a arte de falar com as mãos

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A arte de falar com as mãos Há tempos: o que respresentava a TV na década de 60. jornal Guarapuava-PR, 2012 Ed. 05, ano 02 Ágora, ideias jornalísticas p. 07 Ágora Procon de Guarapuava agora pode aplicar multas. p. 05 Enquete no Facebook: quanto você depende da tecnologia? p. 08 Aplicativos de celular inusitados, como e para que usá-los? Formada, especialista e professora efetiva em uma Universidade Estadual. A surdez é um mero detalhe. Para a simpática Irene Stock, professora de Libras, o difícil mesmo foi encarar o preconceito. p. 04 p. 09

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Page 1: A arte de falar com as mãos

A arte de falar com as mãos

Há tempos: o que respresentava a TV na década de 60.

jornalGuarapuava-PR, 2012 Ed. 05, ano 02

Ágora, ideias jornalísticas

p. 07

Ágora

Procon de Guarapuava agora pode aplicar multas. p. 05

Enquete no Facebook: quanto você depende da tecnologia? p. 08

Aplicativos de celular inusitados, como e para que usá-los?

Formada, especialista e professora efetiva em uma Universidade Estadual. A surdez é um mero

detalhe. Para a simpática Irene Stock, professora de Libras, o difícil mesmo foi encarar o preconceito. p. 04

p. 09

Page 2: A arte de falar com as mãos

Departamento de ComunicaçãoCoord. Prof. Edgard Melech

Jornal LaboratórioProf. Anderson Costa

Editora-chefe da ediçãoKatrin Korpasch

RedaçãoAna Carolina Pereira, Bárbara Brandão, Ellen Rebello, Gabriela Titon, Giovani Ciquelero, Helena Krüger, Nathana D’Amico, Katrin Korpasch, Luciana Grande, Mario Raposo Junior, Poliana Kovalyk, Vinícius Comoti, Yorran Barone e Yarê Protzek

Tiragem: 500 exemplaresGrá� ca Unicentro Contato: (42) 3621-1088E-mail: [email protected] Download das ediçõeswww.unicentro.br/agora e www.redesuldenoticias.com.br

O Jornal Laboratório Ágora é desenvolvido pelos acadêmicos do 4º ano de Jornalismo. Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não re� etem a opinião da Unicentro.

Curta a nossa página no facebook:http://www.facebook.com/Jornal ÁgoraUnicentro

“UM DESEJO QUE PÔDE SER REVELADO PORQUE ALGUÉM SOUBE TOCAR ESSA SENSIBILIDADE PRIMITIVA, SUSCITAR, PELA VOZ, IDAS E VINDAS ENTRE CORPO E PENSAMENTO, E POSSIBILITAR A RECUPERAÇÃO, SOB O TEXTO, DE UM MUNDO INTERIOR DE

SENSAÇÕES, UM MOVIMENTO, UM RITMO. PERMITIR QUE SE ENTRE NA DANÇA. PORQUE OS TEXTOS AGEM EM VÁRIOS NÍVEIS- SEJAM ELES LIDOS EM VOZ ALTA OU OUVIDOS NO SEGREDO DA SOLIDÃO: ATRAVÉS DE SEUS CONTEÚDOS, DAS ASSOCIAÇÕES QUE SUSCITAM,

DAS DISCUSSÕES QUE PROMOVEM; MAS TAMBÉM DE SUAS MELODIAS, SEUS RITMOS, SEU TEMPO.”

Michèle Petit. “A Arte de Ler ou Como Resistir à Adversidade”.

Ágora jornal

editorial

02

expediente

Por incrível que pareça, para mim, na função de editora, tão di-fícil quanto a responsabilidade e a cobrança que essa posição impõe, o que me vez trabalhar, pensar mais e mais, foi a escolha da cita-ção, que está aqui logo abaixo, e a escrita deste editorial. Tenho quase certeza de que isso se deve ao fato de que estas duas partes do jornal são as que mais expõem pensa-mentos, ideias e sentimentos. A� -nal, o que, como, e de que manei-ra você escreve, escolhe o que vai

Expressão escritaKatrin Korpasch

escrever, mostra muito de você. E às vezes expor não é fácil, sempre penso: o que vão pensar? Como vão interpretar as minhas esco-lhas? En� m, para a citação escolhi um trecho do livro “A arte de ler ou como resistir à adversidade”, de Mi-chèle Petit. Como o título sugere, a autora aborda como o ato de ler é importante em um momento de crise, como ler nos leva para den-tro e para fora do mundo, como ele nos faz pensar sobre o que é inte-rior e exterior a nós, como constru-

ímos nós mesmos a partir do que apreendemos. Petit diz também que, do nascimento à velhice, pen-samos sempre em resposta ao que nos foi lançado por outros. Talvez por isso o meu receio em escolher e escrever algo que mostre quem eu sou, no que será que faço pensar as pessoas que leem meus textos? Que tipo de resposta eles geram? No � nal talvez nem importe tan-to o que os textos que lemos nos fazem pensar, mas simplesmente o fato de eles nos fazerem re� etir,

sair do texto. É isso que eu espero que aconteça com cada pessoa que pegar o Ágora em mãos, que ao menos uma das páginas consiga fazê-las re� etir, ou como diz Petit, “mais do que a decodi� cação dos textos, mais do que a exegese eru-dita, o essencial da leitura era, ao que parecia, esse trabalho de pen-sar, de devaneio. Esses momentos em que se levantam os olhos do livro e onde se esboça uma poética discreta, onde surgem associações inesperadas.”

Page 3: A arte de falar com as mãos

educação

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Problemas com professor, quem

não teve?AS CAUSAS MAIS FREQUENTES SÃO FALTA

DE ENTENDIMENTO E COMPREENSÃO DE AMBAS AS PARTES

Matéria: Ana Carolina PereiraDiagramação: Katrin Korpasch

Quem nunca teve algum de-sentendimento ou uma relação conturbada com algum pedagogo que atire a primeira pedra. A re-lação entre educador e aluno deve ser estruturada em base de respei-to e cooperação, mas não pense que em todo caso isso ocorre. A pedagoga Regina Fernanda Garcia Andreata comenta que na maioria dos casos o que acontece são os maus entendimentos, “As vezes o aluno não é muito paciente ou um pouco agitado, acaba causando pequenos problemas”, conta.

Em todo caso o educando, ou seja, aluno deve ter um papel ativo

durante seu processo de armazena-mento e conhecimento no colégio. Mas é valido lembrar que o peda-gogo tem papel essencial para fazer desse vinculo, o mais amigável pos-sível. Considerando na ponta do lápis que há alunos que já chegam no colégio com um conhecimento intelectual elevado que outro, por-tanto é fundamental o compreen-dimento na aprendizagem.

