constituiria hoje um valioso patrimonio que o capitao Duclerc, com o intuito de vingar a

antiga e malfadada "France Antartique" arrasou.

Quem levantou a Ermida foi Egas Moniz Barreto, falecido a 4 de novembro de 1682 no Salvador da Bahia, um devoto que fez doacao do

pequeno edificio e orat6rio quando mudou para aquela capital. Ha ver- soes sobre o fundador, propriamente, mas estas carecem, mais que a

primeira por nos dada, de uma documentacao exaustiva e certa. A

Devogao, Confraria ou Irmandade de Sao Jose foi criada em comecos do seculo XVII, aproximadamente entre 1606 e 1608. Ja em 1655 houve necessidade do primeiro compromisso, devido a influencia consideravel de irmaos, tendo depositado a Matriz, muito arruinada, o Sagrario e a

pedra batismal em Sao Jose, que ja vinha prestando servicos batismais. Sao Jose foi ereta como quinta paroquia no Rio de Janeiro por Alvara de 10 de Maio de 1753, contando com 1678 fogos e 1740 paroquianos. A prop6sito da Matriz e primeira Catedral da cidade, tornou-se lugar totalmente inseguro pelos latrocinios, sacrilegios e assaltos que haviam motivado um not6rio despovoamento, sendo transferida para a Igreja da

Candelaria, logo, por Alvara do 23 de maio de 1725, a Igreja da Cruz dos Militares e finalmente a Nossa Senhora do Rosario e Sao Benedito, para, com a chegada do Principe Regente, ser constituida em Catedral a

antiga Igreja do Carmo. Em uma palavra: nunca houve uma substituicao da Se por Sao Jose.

Em novembro de 1767, quatro anos depois de ter sido transladada a

Capital da Bahia para o Rio de Janeiro, o Santo Padre elevou pela Bulla Romani Pontificia Pastoralis sollicitude, a Prelacia da cidade a Bispado, erigindo tambem em Bispado a Prelacia de Sao Salvador de Olinda, ficando os dois Bispados sufraganeos do Arcebispado da Bahia, consti- tuida tambem em esta categoria no mesmo dia e ano. Em 1761 chegou a cidade um Breve apostolico que se alcancou da Sua Santidade para serem sempre privilegiados os altares da Igreja de Sio Jose. Foi regis- trado na Camara eclesiastica em 18 de marco de 1766.

A Irmandade de Sao Jose teve na sua Igreja uma extraordinaria afluencia de Irmandades e Confrarias que nela se instalaram com a

aquiescencia previa da sua Mesa, fosse por breve ou prolongado tempo:

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Irmandade de Nossa Senhora do Amparo, Irmandade de Sao Joao Evangelista (1727), posteriormente extinta, Irmandade de Nossa Senhora do Ter;o (1722), que passou a funcionar

desde 1842 na Capela do Senhor dos Passos, Irmandade (Confraria), de Sao Miguel e Almas (1759), Irmandade dos Clerigos de Sao Pedro (1639), que transferiu-se em 1705

para a sua sede, Irmandade de Santo Apolonio, ingressada antes de 1722. Juntou-se mais

tarde a Irmandade do Santissimo Coracao de Jesus. Irmandade de Nossa Senhora das Brotas, Irmandade do Senhor dos Passos, mais tarde ereta no Convento do Carmo, Irmandade do Santissimo Sacramento, ereta na Matriz de Sao Sebastiao

do Castelo entre 1567 e 1569. Esteve duas vezes em Sao Jose. Hoje esta instalada na Igreja do Santissimo Sacramento, na Avenida Passos,

Irmandade do Sagrado Coracao de Jesus.

Extinta a Irmandade de Sao Miguel e Almas, uma "Nova Irmandade das Almas" pediu licenca e a obteve na Matriz. Era obrigatorio pedir a Irmandade de Sao Jose licenca para realizar as entidades admitidas as suas respetivas festas. Achamos, por exemplo, peti6ces neste sentido do Sacramento do Santissimo Coracao de Jesus e de Nossa Senhora do Am-

paro, correspondentes ao ano de 1777. A presenca de tantas Irmandades deu motivo para muitos conflitos. Nos primeiros anos do seculo XIX a Mesa conjunta de Sao Jose resolveu "que se despesa d'esta Igreja a Ir- mandade de Nossa Senhora do Amparo por meio judicial, se nao quiser sahir voluntariamente por ter a dita Mesa desrespeitado o Senhor Procu- rador". Em 6 de marco de 1803 se produziu uma curiosa inovacao, por resolucao da Mesa simples, incluindo-se no calendario eclesiastico "que se faca todos os anos a festa da Fuga para o Egito na quarta dominga de abril", mas ja em 5 de janeiro de 1805, a Mesa resolveu "fazer como

sempre a festa de Sao Jose cor Novena e suspender a festa da fuga por a

Igreja precisar de obras". Desde que a Irmandade do Santissimo Sacramento incorporou-se a

Igreja de Sao Jose, sendo poderosa, estabeleceu-se o acordo de pagar por metades varias despezas, assim a conserva.cao e reparacao dos sinos, do 6rgao, etc. Em 6 de novembro de 1791, por exemplo, dirigiu-se carta a Irmandade do Santissimo pedindo consentimento para mandar fundir o Sino grande, e o pequeno, que estavam rachados, em um s6, sem

prejuizo dos direitos da de Sao Jose, na contenda que sustentavam "e

que subira por aggravo ao Tribunal Superior". A Irmandade do SS.

Sacramento, em carta do 10 de novembro de 1791, manifestou nao con- cordar com a fundicao dos dois em um sino, deixando perceber os con- flitos existentes entre as duas Irmandades, que eram bastante frequentes. Respondeu entao a Irmandade de Sao Jose agradecendo e acordando a sua co-participacao nos concertos dos sinos, protestando nao preju-

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206 : Francisco Curt Lange

dicar o direito da de Sao Jose, e continuar a defender o pleito dos respe- tivos sinos.

Em 1795-1796 iniciou-se a obra do altar mor por Ignacio Pinto eJoiao

Domingues Pereira. Uma reedificacao da Igreja por longo tempo acariciada foi encomendada ao Mestre de obras reais Antonio d'Azevedo Santos e o risco ao Arquiteto Joao Moniz porem posteriormente se suscitaram diver-

gencias no seio da Mesa ate que finalmente realizou-se a obra da capela sendo entregue ao Irmao Manoel Jose da Fonseca para dirigi-la. Em 1880 foi aprovada a instalacao de um carrilhao que ainda hoje esparce sobre o

trafego infernal daquela zona as suas bem timbradas e alegres melodias.

A Bandeira do Patriarca

Em determinado momento, a Mesa de Sao Jose pediu a sua Irmandade

congenere de Lisboa de lhe informar quais eram os oficios anexos a Bandeira do Patriarca de S5o Jose de Lisboa. A resposta nao veio a demorar e vamos dar apenas suscinta informacao, porque em anteriores trabalhos ja demos informacao sobre esta, outrora poderosa instituicao.

Os Oficios se dividiam em 24 Corporagoes. Cada uma fazia eleicao do seu Juiz, e estes Juizes, reunidos, formavam a Casa dos 24. Por sua vez, os Juizes, depois de eleitos e empossados, elegiam um Presidente que era

chamadoJuiz do Povo, e um escrivao, ambos cor assento no Senado da Camara. Cada Gremio tinha o seu regulamento ou lei que se chamava

Compromisso, identico na sua finalidade aos das Irmandades religiosas de

leigos. Este Compromisso so podia entrar em execucao depois de exami- nado pelo Procurador da Coroa e aprovado pelo Rei. Desde entao come- cava vigorar sob a imediata fiscalizacao do Senado da Camara a que ficavam subordinadas todas as Bandeiras.

Durante o Reino de D. Sebastiao como Rei de Portugal, esses Gremios foram intensamente modificados e passaram a agregar-se a sodalicios re-

ligiosos, tomando por padroeiros ou padroeiras os Santos ou Santas sob cuja invocacao funcionavam estas instituicoes. E assim foram formadas as Bandeiras de Oficios mecanicos, unidos aos denominados homens bons e ao

povo, tomando parte dos negocios importantes da cidade sobre os quais foram consultados. Naturalmente, no Brasil, corn o advenimento incon- tenivel da gente de cor, principalmente em Minas Gerais, o mulatismo criava um status especial, porquanto os oficios cairam rapidamente nas maos dos mulatos, fato dos homens brancos considerar, novamente em Minas, indigno desempenhar qualquer atividade manual. Era uma tole- rancia imposta aos homens pelas circumstancias que aos poucos tambem se iam impondo no Rio, em Sao Paulo e no Nordeste.

