a arte de beber vinho

29
A arte de beber vinho Para comemorar, para conquistar ou simplesmente para degustar com um bom prato. Foi-se o tempo em que o ritual de beber vinhos era necessariamente cheio de pompa. Hoje, um leigo no assunto pode experimentá-lo sem precisar seguir a extensa cartilha dos experts, cheia de regras e convencionalismos. "É caipira e atrasada a ideia de que para beber vinho é necessário excesso de requinte e sofisticação. O vinho é uma bebida popular desde a sua origem", explica o enólogo Pedro França, palestrante responsável pelo curso básico de vinhos do Senac de São Paulo.

Upload: rafael-teodoro

Post on 21-Jan-2015

2.252 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

A arte de beber vinho

TRANSCRIPT

Page 1: A arte de beber vinho

A arte de beber vinho

Para comemorar, para conquistar ou simplesmente para degustar com um bom prato. Foi-se o tempo em que o

ritual de beber vinhos era necessariamente cheio de pompa. Hoje, um leigo no assunto pode experimentá-lo sem precisar seguir a extensa cartilha dos experts, cheia

de regras e convencionalismos."É caipira e atrasada a ideia de que para beber vinho é

necessário excesso de requinte e sofisticação. O vinho é uma bebida popular desde a sua origem", explica o enólogo Pedro França, palestrante responsável pelo

curso básico de vinhos do Senac de São Paulo.

Page 2: A arte de beber vinho

PROTOCOLO DO VINHO| Conselhos úteis para organizar um jantar.

• ESCOLHER VINHOS para acompanhar um jantar nem sempre é fácil, e tudo se complica quando se trata de determinar a ordem dos mesmos. A operação pode acabar por constituir um verdadeiro quebra-cabeça. Aqui ficam alguns conselhos para fazer honra ao paladar dos convidados…

Page 3: A arte de beber vinho

1. A IMPORTÂNCIA CRUCIAL DO APERITIVO

• Para o amante de vinhos, o aperitivo é crucial: este primeiro vinho dará o tom a uma boa refeição. É útil para despertar os sentidos e o apetite dos convidados, sem comprometer o que vem a seguir. O ideal é champanhe ou espumante, bruto, já que a sua frescura, elegância e exuberância contribuem para criar uma entrada agradável – embora não se deva esquecer um Porto branco seco ou um Madeira Terrantez. Pode também optar-se por um branco ou por um tinto suave jovem. Em qualquer dos casos, devem evitar-se os vinhos excessivamente doces, que poderiam prejudicar a prova posterior dos vinhos secos.

Page 4: A arte de beber vinho

2. CUIDADOS A TER PARA ATINGIR A HARMONIA PERFEITA

• Podemos prosseguir a refeição com vinhos ligeiros e suaves, que não devem ser, obrigatoriamente, muito jovens. No momento do primeiro prato, tenha em conta o seu perfil aromático e a sua estrutura, e não hesite em rejeitar vinhos demasiado encorpados. Comece a refeição com vinhos ligeiros e frutados, para passar, de seguida, a vinhos mais estruturados, mais densos e de mais idade, que acompanharão muito bem carne ou peixe. Se servir queijos, cuide de acompanhá-los com vinhos apropriados – volte novamente a colheitas mais recentes para encontrar o frutado refrescante capaz de equilibrar o sabor do queijo. Quanto aos vinhos doces licorosos e generosos, sublinham os sabores das sobremesas. Com frutas vermelhas ou brancas, deve inclinar-se para vinhos frutados, escolhendo um que reforce um aroma particular – ou então que se oponha, em busca do contraste, para criar uma relação original entre prato e vinho. Em qualquer caso, a regra é a de preservar o equilíbrio do açúcar: quanto mais doce for a sobremesa, menos deve sê-lo o vinho. Mas não chegue ao ponto de servir um vinho seco com sobremesas doces…

Page 5: A arte de beber vinho

3. PROPOSTA DE EMENTA E SELECÇÃO DE VINHOS

• Se quer organizar um jantar com os amigos ou a família, aceite como base a seguinte refeição: com o primeiro prato – entrada de frios defumados – pode servir um branco seco estagiado em madeira e encorpado, com sabores a baunilha. Por exemplo, um vinho argentino da casta Torrontés. Para segundo prato – uma carne de vitela, de preferência assada –, devemos arranjar um vinho que mostre personalidade. Escolha um vinho com algum tempo de garrafa, em que se vislumbra um carácter de especiarias, com uma boca um pouco taninosa. Um bom tinto do Douro ou do Alentejo, também com estágio em madeira, serão adequados. De seguida, com uma tábua de queijos (de vaca, de cabra, de ovelha, etc.), o melhor é continuar com o vinho do prato anterior. Se decidir mudar, não sirva um vinho mais velho. E se quiser tornar sublime o momento, então mude para um Vinho do Porto das categorias especiais Late Bottled Vintage ou Vintage – e verá como o queijo agradece. A terminar, com uma sobremesa de chocolate ou de frutos vermelhos, a união é delicada, pois o cacau, com o seu sabor forte e aroma penetrante, anula quase todos os vinhos – ou, pelo menos, desvirtua-os. Só um Porto das categorias anteriormente mencionadas brilhará neste momento. Mas poderá atrever-se com um Moscatel de Setúbal, ou com um Porto Colheita ou um Tawny datado. De certeza que serão magníficos acompanhantes da sobremesa.