Segundo a pedagoga Elis So-ares a interação professor-aluno ultrapassa os limites pro� ssionais e escolares, poisé uma relação que envolve sentimentos e deixa mar-cas para toda a vida. “A dimensão

do ensino e da aprendizagem em sala de aula é marcada por um tipo especial de relação, a qual envolve o professor e aluno na mediação e apropriação do saber. É importante enfatizarmos essa posição do professor na relação: trata-se de um mediador e não de um detentor do saber”.

Andreata comenta outra ques-tão importante a ser tratada, além do respeito entre aluno e profes-sor, o bulling. “Preconceito existe e bulling também, mas é preciso saber identi� car o que é ou não bulling”. Ela comenta que em alguns casos mais graves, os pais dos alunos são

chamados no colégio e então é feito um trabalho conjunto.

Entre os diversos problemas en-frentados entre pedagogo e aluno, em geral, as crises comportamentais só demonstram a falha de comuni-cação ou algum medo enfrentado pelo aluno. Os problemas de com-portamento podem ascender crises ainda maiores, como tornar-se uma pessoa agressiva, apática e retraída.

O importante a lembrar é que a autoridade de um professor, nem sempre signi� ca policialismo, mas sim uma autoridade amigável, que estimula e orienta o aprendizado com maior facilidade.

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entrevista

Matéria e diagramação: Nathana D’Amico

Você não nasceu surda, certo? Como foi que perdeu a audição durante a infância?

Eu desde que nasci tinha muitas dores no ouvido, todas as noites eram muitas as dores. Foram idas e vindas ao médico, muitos remédios e, eu fui � cando cada vez mais surda e com dois anos de idade peguei sarampo, foi aí que � que totalmente surda.

Como aprendeu a dominar lei-tura labial e a linguagem de sinais?

Eu gostava de ler, lia muito e prestava atenção nos lábios das pessoas, nunca ninguém me ensinou a leitura labial, assim eu aprendi sozinha. Nessa época, ainda criança eu tinha muita di� culdade com a língua portuguesa porque eu falava alemão. Aí aos nove anos de idade, minha mãe me mandou para uma escola especial para surdos em Curi-tiba, onde tinha professores prepa-rados para lidar comigo, minha mãe voltou para Entre Rios onde morá-vamos e eu � quei sozinha na escola. Lá descobri minha identidade como surda – “Ah eu sou surda, meus

colegas também são surdos” – então aprendi, também, a língua de sinais, eu gostava muito da lá, mas dois anos depois meus pais me tiraram da escola e eu voltei para Entre Rios.

Em meio a essa transição, como você se sentia na escola?

Sofri muito! Foi muito difícil. De-pois de sair da escola especial voltei para a escola Imperatriz (Entre Rios), os professores não eram preparados para trabalhar comigo. Era a minha irmã que me ajudava nas ativida-des. Eu não gostava de ir a escola porque eu não entendia tudo o que os professores falavam, falavam mui-to rápido, eu não conseguia acompa-nhar. Mas graças a Deus com muita força de vontade, eu consegui vencer isso, mas não foi nada fácil.

Como você lidou durante toda a sua vida com o preconceito?

As pessoas achavam que por eu ser surda eu era de� ciente mental também, sempre falavam: “ah ela não entende isso, não sabe fazer aquilo”. Quando criança, muitas vezes eu não conseguia acompanhar as brincadei-ras e isso era motivo de risos. Quando participava de uma conversa, muitas vezes eu � ngia que entendia porque tiravam sarro, não tinham paciência comigo. Mas em vez de me revoltar mostrei que eu era capaz, que eu não era doente da cabeça como eles fala-vam para mim e, eu me superei.

Você tem um padrão acadêmi-co que muitos ouvintes não pos-suem. Como foi chegar até a po-sição de professora efetiva de uma universidade?

Eu larguei a escola quando esta-va no 2° grau, porque a minha irmã foi embora para o Rio Grande do Sul e, era ela quem me ajudava. Aí eu já não consegui ir bem, os professores falavam muito rápido, eu não con-seguia acompanhar. Comecei a tra-balhar. Mas em 1985 me avisaram que tinha crianças surdas na escola São José. Comecei então a fazer o curso de libras para ensiná-las. De-pois me avisaram que eu tinha que terminar o segundo grau e precisava fazer o curso de pedagogia, para dar aula, eu achava que nunca ia passar, mas pensei: vou tentar! Eu deixei nas mãos de Deus. E lá fui eu fazer o vestibular e, para minha alegria passei. Depois que me formei passei a trabalhar na Unicentro como pro-fessora colaboradora, foi muito bom.

Você é casada e tem duas � lhas, como é a sua relação com eles?

O meu marido tem muita paci-ência para me ensinar as coisas, as minhas � lhas também, eu ensinei o alemão e o português para elas, e também algumas coisas de libras. Eles me ajudam muito.

E hoje, sente-se realizada com o que consquistou até agora?

Sim, hoje me sinto realizada porque sou professora de libras, e porque as pessoas estão me respei-tando mais, me aceitando mais.

Eu � quei sabendo que você teve a oportunidade de voltar es-cutar e não aceitou, por quê?

Eu não quis porque eu me aceitei como eu sou, me aceitei do jeito que Deus me fez, do jeito que ele quis eu seja, se eu estivesse usando um implantem um aparelho especial não seria eu Irene. A minha surdez não é o problema, o problema é a sociedade que não aceita! Quando eu usava o aparelho escutava muito barulho, e � cava assustada, nervosa, aí eu tirava o aparelho e � cava no silêncio, calma. Eu não queria que eles me moldassem, me � zessem igual um ouvinte e isso as pessoas não entendiam.

Como de� ne a acessibilidade para surdos em Guarapuava?

Muita coisa melhorou, mas ain-da falta muito, principalmente no mercado de trabalho, falta interpre-te, falta comunicação. Tem que im-plantar mais a língua de sinais aqui.

Para � nalizar, um sonho que luta para alcanças?

Eu sonho em implantar e coor-denar um mestrado na Unicentro na linha de educação para surdos .

QUANDO CONVERSEI COM ELA PELA PRIMEIRA VEZ NÃO IMAGINEI QUE ESTAVA FALANDO COM UMA SURDA. SUA LEITURA LABIAL É TÃO IMPRESSIONANTE QUANTO A HISTÓRIA DE SUA VIDA.