Nao todos osoficios tinham bandeiras. Tanto uns como outros elegiam

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os seus Juizes para a Casa dos 24. Eram onze os que possuiam ban- deira: a de Sao Jorge, Sao Miguel, Sao Crispim e Sao Crispiniano, Nossa Senhora da Concei~ao, Nossa Senhora das Merces, Santa Justa e Santa Ifigenia, Sao Jose, Sao Goncalo, Senhora da Oliveira, e Senhora das Cadeias. A Bandeira de Sao Jose era formada por Pedreiros, Car-

pinteiros de Casas, Ladrilheiros, azulejadores, Carpinteiros de moveis, Marcineiros, Entalhadores e Violeiros. Houve, pois, representada uma

parcialidade musical nesta Corpora,cao, como estamos vendo. E desco- nhecido por nos, no momento, onde deveriam incorporar-se os organeiros e outros artifices de instrumentos musicais. Os Professores da Arte da

Musica, escultores e pintores formavam uma categoria superior a dos offcios.

E muito significativo que estas corporacoes eram incumbidas pelo Senado da Camara no decorrer das festas oficiais para brindar o que Mario de Andrade qualificou mais adiante de dancas dramaticas. Estes

espetaculos, financiados por determinados grupos sociais, eram espe- taculos muito extensos e muito apreciados pelo povo, realizados em terreiros amplos para facilitar a passagem de carros alegoricos, pito- rescos em extremo pela incorporacao da escravatura com o seu instru- mental e salpicados com numerosos elementos da zoologia do sertao, suas lendas e mitos. 0 ornato musical estava sempre presente, desde o infcio ate a conclusao do espetaculo.6

Como sabemos, a Sociedade Medieval que criou estes Gremios, se dividia em tres classes ou categorias, os Homens Bons, protegidos por todos os privilegios, a segunda dos Peoes, a que vulgarmente denomi- navam peregrinos ou plebeos que compunha-se dos oficios mecanicos, operarios e trabalhadores varios, e a terceira, denominada dos infames, que nao gozavam de direito algum, viviam humilhados, desprezados e afastados de todo convivio social. Era constituida de criminosos, judeus e homens de cor, fossem livres ou escravos, cristaos novos, mouros ex-

comungados, ciganos degradados, e outros. Pode-se avaliar ate que ponto o descobrimento do ouro e dos diamantes trouxe para o Bra- sil em pouco menos de cem anos uma total reversao social, impondo- se os mulatos, com a sua honestidade e dedicac;o ao trabalho, primei- ramente em classe tolerada porque se fez insustituivel, para mais tarde ascender a uma total independencia, na qual os mulatos muisicos, e mormente os compositores, ocuparam um lugar luminoso na hist6ria artistica do Brasil e do mundo. Ate que ponto eram severos os regula- mentos das corporagoes de oficios (e tambem os Compromissos das Irmandades de religiosos leigos), se depreende do seguinte: todo irmao, raca de mulato, mouro ou judeu, era expulso das Irmandades sem re- missao alguma e que o mesmo se entendia das suas mulheres, tendo

qualquer das acreditadas faltas. Nenhum aprendiz podia ser admitido a

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208 : Francisco Curt Lange

oficial sem ter quatro anos de pratica, e nenhum oficio podia ter mais de dois aprendizes, o que tambem modificou-se a vontade em Minas Gerais,

pela afluencia enorme de meninos vagos, abandonados ou 6rfaos que foram precisamente encaminhados para uma vida ordenada. Insisto nestes aspetos que geralmente nio se apreciam no seu verdadeiro al- cance. Tambem o mulato de Minas Gerais se achava continuamente

exposto a humilhacoes que somente pode vencer com firmeza e uma

permanente superacao. Para finalizar: um compromisso feito em 15 de outubro de 1709 para

a Bandeira de Sao Jose do Reino de Portugal, passou tambem, por Ordem Regia a servir mais tarde para a Bandeira de Sao Jose do Rio de

Janeiro, sendo registrado no Senado da Camara a 19 de agosto de 1752. Em 1801-1802, aparece uma despesa de 187$035 "feita por Joze An- tonio Lisboa . . . para a Bandra dos Oficios" e em 1809-1810 consta: "Da Bandeira recebida do Escrivao geral do Officio Joaquim de Sta Anna Soares" y 46$000. Nao achamos assentos anteriores como con-

tribuicio a Bandeira de Sao Jose no correr deste Livro de Receita e

Despeza. As respetivas Mesas se preocupavam tanto pela reparacao do ediffcio

e dos seus interiores como por inovaobes importantes. Em 1758-1759 se colocou uma "Cruz nova" e se reparou o telhado; em 1760, a Mesa resolve dar mais altura a Capela Mor e fazer-se tribunas, adiando para mais tarde a obra do retabulo; em 1767-1768 fala-se de uma nova obra na Capela por 1:158$123, sem especificar-se o carater da mesma; em 1772-1773 assentam-se na Igreja obras por valor de 181$692; em 1779- 1780 procediu-se a reforma da torre e re-edificaao da igreja, como tam- bem da pintura do teto da Capela, por 80$000; 1785-1791 iniciou-se a obra do altar mor por Ignacio Pinto e Joao Domingues Pereira, e em 1806-1807 comegou a obra da "nova Igreja", que se deu oficialmente

por concluida em 1816, embora se continuasse em 1817 por mais 8: 753$115 de despesas, chegando o gasto total bastante alem de 30:000$000. Em 1816, ano do falecimento da Rainha Maria I e da entronizacao de

Joio VI, o monarca fez uma visita a Sao Jose, ficando confusa a data. Se foi a 31 de dezembro deste ano, nao esta especificado. Entoou-se um solene Te Deum pela "nova Igreja", tendo "a muisica do Regimento acompanhado a procissao".

Ja em 14 de agosto de 1825 a Mesa resolve pedir um novo risco para a frente da Igreja por se achar defeituosa a primitiva fachada.

A Musica Na Igreja De Sao Jose

A ausencia de uma documentaiao correlativa, abandonada num chamado

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A atividade musical na igreja : 209

"Arquivo morto", a falta total de ventilacao e a ausencia de modernos sistemas para a guarda de papeis de inestimavel valor para a hist6ria de Sao Jose, ocasionaram em longos anos terriveis estragos, dando campo aberto h traca e ao cupim para satisfazer a sua voracidade a vontade. O unico livro parcialmente conservado e que mais informacao nos pode brindar foi o de Receita e Despesa, iniciado em 1746 e concluido em 1796. Livro de 428 paginas, se acha preenchido ate a folha 364, tendo ficado em branco as paginas restantes. Numerosas paginas iniciais, ate o ano 1752, aproximadamente, se acham de tal forma afetadas pela traca

que a sua leitura e virtualmente impossivel. A primeira folha legivel e a 26 correspondente ao periodo fiscal de 1752-1753 e supostamente, tanto a Receita como a Despesa.

Receita

Somente em raras ocasi6es poderiamos achar assentos que se referem a servi?os musicais, talvez como contribuiCoes voluntarias dos Irmaos para determinadas finalidades. Isto poderia ter acontecido, v.gr., quando se levou a efeito a compra de um 6rgao, como aconteceu na Ordem Ter- ceira do Carmo do Arraial do Tejuco. Se isto houvesse sucedido no caso de Sao Jose, nao poderiamos sabe-lo pela documentacao destruida. Tambem entrava nas areas da Irmandade dinheiro obtido por aluguel do seu 6rgao, como na Matriz do Pilar do Ouro Preto (de Vila Rica) mas neste caso juntava-se um ingresso por nos ainda desconhecido, o aluguel por toque dos sinos, explicado no respetivo capitulo. Achamos tedioso demais reiterar estes permanentes ingressos, pois correm abundante- mente entre os periodos de 1759-1760 e o fim do seculo XVIII, com breves interrupcoes que podiam ter significado a reparaciao do 6rgao, a falta de um badalo, a reposicao de uma porca ou a fundicao de um ou mais sinos.