Page 6: A arte de beber vinho

4. HÁ QUE SERVIR “BEM” O VINHO

• Como é natural, o anfitrião é quem se ocupa do serviço do vinho, salvo se quiser honrar uma pessoa que pense estar mais habilitada para isso. Primeiro – e quanto mais não seja por elementar boa educação – deve servir-se as senhoras, começando por aquela que se encontra à direita do anfitrião. Depois, prossegue-se pela esquerda. A seguir, serve-se os cavalheiros, começando pelo que se encontra à direita da anfitriã, antes de prosseguir no sentido dos ponteiros do relógio. Os copos, que devem ser apropriados, só se enchem até um terço da sua capacidade, para conservar os aromas.

Page 7: A arte de beber vinho

ALGUMAS REGRAS BÁSICAS:• ALGUMAS REGRAS BÁSICAS:

Um vinho branco deve ser servido antes de um tinto. A ser de outro modo, o ■tinto deve ser ligeiro e o branco bem estruturado.

Um vinho ligeiro deve ser proposto antes de um vinho encorpado.■ Um vinho jovem deverá preceder um vinho mais amadurecido. Se os vinhos ■

forem da mesma colheita, o mais fino e elegante deverá ser servido em último lugar.

Vinhos ligeiros devem acompanhar pratos particularmente ligeiros.■ Os vinhos encorpados deverão ser servidos com os pratos mais pesados e ■

mais condimentados. Vinhos com acidez notória casam bem com pratos de sabores acidulados.■ Os vinhos suaves ligam muito bem com sabores agridoces, molhos cremosos ■

e com cozinhados exóticos. Nunca deve descuidar a temperatura ambiente; se o termómetro subir, sirva ■

vinhos ligeiros e frescos.•

Page 8: A arte de beber vinho

Etiqueta, verdades e mentiras• A maior regra na arte de apreciar um bom vinho é que toda a regra -

principalmente as conservadoras e não justificadas - podem (e às vezes devem) ser quebradas. Mas, claro, há regras que têm razão de existir. Veja dez dicas para não fazer feio na hora de degustar um vinho:

Page 9: A arte de beber vinho

1. Não existem regras rígidas • Antes de se tornar um expert em vinhos, é preciso saber que não existem

regras rígidas para consumi-los. As normas convencionais, citadas em manuais deconnaisseur, devem ser consideradas apenas como recomendação - e não como uma imposição. Transgredi-las é possível, sem que isso seja um sacrilégio. Você já deve ter ouvido que, ao contrário dos vinhos brancos, os tintos só podem ser servidos em temperatura ambiente. Esqueça essa. Como no Brasil a temperatura ambiente é normalmente mais alta do que a dos países europeus - mesmo nas estações frias -, vale refrescar o vinho no refrigerador por alguns minutos (mas nunca no freezer ou no congelador).

Page 10: A arte de beber vinho

2. Não escolha vinho no "uni-duni-tê"

• Quantas vezes você quis impressionar alguém com um vinho e quebrou a cara? Para não passar por desentendido, o leigo prefere escolher vinhos "no escuro" a pedir uma sugestão ao sommelier. Lembre-se que não há nada mais deselegante que servir vinho sem conhecê-lo. Ninguém tem obrigação de ser uma enciclopédia de enologia - perguntar, porém, não custa nada.

Page 11: A arte de beber vinho

3. Idade não significa qualidade• Quanto mais velho, melhor o vinho. Certo? Não necessariamente. Um

vinho ruim pode ficar décadas oxigenando em barris de carvalho e continuará ruim. Quanto aos vinhos reconhecidamente bons, o que vale é ficar atento à safra - é mais importante saber se o ano em que o vinho foi fabricado teve uma boa safra do que sua idade.

Page 12: A arte de beber vinho

4. Preço (também) não significa qualidade

• Nunca escolha um vinho só pelo valor estampado na etiqueta. Para vinhos, a relação qualidade e preço nem sempre é válida. Para os leigos, é mais razoável pedir um vinho mais barato - um argentino, um chileno ou um bom nacional - do que tentar impressionar os outros pelo desfalque em sua conta bancária.

Page 13: A arte de beber vinho

5. No restaurante, prove antes de servir

• Quando você vai ao restaurante, o garçom sempre serve um pouco de vinho na taça para degustação. Esse não é um ritual injustificado, ao contrário do que possa parecer. Um vinho mal conservado torna-se ácido ou acre - ao prová-lo antes, portanto, estará se salvando de comprar gato por lebre. Ou melhor, vinagre por vinho.