Uma história de vida em sinais

Ela perdeu a audição ainda criança e desde então tem experiên-cias signi� cativas. Sofreu inúmeros preconceitos, mas mostrou ser capaz. Há 17 anos trabalha como professora de libras. Fala dois idiomas, domina a língua de sinais e a leitura labial. Conheça mais sobre Irene Stock.

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consumidor

Para proteger os consumidores dos abusos cometidos por empre-sas, o Procon de Guarapuava foi regulamentado, sendo um órgão de proteção e defesa do consu-midor. Em Guarapuava, ele � ca situado na rua Saldanha Marinho, 2837 no centro da cidade e recebe todos os tipos de reclamações que possam prejudicar quem adquire um bem ou serviço, basta apre-sentar os documentos pessoais e preencher um questionário.

SAIBA COMO SE DEFENDER DOS ABUSOS COMETIDOS CONTRA OS CONSUMIDORES

Matéria e diagramação:Ellen Rebello

Procon de Guarapuava é regulamentado e pode multar empresas

O campeão de reclamações � ca por conta das empresas de telefonia, nada diferente do visto em outras cidades, como explica a responsável pelo órgão da cidade, Isabel Schineider: “Recebemos em torno de 100 reclamações diárias e a grande parte delas é problemas com serviços oferecidos por com-panhias de telefone. Hoje a opera-dora TIM é a que mais tem sido apontada com serviços de pouca qualidade, é falta de sinal, cobran-

ças além do devido e planos ade-ridos sem serem solicitados. Fa-zemos cerca de cem atendimentos diários e boa parte deles é sobre produtos telefônicos”.

Para lidar com todos os tipos de reclamações o Procon conta também com um advogado, que tenta por meio de uma audiência resolver os problemas citados pelo reclamante, como explica Alfeu Kramer: “Somos uma primeira tentativa de conciliação. Aqui as

O ATENDIMENTO AO PÚBLICO FUNCIONA DAS 9:00 DA MANHÃ AS 17:00 DA TARDE, DE SEGUNDA À SEXTA-FEIRA

pessoas tem um primeiro contato com nossos atendentes, que em um primeiro momento tentam através de telefonema informar e solucionar o problema apre-sentado. Se isso não tiver efeito fazemos um o� cio para salientar as reclamações e a ultima atitude tomada por nós, é a audiência, na qual as partes se reúnem e é dado um parecer sobre as questões tra-tadas. Se isso não for suficiente é levado ao judiciário para que se

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Uma crônica, três senhores e a poeira de 1969

tomem as medidas cabíveis”.Os juros abusivo também são

umas maiores reclamações. Os cartões de créditos e os � nancia-mentos são os principais deles. E o que fazer e como saber o que são os juros abusivos. Dr. Alfeu expli-ca que os contratos de cartões são piores, pois eles já vem pré estabe-lecidos. “Quando assinamos não vemos as clausulas embutidas ne-les, simplesmente utilizamos. Aí vem o problema, o pagamento mí-nimo do total da fatura. Se ela é de R$ 500, e o pagamento mínimo é de R$50 e isso for feito, o valor pago foi apenas os juros, o capital continua ali, acrescendo mais ju-ros. No mês seguinte a fatura será de R$550,00, mais acréscimos e valor real continuará apenas au-mentando”.

Os contratos de � nanciamen-to de veículos podem ser revistos a qualquer momento. Basta apre-sentá-lo para revisão sem nenhum custo: “Aqui vamos ver quais os valores que foram trabalhados. Não adianta chegar na metade do carnê pra descobrir que o va-lor do bem continua o mesmo, e que até este momento só os juros foram cobertos”. Além disso, os bancos e � nanceiras não podem cortar o crédito sem um moti-vo concreto, e se isso acontecer a pessoa que está sendo prejudica-da pode entrar com uma ação de danos morais contra a empresa, como a� rma Dr. Alfeu: “É direi-to do consumidor reclamar por pagamentos de juros abusivos, e ser ressarcido dos valores corren-tes. Normalmente, para intimidar

Somos uma tentativa de conciliação. Aqui as pessoas tem um primeiro contato com nossos atenden-tes, que tentam através de tele-fonema informar e solucionar o problema apresentado.

os clientes eles informam que se isso acontecer o seu credito pode ser cortado, mas na verdade pode gerar uma ação de danos morais, pois eles não podem prejudicar a pessoa sem um real motivo, a em-presa tem eu provar porque não quer abrir o crédito”.

Os contratos de locação de imóveis também sofrem com as multas rescisórias altíssimas, o que Dr. Alfeu acha bastante abusi-vos: “Tem que haver o bom senso entre as partes, ou seja, cobrar ta-xas abusivas só coloca em risco o contrato assinado entre as partes. Já vi casos de multas de 30% a 40% em cima do valor do aluguel, isso é sim absurdo. Deve haver boa fé entre todos e ser justo, 10% é o ideal entre todos”.

Para comprovar as reivindi-

cações, além da reclamação o sujeito deve apresentar os do-cumentos pessoais e algo que comprove sua reclamação. Con-tratos, notas � scais ou qualquer tipo de documento que prove as reivindicações apresentadas: “Sem um documento � ca mais complicado o processo, só temos as provas verbais, não podemos apresentar testemunhas. Então qualquer documento que possa comprovar é valido. E o doutor ainda ressalta que é melhor pre-venir. “Pedimos que qualquer procedimento que for ser reali-zado, que antes disso, venha até nós e procure ser informado dos riscos e as providências a serem tomadas caso algo saia errado. Depois a gente pode ajudar, mais a instrução é a melhor saída”.

PARA VALIDAR SUA RECLAMAÇÃO BASTA TER EM MÃOS OS DOCUMENTOS PESSOAIS E

ALGUM DOCUMENTO QUE COMPROVE O QUE ESTA SENDO PEDIDO

Pedimos que qualquer procedimento que for ser realizado, que antes disso, venha até nós e procure ser informado dos riscos e as providências a serem tomadas caso algo saia errado. Depois a gente pode ajudar, mais a instrução é a melhor saída.

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Na editoria “há tempos”, a equipe do Ágora irá encontrar pessoas que apareceram nas linhas dos jornais guarapuanos há pelo menos cinco anos. Nesse espaço, daremos voz novamente a essas fontes e personagens do passado, e contaremos o que o estão fazendo hoje.

há tempos

Uma crônica, três senhores e a poeira de 1969

Matéria: Vinícius ComotiDiagramação: Katrin Korpasch

Da proposta da coluna, um mergulho foi dado em edições, ocasiões e pessoas. Num gesto nostálgico, o timão virou para os anos 60, especialmente 1969. Fo-lheando a edição de Setembro do “Jornal de Guarapuava” uma crô-nica despertou contradições que envolvem a clara analogia ideoló-gica entre tempos diferentes. Inti-tulada “Tv Deseducativa”, do dia 28 de Setembro de 1969, a crônica aborda a questão da representa-ção do marginal pela televisão, o caso do � lme “O Bandido da Luz Vermelha” e a consequente “pro-moção” feita pela mídia sobre o verdadeiro bandido, repercutindo em uma eventual condução sob os telespectadores, “a caminho dos desvios de conduta ou iniciados nas trilhas da criminalidade”.