Despesa

Devemos manifestar que nao poucas vezes resulta dificil demais a leitura deste setor da contabilidade. Como o assentamento das partidas passava de um tesoureiro para outro, apenas concluido o seu periodo, e efetuada a renovacao das autoridades da Mesa, ceder o seu posto a outro irmao es- colhido significava uma mudanca de caligrafia, das abreviaturas empre- gadas em nomes e objetos, complicando-se ainda mais pela incorreta trans- cricao de nomes e sobrenomes, seja por omissao, por excessiva familiari- dade com os involucrados, ou por preguica. Ate pode-se falar mutila-

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210 : Francisco Curt Lange

?oes dos nomes de alguns regentes e organistas. Tambem nao sempre foi correto o assento das despesas. Sabe-se que de forma alguma iam faltar os

pagamentos aos pretos timbaleiros e trombeteiros, que jamais faltavam na

porta da igreja para fazer ouvir seus estrondosos instrumentos destinados a dar aviso sobre a celebracao da Festa do Patriarca, mas os assentos de forma alguma foram regulares. Temos omitido a extracao de estes ele- mentos do Livro de Receita e Despesa por serem de menor peso na cita?ao dos gastos. Tambem deve tomar-se em conta que a classificacao, timballes e trombetas, timbaleiros e trombeteiros n5o significava atuacoes por separado, porem conjunta. Nos comecos os pagamentos nao ultrapassa- vam os 2$000 reis, mas ao correr dos anos chegaram a pagar-se, ja nos

comeqos do seculo XIX, ate 12$000:

1760-1761 Timballes que tocarao na porta (da igreja) 1$620

1771-1772 Paguei aos pretos de tocar 2$560

1774-1775 Dr? aos Trombeteiros 1$920

1818- Aos Timbaleiros 9$600

Tambem foi habito emprega-los para tocar os sinos. Curiosamente nunca se fala de alugar pretos para fazer funcionar os foles do orgao:

P'dr0 que se deo aos pretos p' ajudar dobrar os Sinos 460

Pelo que se deo aos pretos q' repicarao os Sinos 460

Negros que se alugarao pr vezes pa ajudar dobrar os Sinos e mais alguns servioes q'a Irmandade s6 nao podia fazer 13$300

Os toques de 6rgao para cerimonias de batizados e falecidos consti- tuiram tradi?ao durante um longo tempo. Cobrava-se a estes efeitos a

quantia de 640 reis. Ignoramos se a estes efeitos veio o organista titular ou algum suplente.

Nos assentos das partidas procedia-se com arbitrariedade, citando-se em longos trechos apenas Musica, Orgao, pudendo-se deducir, quando depois e novamente citado pelo nome um regente ou organista, que o vazio foi preenchido por eles. Esta pregui?a, que poderiamos qualificar de arbitrariedade nos assuntos, dificultou seriamente o nosso proposito de adir novos nomes de regentes, organistas, organeiros e fundidores de sinos ao vazio que ainda hoje prevalece no conhecimento dos que atua- vam no periodo colonial. Podemos dar aqui um breve exemplo:

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1752-1753 Do que se pagou ao organista (anualidade) 16$000

1753-1754 Dr0 que se pagou a Musiqua 20$000

1755-1756 Pello que se pagou a Muzica de todo o dia da Festa 20$000

Pello que se pagou a quem tocou o orgao 1$280

Ve-se que nao ha indicacao de nomes, o que se repete ao correr de todo o livro cor farta freqiiencia, faltando a contrapartida para os identificar, que seria o Livro de Recibos, neste caso desaparecido. Alguns assentos

por pagamentos aos organistas, quando se Ihes devia, por exemplo, dois anos seguidos, ultrapassam a quantia estipulada. As citamos e o leitor sabera compreender esta alteracao nos assentos. A insuficiencia de in- formacao ve-se neste caso:

1759-1770 Pello que se pagou ao Rdo pe Fr. pella Muzica no dia do

Santo 17$360

Falando de mutila6ces ou nomes insuficientemente registrados, po- demos mencionar o "Jose do Carmo", citado uma vez tambem como

"Joze do Carmo Torres", mas era "Jose do Carmo Torres Vedras". O Regente seguinte e citado muito familiarmente como "Portinho", cha- mando-se "Antonio Porto". Estas complementacoes foram possiveis porque podiamos cotejar tais insuficiencias corn o Livro de Recibos, iniciado em 1792.

Ha certas anormalidades, talvez somente aparentes, como no caso de uma despesa por aluguel de um 6rgao, pela quantia de 2$560, o que unicamente deve interpretarse como existencia de uma falha no instru-

mento-propriedade de Sao Jose. Este caso de emergencia parece ter-se

prolongado mais uns dias, porque no assento seguinte diz "idem de

Seg""' (seguidas?), que significaria que os 12$000 desta despesa se re- ferem a um prolongamento do aluguel deste orgao alheio a Irmandade de Sao Jose.

0 servico de muisica que compreendia a Novena e Festa do Santo (e somente nos comecos do seculo XIX a inclusao do Te Deum), oscilava entre 26 e 29$600 durante boa parte do seculo XVIII, mas estes paga- mentos subiram consideravelmente quando mais se aproximava o seculo XIX. Nao sabemos se responderam ao aumento do dispositivo coral e instrumental ou por devaluacao, que tambem em aqueles tempos che-

gava a manifestar-se, embora em grao bem menor ao que nos aflije hoje. Devemos acreditar na primeira hip6tese.

Page 13: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

212 : Francisco Curt Lange

Ha mais duas observagCes a fazer. Uma s6 vez se pagou a um Padre

por canto chato (1770-1771). Ha tambem um unico assento: pr Registo pa os Menor(es) que cantam as Ladainhas os Sabados

(1769-1770). Nesta ocasiao devem ter cantado meninos na tradicional

sabatina, que em Portugal e no Brasil dos primeiros tempos chamavam- se as "Ladainhas da Aurora".

Vamos extrair agora a relacao do que se registra em atividade musical durante a segunda metade do seculo XVIII e comecos do XIX. De 1797 em diante comeca um novo Livro de Receita e Despesa do qual nos interesa apenas o comego de uma nova epoca, a Imperial brasileira.

1752-1753 fls.26

Despeza que sefez corn afesta do anno 1753 D? que se pagou ao organista 16$000

1753-1754 fls.54

Despeza que sefez corn a Festa do anno 1754 Dr? q' se pagou a muziqua 20$000

1755-1756 fls.48

Despeza corn afesta do Sr' S. Joze Pello que se pagou a Muzica de todo o dia da Festa 20$000 Pello que se pagou a quem tocou o orgao 1$280

1757-1758 fls.57v

Despeza corn a festa Pelo que pagou a Muzica 28$800 Pelo que pagou ao Organista, Ordenado de dois annos 36$000

1758-59 fls.69

Despeza corn a Festa do S S. Joze, e Sagrado Laus perene Pelo que se pagou ao R.P. .Dr.M'e pela Muzica no dia do

S't 14$000 Pelo que pagou ao R. P. IgnacioJesus de tocar orgao 18$000 Despeza corn o off? que se mandou fazer pela alma da

nossa Irma Maria Ferra. Pelo que pagou ao R. P. Fran"' Pera para a Muzica 24$000

1759-1760 fls.72

Despeza corn a Festa do Sr' S. Joze Pello que se pagou ao Rd" P" Fr. Pella Muzica no dia do Santo 17$350 Pello que paguei ao Rd" pe Ignacio de Jesus de (acompa-

nhar) as Missas (da Irmandade) . . . ilegivel - -

Page 14: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

A atividade musical na igreja : 213

1760-1761 fls. 86v

Cor a Festa do Snr S. Joze Pelo que dey a Muzica 18$000 Pello q' dey ao R.P.' Ign? de Jesus de tocar o Organo 18$000

1761-1762 fls. ? [ilegivel]

Corn a Festa do Sn' S. Joze Pello q' paguey a Muzica no dia da festa 12$200 Pello q' se pagou ao Rd" Ign'" de Jezus Maria de tocar o