Page 14: A arte de beber vinho

6. Mexer o vinho não é frescura • Você já deve ter visto as pessoas mexerem a taça com o vinho antes de

bebê-la - esse, também, não é um ritual injustificado. Ao sacudi-la em movimentos circulares, você está ajudando a oxigenar a bebida, deixando-a com o aroma mais apurado. O macete, porém, deve ser usado de forma criteriosa. Se a garrafa do vinho já estiver aberta em cima da mesa, ele torna-se desnecessário.

Page 15: A arte de beber vinho

7. Vinho deve ser servido em taça para vinhos

• Pode acreditar: os connaisseur são terminantemente contras os rituais injustificáveis ao degustar vinhos. Usar uma taça adequada, porém, não se enquadra nessa categoria. Copos para vinho devem necessariamente ter haste e bojo, para que o calor das mãos não altere o sabor da bebida. Outro detalhe: a taça deve ser necessariamente incolor, para que se possa apreciar a tonalidade da bebida. Pela cor, inclusive, você pode até ter noção da idade do vinho: se sua cor é um vermelho rubi, bem vivo, pode ter certeza de que é um vinho jovem. E se for mais escura, quase acastanhada, trata-se de um vinho mais envelhecido.

Page 16: A arte de beber vinho

8. Vinhos jovens precisam respirar• Lembre-se de que os vinhos jovens (engarrafados recentemente)

devem ser abertos uma ou duas horas antes de serem servidos, para que oxigenem, o que melhorará sensivelmente o seu sabor. Já um vinho mais antigo deve ser aberto na hora de servir, pois ele já foi suficientemente oxigenado durante os anos de envelhecimento.

Page 17: A arte de beber vinho

9. Adega não é coleção de vinhos

• Conservação é (quase) tudo quando se trata de vinhos. Por isso, se você não tem uma adega em casa ou no restaurante, de nada adianta comprar bons rótulos para deixar de "reserva".

Page 18: A arte de beber vinho

10. Vinho deve valorizar o prato

• Vinhos brancos são ótimos acompanhamentos para carnes brancas (aves, peixes, crustáceos). Na verdade, o vinho branco pode acompanhar qualquer prato, até mesmo as massas. Ao contrário dos vinhos brancos, os tintos já exigem alguns cuidados. Eles são especialmente recomendáveis para acompanhar queijos, carnes de vaca e de porco, caças, presuntos etc. Mas não devem acompanhar saladas temperadas com vinagre, crustáceos ou pratos com molho branco. Os tintos também não combinam com sobremesas de doces ou chocolate.

Page 19: A arte de beber vinho

HARMONIZAÇÃO, O MELHOR VINHO PARA ACOMPANHAR SEU PRATOAGUINALDO ZÁCKIA ALBERT

• AGUINALDO ZÁCKIA ALBERT

Page 20: A arte de beber vinho

• O vinho é, sem dúvida, a melhor de todas as bebidas para acompanhar os mais variados pratos. Graças à sua grande

diversidade e riqueza de aromas e sabores, o prato sempre ganha alguma coisa quando se faz a escolha acertada do

vinho para acompanhá-lo. Na verdade há uma sinergia entre ambos, vinho e comida, quando bem casados, propiciando

um prazer muito maior do que quando ambos são degustados separadamente.

Page 21: A arte de beber vinho

• O perfeito casamento do vinho com a comida é um tema que gera algumas controvérsias. A diversidade de vinhos e pratos é muito grande e as combinações possíveis muito variadas. É certo que existem critérios técnicos, algumas regrinhas básicas a serem seguidas, mas a isso devemos somar as tradições culturais da gastronomia dos grupos humanos.

Page 22: A arte de beber vinho

• O conceito básico para se fazer a harmonização é o bom senso, que deve guiar sempre a ação, de forma a haver equilíbrio entre o vinho e a comida. Dessa forma, cada termo da equação deve se equilibrar com o outro, de tal forma que o vinho não sobrepuje o prato, e vice-versa.

Page 23: A arte de beber vinho

• Preste também atenção ao molho, ele pode fazer toda a diferença. Um peito de frango na chapa, temperado com ervas, é muito mais leve do que um substancioso Coq au vin, e por isso pedem vinhos diferentes.

• Algumas regras gerais podem ser úteis, todas elas buscando a harmonização por semelhança:

Page 24: A arte de beber vinho

• 1 -Vinhos com aromas discretos > Comida pouco condimentada2 -Vinhos com aromas potentes > Comida com boa presença aromática3 -Vinhos jovens e frutados > Pratos simples e rústicos4 -Vinhos de guarda evoluídos > Pratos refinados5 -Vinhos leves > pratos com molhos magros6 -Vinhos mais estruturados > Pratos com molhos suculentos

Page 25: A arte de beber vinho
Page 26: A arte de beber vinho
Page 27: A arte de beber vinho
Page 28: A arte de beber vinho
Page 29: A arte de beber vinho