Na busca de uma conversa com pessoas que nessa data mo-ravam em Guarapuava, o destino foi às ruas, concretizando no cal-çadão do centro um primeiro con-tato. O senhor João Maria da Sil-va vende pipocas na avenida XV de novembro e quando era 1969 estava com 35 anos. Não lembra muito do que assistia, apenas que era como um ritual depois do jan-tar. “Minha família tinha televisão. Era esverdeado, a gente se reunia na sala depois da janta e � cávamos assistindo. Não era todo mundo que tinha, mas também não era só gente rica que tinha”. Fisgadas da memória, fragmentos que inter-calam estouros de pipoca. Natural de Guarapuava, João se diz mais do radio do que da tevê, “ouvin-

do o rádio dá mais emoção”.

Do calça-dão o diálogo partiu para a Praça 9 de de-zembro, aonde um sujeito senta-do no banco prepara sutilmente o seu cigarro de corda. É Getúlio Nascimento, trabalhador rural de 82 anos. Acanhado, solta poucas palavras, sempre acompanhadas da elegância do seu cruzar de per-nas. “Não tinha tevê não, eu não lembro nem de jornal. Era muito difícil, para falar com Curitiba uma carta demorava muitos dias, o correio era o que eu lembro”. Getúlio não gosta de televisão, prefere atividades como a bocha e o baile e daquele ano de 1969 lembra apenas das virtudes “Acho que as pessoas naquele tempo eram mais honestas do que hoje, não via tanta violência”.

No ponto de taxi da lagoa, Edson Felbka lava seu carro en-quanto a tarde caminha para o seu � m. O taxista de 81 anos, questio-nado sobre o ano de 1969, diz não lembrar de nada especi� co, “lem-bro da tevê, mas muito pouco. É mais alguns � lmes” Você acha que

ela tem poder? “Acho que não” O braço termina o vidro do carro, enquanto a outra mão segura o balde. Peço algum fato que marcou sua vida entre essa década para � nalizar e tenho como resposta alguns segundos de olhar para a lagoa junto de um alivio “que pergunta hein?”.

João, Getúlio e Edson de-monstram pela suas incertezas em relação á televisão mencio-nada pela crônica uma constan-te que funda todo um caráter que percorre suas falas, a televisão como o momento do lazer, aonde depois do trabalho tinham uma diversão, o alivio que segundo Ed-son, “era o momento de descon-trair, aonde a família se reunia e até conversava mais a vontade. Era uma, duas horas no máximo”.

A interpretação de um sujeito e seus desdobramentos não podem e nem devem, determinar um ve-redito sobre um objeto histórico,

principalmente se tratando de um discurso jornalístico. A crônica não é assinada, portanto não possui autoria clara. Seu conteúdo serviu como pauta para um diálogo com moradores que estavam em Gua-rapuava em 1969, buscando saber a relação com a tevê e evitando tocar no que se refere o momento militar. O Jornal de Guarapuava era respon-sabilidade da Edipar - Editora Sul Oeste do Paraná, e sua tiragem era semanal. O primeiro exemplar foi 1 de julho de 1969.

PARA GETÚLIO AS PESSOAS

ERAM MAIS HONESTAS

O TAXISTA EDSON VÊ A

TELEVISÃO COMO DIVERSÃO

JOÃO MARIA TINHA 35 ANOS EM 1969

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UM RESUMO DO MELHOR E DO PIOR DASÚLTIMAS SEMANAS

Quanto tempo você consegue ficar longe de seus gadgets?A EQUIPE DO ÁGORA FEZ UMA ENQUETE PARA DESCOBRIR O QUANTO ESTAMOS CONECTADOS À TECNOLOGIA

Matéria e diagramação:Katrin Korpasch

Computador, internet, celular, tablet e todas as suas variações. Quem não precisa ou gosta de acessá-los a todo instante? Seja para trabalhar, se informar ou para dar uma olhada nas últimas atualizações dos per� s dos ami-gos, a tecnologia está presente em nossas vidas através de uma rela-ção que é quase de dependência. Acessamos nossos gadgets prati-camente todos os dias e damos graças por eles existirem. Mas você já se imaginou � cando longe dessas tecnologias? Na página do Ágora no Facebook, nossa equi-

enquete foi bem, foi mal

pe fez uma enquete e perguntou: Quanto tempo você aguentaria � -car sem seus gadgets?

As opções de voto foram: 1.Nem um dia, uso eles para tudo, são essenciais na minha rotina; 2. Alguns dias, gosto e preciso usá--los, mas por algum tempo conse-guiria me virar sem eles; e 3.Uma semana ou até mais, com o tempo me acostumaria a não usá-los mais. Quatro pessoas votaram na opção 1, 19 na segunda opção. e a última recebeu um voto. Abaixo estão os comentários feitos na enquete no per� l do Ágora no Facebook.

Cássio Winkler (votou na opção 2)

Monique Paludo (votou na opção 1)

Acho que faltou uma opção: 1 dia por semana! Para quem trabalha em frente ao computador, principalmente com a internet, é difícil abandonar as

tecnologias por alguns dias!

A toda hora surgem novos aplicativos,tecnologias e serviços que

possam tornar a nossa vida mais simples e produtiva. Sem complicações, porque acredito que a tecnologia joga a nosso favor. Só sabermos usar da maneira

correta em nosso dia a dia.

Menos exigência para turista brasileiro

O rei da Espanha, Juan Carlos foi recebido pela presidente Dilma Rousse� , em Brasília, a Espanha e anunciou a simpli� cação de algumas das exigências para a entrada de turistas brasileiros no país. "Sabemos que fo-ram colocados alguns problemas nos últimos anos, mas as autoridades competentes espa-nholas estão estabelecendo medidas efetivas que agilizarão os trâmites para facilitar a entrada de cidadãos brasileiros", disse o rei.

Lente de contato já vem com colírio para glaucoma

Farmacêuticos brasileiros estão desenvolven-do um dispositivo o� almológico capaz de fa-cilitar o combate ao glaucoma, mal que afeta o nervo responsável por levar informações visuais do olho ao cérebro. Após três anos de pesquisa, o Centro de Química e Meio Ambiente do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) já consegue fabricar lentes de contato que liberam timolol, com-posto presente em diversos colírios indicados para o tratamento dessa doença ocular.