Organo 18$000

1762-1763 fls. 106

Despeza cor a Festa Dr? 18$000 rs q' paguei da Muzica para a festa e Laus

perenne ao Rd? P. Francisco Pereyra X"r 18$000 Dr? 18$000 r" se pagou ao Rd" P' Ignacio da Cruz

organista 18$000

Despeza cor o Sagrado Laus perenne efesta do Santo este anno 1764

por 18$000 r" ao R"" P' F"' pa Xr da Muzica 18$000

Ao Organista dofalecido Rd" Ign'? deJezus 300 e o Ldo Pitta 12$000 15$000

1764-1765 fls. 116

Despeza corn a Igre e Festa do Santo Dinheiro do Concerto do Orgao ao Felix Martins 8$400 Dinheiro ao Ld" Luis Ign? Pina de tocar o Orgao ...

vencido a 10 de Fevr? de 1765 19$200 Dinhr? da Muzica Antonio Barreto 18$000

1765-1766 fls. 123v

Concerto do Orgao 1$280

Despeza no dia de Sam Joze Ao Organista Manoel Ferreira da Cruz h' anno vencido 16$000

1766-1767 fls. 132v

Despeza cor a Festa Da Muzica ao Barreto 4$800 Ao organista Manoel Ferra da Cruz de hum anno 16$000

1767-1768 fls. 134 (?)

Page 15: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

214: Francisco Curt Lange

Ao Organista Manoel Ferreira da Cruz de hum Anno 16$000

(Nao se encontra um assento por despesa de musica)

1768-1769 fls. ?

Ao Organista M'" Frra da Cruz de 1 anno the 19 de Marco 16$000

1769-1770 fls. 160

Despeza corn a Festa P" Dro Rd" Pt Manel Paullista da Muzica 14$400 P" Dr? que pagou ao Rdo Pc Organista de hum anno

vencido em dia 16$000 P" Registo(?) pa os Menor (es) q' cantao a Ladainha os

Sabados 1$680

1770-1771 fls. 170

Despeza corn a festa do Snr Sao Joze P. Dr? que dei aos P.P.de Canto Chao 4$480 P. Dr? q' pagou a Manoel Ferreira da Cruz de hum anno

de organista vencido ao 9 de MI" de 1771 16$000

1771-1772 fls. 180

Despeza corn a Festa de S. Joze P1l q' paguei da Muzica 18$000

fls. 181v pl1 q' paguei ao organista de tocar na noute de Natal 640 plo q' paguei de Selario de hum anno ao organista 16$000

1772-1773 fls. 188

Despeza da Festa Dr? q' paguei da Muzica 18$000 plo q' paguei do Selario de hu anno ao Organista 16$000

1773-1774 fls. 198

Despeza corn a Festa Dr? que dei a Muzica 26$000

1774-1775 fls. 105

Cor afesta no dia de S. Joze Dr? da Muzica ao P. M. Bermeo [Bartolomeu de Lima] 19$200

1775-1776 fls. 212

Corn afesta no dia de S. Joze

Page 16: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

A atividade musical na igreja : 215

Dr? da Muzica ao Cantor Bartolomeu de Lima 19$200 Ditto Pe M"' Ferra de hum anno de Organista vencido a

15 de Agosto 16$000

1776-1777 fls. 222v

Corn afesta no dia de S. Joze Dr? da Muzica ao Capam Lobatto 19$200 Dr? ao P' Manoel Ferra da Cruz de l.anno de organista

vencido em 15 de Agt' de 1776-1777 16$000

1777-1778 fls. 228

Corn afesta no dia de S.Joze D?a muzica 19$200

fls. 228v D? ao Organista de hum anno vencido a 15 de Agosto de

1777 16$000

1778-1779 Cor afesta do Sr. S. Joze

Pello q' se deo a muzica 19$200 P" q' pagou ao organista Manuel Virra (Ferra?) de seo

Ordenado q' venceu a 15 de Agosto de 778 16$000

1779-1780 fls. 247v

Corn afesta no dia do S S. Joze este anno Pelo q' se deo a muzica de manha, e de tarde, ao todo 34$320

Corn os R R. Capelains, Orgao e Andador Pelo que pagou do Selario do Organista MC1 Ferreira de

hum anno que venceo a 15 de Agt" de 1779 que recebeo seu Ir. Clerico p' ele falecer 16$000

Pelo que pagou ao novo organista que entrou a 28 de Ag"' de 1779 do seu primr0 quartel que venceo a 28 de 9br" do d? anno 40$000

Pelo que pagou ao organista do seu 2? e 3? quartel que venceo a 28 de 9br" do prest' anno de 1780 80$000

1780-1781 fls. 250

Corn afesta do S' S. Joze Pello que se dey a Muzica de Manham, e de Tarde 44$560

Organista Ao organista do seu ordenado 20$000

1782-1783 fls. 265

Cor a Festa de S. Joze

Page 17: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

216 : Francisco Curt Lange

Aos Muzicos da .......... de tarde pr ordem doJuis 43$120

Organista Dr? a Vicente Miz' Cord0 de tocar o Orgao de um anno,

e meyo athe 26 de 9br? 24$000

1783-1784 fls. 274

Despeza corn a Festa Da Muzica a SalvorJoze 35$600

Despeza cor os RR P', Andador e Organista Ao Organista Vicente Miz' Pinheiro (Cordeiro) 12$000

1784-1785 fls. 281v

Despeza com a Festa A Muzica 38$800

Despezas corn os RR Ps, Andador e Organista Ao Organista Vicente Miz' Cord0 16$000

1785-1786 fls. 281

Despeza corn a Festa A Muzica 25$600

fls. 281v

Despeza com os RR PP' Capelaens, Andador e Organista Ao Organista Vicente Miz' Cordeiro 16$000

1786 (1787) fls. 283

Despeza com a Festa A Francisco Antonio da Costa da Muzica 35$600

Despeza corn os R. R. Capelaens A ndador e Organista Ao Organista Vicente Miz' Cordeiro d? 15$000

1786-1787 fls. 293

Despeza com a Festa A Francisco Antonio da Costa da Muzica 25$600

Despeza corn os R. R. Capelaens Andador e Organista Ao Organista Vicente Miz' Cordeiro d? 15$000

1787 (1788) fls. 301

Despeza con a Festa A Joaquim S. Gomes da Muzica 51$200

fls. 302 Ao Organista 16$000

1787 (1788) fls. 306

Page 18: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

A atividade musical na igreja : 217

Despeza cor a Festa Ao Rdo Pc Francisco da Cruz Soares da Muzica 51$200

Despezas cor o A ndador, e Organista Ao Organista Vicente Miz' Cordeiro 120$000

Nota: este assento parece estar totalmente errado.

1789 (1790) fls. 311

Despeza cor a Festa A Joaquim Bernardo da Muzica 57$600

Despeza cor o Andador, e Organista Ao Organista Vicente Miz' Cordr0 15 mr 200$000

1791-1792 fls. 316

Despeza cor a Festa Ao R'" pe Fran"C Xavier da Muzica, de novena e festa 64$000 Pello que pagou ao Organista Vicente Miz' de Carv? de

21 de Nobr? de 1790 20$000

Despeza cor a Igreja e Cazas Dr? que paguei a Muzica dos Sermoes da quaresma 8$000

1792-1793 fls. 322v

Despeza cor a Festa Musica dos dois annos 92$160

1793-1794 fls. 334

Despeza cor a Festa Muzica 513$200 Muzica 680$000

fls. 334v Ao Organista Vicente Miz' Cordr0 do seo ordenado q' teve

principio em 21 de Nbr? de 1792 te 18 de Mayo de 94 240$000

1794-1795 ls. 344

Despeza corn afesta Muzica 68$000

fls. 344v Andador e Organista

Pello q' paguei ao Organista vencido em . . the 25 de Fevereiro de 1795 140$400

1795-1796 fls. 349

Despeza corn a Festa

Page 19: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

218 : Francisco Curt Lange

Ao Organista por tocar o Orgao na Missa do Misterio 640 Pela Muzica da Novena e Festa 68$800

fls. 351 Pelo que pagou ao Organista por tocar o Orgao nas

Missas da Irmandade nos Domingos, Dias Santos, e

Sabados, contra pagamentos iguais, athe 21 de Fevereiro de 1797 14$400

1796-1797 fls. 355

Despeza cor afesta no dia do Santo Patriarca Pelo que pagou a Joze d'Oliveira pela Muzica de Novena

e Festa 680$000 fls. 356v

Despezas corn Ordenados Ao Organista de 1 e 2 anno de seo ordenado vencido em 21

de Fevr? de 1796 190$200

Inicia-se aqui o novo Livro de Receita e Despeza.

1797-1798 fls. 4

Idem no dia da Festa a 19 de Marco Idem da Muzica, p' a d' e Novenas 78$720

Despeza cor o organista Vicente Alz' Cordeiro 1 Quartel vencido em 21 de Mayo de 1797 4$800 2? dito vencido em 21 de Agosto 5$600 3? dito vencido em 21 de 9br? 5$600 4? dito vencido em 21 de Fever0 de 1798 5$600 5? dito vencido em 21 de Mayo 5$600

27$200

1798-1799 fls. 11

Despeza corn o Organista Vicente Alz' Cordeiro de 1798 0 Primeiro Quartel vencido em 21 de Agosto de 1798 5$600 O Segundo Quartel vencido em 21 de Novembro do d? 5$600 0 Terceiro Quartel vencido em 21 de Fevr? de 1799 5$600

fls. 17

Despeza que sefez corn a Festa de S. Joze Muzica do dia da festa 46$400

1799-1800 fls. 25

Despeza corn a Novena, e dia da Festa de Nosso Glorioso Santo A Joze Ferreira de Souza pla Muzica das Novenas, e Festa

de todo o dia 78$040

Page 20: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

A atividade musical na igreja : 219

1800-1801 fls. 29 e 30

AJoze Ferreira de Souza, pla Muzica das Novenas, e dia 64$640 A Vicente MZ Cordeiro, pr tocar o Orgao nas Missas da

Irmd' nos Sabados, Domingos e Dias Santos 22$400

1801-1802 fls. 34

Corn afesta de S. Joze Pela Muzica em as Novenas, e dia inteiro 79$960

Corn a Festa da Fuga de N. Sn' Pela Muzica no dia inteiro 42$840

1802-1803 fls. 39

Corn a Festa de S. Joze Bonifacio Glz' da Muzica das novenas e da festa 89$600 Com a festa da Fuga de N. Snra a Manoel Roiz Sa pela

Muzica 32$000 Hum anno de Selario ao Organista Vicente Martins

Cordr0 vencido em 21 de Fevr? de 1803 22$400

1803-1804 fls. 49

Despeza cor a Festa Ao MuzicaJose do Carmo 101$800 Idem ao Organista 22$400

1804-1805 fls. 58v

Corn a Festa de S. Joze Idem ao Muzica em Dinheiro 2$560 Idem ao Organista 11$200 Idem aos muzicos 101$800

1805-1806 fls. 66v

Corn a Festa de S. Joze Ao Organista d' 6 Mezes vencidos em 21 d? 11 $200

Nota: Nao ha assentos por despesa em musica. Foi transportada a im-

portancia ao ano seguinte.

1806-1807 fls. 69v

Cor a Festa de S. Joze Idem ao Organista 17$200 Idem a Muzica da festa e Novenas 51$400 A Joze do Carmo pela Muzica das Novenas e Festa 39$680

Page 21: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

220 : Francisco Curt Lange

A Vicente Miz' Cordeiro de 1 a? de Organista the 31 de

Mayo de 1808 25$600

1808-1809 fls. 87

Corn a Festa de S. Joze A Joze do Carmo Torres pela Muzica das Novenas e Festa 44$800

fls. 89 A Vicente Miz' Cordeiro 1 a? de Organista the 31 de

Mayo de 1809

1809-1810 fls. 100

Despeza com a Festa Idem a Joze do Carmo Torres pela Muzica das Novenas e

Festa 44$800 fls. 101

Idem ao Organista Vicente Miz' Cordeiro do seu Ordenado 25$600

1810-1811 fls. 116

Despeza corn a Festa Da Muzica aJoze do Carmo 68$520

fls. 116v Do Organista 25$600

1811-1812 fls. 126

Despeza da Festa Muzica da Novena e Festa ajoaquim Mariano 77$940 Do Organista 1 anno the 31 de MF" 1812 25$600

1813 fls. 134v

Da Festa em seu Competente Dia Muzica da Novena, e festa aJoaquim Mariano 77$940

1814

Despeza da Festa de nosso Santo Patriarca So Jose em o seu

competente Dia Muzica para a Festa e Te Deum 106$480

Que paguei ao Organista 25$600

1815 fls. 151

Da Festa em seu Competente Dia Muzica para a Festa e Te Deum 106$480

Page 22: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

A atividade musical na igreja : 221

Ao Organista desde 1? de Abril de 1814 athe 31 de Mar?o de 1815 25$600

1816 fls. 162v

Pella Muzica aJoze do Carmo 84$400 Pela ametade do importe da Muzica do Rigmt" de acom-

panhar a porciaio 28$000 Despeza que sefez corn a vinda de S. R. Mge a esta Igreja

A Joze do Carmo pello Te Deum a 31 de Dezembro de 1815 30$280

Despeza da Festa de nosso Santo Patriarca Sam Joze em o seu comp'e Dia

Pella Muzica da Novena, Missa, e Te Deum a Joze do Carmo Torres 66$ 160

fls. 163 Selario a Vicente Miz Cordr0 de Anns ao Organista 26$600

1817 fls. 172v

Da Festa de Nossa Santo Patriarca em seu Dia Idem de Muzica ao Portinho 70$000 Ao Organista de quarteis the fim de Marco de 1817 26$600

1818 fls. 184

Da Festa em 26 de A bril de 1818 de Nosso Patriarcha S"'1 Joze A Muzica 94$680 D? do Organista athe 30 deJunho 28$860

Orgaos e Sinos

Orgaos e Sinos receberam uma permanente atencao, ainda mais porque procedia-se a aluga-los para serem tocados em acontecimentos particu- lares, o que representava uma entrada permanente. Mas tambem cui-

dava-se, de acordo com as instrucoes dadas pelo Vaticano ou o Bispado local, o regulamento para os toques. Em 1761 assinou termo a Irman- dade do Santissimo da Se pela meiagao dos sinos corn a Irmandade de Sao Jose; em 1761, novamente, a Irmandade de Sao Jose requer a El Rei certidao da Ordem regia expedida ao Governador sobre o uso dos sinos (Despacho de 22 maio de 1760), dando-se ainda entrada a Ordem

regia dirigida ao Governador para que "informe se o Vigario pertende o uso util do toque dos sinos excedendo as suas Ordens".

Tanto o Orgao como os sinos, para poder serem tocados, o Padre Sacristao Mor estava obrigado a cobrar por este servico, e em Ordem

Page 23: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

222 : Francisco Curt Lange

expressa se Ihe notificou "que nada fizesse gratuito, salvo por determi-

nacao de toda a Mesa". E continuou esta instrucao "Que o sino grande se dobre quando falecer algum Irmao, e os miudos para quem quiser, pagando. Que havendo tal pessoa que queira signal cor o Sino grande, pagara 6$400 e sendo dobres para Officio pagara 12$000, que falecendo

algum Prelado, Governador ou pessoa notavel, dobrarao todos os sinos". Pelo toque de 6rgao cobrava-se 640 reis, fosse para um batizado ou

para um defunto, maior ou anginho. No Rio de aqueles anos as epide- mias segavam a vida dos recem-nascidos ou de curta idade, como pode apreciar-se atraves de determinados periodos nos assentos do setor Entra- das do Livro. E deve ter-se em conta que somente a gente de recursos en- contra-se registrada aqui, mas nenhum dos milhares de pobres afetados

pela febre amarela, a malaria ou a peste bub6nica se achavam em condi-

o;es de fazer erogaCoes da natureza aqui citada. Nao se cobravam estes

serviCos quando se tratava de um dignatario ou pessoa de distincao vin- culada a Irmandade ou Irmao da mesma:

1776-1777

Agosto 16 Orgao de um Baptizado do Sr Dr. Jose Velho - - 8br? Toque de orgao a hum baptizado da Casa da May

do Sr Bispo 9br? hum anginho de Ir. Manoel Ruiz, cova, sinos e orgao - -

Nao inserimos a nutrida rela;ao dos ingressos obtidos por alugueis pela reiteraao e monotonia que representaria, roubando espa;o a inforrmaoes mais importantes.