Smartphone acentua males psiquiátricos

Em algumas histórias, é fácil sentir empatia. Quem nunca viu uma mesa de bar onde as pessoas estavam manipulando seus celulares em vez de conversarem entre si? Coisas como ansiedade e obsessão, porém, sempre existi-ram. Será que na interação com iPhones e iPads eles se transformam em novos proble-mas? "Não", disse o professor da Universida-de do Estado da Califórnia. "Cunhei o termo 'iDisorder' porque quero chamar a atenção para o modo como as pessoas interagem com esses aparelhos. Quero mostrar que eles ge-ram a aparência de que temos um transtor-no psiquiátrico, mesmo quando não temos."

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tecnologia

Se alguns anos atrás nos falas-sem do que os celulares seriam ca-pazes, provavelmente pensaríamos que essa pessoa estava vendo Jetsons demais, mas é verdade, os telefones portáteis nos últimos anos ganha-ram funções dignas do desenho que tanto fez sucesso. Tanta evolução que até foi criada uma nova catego-ria: aparelhos com várias funções e passíveis de serem personalizados de acordo com o seu dono não são mais chamados de simples celula-res, mas sim de smarthphones.

Traduzindo ao pé da letra, smar-tphone signi� ca “telefone inteligente”. Esses aparelhos possuem várias fun-ções e cada usuário pode adicionar novas propriedades e ferramentas ao seu aparelho. Cada smarthphone é comandado por um sistema ope-racional e essas novas funções são adicionadas através de aplicativos baixados pela internet em sites espe-cializados ou nas próprias lojas des-ses sistemas. Android, do Google, e iOS, do Iphone, são os sistemas ope-racionais mais populares.

A gama de aplicativos disponí-veis é cada vez maior, muitos desses aplicativos foram feitos unicamente para entretenimento, passar o tem-po, ter papo com os amigos e até inúteis mesmo, sem nenhuma ser-ventia. E para o seu divertimento, o Ágora traz uma seleção de 10 apli-cativos bizarros que circulam pelo mundo dos smarthphones.

TEMPO SOBRANDO? CONFIRA UMA SELEÇÃO DE 10 APLICATIVOS BIZARROS PARA O SEU SMARTPHONE

Matéria e diagramação:Giovani Ciquelero

Uma nova categoria de passatempo

1. Marcando territórioComençando com um aplicativo desnecessário

e que trata da “natureza humana”, esse aplicativo de iPhone traz a proposta de uma nova rede social. O Ipoo (digamos que ‘poo’ pode ser traduzido como “caca”) é uma espécie de indicador de posicionamen-to, mas a diferença desse aplicativo para os outros semelhantes é que você deve marcar os locais onde fez o ‘número 2’. Também é possível trocar mensagens e ver quem esta na mesma situação que você. Um outro app semelhante, inclusive no nome (e um pouco mais nojento), é o Ipoop, que faz uma análise do seu ‘poo’ baseado na cor e na consistência.

2. Medidor de desempenho

Vamos deixar um pouco esse papo nojento de lado e falar de algo mais empolgante, inclusive o próximo apli-cativo tem a ver com medir o nível de empolgação do dono do aparelho. Explicando melhor, o Love Vibes mede o desempenho sexual das pessoas. Ele funciona da seguinte maneira: o primeiro passo é selecionar a � rmeza do colchão que será utilizado e colocar o aparelho sobre o mesmo. De acordo com a vibração do colchão, o Love Vibes identi� ca e classi� ca seu desem-penho baseado em critérios como du-ração, paixão e variação.

3. Olha quem está falandoO próximo aplicativo é mais útil do que bizarro e

impressiona pela sua proposta. O Cry Translator pro-mete traduzir o choro das crianças e mostrar na tela do aparelho o que ele está pedindo entre cinco opções: fome, chupeta, dormir, trocar a fralda e brincar. De acordo com pesquisa encomendada pela empresa cria-dora, os conselhos sugeridos foram capazes de fazer 96% dos bebês pararem de chorar. Essa é uma ferramenta bem útil para os pais de crianças pequenas e que pos-suem um Iphone.

4. Estourando a telaHavia duas alegrias quando seus pais

(ou até você) compravam algum aparelho eletrônico, a primeira era desfrutar do apare-lho, lógico... E a segunda, estourar o plástico bolha no qual ele vinha embalado. Parece que as bolinhas do plástico têm um ímã que atraí nossa mão para estourá-las.

Pensando nessa mania que surgiu mais um aplicativo inútil, o Bubble Free, disponí-vel somente para iPhone e de graça.

Antonio Carlos Cunico Neto, 21 anos, foi o escolhido para testar o aplicativo e dar seu parecer se é tão atraente quanto o plástico bolha de verdade.“É bem bobo, mas é legal pra passar o tempo durante os pequenos inter-valos. Apesar de saber que não é real, o baru-lho é bem parecido, você acaba não vendo o tempo passar. Mas eu ainda pre� ro o plástico bolha da vida real [risos]”.

5. Mania estranhaUma mania muito estranha,

geralmente encontrada em mulhe-res, seja mãe, irmã ou namorada, é a insistência em espremer cravos e espinhas de alguém. Como xiste um aplicativo que simula essa “diversão”. O nome do aplicativo em questão é Zit Picker e está disponível para Iphone e Android.

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9. Lembrando os tempos de criançaAs antigas almofadas de

peido que aquele seu primo metido engraçadinho (ou você mesmo) usava para enganar os parentes nas reuniões de família ou na sala de aula, agora foram imbutidas no celular. Através do iFart (fart signi� ca “peido” em inglês) é possível reproduzir vários tipos de � atulência, com diferentes intensidades e durações e, in-clusive, gravar o som que dese-jar. Para aprontar com alguém, de modo mais pesado, ainda é possível programar o barulho indiscreto para determinado horário ou quando o aparelho for movimentado. O aplicativo está disponível para iPhone e existem similares para Android.

10. Eu sou rica!!Para encerrar essa

lista de aplicativos bi-zarros, vamos ao pior de todos: o I Am Rich (“eu sou rico” em in-glês). Este aplicativo não tem nenhuma serventia, nem função, nem utilidade. Simplesmente instala um ícone de pedra preciosa no aparelho e pela módica quantia de mil dólares.

Pessoas acabaram baixando o aplicativo sem querer, ou por acreditarem ser uma brincadeira, e reclamaram com a Apple. De-vido a isso o I Am Rich não está mais sendo vendido pelo preço original, o criador conse-guiu uma liberação e pode voltar a vendê-lo, mas por apenas US$ 9,99.