Despesas corn o Orgao

Ignora-se a data em que foi adquirido este instrumento, nem os recursos sonoros dos que dispunha. Depreende-se, tendo em conta a vida efemera dos 6rgaos nas regi6es tropicais, que deve ter sido robusto e aparentemen- te, o cuidado muito esmerado.

1758-1759 Pelo que pagou ..... .(Pelo concerto) do org5o 3$200

1764-1765 Dinheiro do Concerto do Orgao ao Felix Martins 6$400

1765-1766 Concerto do Orgao 1$280

1773-1774 Dr? q' paguei pelo concerto do Orgao 16$800

Page 24: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

A atividade musical na igreja : 223

1785-1786 Concerto do Orgao 16$000

1791-1792 Idem (Dr?) que paguei aJoao Alberto Alz' Pera de

concertar o Orgao da Igreja 36$800

1798-1799 Concerto do Horgom 4$000

1799-1800 Pelo que dispendeu no Concerto do Orgao 3$200

1801-1802 E no concerto do Orgao 12$800

1803-1804 Idem concerto do Orgao 3$200

1817-1818 Concerto do Orgao 9$760

Sobre o dispositivo deste instrumento nao temos a menor informa?ao, como ja temos remarcado. Possivelmente foi instalado antes de 1752. Nao apareceu o Livro de Inventarios nem outra documentaaio a data

citada, tendo-se salvado apenas o que teve comeco em 1792. Em 1829

registra-se "1 OrgSao no Coro, desconcertado", e no Inventario de 1848, "hum 6rgao no Coro", que deve ter sido o instrumento novo.

Os organistas que serviram em Sao Jose tiveram uma prolongada atuacao, com execao de algumas intervencoes de gente de fora,- talvez por doenca,- ou impedimento dos titulares. A sua anuidade representava 16$000. A sua obrigacao no perlodo que nos foi possivel comentar, con- sistia em "acompanhar a Missa, e assistir aos dias Santos, Festivos, Sa- bados e Domingos".

A relacao dos organistas e a seguinte: Padre Inacio de Jesus Maria, possivelmente antes de 1752 ate a sua

morte em 1762; Padre Manoel Ferreira da Cruz (1765-1772); Vicente Martins Cordeiro (quem logo aparece como Vicente Alves Cor-

deiro, seguramente por erro da pessoa incumbida da contabilidade), atuando de 1779 ou 1780 ate 1817, sem mencao de nome, por simples preguica de assenta-lo.

Francisco da Luz Pinto, sirvindo do 1817 em diante. O que constitui uma enigma e o repert6rio utilizado nao apenas pelos

organistas brasileiros como tambem pelos hispanoamericanos no periodo colonial, do qual nao foi possivel resgatar uma s6 folha escrita. 0 mis- terio ainda aumenta pensando-se nos 6rga.os estremendamente potentes

Page 25: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

224 : Francisco Curt Lange

e de multiplos recursos como os das Catedrais de Mexico Capital, e

Puebla, do Peru, Ecuador, Colombia, Guatemala, e no caso do Brasil, dos de Sao Jose del-Rei (Tiradentes) e principalmente do Schnitger de Mariana. Porque nao foi possivel achar uma so peca para orgao do Jose Joaquim Emerico Lobo de Mesquita que foi declaradamente organista? Empregava-se exclusivamente a improvisacao no acompanhamento da

Missa, do Oficio e nas demais obras destinadas a Liturgia? Ou para ser ainda mais preciso, rutinaria? A pergunta fica aberta.

Despesas cor os Sinos

Os sinos foram objeto de permanentes cuidados porque os seus sinais

sonoros, o seu repique significavam para o povo da respetiva freguesia um sistema de comunicacao vital e que ainda hoje, em certas cidades como Sao Joao del-Rei possui grande importancia na sutileza do empre- go de sofisticados avisos a popula(ao, que enriqueceram os prescritos pelos hoje arcebispados.

1775-1776 Concerto de um badalo, e hua chave pa a Igreja 800

1793-1794 2 Sinos novos que se fizerao 282$010 Idem q' paguei a hum Marinheiro [Marcineiro?] de por

os Sinos 2$160

1794-1795 Do Concerto do Vadalo do 2? Sino 640

1795-1796 Pelo que se dispendeo com a Metade de duas garridas que de

novo se fundirao por Pedro Ribeiro Frances 16$320 Por 12 bragas de Cordas, pa toque dos Sinos 2$800 D? de Cordas para os Sinos 280 D? de fundiiao da Garrida grande 400$473 D? ao ferreiro de preparar a ferrage do mm? 440 D? ao Carpinteiro meio dia pa o m"m 240 D? da fundigao da Garrida pequena 120$000 d? de 4 Las de Cordas pa o Sino 320 Nota. aparece na Receita a entrega pelo Tezoureiro da Irmandade do Santissimo Sacramento a contribui(ao da metade do custo da fundicao da garrida grande e da pequena num total de 260$755.

1796-1797 6 Bragas de Cordas para o Sino 1$200 1 Couro pa amarrar os Badalos do Sino (dos Sinos ?) 1$200

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A atividade musical na igreja : 225

Por 12 Bra?as de Cordas pa toque dos Sinos 2$800

1799-1800 Pelo dispendio no emporte do Sino pequeno, novo, com o

abatilnento de velho 9$930 E na porca, chumbo e ferragens 12$725

1800-1801 Cor a Reforma de tres Sinos, pa a Torre, feita esta Despa

entre a Irml'do SS. Sacramento, e a de S. Joze corn a conduiao dos Sinos ao Trapiche p' se pesarem antes, e depois 3$900

Cor duas arrobas de estanho fino a 12$800 25$600 Cor 8 arrobas de Cobre, a 4$640 37$120 De feitio em 54 ar e 8 L"a a 4$640 217$000 De ferrage para os ditos 30$800

328$700 Metade pelas duas Irmandades 151$350

1802-1803 Desaseis L" de corda pa os Sinos 1$880 Por 12 brapas de Corda de Linha pa os Sinos 2$200

1803-1804 Idem para arear o Sino 640

1806-1807 De fundir aJoao Batista 27$150 De ferraje da Porca a M'l J' Teixeira 6$400 De 2 dias a 1 Carpint"' de acertar a porca 1$400 De pintar a mma 1$280 De Pregos e Cordas 370

36$600

1817 D? do Badalo de hum Sino 15$000

Para finalisar, deve esclarecer-se que os ingressos por conceito de

toques de sinos ou (e) orgaos, comprendiam as despesas pelos pretos de tocar os primeiros. Em troca, nunca encontramos despesas pelos que levantavam os foles. E bem possivel que os organistas tivessem que for- necer o seu (ou seus) escravos, no segundo caso se se tratava de um ins- trumento de porte maior.

No Livro de Inventarios constam em 1792 "Sinos da Irmandc de S.

Joze e do SS. Sacramento", em 1803 3 Sinos na Torre e em 1842 ape- nas dois Sinos.

LIVRO DE RECIBOS 1797-1864

(Revisado apenas ate 1826)

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226 : Francisco Curt Lange

1798 fls. 2

Recebi do Snr. Manoel Ramos Maia como Thezoureiro atual da Irman- dade de S" Joz6 desta Cidade a quantia de 78$720 inporte da Muzica da festividade do mesmo S'" no Anno de 1798 a saber trinta e dois milreis da Missa cantada, vinte e oitomil, e oito centos, das Novenas, Dezacete mil, nove centos e vinte, du dia a noite, e por ter recebido da mao do d? Snr Ihe pacei este p' sua clareza por mim feito e asignado Rio de Janeiro em 21 de Marco de 1798 a'.

Sao 78$720 r' Antonio Fran"' Franca

1799 fls. 10

Repete-se a asignatura do mesmo regente por 46$400, Rio de Janeiro, 9 de Abril de 1799.

fls. 10v R"' do Snr Manoel Ramos Maya como Thezour0 da Irmandade do S' S.

Joze coatro mil reis do Concerto do Organo q' o preparei e por estar

pago, e satisfeito pasei este pd clareza do d? Sr.

Saio 4$000 r' Rio deJaneiro, 20 de Abril de 1799.

Joao Alberto Ale ... Pera

1800 fls. 13

Recebi do P' Antonio de Olivra Baptista como Thezoureiro actual da Ir- mand' de S. Joze desta Cid" a quantia de Setenta, e oito mil, e quarenta reis procedidos da muzica, p" a mesma festividade e pr estar pago, e satis- feito pasei este p' mim feito, e asignado Rio de Janr" 20 de Marco de 1800.

R` Sao 78$040 Joze Ferreira de Souza

Repete-se a asignatura deste regente duas vezes, em fls. 17 e 18 pelas quantias de 64$640, do 22 de Abril de 1801, e 79$960, a 12 de Marco de 1802.

1801 fls. 16

Recebi do Snr Manoel Joze Teixr' como Tizoureiro atual da Irmd' sento e trinta e tres mil e trezentos reis procedidos de tres Sinos, que fondi,

digo de feitio dos tres Sinos q' fondi, para a m"'' Irmandade e por asim ser Verdade Ihe pacei o presente por mim feito e asignado.

Rio deJanr0 30 de Marco de 1801 a'

Joze de Mendoza Sao 133$300 r'

1802 fls. 17v

Receby (d)o S' Miguel Vicente da Silva como Thezoureiro actual da

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A atividade musical na igrea : 227

Irmandade d S. Joze desta Cidade a quantia de quarenta e dois mil e oito centos e quarenta procedidos da muzica que dirigy da festa q'fas a mesma Irmandade da Sra do Egito e por ser verdade Ihe pasei este por mim feito e asignado. Rio de Janeiro o 14 de Julho de 1802.

Manoel Roiz' da Silva Sao 42$840

Repete-se a mesma festa pelo regente mencionado e a mesma quantia em 1803.

fls. 20 R" do Sr Miguel Vicente da Sa de Tizr? da Irmande de S. J' desta cid'

aq'" de nove mil e seis centos reis de asistir as novenas e duas festas da mm" Irmd' cor os tronveteiros da porta da mma Igra e por verde passei o

prez' som"' por mim asignado com o signal de uzo q'he hua crus Rio de

Janr? 14 de Agosto de 1802. Sao9$600 Joaq"' Coelho

Nota: os recibos subseguintes foram assinados pelo mesmo, Manoel Perei-

ra, Jose Dutra eJo5o de Roza, ate 1823.

1804 fls. 25

Recebi do Senr Manoel Joze Guimaraens, como Tizoureiro atual da Irmandade do Glorioso S. Joze a quantia de oitenta e nove mil e seis centos pella Muzica de toda a festividade q' dirigi na mesma Igreja do S0t e festa propria e por ter recebido esta quantia passo este por minha letra e

signal. Rio deJanr0 aos 22 de Marco de 1804

Sao 89$600 Joze de Carmo Torres Vedras

Este regente dirigiu ainda nas seguintes datas, recebendo as quantias aqui especificadas:

21 de Marco de 1806 204$800 rs 20 de Marco de 1807 51$200 rs 31 de Marco de 1808 39$680 rs 25 de Marco de 1809 44$800 rs 20 de Marco de 1810 68$520 rs 20 de Marco de 1814 106$480 rs 25 de Abril de 1815 106$480 rs 17 de Abril de 1816 150$560 rs

1803 fls. 30

Recebi do Sr Fran"' Ferreyra Machado como Thezoureyo atual da Ir- mandade de Sao Joze desta Cidade oitenta e nove mil e seiscentos rs do

emporte da Muzica e Novena festa de Missa e Tedeo de tarde e para constar pasei o prezente por mim fejto e asignado

Rio 23 de Marco de 1803 Sao 89$600 r' Bonifacio Glz'

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228 : Francisco Curt Lange

1816 fls. 47v

Recebi do Sr Ignacio da Sa Mello Tezour0 da Irmand' de S. Joze a quantia de vinte cinco mil e seis centos reis de hum anno de organista vencendo Vicente Martins Cordeiro desde o pr? de Abril de mil oito centos e quinze athe o ultimo de Marco de mil oito centos e desaseis e por ter recebido a da quantia como organista que sou e ter tocado no impedimento do d? Vicente pr ter falecido passei o prezente pr mim feito e asignado Corte do Brazil.

17 de Abril de 1816 Sao 25$600 Fc" da Luz Pinto

Nota: Desta data em diante incumbiu-se este organista da funcao de

organista permanente. Alguns pagamentos por musica deste periodo tiveram as seguintes cara-

teristicas: 1818, 94$960; 1820: 106$680; 1820 (1821): 116$260; 1824:

120$000; 1825: 124$000; 1826: 124$000. Nota: 0 organista Vicente Martins Cordeiro assina recibos, sempre por 25$600, desde a folha 1, de 16 de Dezembro de 1797, at6 Maio 1, de 1815.

1812 fls. 41v

Recebi do Sr Ajudante Manoel Joaqm de Almda Bastos como Tezoureiro da Irmande de S. Joze setenta e sete mil nove sentos e quarenta reis pro- cedidos da muzica que regi de Novena e Festa somtw de manha e por estar pago e satisfeito passei este por mim feito e asinado Rio de Janeiro 22 de Marco de 1812.

Sao 77$940 Joaquim Marianno da Sa Director de Muzica

Repete-se a atuacao deste Diretor a 20 de Marco de 1813 por 77$940.

1817 fls. 49v

Recebi do Sr Joze de Miranda de Carv? como Thezoureiro da Irmandade de Sao Joze a quantia de setenta mil reis procedido de Novena, Feste e Te Deum q' deregi no anno 1817 e por verdade passei o prezente.

Rio deJaneiro 6 de Abril d' 1817 Sao 70$000 Antonio Porto

1818 fls. 50

Recebi do SrJoze de Miranda Carvalho a quantia de dose mil e oito centos reis de dous Quarteis de Organista de S. Joze vencidos no ultimo de Junho de mil oito centos e desoito, e p" clareza passei o prest".

Sao 12$800 Rio de Janeiro 12 de Agosto de 1818

O P' Joao Camelo Ptoe Castro Este organista ainda percebe emolumentos em fls. 51 e 51v pela quantia de 6$400 e 12$800, com datas de 8 de outubro de 1818 e 14 de fevereiro de 1819.

Page 30: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

A atividade musical na igreja : 229

1820 fls. 53

Recebi do Snr' Manoel Joze Ferra como Thez"' da Irmd' de S. Joze a

q' de trinta e dous mil r' procedidos de hum anno q' se venceo no ultimo de Junho procedidos de tocar Orgam nas Missas da mma Irmde pr estar

pagadas satisf" passei o prez' pr mim feito e asignado. Rio 30Junho de 1820

Sao 32$000 Manoel Fell" da Assumcao Continuam os pagamentos para este organista em 30 deJunho de 1823 32$000 r" 30 deJunho de 1824 32$000 r' 21 de Marco de 1825 24$000

1822 fls. 55

Recebi do SnrJoao Mendes Ferreira Ramos, Thezoureiro da Irmandade de S. Joze, cento vinte mil e dez reis, importancia da Muzica p' Novena festa e Te Deum, do mesmo Santo; pa sua clareza passei o prezente por mim feito e asignado Rio de Janeiro 20 de Margo d' 1822.

Sao 120$010 Joao dos Reis Per;'

1826 fls. 60

Recebi do S'Joao Mendes Fr' Ramos como Thesoureiro actual da Ir- mandc de S. Joze a quantia de sento vinte mil e des r" procedidos da Muzica q'dirigi p' (a) Novena Festa e Te Deum do m'"" St' e por ter recebido passei este por mim feito e asignado.