8. Alerta vermelhoAlguns aplicativos de� nitivamente vieram pra ajudar

e facilitar a vida humana. Como no caso acima, o Code red também traz benefícios, principalmente para o lado masculino em um relacionamento. Este aplicativo indica o período crítico da menstruação das mulheres ao seu redor e dá dicas sobre o que fazer para agradá-las nesta época. O nome é muito sugestivo, signi� ca “código vermelho”, re-presentando o perigo que os homens correm nesse período, digamos instável, das mulheres. O aplicativo está disponível para iPhone.

7. Tamagotchi de adultoPara quem está solteiro e à procura de

alguém, existem apps que servem como ver-dadeiras namoradas virtuais. O Honey it’s me é mais calmo e somente emite mensagens carinhosas ao carente dono do aparelho. Já o Amamiya Momo faz lembrar os antigos ta-magotchis, mas em uma versão para adultos. A namorada em questão (Momo), demonstra sentimentos como felicidade, ciúme e variações de humor (quase uma namorada real). Os aplicativos estão disponíveis para Iphone.

Nos tempos modernos, o número de pessoas que teve a oportunidade ou sabe como é a vida no campo é bem menor em relação há anos atrás. Quantas pessoas que você conhece sabem or-denhar uma vaca? Poucas, provavelmente. Este aplicativo serve para, de certo modo, resolver essa situação. Milk � e Cow traz para o smartphone a chance de brincar de fazendeiro sem ter que se sujar ou chegar perto de uma vaca. O objetivo do jogo é tirar o máximo possível de leite no menor tempo possível até encher o balde e assim ir batendo o seu recorde. O aplicativo está disponível tanto para Iphone quanto para Android.

Larissa Fritzen, 23 anos, comprou seu primeiro smartphone há pouco tempo e desde então sempre joga aplicativos antes de dormir. A convidei para baixar a versão para Android de Milk � e Cow para testar e recomendar (ou não) para os leitores.“Quando vi o jogo não achei que era sério, aparece uma foto das tetas da vaca e você as manipula com os dedos. Dei muita risada no início”. Depois de jogar por alguns dias ela deu seu parecer � nal sobre ordenhar uma vaca virtual: “É engraçado. No início até que dá aquela vontade de bater o recorde, mas aí você pensa: ‘sério que to jogando isso?’, e desliga, depois de um tempo você se vê jogando novamente. Outra coisa engra-çada foi perceber que dá pra jogar com mais de um dedo, quando percebi isso, enchi o balde em um tempo muito menor”.

6. Fazendeiro virtual

Foto: Giovani Ciquelero

MAIS BIZARRO IMPOSSÍVEL: LARISSA BRINCA DE FAZENDEIRA ORDENHANDO UMA VACA VIRTUAL

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perfi lNa editoria Perfil, as reportagens buscam mostrar as facetas guarapuavanas. Em cada edição, conversaremos com alguém da população, para conhecer sua história, sua rotina, suas ideias... Afinal, para conhecer nossa cidade é, importante conhecer as pessoas que a movimentam.Concerto de bolas

Matéria: Vinícius ComotiDiagramação: Katrin Korpasch

Uma casa de madeira sobressai o � uxo da avenida com duas placas e uma mesma mensagem: Concer-to de bolas. Intrigado com o léxico, bato palmas á procura desse mentor que provavelmente deve ser mais um apaixonado por futebol. En-quanto não vem ninguém atender, � co imaginando como deve ser esse senhor, suas histórias de bolei-ro, seu time, seu atacante preferido, resumindo, suas vivências em torno dessa atividade que envolve o con-serto de bolas.

No raiar da apresentação, levo mais um prego que a vida me lan-ça: Quem faz o conserto de bolas é uma senhora, Arlete Benites, de 63 anos, que logo me convida para um discreto cafezinho em seu quin-tal. Posta as cadeiras, começamos a conversa, pontuada pela minha curiosidade sobre a origem desse gosto. “Quando criança eu morava no sítio com meus avós, e meu avô era um apaixonado por futebol, jo-gava no time da redondeza e vivia organizando campeonatos amado-res. Eu � cava com meu vô, sempre acompanhando ele, � cava ouvindo os jogos de futebol pelo rádio, tor-cendo a cada grito, virava a madru-gada fazendo a tabela dos resultados numa cartolina aonde depois guar-dava com o maior cuidado”.

Arlete as vezes � ca com o rosto avermelhado, as vezes corre o dedo na aliança do casamento. Entusias-

mada com um gole de café, retoma a cronologia “Foi num desses jogos que acabei conhecendo meu mari-do. Casamos e viemos para Gua-rapuava, compramos o terreno no Santa Cruz quando tinha umas três casas no máximo. Mas chegava o � -nal de semana, tanto meu vô como meu marido jogavam futebol pela região, e eu como sempre acompa-nhava junto” Foi a partir dessas via-gens que Arlete aprendeu a costurar bolas, tornando-se responsável pela manutenção destas nos jogos ama-dores, desenvolvendo a logística para times de Guarapuava e de vá-rias outras cidades como São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Londrina.

Seu trabalho é artesanal envol-vendo agulha, linha e uma boa vis-ta. Manuseios cautelosos em busca da forma ideal da pelota, que para Arlete vive se transformando “An-tigamente a bola era feita de couro, inclusive meu marido comprava o couro aonde costureiros buscavam para fazerem roupas. Ela era maior, tinha até o número 5 e seus gomos diferentes deixavam mais pesada comparada com a de hoje”

E qual time você torce? “Santos”. E Neymar? “Gosto em termos. O jogador quando começa a querer aparecer demais é um problema, veja Romário, Ronaldinho. Jogador tem que jogar bola. Pode ser até a mídia que coloca no alto ou por baixo, mas tem que ter humildade e jogar bola” Futebol feminino? ”Se a mulher pode fazer o trabalho do homem porque não pode jogar? Tinha que ter mais incentivo, mas adoro a ideia” Jogaria? “Mesmo que eu fosse mais nova não jogaria, meu lugar é na arquibancada ou conser-tando bola, sem bola não tem jogo”.

Hoje em dia, Arlete cuida da casa, dos netos e bisnetos (depois de segundos raciocinados e algu-mas contas, 11 netos e 10 bisnetos).