Sao 120$010 rs Fran"' M'l da S"

(Francisco Manoel da Silva)

Nomes De Regentes, Cantores, Organistas, Organeiros e Fundidores de

Sinos

Regentes Padre Manoel . . . (1758-1759) Francisco Pereira (1758-1759) Padre Frei Fr (ancisco) (1758-1761) Padre Francisco Pereira Xavier (1762) Antonio Barreto (1764-1767) Padre Manoel Paulista (1769-1770) Bartolomeu de Lima (1774-1776) Capitao Lobatto (1776-1777) Salvador Jose (1783-1784) Francisco Antonio da Costa (1786-1787) Joaquim S. Gomes (1787-1788) Padre Francisco da Cruz Soares (1788-1789) Joaquim Bernardo (1789-1790) Padre Francisco Xavier Pereira (1791-1792) Jose de Oliveira (1796-1797) Antonio Francisco Franca (1798-1799)

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230 : Francisco Curt Lange

Jos6 Ferreira de Souza (1799-1802) Manoel Rodrigues da Silva (1801-1803) Bonifacio Gon?alves (1803-1804) Jose do Carmo Torres Vedras (1804-1816) Antonio Porto (1817) Jose Marianno da Silva (1812-1813) Joao dos Reis Pereira (1823-1825) Francisco Manuel da Silva (1826)

Organistas Padre Francisco de Jesus Maria (1758-1764) Licenciado Pitta (1762-1765) (Vide Luis Inacio Pina) Padre Manoel Ferreira da Cruz (1768-1781) Luis Inacio Pina (seria o Licenciado Pitta?) 1764-1765 Vicente Martins Cordeiro (1782-1817) Manoel Feliciano da Assumcao (1820) Joao Camelo Pinto e Castro (1818-1819) Francisco da Luz Pinto (1817-1818), 1821 ate 1830, aproximadamente.

Organeiros Felix Martins (1764-1765) Joao Alberto Alz' Pereira (1791-1792)

Cantores Bartolome de Lima (1775-1776) atuou uma so vez.

Fundidores de Sinos

Jose de Mendoza (1801) Fundidores de Ferro para complementar os Sinos

Pedro Ribeiro Frances (1795-1796) Joao Batista (1806-1807)

Ferreiro Manoel Jos6 Ferreira (1806-1807) Nota: Deve-se ainda explicar que nos convenios ou contratos entre um

regente de um conjunto e a Mesa da Irmandade nao se apresentava, e menos ainda se registrava, a lista dos cantores e instrumentistas que integravam o conjunto ou corporacao. S6 acidentalmente aparecem desta forma alguns professores por ter servido numa so ocasiao. Alias, Bar- tolomeu de Lima, cantor, atuou de regente (1775-1776), alem de cantor. Tambem se deu como primeiro sobrenome o de "Alz" (Alves), segura- mente por erro.

Para um melhor conhecimento da sucessiva erecao das Igrejas do Rio

de Janeiro, durante os seculos XVI e XVII, inserimos aqui a nomina

delas:

1. Igreja de Sao Sebastiao do Castelo, edificada em 1567. Foi a pri- meira Matriz que teve o Rio de Janeiro. Servia de Se e de Prelacia do

Bispado at6 1734. 2. Igreja de Nossa Senhora do Bor Sucesso da Santa Casa da Miseri-

cordia, edificada em 1567. 3. Igreja do Bor Jesus dos Perdoes. Edificada no Castelo pelos Jesuitas

Page 32: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

A atividade musical na igreja : 231

cm 1567. Era Capela do Respetivo Colegio. Foi mais tarde fechada e anexada ao Hospital de Sao Zacarias, pertencente a Santa Casa da Misericordia.

4. Igreja da Catedral Metropolitana. Edificada pelos Carmelitas em 1590. No anno 1808, o Principe Regente, mais tarde D. Joao VI, elevou-a a categoria de Capela Real, passando a ser a Capela Imperial quando se proclamou a Independencia do Brasil. Foi antes de 1808 a Igreja do Carmo.

5. Igreja de Nossa Senhora de Montserrate do Mosteiro de Sao Bento, edificada em 1590.

6. Igreja da Virgem Martir Santa Lucia, edificada em 1592. 7. Igreja do Glorioso Patriarca Sao Jose, ereta como Capela em 1608. 8. Igreja do Convento de Santo Antonio, ereta em 1608 e a dos Frades

Menores. 9. Igreja de Nossa Senhora da Penha, ereta em 1613.

10. Igreja de Santa Cruz dos Militares, ereta em 1623. 11. Igreja de Sao Bento em Camorim, Jacarepagua, pertencente ao Mos-

teiro de Sao Bento, sob a Invocacao de Sao Goncalo, ereta em 1625. 12. Igreja de Nossa Senhora do Desterro, Guarativa, ereta antes de 1629. 13. Igreja de Nossa Senhora do Desterro, que se acha no Convento de

Santa Teresa. Foi ereta antes de 1629. 14. Igreja de Nossa Senhora da Conceicao, do antigo Palacio Episcopal,

ereta em 1634. 15. Igreja de Santo Antonio do Engenho da Pedra, ereta antes de 1638. 16. Igreja de Nossa Senhora da Penna, em Jacarepagua, ereta antes de

1644. 17. Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentacao, de Iraja, tambem

ereta antes de 1644. 18. Igreja Matriz de Nossa Senhora do Loreto, de Jacarepagua, tembem

em 1644. 19. Igreja de Nossa Senhora do Parto, ereta em 1653. 20. Igreja de Nossa Senhora da Gloria do Outeiro, ereta em 1671. 21. Igreja Matriz de Sao Salvador do Mundo, de guaratiba, ereta em

1676. Foi mais tarde reconstruida, sob a mesma invocacao, em outro terreno.

22. Igreja Matriz de Sao Thiago, de Inhauma, ereta antes de 1684. 23. Igreja de Sao Roque, em Paqueta, ereta antes de 1684. 24. Igreja do Santissimo Sacramento, ereta a 1? de abril de 1816, e inau-

gurada solenemente, a 4 de junho de 1820. Esta foi a substituta da

Freguesia de Sao Sebastiao. Nao se acham aqui incluidas algumas igrejas conventuais como a do Car-

mo, etc.

Inventario de musica achada

Predominou na mentalidade dos poucos familiarizados cor as pesquisas

Page 33: A Atividade Musical Na Igreja de São José Do RJ

232 : Francisco Curt Lange

musicais a idela de que a musica se achava geralmente nas Igrejas. Deve

explicar-se que o subministro de musica se fazia por contrato, verbal ou

escrito, com determinados regentes que capitaneavam o seu grupo ou a sua corporacao de musicos; estes faziam os ultimos ensaios, si eram

necessarios, na propria igreja para a qual levaram a sua musica tambem no dia da festa, retirando-a consigo apenas acabada esta para reintegra- la ao arquivo particular do maestro ou ao da corporacao, propriamente.

So achamos uns poucos cadernos de musica impressa, desfalcada e muito atacada pela traca: Mozart's Masses with an Accompanimentfor the

Organ, arrangedfrom thefull score, by Vincent Novello, organist to the Portuguese Embassy in London. London, Published by Jos. Alfred Novello, 69, Dean(?); 389, Broadway, New York. A critical Notice / Mozart's Twelfth Mass, Extracted from the Papers on Mozart's Masses in the "Musical Times," by Edward Holmes.

Este material se compone apenas de um volume de Gregorian Hymns, e de 2 Bass voices. Como se ve, esta antiga colecao trazida talvez por um regente, se acha totalmente desfalcada.

Notas

1. Andrade, Aires de. Francisco Manoel da Silva e seu Tempo, Rio de

Janeiro, 1967. 2. Lange, Francisco Curt. In Revista de Estudios Musicales, Ano II,

NOs 4 e 5/6, Agosto 1950, Diciembre 1950/Abril 1951, Departamento de Musicologia Universidad Nacional de Cuyo. Se hizo una tirada en forma de libro.

3. Rio de Janeiro, 1946. 4. Lange, Francisco Curt. Vide Estudios Brasilenos (Mauricinas) I. Manu-

scritos de la Biblioteca Nacional de Rio de Janeiro, Tomo I, N? 3, abril

1950; Musica de Culto Afrobahiano, por M. J. Herskovits y R. A.

Waterman, Traducci6n de F. C. Lange, hasta hoy no publicado en su lengua original (ingles).

5. Lange, Francisco Curt. A Irmandade do Santissimo Sacramento da

Igreja da Candelaria de Rio de Janeiro, Revista do Instituto de Estudos Brasileiros N? 4, Sao Paulo, 1968.

6. Lange, Francisco Curt. As Dancas coletivas publicas no perfodo colonial brasileiro e as Dangas das Corporacoes de Oficios em Minas Gerais, in "Barroco" N0 1, Belo Horizonte, 1969.

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