Clientela � xa não tem mais, mas sempre quando aparece alguma criança ou mesmo adulto lhe pedin-do um conserto, a recíproca veste o véu da nostalgia e alegria. Nostalgia por lembrar dos anos com o avô e o marido, ambos póstumos, e alegria por viver sem necessidade, fato que marcou todo um período da sua vida, “Meu marido sempre dizia, é fácil você se esquentar depois do fogo forte, e é isso acontece. Hoje em dia não precisa mais costurar uma bola, já temos tudo na mão”.

O � nal de tarde e sua frieza, copos vazios estacionados no chão,

além de um varal cheio de roupas (depois de um período de constan-tes chuvas, o céu deu uma trégua, tornando comum o varal cheio na maioria das casas). Mihailo, neto de Arlete, possui o nome romeno advindo da descendência romena de Germano, o falecido marido de Arlete, chega ao quintal puxando a calça da avó e pedindo atenção. Per-cebo o momento e dou um abraço, sendo indagado por ela “Hoje tem Copa do Brasil né?, acho que é Pal-meiras e Grêmio, você vai assistir? Não sei não, o Felipão anda sem sorte, mas eu gosto dele!”

“Seu trabalho é artesanal envolvendo agulha, linha e uma boa vista. Manuseios cautelosos em busca da forma ideal da pelota.

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emprego

Quando chega a hora de parar de brincar?DE QUE MANEIRA O TRABALHO NA VIDA DE UMA CRIANÇA OU ADOLESCENTE PODE INFLUENCIAR POSITIVAMENTE E NEGATIVAMENTE AS FASES POSTERIORES?

Matéria: Nathana D’AmicoDiagramação: Katrin Korpasch

A opinião se difere quando o tema é trabalho infantil. Alguns consideram um absurdo uma criança ou adolescente em idade de desenvolvimento estar traba-lhando e, protegem a ideia de que o trabalho infantil tem de ser er-radicado. Enquanto que outros apoiam a empregabilidade e o aprendizado no mercado de traba-lho desde cedo com o argumento de que é melhor estar trabalhan-do do que estar na rua, roubando e aprendendo o que não presta. E agora como detectar se trabalho vai trazer malefícios ou bene� ciar a vida de crianças e adolescentes?

O último censo do IBGE re-alizado em Guarapuava apontou para uma diminuição de 27% do trabalho infantil na cidade, com crianças e adolescentes entre 10 a 17 anos, um ponto bastante po-sitivo. Se constatou, ainda, que 26,099 crianças e adolescentes com idade entre 10 a 14 anos es-tão trabalhando na cidade.

É comum encontrar em Gua-rapuava crianças trabalhado em vários segmentos do mercado. Há aquelas ajudam os pais, tanto em afazeres domésticos quanto em ati-vidades comerciais. Assim como é fácil, também, ver crianças pedin-

tes nos semáforos, juntando reci-cláveis e, ainda, tem aqueles que moram na zona rural e que traba-lham como se fossem gente grande na agricultura e nas colheitas.

De acordo com a procuradora do ministério público do trabalho Cláudia Honório, o trabalho infan-til é estritamente proibido. “Só é permitido trabalhar a partir dos 16 anos e, mesmo assim não pode ser em condições noturnas, perigosas e insalubres. É possível a aprendi-zagem a partir dos 14 anos.”

No caso das crianças que são expostas aos trabalhos da agri-cultura, da reciclagem e como pe-

dintes exercem, segundo Cláudia, uma das piores formas de trabalho infantil “Pelo próprio ambiente, pelas condições que estes traba-lhos aprestam de higiene. En� m não apresenta nenhum aprimora-mento a personalidade para a for-mação dessa criança por isso é um trabalho proibido.”

26.099 crianças e adolescentes com idade entre 10 a 14 anos es-tão trabalhando na cidade

Fotos: Nathana D’Amico

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O PSICOLOGO EVERTON AFIRMA QUE O TRABALHO PARA UMA CRIANÇA É PREJUDUCIA QUANDO ELE IMPEDE O SEU DESENVOLVIMENTO INTEGRAL

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As crianças e adolescentes que são submetidas a essas formas de trabalho não desempenham suas potencialidades como deveriam. Para o psicólogo Everton Vieira Martins “Os estudos da psicolo-gia social apontam que as crianças que tem possibilidade de exercer seu potencial acabam se desen-volvendo de maneira adequada se tornando cidadãos produtivos e, aquelas pessoas que acabam ten-do algum obstáculo nesta fase de desenvolvimento vão ter prejuízo na vida adulta. Não só nos aspec-tos de renda, mas nos aspectos de constituição de pessoa. Pois, o tra-balho infantil não gera emancipa-ção social, elas vão ter menos pos-sibilidades de melhorar de vida”.

Ainda nesse contexto, o tra-balho correto na infância tam-bém não é nenhum bicho papão, segundo Everton, se praticado de maneira correta onde a criança e o adolescente produz uma ativi-dade de estágio ou ajudante, pode ser um bene� cio. “Quando ques-tionamos se o trabalho infantil é ruim? Digo que ele é ruim quan-do ele impede o desenvolvimento integral de uma criança. Mas ele é bené� co quando ele é somado ao desenvolvimento. Por exemplo: um menino que tem o pai padeiro e ele ajuda o pai na padaria, não é sofrido para o menino. É ca-racterizado trabalho exploratório infantil quando vem junto com o trabalho a noção de sofrimento”.

A infância proporciona uma das melhores fazes da vida e não precisa deixar de brincar para aprender, sobretudo o trabalho na infância deve ser um aprendizado, que ajude a criança e o adolescente a se desenvolver, e não um ganha pão, no qual se exige mais tempo a ele do que as outras atividades.

Fotos: Nath

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Quando questionamos se o trabalho infantil é ruim? Digo que ele é ruim quando ele impede o desenvolvimento integral de uma criança. Mas ele é benéfi co quando ele é somado ao desenvolvimento.“

Page 14: A arte de falar com as mãos

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ÁgoraGuarapuava - Jul-Ago/2011 - Ed. 04 - Ano 01.

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Ágora

O Ágora É PRODUZIDO EM UM LABORATÓRIO MUITO ESPECIAL, UMA LABORATÓRIO DE JORNALISMO, ONDE EXPERIÊNCIAS DE TODOS OS TIPOS SÃO REALIZADAS. ALI, OS ALUNOS ADICIONAM ÀS SUAS INQUIETAÇÕES, O FAZER JORNALÍSTICO E A VONTADE DE MEXER UM POUCO COM ESSE MUNDO. ACRESCENTAM AINDA SUAS PRÓPRIAS PERSONALIDADES PARA GERAR, NA COMBUSTÃO DE ELEMENTOS, UM VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO COM IDENTIDADE, ONDE FORMA E CONTEÚDO SÃO UMA COISA SÓ: JORNALISMO.

ESSA É A FÓRMULA DO Ágora. NÃO É UMA REGRA, É UMA FORMA DE PENSAR EM QUE AS ESTRUTURAS SE MOVEM, SÃO DINÂMICAS. VAMOS DO LABORATÓRIO PARA AS RUAS E PARA AS SUAS MÃOS, DEIXANDO A ADOLESCÊNCIA ACADÊMICA PARA ENTRAR NO AMADURECIMENTO PROFISSIONAL. SOMOS JOVENS FALANDO DE COISA SÉRIA PARA OUTROS JOVENS. É INFORMAÇÃO PARA ENTENDER O MUNDO. É JORNALISMO PARA MOVER UMA GERAÇÃO.

ágora, IDEIAS JORNALÍSTICAS.

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LIVRO:100 ANOS DE MODAAUTOR:CALLY BLACKMANConta a história da Moda no século XX, desde a in� uência das van-guardas artísticas até a entrada das mulheres no mercado de trabalho. Com mais de 400 imagens o livro traz ainda as obras de estilistas clás-sicos e os contemporâneos.

LIVRO:REFÚGIO-UMA HISTÓRIA DE MICKEY BOLITARAUTOR:HARLAN COBENDepois de testemunhar a morte do pai e internar a mãe em uma clínica de reabilitação, Mickey vai morar com o tio. Quando começa a se acostumar a nova vida, sua namora-da desaparece misteriosamente. Para completar Mickey recebe informa-ções de que seu pai ainda estaria vivo.

LIVRO:PRESENTES DA VIDA-NEM SEMPRE O QUE QUERE-MOS É O QUE REALMENTE PRECISAMOS AUTOR: EMILY GRIFFINDarcy Rhone sempre teve tudo o que quis. Mas depois de se envolver com o melhor amigo do noivo tudo desmorona. Ela decide fugir para Londres, e longe de casa, começa a sua trajetória de crescimento e amor.

LIVRO: CEMITÉRIO DE PRAGAAUTOR: UMBERTO ECOUma história de complôs, enganos, falsi� cações e assassinatos, que envol-vem fatos e personagens históricos como Freud e Ippolito Nievo. A única � gura de fato inventada nesse roman-ce é o protagonista Simone Simonini.

xO � lme é uma mistura de vários super heróis que tentam salvar a

Terra da destruição, essa história por si já rende bastante, mas o melhor é a ironia e o sarcasmo usado nos diálogos dos per-

sonagens o que deixa ainda melhor a narrativa. Além das falas, as cenas de combate são bastante interessantes: são muitos socos que fazem os personagens voarem

de um lado para o outro. Os heróis criados há mui-tos anos sempre tiveram como objetivo salvar a

terra de qualquer vilão que desejam destruir a paz da humanidade, agora juntos, precisam

deter a destruição dela, e não é um vilão qualquer: Loki e um exercito de chitau-

ri, uma raça alienígena, que deseja dominar a terra. A iniciativa de

unir todos com humor e muita luta deu certo. Nota 10!

Quando comecei a assistir Os Vingadores pensei que seria uma história interessante, e cheia de mistérios. Em partes

é. A trama, que envolve o cubo de energia Tesseract, e uma possível dominação da terra por alienígenas, é in-teressante. Além disso, todos os efeitos visuais não

deixam você tirar o olho da tela. Aliás, os efeitos visuais muito bem feitos foi a parte que mais

me chamou a atenção no � lme. Mas na maior parte do � lme, a história é deixada de lado para dar espaço às lutas e batalhas. Para

mim, que não sou grande fã de cenas longas de batalhas, o � lme � ca um pouco cansativo e repetitivo. Já

para quem gosta destas cenas, o � lme é um prato cheio.

ELLEN REBELLO KATRIN KORPASCH

ELLEN

KATRIN

ELLEN REBELLO KATRIN KORPASCH

Depois de roubar o cubo de energia Tesseract e adquirir grandes poderes, o deus Loki abre um portal através do qual pretende, junto com alienígenas, iniciar um

ataque contra a terra. Para tentar conter a ameaça, Nick Fury, o diretor da agência S.H.I.E.L.D., convoca a iniciativa Vingadores, uma aliança de super-heróis que

nunca trabalharam juntos, mas que têm pela frente vários desa� os. O Homem de Ferro, o Incrível Hulk, a Viúva Negra, o Gavião Arqueiro, o Capitão América e

� or precisam superar diferenças e se unir para salvar o planeta. Inspirado na série de quadrinhos Os Vingadores da Marvel, que começou a ser publicada em 1963, o

� lme chegou à terceira posição entre as maiores bilheterias de todos os tempos.

versus

indicações

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Page 16: A arte de falar com as mãos

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No Espaço Criativo, o Ágora trará exemplos de expressões culturais da cidade de Guarapuava e região. Além disso, será um mural para publicar e divulgar produções artísticas, como crônicas, contos, poesias e fotografias.

espaço criativo

Fotografar pelo puro prazer de fotografar é como pode ser de� nida a paixão de Matheus Coelho Lemos, 20 anos, pela arte dos retratos. Re-tratos estes, não somente de pessoas e de natureza. “Eu nunca tenho um tema especí� co para fotografar. Fo-tografo o que estiver ao meu redor, de várias maneiras possíveis”. Ele que conheceu mais afundo o mun-do da “camerográ� ca” (trocadilho que faz em um de seus álbuns), mais precisamente há três anos, quando deixou Prudentópolis em direção a Guarapuava para cursar Publicida-de e Propaganda.

FOTOGRAFAR POR FOTOGRAFAR, SEM TEMAS ESPECÍFICOS E SEM OBRIGAÇÕES

Matéria e diagramação:Giovani Ciquelero

Da máquina “camerográfica”

Foto

: Gio

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de e Propaganda.

Foto

: Gio

vani C

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“Comecei realmente me inte-ressar por fotogra� a quando entrei na faculdade, e conheci mais sobre a técnica fotográ� ca e conceitos de fotogra� a, e foi uma área que me dei muito bem”. Questionado se o hobby pode um dia virar trabalho, Matheus já descarta a possibilida-de. “O que me dá prazer na foto-gra� a é quando eu posso criar algo puramente artístico, e não me vejo fazendo fotos mais comerciais”.

Matheus, apesar do curso que faz, não é muito de fazer propagan-da de seu trabalho, disponibilizan-do-o apenas em seu Flickr.

Foto

: Gio

vani C

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lero

MATHEUS NÃO FAZ MUITA PROPAGANDA DO MATERIAL, MAS POSTA GRANDE PARTE EM UM ÁLBUM VIRTUAL